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A Farsa de Inês Pereira escrita por Gil Vicente apresenta duas personagens
importantes para o desenrolar da obra, Inês Pereira e Pêro Marques.
Já Pêro Marques manteve sempre a mesma atitude sendo, ingénuo, não percebendo
nenhum cometário irónico feito por Inês nem que a mesma o trai; homem rústico e simplório,
não conhecendo as regras de convivência social tem um vocabulário rudimentar; honesto e
trabalhador; rico, sendo herdeiro do gado do seu pai; desajeitado, não sabendo como se usa
uma cadeira e acabando por se sentar ao contrário; inseguro, porque com o nervosismo acaba
por trocar a ordem das palavras na frase.
Ambas as personagens são cruciais para o desenrolar da obra, já que ambas são
citadas no mote da mesma “Mais quero asno que me leve, do que cavalo que me derrube.”
Sendo o “asno” Pêro e o antecedente do pronome “me” Inês.
No início e no final da obra é possível ver uma grande discrepância entre carácter da
personagem principal, sendo a principal diferença a ingenuidade do casamento. Isto é,
inicialmente Inês queria um homem discreto, bem-falante e podia ser pobre, não lhe
interessando o seu poder económico. No entanto, pela necessidade de sair de casa acaba por
se casar com um homem que parecia ser perfeito, mas acabou por se tornar num pesadelo
para Inês. Com o susto do 1º casamento, Inês altera as suas preferências, acabando por
corresponder ao que Lianor e a sua Mãe lhe tinham aconselhado, ou seja, um homem com
dinheiro. Para tal, Inês acaba por escolher Pêro pelo seu poder monetário e pela sua
ingenuidade, dando-lhe permissão para fazer o que quisesse. Esta é a principal evolução de
Inês, ou seja, inicialmente Inês opta pelo escudeiro “cavalo” e de seguida apercebe-se que a
escolha correta é Pêro “asno”, sendo as duas personagens opostos, mostrando a evolução de
Inês.