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Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA

Dos Crimes (Parte II)

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Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA
Dos Crimes (Parte II)

Apresentação
Olá estudante!

Meu nome é Ronald Jean de Oliveira Henriques e sou professor de Direito Penal, Direito Penal
Militar, Direito Processual Penal Militar, Direitos Humanos, Legislação Penal Especial, Direito Constitucional,
Direito Administrativo, Direito Administrativo Militar, Legislação Institucional Militar, Execução Penal Militar.
Sou Doutorando em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC MINAS - conceito CAPES
6). Mestrado em Direito (2018) pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC MINAS - conceito
CAPES 6). Pós-graduado no Curso de Formação de Oficiais da Policia Militar de Minas Gerais (CFO-PMMG
2015), com Especialização em Gestão de Policiamento Ostensivo - CEGEPO (APM-PMMG). Pós-Graduado em
Direito Público (2014) pelo Instituto de Educação Continuada da PUCMINAS). Graduado em Direito (2013)
pela Universidade Fundação Mineira de Educação e Cultura de Minas Gerais (FUMEC). Aprovado no IX Exame
de Ordem Unificado da OAB - 2012.Autor de livros jurídicos. Sou professor de cursos de graduação e pós-
-graduação na área de Direito e Atualmente sou Oficial da Policial Militar da Polícia Militar de Minas Gerais
(PMMG).Também atuo como conteudista e, aqui no Aprova concursos, atuo como professor de diversas
disciplinas ligadas ao Direito.

Sumário
Dos Crimes em Espécie.........................................................................................................................3
Caiu na Prova.........................................................................................................................................11

/aprovaconcursos
Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA
Dos Crimes (Parte II)

Dos Crimes em Espécie

Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive
por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I. assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de que trata o
caput deste artigo;
II. assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias, cenas ou imagens de que
trata o caput deste artigo.
§ 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º deste artigo são puníveis quando o responsável legal pela
prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata
o caput deste artigo.

INDIVIDUO QUE FAZ PARTE DE UM GRUPO DE


WHATSAPP CHAMADO “NOVINHAS.COM” ENCAMINHA
VÁRIAS FOTOS E VIDEOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
EXEMPLO
FAZENDO SEXO E EM POSES SENSUAIS, COM O
OBJETIVO DE RECEBER TAMBÉM FOTOS E VIDEOS DA
MESMA NATUREZA NO REFERIDO GRUPO.

Trata-se do intercâmbio de material pornográfico não oneroso. É onde incorre quem publica na
internet pornografia infantil.
Competência: Trata-se de crime previsto em tratado, no entanto, para que a competência seja
da JF exige-se a internacionalidade, que fica evidente quando utilizadas páginas de internet (sites),
que podem ser acessadas em todo o mundo.
No caso de intercâmbio de pornografia infantil via e-mail, não há se falar em internacionalidade,
sendo competente a JE.
Pune o responsável pelo site, desde que haja com dolo.
Pune o responsável pelo provedor, aquele que assegura acesso à Internet.
Temos aqui uma condição objetiva de punibilidade: Somente depois de decorrido um prazo
fixado sem que ocorra a inabilitação do serviço é que se pode falar em buscar a punição do agente.
A prescrição só começa a correr no dia em que se implementa a condição.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. PENAL. PROCESSO PENAL. CRIME PREVISTO
NO ARTIGO 241-A DA LEI 8.069/90 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE). COMPETÊNCIA. DIVULGAÇÃO
E PUBLICAÇÃO DE IMAGENS COM CONTEÚDO PORNOGRÁFICO ENVOLVENDO CRIANÇA OU ADOLESCENTE. CON-
VENÇÃO SOBRE DIREITOS DA CRIANÇA. DELITO COMETIDO POR MEIO DA REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES
(INTERNET). INTERNACIONALIDADE. ARTIGO 109, V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
FEDERAL RECONHECIDA. RECURSO DESPROVIDO.

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Dos Crimes (Parte II)

5. Quando a publicação de material contendo pornografia infanto-juvenil ocorre na ambiência virtual de sítios
de amplo e fácil acesso a qualquer sujeito, em qualquer parte do planeta, que esteja conectado à internet,
a constatação da internacionalidade se infere não apenas do fato de que a postagem se opera em cenário
propício ao livre acesso, como também que, ao fazê-lo, o agente comete o delito justamente com o objetivo
de atingir o maior número possível de pessoas, inclusive assumindo o risco de que indivíduos localizados no
estrangeiro sejam, igualmente, destinatários do material. A potencialidade do dano não se extrai somente
do resultado efetivamente produzido, mas também daquele que poderia ocorrer, conforme própria previsão
constitucional.
9. Tese fixada: ?Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou
adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente (artigos 241, 241-A e 241-B da Lei nº
8.069/1990) quando praticados por meio da rede mundial de computadores?.
10. Recurso extraordinário desprovido.
Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir mate-
rial pornográfico envolvendo criança ou adolescente (artigos 241, 241-A e 241-B da Lei nº 8.069/1990)
quando praticados por meio da rede mundial de computadores.
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o material a que se refere o
caput deste artigo.
§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às autoridades competentes
a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação
for feita por:
I. agente público no exercício de suas funções;
II. membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento,
o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste parágrafo;
III. representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede
de computadores, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério
Público ou ao Poder Judiciário.
§ 3º As pessoas referidas no § 2º deste artigo deverão manter sob sigilo o material ilícito referido.
Alteração da Lei. Agora prevê punição aquele que usa ou possui material pornográfico. Antes de
2008, era um fato atípico.
O §2º prevê que não há crime se a posse do material objetivava a realização de denúncia de crime.
OBS: Não é qualquer pessoa que pode se beneficiar dessa hipótese de atipicidade.

INDIVIDUO É ABORDADO PELA


POLICIA MILITAR E QUANDO É
ANALISADO EM SEU CELULAR,
ESTE MANTEM FOSTOS E VIDEOS
DE ADOLESCENTES EM CENAS DE
EXEMPLO
SEXO EXPLICITO, OU RECEBEU
FOTOS DE UMA VIZINHA QUE É
ADOLESCENTE E MANTEM NA SUA
GALERIA DO CELULAR PARA
“FUTUROS FINS”.

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Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio
de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou
divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma do caput deste artigo.

INDIVIDUO PEGA FOTOS DE


MULHERES MAIORES DE IDADE E
FAZ MONTAGENS COM ROSTO DE
EXEMPLO
CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM
VIDEOS PORNOGRAFICOS PARA
FINS DE VENDE-LOS NA INTERNET

Trata-se da criação de efeito em que criança e adolescente, embora não participando do ato sexual,
tem a sua imagem colocada de modo a gerar a ideia da prática de sexo ou de cena pornográfica.
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de
com ela praticar ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I. facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim
de com ela praticar ato libidinoso;
II. pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança a se exibir de forma por-
nográfica ou sexualmente explícita.
Fotografar cena e armazenar fotografia de criança ou adolescente em poses nitidamente sensuais,
com enfoque em seus órgãos genitais, ainda que cobertos por peças de roupas, e incontroversa
finalidade sexual e libidinosa, adequam-se, respectivamente, aos tipos do art. 240 e 241-B do ECA.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.543.267-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 3/12/2015
(Info 577).

INDIVIDUO ENTRA NO “CHAT DA UOL” PARA


CONVERSAR COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES,
CONSEGUINDO O CONTATO DE WHATSAPP DE UMA
EXEMPLO ADOLESCENTE DE 15 ANOS, NO QUAL FAZ PROPOSTAS
SEXUAIS PARA A MESMA E PEDE PARA QUE ELA ENVIE
“NUDES” OU LIGUE A CAMERA DO CELULAR PARA VE-LA
NUA.

Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica”
compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou
simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais.

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Dos Crimes (Parte II)

Pela exclusiva leitura do art. 241-E do ECA, as condutas acima descritas não poderiam ser enqua-
dradas como "cena de sexo explícito ou pornográfica". No entanto, segundo o STJ, este dispositivo é
uma norma penal explicativa, porém não completa. Assim, a definição deste artigo não é exaustiva e
o conceito de pornografia infanto-juvenil pode abarcar hipóteses em que não haja a exibição explícita
do órgão sexual da criança e do adolescente. Há doutrinadores que defendem esta posição do STJ.
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma,
munição ou explosivo:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

TRAFICANTE DE DROGAS EM UM
AGLOMERADO ENTREGA UMA
ARMA DE FOGO PARA UM
EXEMPLO ADOLESCENTE E DIZ QUE ELE SERA
O “SEGURANÇA” DELE AGORA E IRÁ
TRABALHAR PARA O TRÁFICO
LOCAL.

Foi derrogado pelo art. 16, parágrafo único do Estatuto do desarmamento.


Pietro e Junqueira: Só vale agora para armas brancas.
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou
a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam causar depen-
dência física ou psíquica: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave. (Redação
dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
A punição penal da conduta de fornecer bebida alcoólica a crianças e adolescentes
Antes da Lei n.º 13.106/2015, quem vendia bebida alcoólica a criança ou adolescente cometia
crime do art. 243 do ECA? R = NÃO. O STJ entendia que o art. 243 do ECA, ao falar em “produtos cujos
componentes possam causar dependência física ou psíquica” não abrangia as bebidas alcoólicas.
Assim, por mais absurdo que pareça, a conduta de fornecer bebidas alcoólicas para crianças e ado-
lescentes, apesar de gravíssima, não era crime. O agente respondia apenas por contravenção penal.
• Vender (comércio formal ou informal),
• fornecer (expressão ampla que significar dar),
• servir (pôr na mesa, no copo etc.),
• ministrar (aplicar em alguém) ou
• entregar (deixar à disposição de alguém),
• ainda que gratuitamente,
• de qualquer forma,
• a criança (pessoa que tem até 12 anos de idade incompletos);
• ou a adolescente (pessoa que tem entre 12 e 18 anos de idade),
• bebida alcoólica (líquido que contenha álcool etílico em sua composição),
• ou outros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica (ex.1: remédio de
venda controlada; ex.2: cola de sapateiro).

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Dos Crimes (Parte II)

Bem jurídico: saúde física e psíquica das crianças e adolescentes.


Sujeito ativo: pode ser praticado por qualquer pessoa (crime comum).
Sujeito passivo: a vítima deve ser pessoa menor de 18 anos (criança ou adolescente).
Elemento subjetivo: dolo (direto ou eventual).
Obs.1: não se exige elemento subjetivo especial (“dolo específico”).
Obs.2: não haverá crime se o sujeito agiu apenas com culpa.
A questão do dolo eventual:
O tipo penal do art. 243 do ECA não admite a forma culposa. No entanto, importante ressaltar
que o sujeito poderá responder pelo delito caso tenha agido com dolo eventual.
Consumação: O delito é formal (não depende, para a sua consumação, da ocorrência de um
resultado naturalístico). Assim, tendo havido a venda, fornecimento, entrega etc. o crime já se con-
sumou, mesmo que a criança ou adolescente não ingira a bebida ou use o produto. Repetindo: não
se exige o efetivo consumo para que o delito se consuma. Também não é necessário que a vítima
tenha algum problema de saúde por conta da substância. O delito é formal, basta a conduta, não
se exigindo resultado. Trata-se de crime de perigo.
Tentativa: é possível.
1. Se o agente fornecer bebida alcoólica que não será consumida pela criança ou adolescente, haverá o crime?
Ex: Joãozinho, 15 anos, vai até a mercearia do bairro comprar cerveja para seu pai. Se houver a venda,
mesmo que fique provado que a bebida não era para o jovem, haverá o delito?
SIM. O delito é formal, ou seja, não depende, para a sua consumação, da ocorrência de um resultado na-
turalístico. Assim, tendo havido a venda, fornecimento, entrega etc., o crime já se consumou, mesmo que
a criança ou adolescente não ingira a bebida ou use o produto. O tipo penal não exige que a criança ou o
adolescente seja o destinatário final da bebida ou produto. O legislador quer antecipar a proteção e evitar
que a criança ou adolescente tenha acesso a tais mercadorias.
2. Se o pai, a título de brincadeira, permite que o filho, criança ou adolescente, dê um gole em sua bebida
alcoólica, haverá crime?
Em tese, sim. A referida conduta preenche formalmente os requisitos típicos do art. 243 do ECA. O fato de
ser pai ou mãe da criança ou do adolescente não confere ao genitor(a) livre disponibilidade sobre a saúde
do(a) filho(a). Segundo a literatura médica, não existem níveis seguros de ingestão de álcool para pessoas
menores de 18 anos. Em outras palavras, por menor que seja o consumo, ele já tem o potencial de causar
danos à saúde física e/ou psíquica da criança ou adolescente.
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente
fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar
qualquer dano físico em caso de utilização indevida:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.

DONO DE LOJA DE FOGOS DE


ARTIFICIO VENDE ROJÃO PARA UM
EXEMPLO
ADOLESCENTE PARA COMEMORAR
A VITORA DE SEU TIME.

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Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA
Dos Crimes (Parte II)

Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2 o desta Lei, à prostituição ou
à exploração sexual: Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e valores utilizados na
prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado
ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé.
§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a
submissão de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo.
§ 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do
estabelecimento.
Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2º desta Lei, à prostitui-
ção ou à exploração sexual: REVOGADO TACITAMENTE PELO ARTIGO 218-B DO CP (Lei 12.015/09)
Conduta: Submeter (impor coativamente ou moralmente) a vítima à prostituição, ou à exploração
sexual.
Prostituição: Atos sexuais habituais com finalidade de lucro.
Exploração sexual: Atos sexuais isolados com finalidade de lucro. Diferenciação feita pelo Nucci.
O crime independe de violência ou grave ameaça. Se houver, responde pela violência e grave
ameaça, sem prejuízo também da pena pelo crime sexual.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, inclusive pais ou responsáveis.
Se a exploração ocorre em estabelecimentos empresariais, também responderá pelo crime o
proprietário, gerente ou responsável pelo local (§1º).
Efeito obrigatório da condenação: Cassação do alvará de funcionamento do estabelecimento.
Elemento subjetivo: Dolo. Não existe forma culposa.
Nucci: A finalidade de lucro não precisa ser para o próprio infrator. Muitas vezes o lucro reverte
em favor da própria vítima. Ex: O pai submete a filha à prostituição para que o dinheiro seja utilizado
em sua subsistência.
Consumação: Se dá com a simples submissão da criança ou adolescente à prostituição ou ex-
ploração, não se exigindo que haja prejuízo à sua formação moral (crime formal).
Tentativa: Nucci diz que é possível.
PROCESSO PENAL E PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO.
FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE VULNERÁVEL. ART. 244-A
DO ECA. NULIDADE. PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF. VIOLAÇÃO DO SISTEMA ACUSATÓRIO NÃO EVIDENCIA-
DA. ABSOLVIÇÃO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. "CLIENTE EVENTUAL“ DE MENOR DE 18 E MAIOR DE 14 ANOS JÁ
INSERIDA NA PROSTITUIÇÃO. CRIME ANTERIOR À LEI 12.015/2009. ÓBICE À RETROAÇÃO DA LEI PENAL
PREJUDICIAL AO RÉU. WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
6. Embora a Constituição Federal tenha estabelecido o princípio da proteção integral do menor (CF, arts.
227, caput, c/c o 4º), antes do advento da Lei n. 12.015/2009, que introduziu o novel tipo penal do art.
218-B do CP, a conduta do chamado "cliente ocasional" de adolescente maior de 14 anos e menor 18 anos,
já submetido a exploração sexual, não era considerada típica, por não se subsumir ao art. 244-A do ECA.
7. O art. 218-B estabeleceu, em seu § 2º, que incorre nas mesmas penas do caput "quem pratica conjunção
carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação
descrita no caput deste artigo". In casu, porém, percebe-se que as condutas foram perpetradas entre janei-
ro e abril de 2007, ou seja, antes da entrada em vigor da Lei n. 12.015/2009. Nesse contexto, não sendo

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Dos Crimes (Parte II)

admissível a retroação da lei penal desfavorável ao réu (CF, art. 5º, XL), impõe-se o reconhecimento da
atipidade das condutas descritas na peça acusatória quanto ao ora paciente.
8. Conquanto o paciente tenha realizado pelo menos três "programas“ com as adolescentes - condutas
manifestamente atentatórias à integridade física, psíquica e moral das menores - importa reconhecer,
repita-se, que tal comportamento não se adequa ao verbo "submeter" para fins do art. 244-A do ECA, sendo
certo que a novel legislação, que derrogou tal dispositivo de lei, trazendo maior repressão à prostituição
infanto-juvenil e ao chamado "turismo sexual", somente entrou em vigor anos após os fatos apurados no
processo-crime ora em exame.
9. Writ não conhecido. Habeas corpus concedido, de ofício, para reconhecer a atipicidade das condutas
descritas na peça acusatória e, por consectário, absolver o paciente, com fulcro no art. 386, III, do CPP.
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal
ou induzindo-o a praticá-la:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de
quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet.
§ 2º As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no caso de a infração cometida ou
induzida estar incluída no rol do art. 1 o da Lei n o 8.072, de 25 de julho de 1990 .
“A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da
efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal.”(Súmula 500,
Terceira Seção, julgado em 23/10/2013, DJe 28/10/2013)

AUTOR CONTUMAZ DE ROUBOS A


RESIDENCIAS AO PLANEJAR MAIS
UMA ATITUDE CRIMINOSA CHAMA
UM ADOLESCENTE DE 15 ANOS PARA
EXEMPLO
IR JUNTAMENTE COM ELE FAZER UM
ASSALTO NO BAIRRO CASTELO PARA
QUE O AJUDE A CARREGAR AS COISAS
ATÉ O CARRO.

É o crime de corrupção de menores, que era previsto na Lei 2.252/54. A referida lei foi expres-
samente revogada pela Lei 12.015/2009, que veio a acrescentar o art. 244-B ao ECA. O tipo penal
é o mesmo.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: Menor de 18 anos ainda não corrompido. Diz grande parte da doutrina que caso
o menor já esteja corrompido tratar-se-á de crime impossível: não é possível corromper quem já
está corrompido. Absoluta impropriedade do objeto material do crime (Nucci).
STJ entendimento contrário, possui, inclusive, súmula.
Súmula 500 STJ - A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva
corrupção do menor, por se tratar de delito formal.
Condutas: Corromper (perverter a vítima) ou facilitar a corrupção.

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Dos Crimes (Parte II)

Tipo penal de forma vinculada: Corrupção de forma vinculada. A corrupção se dá quando o agente
pratica uma infração penal com a vítima ou quando a induz a praticá-la. Ou seja, a consumação da
corrupção depende de prática de outra infração penal (crime ou contravenção).
Elemento subjetivo: dolo. Não existe forma culposa.
Consumação: Para os tribunais superiores o crime é formal, consumando-se quando o infrator
pratica a infração com o menor ou quando o induz a praticá-lo, mesmo que ele não fique efetiva-
mente corrompido.
STJ: O crime é de perigo, sendo desnecessária a demonstração de efetiva corrupção do menor
(REsp. 880.795/SP).
Corrente minoritária: o crime é material, pois só se consuma se houver a efetiva corrupção do
menor, não sendo suficiente a prática da infração penal.
Rogério Greco: O crime é material no verbo corromper (precisa efetiva corrupção); é formal no
verbo “facilitar a corrupção” (não precisa a efetiva corrupção).
Se o crime cometido for hediondo a pena é majorada. Quanto aos equiparados não há aumento.
“Estar incluída no rol do art. 1º da lei 8.072...”
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. PENAL. CORRUPÇÃO DE MENORES. PROVA DA EFETI-
VA CORRUPÇÃO DO INIMPUTÁVEL. DESNECESSIDADE. DELITO FORMAL. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA
DECLARADA DE OFÍCIO, NOS TERMOS DO ARTIGO 61 DO CPP.
1. Para a configuração do crime de corrupção de menores, atual artigo 244-B do Estatuto da Criança e do
Adolescente, não se faz necessária a prova da efetiva corrupção do menor, uma vez que se trata de delito
formal, cujo bem jurídico tutelado pela norma visa, sobretudo, a impedir que o maior imputável induza ou
facilite a inserção ou a manutenção do menor na esfera criminal.
2. Recurso especial provido para firmar o entendimento no sentido de que, para a configuração do crime de
corrupção de menores (artigo 244-B do ECA), não se faz necessária a prova da efetiva corrupção do menor,
uma vez que se trata de delito formal; e, com fundamento no artigo 61 do CPP, declarar extinta a punibili-
dade dos recorridos Peter Lima Mendes e Fleurismar Alves da Silva, tão somente no que concerne à pena
aplicada ao crime de corrupção de menores.
A configuração do crime do artigo 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do
menor, por se tratar de delito formal. (Para a configuração do crime de corrupção de menores não
se faz necessária a prova da efetiva corrupção do menor, basta para a sua configuração que o
agente pratique ou induza o menor a praticar uma infração penal, sendo desnecessária a compro-
vação de que o adolescente foi efetivamente corrompido, ainda que o adolescente possua outros
antecedentes infracionais.)

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Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA
Dos Crimes (Parte II)

Caiu na Prova

1. Prova: Prefeitura de Arapiraca - AL - 2019 - Prefeitura de Arapiraca - AL - Monitor Psicossocial


Uma das formas utilizadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) para ampliar sua prote-
ção foi a tipificação de crimes e infrações administrativas. Assinale a alternativa que NÃO apresenta um crime.
a) Deixar o encarregado do serviço ou o dirigente do estabelecimento de atenção à saúde de gestante
responsável por manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta
Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de
nascimento, em que constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato.
b) Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante
de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente.
c) Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato
ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo à criança ou ao adolescente a
quem se atribua ato infracional.
d) Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento.
e) Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda, em virtude de lei ou ordem
judicial, com o fim de colocação em lar substituto.
2. Ano: 2013 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: MPE-SC - 2013 - MPE-SC - Promotor de Justiça - Manhã
O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece expressamente como crime a conduta específica de as-
sediar, aliciar, constranger ou instigar, por qualquer meio de comunicação, criança ou adolescente, com o fim
de praticar ato libidinoso, incluindo, nas mesmas penas e a título de conduta equiparada, quem facilita ou
induz o acesso à criança ou adolescente de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o
fim de praticar ato libidinoso; e pratica as condutas descritas com o fim de induzir criança ou adolescente a
se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita.

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Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA
Dos Crimes (Parte II)

Gabarito

1. Letra C.
2. Errado.

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