Você está na página 1de 2

Gil Vicente- Inês Pereira e Pêro Marques

A Farsa de Inês Pereira escrita por Gil Vicente apresenta duas personagens
importantes para o desenrolar da obra, Inês Pereira e Pêro Marques.

Inês Pereira ao longo da obra vai amadurecendo e mudando o seu comportamento,


quando estava solteira era preguiçosa, já que não queria realizar nenhuma tarefa em casa para
ajudar a sua mãe; ambiciosa, querendo muito ser livre e poder sair da alçada da sua mãe;
imprudente, porque aceitou casar com Brás da Mata com o ímpeto de ser livre e sem pensar
muito; descontente e infeliz, já que se sentia presa em casa de sua Mãe; cruel e insensível, por
troçar Pêro Marques. Ocorre uma maior mudança do carácter de Inês quando a mesma se
casou com Pêro Marques após a morte de Brás da Mata onde a mesma é dissimulada, fingindo
que se encontra triste pela morte do seu marido; pretensiosa e calculista, por se casar com
Pêro Marques pela sua ingenuidade, permitindo-lhe que seja livre; adúltera, já que trai o
marido com o Ermitão; feliz, porque finalmente vive a vida que sempre sonhou.

Já Pêro Marques manteve sempre a mesma atitude sendo, ingénuo, não percebendo
nenhum cometário irónico feito por Inês nem que a mesma o trai; homem rústico e simplório,
não conhecendo as regras de convivência social tem um vocabulário rudimentar; honesto e
trabalhador; rico, sendo herdeiro do gado do seu pai; desajeitado, não sabendo como se usa
uma cadeira e acabando por se sentar ao contrário; inseguro, porque com o nervosismo acaba
por trocar a ordem das palavras na frase.

Ambas as personagens são cruciais para o desenrolar da obra, já que ambas são
citadas no mote da mesma “Mais quero asno que me leve, do que cavalo que me derrube.”
Sendo o “asno” Pêro e o antecedente do pronome “me” Inês.

Inês Pereira – a evolução da personagem de Inês Pereira

Inês Pereira é a personagem principal da obra “A Farsa de Inês Pereira”, estando a


mesma presa no sonho de ser livre e poder sair da alçada da mãe a acaba por tomar decisões,
que embora ela pense que colaboram com o seu desejo, acabam por atrasar a chegada ao
mesmo.

No início e no final da obra é possível ver uma grande discrepância entre carácter da
personagem principal, sendo a principal diferença a ingenuidade do casamento. Isto é,
inicialmente Inês queria um homem discreto, bem-falante e podia ser pobre, não lhe
interessando o seu poder económico. No entanto, pela necessidade de sair de casa acaba por
se casar com um homem que parecia ser perfeito, mas acabou por se tornar num pesadelo
para Inês. Com o susto do 1º casamento, Inês altera as suas preferências, acabando por
corresponder ao que Lianor e a sua Mãe lhe tinham aconselhado, ou seja, um homem com
dinheiro. Para tal, Inês acaba por escolher Pêro pelo seu poder monetário e pela sua
ingenuidade, dando-lhe permissão para fazer o que quisesse. Esta é a principal evolução de
Inês, ou seja, inicialmente Inês opta pelo escudeiro “cavalo” e de seguida apercebe-se que a
escolha correta é Pêro “asno”, sendo as duas personagens opostos, mostrando a evolução de
Inês.

Como segunda evolução de Inês na obra temos o desaparecimento da ingenuidade de


Inês ao longo da sua vida. Num primeiro instante, acreditava que se queria casar por amor e
que se assim o fosse iria viver uma vida livre e perfeita, com o amor da sua vida longe de sua
mãe. No entanto, apercebeu-se que a vida não corre sempre com planeado, sendo necessário
fazer escolhas mais egoístas e pretensiosas para que os sonhos sejam alcançados. E acaba por
ser exatamente o que Inês fez, ao casar com Pêro, mesmo não gostando dele só para poder
viver a vida que sempre sonhou. Sendo possível ver uma grande mudança de ingenuidade
relativamente ao casamento perfeito, casando-se, inicialmente, com o Escudeiro porque
estava apaixonada e vive uma vida miserável e quando se casa por interesse com Pêro, acaba
por viver a vida que sempre pretendeu.

Concluindo as mudanças de Inês ao longo da obra são a mudança do tipo de homem


que pretende para o resto da vida e o desaparecimento da ingenuidade, ao perceber que se
quiser viver um a vida livre, precisa de se casar por interesse e não por amor.

Você também pode gostar