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ERODIBILIDADE DO SOLO
Definida como a vulnerabilidade ou susceptibilidade do
solo à erosão (é, pois, a recíproca da resistência do solo à
erosão) e, para dadas condições de chuva, um solo pode
ser comparado com outro e, assim, uma escala numérica
de valores relativos de erodibilidade pode ser criada.
DIVISÃO DA ERODIBILIDADE DO SOLO
FATORES
1. CHUVA
É o fator simples mais importante, pois é o principal
agente causador da erosão hídrica do solo. No entanto,
para que se possa entender melhor o efeito da chuva
sobre a erosão, é conveniente separá-la nas suas
principais características, quais sejam: tamanho, forma
e velocidade terminal de queda das gotas da chuva,
duração, quantidade, intensidade, frequência de
ocorrência, energia cinética total e distribuição sazonal
da chuva.
a) Tamanho, forma e velocidade terminal de queda
das gotas de chuva
As gotas da chuva:
gotículas muito diminutas (simplesmente maiores do que a cerração) até
gotas com diâmetro médio aproximado de 5,0 a 6,0 mm.
A maior parte das gotas da chuva, entretanto, ocorre com diâmetro entre
1,0 a 4,0 mm.
Em cada instante de uma chuva, ocorre uma grande variedade no tamanho
de gotas.
Correlação entre intensidade e tamanho médio das gotas da chuva:
Exponencial crescente.
O tamanho de gotas varia de 1,0 mm para a intensidade de chuva de 1,3
mm h-1, até levemente maior do que 3,0 mm para a intensidade de chuva de
102,0 mm h-1.
Um aumento de três vezes no tamanho médio das gotas, corresponde a
um aumento de oitenta vezes na intensidade da chuva.
Diâmetro médio de gotas e intensidade de chuva
160
Intensidade, mm h-1
140
120
100
80
60
40
20
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
Diâmetro da gota, mm
Forma das gotas de chuva
Gotas de chuva muito pequenas:
são aproximadamente esféricas.
A grande curvatura de superfície das gotas pequenas causa
elevada tensão superficial, o que mantém a forma esférica das
gotas durante o processo de queda das mesmas da atmosfera
para a terra.
Gotas maiores são distintamente achatadas, oblongas, com
uma superfície muito chata no seu lado inferior. A menor
curvatura de superfície das gotas maiores cria uma quantidade de
tensão superficial muito pequena. Assim, tais gotas rompem-se
no seu processo de queda da atmosfera para a terra, devido à
resistência do ar, razão pela qual raramente existem gotas de
chuva com diâmetro maior do que 6,0 mm.
Fonte: Hillel, 1995
Velocidade terminal de queda das
gotas de chuva
Em função do diâmetro médio e forma das gotas,
influenciada pela gravidade, resistência do ar e vento. A
gravidade atua uniformemente sobre as gotas de todos os
tamanhos, porém a resistência do ar será tanto maior por
unidade de massa quanto menor for o diâmetro médio das
gotas, desde que na ausência de vento (ar parado).
Diâmetro de gotas e velocidade de queda das gotas de
chuva (últimos 20 m acima da superfície da terra, em
queda livre, na ausência de vento)
Diâmetro gota (mm) Velocidade de queda (m s-1)
1,25 4,85
1,50 5,51
2,00 6,58
3,00 8,06
4,00 8,86
5,00 9,25
6,00 9,30
Diâmetro gota x velocidade de queda
10
9
Velocidade, m s-1
4
0 2 4 6 8
Diâmetro da gota, mm
Duração, quantidade e intensidade da
chuva
São características importantíssimas, embora decorrentes das
características físicas primárias, fundamentais, da chuva, recém vistas
(tamanho, forma e velocidade terminal de queda das gotas), pois são as
usualmente medidas em estações meteorológicas e as mais utilizadas em
estudos de erosão hídrica do solo.
Duração da chuva
A duração refere-se ao tempo de permanência da chuva, usualmente
expressa em minutos (min). Em estudos de erosão hídrica, uma chuva
“individual” é aquela separada de outra por um período de, no mínimo, 6,0
horas “sem chuva”. Para o mesmo propósito, “sem chuva” significa uma
quantidade de chuva menor do que 1,30 mm. A duração da chuva pode ser
muito variada, dependendo das condições atmosféricas reinantes por ocasião
de uma dada precipitação pluviométrica. Para uma mesma intensidade, as
chuvas de maior duração causarão maior erosão, devido a maior quantidade
total de chuva e, consequentemente, de enxurrada.
Quantidade de chuva
Refere-se ao total precipitado durante o tempo de duração da mesma.
Expressa em altura de lâmina de água que se acumularia sobre uma
superfície plana e impermeável, em unidades de milímetro (mm.) ou centímetro
(cm).
A quantidade total de chuva influência a erosão porque todos os solos
apresentam uma capacidade limite de absorção de água.
Chuvas de pequena quantidade raramente formam enxurrada, ao passo
que chuvas de grande quantidade saturam o solo e formam grandes
enxurradas.
Relação direta entre quantidade total de chuva e duração, a primeira
aumentando, em taxas decrescentes, com o aumento da segunda (relação
potencial).
Embora com menor efeito do que a intensidade (velocidade de queda das
gotas, v) sobre a energia cinética total da chuva, a quantidade total, m, também
é importante, pois a energia cinética total da chuva, Ec, disponível para realizar
o trabalho erosivo, varia diretamente com a mesma, uma vez que Ec = mv2/2.
Intensidade da chuva
É a quantidade de chuva que cai em um determinado período
de tempo.
I = V/T
Onde:
I = intensidade da chuva (mm.h-1);
V = volume (mm);
T = tempo (h).
30 60 30 6,0 54 46
15 120 30 15,3 64 36
Frequência da chuva
Refere-se ao intervalo de tempo entre duas chuvas
consecutivas.
Se os intervalos entre chuvas são curtos, o teor de água no
solo é alto e os riscos de erosão aumentam em relação a
intervalos de tempo longos, durante os quais a umidade no solo é
baixa.
Se o intervalo de tempo entre uma chuva e outra é curto,
chuvas mesmo de baixa intensidade poderão causar séria
erosão, devido ao maior teor de água no solo, mais do que
chuvas de maior intensidade porém com intervalo de tempo entre
as mesmas longo, quando a umidade no solo, então, é baixa.
Fundamentalmente, neste contexto estão envolvidas a umidade
do solo antecedente à chuva, a capacidade de infiltração de água
do solo e a enxurrada resultante do excesso de água da chuva.
Frequência de chuvas e erosão hidrica
pluvial do solo
PS ∝ L0,5.
3. TOPOGRAFIA
3.2 Inclinação do declive
Diz respeito ao grau ou percentagem do declive. Diferença de altura
entre dois pontos num terreno inclinado.
É importantíssimo fator de influência na erosão hídrica. Nas terras
planas, a perda de solo por erosão hídrica pode ser considerada nula ou
desprezível. Os danos que nelas poderão ocorrer são a degradação física
da superfície do solo pelo impacto das gotas da chuva ( causando
deterioração da estrutura em termos de formação de selamento e crosta)
e a deposição de sedimentos da erosão provindos das partes altas, mas
não a denudação do solo propriamente dita.
À medida em que a aumenta a inclinação do declive, aumenta muito a
perda de solo por erosão hídrica, essencialmente devido ao aumento na
velocidade da enxurrada, consequentemente na sua capacidade de
desagregar e transportar solo (lembrando, Ec = mv2/2).
Os solos arenosos que sofrem pouco da erosão sobre os declives
suaves, estão sujeitos a uma erosão intensa sobre os declives
acentuados.
DN
INCLINAÇÃO DO
DECLIVE
DH
DN
GRAU DE =
INCLINAÇÃO DH
Efeito do declive nas perdas de solo por erosão
em três segmentos de uma pendente
Grau do declive (%) Perda de solo (t ha-1)
4 2,8
8 6,3
12 12,6
PS ∝ S1,5.
3. TOPOGRAFIA
3.3 Forma do declive
Refere-se à uniformidade do terreno ao longo do declive. Os declives
podem ser uniformes, côncavos ou convexos, com o comportamento
da perda de solo por ação da enxurrada completamente distinto
sobre cada um deles, dado um mesmo comprimento de rampa. Num
declive uniforme, a declividade é constante desde o início até o fim
do mesmo. Assim, a perda de solo aumenta proporcionalmente, de
forma curvilinear, na direção de seu final, em taxas decrescentes,
como já visto.
1
1
2 1
2
3
2
3 3
4
4 4
1 3 1 26
2 9 6 25
3 19 27 16
4 34 82 5
Todo declive 16 29 18
3. TOPOGRAFIA
3.4 Micro - relevo
Também referido como microtopografia do terreno.
O relevo geral de uma área é denotado pelas diferentes formas,
inclinações e comprimentos das pendentes que o formam.
O microrrelevo diz respeito às irregularidades existentes na superfície do
terreno, em micro-escala, sendo a rugosidade superficial do solo induzida
pelos métodos de preparo a mais importante delas em termos de influência
sobre a erosão do solo.
A rugosidade superficial do solo constitui-se num importante obstáculo
físico ao livre escoamento da água de enxurrada, fazendo com que ela fique
retida nas microdepressões que a formam e infiltre mais ainda no solo. Além
disso, tais microdepressões na superfície do terreno constituem-se em
excelentes fontes de aprisionamento dos sedimentos erodidos, fazendo com
que os mesmos fiquem na lavoura.
O resultado destes fatos é uma redução significativa tanto na perda de
água, quanto de solo.
FATORES QUE INFLUENCIAM A EROSÃO
HÍDRICA PLUVIAL DO SOLO
4. COBERTURA E MANEJO DO SOLO
Na prática, os efeitos da cobertura do solo e do manejo do
solo e da cultura sobre a erosão hídrica normalmente encontram-
se associados, não podendo, assim, serem independentemente
avaliados. Isto porque o efeito combinado dos mesmos é
influenciado por inúmeras e significativas interrelações. Porém,
em termos conceituais, e com base na experimentação científica,
é possível, sob condições prefixadas, falar-se sobre os efeitos
isolados ora de um, ora de outro. Este, será o procedimento
adotado a seguir na abordagem destes dois importantes fatores,
de influência decisiva na erosão hídrica do solo.
4. COBERTURA E MANEJO DO SOLO
44
Lavoura de milho sob Plantio direto
45
Lavoura de soja sob Plantio direto
PERDA DE SOLO POR EROSÃO X COBERTURA VEGETAL MORTA
100
Redução relativa da perda de solo, %
80
60
40
20
0
0 20 30 40 60 80 100
Tipo de preparo
Preparos do solo que incorporam toda a resteva
(convencional), deixam o solo desprotegido.
Preparos que semi-incorporam (mínimo) ou deixam a
resteva na superfície (plantio direto) protegem melhor o solo,
consequentemente diminuem a erosão.
Quanto maior a intensidade de preparo > a erosão.
48
49
50
FATOR USO E MANEJO DO SOLO
X
Plantio direto - Prevenção
Água
Canal
63