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ANÁLISES LABORATORIAIS

FATEC S/A

As análises laboratoriais sevem como um guia para o formulador, permitindo


conhecer o verdadeiro valor do alimento adquirido e obter uma ração que atinja metas
técnicas e econômicas de uma criação. Portanto, ajudam os compradores a definir quais são os
fornecedores que detêm os melhores produtos no mercado. Para que todos entendam melhores
esses resultados, a equipe do Laboratório da Fatec comentará cada item analisado e qual o seu
significado em cada matéria – prima.

1 – UMIDADE – É a primeira análise que uma matéria – prima deve sofrer, pois o tempo de conservação dos
produtos diminui quando o teor de umidade aumenta.
O princípio desta análise consiste em deixar o material em uma estufa com temperatura de 105º C e somente
retira-lo quando não houver mais diminuição do peso da amostra, e, a partir do peso inicial (matéria natural) e final
(matéria seca), calcula-se a umidade.
Todos os ingredientes utilizados na fabricação de rações animais possuem uma determinada quantidade de água,
que indica a qualidade do produto. Materiais com alta umidade tendem a ter uma degradação maior, enquanto que
alimentos muitos secos apresentam problemas no aproveitamento dos nutrientes pelo animal. Segundo TORRES (1981),
o teor de umidade dos alimentos secos que constituem a ração farelada, varia de 4 a 10 % nos subprodutos industriais e
de 9 a 14 % nos grãos. A mistura, depois de pronta, geralmente contém de 10 a 12 % de umidade.
Então, porque devemos preferir produtos com menor umidade? Economicamente, para não comprar água
ao preço que não convém. Por exemplo, em uma carga qualquer de 20 toneladas, se ela possuir 2% d umidade acima do
esperado, estaremos recebendo 400 kg de água a mais, por um preço muito elevado. Microbiologicamente, o excesso de
água pode propiciar um ambiente adequado ao crescimento de microorganismo, esses, além de consumirem os nutrientes
da matéria – prima, podem, dependendo do tipo de micróbio, produzir alguma toxina prejudicial ao desenvolvimento dos
animais que consumirem uma ração produzida com material nessas condições. Esse é um fatores que mais interferem no
desenvolvimento do animal sadio.
Bioquimicamente, o excesso de água serve como um meio de degradação enzimática e oxidativa sobre os
nutrientes do produto. Porém, devido ao pequeno teor hídrico dos materiais, estas reações são raras e desprezíveis em
relação ao estudo da nutrição.

2 – PROTEÍNA BRUTA - A proteína é caracterizada por possuir átomos de nitrogênio em sua estrutura, além
dos outros elementos orgânicos, numa proporção média de 16 %. Na realidade, durante o processo de análise, o
elemento determinado é o nitrogênio e, a partir deste ponto, um cálculo simples nos fornece o teor aproximado de
proteína bruto do material. Vale lembrar que o resultado obtido fornece o teor não só de proteínas, mas também de
outros compostos orgânicos nitrogenados de menor valor biológico para a composição corpórea dos animais via nutrição.
O princípio de sua determinação passa por um processo químico, no qual todo o nitrogênio de amostra é
transformado em um composto analisável pelo processo de titulação volumétrica. Uma vez determinada a quantidade de
nitrogênio, por cálculo algébrico se chega ao provável valor da proteína bruta do ingrediente.
Uma proteína é formada por diversos aminoácidos. Comparativamente, se uma parede fosse uma proteína, os
tijolos seriam os aminoácidos. Seqüências diferentes formam diferentes proteínas. Essa seqüência depende da espécie
animal em questão, isso porque as proteínas que compõem a carne de um suíno são diferentes, na sua composição,
daquelas que compõem a carne de uma ave. Outro ponto importante é a freqüência com que cada aminoácido aparece na
composição das proteínas animais. Por isso, os animais necessitam de diferentes quantidade de proteínas, quer
comparado com outros animais ou mesmo em diferentes fases do seu desenvolvimento.
Existem diversos tipos de aminoácidos. Alguns, os animais conseguem fabricar; outros, eles precisam receber
através da alimentação, pois são impossíveis de serem metabolizados (aminoácidos essenciais). O balanceamento é
responsável pelo fornecimento correto dos nutrientes para o animal, inclusive as quantidades necessárias dos
aminoácidos.

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3 – ATIVIDADE UREÁTICA – Os grãos leguminosos utilizados na alimentação possuem enzimas que podem
melhorar ou prejudicar a absorção de alguns nutrientes. No caso da soja, ela possui uma enzima que inibe a ação da
tripsina, no tubo digestivo. A tripsina tem a função de quebrar as proteínas em aminoácidos, que serão absorvidos pelo
intestino. Sem essa enzima (tripsina), alguns nutrientes não serão aproveitados pelo animal, causando piora no
aproveitamento alimentar.
As enzimas são substâncias que se desnaturam ao serem submetidos ao calor, perdendo sua atividade. Por esse
motivo, a soja deve receber tratamento térmico para tornar inativo o fator antitripsina contido em seu grão. A única
forma de sabermos se a soja foi submetida ao tratamento térmico correto é analisando a atividade enzimática. Como o
processo analítico para determinação desta enzima é caro e demorado, verificamos a atividade de uma outra enzima, com
o mesmo comportamento: a urease. Desse modo, analisa-se a uréase e, por comparação, estima-se a atividade da enzima
antitripsina. O princípio de determinação da uréase se baseia em colocar o produto a ser analisado em presença de uréia
que será atacada pela uréase, formando amônia. Essa última irá alterar o pH do conjunto analítico e isso serve de base
para determinação da sua atividade.

4 – SOLUBILIDADE DA PROTEÍNA BRUTA – Essa análise pode ser efetuada em dois meios extratores,
água e Hidróxido de Potássio (KOH), na concentração de 0,2%. Ela irá fornecer o percentual solúvel da proteína bruta
do material em cada um dos meios. Essa análise é um indicador para se avaliar, indiretamente, a fração aproveitável da
proteína bruta pelo processo digestivo.
Normalmente, essas análises são efetuadas sobre produtos que receberam tratamento térmico, como é o caso da
soja e seus derivados, pois durante o processo há a desnaturação, não só das enzimas indesejáveis, mas também de outras
proteínas. Esse efeito reduz a solubilidade, tanto em solução aquosa, quanto em KOH. Por esse motivo, a avaliação da
solubilidade é feita em conjunto com a atividade ureática, pois há necessidade de um produto termicamente tratado, com
pequena atividade enzimática e solubilidade adequada. O princípio dessa análise consiste na colocação do material
dentro de cada um dos sistemas extratores (água e Hidróxido de Potássio), para que a proteína, por solubilidade, passe
para o meio, em seguida, a analisa-se o teor protéico de cada fração extraída. Feito isso, e conhecendo-se o valor da
proteína bruta da amostra, calcula-se a porcentagem de proteína bruta solúvel em água ou Hidróxido de Potássio.

5 – TESTE DE ÉBER – Esse teste serve para avaliar as condições e o estado de conservação de matérias-
primas de origem animal, como farinhas de carne e ossos, farinhas de penas, vísceras, sangue e ossos.
Alguns microrganismos podem agir sobre as proteínas presentes nessas matérias-primas e levar à produção de
compostos como amônia (NH3) e gás sulfídrico (H2S). O teste de Éber consiste na comparação dos níveis desses
compostos (após extração em água para a amônia e ácido clorídrico para o gás sulfídrico) obtidos nas amostras com
níveis estabelecidos (padrões).
NH3 – Positivo: aparecimento de coloração marrom na solução;
H2S – Comparação com tabela de padrões.
É um teste rápido ( leva cerca de um minuto), simples e qualitativo (Positivo = degradação. Negativo = não há
degradação). No Laboratório da Fatec, não é utilizado rotineiramente pelo fato de não ser um bom indicativo de
degradação da matéria-prima, podendo haver uma falha de interpretação de acordo com as variações dos resultados.

6 – TANINO – O sorgo tem sido utilizado como substituto do milho pela semelhança de seus valores nutritivos,
porém apresenta deficiência no teor de xantofilas (menor capacidade pigmentante) e no balanço de aminoácidos,
principalmente em metionina. A maior restrição da utilização do sorgo se refere à presença de taninos, que são um grupo
de fenóis com a propriedade de se combinar a várias proteínas. O tanino diminui a palatabilidade e provoca alterações
digestivas que prejudicam o trânsito intestinal, assim como a absorção de certos nutrientes. Atualmente, existe no
mercado três classificações em relação a quantidade de tanino: baixo(0,01 a 0,3 %), médio (0,3 a 0,6%) e alto (0,6 a
1,2%), sendo que grãos contendo mais que 1% não são recomendados para a nutrição animal.
Quando utilizar o sorgo em substituição ao milho, é importante mensurar o teor de tanino contido nos
grãos, além de suprir a necessidade de metionina.

O princípio da determinação de tanino baseia-se na dosagem calorimétrica do ácido tânico contido nos grãos do
sorgo. A amostra é submetida a passagens por água destilada e soluções reagentes, e então é feita a leitura no
espectrofotômetro. O resultado obtido é comparado a uma amostra-padrão.

7 –DIGESTIBILIDADE DA PROTEÍNA EM PEPSINA – Na composição de qualquer dieta para animais de


produção, a qualidade das fontes protéicas é fundamental para que o animal atinja seus objetivos e tenha um desempenho
máximo. Uma fonte interessante de proteína é representada pelas farinhas de origem animal, como as farinhas de carne e

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ossos, farinhas de penas, farinhas de vísceras e outras. Um dos principais problemas para a utilização dessas farinhas é a
variabilidade na sua composição, o que acaba interferindo nos níveis de proteína e dificultando o balanceamento das
rações.
A análise de digestibilidade da proteína em pepsina é um dos modos de verificar a qualidade das farinhas de
origem animal. Esse método consiste na colocação da amostra em um meio contendo uma enzima, a pepsina, que irá
digerir a proteína da amostra num determinado período de tempo. O objetivo é simular as condições que esta amostra
enfrentaria no processo de digestão. Através do resultado obtido, pode-se ter uma idéia do quanto de proteína o animal
pode aproveitar dessa farinha.

MATÉRIAS – PRIMAS

MILHO: deve ser isento de sementes tóxicas e resíduos de pesticidas, além de possuir no máximo 6% de grãos
ardidos e brotados, podendo ser moído ou inteiro.

FARELO DE SOJA: subproduto resultante da tostagem e moagem dos grãos de soja, durante o processo
industrial para extração de seu óleo para consumo humano. Deve ser processado uniformemente existem basicamente
dois tipos de produtos:
1- sem a retirada da casca (farelo de soja )
2- com retirada parcial da casca (farelo de soja descascado ou Hipro)

FARINHA DE SOJA INTEGRAL: tem que ser processado termicamente para evitar que alguns fatores
antinutricionais possam prejudicar a absorção dos nutrientes pelo animal.

FARELO DE TRIGO: subproduto resultante da moagem para obtenção da farinha de trigo. É constituído
pelas camadas externas e internas do grão, partículas finas de gérmen e outros resíduos resultantes do
processamento.

SORGO: deve ser isento de sementes tóxicas, não pode conter resíduos de pesticidas, além de possuir no
máximo 6% de grãos ardidos e brotados e 4% de impurezas e fragmentos.

PROTENOSE: formado através do processamento do milho por via úmida. Possui alta energia e alta proteína
constituída de glúten e xantofila, com ação pigmentante em rações avícolas.

FARELO DE ARROZ INTEGRAL: originário do polimento realizado no beneficiamento do arroz grão sem
casca, é constituído pelas camadas externas do grão, gérmen, fragmentos de arroz (quirera fina) e pequenas
quantidades de casca.

FARINHA DE VÍSCERAS: produto resultante da cocção de vísceras de aves – sendo permitido a inclusão de
cabeças e pés. Não deve conter penas e outras matérias estranhas a sua composição, salvo naquelas quantidades
inevitáveis nos bons métodos de processamento.

FARINHA DE PENA HIDROLISADA: produto resultante da cocção, sob pressão, de penas limpas e não
decompostas, obtida no abate de aves. É permitida a adição de sangue desde que sua inclusão não altere
significativamente a composição química média estipulada.

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RESULTADOS DE ANÁLISES LABORATORIAIS DAS PRINCIPAIS MATÉRIAS-PRIMAS
UTILIZADAS NA FORMULAÇÃO DE RAÇÕES PARA SUÍNOS E AVES.

INGREDIENTES UMIDADE (%) PROTEÍNA(%)


Max. Min. Max.

Milho 13.00 7.50 9.50


Far.trigo 13.00 15.00 18.00
Far. Arroz Integral 13.00 11.00
Protenose 13.00 54.00 66.00

Tanino(%) Max.
Sorgo 13.00 8.50 12.50 1.2

KOH (%) Mín. A .Ureática(%) (Min. Max)


Far. De Soja 13.00 44.00 47.00 75.00 0.03 – 0.25
Far. De Soja Integral 13.00 35.00 39.00 75.00 0.03 - 0.25

Éber NH3 – Max. Éber H2S – Max.


Farinha de Pena Hidrolisada 8.00 75.00 80.00 1.00 0.20
Farinha de Vísceras 8.00 49.00 59.00 1.00 0.20
Fonte: Laboratório de Análises Fatec S/A

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