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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


CURSO DE HISTÓRIA
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA
PROFA: NALAYNE PINTO
ALUNA: AMANDA MIRANDA S. B. REIS

P2 - INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA

1 ) Discuta a crise das relações de trabalho no capitalismo neoliberal e o trabalho


precarizado a partir da compreensão do conceito de precariado proposto por Ruy
Braga.

R: A crise das relações de trabalho no capitalismo neoliberal é um fenômeno que


tem se acentuado nas últimas décadas com a expansão do trabalho precarizado,
sendo o conceito de precariado proposto por Ruy Braga fundamental para entender
essa correlação. Segundo Braga, o precariado é uma classe social formada por
trabalhadores que vivem em uma situação de insegurança econômica,
caracterizada por condições de trabalho precárias e pela informalidade, apontando
ainda que o precariado não se limita apenas aos trabalhadores informais, mas
também inclui trabalhadores terceirizados, temporários e aqueles em empregos
flexíveis, com baixos salários, insegurança no trabalho, ausência de benefícios
sociais e instabilidade de renda. Analisando a crise das relações de trabalho no
capitalismo neoliberal, Ruy Braga aponta que esse sistema econômico promoveu a
flexibilização das leis trabalhistas, a terceirização e a precarização das condições de
trabalho, tendo resultado na proliferação e na emergência de um grande contingente
de precariados.
Ao abordar a obra de Karl Marx, Braga faz referência a teoria marxista como base
para compreender a emergência do precariado no contexto do capitalismo
contemporâneo. Marx explica como o capitalismo gera uma divisão da sociedade
em classes sociais à partir da exploração da classe trabalhadora pela burguesia
(classe dominante que detém os meios de produção), apontando uma tendência do
sistema capitalista em acumular mão de obra precarizada, visto que busca a
maximização dos lucros por meio da redução dos custos de produção e da
exploração da força de trabalho. Sendo assim, podemos entender a precarização do
trabalho e a crise das relações de trabalho no capitalismo neoliberal como um
reflexo da lógica do capital.
Nesse contexto, o conceito de precariado proposto por Ruy Braga surge como a
tipificação de uma forma de exploração e precarização da classe trabalhadora à
partir de características contemporâneas advindas do neoliberalismo, sendo essa
caracterizada pela insegurança e instabilidade de renda e pela ausência de direitos
trabalhistas e de benefícios sociais. Desse modo, a compreensão de tal conceito
permite uma análise profunda das transformações nas relações de trabalho no
capitalismo contemporâneo e contribui para o debate sobre as desigualdades
sociais e a necessidade de luta por estabilidade, melhores condições de trabalho,
direitos trabalhistas e auxílios sociais para o precariado.

2 ) A partir da análise de MUNIZ et al sobre o/a “envolvido(a) com o crime” discuta


os processos de construção da suspeição sob a juventude periférica, a construção
da vigilância e criminalização sobre esses territórios e a seletividade penal.

R: O artigo de Jaqueline Muniz et al aborda a questão da criminalização da


juventude periférica, explorando a construção da suspeição e estigmatização
desses jovens como potenciais criminosos, analisando como a vigilância e o
controle social são exercidos sobre esses territórios, resultando em uma
seletividade penal que impacta de forma desproporcional a vida desses indivíduos.
Como apontam os autores, a juventude periférica é frequentemente associada à
criminalidade e marginalização devido a estereótipos e preconceitos enraizados na
sociedade. A partir de uma perspectiva crítica, chegamos à conclusão de que a
construção dessa suspeição sobre a juventude periférica é resultante de fatores
estruturais de nossa sociedade, como as desigualdades econômicas, a falta de
acesso a direitos básicos, discriminação racial, entre outros. Esses fatores
contribuem para a estigmatização e vigilância constante desses jovens por parte
das instituições de controle social, como a polícia, pautadas em uma visão
corrompida pelos preconceitos presentes em nossa sociedade.
O artigo aponta como a vigilância e a criminalização dos territórios periféricos estão
intrinsecamente conectadas à marginalização e suspeição sobre os jovens que
vivem nesses locais. A presença policial constante e as políticas de segurança
reforçam a estigmatização dessas áreas como "territórios criminosos" ou
“perigosos”, resultando em uma contínua abordagem repressiva e punitiva por parte
do Estado sob essas localidades e seus moradores - muitas das vezes se valendo
do abuso de poder policial -, o que resulta no aprofundamento da marginalização e
exclusão social desses indivíduos, contribuindo para um ciclo de estigmatização,
criminalização e desigualdade para com essas pessoas.
A seletividade penal se refere à tendência do sistema de justiça criminal de aplicar a
lei de forma desigual, resultando na criminalização seletiva de pessoas com base
em critérios como classe social, raça e local de residência, bem como abordado
anteriormente. No contexto da juventude periférica, como Muniz e os demais
autores apontam ao longo de todo o artigo, a seletividade penal se manifesta
através da vigilância policial, do encarceramento e de punições desproporcionais
em comparação com indivíduos de outras localidades e realidades, sendo isso
resultante da constante suspeição e estigmatização desses jovens como potenciais
criminosos, visão essa que, inclusive, é muito reforçada pelas mídias através do
chamado “jornalismo policial”.
Ademais, o artigo abordado oferece uma análise crítica sobre a seletividade penal, a
suspeição, a vigilância e a criminalização da juventude periférica e como essas se
correlacionam, ressaltando a importância de políticas públicas e ações que
enfrentem as desigualdades estruturais apontadas e promovam justiça social.

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