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Trabalho Completo
De 25 a 27 de maio de 2022

Você Trabalha ou Só Dá Aula? Qualidade de Vida e Indicadores de Prazer e Sofrimento


no Contexto da Educação no Brasil - Antes e Durante a Pandemia da Covid-19

Lina Eiko Nakata – FIA Business School


Edileusa Godói-de-Sousa – Universidade Federal de Uberlândia
Denilson Aparecida Leite Freire – Universidade Federal de Uberlândia
Noézia Maria Ramos – Universidade Federal de Uberlândia
Marisa Aparecida Elias – Universidade Federal de Uberlândia

RESUMO ESTRUTURADO

Introdução/Problematização: A profissão docente tem recebido especial destaque na mídia e


no senso comum quando se pretende responsabilizá-la pelo sucesso ou fracasso do aluno e até
mesmo do país. A partir de 2020, em função do isolamento social causado pela pandemia da
Covid-19, os professores precisaram se reinventar. O mal estar, o sofrimento, o estresse e a
insatisfação estão presentes no cotidiano destes profissionais. Constataram que as condições de
trabalho dos docentes, inclusive os universitários, são precárias e isto os torna suscetíveis ao
adoecimento físico e mental.

Objetivo/proposta: O objetivo principal foi identificar e analisar Indicadores de Qualidade de


Vida e Indicadores de Prazer e Sofrimento em uma amostra longitudinal de 216 respostas de
professores atuantes no ensino básico, médio, fundamental, ou superior. Este estudo mostrou-
se relevante ao evidenciar indicadores importantes que possam revelar o estado atual dos
profissionais que atuam no segmento da educação. Com isso, pode-se levar ao fortalecimento
de um debate com mais subsídios para uma reflexão mais consciente sobre essa temática que
se apresenta conectada ao momento atual.

Procedimentos Metodológicos (caso aplicável): Realizou-se um estudo tipo survey, com


abordagem quantitativa, de natureza aplicada, descritiva e longitudinal. Utilizou-se as escalas
de custo humano no trabalho (custo físico, cognitivo e emocional) e de prazer e sofrimento
(realização profissional, liberdade de expressão, esgotamento profissional e falta de
reconhecimento), tanto antes quanto durante a pandemia. A survey operacionalizou-se por meio
do google forms e foi aplicada em dois períodos: último trimestre 2019, 112 amostras, e
posteriormente no primeiro semestre 2021, 104 amostras válidas. A amostra final foi de 216
docentes.

Principais Resultados: Foi possível observar que há uma grande carga de trabalho envolvida
para os docentes pesquisados, pois uma parte significativa conta com 40 horas ou mais com a
atividade docente, e muitas vezes possuem outra ocupação. Também está relacionado com a
questão de haver uma população majoritariamente feminina e casada, provavelmente
acarretando com a jornada dupla ou tripla. O segundo grupo apresentou uma média de salário
mensal superior ao primeiro grupo. Não houve uma relação próxima com o que a literatura
mostra quanto aos baixos rendimentos dos docentes.

Considerações Finais/Conclusão: Ao verificar o que sofreu mais impacto, há o custo físico,


que provavelmente seria algo pouco esperado. O custo emocional também foi relevante, mas

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sofreu menores variações. Isso pode ter acontecido por já ser algo com pontuações mais altas,
então as alterações nas avaliações foram menores. A pandemia foi um desafio para todos os
professores, até porque a saúde mental provocou prejuízos. E o custo cognitivo envolveu
principalmente o impacto na transgressão de valores éticos e na submissão a constrangimentos.
Ter controle das emoções é fundamental, e nem sempre acontece esse preparo.

Contribuições do Trabalho: Quanto aos achados do trabalho, o ambiente remoto pôde


melhorar a confiança entre os colegas de trabalho. Contudo, houve queda na percepção sobre
liberdade para expressar opiniões no local de trabalho, o que pode inibir as inovações ao longo
do tempo. É importante que os gestores das instituições de ensino possam fazer diagnósticos
internos com essas temáticas, a fim de identificar como está o cenário de qualidade de vida,
prazer e sofrimento dos seus professores, pois estes são ativos fundamentais para seu
desempenho organizacional.

Palavras-Chave: Qualidade de vida no trabalho; Indicadores de Prazer e Sofrimento; Trabalho


docente.

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1. INTRODUÇÃO

A palavra qualidade vem do latim Qualitas, “jeito de ser, qualidade”. O termo é ligado
a Qualis, uma interrogação que indagava “qual? de que tipo? de que maneira?”. Nessa lógica,
se antes tal palavra nos remetia às preocupações teóricas e práticas na questão da qualidade dos
produtos e dos serviços, com o decorrer do tempo percebeu-se, também, um olhar direcionado
para a qualidade de vida no trabalho (QVT) daqueles que produzem tais produtos e serviços.
Nesse sentido, a palavra vida, também do latim, vem de Vita, mas também “existência, modo
de viver, costumes, subsistência”.
Pela profundidade dessas significâncias, Enguita (2001, p. 95) exalta o termo qualidade
no contexto da educação, ao afirmar que “[...] se existe hoje uma palavra em moda no mundo
da educação, essa palavra é, sem dúvida, qualidade [...] não importa o que seja, deve explicar-
se em termos de qualidade”.
Ao olhar nessa direção e caminhar pelo mundo da educação, depara-se com o sujeito
professor no seu modo singular de agir e de ser e, que ainda, se permite ser designado como
docente (do latim Docens - educador, mestre), nas referidas instâncias de ensino - básico,
médio, fundamental e superior.
A profissão docente tem recebido especial destaque nos veículos midiáticos e no senso
comum, em geral, quando se pretende responsabilizá-la pelo sucesso ou fracasso do aluno e até
mesmo do país. Especialmente a partir do ano de 2020 quando, em função do isolamento social
causado pela pandemia da Covid-19, os professores precisaram se reinventar e reinventar seus
modos de ensinar, sendo muitas vezes responsabilizados pelo sucesso ou fracasso da educação.
Diversos estudos buscaram compreender os efeitos da profissão docente sobre a vida e a saúde
destes profissionais (CODO, 1999; FREITAS, 2006; LEMOS, 2005; LIMA, 2012; PAULA;
NAVES, 2010; PEREZ, 2012). Estes estudos mostraram que o mal estar, o sofrimento, o
estresse e a insatisfação estão presentes no cotidiano destes profissionais. Constataram que as
condições de trabalho dos docentes, inclusive os universitários, são precárias e isto os torna
suscetíveis ao adoecimento físico e mental.
Quando o olhar vagueia pelas quatro instâncias de ensino (básico, médio, fundamental
e superior), observa-se em comum as distâncias e as incongruências entre o ideal e o real,
quando a temática é QVT desse docente.
Tal contexto motivou este trabalho ter como objetivo principal identificar e analisar
Indicadores de Qualidade de Vida e Indicadores de Prazer e Sofrimento em uma amostra
longitudinal de 216 respostas de professores atuantes no ensino básico, médio, fundamental, ou
superior. Para isso, utilizou-se as escalas de custo humano no trabalho (custo físico, cognitivo
e emocional) e de prazer e sofrimento (realização profissional, liberdade de expressão,
esgotamento profissional e falta de reconhecimento), tanto antes quanto durante a pandemia da
Covid-19.
Este estudo mostrou-se relevante ao evidenciar indicadores importantes que possam
revelar o estado atual dos profissionais que atuam no segmento da educação. Com isso, pode-
se levar ao fortalecimento de um debate com mais subsídios para uma reflexão mais consciente
sobre essa temática que se apresenta conectada ao momento atual: qualidade de vida, prazer e
sofrimento no contexto da educação.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Qualidade de vida no trabalho docente no Brasil

Ao entender que QVT no trabalho docente “[...] tem sua centralidade na capacidade de
trabalhar sem estresse e de lidar com as dificuldades dos estados ou condições de precarização
do trabalho docente e, consequentemente, alcançar a autorrealização no trabalho” (CURY
JUNIOR, 2012, p. 92), percebe-se que nem sempre o que se deseja, se concretiza no que se
pratica. Para o referido autor, isso acontece porque “[...] se evidencia um quadro de tensão
devido às exigências e intensificação das tarefas docentes, principalmente em tempos de uso
cada vez mais generalizado das tecnologias digitais na escola, que afetam o modo de trabalho
dos professores”.
O trabalho docente não pode mais ser definido apenas como atividade em sala de aula.
Agora, mais do que nunca, compreende a gestão da escola, no que se refere à
dedicação dos professores ao planejamento, à elaboração de projetos, à discussão
coletiva do currículo e da avaliação. Intensifica-se, assim, o ritmo do trabalho e
diversificam-se e ampliam-se as atividades docentes para fora da sala de aula. (CURY
JUNIOR, 2012, p. 97).

Tal realidade já vinha sendo apontada por Mancebo (2007, p. 79) ao enxergar os
docentes se transformando em trabalhadores full-time, “[...] trabalhadores com 24 horas de
trabalho diário, ainda que espacialmente fora dele”. Essas transformações nas atividades
docentes, há muito também vêm ecoando em forma de desabafo por estudiosos da temática:
[...] sou então obrigado a regular minhas atividades conforme os ponteiros de um
relógio, ou conforme o ritmo adotado pelos outros e que não levam em conta minhas
preferências e necessidades, ser avaro com o meu tempo, e nunca perdê-lo, porque
comprometeria assim algumas oportunidades e vantagens que me oferece a vida em
sociedade e do trabalho. Mas o que há talvez, de mais penoso, é que me sinto forçado,
perpetuamente, a considerar a vida e os acontecimentos que a preenchem sob o
aspecto da medida. (HALBWACHS, 1990, p. 90).

Nesse contexto, alguns estudos buscaram analisar e compreender os efeitos dessas


mudanças na QVT dos docentes no Brasil, abrangendo os ensinos: básico, médio, fundamental
e superior (TAVARES et al., 2015; GOMES MOREIRA; AMORIM SANTINO; FERREIRA
TOMAZ, 2017; SOARES; HENIG, 2019; ARAÚJO et al., 2019).
Tendo em vista a QVT dos docentes no ensino básico, Tavares et al. (2013) avaliaram
os aspectos associados à QVT de professores do ensino básico da rede pública de Viçosa-MG,
buscando relações com a classe econômica. As análises envolveram aspectos diversos da vida
cotidiana e abordaram quatro domínios da QVT: físico, psicológico, meio ambiente e relações
sociais. Os resultados da avaliação que mais afetaram negativamente, com um percentual
considerável de “ruim e muito ruim” ou “insatisfeito e muito insatisfeito”, foram: oportunidade
de atividades de lazer, acesso aos serviços de saúde, satisfação com o sono e recursos
financeiros para satisfação das necessidades. Os autores concluíram que existe a necessidade
de planejamento e implementação de ações que promovam a saúde mental, o desenvolvimento
de um ambiente de trabalho mais adequado, para uma maior QVT e saúde dos docentes.
Sobre a QVT dos professores do ensino médio, Soares e Henig (2019) realizaram
pesquisa em cinco instituições de ensino na cidade de Rondonópolis-MT, sendo duas públicas
e três particulares, com uma amostra de 56 professores abortando oito temas sobre: 1)

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compensação justa e adequada, 2) condições de trabalho, 3) uso das capacidades, 4)


oportunidades de trabalho, 5) integração social, 6) constitucionalismo, 7) espaço que o trabalho
ocupa e 8) relevância social e a importância do trabalho. A pesquisa apontou o que causa mais
insatisfação são os salários baixos e excesso de trabalho, além da necessidade de ter mais cursos
de capacitação. Enquanto que as satisfações se relacionaram à importância que a profissão tem
perante a sociedade. Quanto às diferenças entre os níveis de satisfação, as instituições
particulares estavam mais satisfeitas com a QVT comparativamente às instituições públicas. As
públicas estavam mais satisfeitas apenas referente ao salário.
Já Gomes Moreira, Amorim Santino e Ferreira Tomaz (2017) buscaram avaliar a QVT
dos docentes do ensino fundamental de uma escola da rede pública brasileira. Os pesquisadores
abordaram conceitos físicos e mentais englobados em oito domínios: capacidade funcional,
aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e
saúde mental. Para a QVT, os referidos autores constataram um escore mínimo de 56,04 para
“estado geral de saúde” e o máximo de 84,38 para o domínio “capacidade funcional”, sendo o
domínio “limitações por aspectos físicos” o mais afetado quando comparado dor com
diminuição da qualidade de vida. Segundo os autores, houve uma depreciação da QVT dos
docentes que relataram dores, principalmente nas costas, nos últimos 12 meses. Constataram
ainda haver comprometimento de todos os domínios pesquisados. Nesse sentido, identificaram
que a sintomatologia dolorosa e depressiva contribui para uma redução da QVT do docente. A
partir dos resultados da pesquisa, concluíram ser “[...] de fundamental importância que sejam
criadas discussões sobre educação e promoção de saúde no ambiente escolar, devendo evoluir
para a operacionalização de programas que possibilitem o aumento da qualidade de vida dos
professores” (GOMES MOREIRA; AMORIM SANTINO; FERREIRA TOMAZ, 2017, p. 24-
25).
Complementando, os estudos de Araújo et al. (2019) analisaram a QVT de docentes de
uma universidade pública mineira. Foi observado que, das oito dimensões analisadas referentes
à QVT (condições de trabalho; compensação justa e adequada; uso e desenvolvimento de
capacidades; oportunidade de crescimento e segurança; integração social na organização;
direitos e deveres; trabalho e espaço total de vida; e relevância social da vida no trabalho), três
delas (compensação justa e adequada; oportunidade de crescimento e segurança; e trabalho e
espaço total de vida) apresentaram-se com escores de insatisfação por parte dos docentes;
enquanto, nas demais, observaram-se escores de indiferença. Os autores da pesquisa
ressaltaram que, ‘[...] apesar de, em grande parte, os docentes estarem indiferentes, não foi
possível observar de forma acentuada a presença de níveis de satisfação nas dimensões
pesquisadas, o que caracteriza a neutralidade por parte do público investigado a respeito de sua
QVT” (ARAÚJO et al., 2019, p. 7). Os autores concluem que esses fatores podem ocasionar
problemas organizacionais, interferindo inclusive no crescimento da instituição e na QVT, por
ofertarem pouca aspiração de crescimento, tanto pessoal quanto coletivo.
Todos esses estudos mostraram que a temática da QVT ainda guarda alguma incerteza
com relação ao sentido exato desse termo. Entanto, existe entre esses estudos um ponto em
comum: o objetivo de propiciar uma maior humanização do trabalho. E isso envolve aspectos
psicossociais, satisfação e bem-estar do trabalhador, valorização da participação do processo
de tomada de decisão no trabalho e ênfase na perspectiva humanista de pensar sobre pessoas,
trabalho e organização, dentre outros (TAVARES et al., 2015; GOMES MOREIRA; AMORIM
SANTINO; FERREIRA TOMAZ, 2017; SOARES; HENIG, 2019; ARAÚJO et al., 2019).
Pensar na QVT, contudo, para Sá (2015, p. 7), vai além da satisfação imediata de tais
necessidades: “[...] a QVT deve estar relacionada com a conquista da cidadania organizacional

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em um espaço mais democrático e em longo prazo. Assim, desloca-se o foco do dever fazer
para o prazer de fazer e para o bem-estar de todos”. Em síntese: valorizar o prazer de ser, de
fazer e de pertencer.
No entender de Cury Junior (2012), envolve também o sentido, a direção, o conteúdo do
crescimento, da qualificação e da capacitação buscadas na formação, o controle das condições
do trabalho, participação e intervenções nas políticas públicas de educação e, principalmente, a
qualidade dos ambientes e das relações interpessoais que ali se estabelecem.
O referido autor acrescenta que qualidade na educação em geral e, mais especificamente,
a QVT dos docentes, dialoga com noções como: motivação, satisfação, saúde, segurança no
trabalho, tecnologias da informação e da comunicação e seu impacto para o trabalho docente.
E ainda, com salários e incentivos para ascensão na carreira, com profissionalismo e identidade
profissional; com criatividade, autonomia, grau de controle e poder dos docentes sobre as
políticas educacionais. “Resta saber como e até que ponto isto é possível na conjuntura social
e econômica contemporânea que molda o trabalho à sua imagem e semelhança, reforçando o
modelo empresarial que atravessa a escola e os que nela exercem a sua profissão.” (CURY
JUNIOR, 2012, p. 95).
Nesse sentido, para Minayo et al. (2000, p. 16), pode-se dizer que a QVT diz respeito
“[...] ao padrão que a própria sociedade define e se mobiliza para conquistar, consciente ou
inconscientemente, e ao conjunto das políticas públicas e sociais que induzem e norteiam o
desenvolvimento humano, as mudanças positivas no modo, nas condições e estilos de vida”.
Nesse sentido, este estudo amplia os subsídios para uma maior reflexão ao abordar, a seguir, as
temáticas prazer e sofrimento docente no contexto brasileiro.

2.2. Prazer e sofrimento docente: bem estar versus mal estar

Conforme Penteado e Neto (2019), a produção científica a respeito dos problemas de


saúde e processos de mal estar mostra a prevalência dos transtornos mentais e comportamentais,
dos distúrbios da voz e das doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo, os quais atingem
os docentes do ensino público e particular de todos os níveis, disciplinas e momentos da
carreira.
De acordo com estudo de Elias e Navarro (2019), a desqualificação da profissão docente
está inscrita na produção de sentido que não considera o ato de ensinar um trabalho, e sim uma
vocação, uma missão, uma atividade que se faz por amor. E, como se sabe, amor não se paga,
não se remunera. Desta forma, o professor deveria trabalhar sem esperar remuneração, sendo
gratificado pelo simples ato de realizar uma atividade que beneficia as pessoas e o mundo.
Estas constatações também são observadas por Penteado e Neto (2019), os quais
afirmam que o mal estar, o sofrimento e o adoecimento de professores podem exprimir
narrativas coletivas da docência marcada pela vocação e pela socialização profissional pela
feminização – e como dimensões sociais, históricas e culturais do trabalho docente podem
interferir nos modos coletivos de perceber e cuidar do corpo e da saúde e levar ao adoecimento.
O mal estar docente, a desvalorização e a identificação do trabalho ao sacerdócio são entraves
à profissionalização. Assim como considera Tardif (2013), a profissionalização e o rompimento
com o discurso da vocação e ofício requerem considerar as dimensões culturais que atravessam
o processo de formação docente.
Segundo Saviani (2007), a origem da educação coincide com a origem do homem. Este
autor conclui que os fundamentos históricos da relação trabalho educação se referem ao
processo produzido e desenvolvido ao longo do tempo pela ação dos próprios homens e o

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resultado deste processo é o próprio ser dos homens. A divisão do trabalho, a apropriação
privada da terra, consequências do desenvolvimento da produção provoca a ruptura nas
comunidades primitivas, dividindo os homens em classes. Surgem duas classes sociais, a dos
proprietários e as dos não proprietários. A divisão dos homens em classes provoca a divisão
também na educação. Com o escravismo antigo, a educação passa ter duas modalidades
distintas: uma para a classe proprietária, a educação dos homens livres, voltada para atividades
intelectuais, para a arte da palavra e atividades físicas de caráter lúdico ou militar. E a educação
para a classe não proprietária, dos serviçais e escravos relacionada ao processo de trabalho.
Sendo assim, a educação intelectual, escolar direcionada aos que tem poder aquisitivo e
a formação para o trabalho, técnica, voltada para os trabalhadores. Saviani (2007) explica que
a primeira modalidade de educação deu origem à escola, cuja palavra significa lugar do ócio.
Era o lugar para onde se dirigiam os que dispunham de tempo livre. Esta educação é então a
educação formal, separada formalmente do trabalho. A expressão do senso comum que
interpela muitos professores na atualidade exemplifica isto: “você trabalha ou só dá aula?”.
De acordo com Elias (2014, p. 49), “[...] os professores sofrem pressões em relação ao
desempenho, ao mesmo tempo em que precisam acumular mais horas de trabalho para obter o
mínimo retorno financeiro necessário à sua sobrevivência”, o que reflete em mal estar e
alterações à sua saúde física e psíquica. Diferentes estudos (SALIM, 2009; MENDES;
CHAVES; SANTOS; MELLO NETO, 2007) destacaram o cansaço físico e mental
relacionando-os às condições de trabalho executadas e sofrimento na profissão docente e
concluem que, apesar de a profissão de docente ser gratificante, o sofrimento no trabalho é
muito evidente e, em grande parte, relacionado com a instituição e seus problemas.
Sanches e Gama (2016) identificaram que as exigências da escolarização e inserção
profissional numa sociedade competitiva e de evolução acelerada afetam a escola com um
conjunto cada vez mais alargado de funções, exigindo do professor resposta às aspirações
educativas, além das pressões e cobranças por indicadores e índices aferidos por um modelo
empresarial marcado pela busca da eficácia e eficiência, são aspectos causadores de profundo
do mal estar docente.
Desta forma, pode-se considerar que as razões principais de mal estar estão relacionadas
ao fato de que o fazer docente tem sido desqualificado e degradado, transformando este
profissional em vendedor de mercadoria e o submetendo a condições precárias e
desqualificantes. De acordo com Lemos (2005), a atividade de ensinar existe mesmo antes das
instituições de ensino, anterior ao século XI, quando aparece o registro da primeira
universidade. No entanto, cada vez mais, a profissão de mestre perde seu status simbólico e isto
é um dos principais motivos para o mal estar docente.
Pode-se também destacar como fator de mal estar a perda da autonomia docente
(CONTRERAS, 2002). Segundo este autor, o ensino é um trabalho que se realiza com seres
humanos e sendo assim é impossível separar por princípio a concepção da execução.
Necessariamente, o professor detém um nível de autonomia e planejamento em seu trabalho,
ao perder este controle o sofrimento e o mal estar se tornam inevitáveis.
O discurso ideológico do comprometimento é um importante recurso utilizado para
manipular os trabalhadores e quando se fala de uma profissão que carrega a ideologia do mestre,
encontra-se um alvo fácil desta manipulação. “O comprometimento é a chave do sucesso e sua
ausência é a causa do fracasso” (GAULEJAC, 2007, p. 89). Desta forma, a especificidade da
relação entre trabalho docente e identidade se destacam em razão da singularidade de uma
profissão que carrega em si uma representação idealizada, da qual o sistema se utiliza para atar

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esse profissional a condições desfavoráveis, intensificando sua atividade e aumentando seu


sofrimento.
De acordo com Heloani (2018), em todos os níveis da educação, desde a básica até a
superior, é possível identificar relatos que denunciam a precarização do trabalho, perda de
prestígio social e condições laborais deficientes, que apontam para a violência e para as
condições que levam à perda de sentido em si mesmo, passando a ser fonte única de
sobrevivência. A alienação do trabalho vem acompanhada de processos de adoecimento
relacionados ou não ao trabalho e a acidentes, aumento no absenteísmo, nas readaptações, nas
aposentadorias por invalidez e no abandono da carreira.
Desta forma, a naturalização de uma relação patológica e mercantilizada entre
professor-aluno produz um “sofrimento obsceno (etimologicamente falando, isto é, fora de
lugar) de culpabilização que tende a estabelecer a concorrência entre setores outrora
cooperativos e mesmo entre os próprios docentes” (HELOANI, 2018, p. 15).
A perda do controle sobre seu processo de trabalho tem como consequência o
estranhamento do resultado de seu trabalho. A interação docente-alunos tão preciosa e
necessária para produzir saúde e bem estar, se reifica, instrumentaliza-se, embrutece-se. “O
processo de trabalho docente, sem autonomia, submetido a regras e normas heterônomas, faz
com que esse trabalhador não se reconheça no próprio processo laboral que realiza, portanto,
subordina-se” (HELOANI, 2018, p.16). Ao não se reconhecer no ato vital que o trabalho
representa; ao invés dele ser expressão de potencialidade e autenticidade, ocorre uma
desidentificação, não reconhecimento e possível comprometimento do aparelho psíquico.
O estudo de Elias (2014) sobre trabalho docente em faculdades privadas constata que os
professores tentam acreditar que possuem algum tipo de controle sobre sua atividade, porém o
que se vê é sofrimento, impotência e frustração. Dejours e Abdoucheli (1994) mostram que o
sofrimento patogênico se manifesta quando toda a margem de liberdade de criação,
transformação, já foi utilizada. Quando não há nada além de pressões fixas e rígidas
incontornáveis instalando definitivamente o medo e a impotência.
As conclusões de Elias (2014) destacaram uma tendência a buscar soluções para o mal
estar docente, justificando as situações abusivas. A autora acredita que esta pode ser uma
tentativa de preservar algum bem estar na atividade e, ao mesmo tempo, minimizar o mal estar
e o sofrimento cotidiano. O prazer associa-se ao idealismo vinculado à profissão. O prazer de
fazer diferença na formação do aluno em contradição com a desilusão em relação ao sistema
educacional. Outro elemento que propicia algum bem estar se apoia nas relações entre os
colegas, sendo elas necessárias para manter um ambiente positivo e facilitador de resistência,
contribuindo para a libertação do sujeito da alienação e da dominação pelo estabelecimento da
solidariedade. Desta forma, na profissão docente, prazer e desprazer andam juntos.
Assim, pode-se concluir que o processo de idealização da atividade docente facilita um
processo de alienação que oculta parte do mal estar, banaliza o sofrimento e contribui para a
submissão do docente à situações em relação às quais discorda, mas contra às quais se sente
impedido de lutar.
Os professores gostam de seu trabalho, mas desgostam das condições oferecidas para
realizá-lo. Ter consciência do mal e ainda ser obrigado a se submeter pode ser causa de intenso
sofrimento. Neste sentido, estar alienado e não buscar sair desta alienação pode ser uma forma
de se manter mais tempo no campo do trabalho ignorando o sofrimento, ou banalizando-o.
O desprazer não aparece no esforço material, considerado inerente, mas na frustração
de não ver resultado significativo em seu trabalho e nem reconhecimento dele. Linhart (2014,
p. 46) a descreve: “é o sentimento de não ter a quem recorrer [...]. É o sentimento de isolamento

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e abandono [...] desproteção permanente — sem saber quando vai haver demissão ou se e
quando encontrar novo trabalho”.
Portanto, o objetivo foi identificar e analisar Indicadores de Qualidade de Vida e
Indicadores de Prazer e Sofrimento em uma amostra longitudinal de 216 respostas de
professores atuantes no ensino básico, médio, fundamental, ou superior, cujos procedimentos
metodológicos e resultados são apresentados a seguir.

3. MÉTODO DE PESQUISA

A construção dos itens que compõem a escala da pesquisa se fundamentou nas etapas
de operacionalização de um construto, segundo Pasquali (1999). Os comportamentos e atitudes
dos professores para se protegerem frente às situações adversas do trabalho foram agrupadas
em 18 categorias de tipos de possíveis mecanismos de defesa do ego, sendo elas: anulação,
sublimação, negação, repressão, racionalização, regressão, formação reativa, isolamento,
identificação, idealização, compensação, introjeção, projeção, deslocamento, dissociação, volta
contra o eu, reparação e fixação.
Na elaboração da escala, de acordo com Pasquali (op cit.), é importante que se faça a
definição constitutiva e a definição operacional dos fatores e das variáveis envolvidas. A
definição constitutiva é tida como conceituação dos termos como descritos na teoria e nos
dicionários. Nesse sentido, a definição é estruturada em termos de outros conceitos. Já a
definição operacional deve ser prática, ou seja, a variável deve ser definida em termos de
operações concretas e comportamentos físicos por meio dos quais se expressa e se traduz.
Assim, foram considerados nove trabalhos para identificar Indicadores de Qualidade de Vida e
Indicadores de Prazer e Sofrimento (Quadro 1):

Quadro 1 – Referências para Indicadores de Qualidade de Vida e Indicadores de Prazer


e Sofrimento
Tema Trabalho Fonte
Prazer e sofrimento no trabalho docente: Hoffmann, Zanini, Moura e
Brasil e Portugal Machado, 2019
Vivências de prazer-sofrimento no trabalho Vilela, Fernando e Vieira, 2013.
Indicadores de prazer e do professor universitário: estudo de caso
sofrimento em uma instituição pública
Psicodinâmica do Trabalho: um estudo Pena e Remoaldo, 2019
sobre o prazer e o sofrimento no trabalho
docente na Universidade Óscar Ribas
Agente Comunitário de Saúde: implicações Santos, Hoppe e Krug, 2018
dos custos humanos laborais na
saúde do trabalhador
Escala de custo
Risco de adoecimento e custo humano no Souza, Lopes, Nogueira, Tracera,
humano no trabalho
trabalho em um hospital psiquiátrico Moraes e Zeitoune, 2018
(docente ou não)
Contexto de trabalho e custo humano no Antloga, Maia, Cunha e Peixoto,
trabalho em um órgão do poder judiciário 2014
brasileiro
Preditores sociodemográficos, laborais e Goebel e Carlotto, 2019
psicossociais da Síndrome de Burnout em
Adoecimentos psíquicos
docentes de educação a distância
(mentais)
Prevalência de distúrbios psíquicos menores Tavares, Magnano, Beck, Silva,
em enfermeiros docentes Prestes e Lautert, 2013

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Validação da versão brasileira do Gil-Monte, Carlotto e Câmara,


“Cuestionario para la Evaluación del 2010
Síndrome de Quemarse por el Trabajo” em
professores
Fonte: os autores.

Após a construção dos itens da escala, ela foi submetida a 20 indivíduos, também
professores universitários, para uma análise semântica, verificando se as afirmativas eram
compreensíveis. Finalmente, a escala foi considerada segura para aplicação no público-alvo,
composta por, assim, por 54 itens (afirmativas) e 18 fatores.
Na coleta de dados, a amostra foi não probabilística por acessibilidade, utilizando-se de
uma survey aplicada a professores universitários, de instituições públicas e privadas do estado
de Minas Gerais e Goiás. A survey operacionalizou-se utilizando-se da ferramenta google forms
e foi aplicada em dois períodos: último trimestre de 2019 (out-dez), quando foram colhidas 112
amostras, e posteriormente no primeiro semestre de 2021 (jan-mar), quando foram colhidas 104
amostras válidas. O intuito foi analisar se a mudança de contexto (pandemia da Covid-19)
interferiria na análise dos dados. Com isso, a amostra final foi de 216 sujeitos.
Para limpeza e tratamento dos dados foram analisadas as distribuições de frequência,
examinando, segundo Tabachnick e Fidell (2001): a multicolinerearidade, a aderência à curva
normal (homocedasticidade e linearidade), a presença de outliers e as omissões de informações
e dados numéricos.
Quanto à análise de dados, foi utilizada a estatística descritiva, que é aplicada para
organizar, resumir e descrever os aspectos importantes de um conjunto de características
observadas, e também comparar tais características entre dois ou mais conjuntos.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1. Perfil dos respondentes

As amostras coletadas nos dois períodos (2020 e 2021 – antes e durante a pandemia da
Covid-19) apresentaram características um pouco distintas quanto aos aspectos demográficos:
 Em 2020, havia 57% mulheres e 43% homens, 61% com 41 anos de idade ou
mais, 68% do total casado ou amasiado, 70% trabalhando em instituição de
ensino pública, 79% deles com carga de 40 horas semanais ou de dedicação
exclusiva, 71% não tinham outro trabalho além da docência, e 43% do total com
dez salários mínimos ou mais, de renda mensal.
 Em 2021, havia 68% mulheres e 32% homens, 77% com 41 anos de idade ou
mais, 76% do total casado ou amasiado, 64% trabalhando em instituição de
ensino pública, 80% deles com carga de 40 horas semanais ou de dedicação
exclusiva, 79% não tinham outro trabalho além da docência, 62% do total com
dez salários mínimos ou mais, de renda mensal.

Foi possível observar que, conforme já mencionado na literatura, há uma grande carga
de trabalho envolvida para os docentes pesquisados, pois uma parte significativa conta com 40
horas ou mais com a atividade docente, e muitas vezes possuem outra ocupação. Também está
relacionado com a questão de haver uma população majoritariamente feminina e casada,
provavelmente acarretando com a jornada dupla ou tripla. O segundo grupo apresentou uma
média de salário mensal superior ao primeiro grupo. E neste caso, não houve uma relação

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próxima com o que a literatura mostra quanto aos baixos rendimentos dos docentes,
provavelmente pela amostra deste estudo contar com uma parcela considerável no ensino
superior.

4.2. Qualidade de vida e prazer e sofrimento docente

Na pesquisa, foram levantados três temas (indicadores de prazer e sofrimento, escala de


custo humano no trabalho (docente ou não), e adoecimentos psíquicos (mentais)), que foram
categorizados em sete subtemas: custo físico, custo emocional, custo cognitivo, realização
profissional, liberdade de expressão, esgotamento profissional e falta de reconhecimento.
Como a proposta do trabalho é identificar esses aspectos antes e durante a pandemia da
Covid-19, mais importante que apresentar as pontuações médias, é entender como foi o impacto
desse momento para o público pesquisado, visto que a situação afetou fortemente todos os
setores da economia, mas especialmente o mercado educacional.
De acordo com a Tabela 1, foi possível observar que os subtemas de custo físico, custo
emocional, custo cognitivo e realização profissional sofreram alguma queda, principalmente o
custo físico. Os itens de liberdade de expressão, esgotamento profissional e falta de
reconhecimento tiveram uma percepção mais positiva de um cenário para outro, com destaque
para liberdade de expressão e esgotamento profissional.

Tabela 1 – Avaliação e evolução dos indicadores de qualidade de vida, prazer e


sofrimento docente
Subtema Avaliação em 2020 Avaliação em 2021 Alteração
Custo físico 2,11 2,47 - 0,36
Custo emocional 2,74 2,92 - 0,17
Custo cognitivo 4,15 4,22 - 0,07
Realização profissional 3,57 3,60 - 0,03
Liberdade de expressão 3,50 3,29 0,21
Esgotamento profissional 2,82 2,63 0,19
Falta de reconhecimento 1,76 1,68 0,08
Fonte: os autores.

Inicialmente, ao comparar as pontuações gerais, houve uma variação mínima, de apenas


1% abaixo de 2020 para 2021. Alguns pontos chamaram bastante a atenção, em cada subtema,
justamente por apresentarem a maiores variações, tanto positivas, quanto negativas.
Quanto ao custo físico, um dos pontos foi avaliado com 59% maior favorabilidade, que
é ter que manusear objetos pesados. Dois pontos foram intensamente pior avaliados (-54% e -
67%, respectivamente), que são usar as pernas de forma contínua, e subir e descer escadas.
Tavares et al. (2015) entendem que os custos físicos devem ser verificados, e os docentes
tiveram tais percepções. Ao olhar os fatores que foram, de forma absoluta, mais pontuados na
escala, há o uso das mãos de forma repetida (0,5) e o uso dos braços de forma contínua (0,38).
O custo emocional apresentou uma variação geral negativa menor, mas pôde-se
observar que fazer previsão de acontecimentos teve uma queda de 14% na percepção, assim
como usar a criatividade (-9%). Por sua vez, ter desafios intelectuais teve um aumento de 6%
nessa avaliação, mostrando que a pandemia foi um desafio significativo para os professores,
dada a transformação do contexto. Tavares et al. (op cit.) também reforçam a importância da
saúde mental, que afeta esse custo emocional.

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E quando são vistas as pontuações absolutas, há 0,94 de concordância – ou seja, algo


muito elevado – para ter desafios intelectuais e também para ter concentração mental.
Certamente, a pandemia e o isolamento social acabaram forçando tais pontos para os docentes,
que tiveram que atuar de casa, numa situação bem atípica para esse grupo profissional.
Sobre o terceiro tipo de custo, há o cognitivo. Apesar da baixa variação negativa de
2020 para 2021, houve muito impacto na transgressão de valores éticos (-80%) e ser submetido
a constrangimentos (-60%). Quanto ao que melhorou, destaca-se a obrigação de cuidar da
aparência física (+30%). Elias (2014) entende que o mal estar traz alterações à saúde psíquica.
Os aspectos de ética e de constrangimentos foram bem mais evidenciados e sentidos pelas
pessoas.
Novamente, observando os itens de forma absoluta, entende-se que ter controle das
emoções (0,83) e ter custo emocional (0,62) pesaram mais em 2021. Tais custos cognitivos
devem ser cuidados para evitar maiores prejuízos no médio e longo prazo para os docentes de
todos os níveis.
No que diz respeito à realização profissional, não houve nenhum fator de melhor
percepção, quando comparados os momentos de pré Covid-19 e durante. Houve uma alteração
negativa na motivação (-19%) e na gratificação pessoal com as atividades (-18%). O que
pontuou mais, olhando nas pontuações médias, foi tanto o orgulho pelo que se faz (0,76), quanto
a satisfação (0,69). Inclusive, esses pontos vão de encontro com os estudos de Elias e Navarro
(2019), que consideram que o trabalho docente seja uma vocação, uma missão, uma atividade
que se faz por amor.
E quando observada a liberdade de expressão, houve uma melhoria na percepção sobre
a confiança entre os colegas (+21%). Talvez, o ambiente remoto pôde trazer uma confiança
implícita anteriormente. Porém, houve queda na avaliação sobre liberdade para expressar
opiniões no local de trabalho (-28%) e sobre cooperação entre os colegas (-19%). O
distanciamento provocou alguns pontos positivos, mas outros negativos.
Corroborando com essa ideia, o que obteve a maior pontuação nessa temática foi a
solidariedade com os colegas, com 0,69. O momento da pandemia trouxe maior confiança e,
principalmente, o reforço de cooperar com os outros.
Sobre o esgotamento profissional, infelizmente não houve algum ponto de destaque
positivo. A questão da insatisfação foi relatada com uma intensidade 83% maior, enquanto a
frustração, 51% mais forte. Soares e Hening (2019) realmente reforçam o excesso de trabalho
como um ponto marcante da carreira docente. E a Covid-19 piorou o que já se percebia de forma
negativa.
Adicionalmente, a sobrecarga obteve uma nota bem elevada na avaliação dos docentes
em 2021 (0,73), sendo a mais alta, e o estresse (0,71) também esteve bem próximo. Este tipo
de queixa tem sido observado no mercado de trabalho de uma forma geral, mas é possível
visualizar que foi bem forte para os docentes de todos os níveis educacionais.
Finalmente, quanto ao subtema de falta de reconhecimento, houve um momento pior
para a injustiça (43%) e para a indignação (42%), que inclusive foi o ponto mais crítico do
subtema (062). Em relação à discriminação, uma boa notícia, à medida que apresentou ua
pontuação 70% menor do que um ano antes.
Outras duas pontuações que se mostraram bem negativas foram: a falta de
reconhecimento do próprio desempenho (0,58) e a falta de reconhecimento do esforço (0,55).
Tal ponto é preocupante, à medida que muitos buscam também a valorização não monetária no
seu trabalho, e é algo a ser melhorado para docentes.

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Soares e Hening (2019) também entendem que esses pontos podem ser agravados pelo
fato de o trabalho docente ser pouco remunerado. No entanto, como a amostra desta pesquisa
mostrou-se bem remunerada quando comparada à renda geral do país, tal constatação pode não
interferir tanto nas avaliações dos diversos itens.

4.3. Discussão dos resultados

Araújo et al. (2019) concluem que esses fatores pesquisados podem ocasionar
problemas organizacionais, interferindo inclusive no crescimento da organização e na QVT,
por ofertarem pouca aspiração de crescimento, tanto pessoal quanto coletivo.
É importante que os gestores das instituições de ensino possam fazer diagnósticos
internos com essas temáticas, a fim de identificar como está o cenário de qualidade de vida,
prazer e sofrimento dos seus professores, pois estes são ativos fundamentais para seu sucesso e
desempenho organizacional.
Além disso, Penteado e Neto (2019) entendem que a produção científica a respeito dos
problemas de saúde e processos de mal estar mostram a prevalência dos transtornos mentais e
comportamentais, dos distúrbios da voz, dentre outras doenças para o público docente. Torna-
se um ponto de atenção acompanhar, gerenciar e lidar com ações efetivas para melhorar as
condições de trabalho docente, em todos os âmbitos da educação.

5. CONCLUSÕES

Este trabalho atendeu ao objetivo de identificar e analisar Indicadores de Qualidade de


Vida e Indicadores de Prazer e Sofrimento de professores atuantes no ensino básico, médio,
fundamental, ou superior.
Justamente a partir do ano de 2020, em função do isolamento social causado pela
pandemia da Covid-19, os professores precisaram se reinventar e inovar significativamente,
sendo muitas vezes responsabilizados pelo sucesso ou fracasso da educação,
independentemente do seu local de atuação. Diversos estudos buscaram compreender os efeitos
da profissão docente sobre a vida e a saúde destes profissionais.
Ao verificar o que sofreu mais impacto, há o custo físico, que provavelmente seria algo
pouco esperado. No entanto, alguns estudos já apontam que o custo físico não é percebido num
curto prazo, mas sim em um período um pouco maior. O custo físico mostrou-se com variação
bastante negativa.
O custo emocional também foi relevante, mas sofreu menores variações. Isso pode ter
acontecido por já ser algo com pontuações mais altas, então as alterações nas avaliações foram
menores. A pandemia foi um desafio para todos os professores, até porque a saúde mental
provocou prejuízos. E o custo cognitivo envolveu principalmente o impacto na transgressão de
valores éticos e na submissão a constrangimentos. Nestes casos, ter controle das emoções é
fundamental, e nem sempre acontece esse preparo para os docentes.
Quanto aos achados do trabalho, o ambiente remoto pôde melhorar a confiança entre os
colegas de trabalho. Contudo, houve queda na percepção sobre liberdade para expressar
opiniões no local de trabalho, o que pode inibir as inovações ao longo do tempo.
Um ponto alarmante é a questão da insatisfação e da frustração, que se intensificaram
fortemente. As aulas à distância podem ter provocado essa diferença nas avaliações. E a
sobrecarga e o estresse também chamam a atenção para os docentes de todos os níveis
educacionais, junto com a falta de reconhecimento.

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Os fatores pesquisados neste artigo podem ocasionar problemas organizacionais,


interferindo inclusive no crescimento da organização e na QVT, por ofertarem pouca aspiração
de crescimento, tanto pessoal quanto coletivo. Além disso, pode-se observar que a prevalência
dos transtornos mentais e comportamentais, dos distúrbios da voz, dentre outras doenças para
o público docente, podem ser graves.
Como limitações da pesquisa, tem-se o tamanho da amostra e o recorte geográfico
obtidos na coleta de dados, não sendo possível generalizar os resultados para todos os
professores do país, além de uma predominância de docentes do ensino superior.
Para estudos futuros, sugere-se que as aplicações de pesquisa possam dar continuidade
aos momentos seguintes de mercado, devido aos contextos social, político e econômico. Assim,
é possível observar como os indicadores de qualidade de vida no trabalho, e de prazer e
sofrimento na carreira docente se comportam ao longo dos anos.

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