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Didática III/2022 – Sequência Didática de Língua Portuguesa

VOCABULÁRIO REGIONAL Português


Os diversos falares regionais – um olhar curioso
Olhemos, pois, em direção às palavras retratadas por Oswald de Andrade em uma de
suas brilhantes criações:

Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem
teiado E vão fazendo
telhados
http://www.revista.agulha.nom.br/oswal.html#vicio

O discurso dito acima revela a não uniformidade da língua, em que os


“telhados” vão sendo construídos a partir das relações sociais demarcadas por
diversos fatores, entre eles os regionais, culturais, sociais e, por que não dizermos?
Contextuais.
Quantos “mios”, miós”, “piós”, “teias” e “teiados” não compartilham do
cotidiano linguístico de muitos usuários por esse Brasil afora, sobretudo em se
tratando daquele linguajar caipira, cuja enunciação caracteriza tão somente um
baixo nível de escolaridade, muitas vezes por falta de oportunidade em adquiri-la,
mas que nem por isso a interlocução deixou de ser materializada, não é mesmo?
Assim, “entrecortados” pelo viés da variedade linguística, prestemo-nos ao
exercício de enfatizar um destes fatores que exercem suas influências para tamanha
diversidade – o fator regional.
Ora, não precisamos ir muito além para percebermos a amplitude de termos
típicos de cada região brasileira,
Vamos conferir a seguir alguns casos representativos, tendo em vista algumas
regiões do Brasil:

1
EXPRESSÕES DO NORDESTE

EXPRESSÕES DA REGIÃO SUL


Sua tarefa agora será pesquisar expressões da nossa região Sudeste,
principalmente, envolvendo estado que você mora:

 Minas Gerais

Anote essas expressões em seu caderno, para que possamos discuti-las em


nossas aulas.

Agora, escute só esse samba:

https://www.youtube.com/watch?v=plOezZ6936Y

Leia a letra da música “Samba do Arnesto”, de Adoniran Barbosa, e observe como a


variação linguística pode ocorrer:

Samba do Arnesto
O Arnesto nos convidou pra um samba, ele mora no Brás
Nós fumos não encontremos ninguém
Nós voltermos com uma baita de uma reiva
Da outra vez nós num vai mais
Nós não semos tatu!
No outro dia encontremo com o Arnesto
Que pediu desculpas mais nós não aceitemos
Isso não se faz, Arnesto, nós não se importa
Mas você devia ter ponhado um recado na
porta
Um recado assim ói: "Ói, turma, num deu pra espera
Aduvido que isso, num faz mar, num tem importância,
Assinado em cruz porque não sei escrever.

Samba do Arnesto, Adoniran Barbosa

Há, na letra da música, um exemplo interessante sobre a variação linguística.


É importante ressaltar que o código escrito, ou seja, a língua sistematizada e
convencionalizada na gramática, não deve sofrer grandes alterações, devendo ser
preservado.
Já imaginou se cada um de nós decidisse escrever como falamos? Um novo
idioma seria inventado, aboliríamos a gramática e todo o sistema linguístico
determinado pelas regras cairia por terra. Contudo, o que o compositor Adoniran
Barbosa fez pode ser chamado de licença poética, pois ele transportou para a
modalidade escrita a variação linguística presente na modalidade oral.

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