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Curso de Avaliação do Impacto Ambiental

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1. Introdução

1.1. Problemas Ambientais

A terra vive há sensivelmente 4,5 biliões de anos e a vida é um bilião de


anos mais jovem (Corson, W., ed., 1993). No início, quando o homem existiu
há cerca de 2 a 4 milhões de anos, os recursos naturais eram suficientes, as
relações homem natureza eram excelentes e esta dispunha de capacidade
suficiente para assimilar todos produtos secundários e resíduos nela
depositados. Porém, com o crescimento rápido da população, a civilização
crescente e a necessidade do desenvolvimento acelerado da economia das
nações, pouco a pouco a natureza começou a não responder a ambição da
humanidade e há evidências claras dos problemas ambientais a escala
global.

O Planeta do Ano (Planet of the Year) citado por Corson no manual global de
ecologia, referiu que o ano de 1988 a terra falou e sua mensagem assumiu
várias formas desde ondas de calor, seca, perdas de culturas, fogo nas
florestas, cheias e ciclones, poluição nas praias e destruição da camada de
ozono (Corson, W. ed., 1993).

As causas para estes problemas estão relacionadas, por exemplo, na


agricultura com a irrigação imprópria que degrada o lençol de água
prejudicando os solos e uso de produtos químicos que poluem os cursos de
água. O desflorestamento provoca cheias, erosão, seca, deslocamento de de
populações e extinção de culturas. Os recursos costeiros e oceânicos estão
afectados devido a pesca excessiva que, colapsa as áreas de pesca e
extinção de espécies como baleias, dugongos e golfinhos. O derramamento
de petróleo, esgoto doméstico, efluentes industriais e o desenvolvimento de
um turismo selvagem ou pelo menos desregrado é outra causa da poluição
da costa e dos oceanos. As reservas de água doce estão sendo poluídas com
efluentes domésticos, industriais e produtos químicos usados na agricultura.
Por outro lado a maior demanda de água está reduzindo reservas do lençol
de água, o que propicia o esgotamento do recurso ou salinização dos solos.
O consumo crescente de combustíveis fósseis contribui para a poluição do
ar afectando a saúde pública e a estabilidade do clima. O uso de energia, o
desflorestamento e a produção industrial contribuem em grande medida
para a poluição do ar que está ameaçando plantas, animais e alteram o clima
do globo: os Óxidos de nitrogénio e enxofre contribuem para chuvas ácidas.
O Dióxido de carbono contribui para o efeito de estufa e o aquecimento da
terra. Os Clorofluorcarbonetos afectam a camada do ozono. Da actividade
humana são gerados resíduos e substancias nocivas a saúde humana.

Os problemas ambientais acima mencionados variam desde directos como é


o caso da poluição das águas durante as actividades de pesquisa e
exploração de minerais e hidrocarbonetos e indirectos como as doenças
resultantes do consumo desta água poluída. Alguns problemas ambientais
podem ser considerados insignificantes quanto considerados para projectos
específicos, por exemplo as pesquisas de gás natural de uma Sasol, mas

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poderão ser significativos e cumulativos se considerarmos o conjunto de


pesquisas como um todo a acontecerem no país. Os impactos podem ser de
um único pais, enquanto outros podem ultrapassar fronteiras e alcançarem
outras nações.

Para a gestão destes problemas será necessário um entendimento dos


diversos impactos ambientais. Os impactos ambientais podem variar quanto
a natureza, magnitude, extensão, tempo, duração, probabilidade,
reversibilidade e significância (Ridgway, B. et al.,1996).

1.2. Desenvolvimento Sustentável e Avaliação do Impacto Ambiental

Existe uma forte relação e dependência inevitável entre o desenvolvimento


e a exploração dos recursos naturais. ”O ambiente é a espinha dorsal da
economia, a fonte da sobrevivência e a fonte da riqueza de uma nação”
(Ridgway, B. et al., 1996). A história mostra que o desenvolvimento, a
civilização, os tempos e a cultura dos povos foi definido e determinado pela
descoberta, exploração e uso de certos minerais, nomeadamente a Idade da
Pedra, Idade do Bronze, Idade do Ferro, etc. Sabe – se, no entanto, que
quanto maior e complexa a sociedade, de forma proporcional, aumenta a
demanda dos recursos naturais, mas estes sempre permanecem um recurso
finito ou pelo menos reduz a sua capacidade e velocidade de reposição
(Corson, W. ed., 1993).

Dada a necessidade de dar resposta os problemas ambientais é criada em


1983, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CMMAD), presidido pela Primeira-ministro Norueguês, Gro Harlem
Brudtland. Dos estudos, pesquisas e consultas a diversos níveis em 1987, é
produzido o relatório, designado do Inglês “Our Common Future” (Nosso
Futuro Comum), sobre a saúde ambiental do mundo e as propostas de
solução. O relatório citado por Corson descreve o desenvolvimento
controlado como sendo “não um estado fixo de harmonia, mas sim um
processo de mudanças no qual a exploração dos recursos, a gestão de
investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e as mudanças
institucionais são compatíveis com o futuro, bem como as necessidades do
presente” (Corson, W. ed., 1993). É neste relatório que foi definido o
conceito desenvolvimento sustentável.

O desenvolvimento sustentável é definido como sendo o desenvolvimento


para suprir as necessidades das gerações presentes sem comprometer as
necessidades das gerações futuras (Ridgway, B. et al.,1996). É um plano a
longo prazo de exploração de recursos naturais incluindo recursos minerais
e geologicos tendo em conta a sua importância para a nossa vida diária e
admitindo a sua finidade (Corson, W. ed., 1993). Quer dizer, por exemplo,
ao extrair minerais da prata ou de ouro ou extraindo combustiveis fosseis
como o carvão mineral ou gás natural, para responder as necessidades da
população actual, independentemente da sua dimensão e da dimensão das
suas necessidades, ela deve ser feita de tal maneira que, a população de
amanhã possa ter as reservas deste mesmo recurso disponível para

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responder as suas necessidades nessa altura. A história deve demonstrar


que este recurso natural ou mineral foi pesquisado, descoberto e explorado
no passado (de forma sustentável) e nessa altura as reservas não foram
esgotadas pelos que a exploravam, exactamente para que nesse presente
momento, esta geração tivesse acesso a este mesmo recurso.

O desenvolvimento sustentável é reconhecer (Corson, W. ed., 1993, p.54):


 Qualidade ambiental e desenvolvimento económico estão
interligados, e o ambiente e a economia devem estar integrados
desde o início dos processos de formulação de decisões.
 Degradação ambiental está interligada com a exploração de recursos
naturais. Por exemplo, o uso do mercúrio (metal pesado) por
garimpeiros para a mineração significa poluição das águas, significa
também degradação dos solos agricultáveis e sérios riscos na saúde
da população.

Assim que a população cresce, associada as pressões da industrialização,


urbanização e o aumento do uso da base de recursos naturais, medidas
adequadas deverão ser consideradas para o uso prudente dos recursos
disponíveis. As novas tecnologias e o conhecimento científico são uma das
maneiras de compatibilizar as acções humanas e as leis naturais (Corson, W.
ed., 1993, p.54). Porém, um dos instrumentos valiosos para uma boa gestão
de recursos é a Avaliação do Impacto Ambiental (AIA).

A AIA é um instrumento que pode prever, evitar, minimizar ou maximizar


impactos de uma proposta de actividade, usar de forma sustentável os
recursos reduzindo os custos do projecto e fornecer informação acerca dos
efeitos da actividade para a tomada de decisão.

A Avaliação do Impacto Ambiental pode (Ridgway, B. et al., 1996, p.67):


 Modificar e melhorar o desenho da proposta de projecto;
 Assegurar o uso eficiente dos recursos;
 Melhorar os aspectos sociais relacionados com a proposta;
 Identificar medidas para mitigar, monitorar e gerir os impactos;
 Facilitar uma tomada de decisão informada.

1.3. História de Avaliação do Impacto Ambiental

O desenvolvimento económico e a crescente exploração dos recursos


naturais, associado aos problemas ambientais na década de 50 e 60,
começou a criar a consciência ambiental nos países desenvolvidos.
Inicialmente, as actividades passavam por uma análise técnica e puramente
económica de custo benefício. Porém, a experiência mostrou que a
implantação destas actividades levantavam questionamentos sérios em
termos ambientais que não encontravam resposta nas análises ora
realizadas. É deste modo que, nesses países, a sociedade civil exigiu que as
actividades de desenvolvimento tivessem em consideração os efeitos
ambientais negativos durante a tomada de decisão.

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Esta exigência, teve o seu impacto nos Estados Unidos da América, onde os
movimentos ambientalistas conseguiram mobilizar a população e
persuadiram o governo a aprovar em 1969, a Lei Ambiental Federal
“National Environmental Protection Act (NEPA)”, considerada por Canter de
‘Uma Carta Magma do Ambiente’ (Canter, L., 1996), uma lei cujos objectivos
e princípios asseguravam que toda actividade considerasse aspectos
ambientais através de uma declaração das principais consequências durante
a sua implementação. Esta avaliação deveria conter dentre outros aspectos,
o impacto ambiental provável da actividade, os impactos ambientais que
não podem ser evitados e as alternativas a acção proposta. Deste modo, a
planificação dos projectos e a tomada de decisão deveria incluir aspectos
técnicos, económicos, ambientais e sociais (Moreira Dias, I., 1993).

Com a aprovação do NEPA que viria a entrar em vigor em 1970, a avaliação


do impacto ambiental expandiu rapidamente e foi sendo aplicada em muitos
países do mundo, sendo até exigências de agências doadoras e de
financiamento. Por exemplo, o Canada foi o segundo país a aplicar a
avaliação do impacto ambiental em 1973, enquanto que na Europa, a Franca
foi o primeiro país a instituir a avaliação do impacto ambiental em 1976
(Moreira Dias, I., 1993).

As conferências internacionais foram um grande contributo para que muitos


países avançassem rapidamente e implementassem a avaliação do impacto:
o Clube de Roma em 1970 e a Conferência de Estocolmo em 1972,
reconheceram a escassez de recursos naturais e a vulnerabilidade
económica. Em 1980, o Relatório de Brundtland introduziu o conceito de
desenvolvimento sustentável. Na Conferência do Rio em 1992, os países
comprometeram- se, por exemplo, a preservar a Biodiversidade (Sadar, M.,
1996)

Em Moçambique, os aspectos ambientais nunca mereceram alguma


importância relevante no passado. Por exemplo, as pesquisas e exploração
do carvão de Moatize, as pesquisas de hidrocarbonetos em Pande, Temane e
Lago Niassa, as pedreiras e areeiros espalhados por este país, as estradas,
pontes e outras infra-estruturas com impactos negativos sobre o ambiente,
só para citar alguns, foram realizados sem considerar os impactos que
advinham da sua implantação. Nessa altura, os princípios de protecção
ambiental restringiam- se a algumas poucas áreas, que incluíam a costa, as
florestas e a fauna bravia(MICOA, 1999).

O Programa de Gestão Ambiental indica os seguintes passos da


institucionalização da gestão ambiental em Moçambique (MICOA, 1999):

 1982: Criação da Unidade de Gestão Costeira (UGC) no antigo


Instituto de Planeamento Físico (INPF)
 1985: Unidade de Gestão Costeira com apoio do PNUMA e IUCN
propõe a criação do Conselho do Ambiente, composto por um
Secretariado e recursos financeiros.

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 1987: O Ministro dos Recursos Minerais é designado para dirigir a


institucionalização da gestão ambiental em Moçabique.
 1991: Criação da Divisão do Meio Ambiente no antigo INPF
 1992: Criação da Comissão do Meio Ambiente após análise e
discussão sobre o estado do ambiente e as recomendações saídas da
Conferencia da Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento
 Em 1994: Criado o Ministério para a Coordenação da Acção
Ambiental (MICOA).
 1997: Aprovação da Lei do ambiente (Lei 20/97, de 29 de Dezembro)
e o primeiro Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto
Ambiental aprovado em 1998 e revogado para o Decreto 45/2004
institucionalizando legalmente a Avaliação do Impacto Ambiental.

Desde a sua institucionalização no mundo, a Avaliação do Impacto Ambiental


evoluiu bastante com a reformulação do conceito ambiente, passando desde
um instrumento que defendia uma causa puramente ecológica, onde as
análises feitas concentravam - se bastante nos aspectos biofísicos, para uma
análise integrada que considera todos aspectos não só biofísicos, como
também sócio económicos e de saúde humana.

2. Conceitos de Avaliação do Impacto Ambiental

Um dos objectivos de AIA é determinar na fase inicial de planificação


(estudos de pré viabilidade técnica e análise de custo beneficio), os
potenciais efeitos das propostas de actividade sobre os meios biofísico,
sócio – económico e na saúde humana, durante as diversas fases de
implementação e desactivação, de modo a implementar medidas para
evitar, minimizar os impactos negativos e maximizar os positivos e
identificar alternativas de localização, de processo, de tecnologia ou de não
prosseguir com a actividade. O seu propósito é avaliar o ambiente de
inserção da actividade e as implicações sociais (negativas e positivas) de
implementar uma determinada actividade antes das decisões serem
irrevogáveis. Esta avaliação deve considerar os objectivos económicos da
proposta de modo a tomar uma decisão balanceada (Sadar, M., 1996)

A literatura dispõe de varias definições de AIA. Porém, para o presente


contexto, a AIA pode ser definida como:

…um processo de carácter preventivo de gestão ambiental que analisa


todos efeitos negativos e positivos que podem resultar das diversas fases de
implementação de uma proposta de actividade no ambiente biofísico, sócio
económico e na saúde humana, e comunica de forma clara aos afectados,
interessados e decisores antes que a tomada de decisão seja irrevogável.

…uma actividade que identifica, prevê, interpreta e comunica informação,


propondo medidas de evitar impactos irreversíveis, minimizar os impactos
negativos e maximizar os positivos das propostas de desenvolvimento na

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saúde humana, bem estar dos ecossistemas de que depende a


sobrevivência do homem (Sadar, M., 1996)

…o exame sistemático das consequências ambientais de projectos, políticas,


planos e programas. O seu principal objectivo é de fornecer os decisores
um levantamento das implicações de acções alternativas antes da tomada de
decisão (Ridgway, B. et al.,1996).

De acordo com Sadar, os aspectos chave da AIA incluem por um lado, o


exame de opções ou alternativas de levar a cabo uma actividade (incluindo
o de não implementar) propondo recomendações de continuar, alterar ou
abandonar se os impactos significativos não podem ser evitados. Por outro
lado se o projecto prossegue, a AIA deve propor caminhos de evitar ou
mitigar os impactos previstos, monitorizando ambas as previsões e medidas
de evitar ou de mitigação, respondendo aos resultados de monitorização
através de acções preventivas e correctivas (Sadar, M., 1996)

Actividade: é qualquer acção, de iniciativa pública ou privada, relacionada


com a utilização ou exploração de componentes ambientais, aplicação de
tecnologias ou processos produtivos, planos, programas, actos legislativos
ou regulamentos, que afectam ou podem afectar o ambiente.

Ambiente: é o meio em que o homem e outros seres vivem e interagem


entre si e com o próprio meio e inclui:
 terra, água, ar, incluindo todas camadas da atmosfera
 toda matéria orgânica e inorgânica e organismos vivos
 todas condições sociais, económicas e culturais que afectam a vida
das comunidades
 os ecossistemas, a biodiversidade e suas relações ecológicas

Gestão Ambiental: é o uso racional e sustentável dos recursos ou


componentes ambientais, incluindo o reuso, a reciclagem, protecção do
ambiente. A gestão ambiental inclui actos administrativos e legislativos,
acções económicas, investimentos, com a finalidade de recuperar a
qualidade do ambiente, assegurar a produtividade dos recursos e o
desenvolvimento social (Moreira Dias, I. 1993).

Poluição: é qualquer deposição, no ambiente, de substâncias ou resíduos,


independentemente da sua forma, bem como a emissão de luz, energia, de
tal modo e em quantidade tal, que afecta negativamente. Uma simples
deposição não pode ser chamada de poluição, até que os limites
permissíveis sejam ultrapassados (padrões de qualidade ambiental).

Qualidade Ambiental: é o estado do ambiente, numa determinada área ou


região, conforme é percebido objectivamente, em função da medição da
qualidade de alguns dos seus componentes, ou mesmo subjectivamente, em
relação a determinados atributos, nomeadamente, a beleza, o conforto, o
bem estar, etc. (Moreira Dias, I., 1993)

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Impacto Ambiental: é qualquer mudança no ambiente biofísico ou no


ambiente sócio económico causado por uma actividade directa, do passado
ou proposta, especialmente com efeitos na água, no ar, e na saúde das
pessoas.

Os impactos ambientais variam quanto ao tipo e natureza, magnitude,


extensão, período, duração, incerteza (probabilidade), reversibilidade e
significância.

Tipo e natureza: os impactos podem ser no meio biofísico, social,


económico. Podem ainda ser directos ou indirectos, cumulativos ou
sinérgicos.

Directo: quando resulta de uma simples relação de causa e efeito, também


chamado impacto primário ou de primeira ordem.

Indirecto: quando é uma relação secundária em relação a acção, ou quando


é parte de uma cadeia de acções.

Cumulativos: são os impactos obtidos da acção combinada de dois ou mais


impactos. Aplica- se igualmente para o impacto causado por substâncias
químicas que tem as características de se acumularem nos organismos vivos.

Sinérgicos: são os impactos obtidos da acção combinada de dois ou mais


impactos cujo efeito obtido é maior do que a soma dos efeitos individuais.

Negativo: quando a acção resulta em dano da qualidade de um factor ou


parâmetro ambiental.

Positivo: quando a acção resulta na melhoria da qualidade de um factor ou


parâmetro ambiental.

Magnitude ou grandeza: é a medida da mudança de valor de um factor ou


parâmetro ambiental, em termos quantitativos ou qualitativos, provocada
por uma acção humana. Por exemplo, a concentração da matéria orgânica
poderá variar de 20 mg/l para 150 ml/l devido a uma descarga de um
efluente industrial. A magnitude nesse caso seria a diferença entre os dois
valores. Em termos das suas consequências, os impactos podem ser
insignificantes, quando não precisam de medidas de mitigação ou
significantes quando necessitam de medidas de mitigação e monitorização.

Extensão (espacial): os impactos podem ter efeitos locais ou poderão ter


significância regional, transfronteiriça ou global como é o caso da emissão
de gases com efeito de estufa (Dióxido de carbono, Metano) que contribuem
para o aquecimento global.

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Período (temporal): os impactos podem ser sentidos imediatamente, ou as


evidências poderão ser verificadas depois de algum tempo. Por exemplo, a
exposição a substancias químicas cancerígenas ou radiação poderá ser
possível desenvolver o cancro depois de 10 a 20 anos ou mais tarde.

Duração: os impactos podem variar de curto, como o ruído durante a


construção, a permanente, como a reassentamento da população durante a
construção da barragem de Cahora Bassa.

Incerteza: os impactos poderão ambos variar na probabilidade e na


consequência de ocorrer, por exemplo a probabilidade de um derrame de
óleos poderá ser baixa, mas as consequências serem significantes.

Reversibilidade: alguns impactos podem ser reversíveis, ou ser possível


reabilitar depois de desactivação da actividade, enquanto outros podem ser
irreversíveis como a exploração de recursos minerais ou hidrocarbonetos.

Significância ou importância: é a ponderação do grau de significância em


relação ao factor ambiental afectado e os outros impactos. A significância
dos impactos nem sempre é relacionada com a sua magnitude. Por exemplo,
uma simples perturbação de um ninho de uma espécie rara pode ser
significante, enquanto grandes impactos poderão não necessariamente
serem muito significantes.

Pré Avaliação (Screening): avaliação inicial realizada normalmente pela


entidade competente em AIA para decidir quais actividades susceptíveis de
causar impactos e que necessitam de prosseguir para as fases seguintes de
AIA ou é o processo de selecção de acções susceptíveis de causar impactos
significativos no ambiente.

Âmbito (Scoping): é o processo através do qual se seleccionam as questões


ambientais significativas que podem ser afectadas pelos impactos
ambientais causados pelas acções seleccionadas para a definição dos
Termos de Referencia (TdR) que conduzirão o Estudo de Impacto Ambiental
(EIA).

Termos de Referencia (TdR): é o documento que contém os parâmetros e


informações específicas que deverão orientar a elaboração do EIA

Estudo do Impacto Ambiental (EIA): é a componente de AIA que analisa


técnica e cientificamente as consequências que irão resultar da implantação
de uma actividade no ambiente.

Área de Influência: é o espaço geográfico directo ou indirectamente


afectado pelos impactos de uma actividade.

Situação Ambiental de Referência: é o estado da qualidade das componentes


ambientais e das suas interacções conforme se apresentam na área de
influência de uma actividade, antes da sua implantação.

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Avaliação: identificação, análise e avaliação da significância dos impactos


Mitigação: desenvolvimento de medidas para prevenir, reduzir ou
compensar os impactos que causariam danos ao ambiente.

Monitorização: verificação da implementação das medidas de mitigação se


ocorrem de acordo com as previsões, incluindo a conformação dos
parâmetros previstos com os limites e padrões de qualidade ambiental
acordados e a implementação de acções correctivas onde for necessário.

Plano de Gestão Ambiental: é documento que contém informação sobre


como os proponentes se propõem a gerir os impactos, implementar as
medidas de mitigação e o programa de monitorização dos diferentes
aspectos e preocupações identificados durante o Estudo do Impacto
Ambiental. São incluídos os programas de treinamento, educação ambiental,
respostas às situações de risco e emergência.

Relatório do Estudo do Impacto Ambiental (REIA): apresentação dos


resultados da Estudo do Impacto Ambiental num formato aceitável.

Participação pública: tipicamente ocorre durante a definição do âmbito e a


revisão do Relatório de Estudo de Impacto Ambiental. Porém, pode
acontecer noutras fases do processo. Ela pode compreender uma simples
transmissão de informação sobre o projecto e seus impactos ou o
envolvimento público no processo de tomada de decisão.

Auditoria Ambiental: é a verificação do estado de saúde ou desempenho


ambiental de um determinado empreendimento, realizada de forma
sistemática, documentada e objectiva dos seus processos de controlo e
protecção do ambiente durante as diferentes fases de implementação da
actividade.

3. Valores e Princípios de AIA

3.1.Os Três Valores Centrais da AIA (Ridway, B. et al., 1996):


 Sustentabilidade: o processo de AIA deverá resultar na salvaguarda
do ambiente.
 Integridade: o processo de AIA deverá conformar se ou estar de
acordo com os limites e padrões acordados.
 Utilidade: o processo de AIA deverá providenciar uma informação
credível e balanceada para a tomada de decisão.

3.2.Os Oito Princípios que Guiam a AIA (Ridgway, B. et al.,1996):


 Participação: todas partes interessadas e afectadas deverão ter acesso
ao processo de AIA a tempo e de forma adequada.
 Transparência: todas as bases para as decisões tomadas deverão ser
abertas e acessíveis.
 Certeza: o processo e o período de avaliação deverá ser previamente
acordado e seguido por todos os participantes.

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 Responsabilidade: os decisores são responsáveis por todas decisões


que tomam sobre o processo de avaliação.
 Credibilidade: a avaliação deverá ser realizada com profissionalismo
e objectividade.
 Custo eficácia: todo o processo de avaliação e seus resultados
deverão assegurar a protecção ambiental no menor custo possível a
sociedade.
 Flexibilidade: o processo de avaliação deverá ser capaz de adaptar se
eficaz e efectivamente com qualquer proposta ou qualquer situação
de tomada de decisão.
 Praticabilidade: a informação e os resultados providenciados pelo
processo de avaliação são úteis para a tomada de decisão e
planificação.

3.3. Alguns Princípios de AIA (Ridgway, B. et al.,1996)

A AIA deverá ser aplicada:


 Para actividades susceptíveis de causar impactos significativos no
ambiente ou adicionar os efeitos cumulativos previstos.
 Como um instrumento primário de gestão ambiental que assegura
que os impactos da proposta sejam minimizados, evitados ou
reabilitados.
 Na base de papel e responsabilidades definidas para os diferentes
actores envolvidos no processo.

A AIA deverá ser levada a cabo:


 Durante o ciclo do projecto, no início da fase da concepção e desenho
da actividade
 Consistente com a aplicação de boas práticas, ciência e tecnologias
de mitigação.
 Participação pública e consulta às comunidades, grupos ou partes
directamente afectadas (partes afectadas e interessadas).

A AIA deverá considerar sempre que necessário:


 Todos factores relacionados, incluindo sociais e riscos na saúde
humana.
 Efeitos cumulativos, a longo prazo e a larga escala
 Alternativas de localização, tecnologias à proposta
 Consideração da sustentabilidade incluindo produtividade de
recursos, capacidade de assimilação e diversidade biológica

A AIA deverá resultar em:


 Informação verdadeira e apropriada da natureza, probabilidade e
significância dos potenciais impactos, riscos e consequências da
proposta e alternativas
 Preparação de um relatório de estudo do impacto ambiental com
informação clara, perceptível para a tomada decisão, incluindo
referências das quantificações, limites fiéis das predições feitas

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A AIA deverá fornecer bases para:


 Tomada de uma decisão ambientalmente sã onde os termos e as
condições estão claramente especificadas e obrigadas.
 Desenho, planificação e a construção de um projecto aceitável que
alcança limites e os objectivos de gestão dos recursos
 Acompanhamento do processo com os requisitos de monitorização,
gestão, auditoria e avaliação baseada na significância dos impactos,
das incertezas associadas às previsões e mitigação e oportunidades
para melhoramentos futuros

4. Benefícios, constrangimentos e demoras do processo de AIA

4.1.Os benefícios de uma AIA (Ridgway, B. et al.,1996)

Actividade ambientalmente sustentável em termos de melhoramento do


desenho, localização e uso de recursos.
A AIA possibilita a análise de possíveis alternativas do desenho, localização
e uso de recursos. Estes aspectos melhoram a implementação da actividade.
O melhor desenho da actividade pode minimizar doenças resultantes da sua
implementação reduzindo custos de tratamento e compensação.

Melhor cumprimento dos padrões de qualidade ambiental


A aderência aos padrões de qualidade ambiental reduz os impactos sobre o
ambiente e a probabilidade de multas.

Salvaguarda dos custos de investimento e de operação


Os custos poderão ser avultados se os impactos ambientais não tiverem sido
considerados inicialmente e ser necessário alterações futuras. Isto poderá
implicar na necessidade de alterações do projecto e aplicação de medidas
de mitigação com custos elevados para a sua rectificação.

Redução de tempo e custos para aprovação das actividades


Se todas as preocupações ambientais tiverem sido devidamente
consideradas antes da submissão do projecto, é improvável que a aprovação
leve tanto tempo.

Melhorada a aceitação da actividade pelo público


Considerando que o público terá sido envolvido na fase inicial do processo,
todas as suas preocupações teriam já sido consideradas e a actividade
aceitável. Deste envolvimento, o público aprende sobre os impactos
ambientais, pode influenciar a tomada de decisão e fica confidente com a
actividade.

4.2. Principais constrangimentos da AIA em Moçambique

Os constrangimentos são vários e a lista pode ser extensiva. Porém, são


indicados alguns constrangimentos:
 A AIA não é integrada na fase de planificação da actividade

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 Os EIA são documentos para formalizar o processo e obtenção da


licença ambiental
 Falta de coordenação inter sectorial
 Falta de capacidade técnica para certas actividades
 Falta de meios e recursos

4.3. Algumas causas da demora do processo de AIA

 A AIA começa muito tarde no ciclo da actividade


 Os TdRs são mal esboçados e elaborados
 A AIA não é gerida segundo o programado
 Os REIAs são inadequados e portanto precisam ser reformulados
 Ausência de dados técnicos

5. Quando é que a AIA deve começar?


Integração da AIA no processo de planificação

A AIA pode ser integrada no processo de planificação sob diversas formas,


designadamente sequencial, paralela e integrada.

Para a forma sequencial, a AIA é realizada depois da planificação de estudos


técnicos e económicos, enquanto na paralela, os estudos técnicos e
económicos são realizados em paralelo. Na integrada, tanto a planificação
técnica, económica e ambiental é realizada duma forma integrada (Sadar,
M., 1996)

6.Legislação ambiental aplicável no processo de AIA

(1) Aspectos globais

A AIA no geral deverá em primeiro lugar considerar os aspectos globais.


Estes referem – se, por exemplo, as Convenções Internacionais, Protocolos e
tratados rectificados ou assinados pelo país, que regulam assuntos
ambientais que afectam países, regiões e o mundo inteiro. São mencionados
no presente texto aquelas que foram julgadas relevantes, nomeadamente:

(a) Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas

Esta convenção preocupa- se com as actividades humanas (defrorestamento,


exploração e o uso de energia e combustíveis fósseis, tratamento de lixos,
etc) que aumentam os gases com efeito de estufa, que são os que absorvem
e reemitem a radiação infravermelha, e pelo facto desse aumento estar a
crescer o efeito de estufa natural, o que irá resultar num crescimento médio
adicional da superficie da terra.

Há muita incerteza nas previsões sobre as mudanças climáticas quanto ao


momento da sua ocorrência e sua amplitude.

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Curso de Avaliação do Impacto Ambiental
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Os mais afectados são os países com baixa altitude, os formados de


pequenas ilhas, países com áreas costeiras baixas, áridas ou semi áridas, ou
com áreas sujeitas a inundações, secas e desertificação, assim como os
países em desenvolvimento com ecossistemas montanhosos frágeis.

São objectivos da convenção a estabilização das concentrações na atmosfera


desses gases a um nível que evite uma interferência antropológica perigosa
com o sistema climático.

Algumas Definições

Reservatório: significa uma componente, ou componentes do sistema


climático em que um gás com efeito de estufa, ou um seu percursor, é
armazenado.

Sumidouro: significa qualquer processo, actividade ou mecanismo que


remove da atmosfera um gas com efeito de estufa, ou um seu percursor ou
aerosol.

Dentre várias obrigações, os países devem limitar as fontes de emissão de


gases com efeito de estufa, desenvolver reservatórios e sumidouros desses
gases através do conhecimento científico, tecnológico, técnico, sócio
económico.

(b) Protocolo de Quioto à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre


Mudanças Climáticas.

Tem em vista implementar os compromissos assumidos na Convenção sobre


as mudanças climáticas através de melhoramento de eficiências energéticas,
protecção e melhoramento de sumidouros e reservatórios dos gases com
efeito de estufa, formas sustentáveis da agricultura, aplicação de tecnologias
de absorção de Dióxido de carbono e utilização de energias renováveis,
limitar a emissão de gases com efeito de estufa (Dióxido de carbono,
Metano, Óxido nitroso, Hidroflurocarbonetos, Perfluorcarbonetos,
Hexafluoreto de enxofre).

Dentre vários, o Protocolo tem por objectivo limitar e/ou reduzir as emissões
de gases com efeito de estufa, através de medidas no sector do transporte e
reduzir e/ou limitar as emissões de metano através de sua recuperação e o
uso na gestão de residuos, bem como na produção, transporte e distribuição
de energia.

De acordo com o anexo A do protocolo, são os seguintes sectores e


categorias de fontes de energia que merecem atenção.

Combustão de combustível, emissões fugitivas de combustíveis


(combustíveis, resíduos sólidos, petróleo e gás natural), processos
industriais (produtos minerais, produção de metais, produção e consumo de
halocarbonetos e de hexafluoreto de enxofre), uso de solventes e de outros

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Curso de Avaliação do Impacto Ambiental
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produtos (gestão de estrume, cultivo do arroz, solos agrícolas, queimadas de


savanas e resíduos agrícolas), resíduos (deposição de resíduos no solo,
manuseamento de águas residuais, incineração de resíduos sólidos).

Deste modo, toda exploração de recursos costeiros e o seu uso deverão ter
em consideração estas obrigações.

(c) Convenção sobre a Diversidade Biológica

Preocupa- se com a redução da diversidade biológica e considera o seu


valor ecológico, genético, social, económico, científico e educacional. Os
seus objectivos são da conservação e utilização de forma sustentável.

Alguns conceitos

Diversidade Biologica: significa a variabilidade entre os organismos vivos


de todas origens, incluindo, entre outros, os ecossistemas terrestres,
marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos
quais fazem parte, compreende a diversidade dentro de cada espécie, entre
as espécies e dos ecossistemas.

Recursos biológicos: inclui recursos genéticos, organismos ou partes deles,


populações, ou qualquer tipo de componente biótico de ecossistemas de
valor ou utilidade actual ou potencial para a humanidade.

Ecossistema: significa um complexo dinâmico de comunidades vegetais,


animais e de organismos e o seu ambiente não vivo, interagindo como uma
unidade funcional.

Áreas protegidas: significa uma área geograficamente definida que tenha


sido designada ou regulamentada e gerida para alcancar objectivos
específicos de conservação.

Habitat: significa o local ou o tipo de sítio onde um organismo ou população


ocorre naturalmente,

Dada a relevancia da biodiversidade, toda exploração de recursos costeiros


e o seu uso não devem acontecer com impacto negativo a estes recursos.

(d) Convenção das Nações Unidas de combate a Desertificação nos países


afectados por seca grave e/ou desertificação, particularmente em África.
Preocupa-se com o impacto da desertificação e da seca nos países afectados
na Ásia e na Transcaucasia.

Tem por objectivo o combate à desertificação e a mitigação dos efeitos da


seca nos países afectados através de adopção de medidas eficazes a todos
níveis.

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Curso de Avaliação do Impacto Ambiental
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Por seca entende- se o fenómeno que ocorre naturalmente, quando a


precipitação registada e significamente inferior aos valores normais,
provocando um sério desequilíbrio hídrico que afecta negativamente os
sistemas de produção dependentes dos recursos da terra.

Uma das causas da seca e desertificação é a degradação dos solos por


factores naturais como os ventos e a água e por factores antropogénicos
como a destruição da vegetação.

(e) Convenção de Viena para a Protecção da Camada de Ozono

 Preocupa- se com a protecção da camada do Ozono e a redução de


substâncias que o destroem.
 Anexos: anexo I refere- se a investigação e observações sistemáticas
relativamente às alterações das quantidades de radiações
ultravioletas com efeitos biológicos (raios UV-B), as modificações na
distribuição vertical do ozono que pode alterar o perfil da
temperatura da atmosfera, com consequências no tempo e no clima. A
relação entre a exposição e o desenvolvimento do cancro da pele
 Substâncias de origem natural e antropogénica que se pensa que têm
um potencial para modificar as propriedades químicas e físicas da
camada do ozono: Monóxido e Dióxido de carbono, Metano, espécies
de hidrocarbonetos sem metano, Óxidos de nitrogénio (N2O, NOx),
compostos de Cloro que actuam como ClOx: alquenos totalmente
halogenados (CCl4, CFC3(CFC-11), alquenos parcialmente
halogenados (CH3Cl, CH3CCl3), compostos de bromo que actuam
como BOx: alquenos totalmente halogenados (CF3Br), o hidrogénio e
a água.

Protocolo de Montreal sobre as substâncias que destroem a camada do


Ozono. Preocupa- se em proteger a camada do ozono através de medidas
preventivas do controlo e redução das emissões.

(f) Resolução no 18/96, de 26 de Novembro: Convenção de Basileia sobre o


Controlo do movimento transfronteiriço de resíduos perigosos e sua
eliminação

Preocupa- se com o tráfico ilícito transfronteiriço de resíduos perigosos para


os países sem capacidade para o seu tratamento e deposição segura com
todos constituindo um atentado para o ambiente e para a saúde pública.

O objectivo geral da Convenção é de proteger a saúde e o ambiente


resultante dos efeitos adversos da geração, movimento transfronteiriço e
gestão de resíduos perigosos. Os dois pilares da convenção são o sistema
para o movimento transfronteiriço de lixos e a gestão segura de resíduos.

A convenção define as categorias de lixos considerados perigosos e as


características de risco para que sejam considerados perigosos de acordo
com os anexos I e III respectivamente.

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Curso de Avaliação do Impacto Ambiental
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Alguns resíduos abrangidos pela convenção incluem- se os de óleos


minerais, resíduos a base de alcatrão, resíduos de natureza explosiva,
resíduos contendo metais pesados como o Chumbo, Arsénio, Cádmio,
Mercúrio, compostos inorgânicos de fluor, etc.

(2) Leis

(a) Lei do ambiente (20/97, de 01 de Outubro)


Tem como objecto a definição das bases legais para uma utilização e gestão
correctas do ambiente e suas componentes, com vista a materialização de
um sistema de desenvolvimento sustentável. Um dos princípios e a utilização
e gestão raccionais das componentes ambientais, com vista a promoção da
melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e a manutenção da
biodiversidade e ecossistemas.

Artigo 9: Proibe poluir no território Moçambicano


 Proibido de poluir os solos, as águas, a atmosfera de qualquer
substâncias tóxicas bem como a prática de actividades que acelerem
a erosão, desflorestamento ou qualquer outra forma de degradação
ambiental
 Proíbe a exportação de resíduos perigosos

Artigo 12: Protecção da biodiversidade


 Proibe todas actividades que atentem contra a conservação,
reprodução, qualidade e quantidade de recursos biológicos,
especialmente os ameaçados de extinção.

Artigo 15: Licenciamento ambiental


 Todas actividades que pela sua natureza são susceptíveis de causar
danos no ambiente devem possuir uma licença ambiental
 A licença será emitida com base na avaliação do impacto
ambiental(AIA).

Artigo 16: Avaliação do Impacto Ambiental


 A AIA tem como base no estudo do impaco ambiental (EIA) realizada
por entidades credenciadas pelo governo
 Preve legislação específica para os procedimentos

Artigo 17: Conteúdo mínimo do EIA

(b) Lei de Águas (Lei 16/91, de 3 de Agosto)

Artigo 51

Contaminação entende- se como a acção ou o efeito de introduzir materiais,


formas de energia ou a criação de condições que, directa ou indirectamente,
impliquem uma alteração prejudicial da sua qualidade em relação aos usos
posteriores ou a sua função.

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Artigo 53: Actividades interditas

Sao interditas
 Efectuar descargas directa ou indirectamente que contaminem as
águas
 Acumular resíduos sólidos, desperdícios ou quaisquer outras
substâncias que contaminem as águas
 Actuar sobre o meio físico ou biótico afecto a água de modo a
degrada- lo
 Exercer, nas zonas de protecção estabelecidas, quaisquer actividades
que possam envolver perigo de contaminação ou degradação do
domínio público.

Artigo 54: Prevenção e controlo


 Toda a actividade susceptível de provocar contaminação ou
degradação do domínio público hídrico e em particular o despejo de
águas residuais, dejectos ou outras substâncias nas águas de domínio
público fica dependente de autorização especial e o pagamento de
uma taxa.

Artigo 55: Responsabilidade do poluidor


 Quem poluir responsabiliza- se a custear as despesas de reconstituir o
dano causado além de outras penalizações

Artigo 58: Protecção dos solos

 Fora das áreas de protecção da natureza, nos terrenos inclinados


próximos das fontes, de cursos de águas ou de se previna ou combata
a erosão, fica dependente de prévia autorização.

Artigo 61: Tratamento prévio de águas residuais


 As águas residuais não poderão ser evacuadas sem tratamento prévio
quando, no estado bruto, possam afectar o bom funcionamento da
rede pública de saneamento ou das instalações de depuração.

(c) Lei de Minas (Lei 14/2003, de 26 de Julho)


O capítulo II indica os títulos e as autorizações para a prospecção, pesquisa e
exploração de recursos minerais, os prazos, as condições de atribuição e os
direitos dos titulares. O capítulo III descreve os impostos e encargos
financeiros dos titulares. O capitulo V descreve a gestão ambiental de uma
actividade mineira: os instrumentos de gestão ambiental, a classificação
ambiental das actividades mineiras, normas de gestão ambiental, etc.

Artigo 15
 O início de qualquer trabalho de desenvolvimento ou de mineração
na área para a qual a concessão mineira é atribuida está sujeita: a
licença ambiental e autorização do uso e aproveitamento da terra
 Os proponentes devem cumprir com as exigências de protecção,
gestão e restauração ambiental nos termos da legislação em vigor

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Curso de Avaliação do Impacto Ambiental
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Artigo 35: Principios de gestão ambiental da actividade mineira


 A actividade mineira deve ser exercida em conformidade com as leis
e os regulamentos pertinentes ao uso e aproveitamento de recuros
minerais, bem como a protecção e preservação do ambiente,
incluindo os aspectos sociais, económicos e culturais, em vigor
Artigo 36: instrumentos de gestão ambiental
 Avaliação do impacto ambiental
 Programa de gestão ambiental
 O plano de gestão ambiental
 O programa de monitorização ambiental
 O programa de encerramento da mina
 A auditoria ambiental
 O programa de controlo de situação de risco e emergência

Artigo 37: Classificação ambiental das actividades mineiras


 Nivel I: as operações de pequela escala levadas a cabo por indivíduos
ou cooperativas, bem como a prospecção e pesquisas que não
involvam métodos mecanizados
 NivelI: extracção de materiais de construção (pedreiras e areeiros) e
prospecção e pesquisas que involvam equipamento mecanizado
 Nivel III: não incluidas nos níveis anteriores e que involvam
equipameno mecanizado

Artigo 38: Normas de Gestão Ambiental


 A gestão ambiental rege- se pelas normas básicas de gestão
ambiental para as actividades de nível I, plano de gestão ambiental
para o nível II e estudo do impacto ambiental para as actividades de
nível III
 As actividades de nível II estão sujeitas a aprovação do plano de
gestão ambiental pela entidade competente
 O processo de avaliação do impacto ambiental será regido por
regulamentação especifica.

(d) Lei de Florestas e Fauna Bravia (Lei 10/99, de 12 de Julho)


Artigo 10: zona de protecção
 As zonas de protecção são as áreas territoriais delimitadas,
representativas do património natural nacional, destinadas a
conservação da biodiversidade e de ecossistemas frágeis ou de
espécies animais ou vegetais.
 Zonas de protecção: parques nacionais, reservas nacionais e zonas de
uso e de valor histórico cultural

(f) Lei de Petróleos (Lei 3/2001, de 21 de Fevereiro)

Artigo 23: Protecção e segurança ambiental


 Os titulares dos direitos de pesquisa e produção de petróleo devem
assegurar que não haja danos ou destruições ecológicas, devendo

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submeter para aprovação os respectivos estudos do impacto


ambiental.
 Evitar a destruição de terrenos, do lençol freático, árvores, culturas,
edifícios ou outras infraestruturas e bens.
 Limpar os locais após o termo das operações petrolíferas e cumprir
com os requisitos para a restauração do ambiente

(3) Regulamentos

(a) Decreto 45/2004, de 29 de Setembro (Regulamento sobre o Processo de


Avaliação do Impacto Ambiental)

O Artigo 3, categoriza as actividades de acordo com os níveis de avaliação a


que devem ser submetidos e o Artigo 5, refere- se as actividades que estão
isentas da realização de um EIA.

O capítulo II aborda a Avaliação do Impacto Ambiental: (1) a instrução do


processo (Artigo 6), (2) a pré- avaliação (Artigo 7), (3) os critérios de
avaliação (Artigo 8), (4) a comissão técnica de Avaliação (Artigo 9), (5) o
estudo de pré- vialidade e definição do âmbito (Artigo 10, (6) Termos de
Referência (Artigo 11), (7) Estudo do impacto Ambiental (Artigo 12), (8)
Estudo Ambiental Simplificado (Artigo 13), (9) Processo de participação
pública (Artigo 14), (10) Revisão do Estudo de Pré- Viabilidade Ambiental e
Definição do Âmbito (Artigo 15), (11) Revisão do REIA (Artigo 16), (12)
Revisão do Estudo Ambiental Simplificado e (13) prazo para comunicação
dos resultados.

O capitulo III refere- se ao licenciamento ambiental e a caducidade e


validade da licença ambiental.

O capítulo IV indica a necessidade de registo de consultores, sua


responsabilidade bem como a responsabilidade dos proponentes.

 Artigo 6: Instrução do processo: o início do processo de AIA começa


com a apresentação ao MICOA da descrição da intenção da
actividade, sua justificação, o ambiente de inserção e as etapas de
realização do AIA.
 Artigo 7: Pré –avaliação: o MICOA de acordo com a natureza da
actividade e o meio de inserção, faz a verificação do enquadramento
da actividade nas listas A, B ou C dos anexos do regulamento.
 Artigo 10: Estudo de Pré -Viabilidade Ambiental e Definição do
Âmbito: caso o MICOA constate que a actividade enquadra- se nas
categorias B e A, a actividade prossegue com a elaboração dos
termos de referência para os estudos respectivos, designadamente
EAS ou EIA para a tomada de decisão. Para os de categoria C emite-
se a declaração de isenção.
 Artigo 12: Estudo do Impacto Ambiental: aprovados os Termos de
Referência pelo MICOA, os proponentes prosseguem com a

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realização do EIA, cujo relatório deve ser submetido para aprovação


pelo MICOA depois do processo de revisão.
 Artigo 16: Revisão do Estudo do Impacto Ambiental: O relatório do
EAS e do EIA são revistos por uma Comissão Técnica Provincial e
Nacional, respectivamente.
 Artigo 19: concluida a revisão e verificada a viabilidade ambiental da
activiadade é emitida a respectiva licença ambiental.
 Artigo 21: O estudo do impacto ambiental e realizado por consultores
ambientais credenciados pelo MICOA.
 Artigo 22: os consultores ambientais respondem civil e criminalmente
pelas informações prestadas nos EIA.
 Artigo 24: Fiscalização: o MICOA realizará inspecções e auditorias
ambientais para verificar a conformação da actividade com a
legislação e aderência das condições da aprovação da actividade.
 Os anexos: o anexo I refere- se as actividades de categoria A, anexo
II, as actividades de categoria B, o anexo III, as actividades de
categoria C. O anexo IV apresenta a informação prelimnar que os
proponentes deverão apresentar na instrução do processo para a pré
– avaliação

Decreto 42/2008, de 04 de Novembro, que altera os Artigos 5, 15, 18, 20, 24


e 28 do Decreto 45/2005, de 29 de Setembro

Artigo 5, atribui competências ao MICOA (DPCAs) a revisão do Plano de


Gestão Ambiental aos projectos de minérios classificados como de nível II,
no âmbito do Regulamento Ambiental da Actividade Mineira.

O Artigo 20, aborda matérias relacionadas com a caducidade das licenças: o


numero 2 preve que os proponentes possam renovar sua licença para as
actividades licenciadas e não implantadas ate noventa dias antes do termo
da valiadade. Os numeros 4 e 5, relacionam- se com a valiade da licença por
apenas cinco anos, o pagamento de taxas adicionais no acto da renocavao e
a necessidade de actualização do respectivo PGA.

O Artigo 24, prevê a necessidade de apresentação de um PGA para as


actividades auditadas que sejam classificadas como de categoria B.

O Artigo 25, incrementa as taxas de licenciamento e a necessidade de


pagamento para a aquisição da ficha de informação preliminar e a mudança
do nome para os projectos ja aprovados.

(b) Decreto 32/2003, de 12 de Agosto (Regulamento Relativo ao Processo de


Auditorias ambientais)
O Artigo 4, fala do objecto da auditoria ambiental, Artigo 5, as
competências, Artigo 6, auditoria pública, Artigo 7, Auditoria Privada, Artigo
10, relatório de uma auditoria ambiental, Artigo 11, auditores ambientais e
Artigo 12, licenciamento de auditores que queiram exercer esta actividade
em Moçambique.

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(c) Decreto 18/2004, de 02 de Julho (Regulamento sobre Padrões de


Qualidade Ambiental e de Emissão de efluentes)
O capitulo II refere- se a qualidade do ar relativo a as emissões industriais,
fontes móveis. O capítulo III indica a qualidade da água, sua categoria em
função dos seus usos, os parâmetros da água para diversas funções.
Enquanto o capitulo IV refere- se a qualidade dos solos e o capitulo V refere-
se a emissão dos ruídos. Os anexos dão os números ou níveis permissíveis
de descargas.

(d) Decreto 08/2003, de 18 de Fevereiro (Regulamento sobre a Gestão de


Lixos Bio médicos)
O capítulo II descreve a composição de um plano de gestão de lixos
biomédicos e as obrigações das unidades hospitalares, institutos de
investigação e empresas que manuseiam lixo biomédico. O capítulo III
descreve as maneiras que os diversos lixos gerados devem ser segregados
e armazenados. Enquanto o capítulo IV descreve as formas de transporte,
tratamento e deposição

(e) Decreto 13/2000, de 15 de Julho (Regulamento sobre a Gestão de


Resíduos)
 O Artigo 5 classifica os resíduos e os Artigo 6, descreve as categorias
de lixos. O Artigo 7 descreve a composição de um plano de gestão de
resíduos e o Artigo 8, os métodos de deposição, aproveitamento ou
valorização. O Artigo 9 especifica as obrigações das entidades que
manuseiam resíduos e o Artigo 10 refere- se a necessidade de
licenciamento ambiental de todas instituições envolvidas na gestão de
lixos.

 O capítulo II fala da gestão de resíduos não perigosos e o capítulo III


da gestão de resíduos perigosos.

 Os anexos: anexo I, apresenta a informação requerida para os


proponentes que queiram autorização para a construção de aterros, o
anexo III, relaciona- se com o pedido de autorização para outras
operações de gestão de resíduos, o anexo III refere- se as
características perigosas. O anexo IV é relativo a categoria de
residuos perigosos, anexo V: a identificação de resíduos perigosos,
anexo VI, as operações de eliminação de resíduos.

(f) Decreto 11/2006, de 15 de Junho: Regulamento sobre a Inspecção


Ambiental
 Artigo 1: Fiscaliza os licenciamentos e as auditorias realizadas e o
cumprimento das medidas de mitigação propostas no âmbito do
processo de AIA.
 Artigo 8: Actuação: em caso de qualquer transgressão, os inspectores
podem proceder o levantamento do auto de notícia, prazos para o seu
cumprimento e notificação ao infractor.
 Artigo 11: Correcções de irregularidades: os inspectores fixarão os
prazos para a reparação das irregularidades. Decorrido o prazo

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realizar- se- á uma nova inspecção e caso se detecte a permanência


da irregularidade, proceder- se –á a aplicação da multa.
 Artigo 20: Agravação das multas: atenuação e agravamento em função
da reacção do infractor.

7. Arranjos Institucionais para implementação do processo de avaliação


do impacto ambienal

A entidade competente para implementar e gerir o processo de avaliação


do impacto ambiental em Moçambique é o MICOA. Neste ministério,
existem oito direcções nacionais: Direcção Nacional de Avaliação do
Impacto Ambiental (DNAIA), Direcção Nacional de Gestão Ambiental
(DNGA), Direcção Nacional de Planeamento e Ordenamento Territorial
(DNPOT) e Direcção Nacional de Promoção Ambiental (DNPA), Direcção
Nacional de Planificação (DNP), Direcção Nacional dos Recursos Humanos
(DNRH), Direcção de Administração e Finanças (DAF), Direcção de
Cooperação. Um Gabinete Jurídico, a Inspecção Geral e Gabinete do
Ministro.

A Direccao Nacional de Avaliação do Impacto Ambiental(DNAIA) tem dois


departamento, o de licenciamento ambiental, que lida com matérias
relacionadas com a pré avaliação, revisão de projectos, termos de
referência e relatórios de estudos de impacto ambiental incluindo o registo
de consultores ambientais e consultas públicas. Por outro lado, existe o
departamento de auditoria ambiental, que se responsabiliza em acompanhar
a operação das actividades implantadas para verificar a conformação com a
legislação ambiental em vigor e a aderência às condições de aprovação
ambiental.

As convenções e protocolos ambientais estão enquadradas no MICOA nas


várias direcções responsabilizadas aos técnicos responsáveis de ligação, os
chamados de pontos focais das convenções.

8. O processo de Avaliação do Impacto Ambiental

O processo de AIA compreende as seguintes fases principais: a pré -


avaliação (screening), definição do âmbito (scoping), avaliação, mitigação,
elaboração do relatório, revisão do relatório, participação pública, tomada
de decisão, monitorização e auditoria.

8.1. Pré- Avaliação (screening)

Entende- se por pré -avaliação, a fase do processo de AIA, pelo qual se


seleccionam as actividades que necessitam ou não de um Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) bem como o nível de sua avaliação, quer seja completo ou
simplificado. Esta fase envolve o julgamento sobre os impactos esperados
de uma proposta serem ou não significativos sobre o ambiente de
implantação.

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Curso de Avaliação do Impacto Ambiental
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A pré- avaliação é importante porque algumas actividades identificadas não


possuem impactos significativos sobre o ambiente, e portanto podem ser
implantadas, enquanto outras possuem impactos significativos sobre o
ambiente biofísico, social, cultural e saúde humana.

Esta fase deve ser realizada bem cedo do início do ciclo de desenvolvimento
da proposta para que os proponentes estejam informados das suas
obrigações e dos passos a seguir.

Os métodos para a pré- avaliação podem compreender uma avaliação caso


por caso por parte dos decisores, um exame inicial do ambiente, o uso de
uma lista mandatária de actividades e a lista de exclusão de actividades.

Em Moçambique e de acordo com o Regulamento sobre o Processo de


Avaliação do Impacto Ambiental (Decreto 45/2004, de 29 de Setembro,
artigo 7) a pré- avaliação tem início após a instrução do processo, onde os
proponentes (donos da actividade ou seus representantes) submetem ao
MICOA (Direcções Provinciais) a proposta da actividade que compreende:
1. Descrição da actividade, 2. Justificativa da actividade, 3. Enquadramento
legal da actividade, 4. Descrição do ambiente da área de implantação da
actividade, 5. Proposta das Etapas de realização de AIA e 6. Ficha de
informação ambiental preliminar, que constitui o anexo IV do RAIA.

A pré- avaliação e efectuada com base:

1. Na análise da informação constante do Artigo 6


2. Critérios de avaliação do Artigo 8
3. Conhecimento prévio do local de implantação da actividade
4. Consulta dos anexos I, II e III sobre a categorização da actividade

Da pré- avaliação são tomadas as decisões seguintes:

1. As actividades que cabem no anexo I são submetidos a Estudo do


Impacto Ambiental (EIA) completo
2. Os projectos que cabem no anexo II são submetidos a Estudo
Ambiental Simplificado (EAS)
3. Os que constam do anexo III são isentos de EIA e EAS.
4. As actividades que não cabem tanto nos anexos I e III são
automaticamente consideradas de categoria B, ou seja, enquadradas
no anexo II.
5. São isentas de qualquer estudo (EIA e EAS) as actividades imediatas
que visem fazer face as situações de emergência derivadas de
desastres naturais e as que constituem segredo do estado para a
defesa nacional.
6. Da pré- avaliação poderá resultar na rejeição da actividade para o
ambiente proposto

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Curso de Avaliação do Impacto Ambiental
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Para as actividades que não cabem nos casos acima mencionados deverão
passar por uma avaliação caso a caso tendo em conta as características da
actividade e seus potenciais impactos, a área de inserção, as preocupações
públicas com relação a actividade e às políticas de gestão ambiental e
outros requisitos aplicáveis.

Os critérios para a pré- avaliação devem considerar as características da


actividade e do ambiente receptor bem como as directivas, os
regulamentos, a legislação e politicas ambientais aplicáveis.

Resumindo, da pré- avaliação poderá resultar na rejeição da actividade,


isenção, determinação do tipo de avaliação a realizar, ou seja, EAS para as
actividades de categoria B e EIA para as actividades de categoria A. Para os
casos, os proponentes devem apresentar ao MICOA após pré- avaliação os
Estudo de Pré- viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito (EPDA) e os
respectivos Termos de Referência (TdR) para aprovação. A rejeição pode
resultar quando as políticas de gestão ambiental ditam para tal decisão ou há
conflitos de interesse.

Questões para discussão:


1. Quais os benefícios e desvantagens das listas mandatárias no caso de
Moçambique?

2. Quais são os critérios que deverão determinar se um determinada


actividade realiza ou não um EIA?

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Curso de Avaliação do Impacto Ambiental
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8.2. Definição do Âmbito (Scoping)

A definição do âmbito é um processo interactivo entre o público, o governo


e os proponentes, por serem estes os principais actores do processo, que
atribuem importância diferente aos mesmos factores ambientais. A definição
do âmbito refere- se ao processo de identificação dos limites do EIA, ou seja
o seu conteúdo especifico e os impactos que necessitam ser investigados
com detalhes. Sao incluidos na definição do âmbito, as questões e
preocupações importantes que se levantam da implantação da actividade, a
informação necessária para a tomada de decisão relativamente aos efeitos
da actividade e os factores significativos afectados a serem considerados.

Para o efeito, vários são os metodos que podem ser usados na definição do
âmbito, dentre eles a (1) identificação de preocupações científicas e das
comunidades em relação a proposta da actividade, (2) avaliação dessas
preocupações para determinar as questões significantes para o Estudo do
Impacto Ambiental (e eliminação das questões insignificantes) e (3) a
organização e comunicação dessa informação para apoiar a análise das
questões e tomada de decisão.

A fase de definição do âmbito serve para facilitar a realização do EIA,


focando para as questões chave, preocupações e alternativas que
necessitam de investigação adicional, reduzindo assim as deficiências dos
estudos, o tempo para a sua elaboração e aprovação, poupando dinheiro,
evitando a colecta excessiva de dados ou omissão de informação relevante.

Da definição do âmbito deve resultar na identificação de alternativas


razoáveis e práticas, informação disponível aos potenciais afectados e as
alternativas, identificação de possíveis efeitos da proposta no ambiente e
alternativas, identificação de possíveis efeitos na população e as previsões
das mudanças ambientais, o entendimento dos valores da qualidade
ambiental que poderá ser afectada e alternativas, avaliação de
preocupações expressas e possíveis efeitos ambientais para determinar a
necessidade ou não de investigação adicional. Ainda resultam desta fase, a
definição dos limites de qualquer avaliação no tempo e no espaço, a
determinação da natureza de qualquer avaliação, dos seus métodos
analíticos e procedimentos de consulta e o estabelecimento dos termos de
referência para o EIA.

A definição do âmbito deve considerar a proposta, a localização da


actividade, possíveis alternativas, impactos prováveis, as maneiras que os
potenciais impactos devem ser mitigados e geridos. Deve ainda considerar
a área geográfica, o período para a análise dos impactos, as metodologias,
as fontes de informação e as lacunas, propostas para as consultas públicas, o
tempo para a realização do EIA

O Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto, no seu Artigo 10º


numero 2, apresenta os conteúdos dos Estudos de Pré- Viabilidade
Ambiental e Definição do Âmbito, nomeadamente um sumario executivo,

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Identificação e endereço dos proponentes, a equipe multidisciplinar


responsável pelos EIA, a área de influência da actividade, a descrição da
actividade, das acções previstas e alternativas, do ambiente de inserção da
actividade, a avaliação das questões fatais, os potenciais impactos e os
aspectos a serem investigados no EIA.

Questões para discussão

1. Descrever o papel dos diferentes intervenientes na definição do


âmbito:
 Do proponente
 Da autoridade competente de AIA
 De outras agências
 Dos consultores ambientais
 Dos afectados
 Das comunidades

2. Quais são as alternativas que deveriam ser consideradas para uma


determinada actividade

3. Descreva a informação que deveria ser incluída nos Termos de


Referência para o EIA.

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8.3. Avaliação

A pré -avaliação determina se uma proposta necessita ou não de um estudo,


enquanto que a definição do âmbito identifica as questões importantes para
investigação detalhada no estudo do impacto ambiental, garantindo que o
tempo e dinheiro não são gastos em questões irrelevantes.

Na avaliação ocorre a maior parte do trabalho de avaliação dos impactos e


compreende três principais tarefas:

1. Identificação adicional e os detalhes dos impactos, refinando o


entendimento quanto a natureza dos impactos, impactos directos,
indirectos, impactos cumulativos e outros impactos e as suas causas.

2. Análise detalhada dos impactos para determinar a sua natureza,


magnitude, extensão e efeitos.

3. Julgamento da significância dos impactos (quer seja ou não


importante e as medidas para a sua mitigação)

A avaliação deve ser devidamente planificada e gerida de forma correcta


para que os resultados esperados sejam devidamente alcançados. Para tal,
as seguintes fases são importantes considerar (1) a metodologia para a
planificação e condução do EIA, (2) o desenvolvimento da proposta, (3) a
formação da equipa interdisciplinar, (4) a selecção do líder da equipe
interdisciplinar, (5) a gestão geral do EIA, e (6) controlo fiscal.

8.3.1. A metodologia para a planificação e condução do EIA:


Dez passos para esta fase (Canter, 1996)

a) As necessidades e descrição da actividade


Este passo deve considerar (1) a descrição técnica da actividade, sua
funcionalidade e operação, (2) a proposta de localização e sua justificação,
(3) o cronograma das acções de construção e operação, (4) as necessidades
de recursos naturais durante a fase de operação incluindo usos da terra e da
água, emissões atmosféricas, descarga de efluentes, resíduos geridos e
necessidades de sua deposição, (5) as necessidades actuais da actividade
para a localização proposta, incluindo as necessidades de habitação,
controlo de cheias, desenvolvimento industrial, etc (6) alternativas que terão
sido consideradas para a localização, desenho, medidas de controlo da
poluição, etc.

b) Colecta de informação institucional


A informação institucional refere- se por exemplo as leis, os regulamentos e
políticas relacionados com os aspectos biofísicos, culturais, sócio
económicos. A fase de definição do âmbito pode ser uma boa maneira para
identificação desta informação e os locais onde ela pode ser encontrada.
Lembrem- se que na fase de scoping há consultas que devem ser realizadas
com instituições públicas [do governo a nível local, provincial e nacional],

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Curso de Avaliação do Impacto Ambiental
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privadas incluindo o público e as comunidades afectadas. Nestas consultas


pode ser identificada toda regulamentação que seja importante considerar.
Estes documentos por exemplo, podem ser encontrados em papel ou na
forma electrónica na Imprensa Nacional ou nas instituições públicas e seus
sites. Igualmente existem CDs e manuais com compilação de informação
sobre a maior parte de legislação em vigor. Esta informação ajuda (1) a
interpretar as condições da situação de referência e (2) a fornecer as bases
para interpretar os impactos previstos da actividade.

c)Identificação dos potenciais impactos


A identificação antecipada dos impactos gerais da proposta da actividade
ajuda a focalizar as etapas seguintes do EIA com mais precisão. Alguns
impactos poderão já ter sido identificados durante a fase de definição do
âmbito. Assim, esta etapa consiste na revisão bibliográfica, uso de listagens,
redes e matrizes, métodos de identificação de impactos que veremos
adiante com mais detalhes. A bibliografia, as leis e os regulamentos
disponíveis poderão ser uma fonte de informação. Porem, a ausência de
dados disponíveis pode contribuir para o insucesso dessa etapa.

d) Descrição do ambiente afectado


Esta fase permite a identificação selectiva das condições da situação de
referência nas fases subsequentes. As possíveis fontes de dados são os EIAs
disponíveis de actividades em implementação, os mapas cartográficos sobre
diversas componentes ambientais, o banco de dados sobre inventário de
emissões, etc

e) Predição dos impactos


Esta constitui o passo mais difícil da avaliação. A predição dos impactos
pretende referir- se a quantificação dos impactos antecipados nas diversas
componentes ambientais afectadas. As modelações matemáticas, os testes
laboratoriais, as analogias de projectos similares poderão ser usadas nesta
fase de avaliação. As dificuldades desta etapa relacionam- se com os
impactos não conhecidos, as variabilidades ambientais, a resiliência e
inexistência de modelos que poderiam ser aplicados para a sua predição.
Por outro lado, por causa dos custos implicados para a predição de certos
impactos, os profissionais involvidos preferem para o efeito usar seu
julgamento. Por outro lado, os impactos poderão ser previstos através da
análise de risco com as seguintes vantagens: (1) pensamento integrado dos
riscos associados [dose resposta e avaliação da exposição], (2) focalizar na
redução das actividades de risco como minimização dos lixos, prevenção da
poluição e medição de mitigação, e (3) inclusão de medidas para responder
a situações de emergência e acidentes associada a perturbação ambiental.

f) Avaliação dos impactos


Esta avaliação refere – se a interpretação da significância da mudança
antecipada. Por exemplo, o julgamento profissional em biologia,
significância poderia referir – se a perda de habitat e biodiversidade,
enquanto o publico pode delinear certos recursos importantes para uma

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certa área. Contudo, os padrões de qualidade são um critério que deve ser
usado nesta fase.

g) Mitigação dos impactos


A mitigação dos impactos significa a avaliação das potenciais medidas de
mitigação. São incluídas as medidas para evitar impactos por não levar a
cabo certas acções, minimização de impactos limitando o nível de sua
magnitude, rectificação de impactos através de reabilitação ou restauração
do ambiente afectado, redução ou eliminação de impactos por preservação
das operações de manutenção durante a duração da acção e compensação
pelo impacto substituindo os recursos ambientais.

h)Escolha da proposta dentre alternativas disponíveis


Alternativa e um princípio fundamental de uma AIA. As alternativas podem
ser limitadas, porém, as alternativas disponíveis devem ser consideradas.

I) Elaboração do relatório
A escrita de um relatório deve ser de tal maneira que os capítulos focam
aspectos essências do EIA, seja perceptível e claro para um não especialista
na área. A lei do ambiente, o Regulamento sobre o processo de AIA e
Directiva Geral para EIA apresenta um formato que deve ser seguido para a
elaboração dos REIAs.

j)Planificação e implementação do programa de monitorização


Esta fase será muito importante para as actividades com consequências
negativas para o ambiente. Para o efeito, e muito importante manter a
situação de referência.

8.3.2. Desenvolvimento da proposta

Para esta segunda etapa deve ser preparado um cronograma de acções


sequenciadas para o EIA e o respectivo orçamento. Os custos de um EIA
variam em função da sua complexidade, natureza, características do
ambiente de inserção da actividade entre outros aspectos. Os custos devem
incluir as etapas, as viagens de campo, os honorários dos técnicos
envolvidos, a calendarização das actividades. De notar que os custos podem
subir quando (1) haver necessidade de extensão do período para a recolha
adicional de dados e informação, (2) mudança do desenho da actividade, (3)
necessidade de conduzir estudos da situação de referencia, (4) há
controvérsias ou conflitos de interesse e, (5) descoberta de fatalidades ou
riscos que impeçam a implementação da actividade.

8.3.3. Formação da equipe interdisciplinar

A equipe que vai conduzir a avaliação deve ser interdisciplinar ao invés de


multidisciplinar, pois esta ultima denota que os indivíduos versados em
diferentes matérias trabalham juntos sem interligação específica
previamente estabelecida.

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Curso de Avaliação do Impacto Ambiental
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Uma equipe interdisciplinar para a condução de um EIA deve ser a entidade


temporária indicada e estabelecida para alcançar um propósito identificado,
o de conduzir um EIA de uma proposta de actividade.

8.3.4. Selecção de um líder da equipe interdisciplinar

O líder de uma equipe interdisciplinar orienta a equipa para alcançar de


uma tarefa e um propósito - o sucesso de um EIA.

Será tarefa de um líder orientar diariamente a equipe de trabalho sobre o


calendário estabelecido para a sua finalização, controlo de custos,
coordenação com varias instituições, integração da política, técnica e
cientifica da proposta de actividade.

O líder deve: (1) demonstrar conhecimentos e habilidades numa área


especifica, (2) habilidades de comunicação com ambos técnicos e não
técnicos, (3) ser confidente, (4) ter reputação de fazer as coisas
acontecerem, (5) assumir responsabilidades de todo EIA.

8.3.5. Gestão geral do EIA

Seis são as funções de uma equipe multidisciplinar que podem fazer suceder
bem uma equipe interdisciplinar: (1) funções claras e concisas do propósito
da equipa, (2) sumario dos objectivos que a equipa deve alcançar, (3)
identificação das tarefas que devem ser alcançadas divididas por cada
individuo, (4) a discussão da estratégia relativamente as politicas,
programas, procedimentos, planos, orçamentos e outros recursos, (5) a
afirmação da organização da equipe com tarefas, actividades e
responsabilidades de todos os membros, e (6) os recursos e serviços de
suporte a serem usados pela equipe interdisciplinar. Deverão existir
encontros regulares devidamente agendados e os membros deverão ter
independência em trabalhar na sua própria área.

8.3.6. Gestão fiscal

Envolve a conformação da equipe com o orçamente previsto durante um


certo período. Assim que o orçamento e o calendário tiverem sido
estabelecidos, não se deve assumir que serão rigorosamente seguidos, pois
há recursos necessários que não foram contabilizados e que serão
necessários para o trabalho.

8.4. Identificação dos impactos

Para a identificação dos impactos uma metodologia valida deveria ser usada
para a refinação dos impactos que precisam ser investigados com detalhes,
para assegurar que toda causa dos impactos e suas interacções são
identificadas. Deste modo, a escolha dos métodos deve ser parte dos EIAs e
para a sua selecção deve ser considerado o seguinte: (1) o tipo e a natureza
da actividade, (2) o tipo de alternativas a serem consideradas, (3) a natureza

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dos impactos, (4) será apropriado para a presente tarefa (identificação ou


comparação de alternativas), (5) não viciara a informação ou os dados, (3)
será economicamente viável, (6) a experiência da equipe em usar tais
métodos, (7) requisitos ou procedimentos, etc.

O termo metodologia refere – se a [maneira estruturada] para a realização


de uma das básicas actividades de identificação dos impactos. Os métodos
formais mais comuns usados para a identificação dos impactos são as
listagens, matrizes, sistema de redes, sobreposições e sistema de
informação geográfica, sistemas de computação especializados e
experiência profissional.

8.4.1. Listagens ou ‘checklist’

Este método consiste na listagem dos aspectos ambientais ou acções da


actividade que precisam ser investigadas com possíveis impactos
ambientais. As listagens variam desde a uma simples lista [questionário] aos
sistemas descritivos que consideram a significância dos impactos através de
medições [escalas, peso, valores dos impactos], predição e interpretação
das mudanças para os factores ambientais afectados. As listagens podem ser
desenvolvidas a adaptarem- se as condições locais, assim que forem sendo
usados ou desenvolvidos para sectores específicos de actividade como, por
exemplo, a gestão de lixos, uso de pesticidas, etc. As listagens tem a
desvantagem de não serem muito aplicáveis para identificação dos
impactos, por não poderem identificar os impactos indirectos da actividade,
ou seja, não são efectivas para a identificação das inter relações entre os
impactos.

Tabela 1: Listagem simples para um gasoduto


______________________________________________________________________________________________
Categoria comentarios
______________________________________________________________________________________________
Usos da terra identifique usos presentes e descreva as caracteristicas da terra da área
______________________________________________________________________________________________
Usos da terra descreva os usos presentes da terra para agricultura,
industria, recreação, residencias incluindo o potencial de
desenvolvimento, localize-os.
______________________________________________________________________________________________
Topografia e geologia descreva detalhadamente a topografia e geologia da área
proposta
______________________________________________________________________________________________
Solos descreva as caracteristicas físicas e químicas e a
composição dos solos incluindo sua relação com os
declives
______________________________________________________________________________________________
Perigos geologicos indique o potencial de ocorrência de processos geológicos
perigosos como sismos, desmoronamentos, erosão.
______________________________________________________________________________________________

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Curso de Avaliação do Impacto Ambiental
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Tabela 2: Sumarização dos impactos ambientais


______________________________________________________________________
Questão Sim Talvez Não Comentários
Terra: o projecto irá
 Alterar os solos?
 Alterar os contornos, canais e bancos de rios?
 Incrementar ventos ou a erosão?
Resíduos sólidos: o projecto irá
 Gerar resíduos significativos?
Água: o projecto irá resultar na
 Descarga no sistema de esgoto público
 Mudança no curso actual da água doce a salgada
 Mudança na taxa de abosorção, drenagem natural?
 Descarga nos corpos de água e alterar a qualidade
 Alterar a qualidade da água subterrânea?
 Contaminar a água de uso público?

8.4.2. Matriz

As matrizes são [tabelas] que podem ser usadas para identificar a interacção
entre as acções da actividade e os aspectos ambientais a serem afectados
durante as diversas fases de sua implementaçãoe. Assim coloca- se numa
das colunas as acções da actividade e noutra coluna os aspectos ambientais
que podem ser afectados. Nos quadradinhos da tabela podem ser incluídos
comentários sobre a severidade dos impactos ou outros aspectos
relacionados com a natureza dos impactos, tais como símbolos que podem
indicar o tipo de impactos (directo ou indirecto), números ou uma série de
pontos a indicarem a escala e podem ser feitos comentários descritivos. As
matrizes são muito aplicadas para identificação dos impactos.

Exemplo de Matriz de Leopold:

1. Identificar todas acções que são parte da actividade e coloque em


cima da tabela,
2. Para cada acção, procure abaixo na lista de factores ambientais e
coloque uma linha diagonal onde os impactos são possíveis de
ocorrer,
3. Para cada quadradinho contendo a linha diagonal atribua um valor da
magnitude, que indica a intensidade ou escala do impacto, no valor
de 1 (menor) e 10 (maior) e em cima do canto esquerdo de cada
quadradinho +(positivo) e – (negativo). A atribuicao destes valores
devera basear- se numa avaliacao objectiva de factos relacionados
com os impactos antecipados.
4. Por outro lado a importancia de um impacto relaciona- se com a sua
significancia, ou a avaliacao da probalidade das consequencias dos
impactos antecipados. A escala da importancia, pode variar de 1
indicando menor e 10 indicando maior importancia
5. Portanto, na parte baixa da mão direita de cada quadradinho coloque
um valor 1 (menor) e 10 (maior) para indicar a significância ou
importância do impacto, e

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6. A atribuicao dos valores numericos da importancia dos impactos


baseia- se no julgamento subjectivo de individuos, pequenos grupos
ou uma equipa interdisciplinar trabalhando no estudo.
7. As matrizes podem identificar os impactos negativos e positivos
8. Nas matrizes podem ser usados codigos pre definidos para as
caracteristicas dos impactos.

9. Elabore um relatório dos impactos significativos

Tabela 3: Perturbação ambiental que ocorre da implantação de um projecto de


petróleo

Perturbação ambiental (eixo Y) Acções de cada fase de implantação (eixo


X)
Exploração
Perturbação da terra Destruição da Levantamento geofísico Perfuração
vegetação Alteração Tráfego Vias de acesso
dos solos Travessia de rios Acampamento de
Erosão Ondas sísmicas perfuração
Acidentes Perfuração
Aumento da população Material de perfuração
na área Aumento da população
na área.
Desenvolvimento
Centro de Construção do
processamento gasoduto
Perturbação de rios ou Erosão e siltação do Vias de acesso Vias de acesso para
lagos banco de rios Acompamento para construção
Alteração da construção Travessia de rios
velocidade Depósito da tubagem Acidentes
Redução do volume de Presença de Aumento da população
água trabalhadores na área da área
Alteração da qualidade
da água

8.4.3. Sistema de redes

Tambem designado de árvore dos impactos, as redes ilustram as múltiplas


interrelacções existentes entre as causas dos impactos, ou seja as acções da
actividade e os factores ambientais afectados e portanto é útil para
identificação de uma segunda ordem de impactos (indirectos, sinérgicos,
etc). As redes usadas com outros métodos podem ajudar a identificar
impactos antecipados associados aos potenciais impactos da actividade
[impactos secundários]. Deste modo, a acção inicial apresenta –se sempre a
esquerda, enquanto outras acções causadoras dos impactos e factores
ambientais afectados são apresentados logo a seguir na rede. As limitações
do sistema de redes relacionam – se pelo facto de apresentar pouca
informação técnica sobre a predição dos impactos e não ser útil como um
instrumento para avaliação comparativa das alternativas dos impactos. Por
outro lado, os detalhados sistemas de redes pode consumir muito tempo
para a sua elaboração e a sua visualização pode ser muito complicada.

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8.4.4. Sobreposições e Sistema de Informação Geográfica (GIS)

Sobreposição de mapas ou imagens de computador podem ser usados para


mostrar os impactos. Os sistemas mais avançados em uso actualmente são os
baseados em dados de computador do sistema de informação geográfica
(GIS). Os GISs dividem os mapas em células pequenas e estas armazenam
muita informação que pode ser usada para análise e modelações. As
desvantagens deste sistema relaciona –se com a inexistência de dados
apropriados e os custos envolvidos para a sua operacionalidade. Contudo,
pode ser considerado um instrumento útil para a identificação e gestão de
impactos cumulativos.

8.4.5. Sistemas de computação especializados

Sistemas especializados são sistemas para a tomada de decisão baseados


em conhecimento computarizado. O usuário e sistematicamente apresentado
com questões que foram desenvolvidos do conhecimento existente no
sistema e as interrelações sendo investigadas. O sistema especializado faz a
revisão da resposta dada a cada questão e segue para a seguinte questão.
Os sistemas especializados são programas que operam e analisam grandes
quantidades de informação e são instrumentos valiosos por serem lógica e
sistematicamente programados para operarem com base na experiência ao
longo do tempo.

8.4.6. Experiência profissional

Embora não sejam métodos formais, muitos profissionais usam seus


conhecimentos e especialidade que ganham no seu trabalho para
desenvolverem um banco de dados e instrumentos de apoio técnicos para
ajudar futuros projectos.

Tabela 4: Vantagens e desvantagens dos métodos de identificação dos impactos

Método Vantagem Desvantagens


Listagens  Simples de entender e  Não distingue impactos
usar directos e indirectos
Matrizes  Liga acção e impacto  Dificilmente distingue
 Útil para apresentar os impactos directos e
resultados do EIA indirectos
Redes  Liga acção e impacto  Podem ser muito
 Identifica os impactos complexos quando usados
secundários alem das versões mais
 Manuseia impactos simples
directos e indirectos

Sobreposições  Fácil de entender  Indica apenas impactos


 Bom método para directos
apresentação  Não indica a duração e
probabilidade

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GIS e programas  Excelentes para  Dependem em grande
de computação identificação dos mediada no conhecimento
especializados impactos e sua análise e dados
 Bons para  Complexos e caros
experimentação

8.5. Predição dos impactos

Assim que uma série de impactos tiverem sido identificadas, a natureza e a


grandeza de cada um deles deve ser prevista. As predições devem ter em
conta os dados e as técnicas para o meio biológico, físico, sócio - económico
e antropológico e deverá empregar modelações matemáticas, modelacoes
físicas, tecnicas sócio – culturais e económicas, experiências laboratoriais e
julgamentos profissionais, mas sempre de acordo com o âmbito do estudo
para evitar gastos desnecessários. Os impactos deverão ser preditos
quantitativamente para facilitar a comparação das alternativas.

As mudanças causadas por um determinado impacto poderão ser avaliadas


comparando o futuro esperado do estado das componentes ambientais se a
proposta não for implementada com o estado das componentes ambientais
se a actividade prosseguir. Deste modo, uma das primeiras acções na
predição e análise dos impactos será a de identificar as condições da
situação de referência num determinado período de implementação da
actividade.

A significância dos impactos será determinada pela consideração da


característica do impacto e da sua importância (valor).

Magnitude × valor = Significância

características importância do impacto


do impacto do impacto

Alguns critérios para a avaliação da significância dos impactos devem ter


em consideração a importância ecológica, social, padrões de qualidade e
estatísticas de significância.

A importância ecológica deve considerar os efeitos nas plantas e animais,


espécies indígenas e raras, a sensibilidade, resiliência, biodiversidade e
capacidade de carga dos ecossistemas e a disponibilidade da população de
espécies locais. Por outro lado, a importância social inclui efeitos na saúde e
segurança humana, perdas de espécies com valor comercial ou produção
disponível, valores estéticos ou recreativos, demanda nos serviços públicos
e sociais, demanda nos transportes ou outras infraestruturais e efeitos
demográficos. Os padrões ambientais sãos os meios mais comuns para
avaliação da significância, eles incluem os limites de emissão, as politicas,
os planos de uso de certos recursos. Finalmente, as estatísticas de
significância podem apresentar mudanças das características ambientais.

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Os métodos para a predição dos impactos são o julgamento profissional,


método quantitativo de modelações matemáticas, experiências laboratoriais,
modelações físicas e estudos de caso.

8.5.1. Julgamento profissional

Todos métodos analíticos dos impactos possuem um determinado nível de


julgamento profissional. A aplicação inteira do julgamento profissional não
poderá ser evitada se não existirem dados para suportar rigorosamente as
análises ou ausência de técnicas analíticas para determinar a predição dos
impactos.

Os exemplos de julgamento profissional incluem os sociólogos prevendo os


impactos de uma actividade de abastecimento de água, tendo em conta a
natureza do trabalho de uma mulher numa comunidade. O antropologista
usando um seminário para avaliar a significância cultural numa comunidade.
Contudo, estes especialistas devem ser bem experientes nas suas
especialidades, no tipo da actividade proposta, na área geográfica e nos
EIA.

8.5.2. Modelações matemáticas quantitativas

Modelações são expressões desenvolvidas para simular situações reais.


Assim que desenvolvidos não é difícil alterar as condições iniciais dos
modelos e verificar como os resultados são influenciados com as alterações
iniciais. Por exemplo, diferenças na poluição do ar poderão ser calculadas
mudando apenas a altura da chaminé. Dada a natureza destes modelos, os
especialistas na sua interpretação, tomam muitas vezes suposições, que
deverão ser devidamente justificadas para a sua validação. Alguns exemplos
de modelações quantitativas matemáticas são os usados para a dispersão de
emissoes do ar para prever as suas concentrações num determinado ponto,
modelações hidrológicas para prever as mudanças no regime das correntes
de água num determinado rio.

8.5.3. Experimentos e modelações físicas

Os experimentos e modelações físicas poderão ser usados para testar e


analisar os efeitos de actividades semelhantes bem como a efectividade das
técnicas de mitigação. As experiências poderão ser feitas no campo sob
condições específicas de laboratório, dependendo da natureza dos impactos
e dos recursos disponíveis. As modelações físicas poderão ser usadas para
prever os impactos da actividade proposta no ambiente proposto. Os
exemplos de experimentos são a exposição de peixes em laboratório a
poluentes, triagem de campo para verificar a efectividade das medidas de
controlo da erosão.

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8.5.4. Estudos de caso

A revisão de estudos de casos de actividades semelhantes em ambientes


semelhantes poderá fornecer boas bases para confirmar a direcção de
certas constatações.

Este valor adicionado a probabilidade deste impacto acontecer da - nos um


valor que comparando com os outros numa determinada escala indica- nos
valores significativos e não significativos.

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9. Mitigação e Gestão dos Impactos

Uma das principais tarefas da AIA é a previsão e prevenção de ocorrência


de impactos negativos significativos no ambiente durante a implementação
da actividade, nas suas diferentes fases, através de consideração de
modificações adequadas no desenho do projecto (mitigação).

Os seus objetivos são de identificar melhores maneiras de fazer as coisas,


minimizar ou eliminar os impactos negativos, melhorar os efeitos benéficos
da proposta, salvaguardar a saúde pública e proteger os direitos individuais
e do público compensando- os.

A mitigação e os custos envolvidos são da inteira responsabilidade dos


proponentes, devendo estes evitar ou minimizar os impactos através de
modificações no desenho do projecto e elaborar um plano de gestão dos
impactos que devem obedecer os limites aceitáveis.

Para que a mitigação seja efectiva é necessário entender muito bem o


problema respondendo as seguintes questões:

1. O que?
Será o problema associado com a saúde da população, risco ecológico,
diminuição dos recursos naturais?
Será o problema ligado com emissões de fontes difusas ou localizadas?

2. Quando
Será um problema imediato ou necessita de ser remediado a longo prazo?
Será possível reduzir ou adiar o problema tomando passos ou medidas
completas de mitigação?

3. Onde?
Deverá o problema ser resolvido localmente, regionalmente ou
globalmente?

4. Como?
Serão as vítimas capazes de minimizar, mitigar os impactos?
Quais são os incentivos para que eles possam o fazer?

5. Quem?
Que partes interessadas ganham e quais as que perdem?

Dependendo dos impactos e da sua significancia,, os caminhos para a sua


minimização podem ser os seguintes (1) desenvolvemento de caminhos
alternativos de ir ao encontro das necessidades, (2) implementação de
mudanças na planificação e no desenho do projecto, (3) melhoramento da
monitorização e práticas de gestão, (4) compensando em termos monetários,
e (5) substituindo, realocando ou reabilitando.

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Curso de Avaliação do Impacto Ambiental
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(1) Desenvolvimento de caminhos alternativos

Esta opção envolve revisitando o desenho da proposta, sendo apropriado a


proposta de projecto encontra- se na fase inicial de planificação.

(2) Mudanças na planificação e no desenho

Quanto mais cedo forem considerados os aspectos ambientais, menos custos


seriam requeridos e portanto fácil de redesenhar a proposta de actividade.
Deste modo, deve haver uma ligação entre a engenharia, a planificação e o
ambiente. Portanto, o desenho da actividade deve ter em conta as
estratégias que irão reduzir os impactos no ambiente. Por exemplo, deve
evitar se a movimentação de terra no período chuvoso para evitar maior
escoamento superficial e as explosões devem ocorrer na altura depois da
desova de aves migratórias.

(3) Melhramento da monitorização e práticas de Gestão

A monitorização tem em vista verificar se os impactos estão a acontecer de


acordo com as previsões. Uma gestão efectiva seria relevante para manter
os impactos dentro dos limites e para lidar com os impactos não previstos.

(4) Compensação monetária


Valores monetários poderão ser pagos por terras, machambas, pesca
perdidos ou que estejam afectadas dentro da área de concessão. Por outro
lado, as casas e machambas poderão ser realocadas e não necessariamente
pagas por valores monetários.

(5) Reposição, realocação e reabilitação


Os mangais, as terras húmidas destruídos durante o nivelamento de terras
poderão ser compensados, plantando novos mangais ou terras húmidas.
Alguns locais perturbados poderão ser reabilitados.

O Plano de Gestão Ambiental elaborado para a gestão dos impactos deve


conter:(1) uma afirmação dos proponente sobre a política ambiental e seu
compromisso em aderir a implementação da actividade e a legislação
aplicável, (2) a indicação da pessoa responsável para implementar tal plano,
(3) um cronograma de acções a serem implementados para conformar- se
com as recomendações do EIA, as condições de aprovação e de
licenciamento, (4) a alocação de responsabilidades para levar a cabo as
diversas acções propostas, (5) a inclusão de um sistema de reportar o
progresso das tarefas alocadas, (6) a inclusão de um sistema de
monitorização e auditorias do progresso e alcance do plano sobre a
protecção e melhoramento ambiental, e (7) o plano de contingência e
acções a implementar caso os resultados da monitorização mostrem que os
impactos não estão dentro dos limites previstos.

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Curso de Avaliação do Impacto Ambiental
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10. Relatório de Estudo do Impacto Ambiental (REIA)

Terminados os estudos especializados onde os impactos foram identificados,


analisadas as previsões e consideradas as medidas de mitigação e
elaborado um plano de gestão dos impactos, o REIA deve ser elaborado de
acordo com os termos de referência aprovados pela entidade competente.

1. O propósito

O REIA tem o propósito de fornecer informação ao (1) proponente para


planificar, desenhar e implementar a proposta de actividade de tal maneira
que os impactos negativos são minimizados nas diversas componentes
ambientais e os benefícios são maximizados para todas as partes no menor
custo possível, (2) os decisores (governo ou autoridade competente em AIA)
a decidirem o prosseguir ou não com a aprovação da actividade, e se
aprovam, as condições em que a proposta deve ser aprovada e
implementada, (3) o publico para entender a proposta e seus impactos na
comunidade e no ambiente. Deste modo, os REIAs deverão ser (1)
documentos proactivos cujos objectivos são de assistir os proponentes a
alcançarem um bom desenho do projecto, (2) ter informação de tal maneira
organizada que seja acessível e disponível para todas partes, e (3)
informação suficientemente clara para um não especialista nas matérias nele
descritos.

2. A estrutura e composição

A estrutura e composição do REIA depende da legislação e regulamentos


aplicáveis para cada pais. No caso de Moçambique a estrutura esta descrita
nas Directiva Geral para o EIAs, Lei do ambiente 20/97 e no Regulamento
sobre o processo de AIA (Decreto 45/2004). Para todos os casos, comumente
os REIAs apresentarem a seguinte informação:

1. Um resumo executivo que devera ser usado para as consultas ao


público.
2. Descrição dos objectivos da proposta da actividade.
3. Descrição da proposta da actividade e alternativas incluindo a de não
prosseguir com a actividade. Esta descrição deve ser breve e focar
para os aspectos de diferença relevantes entre as alternativas.
4. Discussão entre a proposta e o actual uso da terra e outras politicas
relevantes para a área de implantação da proposta.
5. Descrição das condições esperadas nas componentes ambientais
afectadas na altura da implantação da actividade.
6. Avaliação dos impactos de cada alternativa considerada,
apresentando informação clara dos critérios usados para avaliação da
significância dos impactos. Igualmente devem ser apresentadas as
características de cada impacto, os métodos de identificação e
previsão dos impactos, as técnicas de análise usados incluindo a
discussão das incertezas envolvidas na interpretação dos resultados e
descrição das lacunas de conhecimento nos dados da situação de

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Curso de Avaliação do Impacto Ambiental
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referencia e de outros dados usados para os estudos e elaboração do


REIA.
7. Avaliação comparativa das alternativas considerando, tanto os
impactos adversos como benéficos, as medidas de mitigação e de
monitorização, identificando a opção proposta usando critérios de
sustentabilidade para a sua justificação.
8. Plano de Gestão Ambiental (PGA), programa de monitorização dos
impactos, programas de treinamento proposto e de resposta da
situacao de risco e de emergencia.
9. Apêndices: deve incluir toda informação técnica e descrição das
metodologias usadas para chegar as conclusões do REIA se não for
adequado incluir no texto.

1.Resumo executivo

Esta é a parte do REIA que será lida por muitos intervenienrtes. Assim,
dependendo da dimensão da actividade, o número de páginas pode variar
de duas (2) a três (3) páginas para pequenos projectos a dez (10) páginas
para grandes projectos, devendo conter a seguinte informação: (1) titulo e
localização da actividade, (2) nome do proponente, (3) nome da instituição
responsável pela elaboração do REIA, (4) descrição breve da proposta, (5)
os impactos significantes, (6) recomendações para a mitigação e
compensação, e (7) proposta de monitorização.

2. Descrição dos objectivos da actividade proposta

Deve descrever a necessidade ou justificação da actividade.

3. Descrição da proposta e alternativas

Deve ser apresentada a descrição detalhada da proposta e alternativas


razoáveis para o alcance das necessidades do projecto incluindo de não
implementar a actividade. As alternativas e os detalhes deverão focalizar as
maiores diferenças entre as alternativas. Deve ser incluido neste capítulo o
seguinte (1) o estado actual da proposta no ciclo de projecto (pre-
viabilidade, viabilidade, desenho detalhado), (2) a descrição da
planificação, desenho e as estratégicas de implementação num detalhe
suficiente para que a previsão dos impactos e as medidas de gestão sejam
percebidas e apreciadas, (3) as necessidades de matéria prima, agua,
energia, equipamentos, (4) as características das operações a serem usadas
– processos, produtos, etc, (5) mapas, diagramas e fotografias, (6) a
comparação das opções da actividade (tamanho, tecnologia, desenho,
origem de energia e das matérias primas) dentro dos constrangimentos
económico, técnico, social e ambiental, (7) um sumários dos aspectos
técnicos, económicos e ambientais da actividade.

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Curso de Avaliação do Impacto Ambiental
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4. Discussão da proposta e do uso actual da terra e políticas aplicáveis

Este capítulo deve mostrar de como a proposta enquadra – se no actual


sistema, nas políticas, estratégias, e a sua consistência em relação a estes
aspectos. Os seguintes aspectos deverão ser incluídos (1) os limites
espaciais e temporais adoptados para os vários aspectos do estudo, (2) a
situação ambiental de referência para todos aspectos ambientais (bio físicos,
económicos, ambientais) e as tendências futuras antecipadas das condições
ambientais que possam impedir a não implantação da proposta, (3) as áreas
sensíveis ou de cenário único (científicos, sócio económicos, visual, etc).

5. Avaliação dos impactos de cada alternativa

Os impactos adversos e benéficos para cada alternativa deverão ser


descritos. Deve- se incluir (1) a avaliação na população local, (2) os dados
ambientais relevantes e os métodos de predição usados para as suposições
feitas, (3) qualquer lacuna de conhecimento e incertezas encontradas, (4) a
conformação com legislação e padrões de qualidade ambiental, (5) a
avaliação da significância dos impactos, descrevendo os critérios e padrões
usados para o julgamento, (6) as medidas para minimizar e evitar impactos.
Os possíveis impactos cumulativos e sinérgicos deverão ser mencionados.

6. Avaliação comparativa das alternativas e identificação da opção


preferida

As alternativas propostas deverão ser comparadas, focalizando nos impactos


significantes, nas medidas de mitigação e monitorização. A opção preferida
deve incluir (1) os impactos considerados significativos e as medidas de
evitar e ou de minimização, redução, ou mesmo de gestão, (2) os impactos
que os proponentes se propõem a mitigar durante a operação da actividade
e os impactos residuais, ou seja, os impactos que não podem ser mitigados
ou minimizados, (3) a distribuição de custo benefício a nível local e regional,
(4) uma declaração das medidas de protecção ou de reassentamento da
população ou grupos afectados, indicando as reacções para as questões
propostas, (5) as oportunidades de melhoramente.

7. Plano de Gestão Ambiental

A gestão dos impactos, a monitorização e propostas de treinamento fazem


parte destos paragrafos a seguir.

Este capítulo constitui a parte orientada do REIA e sumariza as medidas


adoptadas para garantir que (1) a medidas de mitigação sejam
implementadas e (2) os impactos estejam de acordo com as previsões.
Constitui o plano para a monitorização e gestão dos impactos durante a
implementação da actividade nas suas diferentes fases e clarifica as
actividades tanto dos proponentes como do governo.

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Este plano de gestão de impactos e de monitorização deve: (1) conter a


descrição da actividade e a proposta das acções de mitigação, (2) um
cronograma para a sua implementação, (3) alocação das responsabilidades
indicando o nome ou posição da responsabilidade (4) apresentar o
programa de monitorização para avaliar o desempenho, (5) apresentar a
proposta de relatórios de monitorização e procedimentos de revisão, e (6)
apresentar as necessidades de treinamento para garantir a implementação
cabal do plano de gestão dos impactos.

8. Apêndices

Os apêndices devem conter os documentos referência para o seu uso


durante a revisão. Toda informação técnica, as maneiras e os métodos que
conduziram as conclusões do REIA deverão ser incluídos nos apêndices
quando não podem ser incluídos no texto. Os apêndices devem incluir (1) o
glossário, (2) a explicação dos acrónimos, (3) o sumario da gestão do EIA e
das consultas e participações publicas bem como a lista de todas instituições
consultadas durante as diferentes fases do EIA, (4) fontes de informação e
referencias usadas, (5) a lista dos nomes e das qualificações da equipe
interdisciplinar que conduziu o EIA e, (6) os Termos de Referencia do EIA e
dos especialistas.

9. Algumas fraquezas dos REIAs

Os REIAs podem ser claros, alcançar os objectivos e serem consistentes.


Estes aspectos são esperados de um trabalho que envolve uma equipe de
diferentes especialidades que trabalham para terminar os trabalhos nos
prazos predeterminados. Os REIAs não poderão ter a devida qualidade se os
fazedores destes relatórios não conhecerem as fraquezas e deficiências,
dentre elas:
(1) a descrição dos objectivos da actividade são limitadas uma única opção.
Exemplo o transporte de bens e pessoas considera apenas por estrada, (2).a
descrição da actividade omite outras actividades ou partes dela. Exemplo,
uma actividade de mineração não descreve o transporte do minério
processado, (3) alguns aspectos ambientais não são considerados na
selecção das alternativas. Exemplo, para uma exploração mineira os
aspectos para as alternativas não inclui os usos de água, (4) não descrição
dos problema chave afectado pela actividade. Exemplo, que na área de
concessão existem outras actividades de mineração que usam as mesmas
fontes de água e que a capacidade destas fontes para o sua uso foi esgotada,
(5) os apêndices não incluem como as conclusões do REIA foram obtidos, (7)
ambientes sensíveis na área de implantação da actividade não são
considerados. Exemplo, para uma linha de estrada, o REIA não afirma que a
mesma iria atravessar uma área com importância ecológica.

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11. Revisão do Relatório de Estudo do Impacto Ambiental

A revisão é uma fase do AIA para (1) determinar se o REIA de uma


determinada actividade tem a qualidade, relevância e avaliação adequada
dos impactos ambientais para a tomada de decisão, (2) reunir as opiniões
das partes interessadas e afectadas sobre a aceptabilidade da proposta de
actividade e da qualidade da AIA usada, (3) assegurar que o REIA
corresponde aos Termos de Referencia aprovados, e (4) determinar se a
proposta de actividade corresponde as politicas, planos e padrões
existentes

11.1. O seu propósito

O propósito da revisão é de (1) fornecer aos decisores informação sobre a


aceitabilidade dos impactos, (2) permitir um julgamento imparcial quando
há conflitos de interesse de uma das partes evitando demoras
desnecessárias, e (3) identificação de informação adicional a ser incluída no
REIA ou medidas de mitigação adicionais para a implementação da
actividade.

A revisão geralmente é feita pela entidade competente em AIA, podendo


igualmente ser feita por uma entidade independente acreditada para tal ou
por uma comissão designada, podendo começar antes do REIA ter sido
submetido para apreciação final.

11.2. Metodologia de revisão

Para a revisão do REIA uma metodologia e um critério deverão ser


definidos. Geralmente a revisão observa os seguintes critérios e questoes
(1) o REIA cumpre com os termos de referência aprovados, (2) o REIA
contém informação suficiente sobre os objectivos da proposta, os aspectos
ambientais descritos, as alternativas, os impactos, as medidas de mitigação
e de monitorização, etc., (3) o REIA contém informação cientifica e técnica
aceitável, (4) o processo de AIA foi conduzido de forma adequada e reflecte
as posições de todas as partes afectadas e interessadas, (5) a informação
apresentada é perceptível tanto para o publico como para os decisores, (6) a
informação apresentada é relevante para as partes envolvidas no processo
de revisão, e (7) o REIA contém informação sobre as consequências dos
impactos ambientais para a avaliação pelos decisores. Em Moçambique
existe um Manual sobre os aspectos que deverão ser observados aquando
da revisão dos REIAs.

11.3. Passos para uma revisão efectiva

Para uma revisão alguns passos devem ser considerados, nomeadamente a


(1) colocação de uma escala ou nível de revisão, (2) selecção da equipa para
a revisão, (3) consideração dos comentários da público resultantes da
participação pública, (4) identificação dos critérios de revisão, (5) revisão
do REIA, e (6) publicação do REIA.

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12.Tomada de decisão

Depois de elaborados os REIAs eles terminam com a tomada de decisão,


que é uma escolha politica sobre o prosseguir ou não com a implementação
da actividade e as respectivas condições em casos de aprovacao. Em AIA, o
termo tomada de decisão significa aprovação final ou autorização da
proposta.

As possíveis decisões sao as seguintes:

(1) A proposta pode ser aprovada


(2) A proposta deve ser aprovada com condições
(3) A proposta pode ser aprovada com investigação a ser realizada sobre
determinados aspectos
(4) Alguns aspectos deverão ser clarificados antes da aprovação do REIA
(5) Uma adenda ou estudos adicionais devem ser realizados se forem
identificados problemas maiores no actual estudo.
(6) O estudo deve ser rejeitado.

13. Participação pública

A participação pública é fundamental em AIA, pois quando o público é


envolvido a tempo, de forma planeada e devidamente implementado o
programa de participação, pode contribuir para o sucesso do desenho,
implementação, operação e gestão ambiental da proposta de actividade.

1. O público envolvido tipicamente incluem (1) pessoas, indivíduos ou


grupos da comunidade local, (2) os proponentes ou outros beneficiários da
actividade, (3) instituições do governo, (4) Organizações não
governamentais, e (5) Doadores, sector privado, académicos, etc.

(1) Comunidade local: refere- se a indivíduos ou grupo de pessoas da


comunidade local afectadas pela actividade que gostariam de conhecer a
proposta, os seus prováveis impactos, que gostariam de ver seus valores e
sugestões considerados. Gostariam, igualmente, que os proponentes
escutassem e considerassem suas preocupações. Terão um conhecimento
local que poderia ser aproveitado.

(2) Os proponentes: são os donos do projecto ou seus representantes. Estes


poderão compartilhar os objectivos da comunidade local. Os proponentes
gostariam de alinhavar a proposta para o seu sucesso. E este sucesso só
pode acontecer quando o público entender e aceitar a proposta através do
fornecimento da informação. O desenho poderá ser melhorado através do
uso do conhecimento local.

(3) Instituições públicas: quando as instituições do governo, os ministérios


são devidamente envolvidas, é improvável que as actividades sejam
controversas nas fases seguintes da sua implementação.

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(4) Organizações não governamentais (ONGs): estas organizações poderão


dar uma visão geral sobre a actividade na perspectiva do público. Essas
visões poderão ser úteis quando seja difícil o envolvimento das
comunidades locais, mas não podem substituir as comunidades locais.

(5) Outros grupos: incluem os académicos e podem contribuir em grande


medida para o melhoramento da implementação da actividade pelos
conhecimentos que ostentam.

2. Os objectivos

Os objectivos da participação pública são a seguir resumidos (1) informar os


potenciais afectados e interessados pela actividade de modo que esses
sintam se parte da actividade [criar senso de propriedade], (2) dar
oportunidade aqueles que não seriam parte para apresentarem suas visões e
valores, para que as medidas de mitigação considerem varias
sensibilidades, (3) incluir as partes no processo de planificação para que os
benefícios sejam maximizados e os impactos não sejam omitidos, (4) obter o
conhecimento local (correctivo e criativo) antes da tomada de decisão, e (5)
reduzir conflitos através da identificação quanto cedo de questões
polémicas.

3. Como identificar as partes interessadas e afectadas?


Os directamente afectados são facilmente identificáveis. Estes poderão ser
os beneficiários da actividade ou negativamente afectados. Porém, é mais
difícil identificar os indirectamente afectados. Deste modo, seria relevante
definir claramente quem seria envolvido. De qualquer modo, devera ter o
cuidado de ter representatividade de todos grupos interessados e afectados.

4. Tipo de envolvimento público. O público pode ser envolvido de


diferentes maneiras na AIA. O nível de envolvimento do público varia de
mera informação acerca da proposta ou seu envolvimento para influenciar a
tomada de decisão. Deste modo, os termos consulta e participação deverão
ser entendidos e clarificados. Entende - se por informação quando tem um
único sentido, do proponente para o público. Consulta seria informação em
dois sentidos. Finalmente, na participação, tanto os proponentes como o
público compartilham as análises e agendas da AIA. Ambos são envolvidos
na tomada de decisão através de consensos.

5. Métodos de participação pública


A mistura de métodos é o ideal para seu sucesso. Os métodos podem ser
encontros informais de pequenos grupos, o uso de mass media (rádio,
televisão, jornal) para publicidade é relevante para iniciar um programa de
consulta pública. Veja a tabela.

6. Princípios básicos para uma participação pública efectiva


São eles (1) disponibilidade de informação relevante num formato aceitável,
(2) tempo suficiente disponibilizado para permitir a leitura, discussão para
consideração da informação e suas implicações, (3) tempo suficiente para as

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partes apresentarem suas visões, (4) a escolha do local e do período para a


consulta deve encorajar a participação de muitas pessoas.

8. Participação pública e a AIA

A participação pública pode acontecer em cada uma das fases do processo


de AIA. Na fase de screening as autoridades poderão consultar as pessoas
prováveis de serem afectadas pela actividade de modo a avaliar a
significância dos impactos da proposta. Esta informação poderá ajudar a
determinar se para actividade será necessário um EIA ou não. Na fase de
scoping a participação pública seria importante para identificar os impactos
chave da proposta, informação local e caminhos alternativos de alcançar os
objectivos do EIA. Na avaliação e mitigação, a participação pública pode
evitar não acuracia da análise, pode revelar os valores locais e preferências
e pode ajudar na formulação das medidas de mitigação que irão incorporar
a alternativa favorável. Durante a revisão a participação seria útil para
comentários do REIA. As audiências públicas são geralmente realizadas
nesta fase onde encontros formais e informais podem ser realizados para
aquisição de visões.

14. Acompanhamento da implementação da actividade

1. Necessidade de acompanhamento

A implementação da actividade deve ser acompanhada pelas seguintes


razsões, (1) pouca atenção é dada aos impactos gerados durante as fases de
construção e operação, (2) sem um acompanhamento da tomada de decisão,
os REIAs reduziriam- se a documentos meramente formais apenas para
obtenção da licença, em vez de documentos de gestão ambiental que trazem
benefícios ambientais para o alcance da sustentabilidade ambiental, (3)
depois de muito público envolvido, muitos recursos e tempo são gastos para
os EIAs, é necessário salvaguardar o retorno em termos de benefícios
ambientais e a qualidade da tomada de decisão.

2. Tipos de acompanhamentos

Os tipos de acompanhamentos comuns são a monitorização e as auditorias


ambientais. Entende- se por monitorização a colecta sistemática de dados
ambientais através de medições regulares. As actividades de monitorização
incluem- se a (1) a monitorização da situação de referencia onde os
parâmetros ambientais são medidos na fase pré implementação da
actividade com vista a determinar a natureza e as variações naturais para
estabelecer a natureza dessas mudanças, (2) monitorização dos efeitos:
consiste em medições regulares dos parâmetros ambientais durante as fases
de construção e operação, de modo a identificar mudanças nesses
parâmetros que podem ser atribuídos ao projecto, (3) monitorização de
conformação seria continua medição regular de parâmetros ambientais,
níveis de lixos descarregados ou emissões de modo a conformar esses
parâmetros com os padrões.

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Por outro lado, a auditoria ambiental seria a noção de verificação de praticas


e certificação de dados ou a verificação do estado de saúde de um
determinado empreendimento. Os objectivos da auditoria ambiental
incluem- se (1) a organização e interpretação dos dados de monitorização
ambiental para estabelecer mudanças relacionadas com a implementação
ou operação da actividade, (2) verificação de todos parâmetros com vista a
observar a sua conformação com os politicas, padrões e regulamentos, e
estabelecimento dos limites da execução ambiental, (3) comparação dos
impactos previstos com os que decorrem para avaliar a acuracia das
previsões, (4)avaliação da eficácia do sistema de gestão, das praticas e dos
procedimentos e, (5) determinar o âmbito e o nível das acções de
remediacao a implementar em casos de não conformação.

3. Utilidade dos dados de monitorização e auditorias

A monitorização consiste na planificação de um programa de monitorização,


a colheita e análise de amostras, a sua interpretação e a elaboração de
relatórios. Os dados da monitorização são úteis para (1) documentar os
dados da situação de referencia no inicio do processo de AIA, (2) avaliar o
desempenho e a conformação com as condições de aprovação da actividade
para modificar as actividades de mitigação se forem identificados impactos
negativos não previstos, (3) revisão dos impactos previstos para uma
efectiva gestão de riscos e incertezas, (4) identificar tendências dos
impactos, (5) revisão periódica e alteração das actividades do plano de
gestão, (6) verificar a acuracia das previsões dos impactos e a eficácia das
medidas de mitigação, de modo a transferir a experiência para projectos
futuros. A monitorização devera incluir as acções de emergência para casos
em os padrões e limites não são alcançados.

Os resultados de uma auditoria são úteis para (1) determinar os impactos


actuais ou resultados da actividade ou decisões submetidas a AIA, (2) avaliar
se as condições estabelecidas pela entidade licenciadora para a mitigação
dos impactos terão sido implementados e se essas medidas garantem a
protecção ambiental, (3) identificar a natureza e acuracia das previsões dos
impactos na gestão ambiental dos impactos da actividade, (4) avaliar a
eficácia do processo de AIA de modo a identificar áreas que poderia ser
revistas ou focalizadas, (5) examinar a eficácia do EIA de modo a identificar
oportunidades de melhoramento. A auditoria resulta em: (1) melhoramento
da imagem do produto dada a protecção do ambiente, (2) redução da
oposição pública, (3) redução de multas que poderiam resultar em
inconformidades.

4. Composição de um programa efectivo de monitorização

(1) programa de colheita de amostras (quando e onde?), (2) métodos de


colheita nas fontes, (3) colecção da qualidade de dados, (4) compatibilidade
entre novos dados com os dados relevantes, (5) custo eficácia na colecção

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de dados, (6) controle de qualidade nas medições e analises, (7) banco de


dados, (8) relatórios para a gestão interna ou para verificação externa.

5. Passos para elaboração de um programa de monitorização


(1) identificar o âmbito da monitorização e os aspectos ambientais como
qualidade da agua, vectores de doenças, que necessitam de monitorização,
(2) definição dos objectivos para a monitorização destes aspectos, (3)
decidir como essas informação colectada seria usada para a tomada de
decisão, (4) definir limites, seleccionar mapas e planos, e locais para
observação, medição e colheita de amostras, (5) definir os indicadores
chave para as medições directas e observação, (6) definir como os dados
seriam analisados e como as analises seriam apresentadas, (7) decida sobre
os níveis de acuracia necessários para a analise dos dados, (8) decidir como
novos dados poderiam ser usados para melhorar os dados existentes e
assegura que o formato seja compatível com os dados existentes, (9)
estabelecer mínimos requisitos para a monitorização do ar, qualidade da
agua, mudanças sociais.

6. Passos para uma auditoria ambiental (Manual de Auditoria Ambiental)

1. Planificação: definição do local e âmbito, selecção da equipe de auditores,

2. Condução da auditoria ambiental: (a) pré auditoria: plano de auditoria


(onde, o que, como, quem, quando?), preparação do questionário (agua,
lixos, monitorização, emissões, etc), revisão de documentos, visita
preliminar; (b) Auditoria no local: reunião de abertura, revisão de
documentos, vistoria dos locais, entrevistas, reunião de fecho, (c) Pos
auditoria: compilação da informação, preparação do relatório.

3. Acompanhamento da auditoria: desenvolvimento de um plano de acção,


implementação do plano de acção.

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Curso de Avaliação do Impacto Ambiental
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Bibliografia

1. Canter, L. (1996): Environmental Impact Assessment, Second Edition,


McGraw- Hill Series in Water resources and environmental
engineering. University of Oklahoma, United States of America.

2. Corson, W. ed. (1993): Manual Global de Ecologia. O que você pode


fazer a respeito da crise do Meio Ambiente. Editora Augustus. São
Paulo, Brasil.

3. MICOA (2005): Compilação de Legislação Ambiental Moçambicana.


Tomo II. Maputo, Moçambique

4. MICOA (1996): Programa Nacional de Gestão Ambiental, Maputo,


Moçambique.

5. Moreira Dias, I (1993): Seminário sobre Avaliação do Impacto


Ambiental. IUCN- União Internacional para a Conservação. Maputo-
Moçambique.

6. Partidário, M; Jesus, J. ed. (1994): Avaliação do Impacto Ambiental.


Conceitos, procedimentos e aplicações. CEPGA- Centro de Estudos
de Planeamento e Gestão do Ambiente, Lisboa- Portugal.

7. Ridgway, B. et al. (1996) Environmental Impact Assessment Training


Resource Manual. United Nations Environmental Programme- UNEP.
Preliminary Version. The Environment Protection Agency. Canberra,
Australia.

8. Sadar, M. (1996): Environmental Impact Assessment, Second Edition,


Quebec- Canada.

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