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O LOBO
Adriana Vargas
1° edição - 2018
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Sumário
Prólogo
Capítulo I
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Epílogo
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Prólogo
PERIGOSAS ACHERON
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Capítulo I
Espanha, 1979.
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desalento.
− Eu não vi nada. Eu juro que não vi. Por
favor, não vá! – pedi sem coragem de encará-la.
− Irei sim. E você irá se comportar como um
rapaz que é. Ficará aqui com o anjo que irá cuidá-
lo. E quando eu voltar, este anjo irá me contar tudo
que fez. Caso não me agradar o que eu ouvir, o
castigo será muito pior.
Sem despedidas, minha mãe saiu do quarto,
seu nome era Margareth. Uma mulher que deixou
seus sentimentos de lado, para entregar-se ao
prazer. Friamente, foi esta a sua escolha. Fechou a
porta como quem fechasse a porta da geladeira.
Passos à frente, retirou um pequeno espelho da
bolsa e passou mais uma camada de batom
vermelho nos lábios.
Dentro do quarto já escuro, deixei o
brinquedo e fui até à janela. Com as duas mãos, fiz
o formato de um avião, remexendo-se para lá e para
cá, tentando esquecer a solidão e a saudade de algo
que não tinha.
Aos poucos caminhei pelo quarto e fui até a
tomada, acendi a luz. Sentei-me no tapete, no meio
do quarto e passei a contar os filetes de madeira
que tinham no forro do teto.
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Eu sou infeliz.
Não adianta vir me dizer o contrário. Eu sei
o que sinto.
Iugoslávia, 1730
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Capítulo 2
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Incomum.
Eu as sentia por dentro
Pelo avesso.
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si.
Ela me encarava de maneira penetrante
enquanto as mãos inquietas - que terminavam em
unhas de vermelho obsceno - seguravam o cigarro
que nunca se queimava por completo.
Por quanto tempo tínhamos conversado?
Resolvi ousar um pouco mais. Queria que
naquele momento ela interpretasse uma puta
mundana, como se estivesse em cima de um palco.
− Você precisa de dinheiro... Quanto quer
para se ajoelhar aqui e me chupar? – percebi que
ela sentiu um prazer perverso no verbo ajoelhar.
Ela fez uma cara falsa de espanto e
indignação, mas quando percebeu que não me
convenceu, sorriu.
−Ah, só chupar? Sei lá, uns... vinte?
Foi a vez de eu rir, e me apoiar no muro meio
sujo. Ela olhou para os lados antes de se abaixar.
Desajeitada, não sabia o que fazer com a bolsa que
teimava escorregar de seu ombro enquanto abria o
zíper de minha calça. Não era uma profissional do
sexo, ao menos até aquele momento. Colocou a
mão toda dentro de minha cueca, e o segurou. Tirou
para fora com dificuldade, pois já estava ereto, e
lambeu a gota de excitação que brilhava na
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pontinha dele.
− Hummm, vai dar para encher a boca. Você
está me pagando para fazer algo que eu adoro. - a
frase saiu dela tão falsa quanto estúpida.
− Chupa logo e para de falar.
Ela obedeceu e engoliu, primeiro só a cabeça,
depois a metade. Ainda tensa, soltou a bolsa no
chão e se ajeitou, engolindo tudo que cabia. Era
macia e muito quente aquela boquinha de fumaça
que cheirava a bebida.
− Encher a boca você disse, né?
Meu pau já estava bem duro e avermelhado,
tanto de tesão quanto do batom desgastado dela.
− Meus joelhos estão doendo. - ela reclamou,
enquanto aproveitava para respirar um pouco.
Definitivamente não tinha jeito para a coisa,
pensei.
Quando olhei para baixo, reparei nos cabelos
mal-cuidados, displicentemente presos por um laço
e as marcas vermelhas que as alças do soutien
deixavam nos ombros de quem está acima do peso.
A mulher fazia aqueles barulhinhos cada vez mais
ritmados, indo e vindo da boca, quando a peguei
pelo queixo, apoiando a outra mão no alto da
cabeça dela.
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pretendentes.
Olhei para os cabelos escuros, o maxilar e as
maçãs do rosto bem marcados, era tão bonita.... Sua
dor era o que mais me chamou a atenção. Sua
situação era pior do que eu imaginava.
− Por que se sujeita a este tipo de relação?
Ela me olhou com raiva. Era tão claro no
motivo, mas eu queria ouvir de seus lábios o que
sentia.
− Porque eu o amo.
Parei o carro. Não sabia exatamente para
onde levar aquela mulher. Parecia resistente a
qualquer ajuda. Eu detesto esta palavra, mas há
pessoas que não entendem minhas intenções se eu
dissesse de outra forma. Então me lembrei que
ouvir é um dom.
− Eu entendo, por amor, algo tão bom e
especial, motivado pela quantidade de bem que o
outro nos causa. Entendo que o amor não nos
diminui ou nos põe em situação em que queremos
causar mal a nós mesmos na intenção de ter alguém
por perto. Porque alguém que nos ama jamais
quererá que algo de ruim nos acometa.
Ela me fitou por longos segundos. Sua face já
não tinha mais tremores, apenas o sinal do tapa que
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esperava.
Precisava me conter.
Precisava olhar para o que fizeram com ela.
***
Confidências de Laura
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responsabilidade.
− O que devo dar em troca?
− Sua lealdade e entrega.
Fiquei tocando na gargantilha, e me lembrei
de um filme em que mulheres usavam tal objeto e
se submetiam a homens sádicos e controladores.
− Eu apanharei ou algo assim?
Ele riu de dobrar sua cabeça para o alto.
− Jamais. Eu sou um Lobo, e não um sádico.
Meu objetivo é cuidar e proteger. Você não será
minha masoquista... Uma Loba troca a palavra
masoquismo por lealdade.
Tremi. Gelei. Sorri e fiquei pálida. Senti até
prisão de gases.
Do outro bolso ele retirou um vidrinho
minúsculo de perfume e borrifou algumas gotas em
meu pescoço e entre os seios, passando a mão sobre
o local onde perfumou, deslizando pelas minhas
costas. Retirou a echarpe que eu usava e disse:
− Não é necessário... Eu conheço todo o seu
corpo. Não precisa esconder nada.
Sorri sem jeito, e me abaixei para buscar a
echarpe. Ele pisou na ponta da peça caída ao chão,
me impedindo de pegá-la. − Levanta-se. - pediu. −
Faça seu juramento de lealdade, válido pelo
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Capítulo 3
precisava encontrá-la.
Peguei meu carro e saí por aí, em algum lugar
daquela cidade ela deveria estar. Andei mais
duzentos metros sem destino. Aumentei os faróis
ao perceber uma pequena correndo pelas calçadas.
Seu vestido branco de renda reluzia contra a luz da
noite. Estacionei indevidamente para observá-la.
Em seguida, eu a segui na contra mão para poder
alcancá-la. A mancha de sangue em seu vestido
revelava que estava ferida e buscava por socorro,
mas de algum modo, eu a repelia. Ela tentava se
esquivar, para que não a visse naquele estado.
Meus olhos ficaram petrificados.
Os pés delicados estavam descalços, embora
fosse um retrato mórbido pela ocasião trágica, eu a
vi como jamais outro homem havia notado. Eu a
senti em meus abraços sem mesmo tocá-la. Quando
abri a porta do carro para socorrê-la,
instintivamente ela arregalou os olhos, sentiu medo.
Notei a pequena mão cobrindo o ferimento, e nos
lábios, um vago tremor.
− O que houve com você? – quis saber,
desejando socorrê-la de qualquer modo.
− Não posso... Não posso! – saiu correndo
novamente.
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estava.
Ao voltar para casa, sinto algo estranho. Não
conseguia dizer o que é, mas meu instinto me dizia
que precisava de cautela. Apressei em chegar. A
localização da casa subterrânea era estratégica, nem
todos sabiam como chegar, justamente para se
manter em discrição, era toda coberta por terra e
grama, que fazem as vezes de um cobertor de
isolamento eficiente para proteger da chuva, baixas
temperaturas, vento e corrosão. A residência se
agrupava em torno de um lago artificial, que
funcionava como piscina e possuia janelas de vidro
reciclado grandes o suficiente para receber uma
quantidade generosa de luz, garantindo uma
iluminação natural, mas muito bem escondida da
curiosidade humana. Mas não era isso que me
preocupava. Desde criança meus instintos eram
aguçados para prever acontecimentos ruins.
Lembrei-me daquele dia enfático, em que vi
as malas de Dolores na Estação Ferroviária para
nunca mais voltar a vê-la. Meu coração doeu como
agulhas entrando e saindo e voltando a entrar.
Ao chegar, corri para o museu, Laura não
estava lá, sequer havia feito alguma tarefa que lhe
fora recomendada. Corri para a cidade subterrânea,
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de mim.
− Gosto da lua cheia, a única coisa é que
daqui a pouco não se pode mais passear
tranquilamente na beira-mar. – eu disse a ela,
tentando não me parecer invasivo. Mas não havia
nenhum outro jeito de me aproximar.
− Eu não me importo com isso. – ela se
pareceu indiferente a tudo, como fez desde o
principio quando meus olhos se fixaram nela e
perceberam sua superioridade perante o mundo.
− Eu também não me importo, desde que eu
consigo ficar um pouco mais.
Ela passou por mim como se não tivesse me
ouvido. Dois, três, quatro passos adiante. Parou. As
mãos foram colocadas na cintura. Vi a areia já
subindo pelas suas pernas e senti vontade de riscar
algum desenho em sua pele.
− Eu quero ficar mais um pouco... – disse ela,
como se falasse sozinha, mas se referindo ao que
havia acabado de dizer.
− E o que te impede?
− Milhões de grilhões, todos despencados de
uma só vez sobre mim.
− Se quiser, senta-se aqui... Somos então,
dois, que desejam ficar mais um pouco, com os
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Capítulo 4
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chamas.
−Acredite, ninguém se importaria se eu
morresse. - disse com o pranto novamente
estampado no rosto de traços perfeitos.
− Está enganada, menina. Para min sua vida é
importante. - tentei tocar em seu rosto, mas este foi
virado bruscamente.
− Não me toque! - me alertou. Decidi acatar,
era o único modo de estar perto dela. Tinha em seus
olhos um sofrimento implícito. Ao mesmo tempo
em que todos os seus traços eram os mesmos de
Dolores, porém nada mais além se assemelhava a
ela. Se não a tivesse por perto, jamais diria que se
tratava da mesma pessoa.
− Me conte sua história. - eu queria entender
seus motivos. Queria também poder desvendar
aquele mistério.
− Hoje não tenho mais uma história. Sou um
grão de areia na escuridão. Nada mais importa. Não
tenho nada para contar.
− Todos nós temos uma história para contar.
− A minha acabou.
− Eu não acredito no fim. Tudo inicia
novamente a cada momento.
− Por que me trata como se já me
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nádegas morenas.
Fiquei instigado.
Fascinado.
Ela estava de castigo, não poderia sucumbir e
abrir uma brecha para que fizesse de novo o que
fez, mas a negativa era algo que me arrebatava.
Deitei-a de quatro, com a cabeça deitada no
colchão e passei a olhar atentamente a imagem a
minha frente. Com sensação de delícia no toque,
passeia a tirar e colocar o plug, vagarosamente,
observando seu orifício ficar saliente, fazendo um
pequeno e breve bico, quando o acessório saía,
deixando-me louco. Comecei a ter contato com ele,
vendo como é a sensação de colocar o dedo ao
invés do plug, tocando a sua volta, sentindo o
contorno enquanto com a outra mão, eu explorava
seu clitóris lisinho. Pouco tempo depois, já estava
muito molhada, esperando o gozo; espumava entre
meus dedos, que penetravam-na apenas para que
ela soubesse que era minha.
− Não quero que goze. Não está merecendo.
Ela apenas balançou a cabeça, respeitando
minha decisão, o que me deixou ainda mais
excitado. Toquei em seu rosto e mordi com vontade
seu queixo, que me era oferecido a cada vez que
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Capítulo 5
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da Seita.
Ela abriu uma porta, o ambiente lá dentro
estava escuro. Não acendeu a luz. - Entre.
Fechou a porta por trás de si, e me puxou
com volúpia.
− Me coma...
Seus lábios pintados já estavam nos meus.
− Você está se arriscando demais... Mas
desse jeito se tornou irresistível. Não tem como
negar.
Minhas mãos já levantaram sua saia, tirando
a meia-calça, alcançando sua calcinha. A vontade
era de rasgar a roupa inteira, mas não resisti, a
lingerie que foi arrebentada com força entre meus
dedos vorazes.
− Quer que eu te foda... - eu disse em seu
ouvido, sentindo sua pele se arrepiar. – Quer que eu
te coma inteira até a esfolar?
−Sim... - a voz dela tremia.
Eu não sabia nem o nome da maldita.
Virei o corpo dela com avidez, e vi quando
suas mãos se apoiaram na porta, arrebitando a
bunda para eu penetrá-la. Esfreguei a cabeça do
meu pau em tudo que tinha direito, examinando
com cuidado cada traço, sentindo o cheiro de tesão
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pernas.
− Me foda... me foda... - suas unhas
arranhavam o chão todas as vezes que eu
bombava.
− Goze cadela... Goze gostoso para mim.
Quando já estava quase sem forças até para
se vestir, comecei pela meia-calça, colocando com
cuidado, beijando suas pernas. Ainda estava aflito
por dentro... Queria mais. Tinha rasgado a calcinha,
não resisti, agora ficaria sem ela para se lembrar de
mim. Beijei seus ombros antes de abotoar o sutiã,
vesti a blusa sóbria, olhando para a expressão do
seu rosto, os cabelos castanhos caiam sobre os
olhos, eu os arrumava com carinho.
− Helena... Eu a quero para mim. – eu disse
sinceramente, vendo-a ficar atordoada aos poucos à
medida que seu rosto ia se corando.
− Mas eu... – não a deixei completar a frase.
− Seu marido é um panaca... Não soube lhe
tratar... Não soube curtir você gozando... Não
percebeu seu cheiro... Não sabe decifrar seu estado
febril de ser mulher. A prioridade dele é dinheiro, a
minha é lhe fazer gozar... Fazer com que se
descubra por dentro e por fora.
Levantei e me troquei com os olhos dela sob
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Sexta-feira.
O dia esperado para nosso reencontro.
O que quero dela é muito simples entender.
Helena é casada com aquele embuste. Ele
deveria ser monogâmico, ser fiel a ela, assim como
todo Lobo que assume uma companheira e a esta
entrega seu coração. Mas ao contrário disso, ela é
uma mulher insatisfeita sexualmente, nem têm suas
necessidades realizadas. Por coincidência ou não, é
o que todo homem busca em uma mulher: bonita,
inteligente, fogosa... Por mais que existisse o
canalha entre nós, e sendo este idiota o chefe alfa
da Seita, não engolirei meu instinto.
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***
Confidências de Helena
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Capítulo 6
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por favor.
Entramos em um salão iluminado por
algumas lamparinas. Andamos sobre tapetes
estreitos por uma distância incalculável, nada ali
parecia ter fim. Finalmente chegamos diante de
uma porta, cuja chave grande de modelo antigo foi
retirada do bolso de sua calça.
− Entre, por gentileza.
Entrei e fiquei olhando para as imagens
talhadas por toda a parede de pedra. Haviam muitos
símbolos e figuras humanas. Sentei na cadeira
oferecida e o esperei se pronunciar.
− O que queremos é muito simples. Uma vez
que você também já sabe o que quer. Queremos
que continue a trabalhar para nós, e que não saía da
cidade subterrânea, pois é aqui que deve
permanecer e colocar em prática suas virtudes
como Lobo.
− Não vejo razão para não ser em outro lugar,
se o que eu faço, continuarei fazendo.
− Somos uma família, Alejandro. Caso não
tenha percebido, debaixo de toda a cidade existe a
nossa sociedade subterrânea. Cada Lobo com seu
clã. Estamos interligados um ao outro.
− Eu não sabia deste detalhe. Achei que
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20 anos.
− Eu disse que a vaga é sua, não irei voltar
atrás. Mas antes... - me levantei e fechei a porta. −
Precisamos conversar e combinar algumas coisas.
− Sem problemas, pode dizer.
− Nada de gírias, dialetos ou algo do tipo.
− Eu não uso gírias.
− Não digo que usa, digo apenas para ter um
pouco mais de cuidado, até mesmo com a postura e
modo de falar.
Ela se ajeitou na cadeira, tentando me passar
uma postura adulta ou me convencer de que é
capaz.
− Certo. Eu entendo, Alejandro, que estou
diante de um trabalho.
− Senhor Alejandro.
−Okay.
− Não se diz, okay. Não estamos fora do
Brasil. Aqui se diz, sim. De preferência, sim
senhor.
Seu rosto ficou rosado. Ficou evidente para
ela, de que serei exigente com a postura. Afinal,
será ela a atender primeiramente meus clientes.
Preciso confiar na pessoa que terá entrada na minha
alcova. Aqui serão sempre as minhas regras.
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− Eu quero sair.
− Mas não irá sair... Não vou deixar. E não é
porque me acho seu pai. Porque de algum modo
preciso que esteja por perto.
Eu sei que não deveria ter dito isso, mas
meus anseios me traíram. Ela era a única referência
de meu passado, mesmo que seja apenas uma
lembrança. Eu a queria por perto, pois sabia que
tudo que existia nela era algo que me dava a certeza
de quem sou, quando Dolores me ensinou um dia,
que eu amaria as mulheres e que seriam minha
extensão que valeria a pena.
− O que quer de mim, pelo amor Deus?
− Que você fique. Que me permita ser parte
do que tenta me esconder. Eu quero te ajudar.
Eu vi a pulsação sanguínea em seu pescoço,
estava tensa. Os lábios entreabertos queriam dizer
algo que sua permissão negava.
− Estou em encrencas. É algo familiar, mas
logo estarei trabalhando e terei meu canto, não
precisarei me sujeitar a nada.
− Do que está falando, Shaida? Por favor, me
diga.
− É uma longa história. Eu só preciso de um
emprego, uma casa e distância de algumas pessoas.
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Capítulo 7
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− Eu não o amo...
− Não tem como amar alguém que não te
ensinou que o amor só acontece quando há
reciprocidade.
Quando dei por mim, estava sobre ela na
cama, acariciando-a como se fosse uma pequena
flor delicada que precisava de carinho. Seu sorriso
em meio às carícias era tão diferente e excitante,
era uma menina diferente, não havia como
estraçalhar seu corpo ao meio, sem antes permitir
que ela se sinta à vontade e livre.
Totalmente nua em meus braços, eu admirava
cada detalhe do seu corpo, aureolas tão alvas,
pareciam feitas de algodão doce. O detalhe da gaze
sobre o ferimento, respeitei, não queria constrangê-
la. Passei a mão tão grande e pesada sobre o corpo
delicado. Beijei-a todinha, seu cheiro era doce,
assim como tudo que havia nela.
Emoções intensas...
Eu estava sentindo seus tremores e anseios
na ponta do meu dedo...
Eu esperarei.
Eu velarei seu sono enquanto dorme.
Minha Manu, minha menina, safada,
deliciosa... Minha!
disso.
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Capítulo 8
Uma incógnita.
Estava diante de uma caixa de pandora.
cogitação.
Laura entrou na sala naquele momento e
ficou me olhando de soslaio. Seu olhar me fazia mil
e uma perguntas.
− Senhor, esta menina...
− O que tem a Shaida?
− O senhor não a acha um pouco estranha?
− Não, não vejo nada de estranho nela. –
obviamente escondi a verdade, mas não iria
alimentar coisas na cabeça de Laura.
− Ela é realmente apenas uma funcionária?
Parei para tentar imaginar onde Laura queria
chegar com suas insinuações.
− O que há com você?
− Ela é aquela pintura em seu quarto...
− O que tem aquela pintura? Está fuçando em
minhas coisas?
− É a mesma menina ou muito parecida com
ela.
Eu havia me esquecido desse detalhe.
Certamente alguém algum dia, se tivesse conhecido
Dolores, iria dizer o mesmo. O quadro na parede
apenas revela detalhes que eu tentava esconder.
− Mera coincidência. Muitas vezes uma
pintura pode se assemelhar a muita coisa, mas é
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começou a chorar.
Enxuguei suas lágrimas e a beijei.
− Não precisa chorar, mas terá que enfrentar
esse medo e fazer o certo. O que ele fez é crime,
você poderia ter morrido. Não pode banalizar este
fato. Ele pode tentar novamente, não é uma boa
idéia você ficar no mesmo espaço que ele.
− Não estou conseguindo tomar nenhuma
decisão neste momento... Eu sei que estou sendo
covarde, me perdoe por decepcioná-lo... Procurei
um terapeuta para me tratar e tomar coragem de
enfrentar a situação.
− Você não precisa voltar para aquela casa.
Eu escondo você, te roubo do mundo, te cuido.
Olha para você... Não precisa se permitir a ser
magoada e maltratada. É jovem, tem muita coisa
ainda pela frente, que poderá te preencher de
alguma forma e te mostrar que viver é bom. As
mulheres hoje em dia não precisam ter um marido
para ser alguém na vida.
Ela me abraçou e deitou no meu peito.
− Vai chegar o momento em que isso
realmente irá acontecer, te peço que não desista de
mim, que continue acreditando que pode ser
possível.
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nada.
Tirei nossas roupas, olhando para os lados,
parecia que estávamos a sós, além dos pássaros,
pelo menos, era com isso que eu contava. Joguei as
roupas no chão e me deitei sobre seu corpo nu. O
cheiro do capim misturado ao gosto dela me deixou
extremamente excitado. Passei a penetrá-la com
força e vontade. Manu fechava seus olhos, e me
pedia mais, eu lhe dava o que ela queria.
Estávamos tão excitados, que a cabeça do
meu pau parecia que ia explodir. Peguei em seus
cabelos e puxei, trazendo o rosto dela para perto do
meu. Olhei em seus olhos, já quase gozando e
disse:
− Eu quero você só para mim...
A chuva fina veio, e nossos corpos ardentes
não conseguiam se desgrudar. Assim como o
primeiro e o segundo orgasmo, sem nos soltarmos.
Era incrível saber que eu estava sentindo e vivendo
este sentimento.
Foi difícil deixá-la ir. Nossas mãos foram se
soltando aos poucos. Confesso que meus olhos
lacrimejaram e o vazio me tomou por completo. Ela
fechou a porta e desapareceu no meio das pessoas.
Meus olhos a seguiram mesmo sem vê-la. Seu
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de flor.
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Capítulo 9
Eu confio em mim,
e no quanto eu desejo uma mulher,
e no que me transformo quando isso acontece
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assim...
Percebendo minha reprovação, tratou de se
adiantar:
− O que tem demais? Não vou descer do
carro, quero apenas sair daqui. Podemos dar uma
volta e parar num lugar tranquilo.
Partimos, mesmo contra a minha vontade.
No carro, ela mesma ligou o som e mexeu no
porta-luvas.
− Ei, o que acha que está fazendo? –
perguntei.
− Estou procurando um chiclete. – respondeu
com as sobrancelhas arqueadas.
− Eu não uso essas porcarias.
− Deveria, é ótima distração para pessoas
ansiosas. Melhor que fumar charutos.
− Estou bem assim. Não tenho ansiedade.
Passou a cantar a música que ouvia. Pegou
uma caneta que se encontrava no painel e prendeu
os cabelos. Notei um hematoma próximo a orelha.
− O que é esse roxo aí? – perguntei
preocupado.
− Não é nada. Bati na porta do banheiro.
Fiquei desconfiado.
Estacionei o carro debaixo de algumas
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algo assim?
Ela se calou e seu silêncio disse tudo. Eu
poderia continuar a perguntar, mas nada dizia mais
que seus olhos. Abaixei minha cabeça e fechei
meus olhos. Fiquei assim por minutos incontáveis.
Então é por isso... É exatamente este o motivo que
ela tentava se matar. Numa impaciente vontade de
poder fazer algo, eu a abracei forte. Senti que
lágrimas desciam pelo seu pescoço, eu sentia sua
dor. As lágrimas eram minhas. O repúdio me
tomou por completo, me lembro de sua expressão
quando tentava se matar, e ninguém a via,
certamente acontece o mesmo dentro de sua
família. Ninguém percebe o quanto de sofrimento
vem passando por todos esses anos. Quando isso
acontece com um cara fora da casa da vítima, é
odioso, mas quando o criminoso é o próprio pai, é
repugnante, inaceitável.
− Vamos a uma delegacia agora mesmo. –
disse eu, enxugando meus olhos muito rapidamente
para que ela não os percebesse molhados.
− Não! – disse quase num grito.
− Por que não? – fiquei indignado olhando
para seu rosto.
− Estou investigando algumas coisas em
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você.
− Ele vai desejar me matar se não me
encontrar mais aqui... Suas visitas são duas vezes
por semana. Não sei se tenho irmãs ou irmãos, sei
apenas que ele não me deixa faltar nada, mas tem
sido caro demais o preço por tudo isso.
− Nunca mais ele irá encostar um dedo em
você... Nunca mais... Agora vamos, vou levá-la
para pegar suas coisas.
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Capítulo 10
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bem-estar.
– Não me toca mais como mulher... Eu
aprendi a gostar de você...
– Me perdoe, pequena. Jamais tive a intenção
de lhe fazer sofrer. Não quero que sofra por mim. -
abaixei a cabeça e engoli minhas palavras. Doía em
mim a sua dor. – Nunca sabemos quando vamos
nos apaixonar, e quando isso acontece, não é culpa
de ninguém.
– Eu mesma me iludi acreditando que um dia
se apaixonaria por mim. Eu sou uma ridícula, uma
boba mesmo. Era óbvio que não iria acontecer
isso...
– Não, não... Nunca mais diga isso. Se você
gosta de mim, não repita mais essas palavras,
porque não são verdadeiras. Você é preciosa. Uma
mulher linda e maravilhosa. Mas as pessoas não
escolhem por quem se apaixonar. Quando a
conheci, estava crente de que me apaixonaria por
você, mesmo sem poder. Mas como disse, foi uma
surpresa para mim...
– Por favor, me deixe sozinha... - dizendo
isso, eu a respeitei. Levantei da cama e apaguei a
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Capítulo 11
ficar juntos.
Eu a coloquei com o rosto de frente ao meu,
queria que prestasse bem atenção no que ia dizer,
para ajudá-la a ficar segura.
− Pequena, não importa o meio, o jeito...
Vamos ficar juntos de qualquer maneira, basta você
sair daquela casa. Eu quero dividir uma vida com
você. A única coisa que me importa neste
momento, é o que sente por mim.
− Eu tenho medo de acontecer alguma coisa
muito ruim... De ele vir atrás de nós... E isso
desencadear uma tragédia.
− Você não pode continuar com alguém, só
porque tem medo dos resultados após a separação.
− Meu medo existe, porque sei que se trata de
traição... Um homem violento diante de uma
traição... Não sei do que ele seria capaz...
− Você só o traiu, porque ele não foi capaz de
cuidar da mulher que tem. E se ele não foi capaz de
cuidar, eu a quero para mim. De qualquer jeito. –
olhei para ela desejando roubá-la do mundo.
− Eu deveria ter me separado antes... Sei lá,
poderia ter tido coragem de me livrar.
− Mas não foi. Estava sob uma forte coação
emocional. Este estado paralisa um pouco as
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Capítulo 12
Estávamos seguros.
− Estamos a sós, fique tranquila e continue.
− Eu o segui... Descobri muitas coisas
estranhas, e outras, desleais. – ela parecia tomar
coragem para dizer. – Ele frequenta um lugar
subterrâneo. Eu vi quando entrou. Neste lugar
funciona uma espécie de casa noturna onde ocorre
um treinamento e seleção de mulheres brasileiras
com destino à prostituição no exterior.
Fiquei pasmo. Não podia acreditar.
Certamente isso seria apenas uma dedução, pois
frequentei durante anos a Cidade dos Prazeres, e
nunca percebi nenhuma ilegalidade. Sabia que lá
aconteciam práticas sexuais, mas entre pessoas bem
resolvidas que estavam lá por sua livre e
espontânea vontade. Até então, era apenas um local
onde os Lobos se reuniam para se divertir.
− O que quer dizer? Explica-se melhor.
− Você sabe sobre qual local eu falo... Eu o
vi na foto tirada pelo detetive particular que
contratei. – ela abriu sua bolsa e retirou de lá uma
fotografia. Realmente era eu na foto, ao lado de
Manuela. Fixei meus olhos naquela foto, gostaria
de acreditar que o que via fosse insignificante, que
esta pessoa jamais passou pela minha vida. Raiva e
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***
Confidências de Shaida
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da mexerica.
− Obrigada. – sorri com os olhos olhando-o
de baixo para cima.
O Lobo queria que eu fosse eu. Ele seria eu
hoje, para que pudesse viver um pouco o meu
mundo... Eu amava isso nele.
entregou.
Coloquei a mão na xoxota e passei a fazer o
que a gente acaba fazendo um dia quando conhece
o homem da sua vida, mas ele não sabe que você
existe. Quando estava quase gozando, suas mãos
tocaram as minhas que estavam lá embaixo.
− Não goze ainda... – disse ele me contendo.
Agarrou-se a mim, e seu membro começou a
endurecer quase me guinchando para cima. Beijo
gostoso de novo... Então me levou para o chão e me
pegou ali mesmo. Enquanto me penetrava, eu me
arrastava para trás como bicho no cio. Ele me
acompanhava tentando me fazer parar, mas eu
estava tão louca que queria entrar no subsolo com
ele dentro de mim.
Fomos trepando pelo chão até chegar ao
quarto.
− Eu não vou dar um tapa nesse rostinho de
anjo, porque ele não merece, mas a minha vontade
é de te devorar toda, marcar, te foder até você
estremecer. – disse ele quando me levantou do
chão, ainda com o pau dentro de mim, sendo
enganchada de um jeito gostoso.
Jogou-me na cama e eu fiquei esperando as
cenas das próximas gozadas. Foi até ao criado-
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Capítulo 13
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era xingar.
− Mas eu não pude fazer nada, me desculpa...
Sei que devo ter lhe passado uma imagem horrível,
mas aquele não era o momento certo de contar o
que aconteceu.
− Não precisa se justificar por ter mentido
que não era feliz com seu marido... Nem precisaria
vir até aqui para tanto, ou deixá-lo pelo mesmo
motivo. Tivemos momentos incríveis, acredito que
por mais feliz que estivesse ao lado dele, seria
realmente difícil de esquecer. Mas as mulheres
modernas sabem separar o amor de uma aventura.
− Não foi uma aventura, Alejandro... Eu só
não podia corresponder como desejava... Fui paga
para isso.
Fui paga para isso.
Fui paga para isso.
Esta frase me tirou o pouco dos bons
momentos que me restaram na memória.
− Foi paga? Paga como? Paga? – eu não
podia acreditar no que ouvia. Era uma brincadeira,
só poderia ser.
− Recebi uma quantidade de dinheiro para
me relacionar com você e mentir.
Então me levantei e comecei a dar
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gargalhadas.
− Como uma pessoa consegue receber
dinheiro para fazer a outra se apaixonar? – ri
novamente. Eu ria de mim, a única pessoa que
provavelmente acreditou nela um dia.
− Não ria, é verdade. – pela primeira vez vi
sinceridade em seu olhar. – Nunca tive um
casamento ruim. Nunca fui esfaqueada pelo meu
esposo. Mas estávamos passando por momentos
difíceis financeiramente, e então surgiu uma pessoa
que nos trouxe um plano para ser colocado em
ação.
− Não... Espera... Você quer me dizer que o
corno do seu marido sabia de tudo e consentiu que
sua esposa feliz se deitasse com outro homem a
troco de um pagamento indireto? É isso mesmo? –
pela primeira vez alterei minha voz desde que ela
chegou. Era muita sujeira para eu conseguir
acreditar que fiz parte de uma trama imunda.
− É isso. Mas não estava nos planos eu me
apaixonar por você.
− Repita isso... Espere... Espere... – saí da
sala e fui atrás de um espelho. Minha alma doía. Eu
fui usado para beneficiar alguém. Eu fui sincero
como jamais deveria ser. Eu amei como não
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Capítulo 14
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naturalmente linda.
Chegou bem perto e me abraçou, cheirando
meu peito. Suas mãos cálidas tinha um aspecto
carinhoso que me fazia derreter em segundos.
Beijei seus cabelos e puxei a cadeira para que se
sentasse. Servi seu café, sabendo exatamente do
que ela gostava. Sentei-me e fiquei observando-a
comer. Gostava de ver vida nela. Gostava de senti-
la perto de mim.
− Bom dia, princesa. – disse eu, observando o
semblante do seu rosto.
− Bom dia, Lobo mau. – respondeu ela,
sorrindo.
− Vou te levar para um lugar... Vamos passar
a semana toda só nós dois.
− Hummm... Desse jeito peço em casamento.
– respondeu ela roçando sua perna na minha
debaixo da mesa.
− Preciso refazer minhas energias. Quero
você do meu lado.
− Sempre disse a você, que precisaria viver
mais... Fico feliz que isso seja do meu lado.
− Estou feliz que esteja aqui ao amanhecer,
depois... de uma noite incrível... Você me
surpreendeu. – eu disse, apoiando meu rosto com
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se demonstrar curiosa.
− Então me diga, Lobo, por que estamos
aqui, tão longe do mundo?
− Quero sentir você... – eu parecia o menino
bobo pela boca, olhos, gestos e hálito dela.
− Me sentir? – colocou as duas mãos por
detrás de minha nuca e passou a me olhar daquele
jeito que me seduz e me deixa totalmente submerso
dentro de si.
− Sim... Eu... Bem... Não sei mais o que
dizer. – ela me deixava confuso e sem palavras.
Parece que tirava de dentro de mim, aquele poder
que me fazia determinar as coisas.
− Façamos assim... vamos viver e quem sabe
a gente acaba descobrindo juntos... – ao dizer isso,
trouxe sua boca para perto da minha, mastigando
minhas intenções.
O beijo foi intenso, e nos jogou no tapete.
Meu corpo grande sobre o corpo pequeno dela me
deixou em chamas. Senti suas mãos buscando meu
zíper, abrindo... Revelando assim, um homem
completamente vulnerável.
− E o que vamos fazer depois disso? – ela
perguntou, retirando sua roupa, tocando em seus
seios e os trazendo para os meus lábios. Beijei um,
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Capítulo 15
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− Recebemos um comunicado de um
tiroteio na avenida. Pode sair do carro? – pediu a
mim e ao Pedro.
Saímos, e em pouco menos de quinze
minutos, eu pude explicar o que havia acontecido.
Fomos encaminhados para a delegacia. Fui com o
livro em mãos, que continha o endereço de um
lugar chamado, Casa dos Prazeres Lupus.
***
No caminho de volta para casa, algo parecia
me correr por dentro. Meu instinto me levava a um
lugar ermo, não sei exatamente do que se tratava,
mas de um minuto para o outro a ansiedade
voltava, e meu desejo de chegar logo era intenso.
Desejava vê-la tomar seu banho, ensaboando cada
parte do seu corpo, após prender seus cabelos num
coque que revelava sua nuca e as marcas que deixei
em seu pescoço.
Sentia-me teso só de lembrar... Sentia-me
como um balão solto em dias festivos, ela era real.
Ela era de verdade. Ela tinha o sorriso mais lindo
que já vi. Suas mãos delicadas não saiam de minha
mente, a imagem do modo como descia a meia 7/8
que colocava para me provocar. Os cílios espessos,
ela tinha uma beleza tão natural, nada parecia ficar
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la.
Saí pela casa em busca de respostas. Em
cima do barzinho da sala, um bilhete. Antes de
chegar até ele, coloquei a mão na testa, passei-a
pelos cabelos, suspirei fundo, estava aflito. Não
queria acreditar que ela tinha ido embora.
Toquei no bilhete, minhas mãos tremiam.
Passei a ler, descompassadamente.
Querido Lobo,
Sei que é chocante ler isso tão fora de hora,
logo agora que eu te encontrei, e que você me
enxergou no escuro. Quando eu quis morrer, você
me devolveu o desejo de lutar e acreditar em mim,
mas não tive escolha, sabe bem que esse negócio
de Seita é coisa para escorpiões, não para Lobos.
Não quero mais ver pessoas morrerem. Não quero
que se prejudique. Não sei se sabia de tudo, mas o
que sei foi o suficiente para não desejar
permanecer aqui. Muitas pessoas sofreram por
conta disso, inclusive você, que é o cara mais
lindo, mais céu que eu já vivi. Por favor, não me
leve a mal, eu vou precisar agir, e não posso estar
contigo, para que não piore ainda mais as coisas.
Apenas torça para que eu consiga fazer justiça.
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Capítulo 16
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Capítulo 17
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− Interior de Minas.
− Olha, Manuela, essa é a última ajuda que
lhe darei. Nunca mais me procure para nada. Vou
lhe deixar na rodoviária, você vai comprar a
passagem e vai para a casa dos seus parentes.
− Se me desse uma chance, iria descobrir
que sou o amor da sua vida, e que está apenas
magoado, mas com o tempo isso tudo passa.
− Você é louca? Não está entendendo que
eu não a quero mais?
Seu rosto ficou vermelho. Acredito que
dessa vez ela entendeu. Tirei vinte notas de cem
reais de minha carteira e lhe entreguei.
− Eu entendi sim. – disse ela por fim.
− Desça do carro!
Ela ainda titubeou, mas acabou abrindo a
porta. Mantive meu rosto para a frente. Não a vi
deixar o carro. Não queria saber como estava se
sentindo.
Parti em disparada para algum lugar. Em
minha cabeça não passava ideias, apenas a certeza
de que precisava encontrar minha menina.
Depois de duas horas andando como louco
pelas ruas da cidade, resolvi voltar para a casa.
Revirei todo o armário onde ainda tinha algumas
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Confidências de Shaida
a mesma cama.
Estava um pouco distantes. Eu via isso em
seu olhar. Evitava proximidade e isso me deixava
aflito. Eu queria dizer de uma só vez o quanto ela
significava para mim, mas algo também me
prendia. Essa minha insegurança era passada a ela
com sucesso, não poderia culpá-la.
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Capítulo 18
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de Otávio.
− Alejandro, faça sua ninfeta calar a boca, e
vamos sair daqui da frente da casa de minha mãe.
Vamos somente nós dois. Então conversaremos.
− Negativo, piranha. Você vai dizer na cara
de Alejandro, tudo que me disse naquele dia.
− Parem as duas. Entrem no carro.
Realmente não precisamos levar o problema para a
família de Manuela. Vamos resolver longe daqui.
− Eu não acredito nisso... Essa vagabunda é
uma criminosa fugitiva... Não é justo todos
pagarem atrás das grades e ela continuar aqui,
pagando uma de boa moça.
− Cale a boca, Shaida! Entre na porra do
carro. Faça o que estou mandando. - ordenei,
sabendo que se não tivesse voz ativa naquele
momento, não conseguiria resolver o que me levou
até ali.
− Pois saiba, guria, que só estou aqui
porque ele me mandou para cá. Ele não me quer
presa... Entendeu?
Shaida me olhou com raiva, mas não tinha
uma opção. Sentou no banco de trás e fechou a
cara. Mas na primeira oportunidade, começou a
querer fazer do seu jeito.
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Ela desligou.
Eu não disse que ia embora.
Peguei o celular e liguei para Pedro.
Precisava ver a menina, mesmo que para tanto
pedisse o consentimento do cara que ela se
relaciona. Jamais perderei meu senso de ousadia,
faz parte de mim ser assim.
Fiquei esperando que ele atendesse, devo
considerar que mesmo sendo um fedelho, ele tinha
um pé na audácia, pois muitas vezes também me
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educadamente.
− Meus pais não precisam saber que Shaida
está grávida de você.
− Você foi muito imaturo, garoto, contando
seu segredo com ela, certamente achando que eu
não teria atitude... Não me conhece ainda...
− Achei que você respeitaria nossa decisão.
Olhei para ele, e toquei em seu ombro.
− Nunca espere de um Lobo, uma atitude
diferente, principalmente se isso diz respeito a sua
matilha.
− Podemos resolver isso em outro lugar...
− É aqui e agora. – respondi, tocando
novamente o interfone. Nada me impediria de levar
Shaida para casa. Mas ninguém atendia a porta.
Subi no capô do carro e passei a gritar.
− Shaida, saia aqui fora! – meu grito saiu
seguro e impactante.
Finalmente ela saiu na janela. Estava
assustada, parecia não acreditar no que via.
− Não saia, Shaida! – gritou de volta, Pedro.
− Se não sair, juro que pulo esse muro e te
tiro daí! – insisti.
− O que está acontecendo? – ela gritou da
janela.
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Minha menina
Minha pequena
Pedaço de mim.
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Epílogo
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