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Title Page
Copyright
1 - Summer
2 - Summer
3 - Summer
4 - Aiden
5 - Summer
6 - Summer
7 - Summer
8 - Summer
9 - Summer
10 - Summer
11 - Ryker
12 - Summer
13 - Summer
14 - Summer
15 - Summer
16 - Summer
17 - Summer
18 - Ryker
19 - Summer
20 - Summer
21 - Summer
22 - Marcello
23 - Summer
24 - Summer
25 - Summer
26 - Summer
27 - Summer
28 - Aiden
29 - Summer
30 - Summer
31 - Summer
32 - Summer
33 - Ryker
34 - Summer
35 - Summer
36 - Summer
37 - Summer
38 - Summer
39 - Marcello
40 - Summer
41 - Summer
42 - Summer
43 - Aiden
44 - Summer
45 - Summer
46 - Summer
47 - Summer
48 - Summer
49 - Summer
Epílogo
Uma babá para os Comandos
Sobre a Autora
O Acordo
com meu Ex

Um romance
de Harém Reverso

Krista Wolf
Copyright © 2020 Krista Wolf

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode


ser reproduzida, distribuída ou transmitida de nenhuma forma sem
o consentimento prévio da autora.
Imagem da capa: bancos de imagens - a história não tem relação
com os modelos.

~ Other Livros de Krista Wolf ~


Uma Noiva de Sorte
Uma Babás para os Comandos
O Acordo com meu Ex

(em inglês)

Quadruple Duty
Quadruple Duty II - All or Nothing
Snowed In
Unwrapping Holly
Protecting Dallas
The Arrangement
Three Alpha Romeo
What Happens in Vegas
Sharing Hannah
Unconventional
Saving Savannah
The Christmas Toy
The Wager
Theirs To Keep
Corrupting Chastity
Stealing Candy
The Boys Who Loved Me
Three Christmas Wishes
Trading with the Boys
Surrogate with Benefits
The Vacation Toy
Wife to the Marines
The Switching Hour
Secret Wife to the Special Forces
Secret Baby for the Navy SEALs
Given to the Mercenaries
Capítulo 1

SUMMER

Caminhar na beira do precipício era a parte fácil. Decidir pular era o


mais difícil.
Ou melhor, apertar o botão ENVIAR. Porque assim que ele fosse
apertado, não seria possível desfazer. Eu não poderia voltar atrás.
Faça de uma vez.
Era uma noite de domingo. Tarde, mas não ridiculamente tarde.
Definitivamente não era tarde demais para o que eu queria, e eu ainda não
tinha encontrado nenhum homem que me rejeitasse por causa da hora.
E entre Aiden e eu, a hora nunca tinha importado.

Lembra?

Era só uma palavra. Simples, escrita debaixo de uma foto das minhas
longas e desnudas pernas, tirada de cima. Mas também era a palavra que
iniciaria uma cadeia de eventos que não poderiam ser interrompidos. Seria
como voltar para um abismo morno e conhecido. Ou pular de um penhasco.
Foda-se.
Apertei ENVIAR e deixei o ar que estava preso no meu pulmão sair
pelos meus dentes cerrados. Era bom tomar decisões. Era como ir em
frente… mas ao mesmo tempo voltar um pouco.
Naquele ponto, eu pouco me importava.
Uau, aventuras do passado!
É claro que me lembro.

As pequenas elipses piscavam enquanto meu ex continuava digitando


o resto da mensagem:

Eu me lembro ainda mais da dona dessas pernas.

Borboletas explodiram no meu estômago. Eu não estava mais na beira


do penhasco. Eu havia pulado. Caído. Girando no ar.

Quer ver um pouco mais?

Sua resposta veio imediatamente:

Sério?

Agora as borboletas no meu estômago receberam suas amigas.


Milhares delas ao mesmo tempo.

Aham. Só mais uma. Sem compromisso, é claro. Considere um


bônus.

Eu não conseguia acreditar no que estava digitando, mas ao mesmo


tempo acreditava totalmente.
Que merda, Summer.
Aiden e eu tínhamos nos conhecido no primeiro ano da faculdade. O
relacionamento tinha sido ardente desde o início e durou o curso todo até
nos incendiarmos e virarmos pó depois da graduação. O caminho para isso
tinha sido uma montanha-russa, cheia de altos e baixos. Um turbilhão de
risadas e diversão e memórias incríveis, misturadas com todas as
inseguranças e imaturidades de dois jovens universitários tolos convencidos
de que estavam apaixonados.
E agora…
Três anos depois, ali estava eu. Mais ou menos no mesmo lugar, na
mesma posição. Enquanto Aiden, por sua vez—

Como sabe que estou na cidade?

Não havia motivo para mentir. Além disso, eu era uma péssima
mentirosa.

Vigiando seu Instagram. Vi que você parou em casa.

Vigiando, sim. Obcecada? Talvez ainda não. As redes sociais do meu


ex-namorado estavam repletas de fotos incríveis dos lugares ridiculamente
exóticos que ele tinha visitado recentemente. O que fazia sentido, já que ele
era fotógrafo especialista em viagens.
E para completar…
Bom, para completar, havia fotos dele. Seus cabelos pretos. Seus olhos
castanhos que fuzilavam minha alma. Aiden era profundamente bronzeado
e tinha deixado crescer uma barba fantástica que me fazia desejar que ainda
estivéssemos juntos. E ainda havia seu corpo, que parecia ter sido esculpido
como uma dessas estátuas de deuses gregos. Seu peito era magnificamente
largo. Seus braços grandes, rasgado por incríveis bíceps e tríceps.
Mas a cereja do bolo, certamente, eram os cumes rígidos do seu
tanquinho, que ele desenvolveu de repente depois que rompemos.
Eu tinha passado a última meia hora encarando foto por foto.
Desejando poder tocar aquele corpo. Sonhando acordada com a sensação de
encostar minha bochecha na sua barriga de novo, como eu já havia feito
incontáveis vezes.
E então pensei… por que não?

Você realmente quer me ver?


Mal registrei as palavras e já comecei a responder.

“Ver” e outras coisinhas mais.

Meu estômago se contorceu. Aquilo estava prestes a acontecer mesmo.

Agora?

Que parte daquele convite para transar ele não estava entendendo?

Você prefere esperar até eu mudar de ideia?

Eu podia vê-lo rindo do outro lado da tela. Eu sempre mudava de ideia,


ele havia presenciado muitas vezes.

Me espere sentadinha. Chego aí em quinze minutos.

Um arrepio de excitação tremeu meu corpo todo, mesmo com os


alarmes costumeiros tocando na minha cabeça, me alertando de que não era
uma boa ideia.

Não vou sentar em nada. Só em você, daqui a pouco.

Summer!
Minha consciência me deu um empurrão no braço, me castigando por
ser tão ousada, tão assanhada, tão — Piranha?
Sim, talvez um pouco. Mas eu estava no celibato, como uma freira,
nos últimos três ou quatro meses. Nem um mísero encontro depois de
dispensar Ryan para procurar gramas mais verdes. E por gramas mais
verdes, eu queria dizer sexo bom.
Porque sim, Ryan era péssimo de cama. Sempre foi. Sempre seria.
Pobre Ryan.
Não. Pobre de mim! E mesmo assim, mesmo com o sexo medíocre, e
mesmo não sendo necessariamente louca por ele, eu continuei com Ryan
mais por hábito do que por qualquer outra coisa. Fiz o mesmo com
Anthony. Com Christian. Com—
Que merda, Summer. Talvez o problema seja você.
Eu ri dentro do meu quartinho no apartamento compartilhado, me
perguntando o que havia de errado comigo. Não só porque eu estava rindo
feito uma maníaca de mim mesma, mas porque talvez, só talvez, o
problema fosse eu.
Esquece isso, minha consciência advertiu. Parecia empolgante, mas eu
estava mais empolgada ainda. Melhor eu ir me arrumar.
Então de repente outro par de mensagens chegou, de forma inesperada.
Uma depois da outra:

E já que estamos trocando fotos…


Lembra disso?

A imagem que veio a seguir tinha sido tirada do mesmo ângulo que a
minha. Mostrava um par de pernas masculinas e musculosas. Só que essa
foto mostrava um pouco mais. Tinha sido tirada do alto, o suficiente para
dar para ver a linha destacada da virilidade inchada de Aiden, comprimida
dentro de uma cueca boxer.
Santo Deus.
Não era a primeira foto de pênis que eu recebia, mas era a primeira que
me causava aquele tipo de arrepio. Me senti corada e quente. Cada
centímetro da minha pele tinha explodido em calafrios, da cabeça aos pés.
Não sei como, mas consegui retomar a conversa.

Traga isso para cá agora mesmo.


Que eu cuido direitinho dele.
Capítulo 2

SUMMER

Esperei ele bater três vezes para abrir a porta, porque decidi que assim
eu não pareceria tão desesperada. E bem, já era quase meia-noite. Eu estava
sozinha em casa e tinha acabado de convidar meu ex-namorado para me
visitar completamente do nada. Não íamos exatamente jogar dominó ou
algo do tipo.
No último instante dei uma olhada no espelho da entrada. Tinha
escolhido uma roupa casualmente sexy. Shorts bem curtinhos e soltos e um
cropped branco. Pijama, na verdade. Mas eu ia fazer outra coisa além de
dormir.
“Ei…”
Aiden estava parado na porta da minha casa, como nos velhos tempos.
Calça jeans de marca. Camiseta apertada. Ele estava exatamente igual nas
fotos que haviam tirado minha paz. Ainda melhor ao vivo.
“Ei”, pisquei de volta para ele. “Eu—”
Ele entrou na sala e de repente seus braços estavam em volta de mim.
Suas mãos escorregaram pelas minhas costas, seu corpo duro e rígido me
puxava para perto enquanto seus lábios apertavam os meus.
DEUS…
O beijo foi lento. Profundo. Sensual. Totalmente inesperado, mas
totalmente desejado.
Sem silêncio constrangedor!
Eu tinha me preocupado sobre como seria. Quem faria o primeiro
movimento, e se seria estranho ou não o reencontrar depois de todo aquele
tempo. Mas agora…
Estávamos nos beijando como dois amantes apaixonados, movendo
nossas línguas dentro das nossas bocas. Aiden apertava minha lombar
contra ele, me mantendo estabilizada com uma mão enquanto a outra
escorregava pela minha bunda sem pedir licença.
SIM.
Derreti sob seu toque, respirando seu cheiro almiscarado de homem.
Seu cabelo estava perfeito, apesar da hora, e a sombra descia até sua barba
imaculadamente aparada…
Mas seus braços, seu peito, seu corpo estavam me levando à loucura.
Aiden estava maior. Mais largo, mais poderoso. Muito diferente do jovem
universitário que eu namorei. Ele estava mais homem.
“Você está maravilhosa!”, ele disse, finalmente parando o beijo. Ele
ainda me segurava firme, de uma forma nova e mesmo assim
confortavelmente familiar. E ele me encarava de cima a baixo.
“Sim, claro.”
"Não, é sério!”, ele riu. “Summer, faz muito tempo. Você… mudou.”
Seu sorriso me dizia que ele havia aprovado aquelas mudanças que
aconteceram graças a milhares de horas na academia. Suas mãos se moviam
de novo, de forma que eu aprovava muito.
“Sabe, é engraçado você ter falado comigo”, ele disse.
Arqueei uma sobrancelha. “Ah, é?”
“E se eu disser que pensei muito em você ultimamente?”, Aiden sorriu
e me apertou.
“Eu diria que você está mentindo.”
“Porque eu pensei”, ele disse, ignorando minhas palavras. A mão na
minha bunda estava me apertando possessivamente, me espremendo contra
ele. "Na verdade, tenho pensado muito em você.”
“Olha, não precisa me agradar, porque não importa o que você diga
agora”, fiquei na ponta dos pés, levando os lábios para perto do seu ouvido,
“Você ainda vai transar…”
Beijei seu pescoço que tinha gosto de sal. Esfreguei meus lábios
gentilmente pela curva do seu maxilar incrível e deixei minhas mãos irem
para onde elas queriam. E é claro que elas queriam uma coisa em particular.
Caralho.
Meu ex-namorado já estava de pau duro, eu podia sentir a grossura
inchada e pesada através da sua calça. Ele se mexeu quando recomecei a
beijá-lo, ganhando vida na minha mão, se desenrolando ainda mais, ficando
cada vez maior até—
"Você sabe que eu vou te comer toda”, ele grunhiu no meu ouvido.
Aquela frase fez com que uma cachoeira descesse pelo meio das minhas
pernas, naquele lugar mágico.
“Sim, por favor.”
“Mas eu também…”, Aiden se afastou e riu marotamente, “tenho uma
proposta pra você.”
"Hmm”, eu murmurei, não me importando com mais nada que não
fosse aquele nó crescendo na minha mão, “intrigante.”
“Na verdade, é uma grande proposta”, ele corrigiu. “Mas—”
“Espera, você tá vendendo esses shakes de emagrecimento?”
Aiden gargalhou e me beijou de novo. “Não.”
“Algum esquema de pirâmide?”
Ele chacoalhou a cabeça. “Nada disso.”
Derreti mais no seu corpo, habilmente abrindo o botão de cima da sua
calça com uma única mão. Era um truque que eu tinha aprendido com ele
mesmo, anos atrás. E eu tinha praticado inúmeras vezes, tal qual foram
nossas inúmeras noites juntos.
Ele se engasgou quando escorreguei minha mão para baixo. Não parei
até encontrar o que queria, e agarrar firmemente sua grossura quente.
"Isso pode esperar até a gente transar?”, ronronei de forma sensual.
Aiden me encarava e acenou devagar, como se estivesse em transe.
“Com certeza”.
“Resposta certa!”, eu disse dando uma piscadinha antes de o arrastar
para o quarto.
Capítulo 3

SUMMER

Demorei o tempo que quis para tirar a roupa dele, com o coração
acelerado durante todo o processo. Eu estava prestes a fazer algo travesso e
proibido. Algo que era para eu me arrepender de manhã, embora eu
soubesse imediatamente que não sentiria um pingo de remorso.
Não com aquele corpo ali.
Minhas mãos rolaram pelo corpo desnudo de Aiden, se demorando no
oceano de ondulações do seu abdômen duro. Elas se moveram para baixo,
abaixando sua calça junto de sua cueca.
E definitivamente não com esse pau.
Suas mãos se entranharam no meu cabelo e eu caí de joelhos,
acariciando sua haste dura e quente com o rosto. Aiden era ainda maior do
que eu me lembrava. E eu lembrava que ele era grande.
“Mmmmm…”, eu gemi, arrastando meus lábios pelo comprimento da
sua vara dura. Comecei a provocá-lo com a língua. Corri a língua para cima
e para baixo na lateral, antes de rodopiar minha boca na cabeça do seu pau.
“Senti saudade disso…”
Mergulhei para a frente, engolindo-o completamente. Levando-o até o
fundo da minha garganta. Aiden gemeu, seus braços endureceram de
repente. Suas articulações se enrijeceram e seus dedos se enrolaram em dois
punhos firmes.
“Não o mesmo tanto que eu”, ele conseguiu dizer respirando abafado.
Nos minutos seguintes o único som que ouvi no meu quartinho foi o
som obsceno das chupadas que dei no meu ex-namorado. E foi bom. Muito
melhor do que eu me lembrava. Talvez fosse todo o tempo perdido ou o
tabu de fazer algo que supostamente não devia. O que quer que fosse, eu
não me lembrava de ficar tão molhada ou excitada desde… bem…
Desde nunca.
Subi e desci, rodando minha boca em torno do seu comprimento
impressionante. As bolas de Aiden estavam pesadas e cheias. As peguei
com a mão, rolando entre meus dedos e então as colocando gentilmente
para baixo enquanto o masturbava com a minha mão que estava livre.
Era ele que gostava daquilo? Ou será que era outro cara?
De repente eu já não tinha mais certeza. Tive muitos namorados desde
que terminamos, cada um deles com seu gosto e estilo particulares. Ou eu
estava me lembrando de algo que Aiden amava ou eu o estava ensinando
um novo truque. De qualquer forma, seus gemidos me mostravam que ele
gostava da manobra.
Eu tentei pensar quando foi a última vez que fizemos aquilo. A última
noite antes do nosso término e então seguimos direções diferentes. Na
verdade, eu não me lembrava de ter ficado brava, só chateada porque
acabou. Aiden e eu formamos uma boa dupla, por muito tempo. Ele me
fazia rir mais do que ninguém. Ele também me fazia me sentir feliz, segura
e—
E nós trepamos para caralho. Não vamos nos esquecer disso.
Porque era verdade. Por mais que quiséssemos coisas diferentes, nós
éramos ridiculamente compatíveis na cama.
Não havia uma noite no passado em que não tivéssemos transado feito
dois coelhos. Juntos, nós elevávamos tudo a um nível diferente. Eu me
lembrava de ser tomada em todo e qualquer lugar. Transar no banheiro do
campus ou no jardim dos fundos no casamento dos nossos amigos. Eu o
chupava quando íamos ao cinema. Abria minhas pernas no capô do seu
carro, estacionado do lado de um cemitério assustador. Aiden me comeu até
na torre de um farol, me chacoalhando com seu pau magnífico enquanto a
lua lançava sua luz azulada nas ondas do mar.
Não terminamos por falta de química, com certeza não. Foi mais
porque estávamos perdendo tempo. Nós dois começamos a trabalhar e
paramos de nos ver com frequência. Esse tipo de ressentimento criado pela
solidão somado à imaturidade… bem…
Aiden se sentou com os dois braços abruptamente debaixo de mim. Ele
estava me carregando. De repente, ele me jogou de costas na cama, com as
pernas abertas. As duas mãos enormes do meu ex pressionavam as partes
internas das minhas coxas.
À medida que eu sentia sua boca se aproximar da minha boceta
dolorida de prazer, eu tinha certeza de uma coisa: ligar para o meu ex foi
realmente uma boa decisão.
Ohhhhhh…
Me estiquei de costas, sentindo os lençóis frios debaixo de mim.
Entranhei minhas mãos nos cabelos pretos e grossos de Aiden e os puxei
com força, como eu sempre fazia enquanto ele me lambia. Nada no planeta
era tão bom quanto aquilo. Nada era tão incrível como a sensação da sua
língua escorregando para dentro de mim. Sua língua trabalhando
gentilmente no meu clitóris, manipulando-o com a pressão e o ângulo
exatos. Então ele enfiou dois dedos dentro de mim e eu vi estrelas.
CARALHO!
Por mais que fosse uma cilada perigosa dormir com o ex, as vantagens
eram evidentes. Às vezes, eu só queria alguém que conhecesse meu corpo.
Alguém familiar para me fazer explodir. Era o melhor dos dois mundos, na
verdade: toda a empolgação do sexo, que parecia novidade somada à
familiaridade de algo que já aconteceu milhões de vezes antes.
O calor na minha barriga atingiu o ponto de ebulição. Julgando pela
velocidade de Aiden, eu sabia que ele também tinha se dado conta disso.
“Ohhh… Caralho, pequena.”
Pequena. O apelido era íntimo, próximo. Reservado para um casal de
namorados. Pessoas que passaram tempo juntos e conheciam um ao outro
bem.
E mesmo ali, depois de tanto tempo, continuava saindo com
naturalidade dos meus lábios.
“Pequeno, eu vou…”
Era minha vez de me sentar, enquanto meu corpo era atingido pelo
primeiro orgasmo em meses que não era causado por mim mesma. Agarrei
a cabeça de Aiden. Minhas unhas se agarraram desesperadas no seu cabelo
enquanto minhas pernas pinçavam os dois lados do seu belo rosto.
“OHHHHH!!!”
Meu corpo tremeu todo quando meu clímax aumentou para cima e
para a frente, enchendo sua boca com meu suco. Eu esguichava, mas só
com ele. Só com Aiden, que sabia exatamente o que fazer para me conduzir
até aquele nível de excitação.
“Mmmmmm…”
Ele gemeu forte, vibrando seus lábios como sempre fazia até o último
momento. Ele continuou a cadência e alcançou minha parte de trás. Era o
suficiente para me deixar louca, mas não o suficiente para deixar as coisas
sensíveis demais. Eu me sentia a própria Cachinhos de Ouro, dormindo na
cama grande e suave que era exaaaaatamente perfeita.
Ai. Meu. Deus.
Eu tinha me esquecido de como era bom. Como as coisas entre nós
eram maravilhosas.
Eu ainda estava em transe quando ele agarrou minhas pernas trêmulas,
gentilmente desencaixando-as de seus ombros fortes. Aiden se inclinou para
frente, se aconchegando entre minhas pernas. Ele se guiou contra minha flor
pulsante e gotejante, pela primeira vez em muito, muito tempo.
“Minha vez.”
Capítulo 4

AIDEN

“Vai em frente”, ela sorriu inocentemente, me olhando por cima do


ombro. “Enfia.”
Minhas mãos escorregaram pela sua bunda lentamente, indo pela pele
de porcelana que eu me lembrava tão vividamente da minha memória feliz.
Elas pararam na familiar curva do seu quadril. Aquele lugar que sempre me
permitia controlar tudo perfeitamente, fazendo com que eu quicasse aquele
corpo delicioso na ponta do meu membro pulsante e duro feito pedra na
velocidade que eu desejasse.
Empurrando para a frente, guiei meu caminho para dentro dela de
novo. Summer me tomou inteiro, mordendo o lábio enquanto seus olhos
estavam vidrados pelo prazer cru da nossa conexão.
DEUS como ela é gostosa!
Eu a estava fodendo já fazia algum tempo, entrando e saindo em todas
as posições que conhecíamos. A tomei por trás, com as pernas abertas. Ela
ficou por cima para me cavalgar, as mãos espalhadas pelo meu peito
enquanto ela socava sua bundinha sexy na minha base me enfiando cada
vez mais fundo.
Minha posição favorita até então era colocá-la de lado com uma das
pernas no ar, tipo uma tesoura aberta. Era uma posição em que nós dois
assistíamos. Nós dois aproveitávamos meticulosamente a visão do meu
comprimento, deslizando para dentro e para fora da sua dobra reluzente
com cada estocada deliberada.
No meio do caminho nossos olhos se encontraram e nós
compartilhamos um sorriso maroto e secreto. Havia uma familiaridade entre
nós que fazia tudo ainda melhor. Uma intimidade associada ao nosso
passado extenso, associada à emoção e excitação de tudo novo de novo,
depois de todo esse tempo.
E ali estava eu, tomando-a por trás novamente. Sua posição favorita.
Minha posição favorita. A única posição que ambos amavam tanto que
acabava conosco frequentemente. Sem nem mesmo falar sobre o assunto,
nós gozamos de novo.
“MMMmmm…” Summer gemeu, indo e voltando de quatro. “Isso
sempre foi tão bom.”
Continuava. Talvez melhor do que nunca. O que quer que fosse que
minha ex estivesse fazendo na academia estava definitivamente
funcionando para ela, e para mim. Ela tinha muito mais força e energia do
que da última vez que tínhamos nos visto.
Bombeei devagar, assistindo seu corpo responder aos meus
movimentos. Aproveitando a visão do seu cabelo longo e loiro sibilante de
um lado para o outro enquanto eu me espalhava pelo seu corpo nu.
Você precisa contar a ela. Eu vou, mas não agora.
Eu queria aproveitar o momento. Queria sugar cada segundo do nosso
tempo juntos, caso fosse só um deslize único.
Certifique-se de que não seja um deslize único.
Quando disse a ela que havia pensado nela, não estava mentindo.
Quando muito, era uma atenuação. Eu tinha passado as últimas semanas
falando sobre a minha ex com meus amigos e ela nem sabia.
Ryker. Marcello.
Mas se ela soubesse o porquê…
Senti uma corrente de calor só de pensar nas ideias diversas que
invadiam minha mente. Será que eu conseguiria chegar lá? Só tinha ela em
mente. Será que ela toparia? Era minha preocupação primária. Mas
Summer tinha a mente aberta. Falamos sobre coisas do gênero quando
namoramos, e aqueles assuntos sempre iam bem. É claro que eu tinha que
considerar que abordávamos o tema sempre que estávamos trepando feito
dois coelhos, mas mesmo assim…
Agarrei seu quadril com intensidade, puxando-a na minha direção.
Fodendo em um ritmo lento e firme, vigoroso e profundo. Minha ex gemeu,
respondendo ao meu movimento, aproveitando o aumento na intensidade
das minhas estocadas. Ela rebolava sua bunda nas minhas coxas enquanto
eu agarrava seus braços para enfiar cada vez mais fundo.
Sim. Ela ia apreciar a ideia. Minha mente viajou e eu pensei nos
homens que ela tinha conhecido depois de mim. Será que eles aproveitaram
da mesma forma? Provavelmente.
O pensamento me deu uma pontada de inveja, mas também encheu
meu estômago de fogos de artifício. Seria um pouco assim, não seria? Meio
estranho, mas excitante ao mesmo tempo.
Tranquilo, cara.
De repente eu estava perdendo o controle. Parte disso se dava ao fato
do seu corpo estar quente. E a visão da sua bunda perfeita e redonda,
deslizando lindamente para cima e para baixo na minha vara cintilante.
Caralho!
Os gemidos sensuais que ela emitia. A forma como seus seios
chacoalhavam, no mesmo ritmo do nosso vai e vêm.
“Ah, pequena, estou quase…”
As palavras saíram da minha boca antes que eu as pudesse conter. Mas
eu queria que ela soubesse. Queria que ela—
“Pequena, eu vou… eu vou…”
Antes que eu pudesse terminar a frase, ela começou a se mover mais
rápido, montando com mais força. E ela estava fazendo aquele pequeno
truque. Quando ela girava o quadril… era incrível e maravilhoso quando ela
rodava sua bunda em um semicírculo e eu não podia fazer nada a não ser
assistir, hipnotizado, enquanto ela engolia meu pau até a base.
“V—você ainda está—”
“Tomando pílula?” Summer perguntou, espertamente. Ela tinha o
controle naquele momento e sabia disso muito bem. “Você está me
perguntando se eu ainda tomo pílula?”
Acenei freneticamente, ainda bombando, contraindo cada músculo
tentando me segurar. E ela me fez esperar. Me provocou, impiedosamente, a
cada segundo.
“Sim”, ela finalmente admitiu, mexendo a bunda. “Tomo.”
“Obrigado, senhor”, suspirei para mim mesmo, mas alto o suficiente
para ela ouvir.
“Por que você quer saber, pequeno?”, ela perguntou, com a voz
açucarada. “É por que você está prestes a me preencher toda?”
Minhas mãos puxaram seus quadris. Meus dedos fincados
profundamente, arranhando sua pele tenra.
"Você vai descarregar dentro de mim?”, ela continuou, sem hesitar.
Minha ex sorria por cima do ombro. Sua expressão era nada menos que
perversa. “Você vai transbordar minha boceta com sua porra quente,
pequeno? Vai me encher tanto que vai escorrer pelas minhas coxas, como
sempre?”
“Sua… Safada…”, eu ri.
"Muuuuito leitinho!”, ela provocou, murmurando suavemente. “Vai me
encher toda. Me deixar entupida com sua porra quente e melada que eu não
vou nem poder—”
Entrei em erupção feito um vulcão dentro dela, enchendo-a com jatos
da minha lava grossa, jogando a cabeça para trás e gemendo.
“Sim, sim, sim!”, ela gritava, estocando ainda mais. “Me dá tudo que
eu quero…”
O céu virou um borrão. E minha lava certamente inundou seu pequeno
canal até transbordar. Mergulhei nela cada vez mais, galopando cada pulso,
contração e estocada. Só parei quando tinha aliviado a última gota de
prazer, colocando-a do meu lado enquanto eu relaxava na cama, abraçando-
a por trás.
Abraçá-la era como estar de volta. Como se eu nunca tivesse partido.
“Você vai dormir comigo?”, ela perguntou suavemente.
Meu rosto estava afundado no seu cabelo. Tinha cheiro de morangos.
“Sim?”
Summer se contorceu, espremendo a bunda contra mim. Ela se
encaixava perfeitamente na minha virilha. Sempre se encaixou.
“Bom, tenho certeza de que o estrago já foi feito”, ela riu.
A segurei por um minuto, ouvindo o silêncio. Aproveitando o calor do
seu corpo macio e feminino na escuridão.
“Então… você vai me contar sobre sua proposta?”, ela perguntou.
Meu estômago deu uma pirueta. Meu coração começou a bater forte.
“Amanhã”, eu disse. “No café da manhã.”
Ela ronronou com alegria e se virou de frente para mim. Seu rosto era
angelical. Perfeito. Lindo.
“Ok”, ela permitiu. Summer esticou o braço e me deu um apertão
gentil no meio das pernas. “Mas só para você saber, vamos fazer isso de
novo.”
“Ah, vamos?”
Minha ex acenou e me beijou. “Quando você está no meio do deserto
como eu estava e encontra um oásis o que você faz?”, ela riu musicalmente.
“Se certifica de beber muita água.”
Eu ri e minha risada tremeu nossos corpos sobre sua cama pequena. “É
isso que eu sou para você? Um mero oásis?”
“Não fique bravo”, ela fez um beicinho. “Acredite. Você continua
delicioso.”
Estiquei meu braço, escorregando-o gentilmente pela lateral do seu
rosto precioso. Seus olhos verdes encontraram os meus. Mesmo com a luz
fraca, eles brilhavam como esmeraldas.
Ela é. Tão. Bonita.
Seus olhos se direcionaram para baixo e eu os segui. Os lençóis
estavam ensopados. Como todo o resto.
“Como nos velhos tempos”, ela disse, tocando sua bela flor com um
suspiro de contentamento. Seu sorriso ficou maior quando seus dedos
voltaram gosmentos. “Você sempre gozou muito.”
Capítulo 5

SUMMER

Uma coisa era ligar para o ex querendo transar. Mas outra coisa era ser
destruída por ele três vezes diferentes durante uma noite longa e molhada.
Era minha segunda xícara de café e meu terceiro pedaço de bacon.
Mas Aiden — com toda a sua confiança e ousadia e a melhor performance
da vida na noite anterior — ainda estava enrolando para me contar.
“Ok, desembucha!”, exigi. “Vamos ouvir sua proposta.”
O café do Bill era um dos melhores restaurantes de café da manhã em
toda a cidade de Pleasanton, talvez até mesmo de toda a Califórnia. Não era
nossa primeira vez lá. Ele não devia estar tão nervoso.
“Antes de começar, preciso dizer que minha proposta não é muito
ortodoxa.”
Rolei meus olhos. “Posso lidar com coisas não ortodoxas.”
“Sim,” Aiden continuou, “mas isso é diferente de tudo o que você já
ouviu antes.”
“Ah é?” Respondi, comendo outra fatia de bacon. “E como você
sabe?”
“Confie em mim,” ele deu uma risadinha. “Eu sei.”
Ele estava bonito, sentado do outro lado da mesa, com os cabelos meio
arrepiados como nunca tinham ficado antes. Nós tínhamos tomado banho
juntos, transado e tomado outro banho. Era como a explosão de uma
barragem. Não nos cansávamos um do outro.
“Então…” ele começou, brincando com seu garfo. “Qual você diria
que foi a razão pela qual terminamos?”
A pergunta foi inesperada. Ele queria voltar? Eu não tinha certeza. Eu
achava que não, mas…
“Terminamos porque não tínhamos tempo um para o outro”, respondi.
E hesitei. “Para ser mais específica, você não tinha tempo para mim.”
Aiden estava olhando para baixo, segurando seu garfo no meio daquele
rio de cobertura e restos de panqueca. Ele acenou devagar.
“Não me interprete mal”, adicionei rapidamente. “Quer dizer, você
sempre esteve muito ocupado com seu trabalho. Você ainda é muito
ocupado, como vejo no seu Instagram. E tudo bem. Você está mandando
muito bem! Estou orgulhosa, na verdade.”
Aiden me olhou com um brilho de orgulho. Sua boca se curvou num
sorriso.
"É verdade o que você disse”, ele começou. “As coisas começaram a
acelerar e eu não tinha tempo para você. Merda. Eu não tinha tempo para
ninguém. Eu realmente queria, mas não… conseguia.”
“Você era mais novo”, dei de ombros. “Mais imaturo. Eu deveria ter
sido menos exigente. Eu era provavelmente muito—”
“Não, você estava totalmente certa!”, meu ex me interrompeu. “Você
merecia mais tempo, mais atenção. Muito mais do que eu te dava.”
Pensei no fim do nosso romance, que foi uma época triste para nós
dois. Nós dois estávamos indo em direções opostas. E concordamos em
terminar, sem muito ressentimento. Foi definitivamente o término mais
amigável que eu já tive.
Ele limpou a garganta. “Então você tem trabalhado com Ryker, certo?”
“Ah, sim”, sorri, pensando afetuosamente no melhor amigo de Aiden.
"Vejo o rosto bonito dele no seu Insta.”
“É porque temos negócios juntos”, ele explicou. “Eu fico com a
fotografia, Ryker faz a programação de todos os maiores sites. E temos um
terceiro parceiro, Marcello, que cuida das mídias sociais, postagens, tweets,
hashtags, procurando tópicos que estão em alta…”
Ele parou quando eu soltei um assobio baixo. Eu sabia que essa
empresa de marketing digital Lenda Viva estava indo bem, mas eu não tinha
me dado conta do tanto.
“Sim, é muita coisa!”, Aiden reconheceu. “E aumenta a cada dia.
Estamos tomando conta das campanhas nas mídias sociais de algumas
subcelebridades agora.”
“E algumas celebridades”, interrompi. “Eu vi as fotos.”
“Sim, algumas”, ele admitiu. “Mas ainda não chegamos lá. Estamos
crescendo. Temos muita sorte.”
Me sentei de volta na mesa, com meu café na mão. Encarando meu ex-
namorado sob a luz nova da admiração.
“Quem não arrisca, não petisca”, eu disse a ele. “E você correu atrás,
Aiden. Mandou ver. Você merece isso — vocês merecem.”
Ele ficou corado, coisa que eu nunca tinha visto antes. Merda, ele tinha
ficado humilde agora? Ele estava beirando a perfeição.
“Como está Ryker, falando nisso?”, perguntei. “Não o vejo desde que
fomos pra São Diego pra aquele…”, meus olhos se arregalaram de repente.
“Caralho! Você está me oferecendo um emprego?”
A expressão do meu ex ficou estranha de repente. Eu não conseguia
detectar o que estava acontecendo. “Não”, ele disse. “Não exatamente.”
“Bom, eu posso criar logos pra você”, eu disse. “Te ajudar com html. E
se você precisa de material de marketing, sou a garota pra você. Mas o
resto…”
“Não é um trabalho”, Aiden respondeu. Ele abriu um sorriso. “É muito
melhor do que um emprego.”
Ri pela borda da minha xícara de café. “Ok, você tinha razão. Isso é
intrigante.”
“E vai ficar mais ainda”, ele riu nervosamente.
Um momento de silêncio se passou. Pela primeira vez desde que nos
reencontramos eu não conseguir ler meu ex de jeito nenhum.
“Ok, então”, eu disse, apoiando meu café na mesa. “Vamos ouvir.”
Ele coçou sua barba nova e sexy e deixou escapar um longo suspiro. O
acompanhei quando ele colocou as duas mãos na mesa e finalmente disse.
“Você sabe que eu não pude focar muito em você porque trabalho
muito, certo?”
“Sim…”
“Bom, Ryker tem o mesmo problema. Marcello também. Viajamos
muito, então ficamos em cidades diferentes. Às vezes, em países diferentes,
trabalhando internacionalmente.”
Acenei como se estivesse entendendo, mas a verdade é que eu sabia a
maioria daquelas coisas porque tinha visto nas redes sociais dele. Li tweets
de Aiden escritos na Grécia. Vi fotos de Paris, Londres e até Dubai.
Era sempre tão bonito, fascinante. Ele tinha criado o melhor trabalho
do mundo de alguma maneira, enquanto eu ainda estava na Califórnia,
conquistando clientes para minha empresa de design gráfico.
“Ryker teve uma dúzia de namoradas desde que nós terminamos”, ele
continuou. “Marcello também. Ele quase ficou noivo num dado momento.
Mas o trabalho era muito. Viajar, longas horas… nenhum relacionamento
consegue sobreviver. Depois de um tempo, a distância e as constantes
viagens de trabalho acabam separando as pessoas.”
Olhei para ele ceticamente. “Então você quer minha ajuda para
arrumar uma namorada?”
“Não”, ele tossiu. “Não exatamente.”
“Mas é disso que você precisa”, continuei. “Alguém que possa viajar
com você. Para quem a distância não vai ser um problema.”
“Essa é a ideia”, Aiden concordou. “Mas três namoradas? Viajando
conosco? Logisticamente não vai funcionar. E dar atenção a elas,
provavelmente em horários diferentes, nos intervalos das nossas agendas
cheias?”
Eu ri alto. “Você só quer os benefícios. Por isso está lascado. Não
existe solução pro seu problema.”
“Bem…”, Aiden estremeceu.
Apertei os olhos. “Bem o que?”
“Nós três conversamos”, ele disse, “e decidimos que queremos algo
diferente. Mais radical. Algo que nós sabemos que pode funcionar se
encontrarmos a garota certa.”
Minha sobrancelha se arqueou enquanto meu cérebro processou a
última frase. “Garota.”
“Sim.”
“No… singular?”
“Sim.”
Inclinei a cabeça. “Então vocês três querem—”
“Dividir a mesma namorada”, Aiden acenou. “Dividir o tempo com
ela. Assim ela sempre vai ter atenção e nós três podemos continuar
trabalhando.” Ele deu de ombros despreocupadamente. “Ainda não
começamos a procurar, mas é esse o plano.”
Eu estava perplexa. Surpresa. Totalmente sem palavras. Ele estava
certo. Isso não era nada ortodoxo!
Em algum momento minha mão tampou minha boca. O gesto fez
Aiden rir.
“Agora que eu já contei sobre o milagre, você quer saber quem é o
santo?”
Acenei devagar. Mecanicamente.
“Eu disse aos rapazes que essa garota devia ser você.”
Capítulo 6

SUMMER

A garçonete se aproximou e encheu nossas canecas de café sem que


nenhum de nós dissesse nada. Aiden ficou encarando o tempo todo. Seus
olhos castanhos amarelados encarando os meus.
“Eu?”
“Sim.”
“Vocês querem me compartilhar?”
Minha surpresa fez com que ele desse de ombros - aqueles ombros
enormes. “Quem mais? Summer, você é a candidata perfeita.”
“E o que te faz pensar isso?”
“Bom, você é forte, inteligente, bonita. Você ama viajar. Você tem a
maior libido de todas as mulheres que já conheci — e isso é muito
importante — você tem um trabalho que pode ser feito de qualquer lugar do
mundo.”
Fiquei lá em silêncio por vários minutos, sem saber se deveria me
sentir lisonjeada ou insultada. Então decidi perguntar.
“Não sei se devo me sentir lisonjeada ou insultada.”
Aiden gargalhou e colocou mais creme no meu café. “Eu diria a
primeira opção.”
“Mas—”
“Mas o quê?”, ele interrompeu. “É uma ideia muito maluca? Pense
pelo nosso ângulo: somos três caras que tem um terço do tempo que as
pessoas geralmente precisam para manter uma namorada. Ao invés de
desapontar três mulheres ao mesmo tempo, podemos fazer uma única
mulher muito feliz.”
“Muito feliz…”, suspirei, repetindo as palavras automaticamente.
“Provavelmente muito, muito feliz”, ele sorriu casualmente. “Se é que
você me entende.”
Sim, eu entendia muito bem.
Ele adicionou três pacotes de açúcar — o número exato que eu teria
adicionado — e misturou meu café para mim. Ele me fez pensar no tempo
que passamos juntos.
“Você está brava?”
“Não”, eu respondi inexpressivamente. “Acho que não.”
“Te avisei que a proposta não seria ortodoxa.”
“Eu sei”, disse. “É só que… bem, estou surpresa.”
“Surpresa porque pensei em você?”
“Bem, não”, respondi. “Isso foi fofo. Meio fofo. De uma forma
estranha, tipo ‘eu quero ver você transar com outros caras’.”
O sorriso de Aiden aumentou. “A Summer não é assim.”
“Ah, não?”
“Quer dizer, é sim, claro!”, ele admitiu. “Só uma parte.”
“Eu vou ser namorada deles também? É essa a proposta de vocês?”
“Sim.”
“Então você não me quer exclusivamente?”
Aiden se encostou de volta no banco, parecendo magoado. Não. Isso
foi impreciso. Ele parecia preocupado em ter me magoado.
“Eu quero você!”, ele disse finalmente. “Sempre quis. Você foi quem
decidiu ir embora, Summer. Você é a garota que eu nunca devia ter deixado
partir.”
Devo admitir que foi bom ouvir aquilo. Eu tinha me sentido da mesma
forma algumas vezes depois que terminamos. Apesar de tentar ao máximo
não fazer isso, eu comparava todos os caras com quem saía com Aiden. Ele
era um padrão quase impossível de alcançar.
“Mas e se essa for a única forma possível de eu ter você?”, ele
continuou. “Eu quero tentar. Quero dar uma chance porque é o cenário
perfeito. Nós trabalhamos muito, mas também nos divertimos. Nós quatro
vamos viajar, dividir uma namorada, uma companheira, uma amiga, uma
amante. E você vai nos dividir, Summer. De todas as maneiras possíveis.”
Meu estômago se revirou como se eu tivesse olhado para baixo da
borda de um arranha-céu. Era assustador. Mas muito sexy.
“Você vai ter o melhor de nós e não precisaremos nos preocupar com o
fato de não te darmos atenção o suficiente”, Aidan continuou. “Quando eu e
o Marcello estivermos fora, o Ryker estará lá. E quando formos eu e o
Ryker no trabalho, você terá o Marcello”, ele sorriu. “Quando os dois
estiverem fora, seremos eu e você. Como nos velhos tempos.”
“E se vocês todos estiverem livres”, perguntei. “Tenho certeza de que
em alguns momentos vocês três—”
“Então você terá a nós três”, Aiden disse, dando uma piscadinha. “O
que é ainda melhor!”
Uau…
Peguei minha caneca de café de novo. De repente minha boca tinha
ficado seca.
“E você não vai ficar com ciúme?”, perguntei finalmente. “Porque vai
me ver com esses outros caras. Me ver com meus outros… namorados?”
“Não”, ele disse imediatamente. “E já pensei muito sobre isso.”
“Por que não?”
“Porque esses caras são como irmãos pra mim”, disse Aiden. “Somos
inseparáveis já faz quase dois anos. Fazemos tudo juntos. Esportes,
hobbies… qualquer tempo livre que temos nos leva à mesma coisa”, ele deu
de ombros de novo. “Dividir uma namorada é uma extensão natural, na
verdade. Porque o resto todo já dividimos.”
Senti o sangue quente correndo pelas minhas veias, e não era raiva. Eu
estava genuinamente animada. O plano deles era uma loucura! Alucinante,
na verdade. Mas de alguma maneira, a ideia era… bem…
“Olha, eu não vou fingir que isso tudo não é excitante”, ele disse.
“Tem algo muito sexy em dividir, amar e proteger a mesma garota. Falamos
sobre isso. Chegamos à mesma conclusão: queremos tentar.”
“Vocês nunca tentaram?”
Meu ex-namorado chacoalhou a cabeça. “Estamos prestes a começar a
procurar. Mencionei você faz algumas semanas, disse que você é perfeita
para isso.” Ele gargalhou. “Eu falei muito de você. Disse a eles o quão
incrível você é. Por dentro e por fora.”
“Por dentro e por fora, é?”, sorri.
“Sim. E eles concordaram que eu estava provavelmente certo, depois
de ouvirem tudo sobre você. Sua personalidade. Sua carreira. E bem…”
“Bem o quê?”
“Vamos dizer que eles estavam bastante interessados, especialmente
Ryker. E Marcello, depois que mostrei sua foto.”
Ryker… o melhor amigo do Aiden. Ele tinha sido parte integral das
nossas vidas quando namorávamos, principalmente porque ele estava
sempre por perto. Ele tinha cabelo escuro como o de Aiden, mas um rosto
mais inocente, balanceado por um belo par de olhos azuis. E ele era alto.
Alto e tatuado, com um peito enorme e lindo.
“Não acredito que você discutiu isso com o Ryker”, falei,
chacoalhando a cabeça. Mas eu ainda estava rindo. “O que diabos ele
disse?”
“O que ele sempre diz”, Aiden riu. “Que você é mais quente que o
inferno e que eu nunca te mereci. E que se eu arruinasse tudo ele seria o
primeiro da fila.”
Eu ri de volta. “Sim. Ele falou isso algumas vezes.”
“Ele sempre te quis”, disse Aiden. “Sempre te achou gostosa.”
Eu sempre o achei gostoso também. Muito gostoso.
“E não vamos nos esquecer do que nós conversamos”, Aiden
adicionou marotamente. “Todas essas noites na cama? Quando exageramos
no vinho e as coisas ficaram muito selvagens?
O calor voltou para o meu corpo, me varrendo como uma onda. Eu
sabia exatamente do que ele estava falando. E ele sabia que eu sabia.
“Aquilo era papo de bêbado”, eu disse, mesmo sabendo que não era.
“Fantasias que as pessoas falam que tem no calor da emoção.”
“Besteira.”
Pisquei os olhos e olhei em outra direção. Eu precisei. Ele estava certo.
“Você faria tudo aquilo que conversávamos na cama”, Aiden disse.
“Sexo a três com nossos amigos. Você traria Tracy uma noite…”, ele
deixou a frase flutuando entre nós, duradoura como um poema inacabado.
“Eu traria Ryker outra noite, pra você realizar sua maior fantasia.”
“Era sua também, se não me engano”, pontuei. “Você achava que ia ser
excitante me ver com outro cara.”
Aiden deu de ombros. “Culpado! Admito.”
“Nós só não chegamos a concretizar.”
“Não mesmo. Mas eu contei ao Ryker. E acredite: ele topou. Topou na
época e topou agora.”
Que a verdade seja dita: sempre achei que ele soubesse de algo. Não
tinha muito tempo que tínhamos falado sobre isso e eu comecei a notar que
o melhor amigo de Aiden estava me olhando diferente. Mais ousado.
Flertando. Seu olhar pousava no meu corpo de forma mais impertinente
toda vez que estávamos perto um do outro.
“Não acredito que você só está me contando agora”, eu disse. “E
com… Qual é o nome do outro cara? Marcello?”
“Sim.”
“Antes da noite passada?”, perguntei. “Antes mesmo de eu te ligar?”
Aiden assentiu e sorriu. “Viu? É o destino.”
A garçonete se aproximou e retirou nossos pratos. Estava claro que
ainda não tínhamos terminado.
“Você tem certeza de que isso não é só um plano super elaborado para
me fazer transar com seus amigos?”, apertei os olhos, meio provocativa.
“Não.”
“Porque se for, tenho que admitir…”
Minha frase foi interrompida porque meu ex me encarava do outro
lado da mesa. De braços cruzados. Com uma expressão séria.
“Olha, Aiden”, comecei de novo. “Não sei o que pensar.”
“Você não precisa pensar agora”, ele disse. “Pense por alguns dias.
Reflita a respeito.”
Alguns dias…
“Mas não demore muito”, ele adicionou. “Vamos pra Bora Bora na
segunda-feira.”
Meu coração já estava acelerado e então decidiu pular do peito.
“Espera. O quê?”
“Venha conosco, Summer”, Aiden disse, apertando minha mão.
“Vamos filmar por três dias. São sete no total. Os outros quatro serão
usados para risadas, bebidas, diversão no paraíso. Vai ser como nos velhos
tempos, prometo.”
“Bora BORA?” Eu não podia acreditar. “Que mer—”
“Sem pressão, é claro. Você não precisa fazer nada, só aproveitar nossa
companhia. E se você quiser voltar antes, pode voltar. Sem ressentimentos.
Nada além de—”
“Segunda?”, engoli seco. “Sério?”
Meu ex-namorado acenou. “Vamos dividir um jato pequeno com outra
empresa de produção. Seu passaporte está válido?”
“Sim. Acho que sim.”
“E seus projetos atuais”, ele continuou. “Você consegue trabalhar a
distância?”
Não respondi por alguns segundos. Ainda estava presa em Bora Bora.
Nadando no mar azul-turquesa dentro da minha cabeça.
“Hm… claro.”
“Então tudo certo”, disse Aiden, com um sorriso que ia de orelha a
orelha. Ele apertou minha mão. “Você vem conosco.”
Capítulo 7

SUMMER

“Bora Bora? Você está louca?”


Aisling jogou seu rabo de cavalo vermelho flamejante por cima do
ombro, o cabelo se movia em ondas cintilantes. Ele combinava com sua
paixão pela vida — e seu temperamento ardente — em todos os sentidos.
“É claro que você vai!”, minha sócia exclamou. “Você pode ter certeza
absoluta de que não vai ficar aqui.”
“Mas—”
“Mas o quê, Summer?”, ela me interrompeu, seus olhos brilhavam.
“Muito trabalho?” Ela riu zombeteiramente. “Eu não sou capaz de dar conta
enquanto você estiver fora?”
Era uma provocação. Direcionada a nós duas na verdade. As coisas
estavam devagar. Nossa pequena aventura começou a todo vapor, mas ele
sumiu depois de um tempo e agora parecíamos estar no piloto automático.
“Mas é meu ex-namorado”, eu disse, abaixando a voz como se
estivesse falando um palavrão.
“Nem se fosse seu arqui-inimigo!”
Mordi o lábio. “Sim, mas eu deveria mesmo voltar pra algo—”
Aisling abruptamente virou seu laptop para mim. Na tela, um pôr do
sol laranja-amarelado espetacular em contraste com um mar azul. A água
parecia um lençol de vidro. No fundo, uma fila de bangalôs de palha se
pendurava sobre a água, tudo parecia pacífico e sereno.
“Aqui”, minha sócia apontou, batendo o dedo na tela. “Você pode estar
ali em alguns dias. Chegando em um… O que você disse antes? Um jato
particular?”
“Um jato particular compartilhado”, eu a corrigi.
Aisling cruzou os braços. “Querida, foda-se.”
Eu gargalhei, o que me fez bem. Gradualmente, eu podia sentir a culpa
e a apreensão sumirem.
“Você tem ex-namorados que têm empregos que os levam para o sul
do Pacífico. Eu tenho ex-namorados que fazem servicinhos que os levam
pra cadeia.”
Aisling estreitou seus belos olhos e chacoalhou um dedo na minha
direção. “Se você não for, eu vou chutar a sua bunda ingrata”, ela disse. “E
então, enquanto você estiver caída segurando sua bunda recém chutada, eu
vou viajar no seu lugar.”
Levantei minhas mãos. “Ok, ok…”
“Honestamente, Summer, eu faria o que fosse pra qualquer ex-
namorado que me levasse para lá. Até os ruins. Eu passaria metade da
viagem de joelhos se precisasse. E esse cara? Você fala dele desde que eu te
conheci. Muitas mulheres zombam e fazem careta quando falam dos ex,
mas você não disse nada que não fosse doce a respeito deste homem.”
Ela estava certa, é claro. Especialmente sobre a forma como eu falava
de Aiden. Sempre o coloquei num pedestal. O elogiei enquanto falava mal
de outros caras. Aisling tinha me visto sair com uns idiotas chatos,
entretanto. Então eu me perguntei se ela realmente acreditava naquele
entusiasmo todo. Aiden podia ser só mediano. Eu tinha um passado recente
com namorados ruins.
“E se você se hesitar no último minuto?”, ela continuou. “Juro que ligo
para ele e entro naquele avião, amada. E quando você vir fotos minhas com
seu ex, nadando com a bunda de fora nessa água”, ela tocou na tela de
novo, “e bebendo coquetéis azul fluorescente?” Aisiling suspirou
desejosamente. “Você só vai poder culpar a si mesma.”
Sorri de volta para ela por um longo momento, agradecida pelo apoio.
Aisiling era como uma mãe-passarinho, empurrando o bebê para fora do
ninho. Voltando para algo empolgante e novo, mesmo que já fosse velho.
Se ela ao menos soubesse para o que exatamente estava me
empurrando.
Então tudo certo, as palavras do meu ex-namorado ecoaram na minha
cabeça. Você vem conosco.
Bom, acho que sim. Ou eu deveria.
“Tem certeza de que você dá conta?”
“Porra, claro que sim!”, minha sócia respondeu.
“Vou continuar trabalhando, é claro”, eu disse a ela. “Tenho os
arquivos do Atherton salvos no meu laptop, além das especificações pro
projeto do Carrano. Além disso, você pode me mandar o que quiser.” Me
assegurarei de que onde quer que eu esteja, eu tenha—”
“Que parte do ‘Porra, claro que sim!’ você não entendeu?”
Aisling fixou seus belos olhos azuis em mim, e então se virou na sua
cadeira. Nosso escritório era pequeno — uma subdivisão minúscula de
outro escritório que dividíamos com uma startup movimentada. O espaço
era apertado e tínhamos que compartilhar o banheiro. Mas pelo menos era
nosso.
“Vamos discutir os detalhes outra hora”, Aisling disse, pegando sua
agenda. “Mas agora?”
Com uma mão, ela me levantou da cadeira.
“Sua bundinha sortuda vai pagar nosso almoço.”
Capítulo 8

SUMMER

Ele estava dentro de mim de novo. Inteiro, tão profundamente que


cada estocada lenta atingia o limiar entre prazer e dor. E eu sentia todo o
peso do seu corpo. A intimidade de estar tão profundamente conectados,
associada com a excitação emocionante de estar completamente,
inteiramente dominada.
“Vou fazer isso com você inúmeras vezes”, ele sussurrou no meu
ouvido. “Todos os dias, Summer. Todas as noites…”
Até então meu ex-namorado estava mantendo o que prometeu.
Estávamos no cio como novos amantes, ao invés de duas pessoas que já se
conheciam, a cada oportunidade que tínhamos. As últimas noites desde
aquela ligação que eu fiz tinham sido um borrão ininterrupto de sexo
encharcado.
E estou usando os termos mais leves.
A boca de Aiden escorregou pelo meu pescoço e eu o puxei de volta
para pressionar seus lábios com força contra os meus. Eu estava
descontrolada pelo seu corpo deitado sobre o meu. Me fodendo
profundamente em um colchão novo e estranho. Eu estava sendo levada a
novos níveis de prazer nesse quarto estranho que só pertencia a ele.
E agora, de alguma forma, a mim também.
“Estou tão feliz que você vem conosco”, ele sussurrou no meu ouvido
pela terceira vez. “Tão feliz em ter você conosco.”
Conosco. A palavra ficou pendurada no calor e na tranquilidade do ar
enquanto meu ex-namorado me comia devagar por trás. Seus lençóis
estavam limpos, nitidamente. Ele provavelmente tinha comprado novos. Era
um gesto que eu apreciava, mesmo agarrando aqueles lençóis com minhas
mãos trêmulas.
Eu sabia que ele estava falando sério quando disse que ia fazer aquilo
comigo o tempo todo em Bora Bora. Mas eu não iria só com ele. E não iria
só para ele.
“Você pensou sobre… a outra coisa?”
Ri no travesseiro, mexendo a bunda contra ele. Pensei bastante. Jesus,
aquele foi o eufemismo do século.
“Que coisa?”, perguntei inocentemente.
Aiden sabia que eu estava blefando. Ele mergulhou profundamente,
fechando as mãos em torno das minhas. Empurrando seu corpo ainda para
mais perto do meu, seu pau duro enfiado tão fundo dentro do meu corpo
que parecia parte de mim.
“Você sabe exatamente que coisa!”, sibilou de forma sexy.
Virei meu rosto e o beijei, e ele me beijou de volta. Era nossa coisa
preferida, beijar durante o sexo. Fazer aquela conexão incrível de boca com
boca… em conjunção com outras partes mais carnais.
“Sim, pensei sobre”, sussurrei finalmente.
“Um pouco ou—”
“Muito”, cedi.
Aiden gemeu baixo, movendo sua pélvis em um movimento circular
apertado. Movendo seu quadril de uma forma que parecia querer alcançar o
fundo do meu útero.
Meu Deus.
Não sei onde ele aprendeu aquele pequeno truque, mas me fez querer
gritar.
“Imagine que eu estou assim bem dentro de você”, ele gemeu,
pontuando as palavras com estocadas excepcionalmente profundas. “Te
prendendo na cama. Te segurando, enterrando profundamente…”
Ele parou de uma vez só, esticando seu corpo contra o meu. Ele estava
totalmente pressionado contra minhas costas. Pele na pele. Seus lábios
pastoreavam o lado externo da minha orelha em beijos atormentadores.
“…E então abrindo a sua boca…”
Suas mãos se encaixaram dos dois lados do meu rosto. Seus dedos
escorregaram gentilmente para a frente, e tocaram minhas bochechas
rosadas.
“…E enfiando outro pau duro, bem… aqui.”
Gentilmente, mas deliberadamente ele abriu meus lábios e enfiou um
dedo na minha boca. Comecei a chupar devagar, com sensualidade. E sua
outra mão pousou sobre a minha testa.
Caralho…
Aiden me puxou um pouco e fez minhas costas arquearem. Forçando
minha boca a se abrir em um perfeito e molhado ‘O’.
“Você consegue imaginar?”, ele perguntou de forma safada. “Ryker
enfiando até sua garganta. Suas mãos entrelaçadas no seu cabelo. Seus
dedos rolando apertados, te guiando pra cima e pra baixo na sua vara dura
enquanto eu continuo te comendo assim, devagar…”
Ele rolou o quadril de novo em um grande círculo. Gemi
involuntariamente.
“Você vai dar pra ele, não vai?”
As palavras me atingiram com força quase física, eliminando qualquer
outro pensamento do meu cérebro. Só ficaram os gritantes e crus. Eles
carregavam o peso de mil promessas a serem cumpridas.
“Sim”, sussurrei finalmente.
Caralho! Eu realmente ia.
“Posso ligar para ele agora, se você quiser”, disse Aiden, beliscando
minha orelha. “Acredite em mim, ele viria imediatamente.”
Meu estômago se revirou loucamente, meu coração estava prestes a
explodir com a ideia súbita. Não teria mais volta. Sem mudança de rota se
eu dissesse sim.
Mesmo assim…
“Enquanto isso, vou te manter toda molhada”, meu ex-namorado
prometeu ardentemente. Eu sentia seu corpo endurecendo de desejo. Ouvi
sua respiração ficar mais acelerada a cada frase. “No ponto de quase…”
Ai meu Deus! Eu nem conseguia imaginar! Uma ligação. O barulho da
campainha, a porta abrindo e fechando. E Ryker entrando no quarto.
Tirando sua camisa. Deixando seus jeans caírem e arrancando sua cueca
boxer, ficando nu diante dos meus olhos.
Ele se aproximaria da cama. Esticaria seus braços tatuados na minha
direção…
“O que você acha?”
O telefone de alguma forma já estava na mão do Aiden. Meu coração
batia tão forte que pensei que fosse morrer.
“Olha para você”, ele riu. “Seu corpo inteiro está tremendo.”
Uma imagem se formou na minha cabeça: os dois me tomando, pelas
duas entradas. Entrando e saindo de mim enquanto meu corpo quente rola
entre eles.
“Imagine nós dois te fodendo ao mesmo tempo”, ele rosnou, “do jeito
que já falamos. E então nos alternando…”, ele pausou dramaticamente por
alguns segundos, antes de finalmente voltar a mexer os quadris. “E então
ele te comendo finalmente.”
A excitação surgiu como um raio de eletricidade em mim, provocando
uma arfada afiada. Eu conseguia ver tudo dentro da minha cabeça. Aquela
fantasia sórdida completa. Cada mínimo detalhe gotejante.
“Nós nos revezaríamos, gostosa. Te fazendo nossa. Usando seu corpo
pra nos dar prazer…”
Meu ex-namorado estava me fodendo forte, mergulhando fundo. Me
fazendo gemer.
“Mas nós também nos certificaríamos de te fazer gozar primeiro.”
Minhas pálpebras tremulavam, meus cotovelos se trancaram enquanto
eu encravava minha bunda para trás, para acompanhar suas estocadas.
Merda, como eu queria aquilo! E eu queria aquilo agora.
“Você consegue imaginar o tanto que você vai gozar?”, ele provocou.
“Com dois homens dentro de você?”
Eu estava me empinando naquela altura. Descaradamente me
empurrando contra ele.
“Como você vai ficar molhada todo santo dia, sabendo que a qualquer
momento—”
Estiquei o braço e peguei o telefone da sua mão. O número de Ryker já
estava na tela. Tudo o que eu tinha que fazer era apertar o botão de
chamada…
Ao invés disso eu o joguei para longe, do outro lado da cama.
“Você realmente quer que eu seja namorada de vocês três?”, perguntei.
“Sim.”
“Então vamos esperar”, suspirei, me amaldiçoando por falar aquilo.
“Ligar para o Ryker agora seria definitivamente divertido…”, ronronei.
“Mas não seria justo com o Marcello.”
Marcello — nome que eu adorava absolutamente, falando nisso — era
um mistério até outra noite, quando pedi que Aiden me mostrasse algumas
fotos do terceiro parceiro. Era a última peça do quebra-cabeça. A última
coisa que me impedia de me comprometer totalmente ou ao menos tentar
essa loucura.
E é claro que Marcello era indescritivelmente lindo.
Foto por foto, o homem ostentava um brilho, um sorriso lindo
emoldurado por uma barba escura por fazer. Ele tinha o cabelo longo e
preto feito carvão. A pele cor de azeitona, herança italiana, e um peito tão
largo que parecia que comportaria duas de mim.
Aiden cavava, me fodendo ainda mais rápido. Ele deve ter ficado
desapontado ou frustrado ou totalmente excitado.
“Justo”, ele gemeu no meu ouvido. “Ryker já esperou muito, pode
esperar um pouco mais. E eu devo dizer que admiro o controle.”
Controle? Eu estava indo de férias com três homens incrivelmente
gostosos e, se tudo corresse bem, me tornaria sua namorada compartilhada.
Não importa o ângulo do qual você olhasse, “controle” não era exatamente
parte do cenário.
“Aiden?”
“Sim?”
Me virei e agarrei sua cabeça, puxando seus lábios em direção aos
meus. O tempo parou. Nossas línguas dançaram enquanto meu ex-
namorado enfiava sua raiz profundamente dentro de mim.
“Não quero controle nenhum entre nós.”
Ele gemeu na minha boa, se empurrando tão profundamente que
nossos corpos viraram um só. Depois do nosso beijo longo e espiritual,
finalmente o soltei…
Meus olhos se cruzaram quando ele começou a me arar em alta
velocidade de novo.
Capítulo 9

SUMMER

Eu nunca havia voado de primeira classe na vida, quanto mais viajado


num jato particular. Mas acontece que era tudo o que eu nunca soube que
queria. Era a experiência única na vida que eu imaginava que seria, só que
ainda melhor por causa do destino.
Os assentos eram mais parecidos com sofás de couro acolchoados. O
chão era imaculado. Uma dúzia de outras pessoas que eu não conhecia
andavam de meias na superfície de carpete, rindo, falando e monopolizando
o bar.
Porque sim, é óbvio que tinha um bar.
Ainda não tínhamos deixado o hangar quando finalmente conheci
todos os outros — até a subcelebridade que a outra produtora estava
levando para o paraíso. Ele era um garoto jovem supertalentoso e sardento.
Eu o tinha visto em algumas séries de TV e ele era ainda mais bonito
pessoalmente.
Mas meu interesse real era em ver Ryker de novo e… finalmente
conhecer Marcello.
O melhor amigo do meu ex-namorado me deu um abraço de urso, me
acompanhando pela escada até o interior branco e cinza da aeronave. O
piloto acenou para mim. O comissário bonitão sorriu. No segundo seguinte
Ryker colocou uma mão gentil no meu quadril, me guiando para a nossa
pequena área com quatro assentos de frente uns para os outros.
“Já era hora de você mostrar sua bela cara de novo”, Ryker brindou
comigo enquanto nos sentávamos. “Já faz tempo demais.”
As taças de champanhe que nos tinham entregado continham um
líquido rosa dentro, cada uma delas estava decorada com uma amora. Elas
fizeram um som de cristal mágico quando brindamos, de alguma maneira
nós tocamos as taças ao mesmo tempo.
“Você sentiu saudade, hein?”, provoquei.
“Você está de brincadeira?”, Ryker gargalhou. “Você não tem ideia de
quantas vezes eu disse a Aiden que iria atrás de você eu mesmo.”
Ele fez um gesto para o assento vazio onde meu ex se sentaria, ao lado
de Marcello. Os dois já haviam telefonado nos avisando que se atrasariam.
Enquanto eu derramava o líquido frio pela minha garganta seca, meus
olhos pousaram em Ryker. Ele estava bonito. Mais bonito do que eu me
lembrava. Sucesso e maturidade tinham-no tocado da mesma forma com
que fizeram com Aiden, e as duas coisas lhe caiam bem.
“Então por que você não veio?”, perguntei.
“Não vim para onde?”
“Atrás de mim.”
O sorriso de Ryker virou um encolher de ombros. “Acredite, eu estava
tentado. Mas no final, você sabe. Código dos caras.”
“Hmm?”
“Bom, não sei como funciona do seu lado”, ele disse maliciosamente,
“mas o código dos caras diz que não podemos sair com as ex-namoradas
dos nossos amigos.” Ele pausou por um momento, considerando. “A menos
que…”
Seu esforço interno era intrigante. “A menos que?”
Ryker sorriu e limpou a garganta. “A menos que você pergunte ao seu
amigo se está tudo bem por ele num dado momento que ele será obrigado a
dizer sim. Mas então — não importa quanto tempo vocês fiquem juntos —
ele vai ser igualmente obrigado a te atormentar com o fato de que sua
garota foi dele antes.”
“Isso é verdade?”, sorri de volta.
“Não conheço o estatuto completamente, mas acho que é a essência da
lei.”
Ryker se contorceu para trás, seu assento de couro fez aquele barulho
maravilhoso rangente que era confortante de alguma forma. Ele tinha ficado
maior desde a última que nos vimos, seus braços estavam repletos de
músculos. Mas sua altura — quase dois metros — ainda dava uma leveza
que se encaixava perfeitamente com a moldura poderosa.
“Você abriu uma loja de tatuagens?”, provoquei, apontando para seus
braços nus.
Ryker já tinha algumas tribais quando eu e Aiden namoramos, e até um
leão realista. Mas seus dois braços agora estavam fechados com preto e
cinza.
“Talvez”, ele brincou.
Eu conseguia ver todos os tipos de animais e repteis correndo pelo seu
braço direito, todos parecendo ferozes e selvagens. Seu braço esquerdo,
entretanto, tinha um conjunto de penas e rosas com o design mais suave. Vi
um tributo a seu pai, emoldurado por uma asa de anjo. Uma data no centro
do seu antebraço atraiu minha atenção para o fato.
“Sinto muito pelo seu pai, falando nisso”, eu disse.
“Eu também”, Ryker sorriu. “Mas obrigado.”
“Você sabe que ele era o máximo, não é?”
Ele dobrou suas mãos sobre o colo, refletindo internamente e buscando
memórias felizes. Eu o deixei ali, à deriva para onde quer que fosse. Algum
lugar divertido, com certeza, porque seu sorriso aumentou.
“Câncer é uma merda!”, ele disse finalmente.
Eu estiquei a mão e abaixei um dos lados da minha blusa. Girando
ligeiramente, mostrei a ele minha data triste, escrita sobre uma rosa no meu
ombro direito.
“Sim”, eu disse, suavemente. “Uma merda.”
Por um minuto, o silêncio reinou. Nós dois nos contentamos a ficar
imersos nas nossas memórias enquanto o couro crepitava debaixo de nós.
Uma mensagem de texto chegou no seu telefone e nos trouxe de volta
para o presente. Ryker olhou para o telefone por um momento, e então para
mim. “Boa”, ele disse. “Eles estão estacionando no hangar agora.”
Seus belos olhos cor de safira encontraram os meus olhos verdes, e nos
encaramos por um momento. Eu ainda podia ver a juventude ousada
debaixo da nova máscara de maturidade de Ryker. A petulância descarada
que eu conhecia tinha sido substituída por uma confiança tranquila, o que
eu tinha que admitir que era muito mais atraente.
“Então, vamos mesmo fazer isso”, ele disse categoricamente.
Não era uma pergunta. Não requeria necessariamente uma resposta.
“Sim”, respondi, mesmo assim. “Acho que sim.”
Ryker me encarou, seus olhos me penetravam mais fundo. Perdida nas
suas íris azuis perfeitas, eu sentia um calor crescendo.
“Você não sabe quantas vezes te imaginei, Summer. Quantas fantasias
deixei correr na minha cabeça, mas na minha cabeça somente, com medo de
isso mudar as coisas entre Aiden e eu.”
Me senti corar enquanto meu estômago dava um nó mais apertado.
“Também tivemos essas fantasias”, admiti. “Talvez um pouco diferente das
suas, mas—”
“Nós?”
O rosto de Ryker registrava uma surpresa genuína. Eu não consegui
fazer outra coisa além de dar uma risadinha.
“Aiden nunca te contou?”
Ele balançou a cabeça, incrédulo. Caramba, eles eram melhores
amigos. Eu achava que eles compartilhavam tudo.
“Sim, bem…”, ele finalmente deu de ombros. “Você devia perguntar a
ele.”
Então aplausos suaves começaram e Aiden entrou no avião. Seguido
pelo italiano moreno e alto que eu havia visto nas fotos. O que tinha uma
barba sexy e o sorriso brilhante de um milhão de dólares.
“Tudo certo?”, Ryker perguntou.
“Mais ou menos.”
Os olhos do meu ex não estavam exatamente preocupados, mas eles
também não estavam tranquilos. Pelo menos, não era a expressão de alguém
prestes a voar para o paraíso em um jato particular.
Os olhos de Ryker se estreitaram. “Corey?”
Aiden estava ocupado desabotoando sua camisa e tirando a gravata.
Mas logo atrás dele, Marcello acenou.
“Sim, mas nada que não pudemos resolver”, o italiano garantiu a
Ryker.
Seu olhar deslizou para mim, o que me fez endurecer. De repente,
fiquei nervosa. Perdi totalmente as palavras. Mas quase imediatamente ele
me tranquilizou com seu melhor sorriso de molhar minha calcinha.
“E nada com que eu esteja preocupado agora.”
Capítulo 10

SUMMER

O sol escaldante. O céu imaculado. O mar de águas cristalinas em azul


turquesa em contraste com a areia branca da praia e as exuberantes
palmeiras.
Ao vivo, Bora Bora não parecia nada com as fotos magníficas que eu
já tinha visto, aquelas cores vibrantes pareciam surreais demais.
Não. Na vida real era muito melhor.
Tudo era perfeito, desde as areias virgens até as montanhas distantes
com cumes que se aproximavam gentilmente das nuvens. O voo tinha sido
ótimo. Sem irregularidades ou turbulência que evocavam as orações que
você não sabia que conhecia até precisar delas. Tínhamos aterrissado antes
do horário previsto no aeroporto Motu-Mute, ainda sentindo os efeitos de
uma viagem longa, mas sem a exaustão esperada de nove horas dentro de
um avião.
Eu me sentia totalmente revigorada desde o momento em que respirei
profundamente a fragrância do ar tropical.
Era o verdadeiro paraíso na Terra.
Demorou um pequeno instante até eu me aprumar enquanto os rapazes
se despediam das outras pessoas do avião. Descobri rapidamente que eles
não eram de outras produtoras. Aparentemente eram clientes. Lenda viva
também estava fazendo negócios com eles.
Uma curta viagem de barco nos levou para Motu Ome, a ilha mais a
Leste de todas do grupo. Atracamos em um dos píeres, de onde avistei de
frente uma linha longa de casas tipo palafitas sobre a água que eu já tinha
visto milhares de vezes antes na internet.
CARALHO!
O lugar definitivamente era digno da lista de “coisas para ver antes de
morrer”. Talvez no topo dela. Tudo era tão verde, azul, tão perfeito… que
eu realmente fiquei sem palavras. Ainda não acreditava que estava lá.
“Gostou?”
Aiden escorregou um braço em volta de mim, devolvendo um sorriso.
Era bonito de ver. Eu queria perguntar a ele quem era “Corey” e que tipo de
problema eles tinham tido antes do embarque. Mas outros pensamentos
tinham sido totalmente apagados pelo absoluto Jardim do Éden em que
tínhamos acabado de chegar.
“Se eu gostei?”, perguntei, chacoalhando a cabeça. “Se eu gostei?”
Ele gargalhou e, por um segundo, fiquei tentada a empurrá-lo na água.
Assistir as águas cristalinas o engolirem e batizarem, de roupa e tudo.
“Vocês vão se vestir casualmente em algum momento?”, perguntei
habilmente. “Não vão?”
“Aham.”
“Que bom. Porque eu vou vestir meu biquíni imediatamente após
chegar no nosso bangalô.”
Nossas coisas tinham sido colocadas gentilmente em uma das
passarelas de madeira que ligavam as casas. Elas se ramificavam para a
direita e para a esquerda. Formando passarelas menores para outros
bangalôs em formato de V para maximizar a vista para o oceano.
Todos eles eram magníficos. E qualquer um servia para mim.
Mas para minha surpresa, continuamos caminhando.
Para onde diabos estamos indo?
Era estranhamente natural estar ali com eles. Maravilhada pela beleza
que nos rodeava e contando piadas sobre a viagem. Marcello era amistoso e
charmoso. Passamos uma ou duas horas nos conhecendo melhor
amontoados em uma das extremidades do bar do avião. Ryker e eu
tínhamos muito assunto para colocar em dia, mas não demorou para
voltarmos a nossa dinâmica familiar. Revivemos histórias antigas e ele
compartilhou algumas novas que envolviam Aiden e eu ainda não tinha
ouvido.
Deslizamos em direção ao alto mar até o calçadão de madeira não
chegar à mais nenhuma casa. Logo em frente, um bangalô de sapê se
estendia pelo horizonte, mais amplo e largo que os outros. Enquanto nos
aproximávamos, percebi que havia três casas diferentes na mesma área:
uma no centro e duas outras menores, uma de cada lado. E no meio…
“Uau!”
No meio, havia um deque de madeira que pendia tão baixo que
praticamente tocava a água. Espreguiçadeiras ladeavam um aquecedor a gás
cheio de pedras de vidro que pareciam joias rosadas cintilantes.
“Esse são nossos?”
Aiden assentiu, esticando os braços para cima.
“Tudo isso?”
Ryker já estava tirando a camisa. Marcello começou a fazer o mesmo.
Parada ali entre eles, meu coração palpitava de alegria. Aquilo tudo era
espantosamente bonito.
Um minuto depois o carregador que trazia nossas coisas sorriu
educadamente e saiu depois de receber gorjeta de Aiden. Ficamos sozinhos
sob o sol do meio-dia. Meu corpo continuava pensando que já era meia-
noite, mas eu não me importava.
“O que vamos—”
Senti a água espirrar perto de mim quando Ryker pulou do deque
segurando as pernas e gritando “Bombaaa!” Antes que ele pudesse voltar à
superfície, Marcello mergulhou de cabeça, seu corpo esguio e magro quase
não espirrou água quando ele perfurou o oceano azul cerúleo.
“Venham!”, Ryker exclamou, alisando o cabelo com uma mão. “Está
muito bom!”
Eu já estava sorrindo quando meus dedos deslizaram mecanicamente
pelas laterais do meu short. Na minha cabeça não tinha motivo para eu ficar
vestida.
“Então vamos nadar primeiro!”, Aiden deu de ombros sorridente. Ele
parecia totalmente ridículo parado ali de traje social, mas pelo menos ele
estava desabotoando a camisa devagar. “Desfazemos as malas mais tarde.”
Capítulo 11

RYKER

Não parecia real para mim, mesmo naquele momento. Mesmo olhando
para ela, para o seu sorriso, seus olhos verdes balançando com alegria nas
águas quentes e rodopiantes do paraíso.
Summer.
Santo Deus!
A ex-namorada de Aiden.
Mesmo depois dele contar o que aconteceu, eu ainda não acreditava.
Que ele não tinha só transado com aquela bela criatura de novo, mas que ele
tinha compartilhado nossa ideia maluca com ela.
E não sei como…
Não sei como ela tinha topado tentar.
Mesmo rodeado pelo cenário mais bonito da porra do planeta, eu não
conseguia parar de olhar para ela. Summer era tudo o que eu sempre quis
em uma mulher. Alta, loira, linda. Um corpo de tirar o fôlego. Inteligência e
bom humor. Mesmo sua risada tinha o tom musical perfeito — não era
forçada, dissimulada.
Merda, para ser honesto eu meio que sempre a quis para mim.
Com aquele jeito engraçado e atrevido, Summer era a garota do meu
melhor amigo. Proibida para mim, mesmo depois que eles terminaram. Eu
disse que ele era louco por deixá-la ir daquele jeito. O critiquei de todas as
formas possíveis, mas Aiden estava dedicado demais ao trabalho. Tão
dedicado que me arrastou com ele.
Em alguns momentos eu o odiava por isso, porque o trabalho era
inegavelmente implacável. Mas as recompensas? Eu só precisava olhar ao
redor. Flutuando ali com meus amigos e sócios no berço do paraíso…
Sim, era muito melhor do que os negócios familiares que meu pai tinha
me encarregado.
Aquela parte tinha sido difícil — explicar para a minha família que eu
não seguiria mais seus passos quando ele se fosse. Por melhor que eu fosse
no que fazia, a monotonia constante de realizar as mesmas tarefas sempre,
mesmo em um endereço diferente, não era mais atrativa para mim.
Pelo menos o meu velho não presenciou a transição. Eu teria partido
seu coração se tivesse dito que não assumiria os negócios. Bom, às vezes eu
pensava que não. Pensava que ele poderia até mesmo admirar o fato de eu
escolher minha própria direção, fazer o que eu queria. Deixar a construção
civil para os meus dois irmãos mais novos, Gavin e Jason. Os gêmeos
idênticos que mal podiam esperar para seguir os passos do pai.
E ali estava eu, trabalhando como desenvolvedor para o Lenda Viva.
Continuando o caminho pouco provável que eu havia descoberto quando fui
forçado a fazer um curso de html e me dei conta de que gostava para
caralho de ficar sentado em frente a um monitor, projetando coisas numa
tela exatamente como eu queria.
O negócio estava se expandindo e nossa reputação crescia rápido na
indústria. Parcialmente por causa das habilidades naturais de Aiden de lidar
com pessoas, mas também por causa da genialidade do Marcello ao
transformar tudo em viral.
Mas não estávamos ali por causa disso, embora ao mesmo tempo
estivéssemos. Estávamos inteiramente por outro motivo: a peça final do
quebra-cabeça das nossas vidas. A única coisa que poderia nos fazer e
manter felizes, mesmo de forma não ortodoxa, não convencional e até
mesmo hedonista.
Nós havíamos decidido compartilhar uma namorada.
Começou como uma piada, depois das duas últimas garotas que
deixaram a mim e ao Aiden comendo poeira. Elas terminaram conosco no
mesmo dia que a noiva do Marcello jogou um salto quinze na sua cabeça, o
que se tornaria a última batalha de uma guerra perdida.
“Três malucas é demais!”, eu disse enquanto ríamos e afogávamos as
mágoas. “Talvez só precisemos de uma muito boa.”
Nós três passamos o resto do tempo brincando, falando sobre como
seria fácil fazermos uma mesma garota feliz. Como um relacionamento
poderia dar certo com o esforço, os recursos e a atenção de três ao mesmo
tempo. E sim, até mesmo sobre como a compartilharíamos na cama.
Já havíamos tocado no assunto algumas vezes, assistindo programas na
TV a cabo sobre poliamor. Ou melhor, sobre poliandria, quando uma
mulher tem mais de um marido.
“Caralho!”, Aiden e Marcello exclamaram em uníssono.
Tudo aquilo parecia loucura, é claro, mas existiam pessoas felizes
daquela forma. E honestamente, não tínhamos nada a perder. Entre todo o
trabalho e as viagens e a indisponibilidade para nossas companheiras? Já
estávamos falhando miseravelmente nas relações convencionais mesmo.
“Vamos postar um anúncio”, eu disse um dia. “E ver se alguma mulher
é doida o suficiente pra responder.”
No processo da elaboração do nosso anúncio, criamos uma lista de
coisas que queríamos evitar. Queríamos uma namorada, não uma
acompanhante. Alguém que pudesse investir emocionalmente em nós, e por
quem pudéssemos retribuir os sentimentos. Mas também alguém que
pudesse viajar e não topar a ideia só pelas viagens. Em outras palavras: uma
empreendedora independente com objetivos. Alguém com a cabeça boa e
poderosa, mas que também continuasse fazendo seu próprio trabalho.
Bonita, divertida e—
“Sabe, eu deveria convidar a Summer pra uma entrevista”, Aiden
brincou na época, me dando uma cotoveladinha. “Ela entraria no topo da
lista de candidatas.”
Eu poderia dar uma risada, mas não o fiz. Pensando bem, o que ele
disse tinha me deixado com a boca seca.
“Você está falando sério?”
“Sim e não”, Aiden deu de ombros. “Sim, porque acho que ela seria a
mulher perfeita pro que procuramos. Não, porque ela possivelmente
arrancaria minha cabeça com uma pá só por perguntar.”
A ideia me abalou por dias. Meu amigo estava falando sério? Eu não
tinha certeza. E ao mesmo tempo, eu não estava em condições de continuar
o assunto. Eu só podia fantasiar que alguém como Summer voltaria para as
nossas vidas, mas em uma posição em que nós dois aproveitaríamos da
mesma forma. E Marcello também, é claro.
E então ela ligou e eles se encontraram. Aparentemente, fodendo
loucamente em seguida.
E ali estava ela.
Encarei o horizonte enquanto o pôr do sol deixava tudo num tom
surreal de azul índigo. Só tínhamos passado metade de um dia ali, mas
parecia mais tempo. Era a primeira vez em muito tempo que eu me sentia
completamente relaxado. Em parte, porque Aiden estava finalmente
tranquilo — uma façanha difícil de alcançar. Mas o resto era por puro
contentamento. Felicidade.
E ela.
Respirei fundo enquanto ouvia a risada de Summer. E assistia meus
amigos brincarem na água com ela enquanto eu organizava as cadeiras em
volta do aquecedor.
Minhas expectativas estavam altas e eu me perguntava como seria.
Summer. Conosco. Um relacionamento de quatro pessoas, incluindo os dois
caras mais próximos de mim no mundo inteiro e a única garota que eu
sempre desejei.
A melhor parte dela era que nos conhecíamos fazia anos. Já havíamos
compartilhado momentos. Risadas. Conhecido lugares e visto coisas juntos,
nós e Aiden, é claro.
“Venham!”, gritei, com as duas mãos em volta da boca. “O fogo está
aceso!”
Eles se viraram quando ouviram minha voz e nadaram na minha
direção e do nosso pequeno mundinho. Assisti Summer sair da água
primeiro e esticar as pernas longas e sensuais. Torcer seu longo cabelo loiro
para remover a água.
Summer.
Finalmente.
Deus, eu ainda não a havia beijado, mas ela já era a namorada dos
meus sonhos.
Capítulo 12

SUMMER

Comemos, bebemos e pairamos pelo paraíso. Passamos os dias de


lazer entre nossas três casas lindas, com a mesa posta, frutas, flores e todos
os confortos de um lar.
Havia sofás, cadeiras, travesseiros e cobertores. Tudo era
extremamente limpo, lençóis com a fragrância do vento do oceano
compunham os quartos. Marcello tinha ficado no bangalô da direita e Ryker
no da esquerda. Aiden tinha descarregado nossas coisas na casa central e
fiquei pensando no que aconteceria dali para frente.
Melhor do que permanecer naquele limbo, decidi que queria descobrir.
A melhor coisa a fazer era parar de rodeios. Algumas perguntas
precisavam ser respondidas. Algumas coisas precisavam ser definidas para
o bem do nosso conforto. E quanto mais rápido acontecesse, melhor seria,
eu sabia do fundo do coração. Porque quanto mais esperássemos, mais
estranhas as coisas ficariam.
E eu certamente não ficaria sentada esperando que os rapazes
tomassem todas as decisões.
Tudo aquilo formava um turbilhão na minha cabeça quando me
aproximei do aquecedor onde os rapazes estavam rindo e bebendo cervejas
em garrafas coloridas. Marcello estendeu uma e me ofereceu. Aceitei,
agradeci e reuni minha coragem com a ajuda de um gole longo e gelado.
“Olá, rapazes.”
Eu tinha me trocado, lavado o sal do meu corpo e vestido algo
bonitinho e confortável. Os rapazes ainda estavam sem camisa e cheirando
a mar. Era um bom cheiro. Um odor saudável.
Marcello quase caiu de choque quando escorreguei contra o seu corpo
e o beijei.
Aconteceu tão subitamente, arrojadamente, meus dois braços em volta
dos seus ombros largos. Sua boca estava doce e salgada. Sua língua era
quente e maravilhosa, se revelando minha. Eu podia sentir o peso dos
olhares dos outros dois quando suas mãos deslizaram para o meu quadril. O
silêncio atordoado do nada invadiu enquanto nós dois nos beijávamos na
frente deles por alguns segundos.
Hmmmm…
Para alguém tão ousada, eu estava toda arrepiada. Eu voava total e
completamente em piloto automático quando me afastei relutante do
italiano enorme direto para os braços de Ryker.
Fiquei na ponta dos pés — o que não era muito comum. Eu tinha um
metro e oitenta, e era a mulher mais alta que eu conhecia, mas Ryker me fez
me sentir positivamente pequena uma vez na vida. Nossos olhos se
encontraram brevemente e trocamos um oceano de informações sem uma só
palavra. Abruptamente, ele me beijou. Inclinou seu corpo para encontrar
meus lábios, me arrebatando contra seu peito quente quando nossas bocas
se tocaram pela primeira vez.
Era imensuravelmente bom, mas também ardentemente sexy. Sujo.
Totalmente proibido. Eu não esperava aquelas sensações. O tabu de beijar o
melhor amigo do meu ex — na frente dele ainda — me deixou inteira e
libidinosamente molhada. Foi mil vezes mais sensual do que eu jamais
havia pensado que seria.
Santo DEUS!
Ryker me beijava como se me possuísse — como se tivéssemos feito
aquilo a vida inteira. Suas mãos pareciam estranhamente familiares ao meu
corpo. Sua língua era doce e impossivelmente perfeita, encaixada na minha
boca. Nosso beijo durou meio minuto, de olhos fechados e com os lábios
pressionados fervorosamente, nossas mandíbulas giravam em direções
opostas. Finalmente me afastei dele. Mas não sem resistência e relutância
dos dois lados.
Me restava Aiden, meu amado. Meu quase ex-ex-namorado, que nos
encarava com os braços cruzados sobre seu peitoral lindo e nu. Ele não
parecia bravo nem com ciúmes, mas totalmente interessado. E havia um
sorriso maroto por trás da sua barba que o deixava muito mais sexy.
“Pequena…”
Empurrei a palavra de volta para a sua boca quando beijei, percorrendo
seu cabelo escuro e grosso com os dedos. Eu ainda podia sentir a umidade
fria da água. Que contrastava perfeitamente com o calor repentino do seu
corpo enquanto ele me apertava contra o seu peito e me beijava com mais
afinco e paixão do que nunca.
Uau…
Suas mãos estavam na minha bunda, me apertando forte contra seu
corpo. Me puxando possessivamente na sua direção, como se estivesse me
mostrando onde realmente era o meu lugar. Gemi suavemente, derretendo
quando sua língua encontrou a minha. Nós dois cedíamos ao turbilhão
enquanto nos beijávamos desesperadamente, como se estivéssemos ficado
longe por muito tempo e só tivéssemos uma noite para matar a saudade.
Ele finalmente me colocou no chão, as duas pernas tremiam. Retomei
o controle rapidamente, caminhei em direção ao aquecedor e me virei para
eles.
“Bom”, eu disse, limpando a garganta um pouco. “As cartas estão na
mesa. E todos estão posicionados.”
O fogo crepitava atrás de mim, projetando sombras nas tábuas de
madeira do nosso deque. Era quase noite. A sensação do calor das chamas
era absolutamente maravilhosa na minha pele desnuda.
“Está na hora de definirmos as regras deste jogo.”
Capítulo 13

SUMMER

Os rapazes ainda não tinham dito uma única palavra. Eles só me


olhavam, me encarando de cima a baixo. Tentando registrar o que tinha
acabado de acontecer.
“Regras do jogo?”, Aiden finalmente perguntou.
“Sim.”
“Por que precisamos de regras?”
“Bom, eu vou ser a namorada de três caras”, eu disse, enfatizando a
última parte da frase. “Foi o que eu entendi, certo? Vou namorar os três ao
mesmo tempo? Significa que vocês vão me compartilhar?”
A brisa do oceano gentilmente tocou algumas palmeiras ali por perto.
Era o único som naquele momento.
“Essa é a ideia”, disse Ryker. “Sim.”
“Então, como vai funcionar?” Continuei. “Temos alguma agenda,
cronograma? Que diz a quem eu pertenço cada dia da semana ou—”
“Não, não”, Aiden me interrompeu. “Nada disso.”
“Ok.”
“Esqueça esse conceito”, ele continuou. “Nós preferimos que você
namore os três. O tempo todo.”
Marcello levantou uma sobrancelha, me examinando minuciosamente.
“Tudo… tudo bem por você?”
Ele estava pensando em mim, achei fofo.
“Perfeitamente bem”, concordei, tomando outro gole de coragem da
minha garrafa de cerveja. “Na verdade, também prefiro assim. É muito mais
simples. Menos confuso.”
“Ótimo!”, Aiden suspirou.
“Nada de negociações, escalas noturnas. Desculpas esfarrapadas por
não cumprirem o combinado…”, dei uma volta no aquecedor. “Essas coisas
que podem criar problemas, sabe? Um de vocês me querendo quando não
pode ter e, bem…”
“Ficando com ciúme”, Marcelo completou.
“Exatamente.”
Eu estava no meio do triângulo, de pé, entre eles. Era uma cena que se
repetiria muitas vezes.
“É muito menos exaustivo pra mim também”, acrescentei. “Sem
precisar gerenciar quando é a vez de quem.”
Quando é a vez de quem… meu estômago tremeu. Caralho, só a ideia
me deixava com tesão.
“Então como é que vocês visualizam que isso vai acontecer?”
Os rapazes se entreolharam e então se viraram para mim. Aiden se
encarregou de falar.
“Chegamos à conclusão de que vamos começar devagar”, ele disse.
“Vamos sair com você individualmente, pra que todos se conheçam melhor.
E pra que você se acostume com a ideia e não fique sobrecarregada.”
Tamborilei um dedo nos meus lábios. A ideia era boa, mas não era o
que eu tinha em mente.
“Ou podemos seguir as suas regras”, Aiden gargalhou, lendo minha
mente. “Você que manda.”
“Hmmm”, ri perversamente. “Gostei.”
“Então sem encontros?”, Marcello perguntou.
“Oh, não. Vocês ainda podem me levar para sair!”, eu sorri. “Essa
parte parece divertida. E acreditem, não estou sobrecarregada.”
Eles pareciam ainda mais atraentes naquele momento, na escuridão
tremeluzente. As chamas dançavam, projetando uma luz quente e laranja
nos seus corpos tesos, musculosos e quase pelados.
“Na verdade”, continuei, “acho que a melhor forma de quebrar o gelo
é ir com tudo.”
O silêncio pairou de novo. A tensão aumentou.
“Ir com tudo?”
Respirei profunda e lentamente. O que eu estava prestes a falar não
teria volta.
“Vocês três. Vamos com tudo”, eu disse firmemente. “Juntos. Sem
tempo pra pensar.” Encarei seus belos rostos até chegar em Aiden, e dei
uma piscadela. “Sem limitações.”
As palmeiras chacoalhavam com o vento. Ryker foi o primeiro a
responder.
“Sério?”
Dei de ombros inocentemente. “Não é a melhor forma de quebrar o
gelo?”
Marcello deu uma risadinha. Aiden parecia incrédulo.
“É como se tira um curativo”, continuei. “Você arranca de uma vez
só.”
De uma vez só. Puta que pariu.
“Depois disso, nos conheceremos muito melhor”, concluí. “Sem
estranhamentos. Sem ciúme. Ninguém vai ser deixado de fora.” Dei de
ombros novamente. “Tudo em pratos limpos. Ou melhor, lençóis limpos.”
Me senti viva de repente. Totalmente no controle! Além disso, ver os
três ali boquiabertos e em silêncio era fofo. Totalmente paralisados.
“E depois que terminarmos…”, continuei. “Seremos um time. Serei a
namorada de cada um de vocês. De vocês três. Vocês me terão quando e
onde quiserem. E ainda melhor, eu os terei quando e onde eu quiser.” Pausei
para apoiar a cerveja no chão e então coloquei as mãos no quadril. “Afinal,
vocês tem que considerar o quanto isso é interessante pra mim também.
Três gostosos. Três namorados maravilhosos e incríveis. Eu vou tratar
todos com o mesmo companheirismo e intimidade que qualquer relação
monogâmica tradicional almeja.”
O vento aumentou um pouco e fez uma mecha do meu cabelo invadir
meu rosto. Coloquei-a atrás de uma orelha e arqueei uma sobrancelha.
“Combinado?”
Os três homens responderam em uníssono, assentindo, como se
tivessem ensaiado. “Combinado.”
“Então tudo certo!”, dei uma risada, tentando parecer superconfiante.
Debaixo daquela máscara, havia uma garotinha cujo coração martelava o
peito de tensão. “Agora… só mais uma coisa.”
Mostrei a moeda que estava na minha mão aquele tempo todo.
“Cara ou coroa?”
Virei as costas para Aiden para encarar os outros dois. Eles se
aproximaram um pouco mais, tentando entender o que eu estava fazendo.
“Espera”, Ryker exclamou. “O que exatamente estamos decidindo?”
“Não importa”, eu ri. “Deixem comigo.”
Joguei a moeda para cima, recuperei-a no ar com uma mão e segurei-a
contra o dorso da outra mão. Os rapazes se aproximaram mais.
“Você escolheu coroa”, eu disse, piscando para Marcello. Seu lindo
sorriso se abriu mais.
“E você…”, eu disse, virando as costas para Ryker. Olhei por cima de
um ombro mexendo a bunda provocativamente. “Vou te mostrar muito mais
do que minha bela cara.”
O melhor amigo do meu ex bateu as palmas e as esfregou
excitadamente. Ele parecia uma criança na noite de Natal.
“Finalmente.”
As chamas estavam mornas, mas o calor do nosso bangalô aumentava
cada vez mais. Estiquei os dois braços, pegando uma mão de cada um deles.
Aqui vamos nós…
Caminhando de costas, eu os guiei na direção da casa central da nossa
pequena vila. Apertei suas mãos de forma promissora.
“E eu faço o quê?”, Aiden perguntou, meio melancólico.
Acenei por cima do ombro, convidando meu ex a nos seguir. “Você
assiste”, dei uma risada e joguei um beijo para ele.
“Pelo menos por enquanto.”
Capítulo 14

SUMMER

Tomei a frente antes de perder a coragem. Arrastei os rapazes para o


calor e a privacidade do nosso bangalô. Os joguei na cama antes que
pudessem dizer qualquer coisa.
Meu Deus…
Tirar as roupas deles não demorou muito já que eles já estavam
praticamente pelados. E eles eram tão lindos. Tão incrivelmente gostosos e
musculosos, bem definidos e prontos para a diversão.
Minha pulsação estava acelerada quando estiquei meu corpo sobre o
de Ryker e o beijei todo. Seus olhos estavam fixados em mim. Apesar de
todos eles estarem assistindo a cada movimento que fazia, eu podia ver que
eles estavam paralisados, perdidos na luxúria. Eu poderia fazer qualquer
coisa naquele momento — qualquer coisa que quisesse.
Mas o que eu mais queria era fácil.
Hmmm.
Suspirei alegremente enquanto pulei sobre seu rosto, esfregando minha
boceta contra a boca sedenta de Ryker. Ele me devorava como se tivesse
sido feito para isso, me lambendo e beijando como se não houvesse
amanhã.
E era surreal fazer aquilo com o melhor amigo do meu ex-namorado.
O cara gostoso que estava fora do meu alcance enquanto eu estava com
Aiden, mas que estava ao meu alcance de repente.
Ele é seu namorado agora.
Tive que começar a pensar daquela forma. Que o que eu estava prestes
a fazer com aqueles três homens não era nada mais do que uma extensão do
meu relacionamento com Aiden. Eu não faria nada que uma namorada não
fizesse com seu namorado, especialmente de férias e especialmente naquele
paraíso.
Continuei me esfregando nele. Me rendendo a todas as sensações
gloriosas até ensopar seu rosto e sua língua talentosa, me empinando e
gemendo enquanto agarrava a cabeça de Ryker com as mãos, cavalgando-o
como uma amazona experiente.
Que loucura!
Um orgasmo imediato ameaçou tomar conta de mim e tive que me
segurar. Ao invés de parar, fiz um sinal para Marcello e estiquei um braço
na sua direção.
O italiano tinha outras coisas grandes, além da altura. Seu pau era
grosso e lindo. Quando pendia, provavelmente ultrapassava o meio da coxa.
Não dava para saber naquele momento, entretanto, porque ele já estava
duro. Já estava preparado, possivelmente só de assistir o que eu estava
fazendo com Ryker.
Ryker…
Olhei pra baixo e sorri, para que ele soubesse o que ele estava fazendo
comigo. Ainda com os olhos nos olhos de Ryker, virei minha cabeça para
um lado e engoli Marcello, até as bolas.
“Mmmmmm…”
Era um gemido e um sussurro ao mesmo tempo. Mas por puro prazer.
Para mim também, experimentando o júbilo de ter dois homens ao mesmo
tempo. Mas para ele ainda mais, porque a vibração do lábio inferior o fez
pular e se contorcer. Suas mãos escorregaram gentilmente para os dois
lados da minha cabeça enquanto eu continuava subindo e descendo na sua
vara macia e maravilhosa.
Meus olhos procuraram Aiden, a última peça do quebra-cabeça. Meu
ex ainda estava usando sua cueca boxer, com as mãos no quadril. Ele estava
parado próximo à borda da cama, com os olhos grudados no que sua amada
ex-namorada estava fazendo com os seus dois melhores amigos e sócios.
Mas ele estava excitado para caralho.
Uma das coisas de namorar alguém por tanto tempo é que você sabe
exatamente do que a pessoa gosta. Eu já conseguia ver a excitação na sua
expressão, a forma desconcentrada com que ele assistia o desenrolar de
tudo. Rolei meu quadril na sua direção, me esfregando ainda com mais
força no rosto de Ryker. Segurando meus peitos e rolando os dedos sobre
meus mamilos, como eu sempre fazia quando estava prestes a gozar.
E no meio daquilo tudo, encarei Aiden, sem parar. Meus olhos
enviavam uma mensagem silenciosa para ele…
Era isso que você queria, não era?
Parei de chupar Marcello por um momento, porque um sorriso invadiu
meus lábios. Aiden levantou uma sobrancelha em resposta. Ele estava
sorrindo também.
Sempre quisemos que aquilo acontecesse.
Meu estômago se contorcia lentamente quando parei para avaliar a
gravidade do momento. Eu estava prestes a fazer algo incrível. Nós todos
estávamos. Algo que aconteceria muitas e muitas vezes, mas não importava.
Aquela seria a primeira vez para sempre.
Mais do que tudo eu queria que fosse bom.
Me soltei um pouco das mãos de Ryker e escorreguei pelo seu corpo
perfeito, sentindo aquele oceano duro do seu abdômen contra a curva da
minha bunda. Não parei até sentir uma barreira: a cabeça em formato de
cogumelo do seu pau enorme, pressionada perfeitamente contra a minha
entrada encharcada. Eu sentia o calor dela: a contração e a pulsação da sua
masculinidade, latejando no ritmo do seu coração acelerado.
Nossos olhares se encontraram e uma cascata cintilante de cabelos
loiros escorregou pelos dois lados das nossas cabeças quando abaixei para
encostar minha boca na sua. Eu ainda estava segurando o pau de Marcello,
masturbando-o com uma mão. Mas naquele momento toda a minha atenção
estava focada no melhor amigo gostoso do meu ex-namorado.
“Quanto tempo você esperou por isso?”
Sussurrei as palavras na sua boca, nossos lábios pastoreando um ao
outro.
“Tempo demais”, ele sussurrou de volta.
Ele estava parado ainda, me deixando controlar tudo. Resistindo a toda
e qualquer urgência e ao instinto de subir e me estocar, se mantendo
exatamente onde estava.
“Então, você está pronto pra me foder?”
Capítulo 15

SUMMER

O provoquei com um salto gentil, arrastando só sua cabeça para cima e


para baixo na minha fenda. Ryker endureceu feito pedra.
Ele não respondeu verbalmente. Ao invés disso, escorregou suas mãos
para o meu quadril. Seus dedos me escavaram, seus braços tatuados se
flexionavam poderosamente e seus bíceps e tríceps explodiam vivamente.
Aquilo me fez ficar ainda mais molhada, e eu agarrei seus músculos,
sentindo a força e a dominação trêmula debaixo daquela pele preta e
cinzenta.
“Devagar…”, provoquei, piscando meus olhos. Nossos lábios estavam
se tocando, nossos cílios estavam tão próximos que se enrolaram.
Desci um centímetro, engolindo sua cabeça. Senti um pico de prazer
enquanto ele me penetrava.
Uau…
Nos minutos seguintes éramos só nós dois no quarto. No universo
todo. Abaixei minha boceta centímetro por centímetro na extensão do pau
pulsante de Ryker. Era uma cena linda, e eu nem precisava ver para saber.
Nossos olhos não se desviaram, não paramos de nos olhar por nem um
minuto, como se fossemos penetrar nossas almas…
Apenas… UAU.
Minhas pernas tremiam ao resistir à gravidade. Ao criar só o suspense
suficiente para prolongar aquele momento incrível. Mergulhei mais fundo e
mais baixo, sentindo-o me preencher. Saboreando o requintado e prazeroso
tabu de finalmente transar com o melhor amigo do meu ex.
Meu Deus…
Enfiei seu pau todo e alcancei seu abdômen duro feito pedra com as
coxas. Nossos olhos arderam em chamas ao mesmo tempo.
Eu queria aquilo mais do que tinha me dado conta.
Ryker estava dentro de mim — um evento que até aquele momento só
tinha existido nas minhas fantasias. Me curvei mais, beijando meu novo
amante de forma sensual e intensa. Então me sentei de novo, me empurrei
para baixo no seu peito e comecei a fodê-lo com avidamente.
“Caralho, Summer…”
Sorri de volta para ele, me deslizando para cima e para baixo.
Mexendo meu corpo para a frente e para trás na sua dureza e grossura
magnífica.
“Valeu a pena esperar?”, ronronei.
Ryker acenou, seus olhos azuis vidrados com a intensidade da sua
empolgação. Agarrei seu peito alegremente, então peguei sua mão e
coloquei nos meus peitos.
“Estes também são seus”, eu ri, apertando meu peito com sua mão.
“Não os deixe sozinhos.”
Seus dedos começaram a se mover sozinhos, seus polegares fazendo
círculos em volta dos meus mamilos. Aquilo me deixou instantaneamente
louca de tesão. Sem pensar, alcancei o pau de Marcello e o enfiei de volta
na minha boca, chupando-o profundamente e entusiasmadamente enquanto
Ryker apertava a bunda e subia o quadril.
Caralho…
Eu sentia uma ardência familiar dentro de mim, desesperada para sair,
o que fez meu corpo endurecer todo enquanto eu esfregava meu clitóris
com força contra a cabeça do pau duro do meu amante.
“Eu vou gozar nesse pau todo…”, disse a ele, com o membro de
Marcello na boca. “Apenas… não… pare…”
Parar parecia a última coisa que passava pela cabeça de Ryker. Ele
continuou com mais força, mais profundamente, rolando seu quadril
enquanto arrastava suas palmas para cima e para baixo nos meus mamilos.
Meu orgasmo me atingiu como um meteoro, me nocauteando com
endorfina. Em um segundo, eu estava no controle, mexendo o corpo no
ritmo das suas estocadas, mas no minuto seguinte…
Eu estava me arqueando, jorrando, explodindo… gozando com
intensidade, mas tanta intensidade que meu maxilar endureceu e meus olhos
se cerraram quando meus músculos internos começaram a jorrar leite
abundantemente.
“Mmmmmm…”
Apertei o pau duro de Marcello, usando-o de alavanca porque meu
corpo estava destroçado pela onda orgástica. Gozei tanto que quase não
percebi Ryker esvaziando seu tanque dentro de mim. Aconteceu tão rápido
que eu sabia que ele tinha perdido o controle completamente, sua expressão
misturava o choque com o regozijo eufórico. No meio do meu próprio
clímax, ele estava retumbando, se contraindo, bombeando seu leite para
dentro de mim.
“CARALHO!”
A palavra invadiu o ar como um grito de guerra. Ele gritava
ferozmente, quase com raiva, enquanto suas mãos agarraram minhas coxas,
me mantendo imóvel. Ele irrompeu mais e mais, inundando meu ventre. O
comprimento total do seu pau se enterrou tão profundamente em mim que
me perguntei se tínhamos virado um único corpo.
Demorou um tempo depois que gozei para perceber que Marcello
estava beijando meu rosto. Ele estava segurando minha cabeça, seus dedos
vasculhavam meus cabelos. Sua expressão era gentil, mas eu podia ver as
chamas de excitação queimando naqueles olhos castanhos.
“Ei…”, sorri e o beijei. Eu me sentia inteiramente revigorada.
Maravilhosamente contente, mais ainda com tanto tesão que eu podia gritar.
Escorreguei de cima do corpo duro de Ryker, e me deitei de barriga
para baixo. Deslizando de costas, mantive o rosto enfiado no lençol de
seda… então arrebitei a bunda no ar, movendo-a na direção de Marcello.
“Sua vez.”
Capítulo 16

SUMMER

A brisa do oceano percorreu toda minha nudez, esfriando o brilho do


suor no meu corpo quente, enquanto eu me movia alegremente no pau
grosso e impressionante de Marcello.
“Você concorda com isso?”
Sorri para Aiden entre beijos lentos e emocionais. Encarando-o
enquanto ele colocava meu cabelo atrás da orelha pela quinta ou sexta vez.
“Um pouco tarde para perguntar, não acha?”
O sorriso maroto que eu dei para ele veio com outro movimento do
meu quadril enquanto eu afundava minha bunda na virilha de seu amigo. As
mãos de Marcello eram grandes e macias, e seguravam meu quadril
imponentemente enquanto ele me fodia de quatro. A pele bronzeada do
italiano contrastava maravilhosamente com a minha pele branca como a
neve.
“Ou melhor, você concorda com isso?”
Os olhos de Aiden estavam cheios de luxúria, mas havia
permissividade também. Era um consentimento que ia além da perversão
simples dos nossos atos libidinosos.
“Sim”, ele respondeu. “Demais.”
Fiquei aliviada, porque, por mais que tivéssemos falado e fantasiado
sobre aquilo na cama quando namorávamos, ver acontecer na realidade era
outra coisa completamente diferente. Eu sabia disso, obviamente, e ele
também. Por isso, me senti imensuravelmente melhor quando ele sorriu.
“Na verdade, vou te mostrar o quanto eu concordo com isso.”
Ele me beijou pela última vez e então ficou de pé perto da quina da
cama. Seu pau estava ali, duro e quente no meu rosto. Ele bateu com ele na
minha bochecha algumas vezes, esfregando-o para cima e para baixo
enquanto eu o perseguia com a boca semiaberta.
“Você fica tão gostosa sendo fodida assim”, Aiden grunhiu. “Sabia?”
Antes que eu pudesse responder, ele se enfiou entre os meus lábios. Eu
os abri para ele, enfiando aquele formato conhecido na minha boca. O
deixei escorregar até o fundo, atingindo minha garganta.
Meu Deus…
Juntos, eles me bombeavam em ritmo constante, me fazendo ir para a
frente e para trás entre eles. Eles se empurravam e puxavam para dentro e
para fora do meu corpo que se contorcia, revelando o quanto eu aproveitava
aquela impureza.
Mas era mesmo impuro?
Eu não me sentia impura. Era proibido, sim. Talvez até travesso e
perverso e errado. Mas havia tantas outras camadas que também parecia
correto. Ser fodida em duas entradas daquela forma era como cumprir uma
lei. Eu estava criando uma conexão intimamente selvagem com aqueles
homens incríveis, que já eram próximos de outras formas.
Meus peitos balançavam devagar enquanto eu os fodia. Minha boceta
engolia Marcello com ganância quando eu bombeava para baixo, enquanto
eu tomava Aiden com desejo pela boca ao me mover para cima. Eles se
encararam sobre meu corpo nu, e trocaram de lugar sem dizer nem uma
palavra. Gemi quando Aiden me penetrou, e meu corpo o acolheu de forma
familiar. Meu invólucro quente o afagava do início ao fim com cada
estocada da minha bunda, aproximando-o cada vez mais da inevitável perda
de controle. Enquanto isso, minha língua quente e tremulante lambuzava a
vara de Marcello.
Eu estava prestes a gozar de novo quando Ryker começou a sussurrar
no meu ouvido, dizendo todos os tipos de sacanagem que eles tinham
planejado para mim.
Santo Deus…
Seu hálito estava quente como vapor no meu ouvido. Suas palavras me
faziam arrepiar involuntariamente enquanto ele continuava falando
sacanagem. Tínhamos mesmo quebrado o gelo.
Meu corpo era o parque de diversões deles e aparentemente eles iriam
aproveitar. De acordo com ele, eu devia pensar a mesma coisa. Tudo era
permitido. Nada era proibido entre nós. Eu podia pular de cama em cama,
entrar debaixo dos lençóis de cada um dos meus namorados ou de todos ao
mesmo tempo. A única coisa que me faltaria naquela relação eram boas
noites de sono.
Eles me rolaram de costas para a cama e uma parte de mim ainda
custava a acreditar que aquilo estava acontecendo. Era bom demais para ser
verdade. Mas então me lembrei do trabalho deles, das horas e dos
requisitos. As poucas horas livres que cada um deles tinha e como uma
única mulher se encaixaria perfeitamente em seu calendário super cheio.
Abri minhas pernas para Aiden, urgindo-o que me fodesse mais
profundamente, abraçando suas costas com minhas panturrilhas. Ele
finalizou com um gemido trêmulo, me enchendo com seu oceano de porra
quente, que parecia quase em ebulição em contato com a minha pele
quente. Em seguida, Marcello tomou seu lugar de novo e me perfurou com
uma única estocada, induzindo uma arfada.
Ai. Meu. DEUS.
Era como ser atravessada por uma lança. Ser alargada de forma
perfeita, quando o italiano enorme começou a me foder de forma constante
com seu quadril incrível. Ele tinha mais ritmo que os outros. E ele entendia
de ângulos…
CARALHO!
Gozei de novo. Meus gritos cortaram o silêncio do ar parado da noite e
minhas pernas balançavam feito gelatina enquanto Ryker as mantinha
dobradas perto dos meus ombros para ajudar o amigo.
“Toda noite”, ele suspirou, me beijando de cabeça para baixo. “Toda
santa noite como essa… se você quiser.”
Seus olhos brilharam. Seu sorriso era desafiador.
“Eu quero”, engasguei-me, sem ar.
“Ah, você diz isso agora”, Ryker riu. “Mas—”
“Eu quero.”
Minhas últimas palavras acionaram Marcello, que seguiu os passos de
Aiden. Ele se afastou do meu calor molhado, segurou a base do seu pau e o
apertou forte.
Meu Deus, isso é muito sexy…
As primeiras jorradas foram fortes e grossas, cordas longas e quentes
de gozo perolado. Ele espirrou tudo nos meus peitos, espalhando
forçadamente até meu pescoço, quase até o queixo.
Algumas gotas pingaram nos meus lábios e eu senti o gosto com a
língua. Marcello era salgado, almiscarado e adocicado. Delicioso em todos
os sentidos que eu esperava que ele fosse. Mesmo quando ele deitou seu
corpo magnífico sobre mim, esmagando seus lábios contra os meus.
Hmmmm…
Sua língua se mexia na minha boca, e dividíamos o gosto do nosso
sexo suado. Havia algo de primitivo e bruto no ato. Algo carnal e
provocativo, mas definitivamente nada de errado.
“Você é um anjo”, ele disse, e me beijou mais. Suas palavras eram
profundas e cheias de significado, como sua voz de barítono. Seus olhos
eram honestos, mensageiros silenciosos.
Caralho. E eu ainda tive medo de não gostar dele.
Um corpo deslizou do meu lado, me abraçando com calor enquanto
outro fez a mesma coisa do outro lado. Eu estava no meio da cama king
size, rodeada pelos três homens. Uma montanha de carne deliciosa só para
mim, sem nenhuma outra mulher para dividir.
E bem… merda. Eu realmente poderia me acostumar com aquilo.
“Então o que você acha?”, Aiden perguntou, quebrando o silêncio
finalmente. “Arrancamos o band-aid ou não?”
Meus olhos estavam pesados pela euforia do clímax, e eu estiquei meu
corpo flexível entre eles. Eu estava mais contente do que em meus sonhos
mais selvagens. Saciada e feliz.
“Sem mais climão nesse quarto”, eu ri encarando o teto.
Capítulo 17

SUMMER

Bacon e café. Duas coisas com cheiros tão distintos, mas ambos
maravilhosos.
Acordei com o som dos pássaros ao redor. Meu corpo nu estava
enrolado totalmente em lençóis de seda frescos. Eu conseguia sentir o
cheiro do mar, inalar a pureza da mistura da água com o sal. A luz entrava
pelas cortinas parcialmente abertas, iluminando o belo quarto feito de
madeira com tons de dourado vivo.
Eu sentia que tinha morrido e ido para o paraíso. Ou melhor, eu estava
viva no paraíso, porque logo que a sonolência da manhã passou, me lembrei
vivamente de cada momento glorioso da nossa primeira e lendária noite
juntos.
“Uau.”
A definição era insuficiente, mas o mais próximo que eu podia pensar
para descrever a noite. De costas na cama, estiquei os braços para a
esquerda e para a direita para conferir se alguém ainda estava ali. Então me
levantei, vesti a calça e fui para o banheiro escovar os dentes e tomar
banho.
Cadê todo mundo?
Vesti um dos robes de veludo macio disponíveis no bangalô. Em uma
dúzia de passos cheguei na pequena e confortável cozinha. Uma janela
aberta mostrava o oceano impossivelmente azul sem nenhuma obstrução e,
além dele, a areia branca da praia e as árvores verdes e exuberantes da ilha
principal.
“Olá?”
Ninguém respondeu. Mas alguém havia deixado café, açúcar e creme
sobre o balcão, ao lado de um prato de bacon perfeitamente cozido e pão
quentinho e cheiroso.
Servi uma caneca de café — antes de mais nada — e o preparei do
meu jeito preferido. No meio do primeiro e maravilhoso gole, o barulho da
água atraiu minha atenção para o deque.
Ah.
Saí do bangalô a tempo de ver Ryker emergir na água. Seus músculos
se flexionavam enquanto ele subia pela escada ao lado do deque, ajeitando
os cabelos molhados para trás com as duas mãos.
Ele era extremamente bem esculpido e magnífico — como a
personificação de um deus grego. Ombros largos e musculosos que
terminavam no tórax liso e forte. Um metro e noventa desenhado por braços
incríveis e costas amplas que contrastavam com a cintura fina, formando
um V na altura do seu tanquinho.
“Jesus, Ryker!”
Ele se virou quando ouviu minha voz, surpreso. A masculinidade
impassiva do momento anterior deu lugar à jovialidade jocosa da qual eu
me lembrava muito bem.
“Vocês tão realmente de parabéns.”
Ele ficou vermelho, e um sorrisinho sem graça invadiu seu rosto.
“Fazemos o que podemos.”
“Vocês fazem muito exercício?”
“O tempo todo”, ele admitiu, não que precisasse. “Eu e Aiden sempre
damos um jeito de nos exercitar, e acamamos arrastando o Marcello pra a
nossa rotina.”
Ele chegou mais perto de mim e as borboletas explodiram no meu
estômago. Não éramos mais só amigos — não depois da noite anterior. E
meu corpo sabia disso.
“Onde estão os outros?”
“Sessão de fotos”, Ryker explicou. “Piti Aau — a primeira ilha ao Sul.
Parece que é o melhor lugar pra capturar o nascer do sol”, ele deu de
ombros. “Foi o que o cliente pediu.”
“Então vocês trabalham nas férias”, dei um sorrisinho.
“Geralmente sim”.
Ele esticou o braço na minha direção e eu pude sentir a eletricidade
entre nós. Aquele homem, que tinha estado por perto por tanto tempo como
amigo, me causar arrepios de repente era tão estranho, tão novo!
Ao invés de me tocar, Ryker pegou minha xícara de café e a levou até
os lábios sensuais sem desviar os olhos e tomou um gole longo e lento.
“Obrigada, pequena.”
Pequena. Era tão estranho vindo dele! Mas eu gostava. E muito.
Ele tentou me entregar a caneca de volta, mas sorri e não peguei.
“Pode ficar, eu preparo outro.”
Me virei, consciente de que seus olhos estavam na minha bunda
quando entrei na cozinha de novo para pegar mais café. Quando voltei,
Ryker estava passando bronzeador. Se lambuzando com aquele óleo e
transformando cada cume e ondulação em um parque de diversões
cintilante e reluzente.
“Passa nas minhas costas?”
Apoiei a caneca no deque com uma risada. “Vou conseguir tomar café
em algum momento essa manhã?”
“Quanto café você quiser”, disse Ryker, jogando o frasco de
bronzeador na minha direção.
“Enquanto ainda está quente?”
Ele deu uma risadinha enquanto eu colocava uma quantidade generosa
do óleo na palma da mão. Enquanto eu espalhava o produto no seu corpo,
começando pelos ombros duros feito pedra, fiquei maravilhada com a
firmeza deles sob meu toque rodopiante.
“Três anos, hein?”
Ryker acenou, olhando para a água. Notei que ele estava aproveitando
o momento, possivelmente de olhos fechados.
“Não acredito que faz tanto tempo.”
Pressionei um ponto específico que o fez gemer, então me concentrei
ali por um momento. Eu podia ver seu corpo se arqueando para a frente.
Sentia seus ombros largos declinarem um pouco enquanto ele relaxava e
absorvia o prazer.
“Isso é aplicação de bronzeador ou massagem?”, brinquei.
“Os dois”, ele gemeu.
“Percebi.”
Minhas mãos se moveram pela sua lombar, esfregando suas laterais
pelo caminho. Senti a circunferência do seu dorso, enquanto movia meus
dedos pelo seu tórax sexy, coberto de tatuagens que se espalhavam até seus
braços.
Ele é gostoso para caralho.
Descendo mais as mãos, toquei as covinhas de Ryker, uma das coisas
que eu mais gostava em um homem, bem acima da borda da sua sunga. Eu
já tinha notado há muito tempo, quando íamos nadar durante o verão ou
relaxar em jacuzzis depois de esquiar — não importava onde estivéssemos.
Mas agora…
Eram minhas covinhas. Eu podia tocá-las como estava fazendo no
momento. Eu podia agarrá-las com urgência enquanto abria as pernas e ele
me penetrava cada vez mais fundo, me fazendo gozar.
Isso é bom.
E era, de fato. Muito mais do que eu tinha imaginado que seria. Eu
tinha três namorados gostosos, disponíveis, ao meu alcance quando eu
desejasse.
Santa Mãe de Deus.
“Eu posso retribuir depois, se você quiser”, disse Ryker marotamente.
“Olho por olho.”
“Você devia dar um mergulho”, ele sugeriu, “antes da gente ir
almoçar.”
Levantei uma sobrancelha. “Almoçar?”
“Ah, sim. Tenho tudo planejado. Aiden e Marcello não vão voltar antes
do fim do dia, então somos só nós dois.”
Meu estômago se revirou, mas no bom sentido.
“Então… tipo um encontro?”
Ele se virou para me olhar, escorregando as mãos pelo meu robe, que
se abriu um pouco quando ele passou a mão por trás de mim e a pousou
perfeitamente na minha bunda coberta por uma calcinha fio dental.
“Exatamente”, Ryker sorriu. “O encontro que eu sempre quis ter com
você e que nunca pudemos ter.”
Ele me beijou suavemente, apertando minha bunda ao mesmo tempo.
Derreti um pouco. Tudo era tão bom.
“Por muito tempo você foi apenas Summer, a ex super gostosa do meu
melhor amigo. Um tabu. Fora do meu alcance.”
Tremi quando suas mãos escorregaram devagar pelas minhas coxas até
o meio das minhas pernas. Com ou sem intenção, as pontas dos seus dedos
tocaram minha boceta.
“Mas agora…”
Seus dedos se contorceram, se movendo suavemente sobre o tecido da
minha calcinha. Ok, talvez fosse de fato intencional. E tão bom que me fez
morder o lábio.
“Agora você é minha namorada”, Ryker murmurou, segurando meu
rosto. Seus olhos penetraram os meus. “E tenha certeza de que vou te tratar
do jeito certo.”
Tentei engolir o nó de orgulho e felicidade que tinha de repente se
formado na minha garganta. Quando eu finalmente consegui, meus lábios
só conseguiram formar uma palavra.
“C—certo.”
Capítulo 18

RYKER

Fazia algum tempo que eu não dirigia um ATV, mas logo peguei o jeito
de novo. O calor do sol no meu rosto era bom. O motor roncava, feroz e
poderoso, enquanto eu nos guiava pela trilha que tinha lido sobre.
A sensação maravilhosa foi coroada pelo calor dos braços de Summer
em volta da minha cintura.
“É aqui”, eu disse, “…eu acho.”
O lugar era exatamente como a descrição: uma praia secreta em
formato de meia-lua, rodeada por árvores curvas nos dois lados. O centro
era um poço verde-água, recortado como uma joia, perfeitamente circular,
que brilhava com o sol do meio-dia.
Summer me apertou quando parei, o que fez meu corpo se arrepiar. Ela
desceu, tirou o capacete e deixou seu cabelo longo e lindo escorregar pelas
costas como uma cachoeira.
Meu Deus, ela tirava meu fôlego. Dilacerava meu coração com tanta
beleza. Desliguei o motor e fiquei parado por mais ou menos um minuto, só
observando suas longas pernas enquanto ela rebolava caminhando pela
praia com seu biquini amarelo.
“Somos os únicos aqui?”, ela perguntou, animada.
“Sim.”
Seus olhos brilharam como uma fogueira verde. “Sério?”
“Esse lugar é só nosso hoje”, eu disse, “agora vamos começar a
desfrutar.”
Summer saltitou com alegria enquanto eu desamarrava nossa bagagem
da traseira do quadriciclo. Ela pegou uma bolsa com máscaras, pés-de-pato
e snorkels enquanto eu descarregava o cooler, depositando-o na areia macia
perto da sombra.
Para ser honesto, eu não sou um cara que gosta de piqueniques. E eu
sou horrível em planejamento. Sempre fui do tipo espontâneo, de verdade.
Mas era a Summer e, tecnicamente, nosso primeiro encontro. Aquilo
mudava tudo.
Ela continuou caminhando pela borda da água, e eu sabia que ela
estava impaciente para mergulhar. Summer era louca por água. Cria da
Califórnia. Sempre tinha sido e sempre seria.
“Pronto?”, ela gritou sem me olhar.
O vento fazia seu cabelo dançar enquanto ela caminhava, a brisa o
afastava da sua bunda redonda e rechonchuda. Estiquei as toalhas no chão,
afixando-as no chão com o peso de cocos. Era quase impossível me
concentrar no que eu estava fazendo porque tudo o que eu conseguia fazer
era pensar nela.
Nos sentamos no chão juntos, maravilhados com a claridade e a
temperatura da água mais bonita do planeta inteiro. Nada mais fazia
sentido. As praias de São Francisco que gostávamos tanto não eram nada
comparadas àquela.
E os peixes! Grandes e pequenos, cardumes coloridos explodiam por
todos os lados nos corais. Colocamos nosso equipamento e pulamos no
poço, contando raias, enguias e até mesmo tubarões que nadavam bem no
fundo. Em algum momento Summer agarrou meu braço e eu supus que ela
estivesse com medo, mas na verdade ela só estava apontando para duas
tartarugas-marinhas verde-avermelhadas. Ela não tinha medo nenhum e era
de longe uma nadadora melhor do que eu.
“Você está com fome?”
Quase duas horas tinham se passado até que finalmente voltamos para
a costa. O pacote que eu tinha levado tinha sido providenciado com uma
ligação estratégica que fiz antes que ela acordasse. Tínhamos travessas de
frutas, biscoitos, mel, geleias e sanduíches que eram ainda mais saborosos
do que a descrição fornecida por eles.
Nos servimos com um pouco de tudo e atacamos, famintos. Quando
peguei uma garrafa de vinho, Summer chacoalhou a cabeça e apontou para
as cervejas que eu tinha levado. Em alguns segundos abrimos duas,
brindamos e celebramos tudo o que havíamos visto naquele dia.
“Como é possível um lugar tão pequeno comportar tanta beleza?”, ela
maravilhou-se.
Estiquei o braço e dei um tapinha de brincadeira na sua bunda
escassamente coberta. A carne macia balançou por apenas meio segundo
antes de voltar à sua forma original perfeita.
“Eu estava prestes a perguntar a mesma coisa.”
Ela deu uma gargalhada e rolou para cima de mim, me circulando com
suas longas e poderosas pernas. As mesmas pernas que eu tinha admirado
desde a primeira vez que Aiden a trouxe para o nosso muquifo na época da
faculdade, no que tinha sido o primeiro encontro deles.
Meu Deus, parecia que tinha sido em uma vida diferente.
Fiquei admirado não somente pela sua aparência, mas pela insolência
da sua personalidade. Summer era esperta. Descarada e ousada. Uma deusa
loira, muita areia para o caminhãozinho de Aiden. Ou pelo menos foi o que
eu pensei e disse a ele na época. Mas ainda assim, ele a conquistou e a fez
feliz por longos três anos.
Eles tinham ficado separados pelo mesmo tempo que ficaram juntos.
“No que você está pensando?”, ela perguntou, apertando as coxas
conta a minha cintura. Eu estava preso na toalha e ela se esticou sobre mim.
“Na primeira vez que te vi”, disse com franqueza.
Os olhos de Summer rolaram de um lado para o outro enquanto ela
vasculhava a memória. “No apartamento de vocês, certo? Na noite que—”
“Na noite que você saiu com o Aiden”, confirmei, “e eu desejei muito
ter sido eu a ir em um encontro com você.”
Ela tombou o pescoço e me beijou, com movimentos sensuais e lentos
que me fizeram ficar duro quase instantaneamente. Pela forma que ela
sorria, eu sabia que ela estava sentindo o mesmo.
“Então você ficou com ciúme?”
“Muito.”
“Mas e agora?”
Minhas mãos já estavam sobre sua bunda firme e redonda. Eu apertei
suas nádegas de forma possessiva e sua calcinha de biquini não apresentava
nenhum tipo de empecilho.
“Agora… não muito.”
Summer virou a cabeça de lado e me olhou de volta
interrogativamente. “E por que não?”, ela perguntou. “Eu ainda estou com
o Aiden. Mas também estou com você.”
Eu não tinha certeza se ela estava me testando, pessoalmente, ou
testando nosso combinado, de forma geral. De qualquer maneira, a resposta
era a mesma.
“Você ainda é minha”, eu disse, enfatizando a última palavra com um
apertão mais forte. “Você é minha namorada também. E eu tenho os
mesmos direitos que Aiden. Além disso, eu, ele e Marcello somos
praticamente como irmãos. Certamente amamos uns aos outros como
irmãos”, encolhi um ombro. “Não há nada no mundo que eu não faria por
eles se eles pedissem. E nada que eu não dividiria.”
Os olhos de Summer se arregalaram, e eu vi que ela não estava
concentrada. Ela estava excitada. Empolgada. Parecia que eu tinha dado a
resposta que ela queria.
“Quer saber o que eu quero agora?”
Dei uma risadinha. “Espero que estejamos em sintonia.”
“Ah, não se preocupe com isso”, ela riu, se dobrando para me beijar de
novo. Seu corpo quente se fundiu no meu.
“Tenho certeza de que estamos…”
Capítulo 19

SUMMER

Revirei os olhos quando sua língua mergulhou mais profundamente,


me penetrando com mais intensidade do que antes. Ryker mantinha as duas
mãos presas à minha bunda. Seus braços me puxavam contra o seu rosto
com força quase hidráulica quando endureci os lábios e escorreguei os
lábios para cima e para baixo na sua vara linda e bronzeada.
Ohhhhhh…
Tínhamos o tamanho ideal para um sessenta-e-nove. Os dois altos, se
encaixando perfeitamente no lugar especial entre as pernas um do outro. Eu
podia notar que ele amava aquela posição o mesmo tanto que eu e que ele
também era bom na manobra. Deitados ali, sob a sombra das palmeiras,
fazendo aquilo um com o outro por vários minutos enquanto a brisa tropical
gentilmente beijava nossos corpos nus. Não tínhamos nenhuma pressa.
Fazer aquilo com ele desbloqueava um novo nível de empolgação.
Ryker, o cara que eu conhecia tão bem e há tanto tempo. Pensei em todos os
filmes de terror que assistimos juntos depois de Aiden desmaiar no sofá. No
tanto que gargalhamos e nos alfinetamos, comportamento que podia ser
indicativo de flerte em outras ocasiões.
Mas sempre houve um limite. Um momento em que nos encarávamos
e parávamos de rir, voltando para o filme.
Mas não ali, naquele momento.
Eu me contorcia contra sua língua, pressionando meu clitóris. Meu
mais novo namorado respondia com vibrações. Eu circulava a cabeça do
seu pau gentilmente, mesmo com a intensidade que ele impunha ao agarrar
minha bunda e enfiar dois dedos em mim.
Caralho…
Redobrando meus esforços, aumentei a velocidade e a intensidade,
apertando minhas coxas em volta da sua cabeça quando foi inevitável
atingir o clímax. Então ele gemeu e, de repente, também estava gozando.
Enchendo minha boca com sua semente agridoce. Me esforcei para engolir
o máximo que pude enquanto simultaneamente bombava sua vara com o
punho cerrado.
Era maravilhoso — mais do que maravilhoso, na verdade — seu gozo
jorrando forte. Eu podia senti-lo vazando por entre meus dedos. Pulsando
forte contra minha palma, enquanto ele enchia minhas bochechas jato após
jato. Eu tive que parar duas vezes, afastando meu rosto dele para poder
engolir. E então eu retomava a posição, enfiando-o profundamente na
minha garganta e sentindo meus lábios quase encostarem na sua virilha
enquanto eu gentilmente apertava suas bolas, espremendo até obter a última
gota.
Quando cheguei no ápice, me sentei, me esfregando no seu rosto.
Empurrando minha pélvis para baixo, explodi na sua boca, choramingando
sob o céu azul perfeito.
Estávamos em público tecnicamente, mas era tão escondido que não
importava. Naquele momento não importaria mesmo que não fosse tão
escondido. Eu teria gritado na mesma altura, com o mesmo nível de euforia,
não importava onde aquele momento maravilhoso estivesse acontecendo.
Não nos acariciamos depois que acabou. Éramos só dois corpos inertes
e sorridentes. Então corremos para a água de novo. Nadamos feito dois
golfinhos pelo recife, sem máscaras ou pés-de-pato. E sem roupas. Nossa
nudez gritante e impertinente causava uma sensação muito boa.
Nos abraçamos na água, balançando nossos pescoços para trás no mar
azul, sentindo o calor confortável da pele um do outro em um emaranhado
de pernas e braços e peitos.
“Diga-me uma coisa”, comecei, escorregando meus braços por trás dos
ombros do meu amante.
“Qualquer coisa”, Ryker sorriu,
“Quanto tempo isso vai durar?”
“Ah… provavelmente mais uma hora ou duas, e depois—”
“Não”, eu o interrompi. “Isso.”
Ryker apertou seus belos olhos azuis algumas vezes, então virou a
cabeça na minha direção. Ele parecia estar ferido.
“Você quer dizer esse namoro?”
Escorreguei minhas pernas pelas laterais dele e acenei.
“O tempo que você quiser.”
Não era exatamente uma resposta muito profunda, mas era o que eu
esperava. Procurei os olhos do meu amigo de longa data — e agora também
meu amante. Ele estava sendo honesto.
“Bom, nós estamos nessa por um longo tempo”, Ryker continuou. “Ter
um relacionamento sério é o que faltava nas nossas vidas cheias. Sempre
quisemos isso. Todos os três.”
“Sim, mas—”
“Mas nada”, ele interrompeu. “Summer, isso não é um teste pra nós.
Não é só diversãozinha. Nós não te convidamos pra essa aventura ao redor
do mundo pra te dispensar quando nos cansarmos.”
“Vocês não são astros do rock e eu uma fã sortuda.”
“Ah, definitivamente somos astros do rock”, Ryker deu uma risadinha.
“E você é a única. A fã número um, aquela que importa. A garota que nos
conhece e nos ama. Que se preocupa conosco de forma profunda, da mesma
forma que nós nos preocupamos com você.”
Suas mãos escorregaram pelas minhas costas nuas. Me arrepiei quando
seus dedos se entrelaçaram nos meus cabelos, me puxando para mais perto
de forma gentil.
“Eu sempre te amei”, ele murmurou, nossos narizes se encostaram.
“Você sabe, não sabe?”
Abaixei o queixo sutilmente, assentindo. Eu sabia, de verdade. Dava
para sentir…
“Eu também amo você”, suspirei. “O mesmo tanto que amo Aiden.
Mas antes eu te amava como um irmão, porque não podia ser de outro jeito.
Era a única forma, na verdade, mas não significa que o amor é menos
intenso.”
Ele voltou a sorrir, seus olhos brilhavam feito joias e refletiam a luz da
água. Ryker me beijou e o beijo era diferente, de alguma maneira. Mais
profundo, talvez. Quente e salgado e sensual, mas também mais expressivo.
“Eu amo Aiden da mesma forma que você”, ele disse. “E é por isso
que isso vai dar certo. E Marcello também. Nós três — somos praticamente
irmãos, Summer. E estamos muito felizes por você nos ter escolhido.”
“É mais como se vocês tivessem me escolhido”, corrigi. “Mas…
entendi.”
Nos beijamos por mais um tempo, flutuando pela costa até chegar na
areia. Eu pude sentir um calor interno crescendo. Nossas mãos vagueando
os corpos um do outro, até minha palma se fechar em torno de algo grande
e grosso e surpreendentemente duro.
“Eu achava que a água fazia isso… bem…”, brinquei, dando um
esguicho na água.
“Encolher?”
“Sim.”
“Não quando você está enrolado pelo corpo nu de uma loira linda e
gostosa.”
Ryker me puxou contra ele, se guiando como se já soubesse o
caminho. Senti sua cabeça gigante na minha entrada, mas mesmo assim ele
me penetrou sem esforço, me abrindo enquanto eu prendia meus tornozelos
nas suas costas.
“Bom, então acho que… temos boas notícias…”, murmurei,
acariciando seu pescoço. Eu mal conseguia falar! Era tão incrível senti-lo
dentro de mim, naquela água fria e cristalina. Mas ao mesmo tempo mais
quente do que nunca!
“Quer notícias ainda melhores?”, ele me provocou, mexendo o quadril,
de pé, na areia, me segurando em seus braços, totalmente no controle. Ele
bombeava e girava para dentro e para fora, meu corpo parecia não pesar
nada, a sensação era maravilhosa.
“Claro”, sussurrei, imaginando o que poderia ser ainda melhor.
Ryker me beijou com mais intensidade antes de se aproximar do meu
pescoço dando uma risadinha.
“Eu trouxe sobremesa.”
Capítulo 20

SUMMER

Dormimos tão cedo depois do jantar que podia ser quase considerado
um crime. Caindo no sono um por um em todos os lugares, porque as
longas horas de viagem, ficar acordados até tarde e as movimentações
incessantes finalmente nos arrebataram.
Acabei cochilando em uma rede esticada confortavelmente entre dois
pilares no deque externo. Acordei e já estava totalmente escuro e alguém
tinha colocado um cobertor sobre meu corpo. Aiden estava dormindo perto
de mim, em uma das espreguiçadeiras, Marcello e Ryker tinham voltado
para seus bangalôs aparentemente.
Senti a brisa do oceano no meu rosto, uma sensação boa. O ar era tão
limpo e cheiroso que eu praticamente o engolia. Mesmo assim, eu queria
dormir de conchinha. Senti o impulso de ser abraçada por um par de braços
fortes ou por um corpo quente.
Talvez dois corpos quentes?
Caralho, eu estava ficando gananciosa. Mas será que estava mesmo?
No nosso acordo não tinha nada de errado de querer mais de um homem. Eu
já tinha estado com os três ao mesmo tempo, numa noite de devassidão
total, antes de dormir nos braços deles. E tudo isso sem nenhum resquício
de ciúme.
Mas ainda assim…
Me ergui, cuidadosamente encostando o peito de um dos pés no chão.
Enquanto eu cuidadosamente saia da rede, uma figura espreguiçou do meu
lado direito.
“Ei, linda.”
Aiden estava acordado, se espreguiçando e bocejando, com o braço
esticado na direção de uma garrafa d’água no chão.
“Oi”, sussurrei e, esfregando os olhos, perguntei. “Que horas são?”
“Nos Estados Unidos ou aqui?”
“Acho que aqui.”
“São três da manhã”, disse Aiden, verificando seu relógio. Com uma
risadinha baixa, ele adicionou: “a hora das bruxas.”
“Vocês vão sair cedo amanhã?”
Ele acenou, esticando um braço na minha direção. Eu segurei sua mão
e o segui para dendro do bangalô, onde o único vento vinha dos
ventiladores de teto girando devagar e com gentileza.
“Ontem correu quase tudo bem”, ele disse, enquanto nos afundávamos
no sofá. “Nosso cliente novo ficou muito satisfeito com a repercussão das
fotos e das postagens do Marcello.”
Eu tinha visto as postagens antes do jantar: fotos incrivelmente lindas
do jovem ator em vários locais ao longo da cadeia de praias virgens e lagos
de tirar o fôlego. Aiden explicou que eles tinham se locomovido de
catamarã para todas as locações do ensaio, de trilhas e falésias normalmente
inacessíveis ao público geral até os picos do Monte Otemanu.
“Então você se divertiu com Ryker ontem?”
Ele não tinha conseguido me fazer aquela pergunta mais cedo.
“Diversão” não era a palavra exata, mas concordei.
“Que bom. Fico feliz.”
“Sério?”, respondi. “Fiquei… um pouco preocupada.”
As sobrancelhas lindas de Aiden se uniram. “Por quê?”
“Porque é estranho, Aiden. Quer dizer… você não acha? Fazer isso tão
abertamente, com você e Ryker. E Marcello. Bom, ele é incrível e tudo
mais, Ryker também. Mas é apenas, sabe…”
“Não é estranho”, ele respondeu. “É inortodoxo. No máximo não
convencional. Você precisa pensar assim. Estamos indo contra tradições do
que seria considerado um relacionamento ‘normal’, mas a situação entre
nós é totalmente normal.”
Ele se afundou em um dos confortáveis sofás do bangalô, me puxando
com ele. Nós dois estávamos de costas. Encarei o teto com seus braços em
volta de mim.
“Isso é muito estranho pra você?”, ele perguntou. “Você pode dizer. Se
tem algo que sempre existiu entre nós, essa coisa é a honestidade.”
“Não”, eu respondi, surpreendentemente rápido. “Falando assim, não
parece estranho.”
“E você está confortável com a situação?”
“Muito”, eu disse, definitivamente.
“Que bom”, Aiden disse. “Porque a única coisa que importa agora é
com você”, ele disse. “Eu sei que somos ocupados e que vai ser difícil
passar tempo todos juntos. Mas eu e os rapazes conversamos e estamos
todos de acordo.”
“E qual é o acordo?”, perguntei, me aninhando nele.
“Qualquer acordo que faça com que você fique conosco.”
Rolei para cima dele, mantendo seus braços ao meu redor. Me
aproximei mais do seu rosto e o encarei.
“Eu quero ficar”, eu disse com simplicidade. “Eu realmente gosto de
ser namorada dos três.”
Aiden mexeu o queixo e me deu um beijo na testa. “Se isso mudar a
qualquer momento, fale pra gente imediatamente”, ele disse. “Eu quero que
você fique livre, Summer, sem culpa. Se você quiser ir, vamos entender
completamente. Eu e eles.”
Tombei a cabeça de lado contra seu peito. Seu peito estava quente e
reconfortante debaixo da minha bochecha, especialmente por causa do
ritmo constante do seu coração martelando.
“Eu sei.”
Ficamos ali daquele jeito por um momento, apenas aproveitando o
silêncio. Ouvindo as paredes suspirarem enquanto o vento golpeava nosso
trio sereno de bangalôs.
“Sem ciúme então?”, suspirei, finalmente.
“Nenhum.”
“Eu posso dar enlouquecidamente pros seus amigos”, me aventurei, de
forma jocosa, “e tá tudo bem por você?”
Aiden sorriu, esticando o braço para me apertar possessivamente.
“Desde que eu esteja envolvido, tudo bem”, ele deu uma risada. “Além
disso, você já deu enlouquecidamente para os meus amigos. Eu assisti e
foi… um tesão.”
Beijei a pele do seu braço, batendo minhas unhas pela expansão do seu
peito largo. Era uma coisa terrível para se dizer, mas exatamente o que eu
precisava.
“E o… Corey? É esse o nome dele?”
Meu ex se moveu um pouco debaixo de mim. “Por que você está
perguntando isso?”
“Eu não sei”, dei de ombros. “Quando você entrou no avião, pareceu
um pouco distante. Foi quando Ryker mencionou o nome Corey e Marcello
disse a todos que não se preocupassem.”
Silêncio. O silêncio pairou de novo.
“Então, quem é esse cara?”
“Ninguém, na verdade”, Aiden disse, adormecido. A mão que
segurava minha bunda ficou lá por um tempo enquanto ele usava a outra
para brincar com meu cabelo. “Só um… concorrente. Um que está meio
irritado porque conquistamos esse novo cliente.”
“Oh”, respondi.
“Corey só ladra, não morde. Ele fez uma ceninha antes de entrarmos
no avião. Ele disse algumas coisas que nos irritou. A mim e ao Marcello.”
Seus dedos estavam peneirando meu cabelo do jeito que ele costumava
fazer nos nossos dormitórios quando estávamos na faculdade. Era sempre a
última coisa que fazíamos na cama, no fim do dia. E a maneira como ele
fazia sempre me deixava sonolenta.
“O… que…”, pausei para deixar sair um bocejo que estalou meu
maxilar, “ele disse?”
Meus olhos foram se fechando com a sonolência que o corpo quente
de Aiden causava. Mesmo com o silêncio tomando conta, seus dedos
continuaram metodicamente se movendo. Penteando meus cabelos…
“Nada importante”, ele respondeu finalmente. E eu peguei no sono.
Capítulo 21

SUMMER

“Meu Deus. É TÃO LINDO!”


Minha voz sobrepôs o barulho das hélices quando o helicóptero se
inclinou. Ele sobrevoou Lagoonarium, cheio de peixes e barquinhos
amarelos e foi em direção ao sudeste, para Tahaa.
Aninhado ao meu lado, Marcello apertou minha mão de novo. Nos
primeiros cinco minutos do nosso passeio, eu me dei conta que toda a
tranquilidade que ele tentou me passar era apenas para atenuar seu próprio
medo. O que era absolutamente adorável.
“Você não gosta de voar, não é?”, eu disse alto, chegando mais perto
dele.
Meu lindo namorado italiano gargalhou. “É tão óbvio assim?”
“Você basicamente quebrou os dedos da minha mão”, ri em resposta.
“Eles estavam inteiros quando entramos nesse helicóptero.”
Nós havíamos partido antes do almoço e voado na direção oeste da
ilha principal com o sol nas nossas costas. Por mais lindo que tudo fosse ao
nível do mar, dali de cima era ainda mais incrivelmente deslumbrante. O
mar era uma pintura azul turquesa com alguns pontos em verde, branco e
amarelo. As faixas de areia tinham cores aleatórias e eram dotadas de mais
bangalôs como os nossos, conectados por uma teia de calçadas oceânicas.
Era tão bom estar em um encontro com Marcello — especialmente
porque eu não sabia muita coisa sobre ele. Ele era do tipo irritantemente
perfeito de pessoa que era instantaneamente adorável. Ele fazia amigos em
qualquer situação, não importa com quem nem onde ele estivesse.
Ou melhor, ele era do tipo que fazia as pessoas se sentirem
confortáveis e bem-vindas. Um homem divertido, atencioso, relaxado e
fácil de lidar, por trás de um sorriso carismático.
Continuei tentando me convencer a esquecer do fato que tínhamos
invertido a ordem. Primeiro tínhamos dormido juntos e só então tivemos
nosso primeiro encontro, o que não era exatamente como eu funcionava. Eu
só havia tido casos de uma noite umas duas vezes. Ir para a cama com
alguém só por carência ou porque a química era boa só me fazia acordar
frustrada. Quando isso acontecia, eu tentava transformar a transa de uma
noite num relacionamento. Insistia em sair com o cara mais uma vez para
ver se tínhamos mais alguma coisa em comum além do aspecto físico.
Geralmente não era o caso, mas ali, naquele momento…
Naquele momento eu tinha mais em comum com Marcello do que eu
tinha tido com a maioria dos caras com quem saí. Primeiro porque ele era
italiano — como eu. Eu também adorava a relação que ele tinha com a mãe,
e meu coração tinha derretido um pouco quando ele ligou para ela antes de
entrar no helicóptero só para dizer que a amava.
Mas o mais relevante de tudo era a conexão que compartilhávamos
com Aiden e Ryker. Eu já sabia que podia confiar naquele homem —
porque eles o viam como um irmão. Ele era parte integral do sucesso que
eles alcançaram desde a fundação do Lenda Viva.
Naquele momento, Aiden estava fora, filmando, e Ryker programando
novos sites locais em seu bangalô. Era uma pena ele precisar ficar no
computador a maior parte do dia, mas ele tinha pelo menos ido trabalhar no
deque, por sugestão minha, para aproveitar o sol.
Isso fazia com que eu lindo amante italiano e eu ficássemos sozinhos,
indo para a ilha de Tahaa naquele helicóptero.
Amante…
Ainda parecia um pouco estranho, mas empolgante. Marcello estava
vestindo uma camiseta apertada que abraçava seu peito e deixava seus belos
braços totalmente desnudos. Toda vez que o helicóptero se inclinava, eu via
aqueles músculos se flexionarem, seu bíceps e tríceps se dilatando
magnificamente debaixo daquela pele macia cor de azeitona.
Seu rosto era bronzeado e belo, masculino e quadrado — como se ele
tivesse sido esculpido. Mas mesmo com a dureza dos traços, havia um calor
reconfortante naqueles olhos castanhos. Uma segurança que aumentava a
cada nota da sua voz suave de barítono. Quando ele não estava segurando
minha mão, um dos seus braços estava pousado no meu ombro, às vezes
traçando círculos na minha pele que me faziam arrepiar. O gesto era
inconsciente, mas afetuoso. Assim como tudo nele.
“Ali!”
Ele apontou e meus olhos se dirigiram para as montanhas difusas da
ilha, já não mais tão distante de Tahaa. Resorts e outros tipos de
acomodações se espalhavam sobre a areia branca das praias, mas a parte
interna da ilha parecia exuberante e selvagem.
Aterrissamos na margem de uma vila pequena, classificada como uma
das maiores cidades do Taiti. Diferente do lugar tranquilo de onde
vínhamos, a vila era cheia de vida. Dezenas de pessoas seguiam suas
rotinas, cruzando nossos caminhos enquanto Marcello falava com o nosso
piloto antes de me pegar pela mão e me puxar com gentileza para o lado de
fora.
“Finalmente!”, sorriu enquanto o helicóptero se afastava. Ele esticou
os braços e gesticulou exageradamente “Civilização!”
Gargalhei e o segui pelas ruas de pavimentos, que pareciam mais feitas
de areia do que de pedras.
“Você tem alguma coisa em mente?”, perguntei.
“Sim”, meu namorado disse firmemente. “Almoço. E compras.”
Meu coração deu uma volta enquanto meu estomago simultaneamente
tremeu. Meu sorriso também ficou ainda maior.
“Duas das minhas coisas favoritas”, eu disse, verdadeiramente.
“Sim. Eu sei.”
Ele apertou minha mão que começava a doer depois da mesma pressão
durante o passeio de helicóptero. Mas era uma dor boa. Uma dor fofa.
“Se eu não te conhecesse bem, diria que você está tentando me
seduzir.”
“Já seduzi”, Marcello riu.
“Eu sei, por isso disse—”
Uma colcha de retalhos de tendas surgiu do nosso lado direito e
Marcello me guiou naquela direção. Alguns passos depois estávamos
entrando na área coberta de um mercado enorme, cheio de vida,
movimento, cores e pessoas.
“Uau.”
Olhei em volta, tentando suprimir meus suspiros. O lugar era
maravilhoso! O chão, feito de azulejos brancos, criava uma rede de
pequenas avenidas que cortavam o mercado. O lugar era ladeado dos dois
lados por barracas feitas de todos os tipos de material, de bambu a vidro.
“Tá com fome?”
Mesmo antes dele perguntar eu soube que estávamos na área de
alimentação do mercado. Milhares de cheiros deliciosos invadiram minhas
narinas ao mesmo tempo, me esmagando enquanto caminhávamos por entre
barracas de café e de peixe. Marcello desacelerou, me guiando por entre a
multidão de pessoas que ofereciam frutas exóticas e o vapor de panelas
gigantes, que eu soube imediatamente que continham arroz.
“Você já veio aqui antes, não veio?”, perguntei.
“Não mesmo.”
“Sério? Puta merda. Porque—”
“Na verdade, foi indicação”, ele explicou, “de um dos nativos da nossa
ilha.”
Continuamos nos movendo até o fim do mercado. Uma série de
cadeiras velhas de aço faziam barulho contra o azulejo do chão, ao redor de
mesas limpas e utilitárias. Uma fila de pessoas muito maior do que o resto
saía de uma das tendas onde pessoas carregavam todos os tipos de comida.
“Escolha uma mesa”, disse Marcello. “Deixa o resto comigo.”
Dez minutos mais tarde ele voltou com dois pratos fumegantes e dois
coquetéis coloridos e espumantes, tudo parecia delicioso. Jantamos peixe
fresco com leite de coco e porco crocante em pães de alho. Havia outros
acompanhamentos e eu experimentei um pouco de tudo, incluindo os
vegetais, que eram tão deliciosos que parecia literalmente que eu estava
comendo doces.
“Você é um gênio!”, declarei, depois que tínhamos nos entupido de
comida e estávamos recostados nas cadeiras.
Marcello deu de ombros e riu. “Obrigado.”
O mercado estava ficando cada vez mais cheio a cada minuto. Para
todos os lugares que olhávamos, havia grupos de olho na nossa mesa.
“Então… o que vamos fazer agora?”, suspirei com alegria, dando
tapinhas na minha barriga cheia.
“A pergunta é: o que não vamos fazer agora?”, Marcello riu, me
colocando de pé.
Capítulo 22

MARCELLO

Se eu fosse responsável pelo design de uma mulher perfeita, ela seria


exatamente como Summer. Alta, linda e italiana. Audaciosa e inteligente,
mas doce e divertida também. Ela tinha todas as características que Aiden e
Ryker tinham falado e nenhum dos inconvenientes que eu pensei que
fossemos ter que encarar.
Até o momento, para ser honesto, ela era boa demais para ser verdade.
“Ei, espere!”
Estávamos em uma trilha que partia da praia, escalando para dentro da
floresta no meio do nada. Não importa onde fossemos, tudo era paradisíaco.
Flora e fauna explodiam ao nosso redor, incluindo flores de cores tão
incríveis que nem pareciam de verdade.
Summer desacelerou, me dando a chance de alcançá-la. Suas pernas
eram incrivelmente longas, e seus passos tão largos quanto os meus. Ainda
por cima, ela estava em forma, o que a deixava ainda mais sexy.
“Vamos lá!”, ela provocou, “Acelera esse passo! Afinal de contas, a
ideia foi sua.”
Contra-ataquei segurando a barriga, “Sim, mas eu comi mais do que
você.”
“Mentira.”
“Verdade.”
Eu a alcancei e a agarrei pela cintura, puxando-a para perto. Girei-a
para que ela pudesse me encarar e ficamos com nariz e lábios bem
próximos.
“Além disso, estou carregando isso”, eu disse, mostrando a sacola do
mercado. Tínhamos feito compras por horas por barracas grandiosas,
pequeninas e extravagantes. Escolhemos desde chapéus e pulseiras a
colares de conchas e vestidos, sem contar a cesta trançada que Summer
tinha comprado para que eu pudesse carregar tudo.
“Ossos do ofício”, ela disse, sorrindo e dando uma piscadinha. “De
nada.”
Naquele momento ela estava absolutamente deslumbrante, com o rosto
vermelho e sem ar depois da escalada. Ela usava uma coroa de flores
amarelas, vermelhas e lindas que eu havia comprado para ela.
Me inclinei na direção dela e ela me beijou sem hesitação. Um beijo
lento e sensual, que me atingiu como o estrondo de um trovão.
Caralho…
Meus braços escorregaram em volta dela, esmagando seu corpo
esbelto, porém curvilíneo contra o meu. Minhas mãos estavam no interior
das costas dela, meus dedos a espalmavam para a frente, dançando logo
acima de sua bunda suculenta.
Eu a teria tomado bem ali se tivéssemos em um quarto. Mas eu a
queria em uma cama. Eu queria esticar seu corpo e ir fundo nela, de
verdade. E eu sabia que ela queria o mesmo.
Ao invés disso, nos beijamos sem parar enquanto o vento mexia seu
cabelo. Beijos longos e persistentes, com o oceano de papel de parede.
Minhas mãos vagavam cada vez mais para baixo, até meu corpo protestar
contra a abundância de roupas.
“Eu sei tão pouco sobre você…”
Ela murmurou as palavras enquanto nos sentávamos na grama, lado a
lado, encarando o horizonte distante.
“O que você quer saber?”
Summer colocou o cabelo atrás de uma orelha e se virou para mim,
sorridente. “Tudo.”
Ela pegou a garrafa de champanhe do cesto que eu tinha pousado no
chão e abriu. A ideia era tomarmos mais tarde, por isso não tínhamos
levado taças. Entretanto, ela não se importou.
“Bem”, eu disse, me apoiando nos meus braços, “eu cresci no sul da
Califórnia. Em Fulton. Meus pais eram vizinhos, meus bisavós tinham
migrado juntos para o país.
Pela meia hora seguinte bebemos direto da garrafa. A compartilhamos,
encarando o paraíso e conversando sobre a vida.
“Beber isso quente não é tão ruim quanto imaginei”, eu disse.
Continuamos conversando, nos conhecendo melhor. Aprendi tudo
sobre Summer e sobre seu trabalho. Sobre como ela tinha conhecido os
outros dois e finalmente saído com Aiden. Era interessante ouvir o lado dela
da história depois de ter ouvido a versão deles muitas vezes. Para ex-
namorados, eles falavam muito bem um do outro.
“Então, o que te fez querer tentar essa proposta maluca?”, ela
perguntou de repente. “Quer dizer, eu entendo o porquê de Aiden e Ryker
quererem isso. Mas você…”
“Eu?”
Ela deu de ombros e deu mais um gole na garrafa antes de continuar.
“Bem, você estava no acordo desde sempre?”
Eu dei uma risada. “A primeira vez que eles me falaram sobre a ideia,
eu achei que eles estavam totalmente malucos ou bêbados. Mas como você
sabe, Aiden é bastante persuasivo.”
Summer arregalou os olhos, brincando. “Eu jamais saberia.”
“Obviamente, a logística funciona. É tudo prático e lógico. Por
exemplo, consigo estar aqui com você hoje enquanto eles precisam
trabalhar. Aproveitando o paraíso…”, apontei para o nosso entorno, “E
quando eu preciso trabalhar, eles fazem a parte deles.”
O vento da colina a arrebatou, espalhando seu cabelo pelos seus lábios
lindos. Estiquei a mão e o afastei de seu rosto.
“Foi isso que aconteceu com a sua noiva?”, Summer perguntou com
cuidado. “Você não tinha tempo?”
“Bom, sim”, admiti. “Também não deu certo porque ela era totalmente
doida. Os caras te contaram que ela jogou um sapato de salto no meu
rosto?”
“Eles disseram que foi um salto quinze”, ela riu.
“Foi duro, de qualquer jeito”, continuei. “E foram muitas vezes,
infelizmente. Não os sapatos na cara, mas as brigas… Enfim, continuando,
eu pensei ‘por que não tentar?’ Eu não achava que encontraríamos uma
mulher que toparia. Achei que não havia ninguém que quisesse a mesma
coisa que nós.”
Peguei a garrafa de volta, deixando as mãos sobre as dela por alguns
minutos. Sua pele era macia e suave, seu toque era quente.
“E então Aiden mencionou você”, continuei, “e me mostrou fotos.
Fotos nas quais você estava muito gostosa.”
Sua expressão mudou e seus olhos se afunilaram ceticamente. Tive que
rir.
“Não, não esse tipo de foto”, eu disse rapidamente. “Eram muito
apropriadas.”
Summer suspirou aliviada. “Eu já ia dizer…”
“Eles me disseram que você era forte, esperta, inteligente. Eu já sabia
que você era linda. Além do mais, eu adoro italianas.”
No horizonte distante, um banco de nuvens tinha se formado. Eu já as
tinha observado por alguns minutos, tentando encontrar formatos diferentes.
“Desde que Corey saiu, as coisas ficaram muito difíceis”, eu disse.
“Relacionamentos são complicados para nós, especialmente—”
“Espera aí”, Summer interrompeu.
A garrafa estava vazia. Sua mão estava sobre a minha delicadamente.
“Quem é Corey?”
Eu a tinha encarado o dia todo, pensando que havia muitas coisas
sobre ela que eu não sabia. Acho que ela pensava o mesmo.
“Corey foi um dos fundadores”, expliquei. “Ele me trouxe pro
negócio.”
“E o que houve com ele?”
Franzi o cenho. “Aiden nunca te contou? Achei que você o tivesse
conhecido.”
Summer chacoalhou a cabeça. “Ele deve ter surgido depois que eu e
Aiden terminamos.”
Pensei nos meus primeiros dias na empresa e como as coisas eram
diferentes. E no quão melhor as coisas estavam depois que Corey não fazia
mais parte dela.
“Corey era parecido com Aiden”, contei a ela, “Forte e persuasivo. Um
desses caras que é bom em tudo. E motivado. Talvez até demais. Além de
teimoso, porque queria passar a carroça na frente dos bois.”
Me virei e olhei para o mar. As nuvens estavam ainda distantes, porém
se aproximavam, ficando mais escuras. Parecia que elas estavam
penduradas, quase tocando a superfície do mar.
“Ele queria levar a empresa pra direções diferentes”, eu disse.
“Lugares que Aiden não estava pronto para ir. Ele também via o negócio
como seu, apesar de ambos terem-no fundado juntos.”
“E então eles se separaram?”, ela perguntou.
“Sim e não”, respondi. “Corey foi embora, fugido, na calada da noite.
Ele entrou em contato com todos os clientes pelas nossas costas e disse a
eles que a empresa tinha mudado de nome e que Aiden não era mais sócio.”
Os lábios de Summer se curvaram de raiva. “Escroto.”
“Sim, totalmente. Mas o tiro saiu pela culatra e ele só ficou com vinte
por cento do negócio. A maioria dos clientes conheciam Aiden desde o
início e ficaram conosco. Lenda Viva já tinha reputação, e tudo ficou mais
sólido comigo e Ryker.”
“E vocês o encontraram?”, ela perguntou. “Antes de embarcarem no
jato?”
Assenti. “Corey estava no aeroporto, tentando convencer nosso cliente
a assinar um contrato com ele, não conosco. Claro que não funcionou.
Aiden estava furioso e queria ir dar uma lição nele. Ao invés disso, sugeri
que o convidássemos pra uma cerveja. Tentar solucionar tudo antes de virar
uma bola de neve.”
“Então você é o cabeça fria do grupo”, Summer sorriu. “Ou pelo
menos mais tranquilo do que Aiden ou Ryker.”
“Alguém tem que ser.”
“E foi por isso que vocês se atrasaram? Porque foram tomar uma
cerveja com Corey?”
“No lugar da cerveja, eles tiveram uma briga”, dei de ombros. “Enfim,
isso é passado. Ele tem seu próprio negócio agora, está fazendo do jeito que
sempre quis.”
“Sempre quis”, ela pontuou, “tipo roubar seus clientes.”
Apertei sua mão e a coloquei de volta no meu colo.
“Não vai acontecer.”
Nossos lábios se aproximaram, nossos corpos derreteram juntos ali
naquela clareira. Talvez eu estivesse errado, talvez aquilo fosse uma boa
cama.
ZZZZZT!
Meu telefone vibrou entre nós, como um choque elétrico, assim que
nossos lábios se tocaram. Summer pegou o dispositivo do meu bolso da
frente e o depositou na minha mão.
“Quem é o idiota que está nos interrompendo logo agora?”, ela riu,
passando a mão pelo meu cabelo.
Olhei para a tela e congelei. Merda.
“É o piloto.”
Capítulo 23

SUMMER

“Bem ali!”, Marcello gritou para o capitão, acima do barulho do vento


e da chuva. “Aquele ali no final!”
As últimas horas tinham sido um turbilhão de caos. Um borrão de
movimento constante enquanto corríamos pela literal tempestade que havia
surgido aparentemente do nada.
O caminho de volta pela trilha tinha sido um borrão que nos jogou de
volta na praia, onde a visibilidade estava só um pouco melhor. Já era noite
quando a chuva desabou. Um raio cortava o céu a cada segundo, e era a
minha vez de apertar a mão de Marcello da mesma forma que ele havia
feito dentro do helicóptero.
Alcançamos o heliporto sabendo que não poderíamos decolar tão cedo.
Na verdade, o tempo ia ficar daquele jeito a noite toda. Iria chover até o
nascer do sol.
“Podemos ficar aqui”, Marcello deu de ombros. “Procurar um hotel.”
Estava tudo bem por mim. Na verdade, era até meio romântico. Mas
não havia nenhum hotel por perto naquele momento. As pequenas pousadas
da área rural de Tahaa já estavam lotadas e, depois de procurarmos por duas
horas, estávamos de volta ao helicóptero.
“Vou dormir ali”, o piloto ofereceu, acenando para a aeronave
enquanto nos espremíamos na marquise super estreita do heliporto. O
barulho da chuva batia tão forte no telhado que eu mal conseguia ouvi-lo.
“Vocês podem dormir no banco de trás, é claro.”
Foi quando vimos um homem preparando seu barco de pesca na doca
mais próxima, rumando para o oeste, na direção que precisávamos ir.
“Sabe nadar?”, Marcello espremeu o olho na minha direção,
protegendo a visão das gotas de chuva. Brincando, mas não muito.
“Competi até o ensino médio”, respondi.
“Vai servir.”
Ele correu para o barco sem mais nenhuma palavra, e conversou com o
capitão. Um minuto depois, ele acenou para mim. O homem nos entregou
coletes salva vidas e logo estávamos na água, encarando a tempestade
dentro do barco.
Isso é loucura!
Não mais loucura do que eu estava fazendo, me dei conta. Só que
aquilo era uma loucura que colocava nossa vida em risco. Entretanto,
Marcello me fazia me sentir segura. Mesmo que eu o conhecesse por tão
pouco tempo, ele não deixaria nada acontecer comigo.
O capitão era um homem de sorriso gentil que parecia jovem demais
para ter a experiência necessária para o momento. Ainda assim, algo me
dizia que tempestades como aquela não eram exatamente incomuns para os
pescadores da região.
“Você tem certeza de que vamos ficar bem?”, perguntei a ele.
“Estou indo pra casa”, ele sorriu. “Ilha principal. Preciso dormir e
pegar novos ganchos e iscas”, ele deu de ombros. “Você pode ir comigo ou
ficar. Eu vou de qualquer jeito.”
Nos sentamos e nos seguramos firme enquanto o homem navegava
pela tempestade. Ele usava a corrente a seu favor. Manteve o manche
perpendicular às ondas, enquanto nos acostumávamos com as subidas e
descidas do barco. Com o tempo, as luzes de Piti Aau e Motu Ome
piscaram no horizonte. Os olhos interessados de Marcello ajudaram o
homem a conduzir o barco pelo canal de Lagoonarium e o guiaram
sutilmente na direção norte, para podermos descer.
“Mâuruuru!”, gritou Marcello, agradecendo em taitiano. Ele deu um
tapinha nas costas do homem e me ajudou a descer mas não sem antes
colocar dinheiro no bolso do capitão. Ele tentou não aceitar, mas Marcello
insistiu. Eu o abracei antes de ser içada por Marcello para o nosso familiar
deque.
“Se cuida!”, eu disse a ele, acenando para a tempestade. O homem
acenou de volta e por um momento eu pude ver seu sorrisão, quando um
raio caiu e iluminou seu rosto jovial e feliz.
“Vamos!”, Marcello gritou, me puxando pela mão. “Esse último caiu
muito perto!”
Caminhamos pela nossa área compartilhada, onde ficavam as redes, o
aquecedor e o resto todo. Metade dos móveis tinha sido varrida pelo vento,
que chicoteava a porta do bangalô de Marcello. Finalmente a abrimos e
corremos para dentro.
A casa de Marcello era igualzinha à de Ryker, do outro lado do
bangalô principal. Essas duas estruturas estavam escuras do lado de dentro,
enquanto a nossa se iluminava por um calor brilhante, à medida que
Marcello, ainda ensopado, acendia velas espalhadas estrategicamente pelo
quarto.
“É melhor tirar essas roupas”, ele piscou, tirando a camisa.
Parei por um momento, hipnotizada pela visão da sua pele magnifica e
bronzeada. Os músculos das suas costas se flexionavam maravilhosamente
enquanto ele levantava a camisa, tirando-a pela cabeça, deixando-a cair no
chão perto da entrada principal.
Olhando para a bolsa que ele tinha carregado com as nossas compras,
observei que obviamente tudo estava ensopado.
“Não tenho nada pra vestir.”
Marcello riu, desamarrando o cadarço do seu short. “E?”
Ele tinha razão. Sorri de volta para ele e tirei minha própria blusa,
aproveitando o calor que se espalhava pelo meu corpo quando minha pele
molhada se expunha ao conforto da cabine. Meu sangue fervia, meu corpo
estava cheio de adrenalina, fruto da nossa aventura alucinante.
Deus, isso é perfeito.
A cabine estava quente. Iluminada pelas velas e superconfortável. Tirei
a parte de baixo a tempo de Marcello voltar do banheiro carregando duas
toalhas. Ele jogou uma na minha direção.
Foi loucura, não foi?”
“Sim”, eu ri. “Um pouco.”
“Deveríamos ter dormido no helicóptero.”
Secamos nossos corpos nus juntos. Na luz fraca, eu via os cortes e
vincos dos seus ombros largos e braços musculosos. Seu abdominal perfeito
e comprimido se enrolou quando ele jogou sua toalha, e eu pude encarar sua
grossura inchada pendurada no meio das suas pernas.
Merda…
“Não”, respondi, finalmente. Fechando minha mão em volta da sua
masculinidade, beijei seu peito antes de o empurrar gentilmente na direção
do quarto.
“Prometo que vai ser muito melhor do que o helicóptero.”
Capítulo 24

SUMMER

Fazer amor com Marcello foi frenético e apaixonado. Intenso e rápido


e satisfatoriamente profundo. O calor da nossa paixão afastou o que restava
de frio dos nossos corpos ensopados pela chuva.
Mas algumas partes foram linda e dolorosamente lentas.
Antes de mais nada, ele sabia beijar. Não só aquele tipo de beijo que
excita e incomoda, mas do tipo tão ardente, tão elétrico, que nocauteia.
Ele me penetrou cada vez mais, abrindo minhas coxas. Cavando meu
corpo da forma mais deliciosa de todas enquanto nossos lábios rolavam
suavemente e nossas línguas duelavam calorosamente.
Fiquei soterrada por ele em um transe sem fôlego. Minha cabeça
girava com a intensidade da nossa conexão emocional e física. Parecia tão
natural, como se tivéssemos feito aquilo a vida toda. Confortável, quente,
seguro, mas ao mesmo tempo cheio de arrepios e com a empolgação de
algo novo em folha.
O temporal continuava do lado de fora, agitando nosso pequeno
bangalô como se tivesse bravo. Os rodopios selvagens da chuva ao nosso
redor faziam tudo muito mais intenso enquanto meu amante me virava de
barriga para baixo e me estocava estilo cachorrinho.
Jesus Cristo…
Aquilo era muito bom! Cada estocada, cada movimento, cada toque
das suas mãos enormes e fortes me causavam arrepios no corpo todo.
Marcello me virava como uma panqueca na cama, variando posições e
ajustando meus quadris para atingir a penetração máxima.
Me agarrei nos travesseiros, gemendo no colchão enquanto ele me
penetrava como um pistão, cada vez mais. Tudo ia tão rápido que me fazia
gritar loucamente pela noite afora. Mas entre o vento uivante e os trovões
da tempestade, meus berros ficavam abafados, e era como se eu não
estivesse fazendo nada. Ou dizendo nada.
E uau. Eu estava fazendo e dizendo muitas coisas. Principalmente
quando enfiei minha cabeça entre os braços, empurrando minha bunda da
direção dele, gritando para que ele me fodesse com mais força, até suas
mãos se fecharem em volta das minhas nádegas com tanta intensidade que
elas quase explodiram como balões de ar.
Ai!
Até a dor era boa, especialmente por causa da intensidade do meu
prazer. Falei mais algumas baixarias enquanto empurrava minha bunda
contra Marcello, aproveitando o controle temporário e fodendo-o com a
intensidade e no ângulo que eu queria. Cada vez que ele ia fundo, eu rolava
meus quadris, fazendo com que a minha boceta engolisse seu pau por trás
da minha bunda redonda e apertada. Gozei com muita intensidade,
apertando os olhos bem fechados. As pontas dos meus dedos quase fizeram
buracos no travesseiro e meu orgasmo tremeu as paredes do seu bangalô.
Terminei por cima dele, escalando seu pau enorme e grosso.
Enlouqueci quando afundei na sua virilha, revirando os olhos e proferindo
coisas inteligíveis enquanto ele me estocava profundamente.
Nossos olhos se encontraram, e ambos sorrimos. Nossas duas mãos
estavam entrelaçadas para dar suporte enquanto eu cavalgava para os
espasmos finais do meu clímax com seu pau enterrado profunda e
doloridamente na minha boceta.
Ele gozou pelo corpo todo, e a cama tremia como se fosse um
terremoto. Fechei os olhos com força, suas mãos me agarravam
intensamente enquanto ele explodia dentro de mim. A cada pulsão eu
cavalgava seu corpo, ainda segurando suas mãos, o encarando diretamente.
Usei cada músculo da minha feminilidade para espremer até a última gota
do seu leite.
Então, nos beijamos, barrigas encostadas, seu pau ainda dentro de
mim. Me esparramei pelo seu peito amplo e ele me olhou, murmurando
palavras por cima do meu ombro.
Murmurando palavras por cima do meu ombro?
Me virei, meio grogue, e lá estava Aiden, parado atrás de nós. Ele
estava inclinado pelo portal do quarto, sem camisa, se acariciando
distraidamente por cima da cueca boxer vermelha por sabe Deus quanto
tempo.
“Acabei de chegar e o dia foi longo”, ele explicou. “Você se importa se
eu—”
“Tirar uma casquinha?”, completei, rindo.
Me movimentei para cima devagar, deslizando pelo pau meio
amolecido e brilhante de Marcello. Fiquei tentando imaginar a cena. Me
movendo vagarosamente, apontei minha bunda para Aiden, dando uma
reboladinha, solicitando sua presença ali no pé da cama.
Nós preferimos que você namore os três. O tempo todo.
As palavras de Aiden ecoaram na minha cabeça, me relembrando do
acordo que fizemos. Nosso acordo lindo, maravilhoso, totalmente
impecável.
“Fique à vontade, pequeno”, dei uma risada para o meu ex-namorado,
que se livrou da cueca boxer num piscar de olhos.
Capítulo 25

SUMMER

O dia amanheceu brilhante, claro e lindo, sem nenhum rastro de


tempestade. Acordei enrolada nos braços de Marcello, encarando o céu sem
nuvens. Eu tinha dormido feito um bebê. Um bebê entorpecido por chá de
camomila.
Mas meu corpo ainda estava prazerosamente dolorido.
Me aninhar no corpo quente de Marcello me fez pensar na noite
anterior: Aiden tinha se enfiado em mim por trás, me fodendo
profundamente e devagar enquanto eu me recuperava do orgasmo que outro
homem tinha acabado de causar.
O que era para ser estranho não era mais. Estava ficando normal. Você
tem três namorados. Minha mente me lembrou rapidamente. Três vezes
mais atenção, mas três vezes mais responsabilidades.
Sim, por favor!
Gemi de prazer, me entregando totalmente para meu ex enquanto ainda
descansava nos braços de Marcello. Estoquei minha boceta toda gozada
contra o pau de Aiden enquanto meu amante italiano continuava me
beijando devagar, sensualmente.
Aiden não durou muito. Não sei se foi o cansaço ou a excitação de me
ver sendo fodida por seu amigo. Fosse pelo motivo que fosse, ele se
esvaziou todo em mim, flexionando os dedos e deixando sair um sibilo por
entre os dentes cerrados. Quando ele terminou, saiu do bangalô e me deixou
ali, cheia de sêmen quente provenientes de dois homens, pronta para
adormecer nos braços de Marcello.
Acordei e estava disposta, revigorada e—
“Café?”
Ryker estava parado no corredor, nem um pouco preocupado com a
minha nudez ou a de Marcello. Ele segurava duas canecas fumegantes, uma
em cada mão.
“Sim, por favor.”
O mais alto dos meus namorados sorriu. “Vamos para o meu bangalô”,
ele disse, me ajudando a me erguer. “Tenho algo pra te mostrar.”
Seus olhos permaneceram no meu corpo enquanto caminhei nua pelo
quarto sem nenhum constrangimento. Minhas roupas da noite anterior ainda
estavam ensopadas. Deslizei, passando por ele — troquei um beijo por uma
das canecas — e caminhando com a intenção de ir até o bangalô principal
para me vestir.
“Me dê cinco minutos”, respondi.
Ele desapareceu e assim que me vesti, voltei para perto da cama para
beijar Marcello. Ele resmungou um pouco mas não acordou.
“Obrigada por abalar meu mundo”, sussurrei em seu ouvido.
O deque era o caminho mais curto entre os dois bangalôs laterais e eu
o cruzei enquanto tomava meu delicioso café. A sensação do sol batendo no
meu corpo era boa, o calor do deque aquecia meus pés descalços. Olhei
para o cais que tínhamos escalado precariamente para sair do barco na noite
anterior e não parecia que uma tempestade tinha desabado de jeito nenhum.
“Tudo bem”, eu disse, me preparando para o que quer que fosse.
“Vamos ver o que—”
Parei quando as mãos de Ryker alcançaram meus ombros. Ele me
puxou para uma cadeira e me virou, até eu ficar de frente para a tela de um
laptop.
Instantaneamente eu reconheci minha logo em um site.
“O que é isso?”
“Seu novo site”, anunciou Ryker orgulhosamente. “Você precisava de
um. Desesperadamente.”
“Mas nós já temos um”, protestei.
“Sim, um horroroso.”
Antes que eu pudesse continuar meus protestos, Ryker se inclinou e
colocou a mão sobre a minha. Ele me guiou pela página usando o mouse,
clicando rápida e eficientemente, me mostrando o melhor do portfólio da
minha empresa, além de coisas como nossos valores, missão, informações
de contato, uma página para dúvidas e solicitações de orçamentos e outras
muitas coisas.
“Meu Deus…”
Assumi o mouse sozinha, clicando pelo espaço, lendo parágrafos e
mais parágrafos sobre minha empresa, tão detalhados que eu não sabia
como ele tinha conseguido.
“O site original não é dos piores”, Ryker explicou, “mas muito básico.
Sem mecanismos de busca ou palavras-chave importantes para os clientes
acharem vocês. As importantes não estavam nos seus textos e as poucas que
estavam não tinham relevância o suficiente.”
Olhei para o endereço do site, e era o mesmo de sempre.
“Como isso está—”
“Funcionando assim tão bem?”
“Sim.”
“Liguei para Aisling e ela me deu a senha de acesso. Fomos analisando
tudo juntos e ela escreveu os textos, passamos três ou quatro horas no
telefone ontem.
Eu tentei engolir, mas minha boca estava seca demais. “A—Aisling?”
“Sim.”
“Ela fez isso?”
“Bom, tecnicamente, fui eu”, Ryker admitiu. Mas ela foi parte integral
na escolha de todo o design. Ela é muito competente, falando nisso. E se eu
desconsiderar sua boca suja, ela parece boa pessoa.
Ele estava rindo e, de alguma forma, aquilo me fez sentir uma pontada
de ciúme. Mas o site estava fantástico! Mais brilhante e arrojado que o
original, e muito mais moderno. Parecia espantosamente profissional, muito
mais do que o outro.
“Ela também disse é melhor aquela vaca me ligar assim que puder”,
Ryker completou. “E completou dizendo que recebeu todas as fotos de
praia, barcos e palmeiras que você mandou. Além disso, me pediu pra
mandar você ir se foder.”
“Sim”, eu gargalhei, ainda embasbacada. “Essa é a Aisling que eu
conheço!”
Ryker dobrou os braços, satisfeito, e completou: “De qualquer
maneira, aqui está.”
Parei de navegar pelo site para olhar para ele com a mais pura
admiração. Quando falei, estava quase sem fôlego.
“Eu não sabia que você podia fazer isso tudo!”
“Bom, nem eu, até começar o primeiro curso de programação na
faculdade. Depois fiz aulas de html, php, Java… e não sei como, eu mandei
muito bem. Quanto mais longe fui, mais entendi que nasci pra isso”, ele deu
de ombros. “Comecei fazendo matérias eletivas só pra eliminar os créditos
e acabei me tornando um nerd dos computadores.”
Ele tomou um gole do seu café, flexionando seu enorme braço tatuado
no processo. Perdido no movimento, pensei que talvez Ryker fosse muitas
coisas, mas nerd não estava na lista.
Aiden tinha me contado das mudanças pelas quais seu melhor amigo
tinha passado, mas eu não as tinha visto até aquele momento. Para mim, ele
era um cara dos trabalhos braçais. Ele tinha trabalhado na construção civil
com seu pai desde sempre. Antes mesmo de Aiden e eu começarmos a
namorar.
Mas agora…
Seu pai tinha morrido, assolado pela mesma doença que havia levado o
meu. E assim como eu, Ryker seguiu seu próprio caminho depois do luto.
Ele se certificou de que seus irmãos continuariam o negócio da família e
seguiu sua vida.
“Pensei que você tinha trabalhado até tarde ontem”, eu disse.
“Sim, trabalhei. Mas, depois de um tempo, eu precisava de uma pausa
e seu site foi uma boa distração”, Ryker replicou.
Pensei no meu próprio pai, que tinha morrido quando eu ainda estava
no Ensino Médio. A perda repentina me deixou devastada e desnorteada.
Duvidando do que faria na sequência.
Entretanto, antes da sua partida, ele tinha me deixado dinheiro o
suficiente para ir para a faculdade. Um último presente para sua filha,
depois dos muitos outros da vida inteira.
Aquela parte me deixou ainda mais inconsolável.
Mesmo assim, fiquei indecisa. Eu tinha passado por tantos cursos, me
perguntando se estava torrando o dinheiro do meu pai em vão. Consegui
terminar Administração, embora não quisesse trabalhar na área. Eu gostava
de arte e criatividade. Desenhar, inventar, conceber projetos para amigos e
clientes.
Foi Aiden quem me trouxe para a era moderna quando me deu minha
primeira mesa digitalizadora. Não demorou muito até eu conseguir
encontrar trabalhos como freelancer na Internet. Criei logos e ilustrações
para livros infantis, usando meus ganhos para melhorar meu equipamento
de trabalho e os programas.
Minha empresa — assim como a de Aiden — foi fundada depois do
nosso término, mas as origens ainda estavam ali. As fundações sólidas de
quem eu era e do que gostava.
“Não acredito que você fez isso tudo pra mim”, eu disse, chacoalhando
a cabeça devagar. Ryker apenas riu.
“Sério, pequena, de verdade? Você é minha garota agora, lembra?”, ele
sorriu e se inclinou, me confidenciando. “Mas o site era tão ruim que eu
faria isso de qualquer jeito.”
Eu girei a cadeira para olhar de volta para o site. Estava realmente
fantástico. Tinha um design minimalista e clássico, e se o que ele tinha dito
sobre a otimização era verdade…
“Eu amei”, exclamei, me virando para Ryker de novo. “Eu… eu nem
sei como agradecer.”
Ryker deu uma piscadela, saindo do quarto com sua caneca nas mãos.
“Não se preocupe”, ele disse, “vamos pensar numa forma de pagamento.”
Capítulo 26

SUMMER

“Então”, falei hesitante ao telefone, “ouvi dizer que você recebeu


minhas fotos?”
“Sim, e vá se foder”, Aisling xingou. “Sério, Summer, vá se foder.”
Meu rosto se contorceu em um sorriso selvagem enquanto esperei
alguns segundos antes de cair na risada, e minha amiga se juntou a mim.
“Cuzona!”
Era muito bom ouvir a voz dela de novo, mesmo que fosse pelo
telefone.
“Você está trabalhando daí?”, Aisling perguntou.
“Não”, admiti. “Nadinha.”
“Bom, você está sim. Porque o menino Ryker certamente nos colocou
de volta na jogada”, ela pausou, dramaticamente. “Diz que você viu o site,
por favor.”
“Claro que vi.”
“Já temos mais clientes e o site ainda nem está todo atualizado”,
Aisling me disse empolgada. “Recebi tantos pedidos de orçamento que
comecei a subir o preço e mesmo assim alguns deles já assinaram conosco.”
Me inclinei para a frente na cadeira. “Sério?”
“Porra, Summer, se você visse o quanto estou cobrando…”
Deixei minha sócia falar por um momento, detalhando todos os novos
projetos fantásticos que ela não conseguiria dar conta sozinha. Ela tinha até
recusado alguns temporariamente. Me dei conta de que iria poder trabalhar
em breve, já que os rapazes iriam estar ocupados pelos próximos dias.
“Alguns desses contratos”, Aisling estava dizendo, “podem mesmo
nos impulsionar. Eu sinto que estou quase roubando essas pessoas.”
“Não está”, discordei. “Nosso trabalho é maravilhoso e sempre foi. Eu
não me importo de receber o que mereço.”
“Nem eu”, Aisling concordou. “Sempre achei que cobramos muito
pouco, ganhando mais na quantidade, mas agora não mais.”
“Sério?”, perguntei. “Por que você não falou antes?”
“Porque era o que pagava as contas”, ela respondeu de forma prática.
“Os clientes estavam felizes com o preço e o produto. Era o suficiente para
mim.”
Pensei na época que tínhamos começado a trabalhar como freelancers.
Primeiro, era relaxante e divertido, podíamos escolher os trabalhos que nos
pagavam decentemente como ganho extra. Mas eu ainda tinha um outro
trabalho. Assim que saí do emprego, as coisas ficaram mais complicadas.
Trabalhar como autônoma tem suas vantagens. Horário flexível, sem
nenhum chefe para perturbar, o senso de orgulho e conquista é todo seu,
sem contar que o salário também é integral.
Mas as desvantagens ninguém vê. A inconsistência de não ter um
salário estável e mensal, ter que provar os ganhos, permanecer motivada —
isso é muito difícil, acredite. Tudo isso, mais o stress de ter que lidar com
pagamentos atrasados ou com a falta deles. Clientes que queriam revisões
constantes dos projetos sem querer pagar por elas…
Convidei Aisling para começar uma empresa. Eu queria dividir o
pequeno sucesso que eu estava fazendo com os clientes, além do fardo. Eu a
conheci na loja que trabalhava antes de me demitir, então não corríamos o
risco de estragar a amizade por causa de trabalho.
Nem me preocupei com isso. Aisling era empreendedora, criativa e
muito competente. Resumindo: ela era fodona.
“E como vai seu De Férias com o Ex?”, ela riu. Demorei para
responder e ela completou, “ou está mais pra No Limite?”
“Bom… estamos trabalhando nisso.”
“Hmm”, minha sócia continuou. “Parece que você não está me
contando tudo. Aposto que vocês dois estão trepando feito dois coelhos.”
Não sabe de nada, pensei.
“Bom, eu estaria, se fosse você”, ela continuou. “Um lugar desses me
deixaria com tanto tesão que eu treparia até no coqueiro. Ou com o
coqueiro.”
“Aisling!”
Ela gargalhou. “Deve ser alguma coisa no ar. Ou o sal do mar. As fotos
que você me mandou são absolutamente maravilhosas. Falando nisso…”,
minha sócia continuou. Eu ouvi alguns cliques do mouse do outro lado da
linha. “Qual desses três é o menino Ryker?”
Silêncio ensurdecedor.
“É o alto? Da direita?”
“De… que foto você está falan—”
“Essa dos três gostosões e você, piranha sortuda”, rosnou Aisling. “Os
caras que trabalham com Aiden.”
Outro silêncio, ainda mais estranho.
“Hmm… os três são altos, eu acho”, eu disse, e soou estúpido. “Então
—”
“Não, é definitivamente ele”, Aisling interpôs. “Ele é
maravilhosamente espetacular, Summer. Totalmente meu tipo.”
Totalmente seu tipo? Meu estômago revirou. Sem chance. Ele não.
Nenhum deles.
“Como ele é?”, Aisling perguntou. “Ele está solteiro?”
“Sim”, eu disse, sem pensar muito. “Quer dizer, não. É… bom…”
“Não me diga que é complicado”, Aisling declarou. “Não quero ouvir
isso. A menos que ele tenha uma namorada, espero que você nos apresente
assim que voltarem.”
O ciúme tomou conta de mim. Socou a minha cara.
“Na verdade, você poderia ter me apresentado a ele antes”, minha
sócia disse, fingindo estar brava. “Assim eu poderia estar em Bora Bora
também."
Limpei a garganta e voltei para a realidade. “Pensei que alguém tinha
que ficar e trabalhar?”
Aisling aspirou. “Bem, é difícil pensar em trabalho vendo essas suas
fotos”, ela declarou. Ouvi mais alguns cliques do mouse. “Puta que pariu.”
Capítulo 27

SUMMER

O Restaurante Sunset era uma joia rara feita de âmbar no meio dos
tons de azul e verde do mar turquesa. Um lugar confortável com cadeiras
revestidas de almofadas macias e um pé direito alto e aberto na direção do
vento gentil do oceano.
Naquele momento, eu estava sentada e cheia, sentada alegremente no
meio dos meus três belos amantes. Tínhamos comido o sushi mais fresco do
planeta e bebido nossas cervejas supergeladas. Juntos, assistimos o sol
escorregar pelo horizonte e nos banhar com a luz âmbar que refletia no
candelabro do centro da nossa mesa.
Tinha sido um dia perfeito. Um pouco de trabalho, um pouco de
diversão e muito deleite sob o céu azul do paraíso. Eu tinha tomado café
com Ryker e com o ainda sonolento Marcello, depois saí para uma
caminhada na praia com Aiden. Tínhamos falado sobre tudo menos
trabalho. Decidimos proibir aquele tópico pelo resto do dia.
“Quer saber pra onde vamos?”, ele perguntou enquanto caminhávamos
pela areia perfeita da praia.
“Na verdade, não”, sorri.
“Que seja surpresa”, ele disse, apertando minha mão. “Mas já aviso
que você vai gostar”.
Na ponta mais ao sul da ilha embarcamos em um pequeno barco
amarelo em direção ao Piti Aau. A beleza forte e natural do Lagoonarium se
esticava entre as duas ilhas já era o suficiente para mim, mas ancoramos na
praia e Aiden me ajudou a descer em direção a um lugar que tinha uma
placa simples, com letras azuis: “Centro de Tartarugas de Bora Bora.”
“Ai meu Deus!”, me engasguei.
Conservação e preservação do ambiente sempre tinham sido
importantes para mim. Aos dez anos, me juntei ao time de conservação da
natureza local e me voluntariava para limpar as praias pelo menos duas
vezes por ano. Aiden foi comigo em algum momento. Naquela época ele
era muito cético, mas ele se tornou um entusiasta da causa assim que se deu
conta do quão importante era o trabalho.
O Centro de Tartarugas não era nada menos que maravilhoso.
Caminhamos pelo pequeno museu, aprendendo sobre sua história de luta.
As tartarugas eram resgatadas para serem curadas, limpas e cuidadas. Eles
tratavam da saúde das que precisavam antes de reintegrá-las ao seu habitat
natural. Quando me disseram que eu podia fazer uma doação e nadar com
as tartarugas, enlouqueci! Aiden já tinha cuidado de tudo generosamente e
alguns minutos depois eu tinha submergido ao lado delas. Flutuei, rodei e
mergulhei entre elas, rodeada por todos os tipos de peixes lindíssimos.
Voltamos para o bangalô extasiados, porém cansados. Peguei no sono
nos braços enormes de Aiden. Cochilamos sob o sol, enrolados na rede,
balançando gentilmente ao som dos pássaros que sobrevoavam e o farfalhar
das palmeiras.
Acordei antes do jantar, mais feliz e despreocupada do que eu jamais
estive na vida. Meus outros dois namorados tinham terminado seus
trabalhos. Eles estavam aparentemente tão famintos que ameaçaram nos
derrubar da rede se não fossemos nos arrumar.
Para mim o mais difícil era resistir enquanto Aiden e eu nos
ensaboávamos na ducha quente do banheiro. Seu corpo era tão firme,
musculoso, bonito e bronzeado pelo sol do paraíso que eu queria ficar de
joelhos e servi-lo. Queria pular em seus braços e enrolar minhas pernas em
volta dele, o beijando até ele se enfiar em mim contra a parede e me
penetrar fundo.
“Espere até mais tarde”, ele murmurou, pressionando seu corpo duro
contra mim por trás. Seus braços estavam em volta de mim, suas mãos
segurando meus peitos, quando ele me deu um beijo longo e molhado na
lateral do meu pescoço. “Você vai ter os três”, ele urrou. “Prometo.”
Suas palavras não me ajudaram muito. Fiquei com ainda mais tesão.
Eu podia sentir seu volume aumentando contra minha bunda. Tudo o que eu
precisava fazer era alcançá-lo com minha mão ensaboada e correr meus
dedos pela extensão algumas vezes…
Mas ao invés disso, nos enxaguamos e nos vestimos rapidamente,
antes que os outros desligassem a energia da casa. Minutos depois, eu usava
um vestido de verão lindo e curto. Um dos que eu tinha comprado na feira
com Marcello.
Estávamos tão energizados naquele momento que consideramos um
outro tipo de jantar. Um que envolvia uma hora de sexo a quatro, e os
rapazes me destruindo ali mesmo na sala de estar aconchegante e macia do
bangalô principal. Seria fácil me livrar do meu vestido e afastar minha
calcinha para o lado para recebê-los, um por um, onde quisessem, como
quisessem, na ordem que quisessem.
Mas um outro tipo de fome venceu, finalmente. Marcello e Ryker não
tinham almoçado e estavam prestes a comerem seus próprios dedos. Além
disso, Aiden ressaltou: não fazia sentido me sujar toda logo após eu ter me
limpado.
Então, estávamos ali, relaxando na parte de trás do belo restaurante,
bebendo coquetéis. Estávamos os quatro saciados e felizes esperando a
sobremesa… mas ainda famintos em alguns outros níveis.
“Eu vou primeiro”, Ryker anunciou, mudando de assunto. Suas
palavras me fizeram corar. Havia uma certa dúvida sobre o que ele estaria
se referindo?
“Você não pode ser o primeiro”, Aiden protestou.
“Claro que posso.”
“Não”, Marcello concordou. “Você não pode. Não é assim que
funciona.”
“Por que não?”
“Porque…”, o italiano parou, tentando encontrar uma resposta. “Bom,
porque…”
“Porque vocês não podem simplesmente me convocar assim”, me
intrometi. “Se fosse assim, eu possivelmente passaria os dias nua.”
Aiden riu. “E qual é o problema?”
“Sim”, Ryker concordou. “Devo dizer que não vejo nada de mal
nisso.”
“Então você simplesmente decide a ordem?”, Marcello perguntou
incrédulo. “Ok, eu começo amanhã de manhã.”
“E eu no turno da noite.”
Turnos! Meu estômago se revirou como o primeiro carrinho em uma
montanha-russa. Eles têm turnos agora?
Uma nova discussão começou, causada pela disputa sobre a ordem.
Eles estavam decidindo onde eu deveria dormir. Com quem eu deveria
dormir. Que horário era aceitável me acordar e me levar para outra cama,
uma ideia que me pareceu ao mesmo tempo exaustiva e deliciosa.
No final, eu sabia que eles estavam brincando. Eles podiam fazer o que
quisesses, me tomar onde quisesse, seguindo nosso acordo inicial, em que
eu estaria disponível para todos e cada um, sem nenhuma agenda definida.
Não que a ideia de uma agenda sexual não me causasse arrepios
quentes.
“Ok”, Aiden disse, concluindo. “Podemos pelo menos entrar em um
acordo sobre quem começa hoje?”
Os olhos de Ryker protestaram. “Achei que eu já tinha—”
O garçom voltou para a nossa mesa e interrompeu a conversa sórdida.
Ele nos serviu com uma fatia enorme de bolo gelado com sorvete de
baunilha e quatro colheres.
“Primeiro!”, Ryker gargalhou, agarrando a colher mais próxima e
atacando o prato.
Pelos próximos minutos a única coisa que ouvimos foi o som das
colheres no prato. O bolo tinha virado farelos e o sorvete uma mancha
cremosa no fundo do prato.
Senti uma mão apertar minha coxa debaixo da mesa e não tinha sido a
primeira vez na noite. Do outro lado, outra mão escorregou para dentro da
minha outra coxa.
“Vou te dizer”, disse Aiden, me encarando. “Esse vestido está me
deixando maluco.”
Gargalhei e a gargalhada saiu meio nervosa. Provavelmente porque as
mãos nas minhas coxas estavam se movendo.
“Que bom que gostou.”
“Gostei?”, ele ronronou, levantando uma sobrancelha. “Está me
deixando com tanto tesão que talvez não dê tempo de voltarmos para casa.
Eu acho que vou apenas… você sabe…”
Minha respiração ficou parada quando uma das mãos alcançou o meio
das minhas pernas. Senti um dedo gentil se esfregar no meu montinho. Tão
devagar e delicado, para cima e para baixo sobre o tecido da minha
calcinha.
“Tenho uma ideia”, disse Marcello abruptamente. “Desocupem a
mesa”.
Os outros dois o encararam por um momento, então fizeram o que ele
pediu. Marcello engoliu o resto da sua cerveja, drenou a garrafa e a deitou
no centro da mesa, vazia.
“No caminho para casa, algumas pequenas trilhas cortam as palmeiras,
lembram?”
Ryker acenou. “Mas não tem luz.”
“E daí?”, Marcello deu de ombros. “Ainda dá pra passar por elas, pelo
menos por alguns minutos.”
Meu corpo se arrepiou quando o dedo me pressionou mais
profundamente, com gentileza. Minhas coxas se afastaram sem que eu
pudesse fazer nada.
“Uma única rodada”, disse Marcello, colocando três dedos sobre a
garrafa. “Nada de lamentar e pedir melhor de três.”
Os outros dois acenaram, entendendo o jogo. Eles se redistribuíram na
mesa, ficando a uma distância mais ou menos parecida um do outro.
“E… Q--qual é o prêmio da rodada?”, perguntei, sem ar, já mordendo
o lábio inferior. Marcello só me olhou e piscou.
“O prêmio é te comer no caminho pra casa.”
Capítulo 28

AIDEN

Ryker ganhou o jogo, como sempre. Ele sempre ganhava tudo. Desde
criança, ele era o mais sortudo de todos. Estivesse ele tentando ou não, as
coisas sempre caiam no seu colo.
Bom, essa foi uma das razões pelas quais eu quis começar um negócio
com ele.
“Aqui está bem”, escutei Marcello sussurrar. “Aproveitem.”
Assisti Summer se inclinar para a frente, arqueando suas costas
esbeltas, esticando suas longas pernas enquanto se deitava no trilho da
calçada sombria que tínhamos descoberto.
Ryker deu um passo para a frente e levantou seu vestido. Sua bunda
linda e macia ficou exposta sob a luz da lua enquanto ela movia sua tanga
para o lado.
“Você está pronto?”, ela ronronou, mexendo a bunda.
“Quase.”
Marcello se moveu para bloquear a vista de qualquer um que viesse
pelo lado norte da calçada. Eu fiz o mesmo na outra direção. Entretanto
atenção estava completamente focada em Summer. Ela escorregava para a
frente e para trás, inclinando seus joelhos sutilmente enquanto empunhava o
pau de Ryker com a boceta.
“Caralho…”, ele sibilou, com os maxilares travados de prazer.
Senti uma alfinetada familiar de ciúmes enquanto assistia minha ex-
namorada transando. Vendo seu corpo balançar num ritmo lento para trás no
abdômen do meu melhor amigo, que enfiava seu pau profundamente nas
entranhas da sua boceta delirantemente gostosa.
“Ela está mais molhada que uma floresta tropical”, Ryker sussurrou.
“Você já esteve em uma floresta tropical?”, Marcello o desafiou.
“Não”, Ryker admitiu dando uma risadinha. Ele sorriu de volta para o
amigo com um ar de triunfo no rosto. “Mas agora sim.”
O combinado era simples: tinha que ser rápido. Ryker começaria e nós
continuaríamos a foder Summer pelo resto do caminho para casa.
Assisti seu rosto se contorcer em uma máscara de puro êxtase. Sua
boca ligeiramente aberta, os lábios separados. Seus olhos sem foco, mas
ainda assim encarando a escuridão a frente, no meio daquele bosquezinho
de palmeiras.
Eu já tinha visto aquela cara de prazer tantas vezes antes, mas era
sempre eu quem a estava causando. Summer e eu éramos explosivos, tanto
na cama quanto como casal. Tínhamos as melhores brigas, o melhor sexo
de reconciliação, o melhor de tudo.
Eu realmente tinha sido um idiota por deixá-la ir.
“Venha aqui…”
Summer agarrou minha cabeça inesperadamente e me puxou, me
beijando com tanta intensidade que nossas almas se conectaram. Eu senti
meu coração acelerar e meu pau endurecer.
Caralho…
Os sentimentos malucos que eu tinha desenvolvido por ela de novo era
tão intensos quanto antes de terminarmos. E talvez, pensei, entorpecido,
ainda mais.
“Obrigada por isso”, ela sussurrou me beijando. “Você… não sabe o
que isso significa para mim, Aiden.”
Meu estômago se agitou de excitação, enquanto eu a assistia balançar
para a frente e para a trás. Senti suas mãos delicadas segurarem meu rosto,
embalando-o suavemente enquanto seus olhos se fixavam nos meus.
“Eu não poderia fazer isso sem você”, Summer sussurrou. “Eu não
gostaria de fazer isso sem você…”
Ela me beijou mais, me fazendo endurecer incrivelmente mais. Eu
tinha a urgência de afastar Ryker e penetrá-la. Mas não era por ciúme,
inveja ou algo do gênero. Era só uma luxúria animalesca que me movia,
enquanto eu assistia a minha garota fazendo aquilo que no passado tinha
sido considerado um tabu maluco e indescritível.
Mas não mais…
Eu a beijei com fervor, curtindo seus gemidinhos e sussurros de prazer.
Segurando-a enquanto seu corpo tremia. E atrás dela, Ryker continuava
bombeando, seus dedos estavam flexionados, controlando sua bunda linda e
nua. Uma bunda que não fazia muito tempo que tinha sido só minha.
Isso é atrativo, não é?
Claro, eu tinha que admitir para mim mesmo. O aspecto voyeurista do
nosso quadrângulo amoroso era realmente um bônus. Poder assistir e ver
todo o prazer no rosto da minha parceira. A emoção de assistir seu corpo se
mover, se contorcendo sob o controle de outro homem que não eu.
As pregas do seu vestido balançavam enquanto Summer girava para
trás, suplicando a Ryker que a preenchesse, dando o que ela queria. Ela
estava beijando Marcello naquele momento, com tanta intensidade e calor
que seu rosto ficou vermelho. Eles se beijaram de língua até ela ficar suada
e sem respirar, então voltei para mais perto porque era a minha vez.
Ryker gozou com um engasgo, seu corpo ficou duro contra o dela.
Agarrando o corrimão com as duas mãos, vi os olhos de Summer se
arregalarem. Seus olhos verde-jade encontraram os meus, procurando por
aquela conexão íntima enquanto meu melhor amigo bombeava e pulsava,
espirrando seu leite quente dentro dela.
Eu te amo, ela sussurrou. Aquelas três palavras tinham dito por nós
tantas vezes antes, mas nunca daquele jeito.
“Eu também te amo”, murmurei no seu ouvido.
Marcello deu um assobio curto e baixo — o sinal que combinamos
caso alguém se aproximasse — e os dois se afastaram rapidamente. Ryker
ficou ereto e arrumou a calça. Summer ajeitou a saia do vestido e então
afofou o cabelo como se nada tivesse acontecido.
Mas tudo tinha acontecido. Tudo estava acontecendo. E muito mais
rápido do que tínhamos imaginado.
Um casal passou por nós, acenando educadamente. Acenamos de
volta, fingindo estar olhando a paisagem. Sorrindo amigavelmente como se
compartilhássemos uma piada interna.
“Me levem pra casa”, disse Summer, escorregando as mãos para
segurar a minha e a de Marcello. “E me mostrem exatamente o que vocês
queriam fazer comigo antes do jantar.”
Capítulo 29

SUMMER

Eu mal podia esperar para chegar em casa, me espalhar entre eles,


desavergonhadamente nua, convidando meus belos amantes para usarem
qualquer parte do meu corpo que quisessem.
Summer!
A voz dentro da minha cabeça estava me repreendendo, mas só um
pouco. Eu sabia o que queria. O dano já estava feito, o gênio havia saído da
lâmpada. Considerando tudo o que eu tinha feito nos dias anteriores, não
era surpresa eu querer mais.
O que era surpresa era eu querer isso. Eu ter tido tanta facilidade em
fazer aquilo e me sentir são completa…
Fiquei ainda mais molhada e excitada a cada passo na calçada, com
meus três homens me escoltando. Eu não me importava com a minha
aparência no momento. Eu não me importava que algo que parecia uma
loucura absurda duas semanas atrás fosse agora tão estranhamente natural.
Não. Eu ainda os queria — os três ao mesmo tempo. Eu queria que
eles me jogassem na cama, me dominassem completamente, me fixando
entre seus corpos duros e pulsantes. Eu queria que eles me curvassem e me
usassem, me moldassem aos formatos que eles precisassem para preencher
meu corpo com seu calor, sua dureza, seu…
“Merda…”
Ryker grunhiu a palavra da porta, porque tinha chegado um pouco
antes de nós. Quando chegamos, vimos o que tinha acontecido
imediatamente.
A porta da frente do nosso bangalô estava quebrada.
“Entrem”, disse Aiden com urgência. Infelizmente meus amantes
soltaram minhas mãos. “Confiram tudo.”
Saí do caminho para os rapazes passarem e examinarem o dano. A
porta não estava só quebrada, tinha sido estilhaçada, sobrando só o portal.
Como se alguém a tivesse demolido.
“Que merda é essa?”, ouvi Marcello exclamar.
Entrei enquanto os outros se moviam em direções diferentes. Eles
caminhavam rápida e eficientemente, me deixando ali parada na área
central da sala de estar, que tinha sido revirada completamente.
Caralho.
Fiquei entorpecida olhando ao redor. Tudo estava fora do lugar. Os
sofás estavam tortos, nossa bagagem tinha sido esvaziada pelo chão. Tudo o
que tinha acontecido até aquele momento tinha sido tão incrivelmente
perfeito, divertido e excitante que eu já tinha memórias que durariam para
sempre. Mas o bangalô parecia frio e estranho. Totalmente fora do tom.
No entanto, foi a exclamação repentina de Ryker — vindo de seu
próprio bangalô — que me fez arrepiar.
“MERDA!”
Os outros dois correram na direção dele, mas Ryker os parou na porta.
Seu rosto não era o de alguém furioso, mas sim preocupado.
“Levaram meu laptop.”
Os outros dois ficaram instantaneamente chateados. Me fez pensar no
meu próprio laptop, mas meus olhos se dirigiram para o balcão do nosso
bangalô e ali estava ele, descansando na superfície.
“Mais alguma coisa faltando?”, Aiden perguntou. Marcello, que estava
parado na outra porta, chacoalhou a cabeça.
“Alguma coisa?”, Ryker gritou. “Aquele laptop é tudo pra nós.”
“Eu sei”, Aiden concordou. “Mas precisamos—”
“Precisamos encontrar quem fez isso e estrangulá-lo”, Ryker
interrompeu. “Você sabe quem foi. Você sabe quem fez isso!”
“Principalmente porque não levaram mais nada”, Marcello adicionou.
Aiden estava parado, coçando a barba, seu peito balançava com o
esforço de percorrer os três bangalôs rapidamente. Parecia que ele estava
decidindo alguma coisa, mas não Ryker.
“Calma”, ele disse finalmente. “Precisamos entender—”
“Entender o quê?”, Marcello interrompeu. “Minha carteira ainda está
na minha cama, com dinheiro dentro!”, ele fez uma careta. “Nós sabemos
quem fez isso, Aiden. E sabemos o porquê de ele ter levado o que levou.”
“Quem?”, perguntei, finalmente quebrando o meu silêncio. “De quem
vocês estão falando?”
Os rapazes ficaram quietos, se encarando.
“Quem iria querer seu laptop?”, perguntei, me virando para Ryker.
“Por que não o meu?”, pausei. “Quem invadiria nossa casa e ao invés de
roubar dinheiro… a menos que tenha sido alguém… alguém que…”
O olhar de Marcello encontrou o meu e eu entendi a verdade. Meus
olhos se arregalaram e ele assentiu.
“Ele está aqui?”, perguntei. “Corey? Em Bora Bora?”
Aiden engoliu a seco e se aproximou de Marcello. “Você contou a
ela?”
“Não”, disse Marcello. “Quero dizer, sim. Contei a ela sobre ele. Mas
ela não sabia que ele estava aqui. Merda, nem nós sabíamos que ele estava
aqui até ontem.”
Ryker cuspiu com raiva e começou a se mover em círculos. “Eu vou
matar aquele cara”, ele fervilhava. “Eu vou—”
“Cara, relaxa.”
“Não Aiden. Você pode relaxar. O tanto que quiser, porque eu estou
pronto pra—”
Uma mão segurou o braço de Ryker. Ele tentou se afastar, mas a mão
era muito grande.
“Tranquilo”, disse Marcello, com a voz baixa e profunda. “É
exatamente o que ele quer.”
“Parem!”
Minha voz sobrepôs tudo e todos. Eu queria que eles parassem, e
Aiden também, pelo seu olhar. Ryker estava no meio de uma crise, prestes a
perder o controle.
“Ninguém vai fazer nada pelos próximos cinco minutos”, eu disse
firmemente, me sentando no sofá mais próximo. Apontei para outros
lugares vazios, demandando que eles fizessem o mesmo.
“Pelo menos não até vocês me dizerem exatamente o que está
acontecendo…”
Capítulo 30

SUMMER

“O encontramos ontem”, Marcello explicou, “enquanto você e Aiden


estavam caminhando. Ryker e eu fomos nos encontrar com o cliente novo,
planejar alguns possíveis tweets e nos preparar pra anunciar o lançamento
da sua nova série.”
“E lá estava Corey”, Ryker interrompeu. “Sentado, sorrindo pra nós.
Ele e seus dois funcionários. Esperando feito urubus, prontos pra se meter e
tentar roubar nosso cliente de novo.”
Ele olhou para longe, batendo os pés no chão rapidamente. Coloquei
uma mão no seu joelho para acalmá-lo.
“Então esse cara ainda quer tentar roubar o cliente novo?”, perguntei.
“Acho que sim.”
“Não que ele tenha alguma chance”, disse Aiden. “O contrato já foi
assinado dias atrás.”
“Sem mencionar que nosso cliente está mais feliz do que cachorro de
açougueiro”, Ryker completou. “Foi o que seu agente nos disse.”
Marcello acenou. Eu ainda não estava entendendo.
“Então por que voar até aqui?”, perguntei, “e por que roubar o laptop?”
“A primeira resposta é: qualquer motivo besta”, disse Aiden.
“Orgulho? Estupidez?”, ele deu de ombros “Vingança?”
“Ou tudo isso junto”, acenou Ryker. “Mas a segunda resposta é fácil:
aquele laptop tem todo tipo de informação. Informação crucial. Informação
pessoal. Correspondências entre nossos clientes e nós.”
A expressão de Ryker era de total devastação. Meu coração ficou
pesado.
“Corey pode roubar metade da nossa lista de clientes se for sagaz”,
Ryker continuou, miseravelmente. “E acredite, ele é sagaz.”
Deslizei para perto dele até tocarmos nossos ombros. Quando coloquei
o braço em volta dele em solidariedade, Ryker nem se moveu.
“Uma rápida pesquisa no nosso e-mail vai mostrar a ele quais clientes
ele deveria procurar”, disse Aiden, “Com certeza.”
“Sem mencionar a perda de toda a informação pessoal”, adicionou
Marcello. “Que poderia nos arruinar em um instante.”
“Por quê?”, eu perguntei.
“Porque aquele computador tem os nomes e endereços de pessoas
realmente influentes”, Marcello continuou. “Sem contar alguns podres”, ele
suspirou longa e pesadamente. “Tem toneladas de fotos pessoais também.
Fotos que as pessoas nos confiaram e que não devemos nunca
compartilhar.”
O silêncio na sala foi interrompido pelo vento uivando pela porta
quebrada. Enquanto nos sentávamos ali num pequeno círculo, ele invadiu e
sacudiu a parede oposta.
“A perda do laptop viola todos os acordos de confidencialidade que
assinamos”, disse Ryker. “É tudo pra nossa empresa.”
Meus olhos percorreram a sala, olhando para todos os rapazes, antes
que eu começasse a falar.
“Bom, então temos que recuperá-lo.”
Minhas palavras fizeram com que Ryker ficasse de pé quase
instantaneamente. O segurei pelo pulso e o puxei de volta para o sofá.
“Mas temos que fazer de forma inteligente”, adicionei. “Não vamos
simplesmente correr até ele e exigir que ele nos devolva.”
“Quem disse que vou exigir alguma coisa”, Ryker rosnou com raiva.
“Bom, você não vai conseguir nada usando a força”, expliquei.
“Quer apostar?”
Marcello limpou a garganta alto o suficiente para todos nos virarmos
para ele. “Escutem, ele pode nem estar com o computador agora”, ele
pontuou. “A não ser que ele seja estúpido, ele já o escondeu. E sabemos que
ele não é estúpido.”
Ryker cruzou os braços com raiva. “Então vamos apenas nos sentar
aqui sem fazer nada?”
“Até sabermos o que fazer, sim”, disse Aiden. “Summer tem razão.”
As tatuagens de Ryker dançavam enquanto ele flexionava e esticava os
braços. Ele estava tão raivosamente impotente, eu sentia o calor irradiando
dele.
“Tentem ficar calmos”, eu disse, “permaneçam focados.”
Coloquei a mão nele de novo, e o senti relaxar um pouco.
“Seu computador tem senha?”
“Sim, mas não importa.”
“Por que não?”
“Porque qualquer pessoa com algum conhecimento de tecnologia pode
conseguir acessar”, explicou Marcello. “Você nem precisa ser um gênio da
TI.”
“Talvez”, concordei. “Mas Corey sabe disso?”
Aiden chacoalhou a cabeça do canto do cômodo. “Não, sem chance.
Corey é bom em várias coisas, mas não em computação. Sem chance.”
“Isso é bom”, eu disse. “Nos dá mais tempo.”
“Sim”, cuspiu Ryker, “a não ser que os outros caras com ele possam
—”
Ele ficou de pé de novo, mas sem ódio dessa vez. Seu rosto parecia o
de alguém que teve uma ideia ou revelação.
“Perses!”
“O quê?”
“Perses!” Ryker gritou de novo e estalou os dedos.
As sobrancelhas de Aiden se uniram. “O cara que cortou a cabeça da
Medusa?”, ele perguntou hesitante.
“Não, esse é Perseu”, Marcello explicou. “Ele voou no Pégaso, matou
o Kraken.”
“Essa última parte foi baboseira de Hollywood”, eu interferi. “Tem
várias coisas que não fazem sentido”. Eles me olharam por um longo
momento. “Olha, vocês não são os únicos a fazerem matérias eletivas
inúteis na faculdade.”
“Perses não é um Deus, é um Titã”, disse Ryker. “O Titã da
destruição”, ele começou a esfregar as têmporas, como se estivesse sentindo
dor. “E um programa de computador. Instalei em todas as nossas máquinas,
incluindo meu laptop.”
Os outros olharam, com um toque de esperança. “O que ele faz?”
A expressão de Ryker parecia pior do que nunca.
“Ele permite que eu destrua a máquina remotamente daqui”, ele disse
desanimado. “Apagar a memória completamente.”
“Isso é ótimo!”, continuei. Mas ao ver seus olhares tristes, confirmei.
“Não é?”
“Assim que eu fizer isso…”, Ryker continuou. “Perderemos tudo.”
Capítulo 31

SUMMER

Ryker falou, nós escutamos. Ele teve que repetir algumas vezes para
explicar corretamente, mas finalmente entendemos.
“Então cada vez que um computador é inicializado”, Aiden disse de
novo, “esse Perses é ativado?”
“Sim”, respondeu Ryker.
“E ele rastreia — o que você disse? Um arquivo no lugar remoto?”
Ryker assentiu de novo. Sua cabeça ainda estava entre as mãos.
“E quando ele encontra o arquivo, tudo fica bem?”, eu perguntei.
“Nada acontece?”
“Do jeito que está agora, sim”, disse Ryker. “A não ser que eu altere o
arquivo, o que eu consigo fazer facilmente do meu telefone. Eu posso
desligá-lo. Informar que a máquina foi comprometida.”
Marcello limpou a garganta. “E então da próxima vez que alguém
iniciar a máquina… e o programa detectar que o botão foi desativado…”
Ryker assentiu. “Ele abandona o drive e limpa e elimina tudo o que
está salvo.”
Houve um momento de silêncio enquanto digeríamos as
consequências.
“Tudo?” Aiden perguntou.
“Tudo.”
Aiden dobrou as mãos atrás da cabeça e deixou um longo e profundo
suspiro sair. “Merda, então eu acho que é nosso último recurso”, ele disse
melancolicamente.
“Mas se tivermos que fazer…”, Marcelo adicionou, inutilmente.
Ryker parecia completamente miserável. Como se alguém tivesse dado
um chute no seu estômago.
“Pergunta estúpida”, eu disse abruptamente. “Você consegue rastrear o
laptop?”
“Não é estúpida”, Ryker respondeu, se virando para mim. “E sim, eu
consigo. Mas só quando ele está ligado.”
“Bom, isso não ajuda muito.”
“Um pouco”, disse Marcello. “Sim, no momento que eles ligarem a
máquina, terão acesso a tudo. Mas se estivermos perto o suficiente,
podemos chegar no local a tempo.”
Aiden foi até o frigobar e trouxe quatro garrafas d’água gelada. Eu
queria algo que me entorpecesse, mas não tínhamos mais clima para isso,
pelo menos não naquela noite.
“Precisamos de um plano”, ele disse, nos entregando as águas. “Um
plano que nos leve direto ao laptop, ou então o destruímos.”
Percebi que as últimas palavras mexeram com Ryker. “Na pior das
hipóteses”, seu melhor amigo o lembrou.
Aiden assentiu solenemente. “Só em último caso.”
Elaboramos um plano juntos. Envolvia ligar o programa de rastreio no
celular de Ryker e atualizar a cada minuto. Marcello queria ir até a ilha
central e tentar achar Corey e seus capangas. Aiden quase concordou, mas
não exatamente.
“Vamos esperar por enquanto”, ele disse, “ver se eles vão tentar ligar a
máquina.”
“E se eles ligarem?”, perguntei.
“Vamos lá buscá-la”, ele acenou para Marcello. “Enquanto vocês
esperam aqui.”
“Nada disso.”
Ryker e eu respondemos em uníssono. Aiden revirou os olhos.
“Vocês acham que quatro pessoas é melhor do que duas?”, ele
perguntou. “Só chamaríamos mais atenção. Ficaria mais fácil pra eles nos
notarem primeiro e o plano estaria arruinado.”
“Mas—”
“Sem mais”, Aiden disse com firmeza. “Agora esperamos.”
Acontece que a parte de esperar era realmente um saco. Fomos para
fora, tentar aproveitar o calor e a beleza da noite. Até nadamos um pouco
próximo do nosso deque, em duplas, enquanto os outros dois atualizavam o
programa.
Hora após hora a noite caia. Passamos o tempo conversando, trocando
histórias e compartilhando detalhes de nossas vidas. Aiden, Ryker e eu
tínhamos três anos para colocar em dia. Era interessante ouvir o que
tínhamos feito naquele tempo. Até mesmo as pessoas com quem saímos… e
que não deu certo.
“Então além de sucesso no trabalho, o que mais vocês conquistaram
nos últimos três anos?”, perguntei ao Ryker.
“Morenas”, ele respondeu. “Belas morenas.”
Eu fiz uma careta e joguei uma toalha nele.
“Nenhuma delas era tão linda quanto você, é claro”, ele sorriu. “Mas
—”
“Sim, bom, pra ser sincera, eu estive com uns loiros”, eu disse.
“Viu só?”, Ryker deu uma risadinha. “Ampliamos os horizontes uns
dos outros.”
Sentei-me de volta na cadeira e continuei contando nos dedos. “Vamos
ver, Kyle, Michael, Blake…”
Ryker riu. “Você saiu com um cara chamado Blake?”
“Sim, por quê?”
“Não sei”, ele deu de ombros. “Acho que parece um nome inventado.
Ou falso—”
“Falso? Você está me chamando de mentirosa?”
“Não, não!”, ele respondeu defensivamente. “Estou dizendo que o
único ‘Blake’ que eu conheço não se chama Blake de verdade.”
Ambos nos encaramos, dois segundo depois explodimos em
gargalhadas.
“Ok”, finalmente cedi. “Você pode estar certo.”
Era bom ver Ryker finalmente gargalhando, um pouco relaxado. Ele
tinha ficado tão tenso que pensei que ele fosse ter uma crise. Eu não
conseguia imaginar como me sentiria se alguém roubasse todo o meu
trabalho. Mas do que tudo, eu queria fazer a coisa certa.
“Então me diga… o que meu ex-namorado tem feito?”, perguntei.
“Além de conquistar morenas bonitas.”
“Ex ex-namorado.”
“Isso”, sorri.
“Bem”, Ryker suspirou. “Você sabe que ele é viciado em trabalho.
Você sabe que viajamos pra onde quer que precisemos pra viabilizar a
promoção do site. Mas o Aiden…”
Ryker olhou para o horizonte, encarando o azul do mar. seu rosto ficou
tenso de novo.
“Ele exige muito de si mesmo”, Ryker disse. “O trabalho, os clientes,
nossa conta bancária… nós três somos sócios majoritários, mas ele pega o
trabalho todo pra si. Mesmo quando tudo está fantástico como agora, ele
acha coisas para remoer. Ele está sempre se punindo por algum motivo.”
“Tipo o quê?”
“Bem”, disse Ryker hesitante. “Por muito tempo, você.”
Minhas sobrancelhas se ergueram, “Sério?”
“Summer, você não faz ideia.”
Eu não fazia mesmo. Aiden ficou em silêncio pela maior parte do
tempo desde que terminamos, e eu o admirei à distância. Não fazia ideia de
como ele se sentia.
“Ele sempre se arrependeu de ter deixado você ir”, Ryker continuou.
“Então, quando você entrou em contato com ele, Aiden ficou absolutamente
empolgado. E agora isso”, ele fechou a mão sobre a minha. “Ele está muito
assustado agora, com medo de que isso não funcione. Ele tem medo de
afastar você, te assustar, te sobrecarregar com—”
“Eu não vou me assustar”, eu disse firmemente. “E não estou
sobrecarregada.”
Ryker sorriu e acenou. “Eu sei. Você é forte. Eu disse isso ao Aiden
muitas vezes. Ele sabe também, mas tem medo de acreditar. Você perguntou
o que Aiden fez nos últimos três anos?”
Meu amante tatuado apertou o botão de atualização no seu telefone de
novo. Se esticando nos dois braços, ele suspirou.
“Ele tentou preencher o vazio que você deixou.”
Capítulo 32

SUMMER

“Pequena, acorda…”
Acordei meio grogue, me esticando na cama macia e quente do
bangalô. Aiden estava me abraçando e sorrindo na penumbra.
“O—o quê?”, me sentei na cama. “Aconteceu alguma coisa?”
A mão de Aiden estava no meu braço, me dando segurança. Reparei
que ele estava vestido e com os sapatos nos pés.
“Eles ligaram o computador de Ryker, não ligaram?”
“Sim.”
Coloquei os pés no chão e me levantei imediatamente. Mas antes que
eu pudesse fazer qualquer outra coisa, ele me segurou.
“Vamos pegá-lo de volta, certo? Ou melhor, você vai pegá-lo de
volta!”
“Não”, ele respondeu calmamente. “Ainda não.”
Pisquei algumas vezes, tentando sair do transe do sono. Não conseguia
entender.
“Por que não?”
A voz de Marcello cortou o ar, baixa e profunda. Ele e Ryker tinham
acabado de surgir no portal, totalmente vestidos.
“Porque está em Sidney.”
Minha cabeça girava. Eu não sabia por quanto tempo tinha dormido,
nem me lembrava de ter me deitado.
“Sidney? Austrália?”
Aiden acenou. “Corey e sua equipe devem ter partido logo depois de
roubar o laptop. Encontrei um voo que decolou nove horas atrás. É a única
possibilidade que eles tinham.
Minha garganta doía como se eu tivesse engolido areia. Eu olhei em
volta com a urgência, até alguém me dar água.
“Vou levar Ryker e Marcello pro aeroporto”, disse Aiden. “Eles vão
atrás do laptop.”
Minha testa se enrugou. “Espera, mas e você?”
“Eu tenho que ficar aqui”, ele disse. “Já foi ruim o suficiente eu ter
requisitado o jatinho. Se eu abandonar nosso cliente, vamos perdê-lo. E não
podemos perdê-lo.”
Engoli o líquido gelado, tentando acabar com o conteúdo da garrafa.
Tudo estava acontecendo muito rápido.
“Quero que você vá com eles”, Aiden disse gentilmente.
“Você não quer que eu fique com você?”
Ele chacoalhou a cabeça. “Nada disso. Vou ficar fora o dia todo,
filmando, editando, indo de um lugar pro outro. Eles querem alugar um
hidroavião para irmos para Huahine. Lá tem muitos jardins bonitos.”
“Mas você vai estar sozinho”, protestei.
“Até terminar o trabalho. Então vou pegar um avião e ir encontrar
vocês em Sidney. Mas por enquanto…” ele acenou na direção da porta.
“Você precisa ajudar esses dois. Ser a voz da razão. Assegure-se de que eles
não façam nada estúpido.”
Eu acenei devagar. Mecanicamente. “Ok.”
“Tudo isso é minha culpa”, disse Aiden. “Eu deveria saber que Corey
tentaria algo assim.”
“Não é sua culpa”, Marcello interrompeu. “Não é culpa de ninguém.
Só do idiota do Corey.”
“Sim, mas eu fui estúpido”, Aiden discordou. “Aquele imbecil tem
tentado roubar nossos clientes desde que o tiramos do negócio. E nós
deixamos as coisas por aí? O equipamento de filmagem, os laptops, tudo…
simplesmente saí para jantar e—”
“Pare!”, interrompi. “Eles estão certos. Não é sua culpa.”
Ryker acenou da porta, com os braços cruzados. Seu pé estava inquieto
no chão. Ele parecia ansioso.
“Vou me vestir e arrumar tudo rapidamente”, eu disse. “Me dê cinco
minutos que eu encontro vocês lá fora.”
Os outros homens acenaram, deixando Aiden e eu sozinhos. Coloquei
a garrafa de lado e escorreguei para perto dele até nossos corpos se tocarem.
“Não é sua culpa”, eu disse de novo. “Você tem direito de tirar férias
enquanto trabalha — e você não deveria precisar esconder as coisas só para
ir jantar com sua nova linda namorada”, meus olhos encontraram os dele e
eu sorri. “Que, apenas por acaso, também é sua antiga linda namorada…”
As sobrancelhas de Aiden relaxaram um pouco. Debaixo da sua barba,
seus lábios esboçaram um sorriso, era o suficiente para mim.
“Esse Corey é um ladrão mentiroso”, cuspi. “Ele é o único responsável
por isso tudo, não você.”
Escorreguei os braços em volta dele, puxando-o para perto. Ou melhor,
me puxando para perto dele. Aiden finalmente reagiu com os braços
flexionados enquanto me puxava para perto do seu peito. Senti a tensão
deixar seu corpo, mesmo que só um pouco.
“Agora…”, eu disse, beijando seus lábios suavemente. “Isso é pra te
deixar…”, o beijei novamente. “…interessado e motivado…”, projetei
minha língua para provocá-lo. “… até você chegar em Sidney.”
Nossas bocas se abriram e nossas línguas explodiram em um fogo
apaixonado familiar. O mesmo calor e as mesmas fagulhas do início do
nosso relacionamento anos antes na faculdade.
Fatalmente paramos e eu o deixei ir, mas não sem relutar. As partes de
baixo dos nossos corpos disseram seu último adeus, permanecendo uma
contra a outra como uma promessa silenciosa para o reencontro.
“Vamos recuperar o laptop”, prometi. “Não se preocupe.”
“Isso ou você deleta tudo”, Aiden disse solenemente. “Summer, estou
falando sério. Por favor, não deixe Ryker hesitar, ele vai tentar, e isso pode
fazer com que Corey—”
“Prometo”, eu disse, e eu estava falando sério. “Não vou deixar isso
acontecer.”
O silêncio tomou conta do bangalô vazio enquanto encarávamos
nossas almas. Nossos olhos diziam tudo. Durante todo o nosso
relacionamento foi assim.
Observei ele caminhar até a porta, mas ele parou e se virou.
“Summer?”
“Sim?”
A linguagem corporal de Aiden me disse o que ele queria dizer. Meu
coração cantou de alegria.
“Eu também te amo”, sorri, antes mesmo dele abrir a boca.
Capítulo 33

RYKER

Sidney era uma bela cidade grande. Arranha-céus projetados na água,


rodeando o porto com seus píeres e pontes, tudo isso na luz difusa do
amanhecer.
Me lembrava Manhattan de muitas maneiras, mas em uma escala
menor. Aterrissamos sem nenhum problema e desembarcamos rápido,
pegando um táxi que nos levou para o hotel mais central que pudemos
achar.
E agora… precisávamos esperar.
Meu dedão já estava doendo de tanto apertar atualizar o aplicativo,
mas era um mal necessário. Até então meu laptop tinha sido aberto uma
vez. Provavelmente os cuzões tinham-no iniciado, aberto a tela com a senha
e fechado imediatamente. Mas tudo bem, eu tinha conseguido informações
o suficiente sobre a localização para saber em que cidade eles estavam.
Marcello ficou rodeando o corredor porque não conseguia dormir.
Summer também estava totalmente acordada, no lobby do hotel, procurando
comida para nós. Meu corpo não tinha ideia de que horas eram. Tínhamos
viajado na direção oeste pelas últimas semanas, mas parecia que o tempo
estava parado.
Merda, Corey.
Ainda não acreditava que nosso ex-amigo tinha roubado meu laptop!
Eu não esperava isso dele, sério. Dos três de nós, eu achava que era o que
mais se dava bem com Corey. Aquela parte doía. Parecia quase pessoal o
fato de ele ter roubado algo tão importante para mim. Mas quando me
sentei e examinei a situação, eu sabia que não era. Corey só pegou o que ele
achou que era dele, para começar.
Nossa ruptura tinha sido ruim, mas eu não sabia que tinha sido tão
ruim. Ele havia deixado a empresa de forma amigável, eu estava certo de
que ele tinha outros planos. Eu sabia que Aiden tinha compartilhado alguns
clientes com ele — mais do que eu pessoalmente faria. Mas era o jeito de
Aiden, ele era um cara bom.
Só que Corey tentou ficar com todos assim que viramos as costas.
Aquela parte tinha sido ruim. Ele tinha saído sem nos dar ao menos uma
dica sobre o que estava acontecendo, sem mesmo nos dizer adeus. Ele fez
algum sucesso sozinho desde então, mas quando se tratava de nós — e seus
contatos anteriores — era tudo muito difícil. Tão difícil que ali estávamos
nós.
Tentei ligar para ele, claro. Assim como Aiden e Marcello. Mas uma
coisa nós todos sabíamos: nosso ex-sócio não era alguém que gostava de
conversar.
A única coisa que eu ainda admirava nele era seu senso de honra meio
torto. Corey poderia ter roubado nossas carteiras, nossos passaportes. Ele
poderia ter roubado o equipamento de filmagem de Aiden, que estava lá no
bangalô. Mas ele não fez nada disso. Ele pegou somente uma coisa, que ele
acreditava que pertencia a ele: os clientes que tinham ficado para trás.
“Panquecas com queijo?”
Voltei para a realidade quando Summer voltou. Ela e Marcello estavam
sentados na mesinha da sala, petiscando uma coisa meio gosmenta em um
prato com garfos de plástico.
“Não tire sarro”, ela murmurou de boca cheia. “É bom, na verdade.”
“Tem gosto de pera.”
“É manga.”
Marcello entortou a cabeça e acenou. “Ah, sim.”
Me concentrei em Summer e ela sorriu, virando-se para mim. Aquela
linda loira por quem eu tinha uma queda desde o primeiro dia que a vi. A
namorada do meu amigo que, se eu tivesse conhecido um ou dois dias
antes, seria minha namorada — algo com o qual tive que conviver toda vez
que a via durante os anos que eles estiveram juntos.
Cara, a forma como o universo trabalha é cruel às vezes.
A parte difícil era ver Summer se tornar a namorada perfeita. Eu me
lembro de estar sentado no meu apartamento antigo, ouvindo-os. Eles riam
e gargalhavam e faziam amor, e uma única parede fina separava nossos
quartos.
Mas aquilo era passado.
Porque naquele momento ela era nossa.
“Tem salsicha e biscoitos aqui”, Summer disse, empurrando um prato
na minha direção. “E tomate assado.”
“Tomate?”, gargalhei e caminhei na direção deles. “No café da
manhã?”
“E algo que parece e tem gosto de batata assada”, ela adicionou dando
de ombros. “Então batizamos de batata assada.”
Seu sorriso era de tirar o fôlego. Ele podia acender uma sala inteira!
Até aquele momento, esse tipo de analogia só era permitido em comédias
românticas bregas. Mas de repente eu entendia tudo.
“Nada ainda?”
Marcello acenou, apontando o telefone na minha mão. Caralho, eu
tinha esquecido de atualizar a página por vários minutos.
Apertei o botão, me levantei e me movi em direção ao café da manhã
sobre a mesa…
“OPA!”
olhei para a tela enquanto caminhava e lá estava: uma luz verde. O
software de rastreamento tinha se conectado.
“Puta merda…”
Apertei outro botão e o software abriu uma nova tela. Havia um mapa
— de Sidney, graças a Deus. Corey e companhia ainda estavam ali, naquela
cidade. Eles não haviam embarcado em nenhum voo.
“Onde eles estão?”
Marcello olhava por cima do meu ombro, senti seu hálito de salsicha.
Abri o zoom e consegui uma localização mais exata.
“Eles estão perto da água. New South Wales.”
Dei mais zoom na tela e Summer estava observando também. Uma de
suas mãos estava no meu ombro, seu rosto ao lado do meu, seu cabelo
pinicava minha bochecha.
Eles estão perto da Opera House”, ela suspirou. “Perto da baía, perto
do—”
Os nomes das ruas começaram a aparecer e meu coração se acelerou.
A conexão ainda estava aberta. Usando dois dedos eu estiquei a tela ainda
mais, até os nomes dos estabelecimentos aparecerem. Eu podia ver os
parques, restaurantes, hotéis…
“Eles estão no parque Hyatt!” disse Marcello. “Rodovia Hickson.”
O alívio tomou conta de mim quando vi o nome. Então eles estavam se
escondendo, em Sidney, por pelo menos uma noite.
“Vamos lá”, eu disse, acenando para as coisas que tínhamos trazido.
“Peguem tudo e vamos.”
Rapidamente estávamos na porta, perto do corredor. Nos movendo
pelas camas nas quais nunca dormimos, no quarto em que nunca ficamos.
“Muita coisa pro café da manhã”, Marcello brincou, enfiando um
biscoito na boca.
Capítulo 34

SUMMER

Nosso novo quarto era melhor, certamente. Uma suíte limpa e


espaçosa, toda branca com móveis de mogno super contemporâneos. Uma
cama king-size enorme ficava no meio do quarto, coberta por lençóis
brancos tão perfeitamente ajustados e esticados que não dava para ver uma
só ruga.
“Vocês tão realmente ganhando todo esse dinheiro?”, eu brinquei com
Ryker.
Meu belo namorado de olhos azuis tinha acabado de desligar o
telefone, ele tinha falado com Aiden e eles trocaram informações
atualizadas.
“Ele não consegue voltar pelo menos antes de amanhã”, Ryker me
informou. “Na melhor das hipóteses.”
Voltei para a cama. Como o resto do quarto, o teto também era
totalmente branco, sem nenhuma manchinha.
“Notícias do Marcello?”
Sentado perto da mesa de mogno, Ryker chacoalhou a cabeça,
desanimado. “Ainda não.”
“Vai demorar”, eu disse, tranquilizando-o, “eles devem ter saído.”
Nosso plano — o melhor que conseguimos — era duplo. Primeiro
tivemos que reservar um quarto no Park Hyatt sem que Corey e seus amigos
nos vissem. Até então, tudo estava indo bem.
A segunda parte do plano envolvia vigiá-los do lobby… e esperar até
um deles aparecer. Aquela parte era mais difícil, é claro. Marcello estava
literalmente sentado cobrindo o rosto com um jornal, vigiando o local pelo
canto do lobby. Ele tinha uma boa visão de todo mundo indo e vindo, mas
tudo estava tão cheio que ele tinha que ter atenção redobrada.
“Nós vamos recuperar”, eu disse ao Ryker, provavelmente pela quinta
ou sexta vez. “Prometo”.
“Ah sim?”
Me sentei na cama e olhei para ele. Ryker parecia estressado. Seus
ombros e braços tatuados estavam tensos como nunca.
“Sim”, respondi com firmeza. “Tudo o que precisamos é do elemento
surpresa.”
“Tudo o que precisamos de verdade é descobrir em que quarto eles
estão”, disse Ryker, em um tom discretamente ameaçador. “Marcello e eu
nos encarregamos dali para a frente.”
Eu não tinha certeza se gostava da ideia, mas eu entendia sua raiva.
Eles tinham ligado e desligado o laptop três vezes. Cada vez por mais
tempo do que a anterior.
“Mas se não conseguirmos…”
A expressão do meu amante ficou amarga com a minha frase. Era uma
contingência que ele ainda não queria considerar.
“Se por acaso não conseguirmos”, enfatizei, “você vai precisar usar
aquele programa Perses. Eliminar todos os dados preciosos é dez vezes
melhor do que deixá-los ir parar na mão do inimigo.”
Ryker olhou para longe, como se eu o estivesse machucando
fisicamente. Meu coração doeu com aquilo.
“Eu sou muito estúpido”, ele murmurou.
Fiz uma careta. “Você não é estúpido.”
“Sim, eu sou”, ele continuou. “Fui eu que insisti em manter todos os
nossos dados em um só computador. Uma localização central. Acesso fácil.
E ainda assim, demoraria só dez minutos pra fazer um backup ou
redistribuir tudo isso entre os laptops dos outros dois.”
“Aiden me disse que ainda tem uma boa base de clientes”, respondi.
“Alguns, sim. Orçamentos, contatos, alguns dos projetos mais
recentes…, mas não os detalhes. As especificações que demoramos anos
pra construir. Sem mencionar a quantidade de clientes que vai nos deixar se
nós contarmos a eles que seus dados pessoais foram comprometidos.”
Me levantei da cama e fiquei de pé, curiosa. “Eu sei que isso soa mal,
mas… por que contar a eles?”
“Porque vamos ter que contar”, disse Ryker. “E porque Corey vai
contar. Ele vai saborear o momento de dizer aos clientes da Lenda Viva que
suas informações ‘vazaram’. Então, ele vai falar sobre sua empresa e como
eles são melhores em tudo — mas especialmente na proteção de dados.”
Ele disse aquilo tudo como se estivesse de fato acontecendo. Um
passo-a-passo que desvendaria tudo o que eles tinham construído. Eu queria
acabar com aquilo, consertar tudo para ele. Mas eu só conseguia manter a
mão no seu ombro, tentando transmitir segurança.
“Eu estraguei tudo”, ele disse finalmente, “eu sou um idiota."
“Ah, eu não concordo com isso…”
Tirei o telefone da sua mão e subi no seu colo. Minhas pernas
deslizaram sobre as dele, meus braços envolveram seus ombros.
“Na verdade, acabei de falar com Aisling no telefone.”
Ryker levantou uma sobrancelha. Aisling era alguém de quem ele
gostava e respeitava. Eu tinha que admitir que era uma boa conexão,
mesmo que me deixasse um pouco enciumada.
“Ela me informou que temos mais trabalho do que conseguimos dar
conta”, eu disse a ele. “Graças ao novo design que você fez para otimizar o
site.”
Me afundei devagar no seu colo, deixando-o se empurrar na minha
direção, aproveitando a sensação dos seus dois braços enormes segurando
meu peso.
“O que mais ela disse?”
“Bom, ela quer que arranje um encontro entre vocês”, eu ri, “mas não
vai acontecer.”
Me inclinei para a frente e beijei seu pescoço. Meu cabelo pinicava sua
pele quando comecei a beijá-lo com sensualidade.
“Você é todo meu”, sussurrei, beijando-o sem parar. “Não vou dividir
você com ninguém.”
Suas mãos encontraram minhas coxas, e ele as apertou gentilmente.
“Um pouco irônico, não?”, ele provocou.
“Não”, discordei. “É parte do acordo. Eu sou sua garota, sempre. Mas
somente eu.”
Me afundei para baixo, me posicionando entre suas pernas. Me
ajoelhei no carpete de pelúcia diante dele.
“E você me tem.”
Meus dedos abriram rapidamente seu botão e zíper, alcançando a borda
da sua cueca.
“Lembra quando disse que não sabia como te agradecer?”, murmurei,
“Pela ajuda com o site?”
O coração de Ryker batia acelerado. Eu conseguia ver sua artéria
pulsando no seu pescoço quando ele engoliu e assentiu.
“Bom, acho que sei sim.”
Puxei sua camisa para cima, para conseguir ver seu abdome, então
agarrei seu pau pela base. Devagar, sem perder contato visual, corri a língua
para cima e para baixo na lateral do seu membro pulsante e morno.
“Você sempre quis isso, não é?”, sussurrei perversamente. “Mesmo
quando eu namorava Aiden. Mesmo quando você sabia que não podia
ter…”
Lambi um pouco mais, então enfiei a cabeça na minha boca. Depois de
subir e descer três ou quatro vezes, tirei da boca.
“Especialmente quando você sabia que não podia ter…”
Ele estava aumentando de tamanho a cada segundo. Tão incrivelmente
duro na minha boca, era a resposta que eu queria.
“E você quer saber a verdade?”, perguntei timidamente.
Deixei minha língua na lateral da sua vara, toda molhada e pronta. O
quarto estava tão silencioso que daria para ouvir um alfinete cair. Mesmo
sobre o carpete.
“Eu também queria.”
O engoli abruptamente, da cabeça até a base. Tomando-o inteiro, até
minha garganta apertada e quente. Então endureci os lábios enquanto
escorria a boca até a extremidade.
O corpo de Ryker tremia de prazer. Sua bunda se levantou da cadeira
quando comecei a chupá-lo. De verdade. Pelos próximos minutos.
Meu Deus…
Meu coração acelerou porque tudo o que eu tinha acabado de dizer era
verdade. Era tudo sujo, proibido. Um tabu.
Mas não deixava de ser verdade.
“Eu sempre amei Aiden”, sussurrei. “Mais do que qualquer outro
namorado”, parei por um segundo para apertá-lo, assistindo seus olhos
semiabertos se arregalarem. “Mas eu também queria isso. Sempre me
perguntei como seria. Sempre fantasiei…”
Movi minha mão com mais intensidade, encarando seus olhos.
Provocando-o com a ponta da minha língua, traçando círculos logo abaixo
da glande.
“E agora eu tenho isso”, sorri com ganância. “Você e ele. O melhor de
dois mundos…”, o masturbei com mais velocidade, mais intensidade. “E
ainda tenho o Marcello.”
Ryker entrou em erupção sem desviar os olhos, gritando pelo ar. Enfiei
seu pau na minha bochecha, golpeando para cima e para baixo. Sentindo
cada pulso de orgasmo passar pelo meu punho cerrado…
“CARAAALHO!”
Então eu senti as jorradas grossas do seu sêmen, chovendo contra
minhas costas. As gotas voaram pela minha cabeça, atingindo meus
cabelos…
Ele se contorcia cada vez mais, cada estocada de êxtase arqueava suas
costas ainda mais. Durante todo o tempo eu não parei de estimulá-lo.
Continuei até ele ficar seco.
“Caralho…”
O segundo grunhido de Ryker foi abafado porque ele caiu na cadeira.
Ele tinha gozado no meu corpo todo. Na minha testa, nas minhas costas, até
na minha bunda. Eu fiquei pensando em como meu cabelo estaria.
“Obrigada por ter melhorado meu site”, eu disse docemente, lambendo
meus dedos para limpá-los.
Meu amante me encarou do topo do seu abdômen magnificamente
esculpido. Eu o assisti rolar para cima e para baixo a cada respiração, como
ondas sensuais.
“Se você precisar de mim, estarei no chuveiro”, pisquei finalmente.
Capítulo 35

SUMMER

Demorei algumas enxurradas de mensagens para convencer Marcello a


dar uma pausa. Eu iria até o lobby para substituí-lo. Ele poderia ir ao
banheiro, comer alguma coisa e esticar as pernas.
“Deixe que eu vigie Corey por uma hora”, eu disse. “Você vai ter
tempo para—”
“Vinte minutos”, ele respondeu, quando eu finalmente o convenci. “No
máximo, meia hora.”
Eu já sabia como ele era fisicamente. Durante o voo para Sidney,
fiquei curiosa e li tudo o que encontrei sobre Corey Marino. Encontrei seu
site, suas redes sociais, vi suas fotos fazendo de tudo, desde sobrevoar
British Columbia para esquiar até mergulhar com os peixes em New
England.
Ao invés de me sentar numa cadeira no lobby lotado, me sentei no bar
do hotel. Eu conseguia ter uma visão ampla, assim como Marcello, mas
podia encher a cara enquanto vigiava.
Ou pelo menos beber bastante por meia hora.
Pedi uma cerveja e bebi rapidamente, observando toda a atividade na
recepção do hotel. A variedade enorme de pessoas entrando e saindo era
incrível. Tipos diferentes de pessoas, de todas as etnias, de todas as partes
do mundo.
Mas eu procurava por um americano específico de maxilar quadrado e
cabelos cor de areia.
Era como procurar agulha no palheiro, mas eu era autodenominada
especialista no tema. Sempre fui boa fisionomista. Eu conseguia me
lembrar de rostos só de vê-los uma única vez. Minha habilidade de
caminhar por uma sala e descrever exatamente tudo o que eu tinha visto, ou
notar o que tinha sido removido, era muito boa. Minha mãe dizia que era
extraordinária, e meu pai concordava, dizendo que eu deveria ser detetive.
Se eu não tivesse uma paixão por desenho e pintura, eu até poderia ter
seguido por aquele caminho. Mas ao invés disso, ali estava eu, do outro
lado do mundo, sentada no lobby de um hotel, procurando por um homem
que eu não conhecia nem nunca tinha visto pessoalmente.
Era o suficiente para me fazer pedir outra cerveja. E um shot de
tequila.
E se você não conseguir encontrá-lo?
O pensamento era irritante. A última coisa que eu queria era ver Ryker
agonizando ao precisar apertar o botão de restauração do programa.
E se ele já tiver partido?
Observei o lobby com mais atenção, como se eu fosse conjurar Corey
logo ali. Três pessoas entraram, cinco pessoas saíram. Dois camareiros
empurravam um carrinho cheio de bagagem pelo chão de mármore do belo
lobby do hotel.
Nenhuma daquelas pessoas era quem eu procurava.
Tomei meu shot. Bebi metade da minha cerveja. Olhei para a tela do
meu celular e me dei conta de que só tinha dez minutos antes que Marcello
voltasse da sua pausa. Ou Ryker, possivelmente, porque eu sabia que ele
estava inquieto para sair do quarto.
“Aqui.”
O bartender me entregou outro shot, presumi que fosse por conta da
casa. Agradeci com um aceno, mas ele indicou um dos assentos atrás de
mim.
“Cortesia do cavalheiro.”
Levantei minhas pernas e girei no banco, mantendo minha saia no
lugar. Me senti bem depois de tomar um banho e me arrumar, colocar
roupas bonitas além das confortáveis, para variar um pouco, e esticar as
pernas—
“Ei, linda.”
Parei meu giro no meio, meu corpo todo ficou gelado. Eu podia sentir
o sangue sumindo do meu rosto e minha pele ficar pálida, como se eu
estivesse vendo um fantasma.
Um fantasma ou—
“Você é uma de nós, certo?”
O homem atrás de mim era jovem e tempestuoso. Cabelos cor de areia
e bonito. Quando ele ergueu o copo na minha direção e brindou, sorriu,
acentuando seu maxilar quadrado.
Corey.
A imagem era inconfundível. Ele era exatamente o mesmo homem que
eu tinha visto em pelo menos cem fotografias diferentes.
“Hmm…”
Meu primeiro pensamento foi que ele me reconheceria imediatamente
e que nossa estratégia seria revelada, arruinando o plano.
Meu segundo pensamento foi que o primeiro estava errado.
“Olá!”, eu disse, com a voz fraca.
Eu estava praticamente tremendo. Cada terminação nervosa do meu
corpo parecia sobrecarregada, a ponto de me fazer transbordar de
eletricidade. Dei um meio-sorriso e acenei para o banco vazio ao meu lado.
“Chega mais perto.”
Capítulo 36

SUMMER

Eu não fazia ideia de como ele tinha passado despercebido por mim.
Ou ele chegou no bar quando eu não estava olhando ou tinha vindo
enquanto eu e Marcello conversávamos perto do elevador, o que não havia
durado dois minutos.
Mais alarmante ainda, ele me escolheu entre a outra dúzia de mulheres
que já estava no bar. A maneira como ele me olhava naquele momento era
como se—
Ele não te conhece.
Era uma pílula difícil de engolir. Parecia tão improvável.
Não tem chance nenhuma dele te conhecer.
Provavelmente não mesmo. Aiden e eu tínhamos terminado antes de
Corey se juntar ao time. Até aquela semana, eu nem sabia quem ele era.
“Então… você é uma de nós?”
“Nós quem?”, perguntei, ceticamente.
Minha resposta parecia ter sido uma vitória para ele. O homem sorriu
triunfante e acenou.
“Uma compatriota americana”, ele declarou. “Seu sotaque é adorável,
mas eu já sabia antes mesmo de te ouvir.”
“Ah”, respondi, com um sorriso. Me sentia forçada a fazer aquilo,
mesmo contrariada. Dei o meu melhor para parecer natural. “Culpada”.
O homem se moveu devagar para o banco próximo do meu e estendeu
uma mão. “Meu nome é Corey.”
“Amber”, sorri de volta.
Era um codinome que eu já tinha usado incontáveis vezes — uma
tolice, porque rimava com meu nome. Eu sempre tentava me convencer de
que era um trocadilho inteligente.
“Costa Oeste?”, Corey perguntou, me olhando de lado como se
estivesse tentando solucionar um enigma secreto.
“Sul da Califórnia”, menti.
“Onde exatamente?”
“Irvine. Comprei uma casa em Woodbridge, já faz uns três anos que
moro lá.”
A história se desenrolou rápida e facilmente porque não era minha
história. Copiei a vida de minha amiga Marissa, que tinha se mudado para
lá naquela mesma época.
“Então viajei todos esses quilômetros”, Corey continuou com uma
risadinha, “pra conhecer outra loira californiana?”
“Desculpa ser tão básica.”
“Você não é básica”, ele respondeu rapidamente, com o sorriso
crescendo quando seus olhos penetraram os meus. “Longe disso.”
Ele parecia estar ficando confortável e aquilo era muito bom. Me fazia
relaxar um pouco, me soltar enquanto decidia o que fazer.
“Então você está aqui a trabalho ou lazer?”, ele perguntou.
“Eu espero um pouco dos dois, na verdade”, respondi. “Entretanto
passei o dia presa aqui.”
Antes que ele pudesse responder qualquer coisa, virei meu segundo
shot de tequila e pedi mais dois. O bartender assentiu.
“Aparentemente eles tiveram um contratempo com o meu quarto”,
expliquei. “Só vou poder fazer check-in mais tarde.”
“Que horas?”
“Só Deus sabe”, dei de ombro. “Eles não me explicam nada. Já me
pediram pra me retirar da recepção duas vezes, então resolvi apenas esperar
aqui.”
Os olhos de Corey encaravam a parte de baixo do meu corpo, pensei
que ele estivesse conferindo minha saia — e talvez ele estivesse também.
Mas vi que ele se deteve nas minhas mãos antes de me olhar nos olhos de
novo.
“Sem aliança”, eu disse, levantando a mão e mexendo na direção dele,
“viu?”
Ele levantou a mão desnuda e sorriu para mim como quem diz eu
também.
“Sim, eu sei”, eu disse, forçando um sorriso. “Já tinha reparado.”
Ele chegou mais perto e aquilo me deu calafrios. Corey não era feio,
na verdade, se eu não soubesse que ele era um ladrãozinho de laptops e um
filho da puta competitivo, eu diria que ele era até bonito.
Mas eu tinha que continuar o jogo.
“Você está aqui sozinha?”
“Só eu e Deus”, respondi, apontando ao redor. “Uma colega de
trabalho me encontraria aqui, mas precisou cancelar em cima da hora.”
Ele chacoalhou a cabeça em compaixão. “Que saco viajar sozinha.”
“Com certeza”, pausei. “Você também está sozinho?”
Eu deveria ter parado de perguntar detalhes, mas queria realmente
saber. Eu tinha analisado o bar algumas vezes desde que tínhamos
começado a conversar e eu não vi ninguém com ele.
“Com alguns colegas de trabalho, até a nossa última parada”, ele
admitiu, “Mas eles voltaram pros Estados Unidos.”
Acenei devagar. Mecanicamente. Bom saber.
“Então sim, estou tão solitário quanto você”, ele deu uma golada no
seu próprio copo, que parecia conter um certo líquido avermelhado com
gelo. Ele lacrimejava quando devolveu o copo vazio para o balcão.
“Eu nunca disse que estava solitária”, provoquei.
“É porque eu estou aqui”, ele deu um sorrisinho.
“Você está.”
Corey acenou devagar, e ergueu corajosamente uma sobrancelha.
“Namorado?”
Dei de ombros, bebendo minha cerveja. “Alguns.”
Ele deu uma gargalhada como se tivesse entendido. Eu dei outra
porque era impossível ele ter entendido.
“Bom, eu tenho um quarto”, ele disse, sem rodeios. “Quer conhecer
enquanto você não tem o seu próprio?”
Meu coração estava acelerado batendo contra meu peito. Naquele
momento ele parecia sair pela boca.
“Vale a pena?”, perguntei num impasse.
“O quê?”
“Conhecer seu quarto.”
“Pode ser que sim”, ele respondeu.
Analisei o lobby por um enésimo, procurando por Ryker ou Marcello.
Nem sinal deles.
“E então?”
“Você tem alguma bebida?”, perguntei.
“No meu quarto?”, ele assentiu novamente. “Sim.”
Nós vamos recuperar. Prometo.
Minha conversa com Ryker voltou à minha mente e eu respondi: “Ok,
então”, meu estômago se revirava. “Vamos.”
Capítulo 37

SUMMER

Cheguei no elevador pensando em como tudo tinha acontecido tão


rápido. Eu não tive tempo de elaborar um plano. Na verdade, eu nem
precisava de um.
Descubra onde ele está, a voz na minha cabeça orientava, descubra o
número do seu quarto.
Enquanto o elevador subia, parecia fácil. Corey estava certamente me
conduzindo até seu quarto. A forma como ele me pegou pela mão e me
guiou para fora do bar mostrava confiança. E mesmo ali, enquanto ele
roçava seu corpo no meu discretamente, suas intenções eram claras.
“Por que você está em Sidney?”, perguntei.
Ele parou e limpou a garganta antes de responder. “Vim encontrar
alguém pra discutir um assunto.”
“É turma…”, respondi, imitando o Freddy, de Scooby-Doo, “parece
que temos um novo mistério nas mãos!”
“Não é bem assim”, ele respondeu. “É mais como… bem…”
A porta do elevador se abriu no último andar, nos jogando no corredor
antes que ele pudesse terminar. Corey estendeu sua mão de novo.
Hesitantemente a peguei.
Isso não é inteligente, Summer.
Eu só conseguia pensar no quão putos os rapazes iam ficar. Eu fugi,
desapareci do lobby sem deixar rastro. Não mandei nem ao menos uma
mensagem, porque meu telefone tinha ficado no quarto, pensei que seria
uma distração enquanto eu estava de tocaia.
E agora eu estava indo em direção ao covil, acompanhada pelo próprio
leão.
Não entre aí.
Passamos por dois casais no corredor, um mais jovem e um mais
velho. Me ocorreu que eu podia mudar de ideia a qualquer momento. Eu
poderia ver o número do quarto quando Corey abrisse a porta e então fingir
uma dor de cabeça e voltar para o elevador.
Ou eu poderia entrar… e encontrar o laptop sozinha.
“Sabe, se você não conseguir um quarto por alguma razão”, Corey
disse, deixando as palavras no ar sugestivamente, “tenho uma cama
grande.”
“Hmm”, dei um sorrisinho.
“Só estou dizendo.”
“E eu ouvindo.”
Ele parou, pegou o cartão magnético para abrir a porta, assim como
imaginei que ele faria. Vi o número, ouvi a tranca eletrônica fazer um
barulho e ceder, abrindo a porta pesada para o lado de dentro.
Isso é tudo, Summer. Você já fez o que—
Então eu entrei.
Merda!
O quarto estava escuro e frio. Fui atingida por uma rajada de ar-
condicionado antes de qualquer coisa, então meu anfitrião alcançou o
interruptor e uma luz amarela e morna invadiu tudo.
“Lar doce lar”.
Era uma suíte como a nossa, mas um pouco diferente. Era
ridiculamente enorme para uma só pessoa, espaçosa e opulenta. De alguma
maneira ela era compatível com o ego de Corey. No bar, notei que ele
estava vestido bem demais e exagerava, o que eu pensei que fosse
autoconfiança, mas era só bravata.
“Mi casa es su casa.”
Ele tirou seus sapatos de couro caros e se aproximou do bar do quarto.
No caminho, começou a desabotoar a camisa como se tivéssemos assinado
um contrato físico e sexo era a conclusão óbvia.
“O que você quer beber?”
Até o momento eu tinha ficado presa no cenário todo, incluindo uma
janela até o teto que dava para a baía belíssima de Sidney. Mas então
comecei a analisar tudo, me lembrando do motivo real pelo qual eu estava
ali.
“Amber?”
Acenei com a cabeça. “Você tem vinho?”
Eu tinha bebido cervejas e shots no bar, a última coisa que eu
precisava era misturar com vinho. Mas eu precisava ganhar tempo.
Encontrar uma garrafa demoraria mais—
“Tinto ou branco?”
Ele segurava duas garrafas, que tinha pegado no armário debaixo do
bar. Engoli seco. “Rosé?”
Corey me olhou de forma estranha. Do tipo “que saco de mulher”.
“Eu realmente não acho…”
Interrompi sua fala com meu suspiro mais feminino, então tirei os
sapatos de forma promissora. “Talvez você possa ir até o bar do hotel ver se
eles têm?”
Ele voltou para o armário enquanto eu vasculhava o quarto com os
olhos que voavam rapidamente por todos os lugares. A suíte era grande. Ele
tinha muita bagagem para uma só pessoa. Um monte de roupas e itens
pessoais de viagem parecia ter sido colocado às pressas em cima da mesa de
jantar. O único dispositivo eletrônico que eu tinha visto até então era uma
pequena caixa de som com cara de ter custado caro.
De repente, meu anfitrião voltou com uma garrafa rosada nas mãos.
Ele sorria triunfantemente.
Merda.
“Bingo.”
Eu esperava com muito afinco que ele não conseguisse achar o saca-
rolhas. Sem sucesso. Um minuto depois ele estava abrindo a garrafa e
servindo duas taças. Ele caminhou na minha direção, me entregou uma e
nós brindamos.
“Aos negócios e ao prazer.”
O brinde era cafona como ele. Levantei o braço, forçando meu melhor
sorriso da noite. Era só uma questão de tempo, eu não conseguiria aguentar
muito mais.
“Saúde.”
As taças tilintaram musicalmente e nós bebemos. Os olhos de Corey
não deixavam meu corpo.
“Aqui”, ele disse, com uma mão esticada. “Fique um pouco.”
Ele queria alcançar minha bolsa, e sem saber o que fazer, a prendi com
o braço perto do meu cotovelo.
“Eu fico com ela até a recepção me ligar”, eu disse.
Ele fez uma careta, mas bem sutil. “Pelo menos me dê seu celular,
posso deixar carregando ali e quando eles—”
“Que tal um pouco de música?”
Ele mexeu a cabeça espantado, mas logo pegou o telefone, apertou
alguns botões e sua caixa de som começou a tocar jazz instrumental.
“Que tal assim?”, ele sorriu maliciosamente.
Tudo bem, eu pensei, entorpecida, se você realmente gosta de jazz
instrumental. Mas muito bizarro se é só para seduzir uma garota aleatória
que você conheceu no bar.
Corey se aproximou até nossos corpos estarem quase colados. Ele
começou a balançar gentilmente, da esquerda para a direita, no ritmo da
música e querendo que eu fizesse o mesmo.
“Eu…”
Uma das suas mãos escorregou pela minha cintura. A outra estava
sobre meu ombro tão de repente que eu não sabia onde a taça de vinho tinha
ido parar.
“Relaxa”, ele sussurrou, no tom mais retardado possível. “Tudo bem.”
Ele chegou muito perto, até nossos corpos se tocarem. Sua bochecha
roçou minha bochecha. Estávamos dançando e eu me senti incapaz de parar.
Summer!
Me afastei um pouco, ainda envolvida pelos seus braços. Ele me puxou
para perto de novo. Gentilmente, tirou a taça de vinho da minha mão e a
depositou sobre o bar.
“Você é tão linda”, ele sussurrou, seus olhos tentavam encontrar os
meus. Eu olhei para baixo, para a esquerda, para a direita, para qualquer
lugar, desde que eu não precisasse olhar—
ALI!
Meu coração deu um pulo quando encontrei o que procurava: um
laptop fechado, sobre um dos sofás na sala de estar, conectado à tomada,
talvez a alguns 4 metros de onde eu estava.
“Na verdade, você é absolutamente maravilhosa.”
Ao dizer a última palavra, seus lábios se direcionaram para os meus.
Eu me virei suavemente, rápido o suficiente para ele beijar só o canto da
minha boca, mais a minha bochecha, na verdade.
“O que foi?”, ele perguntou, com a voz exalando frustração.
“N—Nada”, eu respondi. Eu ainda dançava com ele, ainda movia meu
quadril no ritmo da música.
“Então por que você—”
“Uísque.”
Eu me afastei e sorri envergonhadamente, me forçando a ficar corada.
Então finalmente olhei nos seus olhos.
“O quê?”
“Seu hálito”, eu disse, fingindo estar envergonhada. “Você está com
hálito de uísque.”
Ele deu uma risada. “Você estava no bar comigo, você me viu beber
uísque.”
“Eu sei, é que… bom…”
“Você não gosta de uísque?”
“Passei mal com uísque uma vez”, menti. “Agora toda vez que eu sinto
o cheiro, meio que me faz…”
“Ah”, Corey disse, seus olhos se abriram quando ele entendeu.
“Certo.”
Eu o puxei para mais perto, dessa vez colocando minha cabeça no seu
ombro. Dançamos mais um pouco quando um saxofone aleatório começou
a fazer um solo.
“Você é tão alta”, ele observou, me olhando de cima a baixo.
“Obrigada.”
“Não, é sério”, ele disse, “nunca conheci uma garota—”
Eu me inclinei mais e mordisquei sua orelha, vagarosamente,
sedutoramente…
O corpo inteiro de Corey ficou rígido e relaxou, de uma só vez. Eu
pude senti-lo derreter nos meus braços. Aquilo me fez me sentir poderosa e
no controle.
“Por que você não vai escovar os dentes e se livrar desse uísque…”,
sussurrei, ainda mordiscando. “E volta comigo pro sofá.”
Ele engoliu tão seco que pensei que sua garganta ia explodir. “S—
sofá?”
Corey sorriu de volta como se tivesse ganhado um prêmio. Como se
tivesse feito um strike final e vencido a partida.
Então ele se virou em direção ao banheiro.
Eu me movi como um raio no segundo que ele sumiu da minha vista.
Corri para o sofá, agarrei o laptop e a fonte que estava ligada na tomada.
Caralho caralho caralho!
Então voei em linha reta para a porta.
Capítulo 38

SUMMER

Eu tive que passar pelo banheiro no caminho para fora da suíte e a


porta estava aberta. Felizmente, havia uma outra área do lado oposto. Fiquei
lá parada, esperando pelo inevitável som da pia aberta. No momento em
que ouvi, peguei o trinco de metal frio e puxei para baixo.
Puta merda…
O mecanismo de tranca ressoou e fez o barulho mais alto do mundo!
Ou pelo menos pareceu ser. A água continuou a sair pela torneira e Corey
continuou escovando os dentes como se nada estivesse acontecendo. Em
seguida, eu estava na soleira, correndo pelo corredor de carpete. Cheguei no
elevador em absoluto pânico, apertando os botões com tanta força que achei
que ia quebrar o dedo.
RÁPIDO!
O elevador se moveu, fazendo um barulho enquanto subia pelos
andares. Demorou muito e eu continuei apertando o botão, olhando pelo
corredor na direção do quarto de Corey…
Eu esperava que a qualquer momento ele fosse entrar correndo no
corredor e vir na minha direção pelo tapete, com a pasta de dentes
espumando na boca.
As portas de aço do elevador se abriram, revelando o vazio e eu pulei
dentro dele.
CARALHO!
Aquela parte foi a mais difícil, ficar ali parada esperando as portas se
fecharem. Apertei os botões mais uma dúzia de vezes, e só parei por medo
do elevador quebrar.
Finalmente as portas se fecharam. A fatia fina do corredor
desapareceu, mas no último segundo, vi um movimento desfocado. Cabelos
cor de areia e dois olhos vermelhos de raiva fixados em mim.
“VAGABUNDA!”
Me preparei para as portas se abrirem, achei que ele ia alcançar o
botão bem a tempo e fazer o elevador parar. Ficaríamos cara a cara, sem
ninguém por perto, para impedir que ele entrasse no elevador e—
Brrrrrrr!
Meu corpo todo suspirou aliviado quando a cabine começou a se
mover para baixo, na direção do meu andar. Eu estava literalmente
chorando — lágrimas escorriam pelas minhas duas bochechas. Mas eram
lágrimas de alívio. De triunfo. Eu dei uma gargalhada dentro do elevador, e
soei como uma maníaca. Entre meus braços, agarrava o laptop contra meu
peito, como se minha vida dependesse daquilo.
Você é maluca! Totalmente maluca…
O elevador chegou no terceiro andar — meu andar — e as portas se
abriram. Saí de dentro, mas não sem antes apertar o botão do térreo por
segurança. Então eu corri. Corri como louca até nosso quarto, segurando
firme nosso prêmio. Só parei quando atingi a porta e bati freneticamente.
“Summer!”
A porta se abriu rapidamente e Ryker me puxou para dentro. Ele jogou
os braços em volta de mim, me abraçando forte enquanto Marcello corria na
nossa direção.
“Acabamos de voltar do lobby”, ele disse, sem ar. “Não conseguíamos
te encontrar em lugar nenhum, então voltamos aqui pro—”
“Onde diabos você estava?”, Marcello perguntou de forma
preocupada.
“Encontrei Corey”, me engasguei. “E… eu fui para o quarto dele e —”
“Você foi para o quarto dele?”
A expressão de Ryker era de completa descrença. Marcello parecia que
ia enlouquecer a qualquer momento.
“Es—está tudo bem”, eu expliquei rapidamente. “Nada aconteceu.
Quer dizer, eu o enganei e o fiz me convidar…”, respirei profundamente, “e
então recuperei seu laptop!”
Estiquei a máquina na direção dele, e os olhos de Ryker se
arregalaram. Ele me abraçou de novo, dessa vez tão forte que achei que
minha espinha ia se partir. Antes que eu me desse conta, fui entregue a
Marcello. Ele me segurou pelos braços, me examinando profundamente,
procurando alguma coisa errada.
“Você tem certeza de que está bem?”, ele grunhiu protetoramente. “Ele
não tentou te tocar, te machucar, te—”
“Não, não. Nada disso.”
Minha adrenalina estava baixando e a exaustão tomando conta de mim.
Caí na cama totalmente exausta, meu coração ainda acelerado. Vi o teto
rodar, completamente sem ar.
“Corey não seguiu você?”, Marcello perguntou.
“Não.”
“Ele não te viu entrar aqui?”
“Sem chance.”
Me sentei e sorri, me sentindo de repente feliz comigo mesma. Deixei
sair uma risada curta e triunfante.
“Vocês vão ter que aceitar o fato”, contei aos meus dois namorados.
“Eu saí ilesa!”
O rosto de Marcello mudou de preocupação extrema para alívio
avassalador. Ele parecia feliz. Sem contar que ele estava lindo de tirar o
fôlego.
“Vamos lá”, eu disse, cutucando Ryker. “Diga que eu não mandei bem.
Diga que isso não foi maravilhoso!”
Ryker abriu o computador no seu colo e encarou a tela da esquerda
para a direita enquanto a sequência de arranque aparecia.
“Ok, ok, foi maravilhoso”, ele disse, digitando no teclado. “Só tem um
problema.”
Meu coração afundou. A expressão feliz de Marcello ficou
abruptamente tensa.
“O quê?”, perguntei, trepidando.
Ryker olhou de volta para a tela, com o rosto impassivo.
“Este não é o meu laptop.”
Capítulo 39

MARCELLO

As palavras de Ryker foram seguidas por um silêncio absoluto. A


expressão de Summer ficou parecida com a minha.
“Como assim, não é seu laptop?”
“Não é”, ele respondeu, sem olhar para cima. “Pelo jeito parece é o do
Corey.”
Nossa namorada ficou vermelha e arregalou os olhos, seu peito amplo
ainda pesado. A adrenalina ainda corria pelas suas veias. Ela tinha feito
algo estúpido, perigoso. Algo que tinha me enfurecido quando ouvi.
Mas ela tinha feito isso por nós. E mudou tudo.
“Eu… eu sinto muito”, ela começou. Sua expressão estava totalmente
abatida.
“Não sinta”, Ryker disse. “Isso pode ter boas consequências.”
Nos reunimos em volta dele enquanto ele mudava de telas e digitava
tão rápido que eu nem conseguia ver.
“Você não está preocupado que ele tenha o mesmo software de rastreio
que você?”, Summer perguntou.
“Não”, respondeu Ryker.
“E por que não?”
“Porque Corey é efetivamente analfabeto digital”, respondi por ele.
“Ele é péssimo nessas coisas. É por isso que nós fazíamos.”
“Ele nem tinha senha de proteção no computador”, Ryker disse, dando
uma gargalhada curta. “Eu liguei e aqui está.”
Ryker plugou um pen-drive em um dos lados do laptop e começou a
transferir arquivos. Eu imaginava que tipo de arquivos ele estava salvando e
não invejava Corey.
“E agora o que fazemos?”, Summer perguntou. “Ele ainda está com o
seu laptop, e prestes a acessar tudo o que está salvo nele.”
As sobrancelhas de Ryker se uniram. “Por quê?”
“Ele disse que veio ‘encontrar alguém para discutir um assunto’. Eu
suponho que seja alguém que vai conseguir invadir sua máquina pra ele.”
Acenei imediatamente. “Faz todo o sentido. Corey certamente não vai
conseguir fazer isso sozinho.”
Ryker finalmente afastou o olhar da tela. Ele cruzou os braços, nos
olhando enquanto os arquivos voavam pela tela, indo do computador para o
seu drive.
“Me diga tudo o que Corey disse e fez enquanto você estava com ele”,
ele disse a Summer. “Todos os detalhes.”
Ela se sentou na cama e nos contou toda a história, desde o momento
que ele se aproximou dela no bar até sua fuga pelo elevador. Aquilo me
deixou raivoso, pensar nele tocando-a. Até mesmo pensar na ideia dela
fingindo dançar com ele me deixou fora de mim, e eu podia ver que Ryker
também se sentia da mesma forma.
“Escute, o que você fez foi loucura”, Ryker explicou. “Você devia ter
ligado ou ter vindo aqui e nos buscado.”
Summer deu de ombros. “Não foi planejado. Eu só estava seguindo o
fluxo.”
“Por isso era tão perigoso”, concordei. “Quando não conseguimos te
encontrar…”
“Quando vocês não conseguiram me encontrar, o que houve?”
Eu respirei profundamente para me acalmar. Não ajudou muito.
“Vocês estavam bravos ou preocupados comigo?”, ela perguntou
abruptamente.
“Ambos.”
“Vocês acham que eu sou uma inútil?”
Ryker e eu nos entreolhamos. “Não”, eu disse. “Longe disso.”
“Então entendam que eu sabia que estava em risco, mas não foi de
forma estúpida. E eu fiz pra ajudar”, ela parou, mordendo o lábio. “Eu fiz
isso por nós.”
Nós.
A palavra não era nova para mim. Ainda assim, até aquele momento,
‘nós’ significava os três. Aiden, Ryker e eu — éramos um time inseparável.
Mas também um time que abriu os braços para uma mulher incrível e linda.
Em comum acordo.
Eu também tinha que me lembrar que nós a tínhamos convidado.
Como uma parceira. Igual a nós. Alguém que tinha todos os direitos em
tudo o que estávamos tentando construir. Alguém que tinha todo o direito
de ajudar ativamente, ao invés de ficar esperando sentada.
Qualquer dureza na expressão de Ryker estava se dissolvendo. Minhas
próprias frustrações fizeram o mesmo. Summer estava fazendo o que Aiden
já nos tinha dito: nos protegendo, nos amando. Mesmo o sacrifício
temporário da sua segurança que ela tinha feito era por um bem maior.
“Olha, eu entendo”, eu disse, com a voz mais baixa. “Nós dois
entendemos.”
“Que bom”, Summer disse suavemente. “Porque eu nunca quero ser
deixada de fora. Eu não cruzei metade do planeta pra ir fazer compras ou
tomar sol ou nadar com tartarugas”, ela disse. “Eu vim por vocês três.”
Ela se moveu para a frente, pegando nossas mãos. Ela estava tão linda
que o ar ficou preso na minha garganta.
“Eu sempre vou lutar pra nos proteger”, ela murmurou, sua voz estava
cheia de significado. “Assim como vocês estão tentando me proteger, assim
como vocês—”
Sua frase foi interrompida quando o telefone de Ryker tocou um som
inespecífico. Ele olhou para a chamada recebida e um sorriso cruzou seu
rosto.
“Ora, ora…”, ele disse com um sorriso de satisfação. “Olhem isso, é
Corey”, ele levantou a tela para que pudéssemos ver. “De repente ele quer
conversar…”
Sua voz diminuiu e ele apertou o botão vermelho, recusando a ligação.
Summer se engasgou.
“O quê—”
“Agora não”, expliquei. “Ainda não.”, quando seus olhos verdes
procuraram os meus, apertei sua mão. “Aiden ligou mais cedo, enquanto
você estava no lobby. Ele está a caminho.”
Seu rosto se iluminou imediatamente. Ela ficou ainda mais bonita,
como se fosse possível.
“Temos umas seis ou sete horas antes dele aterrissar”, disse Ryker.
“Corey pode esperar”, ele acenou para o laptop aberto. “Vamos deixá-lo de
molho por um tempo, até nós quatro entendermos como ele quer tratar o
assunto.”
Os ombros de Summer relaxaram ainda mais. Ela nos olhou e um
sorriso tímido apareceu no seu rosto.
“Então Corey não tem ideia de que estamos nesse hotel, certo?
Especialmente porque a reserva está no meu nome.”
Chacoalhei a cabeça devagar. “Não.”
“Então é isso”, Ryker acrescentou. “Só temos que sentar e esperar.”
“Cavalgar pela noite”, eu dei uma piscadinha.
Summer deu um sorriso malicioso, olhando de volta para nós dois.
“Cavalgar, hm?”
“Uhum.”
Nós três nos aproximamos, quase em uníssono. Quase como um…
time.
“Seis ou sete horas”, ela suspirou, “presa em uma suíte de hotel com
dois guerreiros poderosos, sexualmente reprimida…”, ela esticou o braço e
alcançou os nossos. “Dois homens cuja missão é me proteger.”
“Sexualmente reprimida, hm?”
“Ah, sim”, ela deu uma risadinha, “muita repressão, tensão, níveis
altos de stress…”
Ela deu mais um passo até nossos corpos se tocarem. Ryker parou atrás
dela, comprimindo-a entre nós dois.
“Se ao menos houvesse uma forma de canalizar melhor toda essa
energia”, ela continuou. “Algo que pudéssemos fazer pra aliviar essa…
pressão.”
Sua mão escorregou por entre nós, e ela pegou meu pau que já estava
meio duro. Minha grossura se desenrolava na palma da sua mão, como uma
cobra despertando.
“Seis horas…”, Summer suspirou, enquanto a boca de Ryker se
aproximava do seu pescoço. Eu vi seus olhos se revirarem. Sua voz ficou
mais baixa enquanto seus braços escorregaram pelas suas laterais, beijando-
a por trás. “O que deveríamos fazer por seis horas—”
Sua frase terminou em um gemido quando a apertei forte com meus
braços.
Então a levamos para o quarto e mostramos a ela.
Capítulo 40

SUMMER

Se você nunca experimentou a sensação de um homem tampando sua


boca enquanto outro te come de forma deliciosa, você não está vivendo
direito.
Meu Deus…
Aqueles eram pensamentos que me ocorriam. Minhas próprias
reflexões distorcidas durante nossa noite de depravação total, que
tecnicamente aconteceu durante o dia.
Não importava, porque as cortinas estavam fechadas. Nossos corpos se
contorciam — ainda perdidos em outro fuso horário — e nós não nos
importávamos com o que o relógio dizia.
“Segure-a pra baixo.”
Éramos só eu, Ryker e Marcello… os três no cio na penumbra do
quarto. Meus dois amantes me beijavam e me devoravam toda, em todos os
lugares do quarto, nos sofás, no bar até na nossa cama enorme e macia,
onde me abri feito uma águia enquanto me fodiam.
“Assim, mantenha as pernas dela pra trás.”
Eu os tinha chupado na sala de estar, chacoalhando minha bunda
sedutoramente na direção de um enquanto eu ansiosamente chupava o
outro. Eles se sentaram em sofás um de frente para o outro, me negociando,
cada um no seu turno, enquanto faziam comentários sacanas e quentes, e eu
dava prazer e os provocava.
Quando eles estavam no limite, mergulharam em mim, arrebatando
meu corpo de formas que me fizeram gritar. Arranhei as coxas de Marcello
enquanto Ryker me perfurava por trás, e então eu escalei seu colo e o
cavalguei como uma vaqueira. Eu nunca tinha atingido o clímax de forma
tão intensa na minha vida, me esfregando profundamente no colo do
italiano enquanto duas bocas sedentas chupavam meus mamilos.
Era como um jogo para eles: quem conseguiria me arrebatar. Qual era
a velocidade, a força, a frequência…
Eles tinham me fodido em diferentes posições, em todos os ângulos
possíveis. Me socando até ficarem exaustos e sem ar ou até o clímax os
atingir de forma tão inevitavelmente gloriosa que eles não podiam mais
aguentar um minuto dentro de mim.
“Olhe pra ela, tremendo o corpo todo.”
Aquela era a parte mais quente — quando eles me trocavam. Quando
um grunhia alto, travando o maxilar… então saia de dentro de mim, meio
grogue, me dando um tapa na bunda como se eu o tivesse derrotado.
Segundos depois, outro penetrava minha boceta ambiciosa, me arando de
forma vingativa. Colidindo contra mim cada vez mais forte em direção ao
penhasco inescapável, de onde eu me jogaria em direção à euforia do
esquecimento.
Na metade, fizemos uma pausa para beber água, então eles me abriram
na cama. Suspirei quando Ryker me chupou, como o especialista que era, da
forma que eu amava tanto. Ele enfiou sua língua profundamente entre as
minhas pernas e me fez ver estrelas. Meu corpo se debulhava ao ponto de
Marcello precisar me segurar na cama.
Caralho!
Na sequência vi meu amante de pele de cor de azeitona enfiando
quatro dedos na minha boca, beijando meu pescoço e brincando com meu
clitóris com sua mão livre. Eu me contorcia com a sua pegada, gritando na
sua mão…
O clímax que seguiu me fez literalmente chorar. Lágrimas de prazer
escorriam pelas minhas bochechas enquanto meu corpo todo explodia. E
então eles se alternaram beijando o rastro salgado na minha bochecha
quente e rosada.
“Caralho, cara, parece até ela está com febre.”
Enquanto ele dizia isso, eu me esticava de costas. Marcello segurava
meus tornozelos para trás, perto dos meus ombros, enquanto o corpo
musculoso de Ryker fazia flexões de braço, se enfiando na minha boceta.
Caraaaaalho!
Era tão maravilhoso. Sujo, depravado, errado, mas ao mesmo tempo
íntimo e incrível. Enquanto meu corpo era esticado e usado por aqueles dois
homens maravilhosos, meu cérebro estava sobrecarregado de sensações.
Minha mente cambaleava em um oceano inteiro de prazer que se colidia.
Minha cabeça girava de euforia e amor crescentes.
Amor?
Eu não tive tempo para pensar bem na palavra. Eu só sei que ela surgiu
na minha cabeça enquanto meus olhos tremulavam abertos, observando de
relance o que faziam comigo. Consegui ver o corpo longo e flexível de
Ryker entrando e saindo… cada gomo delicioso dos seus músculos
abdominais flexionados como um pistão no seu tanquinho. Virando o
queixo, pude ver o peito largo de Marcello, sua dureza ainda pulsando
quente de um lado do meu rosto. Parei de chupá-lo alguns minutos antes,
para aproveitar a pureza de ser tão profunda e selvagemente fodida. Ele
sabia que eu estava olhando e um lado de sua boca se curvou em um sorriso
malicioso conhecido.
Ryker grunhiu forte, seus lábios se curvaram enquanto ele pegava
velocidade e intensidade nas estocadas. Foi quando comecei a gritar. Gritei
de prazer e delírio. Minha boca formava palavras e sons que não tinham
outro sentido ou propósito além de liberar a forma mais pura e crua de
euforia que eu jamais tinha experimentado.
Um dos braços poderosos de Marcello veio para baixo, sua mão
apertando minha boca. Ele a manteve ali para abafar meus gritos. Para
evitar que os seguranças do hotel invadissem nossa suíte. Eu estava sendo
saqueada e pilhada com tanta intensidade por aqueles homens que poderia
soar como algo ruim.
Meus olhos se cruzaram e meu corpo liberou tudo de uma vez só. Meu
clímax foi tão intenso que minha vista escureceu… os dedos de Marcello
tinham desaparecido e no momento seguinte eu estava gozando sem parar.
Me espremendo e me contraindo na grossura magnífica de Ryker, até eu de
repente convulsionar de costas, pelas paredes interiores do meu corpo na
forma mais violenta e vulcânica de um orgasmo.
CARAAAALHO!
Ele tinha segurado o máximo que pode antes de gritar com uma
selvageria bárbara. E então ele descarregou, entrando em erupção dentro de
mim. Me preenchendo com o que parecia um rio do seu líquido quente, me
entregando tudo estocada após estocada.
Ele não parou de me foder em momento algum, nem mesmo quando
ele ou eu estávamos gozando. Ele continuou bombeando. Deslizando para
dentro e para fora da minha entrada melada de gozo, se agarrando dentro de
mim durante meu próprio clímax, como se sua vida dependesse daquilo.
Quando finalmente desaceleramos, era como uma máquina sendo
desligada. Os pistões do seu estômago tremiam. Sua bunda se comprimia
para a frente e para trás em movimentos cada vez mais lentos, até ele parar,
profundamente dentro de mim. Nossos olhos se encontraram e uma conexão
tinha sido forjada. Uma ainda mais profunda do que a que já tínhamos. O
sentimento era tão real quanto o que eu sentia por Aiden, ou Marcello,
porque, naquele momento, nosso relacionamento era realmente formado por
três almas fundidas.
Eu te amo.
Ele disse com os olhos, mas também sussurrou as palavras no meu
ouvido. Dobrado sobre meu corpo, enquanto Marcello se afastava e nos
deixava com os peitos e rostos colados…
“Summer, eu… eu acho que amo você.”
O suspiro fez um sino tocar no fundo da minha alma e borboletas
voarem no meu estômago. Ouvi pássaros cantarem.
“Também amo você”, gritei, sem me importar com quem pudesse
ouvir. Me agarrei nas suas costas e na sua bunda. Puxei seu corpo
incrivelmente duro contra o meu, sua masculinidade profundamente dentro
de mim enquanto meu olhar encontrou o de Marcello, e ali permaneceu.
“Eu amo você”, repeti, encarando Marcello daquela vez. Seu queixo
caiu de uma forma quase imperceptível. Seus lábios formaram um sorriso.
“Meu Deus… eu amo vocês.”
O momento foi lindo, incomparável a qualquer outro instante da minha
vida toda. E não porque meu cérebro ensopado de prazer ainda estava
nadando em endorfina. Mas porque meu coração tinha sido toado pela
enormidade e profundidade dos meus sentimentos. A intensidade brilhante
do vínculo que tínhamos formado — os três — na cama e fora dela.
Finalmente, Ryker saiu de dentro de mim e rolou exausto pela cama.
Seu corpo ainda estava se recuperando, pesado com o esforço da sua
performance. Mas sua expressão era arrebatadora, perdida na alegria do que
tínhamos acabado de dizer um para o outro, depois de tanto tempo.
Me virei e encontrei Marcello me rodando na cama, trazendo meu
corpo para perto. Ele me virou de costas e entrou com facilidade, sua
cabeça grossa empurrando seu caminho na poça entre as minhas pernas.
Gemi de prazer quando o senti me perfurar… me preencher…
“Minha vez”, ele grunhiu no meu ouvido, colocando a mão sobre a
minha, encaixando seus dedos nos meus, e os esticando por sobre minha
cabeça. Ele usou o peso do seu corpo para me amassar na cama quando
começou um movimento circular e lento.
“Sim, por favor”, implorei, sorrindo de orelha a orelha.
Capítulo 41

SUMMER

Me mexi devagar, nebulosamente, sem saber onde estava, o que tinha


ao meu redor. Eu só sabia que estava aquecida, aconchegada e
maravilhosamente saciada.
Então, vi algo se mover perto das janelas.
O quê?
Pisquei de novo e tudo voltou para o lugar. Eu estava aninhada entre
Ryker e Marcello. Tínhamos conversado suavemente, vigiando o relógio,
contando as horas até—
Aiden!
Me estiquei nas duas direções, mas só encontrei um corpo. Marcello
estava deitado ao meu lado, roncando. Seu rosto lindo e bem esculpido
descansava pacificamente sobre um dos braços esticado.
Movendo minhas pernas, ainda na cama, encarei as várias peças de
roupa espalhadas pelo chão do quarto. Escolhi a camiseta mais próxima e a
vesti.
“Ryker?”
Sussurrei a palavra tão suavemente que foi quase inaudível. Mas, perto
da janela, olhando para as luzes da cidade, o vi assentir.
“Tudo bem?”
Ele acenou novamente, se inclinando para mais perto do vidro. Estava
chovendo e escuro do lado de fora, mas não terrivelmente tarde. Ali logo
abaixo, Sidney ainda fervilhava com luzes, vida e movimento.
“Peguei no sono”, bocejei, me movendo na direção dele. “Quanto
tempo até Aiden—”
“Uma hora mais ou menos”, ele disse suavemente.
Acenei. “Deveríamos acordar o Marcello?”
“Deixe-o dormir mais”, Ryker disse. “Ele está… exaurido.”
Eu sorri internamente, pronta para alguma piada sobre como eu tinha
esgotado nosso amigo. Ou sobre como a estamina de Ryker era mais alta do
que a de Marcello.
Mas ao invés disso, ele continuou encarando a cidade movimentada. O
rosto do meu amado estava calmo, mas não despreocupado. Sua expressão
era reflexiva.
“Pensando no seu pai?”
Ryker engoliu antes de responder. “O tempo todo.”
Cheguei mais perto e moldei meu corpo no dele, escorregando meus
braços em volta, por trás.
“Você também está, tenho certeza”, ele adicionou.
Deitei minha cabeça no seu ombro a assenti. “Sim.”
Ele soltou um suspiro. “Dói pensar nele. Quer dizer… eu quero pensar
nele. Quero pensar nele o tempo todo, mas—”
Busquei sua mão com a minha e quando a encontrei, a apertei.
“A dor desaparece”, eu disse quietamente. “Não totalmente, mas você
não quer isso.”
“Não”, ele chacoalhou a cabeça devagar. “Não quero.”
“Fica meio agridoce”, prometi. “Você vai ver.”
Ryker se virou devagar. A luz da lua iluminava cada detalhe do seu
corpo magnífico. Parado ali, na luz, usando somente sua cueca boxer, ele
parecia uma escultura requintada.
“Quantos anos você tinha quando ele se foi?”
Acariciei seu braço tatuado distraidamente. “Quinze.”
“Nossa.”
“Sim, foi duro.”
“Como você conseguiu?”
“Me lembrar dos bons dias ajudou”, respondi, depois de uma pausa.
“Memórias específicas de coisas que vocês fizeram, momentos que
passaram juntos. Eu ainda faço isso. Revisito minhas melhores memórias
com frequência, mas eu viajo pela minha cabeça às vezes, tentando
recuperar algumas que perdi”, beijei seu braço suavemente. “Como
pequenas joias cobertas pela poeira do tempo.”
Meu corpo se ergueu com o dele quando Ryker respirou profunda e
lentamente. Quando ele expirou, seus ombros estavam um pouquinho
menores.
“Eu tenho escrito coisas”, ele disse. “É uma forma de não perder a
conexão.”
“Ela nunca vai se perder”, eu disse a ele. “Nunca.”
“Sim, mas quero compartilhar essas coisas com Gavin e Jason. Eu
tenho joias que eles não têm.”
“Tenho certeza de que seus irmãos têm algo para você também”,
sugeri.
“Sim.”
“Quando voltarmos, você deveria passar tempo com eles. Se certificar
de que os negócios da família estão ok. Ver se eles precisam de ajuda—”
“Eu sei”, ele sorriu. “Eu entendo.”
“Assim como Aiden”, eu disse suavemente. “E Marcello. E eu.”
Por um momento ficamos parados. A única indicação de que o tempo
estava passando eram as luzes que piscavam na baía de Sidney,
silenciosamente abaixo de nós.
De repente Ryker esticou a mão e me puxou contra ele. Quadris
encostando. Suas mãos pararam em volta da minha cintura. Sua pegada era
forte e poderosa.
“Eu amo você, Summer”, ele disse. “Você sabe, não sabe? Não foi só
algo que eu disse no calor do momento…”, ele sorriu para mim. “Apesar de
o momento ter sido bem caloroso.”
Minhas mãos escorregaram em volta dele. “Eu sei.”
“Mas eu estou apaixonado por você”, ele continuou. “Provavelmente
já faz algum tempo.”
Meu coração voou enquanto fiquei na ponta dos pés e o beijei. Os
lábios de Ryker estavam quentes e pesados quando surgiram contra os
meus.
“Eu…”, comecei, e ele me apertou contra ele ainda mais forte. “Eu
amo—”
Ele engoliu o resto da minha frase. Eu mal conseguia falar. Não que as
palavras pudessem fazer justiça aos sentimentos dentro de mim.
Ohhhh…
As mãos de Ryker encontraram seu caminho debaixo da bainha da
minha blusa — ou melhor, da blusa dele — para apertar minha bunda
desnuda. Ele a apertou com gentileza e minha pele ficou quente.
“Isso me pertence”, ele suspirou, fechando as mãos possessivamente.
“É meu agora.”
Suas palavras se transformaram em um suspiro quente, pressionando
meus lábios. Fiquei imediatamente excitada.
“Diga isso.”
“Pertence a você”, choraminguei mais do que suspirei.
Meu amado assentiu devagar, seu olhar fixo no meu. “Pertence a nós.
Sempre. De agora em diante.”
Tentei engolir, mas não consegui. Eu estava perdida em seus olhos.
“Vocês três”, finalmente concordei. Derreti no seu corpo, enfiando
meu rosto gratificantemente no seu peito duro e macio ao mesmo tempo.
“Sou toda de vocês.”
“É bom saber.”
Suas duas mãos escorregaram para dentro das minhas nádegas,
parando entre minhas coxas. Fiquei molhada e arrepios invadiram meu
corpo.
Deus…
Idealizei seus braços me rodando, me pressionando contra a janela. Me
esmagando no vidro frio e embaçado pela chuva enquanto ele escorregava
para dentro de mim por trás. No meu estado de tesão, eu faria qualquer
coisa. Qualquer coisa.
Ao invés disso, Ryker me beijou de novo, suas mãos se moviam pelas
minhas nádegas. Ele embalou meu rosto nas mãos, respirando
profundamente, cheio de alma, enquanto me beijava com tanta força e
paixão que me senti totalmente leve.
Quando ele me soltou, senti que tinha sido depositada em uma nuvem.
Meus olhos estavam semicerrados. Meus lábios ficaram vermelhos e
inchados.
“Acorde o belo adormecido ali, e vamos descer”, ele disse. “Vamos
precisar de café pra quando Aiden chegar.”
Capítulo 42

SUMMER

“Quantas vezes ele ligou até agora?”


“Seis.”
“E você fez o que eu pedi?”
Ryker acenou, bebendo seu café na mesa do canto do restaurante do
hotel. “Ah, sim.”
Aiden esticou seus longos braços e pernas pela terceira vez e então se
sentou na cadeira. O restaurante estava prestes a fechar. Provavelmente eles
tinham feito uma última garrafa de café só para nós.
“Vocês acham que ele vai aparecer?”, perguntei.
“Baseado no que ele disse quando liguei?”, Aiden sorriu, “Sim, ele vai
aparecer.”
A conversa tinha sido breve, mas com alguns pontos importantes.
Primeiro, Corey queria seu laptop de volta — e queria muito. E o mais
importante: ele estava disposto a nos dar algo em troca.
Quando Aiden disse a ele que ainda estávamos no hotel, seu rival tinha
dado uma gargalhada seguida de um número impressionante de palavrões.
Ele tinha saído para vasculhar restaurantes e estabelecimentos nas
redondezas, pensando que estávamos em todos os lugares, menos no
mesmo hotel que ele.
E agora Corey estava voltando, pronto para fazer um acordo. Ou pelo
menos foi o que ele disse.
“Como foi o resto do trabalho em Bora Bora?”, Marcello perguntou.
“Tranquilo”, disse Aiden.
“O cliente está feliz?”
“Depois do número de curtidas que a postagem dessa manhã teve, ele
ficou…”, ele levantou sua caneca de café para saudar Marcello. Suspirei ao
ver os homens brindarem com as canecas de forma estranha.
“Emocionado.”
Me sentei de volta e os assisti voltar para o ritmo familiar, conversando
e rindo uns com os outros. A situação ainda era tensa, mas bem no limite.
Estarmos todos juntos novamente fez com que tudo melhorasse para eles.
Cada um deles era uma peça do quebra-cabeça.
E agora você também é uma peça.
O pensamento que deveria ser assustador ou até mesmo amedrontador,
considerando a situação. Mas ao invés disso, me fez me sentir quente por
dentro. Aiden, Ryker e eu já tínhamos uma história. Um senso de
companheirismo e de memórias divertidas que me impediam de ficar
nervosa. E ainda tinha Marcello, lindo e perfeito em tantos níveis. Ele se
encaixava tão bem na nossa equação que era quase como se ele fosse parte
do grupo há anos.
Pensei em como as coisas poderiam ser maravilhosas depois que as
paredes tinham sido quebradas. Não havia mais regras ou limites para o
prazer e a diversão que eu e aqueles homens compartilharíamos.
Pensamentos sujos percorreram minha mente, pequenas fantasias
baseadas nos últimos acontecimentos. Aiden e eu fodendo loucamente em
Aspen enquanto Ryker dormia no quarto ao lado.
Caralho. Perdemos tanto tempo!
Imaginei como poderia ter sido, como passaríamos. Aiden terminaria
dentro de mim e eu caminharia para o outro quarto, para escalar a cama de
Ryker. Eu o chuparia silenciosamente, sem deixar de encarar seus olhos,
depois me viraria de costas e o deixaria me empalar com seu pau duro e
liso…
Poderíamos ter transado até o amanhecer. Eu poderia pular de cama
em cama, ou poderíamos fazer tudo junto. Aiden me comeria por trás, me
preenchendo sem piedade enquanto eu chuparia seu melhor amigo.
Se ao menos soubéssemos na época.
“Summer?”
Eu estava em transe, imersa na minha fantasia quente e suja. “Sim?”
“Ali.”
A expressão de Marcello era séria. Ele apontou e eu vi Corey se
aproximando.
“Ele parece um rato que se afogou”, Ryker brincou.
Ele meio que parecia. Usando um sobretudo amarrado pela cintura e
carregando uma bolsa elegante em de seus braços. Ele estava ensopado pela
chuva, dos pés à cabeça.
“Um rato, definitivamente”, Marcello concordou.
Assisti seu ex-sócio se aproximar. Ele passou por um homem
magricela de cabelo branco que estava encostado na parede mais longe e
parou perto de um dos funcionários do restaurante que estava limpando o
local. Corey não parecia se preocupar com o fato de estar respingando no
chão recém-esfregado.
“Que bom que você apareceu.”
Aiden chutou a cadeira de frente para ele. Por um momento Corey
apenas fez uma careta, e eu achei que ele ficaria de pé, desafiando. Mas ele
finalmente se sentou.
“Eu não vim aqui pra bater papo”, ele rosnou. “Nem pra ficar ou tomar
café.”
“Que bom, porque não iríamos oferecer mesmo”, respondeu Ryker.
“Eu vim pra uma troca simples”, ele disse, ignorando a piada. “Vamos
acabar logo com isso.”
Ele abriu a bolsa e pegou o laptop de Ryker. Sem hesitar, ele o
depositou sobre a mesa e o escorregou na nossa direção.
“É melhor estar intacto”, Ryker advertiu.
“Verifique você mesmo.”
Ryker abriu o laptop e a tela piscou antes de iniciar. Corey batia os pés
impaciente enquanto esperava e tombou a cabeça na minha direção.
“Então, onde foi que conseguiram essa ladra?”, ele cuspiu.
“Cuidado com a boca, cuzão”, Marcello se eriçou.
“Ainda não acredito que isso aconteceu”, disse Corey chacoalhando a
cabeça. “Afinal, fui eu quem me aproximei de você.”
“Sorte de merda?”, Aiden disse suprimindo um sorriso.
“História da minha vida”, Corey concordou. “Caralho, com tanta
mulher no bar, eu tive que escolher justamente a que—”
“te passou pra trás?”, sorri.
Ele de me deu um sorriso de crocodilo, com muitos dentes, mas sem
verdade nenhuma.
“Sempre escolhi as mulheres erradas.”
“Todas as suas escolhas têm sido erradas ultimamente”, acrescentei
suavemente. “Pelo que ouvi falar.”
“Ah, sim, ladra”, sua raiva estava aumentando. Os nós de seus dedos
estavam esbranquiçados e ele batia os pés no chão em velocidade acelerada.
“E como você ouviu falar? Você nem me conhece.”
“Você tem razão”, admiti. “Não te conheço, Corey. Você chegou na
vida de Aiden depois de mim. Mas eu posso te dizer uma coisa: você está
tomando decisões idiotas na vida.”
“Ah é?”
“Sim”, respondi calmamente. “Você tinha Aiden e o deixou ir. Ryker e
Marcello também. Você era parte de algo especial e você se retirou da
jogada pra começar uma carreira solo. Se fosse só isso, teria sido uma
atitude corajosa e nobre, mas você tentou levar algo que não era seu. Algo
que pertencia a todos vocês e não só a você.”
Seu rosto se curvou, amargurado, em um escárnio de desdém. Se
olhares pudessem matar, eu estaria morta, certamente.
“Então você deveria pensar duas vezes antes de acusar alguém de
roubar alguma coisa.”
Capítulo 43

AIDEN

O computador ligou e Ryker digitou uma série de números. Ele


navegou por alguns arquivos, conferiu logins e histórico de busca, antes de
finalmente me dar um aceno de cabeça quase imperceptível.
“Tudo certo”, dei de ombros, pegando o laptop dele que estava
debaixo da minha cadeira. “Acho que estamos bem.”
Empurrei o computador na direção dele. Corey o enfiou dentro da
bolsa, que já estava aberta.
“Então é isso, certo?”, perguntei. “Sem mais idiotices? Sem tentar
roubar clientes ou pegar o que não te pert—”
“Foda-se.”
Ele se levantou da cadeira tão rápido que quase entornou meu café.
Quase rápido demais.
“Aquele cara odeia vocês com certeza”, disse Summer.
“Acho que sim.”
“Ele também não é muito seu fã”, Marcello acenou de volta para
Summer. “Parece que você irritou ele de verdade.”
“Sim, mas não levem isso para o lado pessoal”, Ryker acrescentou,
ainda digitando no teclado. “Corey odeia todo mundo. Ele adora
oportunidades novas de odi—”
Meu amigo parou a frase no meio. Pelo olhar no seu rosto, eu sabia
que era problema.
“O que foi?”
Ryker começou a digitar tão rápido que suas mãos viraram dois
borrões coloridos. O som do bater das teclas aumentou, mas sua expressão
continuava a mesma.
“Vamos lá, cara”, eu disse, “conte-nos o que—”
“Ele fez uma cópia.”
Eram quatro palavras simples, mas que juntas, eram apavorantes.
“Achei que você tinha tido que estava tudo aí?”
“E está!”, Ryker exclamou com o rosto sério. “Tudo no lugar, mas
quando conferi o registro, uma porção dos arquivos foi excluída faz mais ou
menos uma hora.”
As sobrancelhas de Marcello se uniram. “O que exatamente isso quer
—”
“MERDA!”, Ryker fez uma careta e deu um soco na mesa. “Eles
clonaram o drive e apagaram os registros!”
Ele fez tanto barulho que o homem que estava limpando o chão
literalmente deu um pulo. Além dele, o restaurante estava vazio. Até o cara
dormindo contra a parede tinha ido embora. O magricela, que parecia muito
interessado em tudo o que—
“Aquele cara!”
Ryker estava de pé, correndo para a saída, provavelmente indo atrás de
Corey. Ele virou a esquina e desapareceu antes que eu pudesse detê-lo.
Merda!
“Que cara?”, perguntou Summer rapidamente.
“Aquele de moletom com o cabelo pintado de branco.”
Marcello estava rapidamente colocando dinheiro sobre a mesa. “Como
você sabe que era pintado?”
“Porque ele não tinha mais de vinte anos.”
Me xinguei mentalmente por não ter notado antes. Por não ter me dado
conta de que Corey jamais viria sozinho.
“Ele estava fora”, disse Summer. “Não pra nos procurar, mas para
encontrar seu contato. Seu hacker.”
“Você o viu sair?”
“Não”, Summer admitiu. “Ele deve ter saído no segundo que Corey
pegou o laptop.”
Corremos todos para o lobby do hotel, procurando em todas as
direções. Além de algumas pessoas na recepção, o local estava vazio. Vi
Ryker de relance, correndo pela saída em direção à rua.
“Vamos lá!”
Saímos do prédio, passando pelo porteiro em direção a calçada. Do
nosso lado esquerdo, a rodovia se virava para o sul, se curvando para um
dos lados do prédio. Ryker já estava quatro metros na nossa frente, correndo
loucamente pela rua.
“Fique com ele”, gritei, e Marcello obedeceu.
Aquilo me deixou sozinho com Summer, praticamente vibrando com a
urgência de fazer alguma coisa. Do nosso lado, a ponte Sidney Harbor
despontava, piscando com as luzes. A rodovia abraçava a água onde um
campo pequeno era cortado por um gradil que vinha da baía. Mas logo em
frente…
Havia uma parede de pedra de seis metros…
“Ei.”
Eu me virei e um dos porteiros estava apontando para a parede. “Você
está procurando pelo magricela?”
“Sim!”
“Ele acabou de escalar aquele muro pro parque.”
Summer atravessou a rua antes de mim, precisamente evitando uma
moto. Ela se atirou na parede e a escalou como se tivesse nascido para
aquilo.
“Espera!”
Eu queria pedir a ela que parasse — aquilo tudo era muito perigoso. E
ainda assim eu não conseguia formar as palavras. Ela já estava no topo do
muro, se elevando, se movendo incrivelmente rápido.
“Tem grade”, ela gritou de volta. “É fácil!”
Olhei e entendi o que ela quis dizer. A parede estava coberta por uma
trepadeira gosmenta de chuva, mas ela cobria uma malha de aço. Segurei a
tela e me puxei para cima. Dois ou três impulsos para cima, a tela se
desgrudou da parede e eu caí no chão.
MERDA.
“Sou muito pesado!”
Ela apontou para onde a rodovia se curvava para o norte, na direção do
outro lado do parque. “Dá a volta!”
“Então fica aí”, gritei. “Me espera!”
Summer olhou para trás — para o parque — e sacudiu a cabeça
rapidamente. E então sumiu da minha vista.
“Desculpa!”, sua voz flutuou, sumindo enquanto ela corria para longe.
“Não dá tempo!”
Capítulo 44

SUMMER

O homem ou garoto ou quem quer que fosse era rápido.


Eu o vi do outro lado do parque, além das árvores. Caminhando por
entre os canhões que ficavam debaixo da ponte na direção de outro
caminho, do outro lado. Levantei a cabeça, pedi desculpas a Aiden e corri o
mais rápido que pude.
Aquele foi meu primeiro erro.
Constantemente olhando para trás, meu alvo me viu imediatamente.
Sua expressão de alarme aumentou e ele começou a correr, mexendo os
braços selvagemente enquanto suas pernas o carregavam na direção oposta.
Não vou conseguir alcançá-lo.
Eu não podia fazer nada naquele momento. O que me restava era
correr mais rápido, mantendo os olhos nele enquanto ele passava pelas
árvores de troncos grossos. O parque era lindo — colinas verdes
espalhadas, flanqueadas por palmeiras e carvalhos, cortado por caminhos de
pedra. Em vários pontos, era iluminado por luzes, mas a chuva tornava a
visibilidade muito difícil.
“Summer!”
O grito de Aiden ecoou do lado direito. Ele ainda estava na rua, difícil
de ser alcançado.
“Aqui!”
Eu mal podia falar. Eu estava ofegante enquanto meus pés quase
voavam.
Preciso pegá-lo.
Não havia dúvida de que o perderíamos se eu parasse para esperar
Aiden. O cara de cabelo branco estava muito longe, quase desaparecendo de
vista, mas havia boas notícias. Algo que me dei conta dois ou três minutos
após começar a perseguição.
Eu estava me aproximando dele.
O cara era leve e rápido, mas também era baixo. Com as minhas
pernas longas, eu possivelmente dava dois passos a cada três dele.
“Summer…”
A voz de Aiden continuava flutuando distante. Eu mal podia ouvi-lo.
O pensamento de perder meu alvo de vista era—
MERDA!
Ele tinha desaparecido.
Continuei correndo sem diminuir o ritmo. Me arremessando em
direção ao último lugar em que o vi. Estávamos debaixo da ponte, do outro
lado do parque. As arvores eram menos grossas, mas a escuridão mais—
“Aaai!”
Algo atingiu meu estômago — com força. E me fez rodopiar para a
frente enquanto girava os braços feito um catavento tentando manter o
equilíbrio. Corri por mais uns quatro ou cinco metros até recuperar minha
passada. Quando fiz uma curva, o magricela ainda estava com os punhos
cerrados.
Ele tinha o rosto de alguém que queria se vingar.
“Eu—”
Minha voz sumiu. O meu fôlego havia sido tirado totalmente pelo
soco, mas eu só tinha me dado conta naquele momento.
“Fique longe de mim!”, o homem fervilhava e, com uma carranca
final, ele se virou e foi embora.
Summer!
Cambaleei para a frente, tentando respirar. Esticando meu corpo numa
tentativa de deixar o ar entrar nos meus pulmões.
Ele está fugindo…
Lutei contra a dor. Dei um passo, depois outro, até finalmente
conseguir inspirar o ar. Era doce. Meu corpo todo vibrou, se reabastecendo
desesperadamente, engolindo lufadas deliciosas de oxigênio.
Agora vá pegá-lo.
Corri de novo e consegui alcançar o homem rapidamente. Ele estava
caminhando ao invés de correr. Totalmente sem fôlego e fora de forma.
Ele pareceu surpreso quando eu finalmente o alcancei.
“Vagabunda!”
Me esforcei para subir nele, então gargalhei na cara dele. “Já ouvi isso
hoje. Seja mais criativo.”
Ele tentou se desvencilhar, me arremessando com uma força
decepcionante. Eu ainda tinha sua perna, e me agarrei nela, ele me arrestou
por uns dois passos, então coloquei as mãos defensivamente para cima
quando ele se virou com o punho cerrado.
“Eu te disse pra—”
O movimento defensivo era só uma distração. Enrolando minha perna
para trás eu chutei para fora, atingindo o homem diretamente no peito
quando ele pairou sobre mim.
“Aaaaah!”
Meu calcanhar atingiu algo duro e quadrado, que não era carne ou
osso. O homem correu de costas caiu em um braço, mas saltou rapidamente
e tentou me chutar.
Dessa vez eu consegui me defender.
PAF!
Sem motivo aparente, o homem caiu de rosto no chão. Se estivéssemos
no cimento ao invés de grama, a queda o faria perder todos os dentes.
“Aaaahmmmm…”
As coisas já estavam ruins para ele, atordoado e confuso, com barro
enfiado no seu nariz e na sua boca. Ele rolou de dor e encontrou Aiden
parado de frente para ele.
“Fique no chão.”
Capítulo 45

SUMMER

O homem de cabelo branco cuspiu duas vezes e limpou O barro


causado pela chuva do seu rosto. No segundo que ele olhou para cima e viu
Aiden, ele acenou obedientemente.
“O—Ok…”
Meu ex-namorado me ajudou a ficar de pé. Eu ainda estava tentando
recuperar o folego, mas além disso—
“Você está bem?”
O peito de Aiden ainda estava pesado pelo esforço da corrida. Enrolei
meus braços em volta dele e o abracei de lado. “Tudo bem, obrigada.”
“Que bom”, ele acenou. “Mas esse cara…”
Aiden agarrou o homem e o colocou de pé. Com os dois braços
estendidos, ele o segurou no ar, como uma cena de filme.
“Onde você-—”
“Tem alguma coisa no bolso da frente dele.”
Eu apontei para onde tinha chutado o homem. Aiden enfiou a mão no
bolso, mexeu um pouco lá dentro e tirou a mão segurando algo. Era
elegante e preto e um pouco maior que eu celular.
“É um drive”, eu disse.
Aiden virou o dispositivo na mão e acenou. “É a cópia do sistema de
Ryker.”
“Sim.”
Ele o entregou para mim, então vasculhou meu agressor
minuciosamente, dos pés à cabeça. Ele não encontrou nada além de uma
carteira.
“Aquele drive”, Aiden grunhiu. “É tudo?”
“Sim”, o homem disse imediatamente. Havia sangue espalhado pelo
seu nariz, junto com a sujeira.
“Nenhuma outra cópia?”, ele perguntou, chacoalhando seu punho no
rosto do homem. “Nenhuma outra cópia do laptop do meu amigo por aí—”
“Não”, o homem respondeu. “Zero.”
Sua resposta pareceu convincente. De alguma forma terrível. Do tipo
“eu não mentiria para você”.
“Por que você está carregando essa?”, perguntei.
“E-eu acabei de terminar”, ele disse miseravelmente.
“Você tem certeza de que Corey não tem uma cópia?”
O homem chacoalhou a cabeça. “Como ele poderia? Eu não consegui
entregar pra ele”, seu sotaque australiano era muito forte naquele momento.
Ele abaixou a voz e completou: “Eu ainda não recebi, então…”
Aiden colocou o homem de pé. Ele tirou o que parecia uma carteira de
motorista da sua carteira, e então a entregou de volta para ele.
“Aqui está seu pagamento”, disse Aiden. Ele balançou o documento.
“Eu te deixo em paz se isso for verdade. Não vou até sua casa”, ele apontou
para a carteira de motorista, “e eu não quebro a sua cara.”
“O—Ok.”
“Entretanto…”
O homem se encolheu quando Aiden se aproximou, com os punhos
cerrados. Ele grunhia ao invés de falar.
“Se eu encontrar um único arquivo nosso por aí…”
“Você não vai”, o homem disse, chacoalhando a mão. “Eu juro.”
“Tudo certo então”, Aiden cuspiu. Ele olhou o homem por cinco
sólidos segundos de silêncio desconfortável. “Saia daqui.”
Ele ficou rapidamente de pé, esfregando seu nariz sangrento. O vimos
desaparecer em uma das trilhas depois de uma subida.
Aiden me ergueu do chão e me rodou em um abraço de urso. Era
incrível a felicidade dele ao me ver. Não tínhamos passado mais do que
alguns minutos juntos antes de toda a situação com Corey. Foi o primeiro
momento que tivemos.
“Sentiu saudade?”
Pisquei e apertei os olhos quando uma gota de chuva particularmente
grande atingiu meu olho. “O que você acha?”
“Acho que você sentiu saudade.”
Sorri e o abracei mais. Eu me sentia tão segura em seus braços. Total e
completamente segura.
“Então como foi com os rapazes?”
Procurei seu rosto para dar um sorriso. “Isso é uma pergunta retórica?”
“Provavelmente não.”
“Não achei que fosse”, eu ri e fiquei um pouco vermelha. Merda,
depois de tanto tempo ele ainda me causava esse efeito.
“Que bom que eles cuidaram de você”, ele disse, verdadeiramente.
“Mas eu me dei conta de uma coisa nesses últimos dois dias.”
“E o que foi?”
“Eu não quero mais ficar longe de você.”
A chuva caía forte quando nossos rostos se aproximaram e ele me
beijou. Me segurou contra seu corpo quente e molhado, enquanto nossos
lábios giravam um no outro.
Em algum momento ele me soltou. Com um dedo, ele limpou a água
da minha bochecha como se fosse uma lágrima escorrendo.
“Vamos encontrar os outros”, ele disse.
Ele segurou minha mão com os dedos entrelaçados.
“Espera…”
Eu enrolei meus braços em volta dele e o puxei para perto de mim de
novo, beijando-o com ainda mais intensidade. Escorregando minha língua
devagar, explorando sua boca.
Uau…
Era como nos velhos tempos. Mas pareciam novos tempos. Como a
soma total de todos os momentos que já tivemos no nosso relacionamento,
mas melhorado por amigos, camaradas, por amor.
“Bem-vindo de volta”, sorri, sem ar, puxando-o na direção do hotel.
Capítulo 46

SUMMER

Nos encontramos de volta no lobby, ensopados. Todos nós estávamos


com os rostos vermelhos e sem ar da corrida noturna pelas ruas de Sidney.
Aiden deu uma gorjeta generosa para o carregador por toda a ajuda.
Em retorno, ele nos indicou uma pizzaria que ainda estava aberta naquela
hora.
Pedimos comida ao invés de sair. Estávamos todos ensopados até os
ossos. Nossos sentidos tinham sido entorpecidos pela viagem e pelo
trabalho, mas ainda estávamos totalmente acordados e pilhados
mentalmente.
“E vocês o perderam?”
“Por um minuto”, Ryker contou a Aiden. “É minha culpa. Eu deveria
ter corrido atrás deles sem vocês.”
Ele tinha explicado no elevador que chegou muito perto de pegar
Corey. Aquela enguia escorregadia que era seu ex-sócio acabou pegando
um táxi e partindo. Ryker e Marcello ainda correram ao lado do automóvel,
batendo nas janelas.
“Tentamos segui-lo”, Marcello explicou. “Mas só conseguimos correr
por alguns quarteirões. Infelizmente, não havia trânsito para desacelerá-lo.
E nenhuma outra forma de alcançá-lo.”
“Tudo bem”, Aiden respondeu. “Vocês tentaram.”
“Está?”, Ryker começou. “Porque—”
“Sim”, Aidan interrompeu, segurando o drive em mãos. “Está.”
Seu rosto se iluminou quando tiramos nossas roupas molhadas,
vestindo roupas secas. Ryker estava digitando no teclado, escaneando os
códigos de verificação para ter certeza de que os dados só tinham sido
transferidos uma vez e que tudo o que estava no driver era uma cópia exata
do que havia no seu próprio computador.
“Estamos bem?”, Marcello perguntou. Desenrolando uma camiseta do
seu corpo cor de oliva.
Ryker gargalhou com alegria e fechou seu laptop. “Estamos ótimos.”
Parados ali, quase totalmente nus, mas totalmente confortáveis,
vestindo roupas de baixo secas, me ocorreu que parecia um vestiário de
colégio. Como se eu tivesse invadido o vestiário masculino. E os homens
eram uns grandes gostosos.
Acontece que eles eram todos meus namorados…
Olhe para eles.
Meus olhos vaguearam com alegria corpo por corpo, bunda por bunda.
Eles permaneceram no abdômen duro de Ryker por um instante, depois no
peito magnífico de Aiden e finalmente no pau enorme e grosso de Marcello,
que balançava linda e tentadoramente entre suas pernas.
Caralho…
Eu os queria muito. Os três. Ali mesmo. Naquele momento. E a
melhor parte era que eu podia tê-los. Eu podia apenas dizer uma palavra, ou
melhor, apenas me virar e balançar a bunda na direção deles. Mexer para
cima e para baixo até um deles olhar, e esperar pelos fogos de artifício.
“A pizza chegou!”
Meu estômago grunhia e ganhou a batalha naquele momento, me
trazendo de volta para a realidade. Ryker recebeu o pedido enquanto nos
sentamos todos nas cadeiras. Um minuto depois, estávamos comendo algo
quente e com muito queijo, totalmente diferente da pizza que conhecíamos,
mas igualmente delicioso.
“Isso são almôndegas?”, perguntou Aiden, mastigando
apressadamente.
“Salsicha”, Marcello o corrigiu. Ele segurou a fatia na altura do olho.
“Eu acho.”
“Na verdade, ouvi dizer que o sabor número um desse lugar é ovo.”
Os três se viraram para mim, me olhando como se eu tivesse cometido
um sacrilégio. Eu tive que rir.
“Ei, eu não disse que é bom!”, dei de ombros. “Foi o que eu li.”
“Que horrível.”
“Eu sei.”
“Quem diabos colocaria ovos na pizza?”
Ryker tossiu. “Os mesmos psicopatas que inventaram Vegemite”, ele
disse, “e passaram na torrada.”
“Que diabos é Vegemite?”, perguntou Aiden.
“Uma coisa estranha feita de levedura.”
Marcello bufou e enrugou o nariz. “Prefiro comer pizza de ovo”, ele
disse.
“Exatamente.”
Meu coração se inchou enquanto eu os assistia mergulhar na comida,
gargalhando e sorrindo enquanto bebiam. Corey podia ter fugido, mas ele
não tinha nada em mãos. Nos sentimos completos — como quando
estávamos em Bora Bora. Principalmente porque tínhamos uns aos outros.
Você os ama.
Na verdade, como eu não amaria? Eu sempre amei dois deles e o
terceiro era tão incrível que não foi difícil.
Mas aquilo poderia funcionar mesmo?
Era o único peso que meu coração ainda carregava. Uma pequena
câmara de dúvidas que apontava sua cabecinha feia toda vez que tudo
parecia bom, maravilhoso, perfeito demais para ser verdade.
O quê, então? Eu não deveria dar cem por cento? Eu deveria me guiar
pela hipótese — grande ou pequena — das coisas darem errado?
Besteira.
Minha vida amorosa era a mesma, não importa com quem eu estivesse
saindo. Terminar era sempre um risco, uma chance. Mas eu preferia arriscar
com pessoas que eu sabia que amava. Que eu respeitava. Que viravam meu
mundo de cabeça para baixo.
Sem mencionar pessoas que viajavam pelo mundo.
“Para onde vamos a seguir?”, Ryker perguntou, empurrando sua
terceira garrafa de cerveja vazia para o centro da mesa. A pizza tinha
acabado, não sobraram nem migalhas.
“Você-sabe-quem alugou um chalé em Jackson Hole”, disse Aiden.
“Ela nos pediu pra estar lá no início da semana, se possível.”
“Sério?”, os olhos de Marcello se arregalaram.
“Sim, mas você não vai”, Aiden suspirou. “Teremos que nos separar. O
Juvenil está em um retiro, em algum lugar perto de Sedona. Você vai
precisar cuidar disso.”
Me sentei com os pés sobre a mesa, contentemente cheia. Saciada e
feliz, mas um pouco confusa.
“Juvenil?”
Marcello olhou para Aiden, que limpou a garganta. Ele abriu uma foto
no seu telefone e eu imediatamente reconheci o jovem famoso. Meus olhos
ficaram tão grandes quanto a lua.
“Sério?”
“Sim.”
“Por que vocês o chamam de Juvenil?”, perguntei. “Por que não o
chamam—”
“Usamos apelidos para os clientes”, Marcello explicou, “pra falar
sobre eles sem nos preocupar. Usar seus nomes reais é arriscado e pode
atrair curiosos.”
“Sem mencionar que eles não gostam que falemos deles”, Ryker
concordou.
“Ah.”
“Você vai aprender as manhas”, Aiden piscou para mim. “A única
pergunta é… pra onde você vai?”
Capítulo 47

SUMMER

Da sacada, a cidade parecia mais clara, mais visível. A chuva tinha


parado e as ruas de Sidney estavam brilhando molhadas. O cheiro fresco do
ozônio ainda pairava no ar.
Então… para onde?
A pergunta de Aiden ainda estava na minha cabeça. Ao invés de
responder, sorri e me afastei para pensar um pouco. Dez minutos depois, o
barulho da porta me indicou que meu tempo estava acabando.
“Ei.”
Reconheci a voz, mesmo que a barba que estava roçando minha
bochecha fosse nova. Os braços que envolviam minha cintura eram velhos
conhecidos e mais familiares.
“Você está bem?”
Acenei, sem querer quebrar a solidão e o silêncio. Mas eu já tinha
decidido, só precisava contar a eles.
“Vou pra casa.”
Era como pular de uma ponte. Como aquela do outro lado da baía, de
frente para a janela.
“Entendo.”
Foi tudo o que Aiden disse. Uma única palavra e nem um sinal de
desapontamento.
“Não pra sempre, obviamente”, eu disse rapidamente me virando para
ele. “É que eu só preciso…”
“Colocar tudo em ordem?”
Ele pegou meu queixo com a mão, olhando nos meus olhos. Aiden
acenou, entendendo silenciosamente. Ele sempre entendia.
“Olha, eu entendo”, ele continuou, “você tem uma empresa pra
administrar. Você precisa—”
“Preciso ver tudo com Aisling”, o interrompi. “Ver todos os trabalhos
que temos na fila de espera. Checar o fluxo de trabalhos novos no site.
Decidir quais projetos assumiremos. Analisar os que vão ficar com ela e os
que vão ficar comigo.”
Aiden levantou uma única sobrancelha. Eu sempre fiquei admirada
com seu talento para fazer isso.
“Tem certeza?”
“Sim”, sorri de volta para ele. “De verdade.”
Ele respirou fundo. “Porque se for muito difícil, se for demais…”
Ele deixou a frase no ar. Uma sensação de já ter visto aquela cena
tomou conta de mim, porque já tínhamos tido aquela conversa antes.
“Summer, escute”, ele sorriu. “Eu te conheço. E sei que você e Aisling
construíram algo juntas, sei o quão difícil foi. A última coisa que eu quero é
ficar entre—”
“Não”, o interrompi. “Escute.”
A sobrancelha de Aiden voltou para o lugar. Ele deu um passo para
trás, mas ficou em silêncio.
“Já te perdi uma vez”, eu disse. “Nos separamos e não deveríamos ter
feito isso. Mas quer saber? Talvez tenha sido o melhor. Talvez tenha sido
necessário pra nós dois, pra podermos viver nossas vidas, fazer o que
tínhamos que fazer”, segurei sua mão. “Não era a época certa. Era o
relacionamento certo, mas na hora errada.”
Ele olhou para baixo. Eu podia sentir seu coração ser partido, e aquilo
quase quebrou o meu.
“Mas Aiden…”
Era minha vez de segurar seu queixo. Levantei seu rosto, para olhar
nos seus olhos.
“Não vou te perder de novo, nunca mais.”
Eu vi seus olhos brilharem. Lá no fundo dos seus olhos castanhos, vi
uma faísca de esperança.
“Eu quero isso”, eu disse de maneira firme, mas gentil. “E vou fazer
funcionar. Vou pra casa para colocar tudo em ordem, como você disse. Mas
só pelo tempo suficiente de acertar tudo com Aisling, talvez contratar mais
alguém, e me preparar pra trabalhar remotamente.”
Ele abriu sua boca e eu a fechei com um beijo.
“Você, Ryker, Marcello… vocês são meus”, eu disse, passando a mão
pelo seu cabelo. “E eu sou de vocês. Isso não vai mudar. Vou ser a melhor
namorada que vocês três já tiveram. Vou caminhar com vocês. Fazer o que
vocês fazem. Passar todo o tempo do mundo com vocês”, eu o beijei de
novo, com mais intensidade. “Mas ao mesmo tempo”, sorri, “vou continuar
construindo meu pequeno império.”
Aiden deu uma risadinha e me deu uma beijoca. Quando ele parou,
seus olhos estavam vidrados, eu quase pude perceber lágrimas ali.
“Eu sei que você vai”, ele disse, um pouco engasgado. “nós sabemos.”
“Vocês sabem?”
“Pode ter certeza.”
A voz que respondeu era de Ryker, que estava parado atrás de mim. E
Marcello estava parado atrás dele.
“Você não vai pra casa sozinha”, disse Ryker, se aproximando.
“Porque eu vou com você. Tenho algumas coisas para colocar em ordem
também. O negócio da minha família. Me certificar de que meus irmãos não
estão estragando tudo e ainda estão no caminho certo.”
Demorou alguns momentos para as novidades assentarem, mas quando
isso aconteceu, transbordei de alegria. Eu queria bater palmas.
“Também preciso conhecer Aisling”, ele deu uma piscadinha. “Ela é
cabeça quente, mas acha que sou bonito, ouvi dizer.”
“Sim, ela pode olhar o tanto que quiser”, respondi duramente. “Mas
ela que não ouse tocar.”
“Não, não”, Ryker sorriu. Sua mão alcançou a minha. “Você sabe que
sou seu, pequena.”
As lágrimas brotavam dos meus olhos e, ao contrário de Aiden, eu não
tentava evitar.
“Somos todos seus”, disse Marcello, se movendo atrás de mim. “Isso
nunca vai mudar.”
Suas mãos alcançaram meu quadril e eu o senti se pressionar contra as
minhas costas. O calor do seu volume se enfiava entre minhas nádegas.
Hmmmm…
A atração sexual que eu sentia por aqueles três homens era surreal. E
eu podia ter os três — juntos ou separados — quando quisesse. E eu os
amava. Com todo o meu coração e com o meu corpo, cada um de uma
maneira especial.
“Leve Ryker pra casa”, Aiden disse sorrindo. “Cuidem um do outro.
Aproveitem o tempo para descansar, ajeitem tudo e voltem para nós.”
“Ele quer dizer, voltem pra Sedona pra me encontrar”, Marcello sorriu
lindamente. “No deserto, o céu tem bilhões de estrelas. Vamos ficar em um
planalto, te tratarei como uma princesa.”
“Acho que ela prefere ir para Jackson Hole”, Aiden se meteu, “e ficar
comigo numa cabana na neve”, ele piscou para mim de forma marota.
“Prometo que ela vai se divertir muito mais.”
“Ou talvez vocês palhaços devam apenas terminar seu trabalho e voltar
pra Califórnia por um tempo”, disse Ryker. “Podemos fazer como nos
velhos tempos, mostrar o lugar ao Marcello e aproveitar uma folga juntos,
só nós quatro. Pelo menos até o próximo projeto aparecer e nos levar pra
outro lugar.”
Era perfeito. O plano, os homens, a situação toda. Trabalhar da estrada,
com minha mesa digitalizadora e meu laptop e o que mais eu precisasse.
Trabalhar enquanto eles trabalhavam, me divertir enquanto eles se
divertiam. Fazer isso dos lugares mais exóticos do planeta, e ainda de
quebra conhecer alguns ricos e famosos.
Ter tudo aquilo. Estar com eles de todas as formas.
E é claro, ser deles…
Aiden tomou posse do meu corpo, me girando em seus braços. Ele me
beijou profundamente enquanto os outros me abraçavam por trás. Depois
eles me viraram e eu continuei a encarar a cidade.
“Hora de tirar o atraso.”
Suas mãos deslizaram pela lateral do meu corpo, até pousarem nas
minhas coxas desnudas. Tremi de antecipação quando ele beijou meu
pescoço. Senti o ar fresco na minha pele quando ele levantou meu vestido e
revelou minha bunda.
“Incline-se um pouco”, ele sussurrou. “E me deixe ser o primeiro a te
tomar nessa sacada.”
Atrás de nós, os outros dois tinham se afastado. Na metade do caminho
para a porta, Ryker limpou a garganta e disse: “Nós, hmm. Já fizemos isso
na sacada”.
Eu dei uma risadinha e os dedos de Aiden se flexionaram contra a
minha carne, jocosamente.
“Ok, no sofá então.”
“Também já fizemos”, a voz de Marcello ecoou, apologeticamente.
“Nos dois sofás, na verdade.”
Aiden suspirou e relaxou. “No bar?”
Em algum lugar atrás de nós, Ryker suspirou. “Desculpa, cara.”
“Bom, merda…”, Aiden declarou me virando de frente para ele. Sua
expressão estava frustrada, de brincadeira. “Tem algum lugar nessa suíte
toda que vocês ainda não transaram?”
Pensei por um momento e sorri perversamente. Uma ideia flutuou na
minha cabeça, encorajada por três taças de vinho.
“Na verdade, sim.
Capítulo 48

SUMMER

“Mmmmhhhmmm…”
Os braços de Aiden se flexionaram, seus músculos estavam tão duros
que pareciam pedras. Me agarrei neles com força, assistindo com satisfação
sua expressão mudar de prazer simples para êxtase absoluto.
“CARALHO, isso é bom!”
Ele bombeava fundo em mim, gemendo quando atingia meu fim. Eu
sorria para ele diabolicamente.
“Tão bom quanto você lembrava?”, perguntei.
Ele chacoalhou a cabeça com os olhos fechados, perdido no momento
enquanto a morfina da luxúria invadia seu cérebro.
“Melhor.”
Apertei seus braços de novo, mesmo com o resto do corpo relaxado. O
prazer voltou rapidamente, aquele sentimento de preenchimento, de ser
penetrada profundamente e intimamente. Ou de fazer algo livre e lindo,
algo que eu fiz tantas vezes antes mas que não fazia por um longo tempo.
Bom, tinha anos desde a última vez que ele comeu meu rabo.
“Ele ficou mais apertado?”, ele gemeu, estocando devagar.
“Talvez.”
O apertei intencionalmente, induzindo outro gemido. Meu próprio
prazer voava em direção ao limite da dor, mas uma dor boa.
Caralho…
Tecnicamente, era o único lugar em que eu não tinha sido fodida
naquele quarto todo — meu rabinho travesso. Parecia certo ser Aiden o
responsável pela inauguração. Especialmente porque ele tinha sido o
responsável pela primeira vez.
“Devagar.”
Ele estava acelerando novamente, rápido demais. Não era a primeira
vez que a tentação tinha me feito ser negligente assim, e provavelmente não
a última.
“O que você acha?”
Eu direcionei a pergunta para Marcello, que assistia ao meu lado. Ele e
Ryker estavam me beijando durante. Arrastando seus dedos pelo meu corpo
enquanto nossas línguas dançavam e Aiden me deixava com tesão, molhada
e pronta.
“Isso me dá muito tesão”, Marcello admitiu. Ele deu uma risadinha,
ainda extasiado. “Eu topo.”
Seria a primeira vez dele. Ele admitiu para nós que nunca teve uma
namorada aventureira o suficiente para tentar. Já Ryker…
“Mal posso esperar”, meu amante tatuado suspirou sensualmente no
meu ouvido. “Vamos abrir essa porta, desbravar novos territórios…”
Um arrepio tomou conta de mim, só de pensar no que ele estava
propondo. Visualizei as coisas que achei que eles fariam, era questão de
tempo, de oportunidade.
“Isso é bom?”, Marcello zumbiu do outro lado do meu pescoço.
“Aham!”, murmurei, nas nuvens.
“Muito bom?”
“Maravilhosamente bom…”
Estiquei a mão para masturbá-lo com força. Ele já estava duro feito
pedra. Sua própria mão tinha trabalhado para cima e para baixo no seu
membro, mantendo-o no limite.
“Deixe-me cuidar disso.”
Afastei sua mão e tomei conta do membro. Imitando alguém que toma
posse do que lhe pertence. Estocando-o da ponta até a base, enquanto Ryker
puxava minha cabeça e me beijava tão profundamente que tudo girou.
Puta merda…
Aquele era meu novo normal. Bem assim. Bem ali. Naquele momento.
Me engasguei com uma estocada em particular, e a boca molhada de
Ryker me fez prender a respiração. Eu o beijei com mais afinco, segurei sua
cabeça e esmaguei seus lábios nos meus.
Sim, aquela era minha vida nova. Três namorados, três amantes. Três
homens incríveis trabalhando juntos e sozinhos para satisfazer meus
desejos, meus pedidos, minhas fantasias mais profundas.
De uma vez só.
Quando eu quisesse.
“Você é o melhor ex-namorado de todos, sabia?”, murmurei, sem ar.
Apertei Aiden dentro de mim, dando outra piscada. “Talvez no universo
todo.”
Ele sorriu e continuou me fodendo, se enfiando profundamente no meu
lugar mais secreto. Me lembrando ainda mais de como costumava ser bom,
e porque eu não deveria tê-lo deixado ir.
“Fomos loucos por termos terminado”, ele grunhiu.
“Eu sei.”
“É sério, Summer”, seu rosto estava se contorcendo, ele se aproximava
do ponto sem retorno, “isso é outro nível…”
Estiquei a mão na direção dele, puxando-o para baixo para beijá-lo. Eu
podia senti-lo me esticando gloriosamente por dentro, me fazendo engasgar
enquanto me beijava.
“Não vai ser uma longa cavalgada”, ele me alertou, com os lábios
tocando os meus. Eu ri.
“Tudo bem.”
“Eu provavelmente não… vou conseguir…”
Escorreguei meus braços pelos seus ombros, enrolando seus cabelos
nos meus dedos. Com a outra mão, cravei as unhas na sua nuca.
“Pequeno, tudo bem”, suspirei com a voz rouca, no seu ouvido. “Me
dê tudo…”
Um segundo depois ele terminou, enchendo meu canal com seu creme
quente. Enfiando tão profundamente nas minhas coxas que seu pau batia
profundamente no meu rabo.
“Caralhoooo…”
Ele despencou sobre mim, como um soldado abatido. Exausto e
delirante, com o cérebro nadando num oceano de prazer.
“Sim, pequena, isso…”
Eu estava acariciando seu cabelo, segurando-o firme contra meu corpo,
enquanto corria minhas unhas pelas suas costas. Eu senti que ele pertencia a
mim novamente. De verdade. Meu coração doía de nostalgia, pensando no
quanto eu tinha perdido.
Mas nunca mais.
“Ok, chefe”, ouvi Ryker dizer, cutucando o amigo. “Você tem que
compartilhar a namorada, lembra?”
Capítulo 49

SUMMER

Era uma ideia maluca, mas tínhamos que tentar. E se houvesse um


momento certo, era aquele, definitivamente.
“Fiquem parados”, disse Ryker, para nós dois. “Não se movam.”
Eu estava me movendo de costas contra o corpo duro de Marcello.
Sentada no seu colo, de costas para ele, descansando confortavelmente nos
gomos do seu abdômen duro.
“Assim. Isso.”
E é claro, seu pau macio estava enfiado até as bolas na minha bunda.
“Abra as pernas, pequena”, Ryker instruiu gentilmente. “Só um
pouco.”
Eu fiz o que podia. Mas não era muito. A posição era precária, as mãos
de Marcello seguravam meu quadril firmemente, deslocando o peso que ele
precisava para se manter enfiado fundo. E de frente para mim…
Ryker guiava seu pau para a minha boceta.
“Caralho, isso é bom.”
Aiden estava bebendo água, se recuperando depois de esvaziar sua
alma dentro de mim. Ele estava de joelhos, perto de nós, assistindo
atentamente. Seu pau cansado pendia lindamente na sua perna masculina
enquanto seus dois amigos davam o seu melhor na dupla penetração.
Não que eles tivessem que me convencer que era bom.
“Eu sinto que você vai amar isso”, Ryker disse, sorrindo.
Ele me penetrou, sibilando pelos dentes trincados enquanto
desaparecia dentro de mim. Centímetro por centímetro, seu corpo tatuado
ficou mole de prazer.
“Tenho certeza de que você também vai amar isso”, suspirei.
Era sarcástico ter dois homens dentro de mim. A cada segundo que
Ryker enfiava profundamente, meu corpo todo convulsionava em tremores.
Ai. Meu. Deus.
Eu pensei que acomodar os dois fosse doer. Era quase como ser
dividida em dois. Mas ao invés disso, a sensação era o oposto de dor.
“Uau”, suspirei. “Meu Deus do céu…”
Meu corpo estava totalmente fundido no deles. Misturado de uma
forma que tornava impossível dissociar. Eu estava encarando Ryker,
mirando fixamente seus belos olhos azuis. Os dois dividiam olhares,
assistindo um ao outro e vigiando o lugar onde nossos três corpos se uniam
de forma tão deliciosa.
“Isso é loucura.”
Eu estava cheia, completamente empalhada. Dentro e fora, o calor me
esticava de forma maravilhosa. Marcello estava enfiado em mim por trás,
tão firmemente abrigado pela minha pele quente que eu podia senti-lo
pulsar no meu interior. O pau de Ryker não estava menos enfiado, estava
apenas em um lugar diferente. Pareciam duas experiências totalmente
separadas acontecendo ao mesmo tempo dentro do meu corpo.
“Agora mexam-se.”
Quando começamos a nos mover, tudo parecia coordenado, ensaiado.
Marcello enfiava para o alto e para cima, Ryker bombeava para trás e para
baixo. E eu ficava no centro, me contorcendo entre eles. Escorregando
minhas mãos pelo rosto de Ryker e encarando seus olhos cor de safira que
davam acesso à sua alma.
“Sempre quis você…”, murmurei, beijando-o.
Ele me beijou de volta, sugando a respiração dos meus pulmões. Me
deixando tão feliz e eufórica que eu só conseguia gemer na sua boca
enquanto o cavalgava com um movimento lento e circular.
“Sempre quis isso…”, acrescentei, me empinando. “Meu Deus, é
inacreditavelmente bom. Eu nunca imaginei que isso fosse acontecer de
verdade.”
“Ah, está acontecendo”, Marcello me garantiu, beijando meu pescoço.
“Você não precisa mais imaginar”, suas mãos desceram pelos meus peitos,
os agarrando por trás. Rolando meus mamilos com sensualidade entre seus
dedos talentosos e grossos. “Sempre que você quiser, você só precisa
pedir.”
Ele tinha gostado tanto da sua primeira experiência anal que perdeu o
controle quase imediatamente. Tínhamos parado um pouco antes dele
inevitavelmente despejar seu sêmen no mesmo lugar que Aiden tinha feito.
Mas a ideia de Ryker surgiu bem na hora.
E que ideia…
Eu estava no céu absolutamente. Beijando um dos meus amantes
enquanto era comida pelos outros dois. Suas estocadas lentas e cuidadosas
eram absolutamente magníficas, especialmente quando suas mãos corriam
soltas pelo meu corpo. Mesmo Aiden se juntou ao momento, me beijando
selvagemente antes de dar lugar aos amigos.
Os três.
Me engasguei e tremi os ombros, convulsionando.
Só para mim.
Não era real. Não podia ser real. Mas era. Era a coisa mais real que já
tinha me acontecido e, se dependesse de mim, estava longe de acabar.
“Estou quase”, sussurrei na boca de alguém. Merda! Eu nem sabia
quem era mais. Eram tantos beijos, toques, e na maior parte do tempo meus
olhos estavam fechados.
“Quase…”
“Goza”, ouvi Aiden dizer no meu ouvido. “Vamos lá, pequena, apenas
—”
Gozei tão forte que quase desmaiei, gemendo e me rebatendo em uma
série de contrações violentas e eufóricas que ameaçavam me derrubar.
Atingi o clímax gemendo na boca de Ryker, enquanto eu melava Marcello e
o apertava com tanta força que ele não teve outra opção a não ser
descarregar seu leite.
“Oh, CARALHO…”
Ele apertou meus peitos enquanto gozava, esquecendo por um segundo
que eles estavam nas suas mãos. A pontada de dor só aumentou meu tesão,
completando essa mistura maluca. Ao mesmo tempo, Ryker contraía seus
músculos e começava a explodir dentro de mim, me fazendo transbordar.
“Aaaaaaarrrgh…”
Seus lábios esmagaram os meus, e ele me beijou mais forte enquanto
gozava. Me fodendo até a última gota de orgasmo. Ele rolava seu quadril
com força contra minhas coxas super esticadas, salpicando meu interior
com sua semente quente e grossa.
“Summer… caralho!”
Gargalhei, gritei, agarrei sua bunda.
“Caralho”, sussurrei. “Literalmente!”
Nossa máquina de agitação e de giros finalmente parou de funcionar.
Devagar, nós três nos deitamos em uma bagunça de cabelos e suor e sexo e
todo o resto que vinha junto.
“Jesus, Summer.”
Gargalhei e apertei de novo, meus dois homens ainda estavam dentro
de mim. Eventualmente, eles saíram e rolaram um para cada lado, deixando
o melhor deles para trás.
Merda…
Eu estava corada e cheia, esticada na cama macia, encarando o teto de
forma preguiçosa. Ficamos em silêncio, com nossos próprios pensamentos.
“Ok…”, declarei, finalmente, rindo. “Agora sim. Todos os lugares
devidamente explorados.”
Epilogo

SUMMER

“Então faremos isso?”


Ryker estava olhando para a tela do telefone, com o dedo preparado.
No escuro, a luz da tela fazia seu rosto ficar fantasmagórico.
“Poderíamos”, Aiden sugeriu. “Ele certamente merece.”
Do outro lado da mesinha no fundo do restaurante, os braços de
Marcello estavam dobrados. Ele não disse nada.
“Vamos lá, cara”, disse Ryker. “Sua vez.”
Meu amante italiano deixou um longo suspiro sair. A vela no centro da
mesa cintilou.
“Ele certamente merece”, concordou. “Mais do que isso. Mas ao
mesmo tempo…”, ele deu de ombros.
“Isso poderia pará-lo”, Aiden disse. “Seria efetivamente seu fim.”
“Ou…”
Meus rapazes se viraram para mim, esperando pelo resto da minha
frase. Demorou um segundo ou dois para eu parar de admirá-los pela luz
das velas.
“Ou isso o faria ficar zangado”, pontuei. “Pensem sobre isso. Se vocês
tirarem tudo de Corey, ele não vai ter nada a perder e vai querer se vingar.”
“E ele vai fazer isso impiedosamente”, Marcello refletiu. “Ela está
certa.”
O dedo de Ryker continuou paralisado sobre um único botão. Nem um
centímetro a mais. A vinte e cinco milímetros de apagar totalmente o
conteúdo do computador de Corey na próxima vez que ele tentasse
inicializá-lo.
“Se não era a ideia inicial acabar com ele, por que vocês me fizeram
instalar o programa Perses no seu computador?”, ele perguntou.
Aiden empurrou sua caneca vazia de café para a frente e coçou a
barba. “Por segurança, eu acho. Garantia.”
Marcello acenou. “Pra defender nossos interesses”, ele concordou.
“Não pra destruí-lo.”
Os dedos de Ryker se retraíram. Ele não estava exatamente
desapontado, mas também não estava convencido.
“Corey faria isso com a gente, vocês sabem”, disse ele. “Se fosse o
contrário.”
“Ah”, concordei, “sem pensar duas vezes.”
“Então por que nós—”
“Vamos deixá-lo em paz?”
Ryker acenou e dobrou os braços.
“Porque já vencemos!”, Aiden disse simplesmente. “Recuperamos o
que era importante e Corey ficou sem nada.”
“Não”, discordei, “Corey tem menos que nada. Ele perdeu seu negócio
quando saiu da Lenda Viva. E ele perdeu seus amigos — vocês três —
quando ele tentou trapacear e roubar.”
“Mas—”
“Ele sofreu. Ainda está sofrendo. E agora vocês querem acabar com a
empresinha que ele ainda tem? A única coisa que ele realmente construiu
sozinho?”
A expressão de Ryker mudou. Ele bloqueou a tela do telefone devagar.
“Ok”, sorri. “É o certo a se fazer.”
“Não vamos amarrar karma”, Marcello concordou. “Para o bem do
universo.”
Eu não tinha certeza sobre a última parte, mas o universo estava me
fazendo feliz. Ou pelo menos Ryker estava me fazendo feliz nas últimas
duas semanas que passamos em Pleasanton.
Era tão bom estar em casa. Me sentir com os pés no chão de novo.
Trabalhar na empresa. Aisling estava mais do que certa quando falou sobre
o fluxo de novos projetos. Ela tinha organizado os trabalhos em três grupos:
os que nós educadamente recusaríamos, os que nós definitivamente
aceitaríamos e os que nós ainda precisávamos refletir sobre.
E foi o que fiz enquanto Ryker cuidava dos negócios da família do
outro lado da cidade. Seus irmãos estavam fazendo um bom trabalho, a
única coisa que Ryker fez por eles foi aumentar a presença deles na
Internet, o que os permitiu escolher quais projetos queriam executar. Era
parecido com a minha situação: precisaram dividir tarefas e contratar novas
pessoas.
No final da semana, nossa empresa tinha dois novos artistas gráficos:
um da área da baía de São Francisco e outro trabalhando remotamente.
Ambos estavam dando suporte nos projetos mais simples, até pelo menos
eles pegarem o ritmo e avançarem para projetos mais avançados.
Aisling não demorou muito a suspeitar que algo estava acontecendo
entre Ryker e eu.
Deve ter sido a forma como ele evitava as investidas dela, mas não
sem flertar de volta. Aisling era linda, não estava acostumada a ser ela a
responsável pela caça. Depois do amigo “ridiculamente gostoso” do meu ex
recusar sair com ela, ela especulou que ele não gostava de mulheres. Mas
então ela me viu e notou como eu interagia com ele. Todas as vezes que ele
me buscava no escritório e dava uma piscadela dizendo que ia me levar
“para casa”.
“Vocês estão transando, não estão?”
Ela perguntou sem rodeios, mas com um tom estranho. Me pegou
desprevenida.
“O quê?”
“Pare de bobeira, Summer”, ela respondeu. “Apenas diga sim ou não.”
Eu nunca tinha mentido para Aisling durante todo o tempo em que
tínhamos sido amigas. E eu não ia começar agora.
“Ok”, suspirei firmemente. “Sim.”
Minha sócia soltou um palavrão por entre os dentes cerrados. Mas
pude notar que ela ficou de alguma maneira aliviada após resolver o
mistério de Ryker. Uma parte dela ainda estava puta porque estávamos
“traindo” Aiden.
“Você tá puta?”
Aisling tinha dobrado os braços sobre a mesa. “Sim. Não. É só…”, ela
se esforçou para falar. “Não faz seu tipo isso tudo.”
“Sim, bem… eu estou fazendo algumas coisas que não fazem meu tipo
ultimamente”, contei a ela. “Mexa essa bunda e venha comigo. Preciso me
confessar. E você vai precisar beber enquanto conto tudo.”
O queixo dela caiu e ficou no bar quando terminei de falar. Desde a
primeira noite em que liguei para Aiden, até sua proposta perversa na
manhã seguinte. Contei sobre Ryker e como foi bom finalmente me livrar
da tensão sexual e ir para a cama com ele. Descrevi Marcello e sua doçura,
e como ele era um homem e um amante maravilhoso.
“E eu te chamando de vadia sortuda esse tempo todo…”, Aisling disse
quando recuperou o fôlego. “Enquanto na verdade você é uma vadia
gananciosa!”
Virei os dois shots que estavam sobre a mesa, o meu e o dela.
“Culpada.”
“E agora você ainda bebe meu shot!”
Gargalhei e pedi mais dois. Era óbvio que nenhuma de nós voltaria
para o trabalho naquele dia.
Pois então… Aisling. Tinha demorado um fim de semana inteiro para
ela sair do torpor, mas quando ela o fez, voltou ao normal. Quando ela viu
Ryker novamente, deu uma cotovelada nele e disse que ele tinha me
corrompido e que estava me roubando dela.
“Ei…”, Ryker disse, esfregando o braço. “E quem disse que não é ela
que está nos corrompendo?”
E agora nós quatro estávamos celebrando o retorno de Aiden e
Marcello. Nem eu nem Ryker conseguimos ir para Sedona ou Jackson Hole.
Mas tínhamos conseguido ajeitar tudo. Eu fiz o que podia para conseguir
trabalhar remotamente em tempo integral. Me equipei com todas as
ferramentas que eu precisava para trabalhar a distância, não importava de
onde.
Olhei para Marcello e, em seguida, para Aiden, que me deu um sorriso
sexy. Desde o minuto em que eles tinham voltado, havia uma pitada de
calor no meu estômago. A antecipação por estar com eles de novo era quase
mais do que eu podia aguentar.
“Então, tudo certo!”, Aiden disse firmemente. “Viva e deixe viver.”
“Karma bom”, sorri, piscando para Marcello.
Os dois estavam sentados ao meu lado, um de cada lado, perto o
suficiente para me tocar. E acredite, eles estavam me tocando. Suas mãos
não tinham saído das minhas coxas nem por um minuto, a noite toda.
“Podemos pedir a… conta?”, Marcello perguntou.
Ryker gargalhou. “Por quê, cara? Tá ansioso?”
O italiano apertou minha coxa e deu um tapinha em Ryker
simultaneamente. “Escuta aqui, fera. Só porque foi sortudo o suficiente pra
estar com ela a semana toda…”
“Duas semanas”, Ryker corrigiu, sorrindo como um gato sorri para o
rato. “Mas, ei, quem está contando?”
Se havia qualquer ciúme entre eles, era se gabar sobre quem tinha me
comido mais. Até então, Ryker estava ganhando. Agimos como recém-
casados o tempo todo que ficamos em Pleasanton. No cio, compensando
todos os anos de frustração sexual enquanto eu namorava Aiden.
Mas agora…
Eu podia ter os três. E Aiden e Marcello tinham voltado, planejando
compensar o tempo perdido. Aiden tinha reservado uma suíte no Palace de
São Francisco e eu só podia imaginar as coisas gloriosas que faríamos
quando chegássemos lá…
“Como é a cama do nosso quarto?”, Marcello perguntou.
“Uma king size pra patroa e eu”, Ryker brincou. “Cama de solteiro pro
Aiden”, ele pausou dramaticamente. “E você dorme no sofá.”
“Ah, o sofá é perfeito pra você assistir”, Marcello respondeu, suas
mãos viajavam pela minha coxa em direção ao destino final. “Enquanto
Aiden e eu tiramos o atraso com a nossa garota.”
Ele me apertou possessivamente e meu coração acelerou. O calor no
meu estômago se espalhava.
“Só assistir?”, suspirei.
“Por um instante, pelo menos”, Aiden concordou, continuando o jogo.
“Ele pode ter você quando terminarmos.”
“Mas vocês vão acabar com ela!”, Ryker gemeu.
“Pode crer que sim.”
Engoli a seco quando uma mão virou meu rosto gentilmente para o
lado. Marcello me beijou devagar e profundamente, sua língua explorando a
minha. As pontas dos seus dedos roçavam minha calcinha debaixo da
minha saia, e ele venceu a última barreira.
Santo—
“Calma, cara!”, Aiden deu uma risadinha. “A outra mesa está
olhando.”
“O garçom também”, Ryker se intrometeu. “Entre vocês dois se
beijando a noite toda, ele viu… o suficiente.”
Relutante, Marcello interrompeu o beijo, mas manteve os olhos nos
meus. Em apenas alguns segundos, ele fez tantas promessas silenciosas para
quando voltássemos para o hotel.
“Peça a conta”, sussurrei, ainda encarando Marcello. Sorri
inocentemente, apertando-o de volta enquanto me virei para Aiden. “Agora,
por favor.”
Dois dias. Três noites. Era o tempo que tínhamos que ficar em São
Francisco, de onde voaríamos de novo para a Europa. Estávamos indo para
um festival na Escandinávia que eu tinha esquecido o nome, e eles tinham
três clientes diferentes que iriam.
Mas nada de falar de trabalho. Era momento de diversão.
O garçom finalmente trouxe a conta. Aiden sacou um cartão de crédito
e pagou. Ryker e Marcello estavam falando sobre alguma coisa ou
lembrando de alguma história e rindo. Cheguei um pouco mais para perto
do meu ex-namorado e o beijei na bochecha.
“Você tem certeza de que isso não é um plano super elaborado pra eu
transar com seus amigos?”, perguntei docemente.
Aiden gargalhou. “É tão óbvio assim?”
“Sim, bom trabalho!”
“Obrigado”, ele deu uma risadinha. “Foi um golpe demorado, pra ser
honesto, mas finalmente consegui.”
“Aham!”
Ele pegou minha mão e a apertou. “Está feliz?”
Sua expressão mudou e ficou séria. Assim como a minha.
“Em êxtase.”
“Confortável?”
Acenei, com os olhos abertos. “Muito.”
“Apaixonada?”
Suspirei profundamente, inalando seu cheiro. Estudando seu belo
rosto, ouvindo as gargalhadas de Ryker e Marcello ao fundo.
“Profunda e irremediavelmente apaixonada”, suspirei firmemente.
O melhor ex-namorado do mundo acenou, e parecia feliz. “É melhor
você estar”, ele disse. “Porque, se tem uma coisa que eu tenho cem por
cento de certeza, é de que nunca vamos nos perder de novo.”

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contendo um adorável final feliz super-sexy?
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Capítulo 1

DELILAH

Seus olhos são de um incrível azul cerúleo com riscas de um tom mais
escuro, que fazem com que ele pareça esperto e inteligente, apesar da idade.
Olhos que se fixam intensamente em você e encantam sua alma. O tipo que
deixará qualquer garota de pernas bambas...
... daqui uns quinze ou dezesseis anos.
-- Oi, fofinho!
O garoto loiro sorriu, de seu lado das arquibancadas. Ele corria de um
lado ao outro da escada de concreto, em uma espécie de esconde-esconde
entre eu e o que parecia ser uma outra menina de sua idade.
-- Onde está sua mamãe?
A pergunta pareceu confundi-lo. Ele hesitou por um momento,
deixando escapar uma risadinha antes de sair correndo novamente.
Uau. Muito fofo ele.
Voltei a prestar atenção no show dos leões-marinhos, que estava
prestes a começar. Eu sabia disso porque a domadora, uma morena bonita
na casa dos vinte e poucos anos, tinha começado a andar pela plataforma,
reunindo todo o material necessária para entreter o público. Incluindo um
balde de peixes molengas.
Pude sentir outra onda de tristeza me invadindo, mas me apressei a
afastá-la. Normalmente eu estaria apontando e sorrindo. Partindo pedaços
iguais de algodão doce azul e rosa e distribuindo-os para minha sobrinha e
meu sobrinho.
Só que agora, pela primeira vez na vida, eu estava sozinha no aquário.
-- SENHORAS E SENHORES!
A voz da domadora faz um barulho ensurdecedor com a estática em
algum ponto entre seu fone bluetooth e os alto-falantes. Era preciso
melhorar o velho sistema de som com urgência.
-- Sentem-se, por favor. O show já vai começar!
Quase na mesma hora, o menininho veio correndo novamente até mim.
Ele estava chegando cada vez mais perto, me vendo menos como uma
estranha e mais como uma companheira de brincadeira. Acenei novamente
para ele, desejando ter comprado algum algodão doce. Por outro lado,
alimentar o filho de outra pessoa não era exatamente uma boa ideia.
-- Olhe. -- Apontei para o tanque de vidro. -- É melhor ir se sentar, os
leões-marinhos estão chegando!
Ele encarou o tanque por um momento e então voltou a me olhar, com
os olhos arregalados.
-- Vai! -- disse, fazendo sinal para ele ir. -- Volte para os seus pais!
Meu mais recente crush riu para mim e então correu de volta para
perto da menininha. Um homem grande e atraente, trajando um casaco
preto de couro cravejado, está erguendo-a agora em seus braços
musculosos. Seu peitoral é tão longo que ele parece maior do que eu,
mesmo sentado.
Caralho.
Outro homem insanamente bonito, com um cavanhaque escuro, se
senta ao lado do primeiro, cutucando a menina até ela rir. Eu me perco por
alguns instantes admirando o momento de diversão que eles parecem estar
tendo, entre outras coisas.
Rory ri do mesmo jeito.
Ela certamente ri, pensei amargamente. Minha sobrinha tinha o mesmo
riso estridente, enquanto que o de seu irmão, Luke, era mais baixo, como
uma metralhadora. Eu conhecia bem a risada dos dois, depois de tê-los feito
rir um milhão de vezes.
Agora mesmo, se estivessem aqui, eles estariam encarando fixamente
o lado esquerdo do tanque, esperando a abertura dos portões submersos. Os
dois leões-marinhos viriam como duas balas, girando e cortando a água
cristalina de um lado para o outro em velocidade máxima.
Suspirei, deixando as mãos caídas em meu colo. Em cinco anos, essa
era a primeira vez que eu não os trazia aqui para comemorar o aniversário
deles. Bem, não exatamente. Quando eles fizeram três anos, nós tentamos o
museu infantil em Bridgehampton. E embora o lugar colorido fosse
divertido, não chegou nem perto da magia do Riverhead aquarium.
Não, minha dupla preciosa amava esse lugar tanto quanto eu. Da
exibição de borboletas e joaninhas até o tanque circular perto da saída, onde
podíamos alimentar e tocar as pequenas arraias. Uma vez por ano eu os
roubava de minha irmã mais velha, dirigindo para o Leste, para que
pudéssemos caminhar pela caverna escura junto ao tanque dos tubarões,
admirar os polvos, os cavalos-marinho e, claro, assistir ao show dos leões-
marinhos na arena externa.
E claro, eu os mimava o máximo que podia, enviando-os de volta para
casa com as barrigas cheias de doces e três ou quatro criaturas marinhas em
pelúcia, cortesia da lojinha do Aquarium.
Mas agora...
Agora, Patrícia e o marido John tinham se mudado para Maryland,
levando as crianças com eles. E ainda assim, aqui estava eu, visitando o
Aquarium neste dia tão especial. Só que dessa vez, sozinha.
Meu coração dói. Eu tinha achado que vir até que aqui poderia fazer eu
me sentir melhor. Imaginei que um lugar como este só poderia trazer boas
memórias, e que eu poderia fazer uma chamada de vídeo com as crianças
no meio do show dos leões-marinhos.
No entanto, eu estava me sentindo mais triste e saudosa do que nunca.
-- Certo -- a domadora gritou de modo animado no microfone.
Felizmente a estática tinha passado --, eu quero que todo mundo se prepare
para receber animadamente...
E então, tudo aconteceu tão rápido que eu mal tive tempo de reagir. O
menininho passou correndo à minha frente, com os braços erguidos no ar,
esgueirando-se pela abertura da grade de aço, para voar como o Super-
Homem...
NÃO!
Meu coração veio à boca. Sem pensar, minha reação foi imediata,
pulando de onde eu me encontrava e me jogando pela mesma abertura
estreita. Meu corpo mal cabe ali. O único modo é ir na horizontal,
deixando-me totalmente vulnerável aos efeitos da gravidade, enquanto
fecho os braços ao redor do garotinho, para protegê-lo da queda inevitável.
Meu Deus!
Estávamos na quarta ou quinta fileira, a uns bons dois ou três metros
do chão. Enquanto caímos em queda livre, girei meu corpo para protegê-lo,
embalando-o em meus braços enquanto esperava o inevitável choque contra
o cimento.
A última coisa que vi foram os dois pais do menininho, olhando
horrorizados para baixo enquanto corriam para a borda, agarrando a grade.
Logo em seguida senti uma explosão de dor nas costas, ao mesmo tempo
que pontos prateados surgiam em meu campo de visão, antes da escuridão
total.
Capítulo 2

LIAM

-- Rápido, vire à direita!


Duncan girou o volante tão rápido que pareceu que estávamos sob
duas rodas. O que, considerando o modo como ele estava dirigindo, não
seria totalmente impossível.
-- Vamos, cara, vamos perdê-los de vista!
A ambulância tinha virado à nossa frente alguns quarteirões adiante.
Eu não tinha muita certeza do quanto estávamos longe do hospital
Southampton, mas definitivamente era isso que a ambulância tinha escrito
em sua lateral.
-- Dá para calar a boca um pouco? -- disse Julius, no banco de trás. --
Ele sabe para onde está indo!
-- Sim, mas...
-- Além disso -- interrompeu Julius --, não deveríamos estar indo tão
rápido. Temos crianças no carro, lembram?
Olhei para o banco de trás, onde Jace e Courtney estavam sentados,
quietinhos. Eles pareciam mais desapontados do que chateados com nossa
partida tão precipitada. Jace parecia mais abalado por perder o show dos
leões-marinhos do que por sua experiência de quase morte.
Quase morte. Puta merda!
Eu não podia acreditar na nossa sorte ou no quanto tínhamos sido
descuidados! Jace poderia ter morrido ou ter se machucado gravemente. Foi
tudo tão rápido! A coisa toda tinha acontecido em uma fração de
segundos...
Se aquela mulher não estivesse lá...
Sentia um arrepio só de pensar em completar o pensamento. E ainda
assim, a mulher estava lá. Aquela mulher incrível, linda e rápida como um
flash, com instinto maternal suficiente para evitar uma tragédia impensável.
-- Dois segundos -- Duncan murmurou para si mesmo. -- A gente
deixou de vigiar ele por dois segundos.
-- Dois segundos é o necessário -- resmungou Julius.
-- Você nem mesmo estava lá -- rebati. -- Estava comprando cachorro
quente.
Meu amigo resmungou de novo, relutante ou talvez incapaz de se
defender, ali sentando entre as duas crianças. Courtney estava prestes a cair
no sono. Enquanto Jace, se entretinha brincando com as fivelas do cinto de
sua cadeirinha.
Pelo menos ele está bem, pensei comigo mesmo. Ele nem vai se
lembrar disso.
Quanto a mim, isso seria outra história.
-- Ele correu tão rápido -- murmurei --, em um segundo estávamos
fazendo cosquinhas em Courtney e no segundo seguinte...
No segundo seguinte Jace estava voando pelo espaço aberto da grade,
saltando para o nada em um dos lados da arquibancada de concreto.
E então ela estava voando também, bem ao lado dele.
Graças a Deus.
A mulher tinha caído girando o corpo para proteger Jace da queda. Ela
atingiu o concreto com um barulho oco que eu não poderia esquecer
enquanto vivesse e então, de repente, Duncan estava puxando Jace de seu
abraço protetor. Rapidamente uma multidão se formou ao redor, enquanto
fazíamos tudo o que podíamos para mantê-la consciente. Mas o impacto da
queda tirou todo o ar de seus pulmões. Sem conseguir respirar e ainda tonta,
provavelmente por ter batido a cabeça, ela desmaiou nos meus braços.
Foram cinco minutos de puro caos, enquanto Julius retornava da área
de alimentação. Ele deixou cair a bandeja de cachorros-quentes e correu em
nossa direção, enquanto eu colocava minha jaqueta de couro debaixo da
cabeça dela, para mantê-la fora do concreto frio. Mas antes que qualquer
um de nós pudesse fazer o procedimentos para reanimá-la, o pessoal da
ambulância já estava lá. Dois paramédicos materializaram-se do nada,
trabalhando juntos para prendê-la a uma maca e a levarem.
-- Ali! Ela está parando!
Seguimos a ambulância direto na rampa de emergência, de onde
rapidamente fomos expulsos. Dois seguranças nos apontaram a direção da
área de estacionamento para visitantes e em minutos estávamos no balcão
da sala de emergência, arrastando as crianças junto conosco.
-- A ambulância acabou de trazer uma mulher -- disse Duncan
apressadamente. -- Ela... ela salvou nosso filho de...
-- Nome?
-- O que?
-- Você sabe o nome dela? -- a recepcionista voltou a perguntar.
-- Bem, não, mas...
-- Nesse caso é melhor sentar e esperar -- disse ela. -- Informaremos o
que está acontecendo assim que pudermos.
Vinte minutos se passaram. Uma hora. Depois de noventa minutos
estava escuro do lado de fora e a sala de emergência cada vez mais cheia.
Não muito longe, à nossa esquerda, uma mulher de cabelos grisalhos e
olhos vermelhos tossia pela décima sexta vez.
-- Não gosto disso -- resmunguei.
-- Nenhum de nós gosta -- suspirou Julius. Ele estava sentado o mais
longe possível dos outros pacientes, os braços protetoramente ao redor de
um Jace extremamente sonolento. -- Mas não podemos fazer nada.
-- Vá perguntar de novo -- implorei --, talvez eles...
-- Já perguntei três vezes -- reclamou ele. -- Duncan duas. Eles estão
cansados de nós. Talvez seja a sua vez.
Duncan acenou, concordando e estendeu os braços para pegar
Courtney. A pequena anjo loira tinha adormecido em meus ombros quase
instantaneamente quando chegamos aqui.
Passei nossa filha para ele e me aproximei do balcão. Dessa vez, tinha
uma pessoa diferente atrás dele. Um homem com cerca de metade da idade
da outra recepcionista.
-- Olha, eu sei por quem vocês estão esperando e só agora tivemos
notícia. A mulher do aquário está bem. Está estável, mas os médicos ainda
estão examinando ela. Nesse exato momento ela está sendo transferida para
um quarto, onde passará a noite.
-- Podemos ao menos vê-la? Talvez por um minuto ou... -- perguntei
franzindo as sobrancelhas.
-- Acredito que não seja possível. Me disseram que ela está
descansando.
O homem parou, me encarando de cima a baixo. Quando voltou a
falar, sua voz era mais suave, quase compassiva.
-- Olha, não tem nada que vocês possam fazer esta noite. Por que não
voltam amanhã de manhã, com todo mundo descansado? Vocês poderão vê-
la amanhã.
Eu me virei e quase na mesma hora a mulher idosa tossiu outra vez.
Dessa vez, o homem sentado ao seu lado tossiu também... sem cobrir a
boca.
Merda.
Duncan e Julius pareciam cansados e as crianças estavam exaustas. Na
pior das hipóteses, estávamos todos pegando um monte de germes novos. O
homem atrás do balcão estava certo, não havia mais nada que pudéssemos
fazer ali. Por mais que quiséssemos ver e agradecer nossa heroína,
permanecer mais tempo ali só pioraria as coisas.
-- Certo, vamos para casa -- concordei pegando uma das canetas em
uma caneca em sua mesa. -- Só mais uma coisa. Você pode me dizer o
nome dela?
A expressão em seu rosto se tornou estranha.
-- Eu... eu temo não poder fazer isso também.
-- Por que não? -- resmunguei.
-- Faz parte do regulamento. Regras de confidencialidade do paciente
e...
-- Tá bom -- rosnei, mais irritado com as regras do que com o
recepcionista em si. -- A que horas começa as visitas amanhã?
-- Às oito da manhã.
Enfiei a caneta de volta na caneca do recepcionista com tanta força que
ela tombou, espalhando canetas para todos os lados.
-- A gente se vê, então.
Capítulo 3

DELILAH

-- Então foi só isso? O impacto me fez ficar sem ar?


O médico estava parado à minha frente, à luz do amanhecer, bocejando
sem parar. Ele segurava um copo de café fumegante em uma mão e meu
prontuário na outra. Parecia uma cena diretamente saída de alguma série
médica semanal.
-- Ainda estamos esperando uma segunda rodada de exames de sangue,
mas...
-- Por que?
O homem parado aos pés de minha cama me olhou confuso. Ele não
estava preparado para aquela pergunta.
-- Como assim por que, Srta. Gallo?
-- O que estava errado com a primeira rodada de exames de sangue? --
perguntei. -- Tinha algo errado?
Ele voltou a encarar o prontuário, como se esperasse encontrar alguma
resposta que não tivesse visto antes.
-- Bem, não, mas...
-- E quanto ao raio-X do tórax? -- perguntei. -- E acredito que vocês
tenham feito uma ressonância?
-- Os raios-X não mostraram nada negativo -- disse ele, engolindo em
seco. -- Nenhuma costela quebrada. Você tem algumas costelas
machucadas, o que pode ser tão ruim quanto uma fratura. Na verdade,
mesmo que tivesse fraturado alguma delas...
-- Eu sei. Eu sei -- disse o cortando --, o tratamento seria o mesmo.
Você não poderia imobilizá-las; isso ficou no passado. Já que inibe a
respiração e os ossos cicatrizam em um ângulo mais superficial do que
deveriam.
Eu tinha aprendido a maioria dessas informações em minhas aulas de
anatomia no segundo ano de faculdade. Isso quando eu ainda frequentava as
aulas e ainda estava matriculada na universidade.
-- Então meu sangue está normal, não quebrei nada e não bati a cabeça
-- disse sem rodeios. -- Eu desmaiei por falta de oxigênio nos pulmões por
ter batido fortemente no chão.
O homem torceu o bigode, o qual àquela altura de sua vida estava 50%
grisalho.
-- Parece que sim -- respondeu, incerto, voltando a encarar o
prontuário. -- Aparentemente quando você caiu das arquibancadas...
-- Pulei -- disse, o corrigindo.
-- O que?
-- Eu pulei das arquibancadas -- disse novamente. -- Eu não caí.
O médico soltou o café, pegando a caneta. Quando voltou a me
encarar, ele estava coçando o queixo.
-- Se estiver me dizendo que pulou intencionalmente, Srta. Gallo --
disse ele com a voz grave --, temo que precisaremos de outro tipo de
médico.
-- Não foi intencionalmente -- disse, suspirando em exasperação. --
Caramba, por que todo mundo sempre tem que presumir o pior
-- Então o que você...
-- Eu pulei para salvar uma criança que estava caindo -- expliquei. --
Era um menininho; cabelos loiros, olhos azuis... -- Olhei ao redor, sem
saber ao certo o que estava buscando. -- Ele está internado aqui? Ele está
bem, certo?
-- Não ouvi nada sobre nenhum menino, Srta. Gallo.
-- Ai que bom -- suspirei aliviada. -- Se ele não está aqui é porque
provavelmente está bem. Tenho quase certeza de que absorvi todo o
impacto. Do jeito que bati no chão, sentirei isso por um bom tempo.
Me inclinei para a frente, mas quase imediatamente fui obrigada a
retomar minha posição anterior ao sentir uma dor aguda atravessar o lado
direito do meu corpo.
-- É, eu realmente machuquei algumas costelas.
Eu tinha estado grogue durante o trajeto de ambulância, mas voltei aos
meus sentidos rapidamente na emergência do hospital. Eu tinha deixado o
pessoal da equipe fazer o que precisava por metade da noite, me
examinando por todos os ângulos e então finalmente dormi a outra metade.
Mas agora, eu estava farta.
Mais do que farta, na verdade.
-- Algum sinal dos dois homens que me viram cair? -- perguntei
esperançosa. -- Altos. Morenos. Lindos. Um tinha uma barba bem aparada...
o outro talvez tivesse um cavanhaque, ou...
-- Não -- disse o médico balançando a cabeça --, não tenho ideia sobre
quem você está...
-- Deixa pra lá então -- disse retirando a agulha do meu braço. --
Obrigada por tudo, doutor. Tenho certeza de que o departamento financeiro
estrará em contato comigo.
O homem observou com incredulidade enquanto eu removia
cuidadosamente a agulha, arrumava os tubos e reaplicava o curativo médico
em meu braço. Ele me olhava tão chocado enquanto eu pegava o celular e
abria o aplicativo do Uber, que achei que o copo de café fosse escorregar
por seus dedos.
-- Você poderia me passar minhas roupas, por favor? -- Apontei. -- E
puxar a cortina?
-- Srta. Gallo -- gritou ele --, você não pode simplesmente...
-- Ir embora? -- perguntei rindo. -- É claro que eu posso. E eu vou.
Saltei da cama, pisando do chão frio. Merda, por que os pisos de
hospitais tinham que ser sempre tão frios? Eles não poderiam ter algum tipo
de piso aquecido?
-- Mas você não recebeu alta! -- disse o médico, franzindo a testa. --
Ainda precisamos esperar...
-- O médico do próximo turno vir olhar meu prontuário pela terceira
vez? -- perguntei com desembaraço. -- Outra rodada de exames de sangue
inúteis?
-- Você não pode simplesmente...
-- Devo esperar duas horas depois disso pelos papéis da minha alta? --
perguntei rindo. -- Depois outra hora para alguém encontrar uma cadeira de
rodas desocupada e uma ordem para trazê-la até aqui?
-- Mas...
-- Sim, toda essa baboseira iria levar umas seis ou oito horas -- disse
eu. -- No mínimo. Eu não chegaria em casa antes do jantar e eu estou
faminta.
Peguei minha calça jeans e a vesti diante dele mesmo, puxando-a por
baixo da camisola do hospital. Quando peguei minha blusa, suas bochechas
já estavam vermelhas.
-- É melhor assim -- disse eu, terminando de me ajeitar. -- Acredite.
Encurralado do outro lado do quarto, o médico não teve outra
alternativa a não ser encarar o chão até eu terminar de me vestir. Faço uma
careta enquanto passo blusa e suéter pela minha cabeça, calço os sapatos e
largo a camisola, sem cerimônias, em cima da cama.
Quando o homem abre a boca pela última vez eu o corto antes que ele
possa falar qualquer coisa.
-- Muito descanso, gelo e o mínimo de esforço por um tempo. Não é
isso?
-- Bem, sim, mas...
-- Mas o que?
Ele apontou para a cadeira vazia onde minhas roupas estavam até
pouco tempo atrás. Só que ela não estava vazia.
-- Eu apenas ia dizer que você esqueceu sua jaqueta.
No meio da cadeira de laminado e aço estava uma grande jaqueta
preta, de couro. Ela tinha tachinhas nos ombros, exatamente como...
Exatamente como a que o cara segurando a garotinha usava, no
aquarium.
-- Essa jaqueta não é minha -- disse quase como um reflexo.
-- Bem, ela definitivamente veio com você -- respondeu o médico,
dando de ombros. -- Isso é tudo o que eu sei.
Peguei a jaqueta, chocada com o tamanho e o peso dela. Ela tinha um
cheiro de couro, óleo e aço; um cheiro bem masculino. Colônia também. O
cheiro era viril sem ser sufocante. Doce, almiscarado e delicioso.
Ainda sentindo um pouco de frio por causa da camisola do hospital, eu
me enfiei dentro dela. Pela janela, eu podia ver que o céu tinha ido do
violeta para o azul, com um tom amarelado.
-- O café é da cafeteria lá embaixo, não é? -- perguntei. -- Ele é bom?
Como que em piloto automático, o médico apenas balançou a cabeça,
devagar.
-- Deixa pra lá, eu dou um jeito.
Capítulo 4

DELILAH

-- E quanto à sua metade do aluguel -- suspirei, fervilhando de raiva


por dentro. -- Você teria como pagar pelo menos isso?
Do sofá, Traci sinalizava que não, com um gesto de mão. Eu já tinha
visto esse filme tantas vezes antes que podia imitar cada gesto
perfeitamente.
-- O velho nos dará outra semana -- respondeu ela. -- Ele sempre dá.
O "velho" a quem ela se referia era nosso locador, que infelizmente,
morava logo no andar de cima. Mesmo trabalhando o número insano de
horas que eu trabalhava, era eu quem normalmente lidava com ele. Traci
raramente o via e se recusava a abrir a porta nas raras ocasiões em que ele
aparecia.
-- Além do mais -- continuou ela --, ele nem precisa do dinheiro. Você
viu o Escalade estacionado na vaga dele? Ele está nadando no dinheiro.
Sério? Ela realmente tinha dito isso? Eu dividia o apartamento com a
mulher de 25 anos mais imatura do planeta.
-- Se não pagarmos, ele vai nos despejar -- insisti. -- Não seria nada
difícil, Traci. A gente nem mesmo tem um contrato.
-- Ele não pode nos despejar -- argumentou ela. -- É preciso seguir
todo o processo de ordem de despejo antes.
Suspirei tão fundo que minhas costelas voltaram a doer. Merda, por
que mesmo eu concordei em morar junto com essa idiota?
-- Relaxa, Delilah. -- Minha companheira de apartamento sorri,
adicionando uma risadinha para ajudar a aliviar o clima. -- Eu terei o
dinheiro. Não se preocupe.
-- Quando? Uma semana antes do vencimento do mês que vem?
-- Não. Eu só preciso ver o Mark antes -- disse ela confiante. -- As
coisas têm estado intensas entre nós dois. Você viu todas as flores que ele
me enviou?
Se eu vi? Elas praticamente estavam tomando a cozinha inteira! Devia
haver uns seis ou sete buquês, de diferentes formatos, tamanhos e
variedades. Dava para imaginar que uma florista tinha aberto uma
floricultura em um apartamento de merda no subsolo. No entanto, eu tinha
que admitir, o cheiro era maravilhoso.
-- Ao invés de gastar centenas de dólares com flores que já estarão
mortas semana que vem -- teorizei --, talvez seu namorado pudesse te
emprestar esse dinheiro e, com isso, você pagar o que deve?
Os comerciais tinham acabado e Traci estava novamente prestando
atenção na televisão. Quando finalmente me encarou de novo, parecia
irritada.
-- Espera, como é que é?
Como é que é?... Ela era tão estúpida. Eu odiava isso! Com o tempo, a
expressão favorita de Traci tinha se tornado minha criptonita.
-- Esquece -- suspirei com raiva. Eu estava mais irritada do que nunca
hoje, provavelmente porque minhas costelas doíam muito e eu me recusava
a tomar remédio. -- Você poderia pelo menos tirar algumas das suas coisas
daqui? Eu preciso da mesa.
-- Pode tirar -- respondeu Traci, cheia de preguiça --, é só empurrar pro
lado.
Usando o braço eu abri um espaço na entediante mesa amarela de
fórmica, de modo a poder pagar algumas contas. Ao fazer isso, um cartão
escrito à mão caiu de um dos buquês, acertando minha mão.
Argh, rosnei internamente, lutando contra a vontade de ler aquilo
(embora eu soubesse que o faria de qualquer jeito). A última coisa que eu
preciso agora é de alguma coisa estúpida, melosa...
Eu parei, piscando. O cartão não era para Traci. Ele era para mim.
-- Traci?
-- Quê?
-- De quem você disse que eram as flores?
Com um braço ainda sobre o sofá, minha colega de apartamento levou
outra colher de sorvete até a boca.
-- Mark me enviou.
Você tem certeza disso?
-- Certeza -- disse ela, dando de ombros. -- Quer dizer, eu não
perguntei a ele, na verdade, apenas agradeci por...
Ignorei o resto da frase e virei o cartão. Ele estava endereçado
diretamente a mim, com um endereço de devolução para o hospital
Southampton. Bastou uma olhada rápida nos outros buquês para ver que
todos tinham vindo da mesma florista. Todos eles para mim.
Que merda era aquela?
Rapidamente liguei para o número principal do hospital e fui
transferida para o setor de emergência. Depois de ser passada de uma
pessoa para outra três vezes, fui atendida por uma mulher chamada Rose.
-- Sim, eu fui a pessoa que encaminhou as flores para você -- disse ela
com alegria. -- Elas eram lindas, não eram?
-- Sim, elas eram -- concordei. -- Mas... por que?
-- Bem, elas foram enviadas para você, meu bem. Foram trazidas logo
depois que você saiu. Os homens que as trouxeram ficaram bem chateados
por terem se desencontrado de você. E eu prometi encontrar suas
informações e encaminhá-las para você.
Eu me virei. Traci continuava assistindo televisão, totalmente
distraída.
-- Estes homens deixaram algum contato? -- perguntei rapidamente.
-- Não -- disse Rose, pensativa --, acredito que não. Mas você sempre
pode telefonar para a floricultura. Tenho certeza de que eles ficarão felizes
em ajudar.
-- Sim, claro -- disse começando a me sentir animada. -- Obrigada,
Rose.
-- Fique bem, docinho.
Capítulo 5

DELILAH

A viagem pela North Fork, pela região nordeste de Long Island foi tão
bonita como sempre, mas as coisas pareceram surpreendentes depois de
Mattituck. A estrada continuava para o leste, passando por Cutchogue,
Peconic, e finalmente Southold. Intencionalmente, eu não procurei o
endereço que a florista me deu. Eu queria ser surpreendida.
Puta merda...
Surpreendida não chegava nem aos pés disso.
-- Só pode ser um sonho.
Murmurei as palavras enquanto virava na longa rua arborizada,
passando lentamente por baixo de um grande portão de ferro forjado. A
letra "J", que deveria estar centralizada, estava ligeiramente torta. As
cerejeiras de ambos os lados deveriam estar bem podadas, mas pareciam
disformes e desniveladas.
Ainda assim, a propriedade era gigantesca. E com todo este terreno, no
bairro exclusivo dos Hamptons? Ela poderia estar coberta de espinhos e
ainda assim valeria seu peso em ouro.
A entrada terminava em um loop circular, em torno de uma bela fonte
de pedra multicamadas. Não havia água e, pelo jeito, já fazia algum tempo.
A fonte estava repleta de folhas, e suas paredes estavam listradas e
manchadas.
Outro caminho levava diretamente até a casa, que dominava tudo, de
modo impressionante. Em algum momento ela deve ter sido magnífica, com
torres duplas, empenas invertidas e um grande alpendre envolvente,
rodeando ambos os lados e desaparecendo em direção à parte de trás da
casa. Colunas extravagantes sustentavam o beiral além do qual dezenas de
janelas longas ofereciam vistas incríveis dos arredores da propriedade e do
estreito de Long Island.
Surreal.
Quem quer que tenha morado ali tinha deixado o lugar se deteriorar,
mas havia também novos sinais de esperança. Eu podia ouvir uma batida
constante, e o som distante do que soava como uma serra elétrica.
Andaimes cobriam todo o lado esquerdo da casa, e dois caminhões
diferentes, ambos cheios de madeira e outros materiais de construção,
estavam estacionados ao lado de um sedã preto elegante.
Parei junto à fonte, subi pela calçada e bati na porta dupla, que estava
aberta. Quase imediatamente, o soar do martelo do lado de dentro parou.
Por algum motivo, o silêncio me deixou repentinamente nervosa. E eu
nunca fico nervosa.
-- Olá?
A voz vinda de dentro era grave, mas agradável. Eu vi o deslocamento
das sombras e então um dos dois homens do aquário surgiu no meu campo
de visão.
-- É você!
Seus olhos se arregalaram com o reconhecimento imediato. Ele parecia
tão profundamente chocado que não pude conter um sorriso.
-- Sim. Sou eu.
O pai barbudo da menininha loira usava a camiseta mais apertada e
suja que eu já tinha visto, destacando braços esculpidos e ombros
maravilhosamente musculosos, os quais estavam ainda mais cobertos de
areia e sujeira do que a própria roupa.
-- O que... O que você está... como você...
-- Vim agradecer por todas aquelas flores -- disse sorrindo --, mas
principalmente, para ver o menino. Eu precisava ter certeza de que ele
estava bem.
-- Jace -- disse o homem, soltando o ar. -- Você está falando do Jace.
-- Este é o nome dele?
-- Sim.
-- E você é...
-- Liam -- disse ele, tornando-se ainda mais vermelho do que já estava.
Ele estendeu uma mão coberta de serragem, parou e a limpou em sua perna
algumas vezes antes de estendê-la novamente. -- Desculpa, eu estava...
-- Trabalhando duro -- completei. -- Eh, eu percebi isso.
Ele era maior do que eu me lembrava, mais alto, mais magro e mais
imponente. Sua camiseta estava tão apertada, que chegava a estar rasgada
em alguns pontos, deixando aparecer um tronco largo e musculoso
assentado em numa cintura fina e estreita.
Merda.
Me obriguei a olhar novamente para cima quando meus olhos
alcançaram o botão de seu jeans desbotado, mas não sem antes dar uma boa
olhada em seu abdômen. Não tinha como não olhar, na verdade, eles eram
proeminentes, mesmo através da camiseta. Distraidamente, eu me
perguntava se ele era casado ou...
-- Devo me virar?
Merda, ele me viu olhando. Nada a ser feito, mas...
-- Se você não se importar, claro.
A risada de Liam era tão fofa quanto ele e eu meio que esperava que
ele se virasse e me mostrasse a bunda. Em vez disso, seus olhos desceram,
encarando meu próprio corpo descaradamente. Se ele tivesse uma esposa ou
namorada, nós dois estávamos agindo provavelmente como dois babacas.
Mas se não...
-- Vem, entra -- disse ele. -- Os outros vão cair duros quando virem
você.
Entrei no hall de entrada da casa inacreditável, coberto de serragem,
ferramentas e gesso partido. Dois conjuntos de degraus elevavam-se para a
esquerda e para a direita, conduzindo ambos a uma varanda ornamentada,
no segundo andar. Um deles coberto com papel de parede marrom.
-- Os rapazes estão por aqui... -- disse ele, parando debaixo de um
arco, enquanto puxava uma cortina de plástico.
Rapazes. No plural. Franzo minha sobrancelhas.
-- Espera, não guardei seu nome.
-- Eu não falei -- sorri --, mas é Delilah.
-- Delilah? -- Ele falou devagar, como se estivesse saboreando.
-- Isso.
-- Nunca conheci uma Delilah antes -- disse ele sorrindo, ainda
segurando a cortina para mim. -- Mas é um belo nome.
Atravessamos para uma outra parte da casa, que obviamente não
estava em obras ainda. Os cômodos eram cavernosos e com pouca
decoração. No entanto, vi alguns quadros. Em um deles havia medalhas e,
em outro, o que pareciam ser alguns emblemas coloridos. Uma bandeira
americana não estava apenas pendurada na parede, mas ela se estendia
sobre tudo. Tudo parecia limpo e utilitário e...
Militar.
A cozinha, no entanto, tinha sido modernizada e parecia viva.
Enquanto passávamos por ela, pude sentir o aroma de algo cheiroso e então
vi a panela de molho no fogão. Liam abriu um par de portas francesas do
outro lado de uma mesa de cozinha alongada, as quais levavam a um pátio
cheio de vegetação.
Quase imediatamente vi o menininho que voara como o Super-Homem
pelas arquibancadas. Ele estava brincando na grama com a menina loira,
rolando uma bola para frente e para trás com um terceiro homem que eu
não conhecia.
-- Vejam quem eu achei! -- gritou Liam.
O outro homem do aquário, o que tinha uma barbicha, estava à minha
esquerda, no meio da serragem de madeira. Ao me ver, ele deixou tudo cair,
incluindo seu queixo.
-- Você!
Sem qualquer outra palavra ele correu até mim, me puxou para os seus
braços e me abraçou até eu gritar de dor.

Uma Babá para os Comandos


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Sobre a Autora
Krista Wolf é uma amante de ação, fantasia e todos os bons filmes
de terror... bem como uma romântica incorrigível com um lado
sensual insaciável.

Ela escreve histórias cheias de suspense, repletas de mistério e


recheadas de voltas e reviravoltas excitantes. Contos em que
heroínas obstinadas e impetuosas são a força irresistível jogada
contra inabaláveis heróis poderosos e sarados.

Você gosta de romance inteligente e espirituoso com um toque


picante? Você acabou de encontrar sua nova autora favorita.

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Table of Contents
Contents
Title Page
Copyright
1 - Summer
2 - Summer
3 - Summer
4 - Aiden
5 - Summer
6 - Summer
7 - Summer
8 - Summer
9 - Summer
10 - Summer
11 - Ryker
12 - Summer
13 - Summer
14 - Summer
15 - Summer
16 - Summer
17 - Summer
18 - Ryker
19 - Summer
20 - Summer
21 - Summer
22 - Marcello
23 - Summer
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29 - Summer
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31 - Summer
32 - Summer
33 - Ryker
34 - Summer
35 - Summer
36 - Summer
37 - Summer
38 - Summer
39 - Marcello
40 - Summer
41 - Summer
42 - Summer
43 - Aiden
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45 - Summer
46 - Summer
47 - Summer
48 - Summer
49 - Summer
Epílogo
Uma babá para os Comandos
Sobre a Autora

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