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EROSÃO DO SOLO: Fatores que influenciam a

erosão hídrica pela água da chuva


Tópicos da Aula
• Enunciado qualitativo dos princípios envolvidos;
• Fator chuva:
a) tamanho, forma e velocidade terminal de queda das gotas;
b) duração, quantidade e intensidade da chuva, frequencia da
chuva e energia cinética total da chuva
• Fator Solo:
a) Características/propriedades do solo que afetam a
desagregação;
b) Características/propriedades do solo que afetam o
transporte;
c) Características/propriedades do solo que afetam a
capacidade de infiltração de água
• Fator topográfico: comprimento e inclinação do declive;
• Fator cobertura e manejo do solo;
• Fator práticas conservacionistas de suporte.
Erosão hídrica do solo:
Enunciado qualitativo dos princípios
envolvidos
RAZÃO FUNDAMENTAL DE EROSÃO
HÍDRICA DO SOLO

“Chuva (agente ativo) age


sobre o solo (agente passivo)”
Estudo da erosão: diferentes
tipos de chuva e diferentes
condições de solo.
Erosão = f(Erosividade) (Erodibilidade)
EROSIVIDADE DA CHUVA
Definida como a habilidade potencial da chuva em causar
erosão e, para dadas condições de solo, uma chuva pode
ser comparada quantitativamente com outra e, assim,
uma escala numérica de valores relativos de erosividade
pode ser criada.

ERODIBILIDADE DO SOLO
Definida como a vulnerabilidade ou susceptibilidade do
solo à erosão (é, pois, a recíproca da resistência do solo à
erosão) e, para dadas condições de chuva, um solo pode
ser comparado com outro e, assim, uma escala numérica
de valores relativos de erodibilidade pode ser criada.
DIVISÃO DA ERODIBILIDADE DO SOLO

FATORES

Solo Manejo do solo Topografia

Textura, estrutura, O que plantar? Comprimento e


mineralogia da Como plantar? Inclinação do
argila, declive
propriedades
físicas e químicas Influenciam sobre o
Influencia somente sobre
impacto da gota de
a enxurrada ou
chuva e enxurrada
escoamento superficial
FATORES QUE INFLUENCIAM A EROSÃO
HÍDRICA PLUVIAL DO SOLO

1. CHUVA
É o fator simples mais importante, pois é o principal
agente causador da erosão hídrica do solo. No entanto,
para que se possa entender melhor o efeito da chuva
sobre a erosão, é conveniente separá-la nas suas
principais características, quais sejam: tamanho, forma
e velocidade terminal de queda das gotas da chuva,
duração, quantidade, intensidade, frequência de
ocorrência, energia cinética total e distribuição sazonal
da chuva.
a) Tamanho, forma e velocidade terminal de queda
das gotas de chuva

As gotas da chuva:
gotículas muito diminutas (simplesmente maiores do que a cerração) até
gotas com diâmetro médio aproximado de 5,0 a 6,0 mm.
A maior parte das gotas da chuva, entretanto, ocorre com diâmetro entre
1,0 a 4,0 mm.
Em cada instante de uma chuva, ocorre uma grande variedade no tamanho
de gotas.
Correlação entre intensidade e tamanho médio das gotas da chuva:
Exponencial crescente.
O tamanho de gotas varia de 1,0 mm para a intensidade de chuva de 1,3
mm h-1, até levemente maior do que 3,0 mm para a intensidade de chuva de
102,0 mm h-1.
Um aumento de três vezes no tamanho médio das gotas, corresponde a
um aumento de oitenta vezes na intensidade da chuva.
Diâmetro médio de gotas e intensidade de chuva

Diâmetro gota (mm) Intensidade da chuva (mm h-1)

0,75 – 1,00 0,255


1,00 – 1,25 1,27
1,25 – 1,50 2,54
1,50 – 2,00 12,7
2,00 – 2,25 25,4
2,25 – 2,50 50,8
2,50 – 3,00 101,6
3,00 – 3,25 152,4
Diâmetro da gota x Intensidade
180

160
Intensidade, mm h-1

140

120

100

80

60

40

20

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5

Diâmetro da gota, mm
Forma das gotas de chuva
Gotas de chuva muito pequenas:
são aproximadamente esféricas.
A grande curvatura de superfície das gotas pequenas causa
elevada tensão superficial, o que mantém a forma esférica das
gotas durante o processo de queda das mesmas da atmosfera
para a terra.
Gotas maiores são distintamente achatadas, oblongas, com
uma superfície muito chata no seu lado inferior. A menor
curvatura de superfície das gotas maiores cria uma quantidade de
tensão superficial muito pequena. Assim, tais gotas rompem-se
no seu processo de queda da atmosfera para a terra, devido à
resistência do ar, razão pela qual raramente existem gotas de
chuva com diâmetro maior do que 6,0 mm.
Fonte: Hillel, 1995
Velocidade terminal de queda das
gotas de chuva
Em função do diâmetro médio e forma das gotas,
influenciada pela gravidade, resistência do ar e vento. A
gravidade atua uniformemente sobre as gotas de todos os
tamanhos, porém a resistência do ar será tanto maior por
unidade de massa quanto menor for o diâmetro médio das
gotas, desde que na ausência de vento (ar parado).
Diâmetro de gotas e velocidade de queda das gotas de
chuva (últimos 20 m acima da superfície da terra, em
queda livre, na ausência de vento)
Diâmetro gota (mm) Velocidade de queda (m s-1)

1,25 4,85
1,50 5,51
2,00 6,58
3,00 8,06
4,00 8,86
5,00 9,25
6,00 9,30
Diâmetro gota x velocidade de queda

10

9
Velocidade, m s-1

4
0 2 4 6 8
Diâmetro da gota, mm
Duração, quantidade e intensidade da
chuva
São características importantíssimas, embora decorrentes das
características físicas primárias, fundamentais, da chuva, recém vistas
(tamanho, forma e velocidade terminal de queda das gotas), pois são as
usualmente medidas em estações meteorológicas e as mais utilizadas em
estudos de erosão hídrica do solo.

Duração da chuva
A duração refere-se ao tempo de permanência da chuva, usualmente
expressa em minutos (min). Em estudos de erosão hídrica, uma chuva
“individual” é aquela separada de outra por um período de, no mínimo, 6,0
horas “sem chuva”. Para o mesmo propósito, “sem chuva” significa uma
quantidade de chuva menor do que 1,30 mm. A duração da chuva pode ser
muito variada, dependendo das condições atmosféricas reinantes por ocasião
de uma dada precipitação pluviométrica. Para uma mesma intensidade, as
chuvas de maior duração causarão maior erosão, devido a maior quantidade
total de chuva e, consequentemente, de enxurrada.
Quantidade de chuva
Refere-se ao total precipitado durante o tempo de duração da mesma.
Expressa em altura de lâmina de água que se acumularia sobre uma
superfície plana e impermeável, em unidades de milímetro (mm.) ou centímetro
(cm).
A quantidade total de chuva influência a erosão porque todos os solos
apresentam uma capacidade limite de absorção de água.
Chuvas de pequena quantidade raramente formam enxurrada, ao passo
que chuvas de grande quantidade saturam o solo e formam grandes
enxurradas.
Relação direta entre quantidade total de chuva e duração, a primeira
aumentando, em taxas decrescentes, com o aumento da segunda (relação
potencial).
Embora com menor efeito do que a intensidade (velocidade de queda das
gotas, v) sobre a energia cinética total da chuva, a quantidade total, m, também
é importante, pois a energia cinética total da chuva, Ec, disponível para realizar
o trabalho erosivo, varia diretamente com a mesma, uma vez que Ec = mv2/2.
Intensidade da chuva
É a quantidade de chuva que cai em um determinado período
de tempo.

I = V/T
Onde:
I = intensidade da chuva (mm.h-1);
V = volume (mm);
T = tempo (h).

Quanto maior for I, maior a energia cinética, maior


desagregação e maior erosão.
PS ∝ i2
Duração, intensidade e quantidade de chuva x
perdas de solo e água por erosão hídrica

Duração Intensidade Total de água Perda de Perda de Infiltração


da chuva da chuva precipitada solo água de água
(min) (mm.h-1) (mm) (t.ha-1)
(% da chuva)

30 60 30 6,0 54 46
15 120 30 15,3 64 36
Frequência da chuva
Refere-se ao intervalo de tempo entre duas chuvas
consecutivas.
Se os intervalos entre chuvas são curtos, o teor de água no
solo é alto e os riscos de erosão aumentam em relação a
intervalos de tempo longos, durante os quais a umidade no solo é
baixa.
Se o intervalo de tempo entre uma chuva e outra é curto,
chuvas mesmo de baixa intensidade poderão causar séria
erosão, devido ao maior teor de água no solo, mais do que
chuvas de maior intensidade porém com intervalo de tempo entre
as mesmas longo, quando a umidade no solo, então, é baixa.
Fundamentalmente, neste contexto estão envolvidas a umidade
do solo antecedente à chuva, a capacidade de infiltração de água
do solo e a enxurrada resultante do excesso de água da chuva.
Frequência de chuvas e erosão hidrica
pluvial do solo

Data da Data da Intensidade Quantidade Perda de Perda de


chuva chuva que da chuva de chuva solo água
anterior causou (mm.h-1) (mm) (t ha-1) (mm)
erosão
03/08 20/08 36 6,0 0 0,1

20/10 22/10 20 15,3 0,5 2,4


Energia cinética total da chuva
-É a característica simples de chuva mais
importante no estudo da erosão do solo, uma vez
que ela é a prima causa de desagregação do solo.

- Como visto anteriormente, a energia cinética Ec


de uma massa m com velocidade v pode ser
calculada pela fórmula Ec = mv2/2. Assim, quanto
maior a quantidade e intensidade da chuva, maior
será a energia cinética total da mesma.
Energia cinética total da chuva
A energia cinética total da chuva, por si só, afeta muito a
erosão do solo, porém uma correlação mais estreita é obtida
quando a mesma é multiplicada pela sua intensidade máxima em
30 minutos (I30), ou seja, pelo valor da intensidade calculada com
base na máxima quantidade de água observada num período
consecutivo, qualquer, de 30 minutos, dentro da chuva (tal
produto é, pois, Ec x I30).
Na realidade, este produto é o “índice de erosividade da chuva
EI30”, muito utilizado em várias partes do mundo.
Quanto maior o valor de EI30 de uma dada chuva, maior a
erosividade da mesma, ou seja, maior será a habilidade potencial
da chuva em causar erosão do solo.
A perda de solo, PS, varia linearmente com o índice EI30, ou
seja, PS ∝ EI30.
FATORES QUE INFLUENCIAM A EROSÃO
HÍDRICA PLUVIAL DO SOLO
2. SOLO
A quantidade final de erosão, irá depender de uma
combinação do poder da chuva em causar erosão e da habilidade
do solo em resistir à ação da chuva e enxurrada.
O solo é o agente passivo neste processo, visto que ele é
quem sofre a ação da chuva (impacto de suas gotas) e da
enxurrada associada (cisalhamento devido ao seu movimento). O
efeito do solo, está relacionado com suas características
intrínsecas (químicas, mineralógicas, físicas e biológicas), as
quais determinam se um solo é mais ou menos resistente à
erosão.
A maior ou menor susceptibilidade de um solo à erosão é
representada pelo índice de erodibilidade.
Desagregabilidade e transportabilidade do solo.
a) Características/propriedades do solo que
afetam a desagregação

Para proteger uma partícula de solo de sua separação da


massa que a contém, ela precisa estar unida às demais
partículas, de modo que o agente desagregador não possa
removê-la. O solo tem que estar agregado.
Assim, a agregação e a estabilidade dos agregados de solo
são de fundamental importância.
A fração argila é o principal agente cimentante das partículas
de solo, devido sua natureza físico-químico-mineralógica e
alta superfície específica, o que resulta em alta coesão das
mesmas no solo.
Efeito da textura nas perdas por erosão hídrica
TEXTURA PERDA DE SOLO PERDA DE ÁGUA
(t ha-1) (%)

ARENOSA 21,1 5,7

ARGILOSA 16,7 9,6

Contudo, o tipo de argila também é importante. As argilas expansivas e de alta


superfície específica (tipo 2:1, como as montmoriloníticas e argilas relacionadas),
são menos eficientes na agregação das partículas de solo do que as argilas de
baixa superfície específica e não expansivas (tipo 1:1), como a caulinita. Além
disso, outros minerais do solo, como os óxidos de ferro, também contribuem
muito para a alta estabilidade dos agregados nos solos cauliníticos, nos quais
eles normalmente estão presentes em quantidades apreciáveis.
a) Características/propriedades do solo que
afetam a desagregação
O tipo de cátion dominante no complexo sortivo do solo também é
importante na agregação das partículas de solo, consequentemente na sua
estabilidade e resistência à ação desagregadora dos agentes erosivos. Argilas
largamente saturadas com cálcio e magnésio encontram-se geralmente
floculadas e, por isto, são de maior valor na estabilização dos agregados de
solo do que as argilas dominantemente saturadas com sódio e,
consequentemente, dispersas.
A matéria orgânica, sem dúvida, também influencia muito a
desagregabilidade de um solo, pois quanto maior seu teor no mesmo, maior a
estabilidade dos agregados e, portanto, menor sua desagregabilidade. A
combinação da matéria orgânica com a argila e os óxidos de ferro confere uma
alta estabilidade aos agregados de solo, tornando-os bastante resistente à
erosão.
A umidade do solo também afeta sua desagregabilidade. Solos com teor
de água intermediário desagregam menos do que solos secos ou molhados.
b) Características/propriedades do solo que
afetam o transporte

A velocidade de sedimentação de uma partícula sólida em um líquido é


proporcional ao quadrado do seu diâmetro. Sua transportabilidade
aumenta, pois, à medida em que sua velocidade de sedimentação
diminui. Consequentemente, o tamanho das partículas de solo
desagregadas, sejam elas partículas individualizadas de areia, silte ou
argila, sejam elas agregados destas partículas, é fundamental na
determinação da transportabilidade do solo. É óbvio, por isto, que as
partículas menores desagregadas são mais facilmente transportadas.
Partículas de areia ou agregados de solo do tamanho da areia, ou
maiores, são transportados somente por rápidos e relativamente
espessos fluxos de água ou pela água que está sendo constantemente
agitada pelo salpicamento das gotas da chuva. Partículas de argila
dispersas permanecem indefinidamente em suspensão, sendo as mais
facilmente transportadas pela enxurrada.
A densidade de partículas também afeta a transportabilidade do solo
desagregado. A densidade de partículas da maior parte dos solos
minerais está em torno de 2,65 kg dm-3, enquanto a densidade da matéria
orgânica é bem menor (0,5 a 0,9 kg dm-3). Por isto, a matéria orgânica
flutua mais facilmente do que os grânulos minerais.

“Via de regra, os solos arenosos são mais facilmente desagregados


pela ação da chuva do que os solos argilosos, devido à baixa coesão nos
mesmos, porém eles são mais dificilmente transportados do que os solos
argilosos, devido o menor tamanho e massa das partículas sólidas destes
últimos”.
c) Características/propriedades do solo que
afetam a capacidade de infiltração de água

Fatores que podem afetar a infiltração:


fatores biológicos;
porosidade (macroporosidade do solo);
cobertura vegetal;
umidade do solo;
intensidade da chuva;
temperatura;
declividade do terreno.
FATORES QUE INFLUENCIAM A EROSÃO
HÍDRICA PLUVIAL DO SOLO
3. TOPOGRAFIA
A topografia ou relevo é um fator de notável importância na
determinação da quantidade final de erosão hídrica numa dada área. No
entanto, ela exerce influência, única e exclusivamente, sobre a enxurrada,
não possuindo qualquer efeito sobre o impacto das gotas da chuva.
Da mesma forma como normalmente é feito para os fatores chuva e solo,
em que se avalia o efeito dos mesmos sobre a erosão subdividindo-os em
componentes ou subfatores, um melhor entendimento da influência da
topografia sobre a erosão hídrica do solo é obtido decompondo-a nos
seus principais elementos, quais sejam: comprimento do declive,
inclinação do declive, forma do declive e microrrelevo ou
microtopografia.
3. TOPOGRAFIA
3.1 Comprimento do declive
-Comprimento de rampa ou da pendente.
-Medido desde onde começa o fluxo de água por terra até o ponto no terreno
onde a água flui para dentro de um canal definido (que pode ser uma vala
qualquer ou um terraço agrícola) ou onde o declive se abranda de modo que a
deposição de sedimentos ocorra.
-Ele é importante fator de influência na erosão hídrica, aumentando a mesma à
medida que aumenta o seu valor.
-Durante o escoamento superficial, a água acumula à medida em que ela flui na
direção do declive. Consequentemente, um maior volume e uma maior taxa de
escoamento superficial ocorrerão na porção inferior do declive, aumentando a
erosão do solo.
-Essencialmente, o que ocorre é um aumento na energia cinética da enxurrada,
consequentemente na sua capacidade de desagregar e transportar solo, Ec =
mv2/2.
-À medida em que a água flui na direção do declive, ela o faz em maior quantidade
(m) e velocidade (v), resultando em maior energia erosiva da mesma. E, quando a
água desce num terreno inclinado, perde-se mais solo na porção inferior do
declive do que na sua porção superior, simplesmente devido ao acúmulo de água.
COMPRIMENTO DO
DECLIVE
Comprimento do declive e perdas de solo em
três segmentos de uma pendente com
declividade uniforme
Comprimento do Perda de solo (t ha-1)
declive (m)
25 14
50 20
100 33
Comprimento do declive e perdas de solo em
três segmentos de uma pendente com
declividade uniforme
Comprimento do Perda de solo (t ha-1)
declive (m)
0-23 0,9
23-46 1,7
46-69 2,1
69-92 2,5

PS ∝ L0,5.
3. TOPOGRAFIA
3.2 Inclinação do declive
Diz respeito ao grau ou percentagem do declive. Diferença de altura
entre dois pontos num terreno inclinado.
É importantíssimo fator de influência na erosão hídrica. Nas terras
planas, a perda de solo por erosão hídrica pode ser considerada nula ou
desprezível. Os danos que nelas poderão ocorrer são a degradação física
da superfície do solo pelo impacto das gotas da chuva ( causando
deterioração da estrutura em termos de formação de selamento e crosta)
e a deposição de sedimentos da erosão provindos das partes altas, mas
não a denudação do solo propriamente dita.
À medida em que a aumenta a inclinação do declive, aumenta muito a
perda de solo por erosão hídrica, essencialmente devido ao aumento na
velocidade da enxurrada, consequentemente na sua capacidade de
desagregar e transportar solo (lembrando, Ec = mv2/2).
Os solos arenosos que sofrem pouco da erosão sobre os declives
suaves, estão sujeitos a uma erosão intensa sobre os declives
acentuados.
DN
INCLINAÇÃO DO
DECLIVE

DH
DN
GRAU DE =
INCLINAÇÃO DH
Efeito do declive nas perdas de solo por erosão
em três segmentos de uma pendente
Grau do declive (%) Perda de solo (t ha-1)
4 2,8
8 6,3
12 12,6

PS ∝ S1,5.
3. TOPOGRAFIA
3.3 Forma do declive
Refere-se à uniformidade do terreno ao longo do declive. Os declives
podem ser uniformes, côncavos ou convexos, com o comportamento
da perda de solo por ação da enxurrada completamente distinto
sobre cada um deles, dado um mesmo comprimento de rampa. Num
declive uniforme, a declividade é constante desde o início até o fim
do mesmo. Assim, a perda de solo aumenta proporcionalmente, de
forma curvilinear, na direção de seu final, em taxas decrescentes,
como já visto.
1
1
2 1
2
3
2
3 3
4
4 4

UNIFORME CONVEXO CÔNCAVO


Perdas de solo por erosão hídrica em quatro segmentos
de pendente, em três formas de declive
Segmento Perda de Solo (t ha-1)

UNIFORME CONVEXO CÔNCAVO

1 3 1 26

2 9 6 25

3 19 27 16

4 34 82 5

Todo declive 16 29 18
3. TOPOGRAFIA
3.4 Micro - relevo
Também referido como microtopografia do terreno.
O relevo geral de uma área é denotado pelas diferentes formas,
inclinações e comprimentos das pendentes que o formam.
O microrrelevo diz respeito às irregularidades existentes na superfície do
terreno, em micro-escala, sendo a rugosidade superficial do solo induzida
pelos métodos de preparo a mais importante delas em termos de influência
sobre a erosão do solo.
A rugosidade superficial do solo constitui-se num importante obstáculo
físico ao livre escoamento da água de enxurrada, fazendo com que ela fique
retida nas microdepressões que a formam e infiltre mais ainda no solo. Além
disso, tais microdepressões na superfície do terreno constituem-se em
excelentes fontes de aprisionamento dos sedimentos erodidos, fazendo com
que os mesmos fiquem na lavoura.
O resultado destes fatos é uma redução significativa tanto na perda de
água, quanto de solo.
FATORES QUE INFLUENCIAM A EROSÃO
HÍDRICA PLUVIAL DO SOLO
4. COBERTURA E MANEJO DO SOLO
Na prática, os efeitos da cobertura do solo e do manejo do
solo e da cultura sobre a erosão hídrica normalmente encontram-
se associados, não podendo, assim, serem independentemente
avaliados. Isto porque o efeito combinado dos mesmos é
influenciado por inúmeras e significativas interrelações. Porém,
em termos conceituais, e com base na experimentação científica,
é possível, sob condições prefixadas, falar-se sobre os efeitos
isolados ora de um, ora de outro. Este, será o procedimento
adotado a seguir na abordagem destes dois importantes fatores,
de influência decisiva na erosão hídrica do solo.
4. COBERTURA E MANEJO DO SOLO

A cobertura do solo é o fator que, isoladamente, melhor explica as


variações observadas nas perdas de solo por erosão hídrica sobre as
terras agrícolas, especialmente aquela formada pelos resíduos culturais
(resteva ou palha) das plantas. Independentemente de qualquer outro
fator, a cobertura do solo explica de 65% a 85% a variação observada nas
perdas de solo por erosão hídrica, com efeito considerável também nas
perdas de água na forma de enxurrada, embora estas últimas sejam
influenciadas mais por outros fatores.
Proteção do solo

44
Lavoura de milho sob Plantio direto
45
Lavoura de soja sob Plantio direto
PERDA DE SOLO POR EROSÃO X COBERTURA VEGETAL MORTA

100
Redução relativa da perda de solo, %

80

60

40

20

0
0 20 30 40 60 80 100

Cobertura do solo por resíduo cultural, %


FATOR USO E MANEJO DO SOLO

Tipo de preparo
Preparos do solo que incorporam toda a resteva
(convencional), deixam o solo desprotegido.
Preparos que semi-incorporam (mínimo) ou deixam a
resteva na superfície (plantio direto) protegem melhor o solo,
consequentemente diminuem a erosão.
Quanto maior a intensidade de preparo > a erosão.
48
49
50
FATOR USO E MANEJO DO SOLO

Manejo dos restos culturais


O manejo dado a resteva influenciará diretamente a
erosão. A resteva pode ser:
retirada da lavoura;
queimada;
enterrada;
semi-enterrada;
deixada em superfície.
Manejo dos resíduos culturais

X
Plantio direto - Prevenção

Manutenção dos restos culturais sobre o solo


Semeadura direta – solo sem preparo
Plantio direto em pequena propriedade rural
Resíduo cultural sobre a superfície as vezes
não é suficiente
FATORES QUE INFLUENCIAM A EROSÃO
HÍDRICA PLUVIAL DO SOLO
5. PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS DE
SUPORTE
Referem-se às práticas complementares de controle da erosão hídrica.
Elas referem-se àquelas práticas que dão suporte à, ou complementam a, ação
das práticas mais convencionais, como aquelas constituintes da associação
cobertura do solo-manejo do solo e da cultura.
Embora com ação única e exclusivamente sobre a enxurrada ou escoamento
superficial, as práticas conservacionistas de suporte não são menos importantes
do que as práticas de cobertura do solo-manejo do solo e da cultua, em se
tratando do controle integral da erosão hídrica do solo (redução da perda de solo
e da perda de água da lavoura).
As últimas podem ser até 20 ou mais vezes superiores às primeiras, em termos de
eficácia relativa de redução da perda de solo (comparadas à sua ausência),
simplesmente pelo fato de que elas agem simultaneamente sobre os dois agentes
ativos de erosão hídrica (impacto das gotas da chuva e enxurrada),
contrariamente às primeiras, que agem somente sobre a enxurrada.
5. PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS DE
SUPORTE
As mais comuns destas práticas são o preparo do solo e a semeadura ou
plantio em contorno, as culturas em faixas em contorno e os terraços agrícolas,
as quais, isoladamente, comparadas à sua ausência, reduzem a perda de solo
em torno de 50, 75 e 50% , respectivamente.
O preparo do solo e a semeadura ou plantio em contorno exercem seus
efeitos sobre a erosão hídrica obstaculizando e retendo a enxurrada e os
sedimentos da erosão na própria lavoura. Isto se deve à presença dos sulcos e
camalhões resultantes do preparo do solo em contorno, especialmente, mas
também da própria vegetação, também implantada em contorno. Assim, a
velocidade da enxurrada é reduzida, a infiltração de água no solo é
aumentada, o escoamento superficial é diminuído e, consequentemente, as
capacidades de desagregação e transporte de partículas de solo pela
enxurrada são reduzidas (essencialmente, é reduzida energia erosiva da
enxurrada). Somado a estes efeitos, está o aprisionamento dos sedimentos da
erosão nos sulcos em contorno. Resultam destes fatos menores perdas de
solo e água e menor produção de sedimentos do local original de erosão.
5. PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS DE
SUPORTE

As culturas em faixas em contorno (faixas de culturas abertas


alternadas com faixas de culturas densas) exercem seu efeito
sobre a erosão hídrica de forma mais ou menos semelhante a do
preparo do solo e semeadura ou plantio em contorno,
obstaculizando a enxurrada e filtrando os sedimentos da erosão
nas faixas de culturas densas.
Essencialmente, o que ocorre com esta prática, é a redução
da velocidade da enxurrada, aumento da infiltração de água no
solo, redução do volume da enxurrada e deposição dos
sedimentos na própria área de erosão. Assim, as perdas de solo
e água e a produção de sedimentos no local de origem da erosão
são bastante reduzidas.
5. PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS DE
SUPORTE

Quanto aos terraços agrícolas, eles representam a forma mais eficaz e


segura para se disciplinar o movimento da enxurrada na lavoura.
Isto porque eles efetivamente encurtam o comprimento da pendente,
seccionando-a e, assim, dividindo-a em segmentos mais curtos.
Essencialmente, o que ocorre com esta prática é o truncamento da enxurrada,
dissipando energia erosiva da mesma no ponto de sua obstaculização, seja
para terraços em nível, seja para terraços em desnível. Mesmo que o
escoamento superficial prossiga após sua obstaculização (no caso dos
terraços em nível), ele o fará com muito menor energia erosiva. Assim, a
velocidade do escoamento superficial é reduzida, a infiltração de água no solo
é aumentada, o volume total de enxurrada é reduzido e a deposição de
sedimentos no canal do terraço é induzida.
Resultante destes fatos, as perdas de solo e água e a produção de
sedimentos no local de origem da erosão são bastante reduzidas.
TERRACEAMENTO OU SISTEMA DE TERRAÇOS
62
Camalhão

Água

Canal

63

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