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Precipitação
3. PRECIPITAÇÃO
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Hidrologia - Notas de aula - Profª Jane Pieruccini de Almeida
Capítulo 3
Precipitação
ascensão brusca e violenta do ar menos denso, capaz de atingir grandes altitudes. Essas
precipitações são de grande intensidade e curta duração, concentradas em pequenas áreas. São
precipitações típicas das zonas equatoriais onde, pela debilidade dos ventos, o movimento do ar é
essencialmente vertical. Nas zonas temperadas, ocorrem nos períodos quentes, na forma de
tormentas de verão, localizadas e violentas. São importantes para projetos em pequenas bacias,
principalmente bacias urbanas.
Orográficas: quando os ventos carregados de umidade, soprando normalmente do oceano para
o continente, encontram uma barreira montanhosa, as massas de ar úmido elevam-se para
transpor o obstáculo, resultando num resfriamento que pode alimentar a formação de nuvens e
desencadear precipitações. São localizadas nas encostas que olham para o mar, e quando os
ventos conseguem ultrapassar a barreira montanhosa, do lado oposto projeta-se a “sombra
pluviométrica”, dando lugar a áreas secas ou semi-áridas, causadas pelo ar seco, já que a
umidade foi descarregada na encosta oposta.
Ciclônicas: estão associadas com o movimento de massas de ar de regiões de alta pressão para
regiões de baixa pressão. Essas diferenças de pressão são causadas por aquecimento desigual
da superfície terrestre. A precipitação ciclônica pode ser classificada em precipitação frontal ou
não frontal. Qualquer baixa barométrica pode produzir precipitação não frontal, através do
deslocamento horizontal de massas de ar em direção a pontos de baixa pressão. A precipitação
frontal resulta da ascensão do ar quente sobre o ar frio na zona de contato entre duas massas de
ar de características diferentes. Se a massa de ar se move de tal forma que o ar frio é substituído
por ar mais quente, a frente é conhecida como frente quente, e se por outro lado o ar quente é
substituído por ar frio, a frente é fria. As precipitações ciclônicas são de longa duração e apresenta
intensidade de baixa a moderada, espalhando-se por grandes áreas.
Duração (D): é o tempo transcorrido entre o início e o fim da precipitação, expresso usualmente
em horas ou minutos.
Intensidade (I): é a relação entre a altura pluviométrica e a duração da precipitação (I = P/D)
expressa em mm/h ou mm/min.
Freqüência (Tr): por ser um fenômeno aleatório, a sua freqüência é definida através da
probabilidade de ocorrência de uma chuva de uma dada magnitude. Esta freqüência é expressa
através do tempo de retorno (Tr) ou de recorrência que é definido como sendo o período de
tempo, em anos, em que em média, uma determinada chuva será igualada ou superada.
Eq. 1
Exemplo: Qual o tempo de retorno de uma precipitação de intensidade de 110 mm/h cuja
probabilidade de ser igualada ou superada em um ano qualquer é de 1%?
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EXERCÍCIOS
1) Através da análise de cada precipitação descrita abaixo determine:
a) literalmente os parâmetros expressos;
b) o valor do parâmetro que falta e sua unidade;
2) Determinar, para cada situação expressa abaixo, o volume de água precipitado sobre a área da
bacia hidrográfica. Expressar o volume em litros (l) e em metros cúbicos (m³)
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3.4.1 Pluviômetros
Um pluviômetro é um recipiente coletor de chuva que armazena a água num depósito interno,
sendo a mesma captada através de uma bocal receptor horizontal de área que varia de 100 a
1000 cm². O mais utilizado é o pluviômetro tipo “Ville de Paris” que possui uma superfície de 400
cm². A altura de chuva é determinada dividindo-se o volume coletado de chuva pela área do bocal
receptor. Existem provetas calibradas diretamente em milímetros e décimos de milímetros
(0,1mm) para medir o volume de chuva coletado pelo pluviômetro.
O pluviômetro é um aparelho totalizador, que marca a altura de chuva total acumulada num dado
período de tempo. Sua leitura é feita normalmente uma vez por dia, gerando séries de valores
diários de precipitação.
Figura 2 – Pluviômetro
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3.4.2 Pluviógrafos
Pluviógrafos são aparelhos registradores automáticos, dotados de um mecanismo de relojoaria
que imprime um movimento de rotação a um cilindro, no qual é fixado um papel devidamente
graduado que é impressionado por uma pena que registra continuamente a chuva que cai no
coletor (do mesmo tipo dos pluviômetros). O gráfico (altura de chuva x tempo) é chamado de
pluviograma, e permite determinar a altura de chuva e sua respectiva duração, e portanto calcular
a sua intensidade.
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A região Norte, compreendida pelo Pará, Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima e Amapá, possui
temperatura média mensal superior a 22ºC. Com relação as chuvas, é uma região muito úmida
que apresenta em algumas áreas restritas (Roraima, sul do Acre e Rondônia) meses com
deficiências hídricas.
A região Centro-Oeste, compreendida por Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito
Federal, apresenta dominância de clima quente e úmido durante o verão, com oscilações de
temperatura, de amenas a elevadas. A estação chuvosa ocorre no verão e a estação seca, com
duração média de 4 a 5 meses, centraliza-se no inverno.
Mesmo dentro de uma mesma área, existem diferenças nas médias anuais de precipitação. No
Rio Grande do Sul, segundo BERLATO (1992), a média anual de todo o estado é da ordem de
1540 mm, variando de 1235 mm (Santa Vitória do Palmar) a 2162 mm (São Francisco de Paula).
Chove mais na metade norte do estado (acima da latitude 30º) com totais anuais superiores a
1500 mm, que na metade sul (abaixo da latitude 30º), com totais anuais inferiores a 1500 mm.
A análise estatística da precipitação anual do RS (BERLATO,1992) mostra que na média de todo
o estado, a freqüência de anos considerados secos (14%) é maior que os anos considerados
chuvosos (10%). Entretanto, em algumas regiões do estado, como a Campanha e Baixo Vale do
Uruguai (fronteira sudoeste) a freqüência média de anos secos atinge 20% .
Apesar da precipitação do estado ser bem distribuída nas quatro estações do ano (verão=24% ;
outono=25% ; inverno=25% ; primavera=26%), tendo em vista a mais alta demanda evaporativa
da atmosfera no verão (dezembro, janeiro e fevereiro), determinada especialmente pela maior
intensidade da radiação solar e maior temperatura do ar, a chuva normal no verão é em geral
insuficiente para atender às necessidades hídricas das culturas dessa estação, principalmente no
Sul do estado.
As variações anuais das chuvas, nas várias regiões do Brasil, podem ser observadas na figura 7,
através da precipitação média mensal.
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Figura 7 - Precipitação média mensal (mm) em diferentes localidades do Brasil (PRONI, 1987)
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HIETOGRAMA
14
12
Altura de chuva (mm) 10
8
6
4
2
0
1 2 3 4 5 6 7 8
Intervalo de tempo (30min)
HIETOGRAMA
27
Intensidade de chuva (mm/h)
24
21
18
15
12
9
6
3
0
1 2 3 4 5 6 7 8
Intervalo de tempo (30min)
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comparações com estações vizinhas que possuam o mesmo regime pluviométrico, utilizando
para tanto o traçado de hietogramas.
EXEMPLO: de acordo com os dados de chuva do mês de novembro de 1993 de dois postos de
medição de chuva, localizados em uma região homogênea sob o ponto de vista meteorológico e
obtidos através da leitura de pluviômetros:
determine os hietogramas, altura de chuva (mm) versus ∆t (1dia), para os dois postos (A e B)
com os dados do mês de novembro de 1993.
b) analise e interprete, através da caderneta do observador e dos hietogramas, os possíveis
erros cometidos na coleta dos dados.
POSTO “A” POSTO “B”
NOVEMBRO DE 1993 NOVEMBRO DE 1993
dia Altura dia Altura dia Altura dia Altura dia Altura dia altura
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
1 8,5 11 8,5 21 0,0 1 10 11 10 21 0
2 18,5 12 10,0 22 0,0 2 20 12 10 22 0
3 10,0 13 9,5 23 0,0 3 10 13 10 23 0
4 5,5 14 8,0 24 0,0 4 0 14 10 24 0
5 7,0 15 10,0 25 0,0 5 0 15 10 25 0
6 9,5 16 0,0 26 0,0 6 20 16 0 26 0
7 0,0 17 0,0 27 0,0 7 0 17 0 27 0
8 0,0 18 0,0 28 0,0 8 0 18 0 28 0
9 0,0 19 0,0 29 0,0 9 0 19 0 29 0
10 0,0 20 0,0 30 0,0 10 0 20 0 30 0
20 20
18 18
16 16
altura de chuva (mm)
altura de chuva (mm)
14 14
12 12
10 10
8 8
6 6
4 4
2 2
0 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 8 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 8 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
t (1 dia) t (1 dia)
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Precipitação
importante salientar que os postos vizinhos escolhidos devem possuir o mesmo regime
pluviométrico, e no mínimo dez anos de dados comum ao posto que se deseja preencher a
falha.
O método da ponderação regional parte da premissa de que a precipitação faltante Px no posto X,
seja proporcional às precipitações das estações vizinhas A, B e C num mesmo período, que serão
chamadas de Pa, Pb e Pc.
Se aceita que o coeficiente de proporcionalidade seja a relação entre a média Mx e as médias Ma,
Mb e Mc no mesmo período de anos. Adota-se, então, como valor do dado que falta Px, a média
entre os três valores calculados ã partir de A, B e C. A equação a ser utilizada é a seguinte:
1 Mx Pa Mx Pb Mx Pc
Px (Eq. 2)
3 Ma Mb Mc
Px = a precipitação mensal (ou anual) do posto X a ser estimada
Mx = a precipitação média mensal (ou anual) do posto X
Pa, Pb e Pc = as precipitações correspondentes ao mês (ou ano) que se deseja preencher,
observadas nos postos vizinhos A, B e C
Ma, Mb e Mc = a precipitação média mensal (ou anual) dos postos vizinhos A, B e C
A fórmula acima deve ser aplicada sempre que QUALQUER UMA das relações abaixo for MAIOR
QUE 10%
Mb Mx Mc Mx
100; 100; (Eq. 3)
Mx Mx
Caso isto não ocorra, o valor faltante Px pode ser calculado simplesmente como a média
aritmética das precipitações ocorridas nas outras estações.
(Eq. 4)
Neste método as precipitações do posto com falhas e de um posto vizinho são correlacionadas
através de uma regressão linear simples. É importante salientar que os postos vizinhos
escolhidos devem possuir o mesmo regime pluviométrico, e no mínimo dez anos de dados
comum ao posto que se deseja preencher a falha.
(Eq. 5)
y = variável dependente ou resposta (posto com falhas)
x = variável independente ou explicativa (posto vizinho)
a = coeficiente angular ou declividade da reta (parâmetro a ser estimado)
b = coeficiente linear (parâmetro a ser estimado)
(Eq. 6)
2
A qualidade do ajuste é feito através do coeficiente de determinação ( R ) que varia de 0 a 1,
sendo que, quanto mais próximo de 1, melhor será o ajuste ou pelo coeficiente de correlação (R)
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(Eq. 7)
Esta correlação também pode ser feita graficamente, plotando-se no eixo dos “x” os valores
mensais (ou anuais) do posto auxiliar e no eixo dos “y” os valores correspondentes mensais (ou
anuais) do posto que se deseja preencher as falhas. A reta que melhor se ajusta à nuvem de
pontos pode ser traçada a “sentimento”, procurando passá-la pelo ponto definido pela média da
série do posto auxiliar e pela média da série do posto faltante.
EXERCÍCIO
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*NO CÁLCULO DAS ESTATÍSTICAS NÃO SE UTILIZA OS DADOS DE 1998, PARA QUE
TODOS OS POSTOS TENHAM O MESMO TAMANHO DE SÉRIE.
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horizontais (ou verticais), pode ser evidência da utilização de postos com diferentes regimes
pluviométricos.
Caso (d) - Distribuição errática dos pontos. Geralmente é resultado da comparação de postos
com diferentes regimes pluviométricos, sendo incorreta toda associação que se deseje fazer
entre os dados dos postos plotados.
Para se determinar à curva de dupla massa deve-se escolher vários postos na região, próximos
àquele que vai ser ajustado, e construir um gráfico onde são plotados no eixo dos “x” a média
acumulada dos totais anuais de todos os postos escolhidos, e no eixo dos “y” os totais anuais
acumulados do posto que se deseja testar a consistência.
Caso a reta assim obtida mudar sua declividade, isto significa que naquele ano ocorreu alguma
modificação, criando uma inconsistência na série histórica, devendo portanto os dados serem
corrigidos para a condição desejada da seguinte forma:
Ma Po
Pa (Eq. 8)
Mo
Pa = são as observações ajustadas à condição desejada
Po = dados observados a serem corrigidos
Ma = coeficiente angular da reta (declividade) da tendência desejada
Mo = coeficiente angular da reta (declividade) da tendência a corrigir.
Embora possa acontecer que o número de anos em que o posto foi operado nas condições
iniciais seja maior do que nas atuais, é mais interessante corrigir os dados referindo-se aos atuais.
A escolha da alternativa de correção depende das causas que provocaram a mudança de
declividade. Os dados deverão ser acumulados a partir do período para o qual se deseja
manter a tendência da reta.
Deve-se salientar que o método de dupla massa não deve ser usado com valores diários de
precipitação.
EXERCÍCIO
1) A tabela abaixo fornece as precipitações anuais (mm) de cinco postos vizinhos, situados em
uma área homogênea do ponto de vista climático. Verifique a homogeneidade da série do posto
“D” através do método da Dupla Massa. Caso o referido posto não seja homogêneo, retire a
inconsistência corrigindo-o para as condições atuais. (NESTE CASO AS SÉRIES DEVEM SER
ORDENADAS DE FORMA DECRESCENTE, isto é, iniciando pelo ano mais recente das séries)
X Y
AN0 “A” “B” “C” “D” “E” MÉDIA MÉDIA POSTO “D”
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) ACUMULADA ACUMULADO
1983 1261 1216 991 1283 1201
1982 1056 1266 1044 1190 1264
1981 989 1099 1286 1287 1170
1980 1120 945 1121 963 1165
1979 1003 899 796 1088 829
1978 1223 781 1056 967 1140
1977 1059 918 824 1188 1153
1976 751 832 683 771 1012
1975 814 1215 981 1175 1222
1974 1082 1584 930 1483 1410
1973 917 933 923 604 801
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Capítulo 3
Precipitação
X Y
AN0 “A” “B” “C” “D” “E” MÉDIA MÉDIA POSTO “D”
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) ACUMULADA ACUMULADO
1972 704 825 1014 751 1051
1971 981 1027 1067 851 1067
1970 782 1041 784 713 1006
1969 928 779 949 834 1009
RESOLUÇÃO
X Y
“A” “B” “C” “D” “E” MÉDIA MÉDIA POSTO “D”
AN0 (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) ACUMULADA ACUMULADO
1983 1261 1216 991 1283 1201 1190,4 1190,4 1283
1982 1056 1266 1044 1190 1264 1164 2354,4 2473
1981 989 1099 1286 1287 1170 1166,2 3520,6 3760
1980 1120 945 1121 963 1165 1062,8 4583,4 4723
1979 1003 899 796 1088 829 923 5506,4 5811
1978 1223 781 1056 967 1140 1033,4 6539,8 6778
1977 1059 918 824 1188 1153 1028,4 7568,2 7966
1976 751 832 683 771 1012 809,8 8378 8737
1975 814 1215 981 1175 1222 1081,4 9459,4 9912
1974 1082 1584 930 1483 1410 1297,8 10757,2 11395
1973 917 933 923 604 801 835,6 11592,8 11999
1972 704 825 1014 751 1051 869 12461,8 12750
1971 981 1027 1067 851 1067 998,6 13460,4 13601
1970 782 1041 784 713 1006 865,2 14325,6 14314
1969 928 779 949 834 1009 899,8 15225,4 15148
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Precipitação
16000
Posto "D" acumulado (mm)
14000
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000
Média acumulada (mm)
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000
Média acumulada (mm)
42
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Precipitação
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000
Média acumulada (mm)
Ma Po
Pa
Utilizando a equação Mo (Eq. 8) calcula-se os valores corrigidos das chuvas de 1969 à
1973
Pa = são as observações ajustadas à condição desejada
Po = dados observados a serem corrigidos
Ma = coeficiente angular da reta (declividade) da tendência desejada
Mo = coeficiente angular da reta (declividade) da tendência a corrigir.
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Capítulo 3
Precipitação
16000
14000
y = 1,0363x + 67,078
2
R = 0,9998
12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000
então, com amostragens reduzidas, como os dois aparelhos da figura abaixo, cuja informação
deve ser aproveitada ao máximo, ponderando seus valores (fig. c) (Sanchez,1986).
Várias formas de ponderação têm sido propostas, originando alguns métodos à seguir descritos.
Método da média aritmética
Método dos polígonos de Thiessen
Método das isoietas
(Eq. 9)
_
P = precipitação média da bacia (mm)
Pi = precipitação de cada posto “i” (mm)
n = número total de postos pluviométricos existentes na bacia
45
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Capítulo 3
Precipitação
Inicialmente os pontos de localização dos aparelhos adjacentes são ligados por retas,
constituindo-se uma rede de triângulos (fig.a). A seguir traçam-se as perpendiculares nos pontos
médios dos lados dos triângulos (fig.b), obtendo-se assim os lados dos polígonos que delimitam a
área de influência de cada aparelho, dentro da qual se considera a chuva como uniforme e igual a
medida no respectivo aparelho. A precipitação média na bacia será:
n
Pi Ai
P i 1
n
Ai
i 1 (Eq. 10)
_
P = precipitação média da bacia (mm)
Pi = precipitação de cada posto “i” (mm)
Ai = área de influência do aparelho medidor “i”
A área de influência do aparelho medidor “i” é normalmente medida com um planímetro ou através
de geometria plana.Este método da bons resultados em terrenos levemente acidentados, quando
a localização e exposição dos aparelhos são semelhantes e as distâncias entre eles não são
muito grandes. Facilita o cálculo automatizado, já que uma vez estabelecida a rede, os valores de
Ai permanecem constantes, mudando apenas as precipitações Pi (para cada dia, mês, ano, etc).
EXERCÍCIOS
1) Para a bacia hidrográfica esquematizada abaixo determinar:
a) os polígonos de Thiessen.
b) a precipitação média na bacia através do método da média aritmética
c) a precipitação média na bacia hidrográfica através do método dos polígonos de Thiessen
(sabendo que a área de cada polígono de Thiessen já foi determinada através de planimetria e se
encontra na tabela abaixo)
d) o volume (m³) de chuva que representa a diferença entre a estimativa da precipitação média
através dos dois métodos
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Precipitação
Depois de plotar o valor da precipitação lida em cada posto (fig a), se unem estes pontos com
linhas retas nas quais se interpolam linearmente os valores de chuva para os quais se quer traçar
as isoietas (fig.b). Com esses pontos se procede o traçado das isoietas (fig.c), como se fossem
curvas de nível. Como norma geral, as isoietas devem acompanhar as curvas de nível do terreno,
nunca cortando-as perpendicularmente.
Pi Ai
P i 1
n (Eq. 11)
Ai
i 1
_
P = precipitação média da bacia (mm)
Pi = média das precipitações das duas isoietas que delimitam a área Ai.(mm)
Ai = área delimitada por duas isoietas
Tr= “X”anos
Para o cálculo da precipitação média, determina-se a área Ai delimitada por duas isoietas, e
usa-se essa área como elemento de ponderação.
A escolha dos intervalos usados entre isoietas será função do objetivo do estudo e do tamanho
das cartas topográficas disponíveis. Quanto maior a diferença entre os valores extremos de chuva
da região e quanto menor a escala da carta, maiores deverão ser os intervalos entre isoietas. Se
tomarmos intervalos muito pequenos poderemos ter tantos detalhes que tornaremos a carta de
isoietas confusa.
(intensidade)
alta intensidade
baixa intensidade
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Capítulo 3
Precipitação
Os dados necessários para a determinação destas curvas, isto é, as chuvas máximas para cada
duração, são obtidos através dos registros dos pluviógrafos existentes na região em estudo. A
obtenção destes dados deve ser feita para um período suficientemente longo e representativo dos
eventos extremos da região. Depois de obtidas as séries de precipitações máximas para cada
duração é necessário uma análise estatística destas séries, para podermos determinar a
probabilidade de cada valor ser igualado ou superado (tempo de retorno). Na figura 13 é
apresentada as curvas I-D-F de Porto Alegre destacando apenas a duração de 30minutos.
Intensidade (mm/h)
89,4
70,8
63,0
Através do exemplo das curvas I-D-F de Porto Alegre, onde foi explicitado apenas a duração de
30 minutos, fica claro que, para uma mesma duração, quanto mais intenso um evento chuvoso
maior será o seu tempo de retorno (evento mais raro).
II) DESAGREGAÇÃO: deve ser utilizado quando na região em estudo só houver pluviômetro
(chuva diária), e for possível obter uma série longa de observações e os coeficientes de
desagregação para a região;
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Capítulo 3
Precipitação
III) REGIONALIZAÇÃO: deve ser utilizado quando na região em estudo não houver nem
pluviômetro e nem pluviógrafo, ou quando os dados disponíveis não tiverem boa qualidade ou
quantidade suficiente.
I) Método direto
Consiste na obtenção de séries de chuvas máximas anuais com base nos dados do pluviógrafo.
Nos pluviogramas devem ser obtidas, para cada ano da série, as chuvas mais intensas com
durações de, por exemplo: 5, 10, 15, 20, 30, 40 minutos, 1, 2, 4, 6, 12, 24, 48, 72 horas. As
durações desejadas vão depender da finalidade do estudo e da precisão do pluviógrafo. De posse
destas séries (uma série para cada duração) é necessário fazer-se uma análise estatística para
determinar o tempo de retorno de cada valor. Esta análise estatística será abordada no
capítulo 4 assim como um exemplo de aplicação do método direto,
Chuva com duração de 1 dia ou diária é a chuva lida entre os horários de observação do
pluviômetro;
Chuva com duração de 24 horas é o maior valor de chuva relativa a um período contínuo de 24
horas.
Os coeficientes de desagregação nada mais são que relações entre alturas (e/ou intensidades)
de chuva de diferentes durações. Estas relações baseiam-se em uma característica observada
nas curvas I-D-F de postos localizados em diversas partes do mundo que é a de se manterem
paralelas entre si, como pode ser observado na fig. 12.
Os coeficientes de desagregação são obtidos segundo a expressão:
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Capítulo 3
Precipitação
Coeficientes de desagregação
1hora/24horas 0,42
6horas/24horas 0,72
10horas/24horas 0,82
12horas/24horas 0,85
24horas/1dia *1,14* 1,13
*Valor para a cidade de São Paulo*
Os coeficientes médios para o Brasil só devem ser adotados quando, na região em estudo, não
existirem curvas A-D-F já definidas. É conveniente calcular os coeficientes de desagregação
utilizando os dados das curvas A-D-F existentes em regiões próximas à região em estudo, desde
que as mesmas possuam características pluviométricas semelhantes. A publicação da
CETESB (1979), intitulada “Drenagem Urbana: manual de projeto”, apresenta as curvas A-D-F e I-
D-F de 98 postos brasileiros. Destes 98 postos, 14 se encontram no estado do Rio Grande do Sul.
Tab. 3 - Postos do Rio Grande do Sul que possuem curvas A-D-F e I-D-F (CETESB,1979)
POSTOS Latitude Longitude
Alegrete 29 46’ 55 47’
Bagé 31 20’ 54 05’
Caxias do Sul 29 10’ 51 12’
Cruz Alta 28 38’ 53 37’
Encruzilhada 30 33’ 52 31’
Iraí 27 11’ 53 17’
Passo Fundo 28 16’ 52 25’
Porto Alegre 30 02’ 51 13’
Rio Grande 32 02’ 52 06’
Santa Maria 29 41’ 53 49’
Sta.Vitória do Palmar 33 31’ 53 22’
São Luiz Gonzaga 28 24’ 54 58’
Uruguaiana 29 45’ 57 05’
Viamão 30 05’ 50 47’
Como foi citado anteriormente, existe diferença entre chuva diária (dado coletado no pluviômetro)
e chuva de 24 horas. Segundo a CETESB (1979) pode-se estimar a altura pluviométrica máxima
de 24 horas através da média das chuvas máximas de 1 e 2 dias.
Isto posto, o método da desagregação consiste na obtenção de uma série de alturas
pluviométricas máximas de duração diária para a região em estudo. De posse desta série é
necessário fazer-se uma análise estatística para determinar o tempo de retorno de cada valor, e
utilizar os coeficientes de desagregação da região para estimar as chuvas máximas para as
durações desjadas. Um exemplo do método da desagregação, com a obtenção dos
coeficientes de desagregação e a análise estatística, será efetuado no capítulo 4.
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Capítulo 3
Precipitação
fazendo uso intensivo de toda a informação disponível. Esta metodologia foi aplicada ao Rio
Grande do Sul (IPH/UFRGS, 1991), gerando resultados que permitem a estimativa de alturas e/ou
intensidades de chuvas máximas para durações de até 24h e tempos de retorno de até 100 anos.
Um exemplo da aplicação do método da regionalização para o Rio Grande do Sul será
efetuado no capítulo 4.
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