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“ Farsa de Inês Pereira”

Segundo Excerto
“Pretendente apresentado e logo rejeitado…”

Português
Ana Gouveia
Duarte Silva
10ºA
Fabiana Pé-Curto
Inês Costa
Valéria Silva
Índice
1 - Introdução 7 - Objetivos da Sátira e
Alvos da Crítica
2 - Estrutura Externa e Interna
8 - Representação do
3 - Personagens quotidiano

4 - Caracterização das 9 - Técnicas de cómico


personagens utilizadas

5 - Relação entre as 10 - Linguagem e a sua


personagens intervenientes expressividade

6 - Síntese dos 11 - Conclusão


acontecimentos
Introdução
Nesta apresentação, iremos falar sobre o segundo excerto da “Farsa
de Inês Pereira” que segue o mote “mais quero asno que me leve, que
cavalo que me derrube”
Estrutura Externa e Interna
Estrutura Externa
Apesar de a farsa não ter qualquer divisão em atos e cenas e,
consequentemente, de não existir uma estrutura externa assinalada
explicitamente, é possível estabelecer várias «cenas» com a entrada
e saída de personagens em palco.
Estrutura Interna

 Este excerto apresenta parte do conflito da farsa;

 Estamos perante o Quadro 3 (vv. 170-356) e uma pequena


parte do Quadro 4 (vv. 257-390).
Personagens

Inês Pereira

Mãe Personagens Lianor Vaz

Pero Marques
Caracterização das Personagens

Inês Pereira
• Sonhadora (fantasiosa), ambiciosa e romântica + ascensão social

- “Porém nam hei de casar / senam com homem avisado / inda que
pobre e pelado/seja discreto em falar / que assi o tenho assentado.”
(vv. 184-188)

- “Queres casar a prazer / no tempo d’agora Inês?” (vv. 243 e 244)


• Vaidosa
- “Si / venha e veja-me a mi. / se perderá o presumir” (vv. 259-262)

• Maliciosa
- “Dês que nasci até agora / nam vi tal vilão com’este / nem tanto fora
de mão.” (vv. 237-239)

- “Oh Jesu que Jão das Bestas / olhai aquela canseira.” (vv. 291 e 292)

• Irónica
-“Fresco vinha o presente / com folhinhas borrifadas.” (vv.331 e 332)

- “O galante despejado” (v. 341)


• Culta
-“Ui e ela sabe latim / e gramáteca e alfaqui / e sabe quanto ela quer.”
(vv. 200-202)

• Leviana
- “E nam cureis mais de vir” (v. 354)

• Preguiçosa
- “ anda homem a gastar calçado / e quando cuida que é aviado / escarnefucham
de vós” (vv. 365-367)

• Sedutora
- “Se fora outro homem agora / e me topara a tal hora / estando assi às
escuras / falara-me mil doçuras / ainda que mais nam fora.” (vv. 386-390)
Lianor Vaz
• Persuasiva
-“Lede a carta sem dó / que inda eu sam contente dele” (vv. 220 e 221)

- “Sempre eu ouvi dizer: / ou seja sapa ou sapinho / ou marido ou


maridinho / tenha o que houver mister / este é o certo caminho” (vv.
247-251)

• Sensata

- “Queres casar a prazer / no tempo d’agora Inês?” (vv. 243 e 244)


• Boa conselheira

-“Nam queiras ser tam senhora” (v.240)

• Interessada na vida de Inês (preocupada)

-“Nam queiras ser tam senhora / casa filha que te preste / nam percas a ocasião. /
Queres casara a prazer / n tempo d’agora Inês? / Antes casa em que te pês / que
não é tempo d’escolher. / Sempre eu ouvi dizer: / ou seja sapa ou sapinho / ou
marido ou maridinho / tenha o que houver mister / este é o certo caminho”
(vv. 240-251)

• Interesseira

- “Filha na Chão do Couce / quem nam puder andar choute / e mais quero quem
me adore / que quem faça com que chore. / Chamá-lo-ei?” (vv.255-259)
Mãe
• Persuasiva: porque exagera nas qualidades de Inês, pois quer que ela se case.

- “Ui e ela sabe latim / e gramáteca e alfaqui / e sabe quanto ela quer.” (vv. 200-202)
-“Touca-te bem se vier / pois que pera casar anda.” (vv. 265 e 266)

• Conselheira

-“Touca-te bem se vier / pois que pera casar anda.” (vv. 265 e 266)

• Interesseira

- “De morgado é vosso estado? / Isso veria dos céus.” (vv.301 e 302)
Pero Marques Primeiro pretendente de Inês

• Abastado e herdeiro de seu pai

-“Aqui vem Pero Marques, vestido como filho de lavrador rico (…)”
(didascália, pg. 136)

- “e ficámos dous heréus/ perém meu é o morgado.” (vv. 299 e 300)

• Campónio, modesto e descortês

- “Nam qu’elas vinham chentadas / cá no fundo no mais quente.” (vv. 334 e 335)
• Puro de sentimentos e interessado em Inês e na sua reputação

-“e desejo ser casado/ prouguesse ao spírito santo/com Inês que eu me


espanto/ quem me fez seu namorado. / Parece moça de bem/ e eu de
bem er também.” (vv. 306-311);

- “Pois senhora quero-m'ir / antes que venha o escuro.” (vv.352 e 353).

• Rude, ingénuo e demonstra falta de inteligência

- “Se eu fora já casado/ doutra arte havia de ser / como homem de bom
recado.” (vv. 342-344).
Relação entre as Personagens
Intervenientes
Relação Mãe-Inês

 A Mãe tem interesse no futuro de Inês;

 Orienta-a para um casamento de sucesso,


registando-se uma relação conflituosa;

 A Mãe quer o bem estar da filha, tendo um


homem que lhe proporcione; “Touca-te bem se
vier/ pois que pera
 Inês não concorda com a Mãe , querendo um casar anda. / Essa
homem que a ame, deixando de lado o seu é boa demanda.”
carácter e os seus bens. (vv. 265 a 267)
Relação Mãe-Inês-Lianor Vaz

 Como a Mãe e Lianor Vaz preocupam-se com o futura da jovem,


estabelece-se uma relação de amizade e cumplicidade;

 Estabelece-se uma relação comercial e inter geracional, pois a Mãe e a


Lianor partilham a mesma ideia sobre o futuro de Inês.

- “Em nome do anjo bento/ eu vos trago


um casamento/ filha nem sei se vos praz.”
(vv. 179 a 181);
- “Sempre eu ouvi dizer: / ou seja sapo ou
sapinho/ ou marido ou maridinho/ tenha o
que houver mister/ este é o certo
caminho.” (vv. 247- 251).
Relação Pero Marques - Inês

Pero apaixonado por Inês

Desigualdade emocional Preocupado com a sua reputação

Quer casar com a jovem

Inês desrespeita-o e rejeita-o imediatamente.

“Casai lá com um vilanzinho/ mais covarde que um judeu.” (vv. 384 e 385)
Síntese dos Acontecimentos
1. Entrada de Lianor Vaz e entrega da carta ,escrita pelo pretendente, a Inês.

2. Inês lê a carta. A carta expressa o desejo de Pero de conhecer Inês e


propõem-lhe o casamento. Inês desconfia que o pretendente seja um
camponês.

3. Inês aceita conhecer o pretendente.

4. Monólogo de Pero e incerteza de onde Inês mora.

5. O camponês entra dentro da casa e a Mãe convida-o para sentar-se.

6. Pero evidencia a vontade de se casar com Inês. Oferece-lhe um saco cheio


de peras.
7. O pretendente apercebe-se da ausência da Mãe e demonstra-se incomodado.

8. Inês troça cm esta situação e refere que qualquer homem já se tinha


aproveitado.

9. Pero diz que já é de noite e vai embora.

10. Inês confessa que não que que ele volte.

11. Pero respeita a decisão de Inês, embora lhe causa-se muita dor, não a iria
incomodar mais.
Objetivos da Sátira e Alvos da
Crítica
“Ridendo castigat mores” A rir se castigam os costumes.

Função das sátiras

• Sensibilizar, reformular e corrigir maus vícios e


costumes da sociedade medieval, num tom
humorístico.
Neste auto criticam-se diversos costumes. Segundo o nosso excerto destacamos:

A rusticidade e ingenuidade A dissolução dos As alcoviteiras,


dos campónios, como Pero costumes como Lianor Vaz
Marques
Representação do Quotidiano

Lianor Vaz
Hipocrisia das
casamenteiras, que
encaravam o casamento
como um negócio

Pero Marques
Mundo rural, visto como
ignorante, ingénuo e
deselegante. Não segue,
nem está preparado para
seguir os bons costumes do
mudo citadino.
Inês Pereira
Jovens de baixa burguesia e
casadoiras.
Simboliza o casamento como meio
de sobrevivência, fuga da Mãe e
uma forma de ascender
socialmente.

Mãe
As mães materialistas,
confidentes e conselheiras que,
embora boas amigas e
interessadas no futuro das filhas,
também querem casá-las com
homens ricos para terem
estabilidade económica.
Técnicas de Cómico Utilizadas

Gil Vicente faz recurso a personagens-tipo, à caricatura, à ironia e sarcasmo,


à caracterização direta e indireta das personagens e ao cómico, para
empreender a sátira social.

O cómico pode ser:

 Cómico de carácter:
Todas as falas do Pero Marques, evidenciam o seu aspeto provinciano. A
linguagem e o comportamento desadequado provocam o riso.
 Cómico de situação:
Quando Pero fica atrapalhado com a cadeira.

 Cómico de linguagem:
Quando Pero refere que tinha herdado um “morgado”, a Mãe entende que
tinha herdado um elevado estatuto social, mas na verdade Pero quer dizer que
recebeu mais gado que o irmão.
Linguagem e sua Expressividade

Texto caracterizado por:


• Linguagem expressiva, de carácter popular;

• Cómico de linguagem (ex.: o emprego incorreto do termo “alfaqui”);

• Arcaísmos medievais ( ex.: “samicas” v.229)

As falas das diversas figuras desta farsa acentuam a rusticidade das


personagens e realçam a importância do saber popular;
Registos de língua variados

• Linguagem dos lavradores rústicos

Pero Marques não respeita a estrutura frásica, falando de uma


forma simples e até confusa pois não era instruído.

• Inês Pereira, Mãe e Lianor Vaz

Falam como mulheres do povo, recorrendo a expressões populares e


provérbios.

• Expressões coloquiais

“Pobre e pelado” (v.186)


“Se é parvo se é sabido” (v. 193)
Recursos Expressivos

• Interjeição • Comparação

“Ui” (v.200) “Casai lá com um vilanzinho / mais covarde que um


judeu“ (vv. 384 e 385)

• Ironia

“Fresco vinha o presente / com folhinhas borrifadas” (vv. 331 e 332)


“O galante despejado” (v. 341)
“Olhai se o levou o gato” (v.371)
Conclusão
Com base na análise deste exceto, podemos concluir que este se encaixa
no mote e todos os tópicos que apresentámos contribuíram para que esta
obra fosse escrita com todos os detalhes.

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