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Resumo: Neste trabalho realizamos uma análise fenomenológica para compreensão das estruturas
significativas de “jogo educativo”, “jogo didático” e “jogo pedagógico”, que são termos empregados por
Soares (2015; 2016) e Cleophas, Cavalcanti e Soares (2018). De início revelamos as essências de jogo
e educação para, em seguida, compreender as três citadas. Foi possível fundamentar e explicitar
significados e critérios para uso das terminologias, além de ressaltar a importância de uma distinção que
possa facilitar a comunicação e não causar poluição da linguagem. Defendemos que quando precisamos
de novas denominações, é mais adequado que reciclemos aquelas que são usuais. No caso de jogo
didático e jogo pedagógico, tratam-se de jogos educativos formalizados, cujos significados não estão
relacionados apenas com Didática e Pedagogia, mas com uma questão de ineditismo. E jogos podem
ser educativos ou não educativos, sendo que o primeiro depende de um mínimo de aprendizagem,
resultante de ensino ou não.
INTRODUÇÃO
Quando diferentes terminologias carregam o mesmo significado, a
comunicação se torna mais complicada e até confusa, pois as pessoas podem estar
falando de mesmas coisas sem haver consenso quanto a denominação, o que causa
uma “poluição da linguagem” e não contribui para a compreensão. Assim, tornam-se
necessários novos significados, classificações e combinações para diferenciar termos
usuais e com sentidos generalizantes. Esse é o caso das terminologias “jogo
educativo”, “jogo didático” e “jogo pedagógico”, muito utilizadas para designar o uso de
jogos no contexto educacional, bem como no ensino de química, mas sem uma
distinção clara entre elas, segundo Cleophas, Cavalcanti e Soares (2018).
Diante dessa preocupação, esses autores apresentaram uma proposição que
permite diferenciá-las. Tanto “jogo” quanto “educação” carregam amplos significados,
por isso jogo educativo e suas variações precisam ser criteriosamente elucidados para
que não haja margem de dúvidas sobre seus sentidos. Com isso, nosso objetivo é
realizar uma discussão de natureza fenomenológica sobre jogo educativo, jogo didático
e jogo pedagógico, bem como elucidar suas estruturas significativas, seu sentido
essencial e compreender os porquês da necessidade de uma diferenciação. O que
propomos é uma discussão e busca da essência dos termos que aparecem nos
trabalhos de Soares (2015; 2016) e de Cleophas, Cavalcanti e Soares (2018). Teremos
como questão norteadora: quais as estruturas significativas que sustentam jogo,
educação e jogos educativos, didáticos e pedagógicos?
CAMINHO METODOLÓGICO
A fenomenologia estuda os fenômenos, isto é, aquilo que é dado como
consciência a partir da percepção, imaginação, intuição ou qualquer outro ato. Isso
inclui desde objetos até sentimentos. Não é objetivo da fenomenologia negar a
existência do mundo e das pessoas, mas sim compreender como estes nos são
revelados (ZAHAVI, 2019b; MOREIRA, 2002). O método fenomenológico husserliano é
21º Encontro Nacional de Ensino de Química - ENEQ
Uberlândia – MG – 01 a 03 de Março de 2023
Atividades Lúdicas e Experimentação -
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maioria não. Se todas jogassem e não sentissem prazer, não mais poderia ser jogo.
Seria somente a tentativa de um jogo. Isso levaria as pessoas a não mais quererem
jogar e, se mais ninguém quer jogar, não podemos mais chamar de jogo. Jogo só é
jogo se for jogado. Um objeto que falhou em ser jogo pode ser reformulado e vir a dar
prazer, recebendo novamente a alcunha de jogo. E um jogo pode deixar de ser jogo,
assim como qualquer outro objeto pode vir a ser.
Ao invés de dizermos que algo é jogo, é mais adequado dizer que algo “está
jogo”, porque a denominação jogo depende do prazer de quem o joga. Todo jogo é
pensado e produzido com a intenção de dar prazer. Se o jogo não dá prazer, só fica a
intenção de ter tentado ser jogo. Dessa forma, quanto mais pessoas jogam um jogo,
maiores as chances de continuar sendo jogo, visto que sempre vai haver alguém que
sinta prazer. Por isso a validação do jogo enquanto jogo depende de jogadores
jogando. Não seria adequado dizermos que estamos construindo um jogo, mas sim que
estamos construindo um objeto com a intenção de ser jogo e somente terá essa
alcunha se os jogadores sentirem prazer. Não entramos no aspecto das regras porque
toda intenção de jogo é acompanhada de regras, senão também não poderá ser jogo.
O fator mais variante e instável na decisão do jogo é o prazer, que muda muito
facilmente de pessoa para pessoa.
Soares (2015) defende que o jogo deve ser jogado de forma voluntária, isto é,
o jogador deve ter escolhido jogar. Mas se alguém é obrigado a jogar e no decorrer do
ato sente prazer, poderíamos ainda chamar de jogo? A questão da voluntariedade nos
parece difícil para determinar um jogo enquanto jogo, pois se tem regra e gera prazer,
é jogo. Pode em alguns momentos estar jogo e em outros não. Dizemos que o mais
importante é saber qual foi a última visão do sujeito para realmente determinarmos a
validade. É preferível que o jogador escolha jogar, porque isso significa que algo já o
estimula para a busca da completude que é o prazer. Podemos pensar que dificilmente
um ser humano vá sentir prazer sendo obrigado a algo, porém não podemos afirmar
isso com certeza absoluta.
Em resumo, só podemos dizer que algo é jogo em determinada condição. Por
isso, é mais adequado dizer que algo está jogo. Jogo é tudo que tem regras e dá
prazer em determinado momento, podendo deixar de ser jogo caso qualquer uma
das duas condições não sejam preenchidas. Brincadeira nos parece mais uma
modalidade de jogo com regras pouco rígidas e em que a imaginação é fértil, sem um
espírito competitivo tão aparente, muito diferente do rigor dos jogos de truco, xadrez,
sinuca, etc. O que fazíamos com nossos carrinhos quando éramos bem pequenos, era
uma forma de jogo, que denominávamos brincadeira. A terminologia “atividade lúdica”
é definida por Soares (2015) como atividades que dão prazer e são livres, o que inclui
jogo e brincadeira. No entanto, temos percebido o uso de “atividade lúdica” para todo
jogo que não visa à competição. Quando alguém fala em atividade lúdica, parece
simplesmente uma interação sem que haja um vencedor. Dessa forma, preferimos
reservar o termo jogo para tudo o que dá prazer e tem regras, o que inclui atividades
lúdicas e brincadeiras.
É comum as pessoas utilizarem a terminologia “educação” para o que ocorre
na escola. Contudo, ouvimos muito os termos “educação de berço” e “educação
familiar”. Esses dois atuam como sinônimos um do outro e correspondem ao tipo de
educação que começa no convívio da família, onde os pais ensinam aos filhos as
noções básicas de respeito, do que é considerado certo e errado, das formas de
tratarem as pessoas, etc. Ela ocorre fora da escola. Então, se reduzirmos a
denominação “educação” ao seio escolar, teríamos que criar outras denominações
para o que ocorre no seio familiar. Além disso, a educação abrange mais que família e
intuito de ensinar é para que alguém possa aprender, mas tendo convicção que nem
todo ensino leva à aprendizagem e nem toda aprendizagem é decorrente de ensino.
Uma pessoa pode aprender sem que receba instruções ou informações de outra,
apenas estabelecendo relações com objetos e desenvolvendo certos reflexos ou
mesmo noções nunca antes difundidas por alguém. Um exemplo disso é quando uma
criança manuseia um brinquedo e se desenvolve a partir dele sem que alguém tenha
lhe ensinado a brincar de tal forma. A aprendizagem se dá a partir do desenvolvimento,
podendo até dizer que esta é produto daquele. Quando falamos em desenvolvimento
nos referimos aos aspectos biológico, psicológico e social que, segundo Piaget (1973),
mantém entre si relações de equilíbrio. E só estamos convictos de que houve
aprendizagem depois que a identificamos.
Ainda com base em Piaget (1967; 1973), para aprender precisamos assimilar
as coisas, isto é apropriar-se delas, de forma que possam modificar ou combinar com o
que já sabemos para construirmos novos significados e fazerem sentido para nós, ou
seja, acomodar. Enquanto o ensino é a difusão de informações que intenciona um
aprender, o aprender é o produto do desenvolver, sendo este decorrente de
assimilação e acomodação. Há como aprender sem ensino e ensinar sem que haja
aprendizagem, embora na maioria das vezes a aprendizagem é precedida de ensino.
Caso um objeto traga instruções escritas ou representadas por qualquer símbolo
desenvolvido por outra pessoa ou mesma outra pessoa instrua diretamente um sujeito,
teremos o processo de ensino. Se educação é o desenvolvimento intelectual, moral e
físico e a aprendizagem é fruto de um desenvolvimento resultante majoritariamente de
ensino, então educação está ligada ao ensino e aprendizagem, com a observação de
que nem todo ato de ensinar é educar. Logo, aprendizagem é uma consequência
indispensável para dizer que houve educação e ensinar só pode ser educar se
promove um mínimo de aprendizagem. Em síntese, educar é oferecer condições e
estímulos (sendo o ensino o principal) que culminem no mínimo
desenvolvimento intelectual, moral e físico (aprendizagem) de si mesmo ou de
outros, abrangendo a educação nas escolas, igrejas, empresas, famílias etc.
Recordamos que jogo é tudo o que tem regras e dá prazer, enquanto que educar
envolve ensino que culmina em aprendizagem e/ou aprendizagem sem ensino.
Perguntar pelo jogo educativo é indagar sobre aquilo que tem regras, dá prazer e
ensina culminando em aprendizagem ou promove aprendizagem sem ensino. Isso
abre margem para questionar: existe jogo não educativo? Segundo Cleophas,
Cavalcanti e Soares (2018), o jogo de forma geral não pode ser considerado educativo,
mas todo jogo educativo é jogo. Isso quer dizer que existem jogos que não são
educativos, como certos movimentos corporais que estamos muito acostumados.
Esses são apenas reflexos que dão certo prazer e seguem alguma regra, porém não
pensamos mais nessas regras para execução do ato. Em Piaget (2014 apud SOARES,
2018) é o que se denomina jogo de exercício, o qual pode não levar a desenvolver-se
ou aprender, sendo somente a expressão da educação enquanto aprendizagem, ou,
são simplesmente atos de inteligência prática de um bebê.
O jogo, em sua essência, está presente nos movimentos corporais porque um
reflexo é regulado por uma regra de interação entre organismo e meio, mesmo que não
tenhamos convicção disso. Um exemplo citado por Soares (2018) é de uma pessoa
rebatendo bola na parede repetidamente com o intuito de relaxar. Há uma regra que
mantém o ritmo em bater a bola na parede, assim como há prazer sentido pelo sujeito.
O ser humano não estará aprendendo nada, mas expressando o que já aprendeu,
sendo um jogo pelo jogo. Não significa que não possa ser educativo, pois se tentarmos
variá-lo, dando-lhe outras características e testando outras formas, estaremos
aprendendo sem que alguém esteja nos ensinando. É uma aprendizagem por
tentativas e erros. Pode que outra pessoa venha e ensine o rebatedor a realizar outros
movimentos, o que também o torna educativo, porque alguém está ensinando e outra
pessoa está aprendendo. Se tiver um sujeito observando a pessoa a rebater a bola,
estará havendo ensino não intencional a quem observa, o que não é garantia de
aprendizagem e nem de um processo educativo.
O jogo é capaz de educar se oferece algum tipo de condição para o mínimo de
desenvolvimento humano. E a educação é capaz de dar prazer, embora na maioria das
vezes os processos educativos sejam sérios e cansativos. Assim, nem todo jogo está
educativo e nem toda educação está lúdica. Lembramos aqui que Soares (2016) nos
ensina que os termos “jogo” e “lúdico” possuem o mesmo significado, então não faz
sentido falar em “jogo lúdico” ou “brincadeira lúdica”. Por isso há necessidade de um
cuidado com as terminologias.
Cleophas, Cavalcanti e Soares (2018) denominam jogo educativo como aquele
que ensina algo. E o ensino pode ser não intencional ou intencional. Os autores fazem
a seguinte classificação: quando há ensino não intencional por meio do jogo,
denomina-se jogo educativo informal (JEI); e quando há ensino intencional por meio do
jogo, recebe a denominação jogo educativo formalizado (JEF). Isso lembra a
classificação da educação conforme Libâneo (2013). Há ainda um entendimento de
jogo no sentido geral ou stricto, que é o jogo propriamente dito enquanto objeto com
regras e que dá prazer, que pode ser educativo ou não. Os autores são categóricos ao
dizerem que somente podemos falar em jogo educativo se este for um arremedo do
próprio jogo e que o jogo em si de forma geral não tem a intenção de ensinar algo a
alguém, mas pode ensinar.
A intencionalidade que caracteriza a divisão do jogo educativo em JEI e JEF é
relacionada ao fato de haver objetivos claros, procedimentos e conhecimentos
sistematizados e momentos específicos para ensinar alguma coisa a alguém. O jogo
que apresenta essas características é o JEF e o jogo que não apresenta essas
características, embora ensine algo a alguém, é o JEI. Faz um grande sentido essa
classificação quando enxergamos a educação como não intencional ou informal e
intencional formal. Um JEI é um objeto que tem regras e dá prazer num momento em
que não há intenção de ensinar, podendo ser em casa, na praça ou até mesmo na
escola, durante a recreação fora das aulas convencionais. Nesse caso, o ensino
também acompanha a ideia de majoração, pois o ensino intencional implica em
educação intencional e o ensino não intencional implica em educação não intencional.
Mesmo assim, tanto o JEI quanto o JEF ensinam algo, o que não significa a garantia de
aprendizagem integral. O ensino ocorre porque alguém difunde alguma informação por
meio do jogo, que consiste em conhecimentos, hábitos ou valores, os quais exigem
assimilação e acomodação pelo sujeito para que possa jogar.
Um mesmo jogo que é educativo em algum momento pode tornar-se apenas
jogo não educativo em outro momento. Por isso acrescentamos ao conceito dos
autores que para ser jogo educativo precisa ensinar algo que culmine no mínimo de
aprendizagem, com a possibilidade de aprendizagem integral. Isso significa que ao
jogar, mesmo que o sujeito não aprenda tudo, mas aprenda ao menos as regras do
jogo, dizemos que foi educativo. Caso não haja aprendizagem alguma, mesmo diante
da difusão de informações, ou seja, o ensino, então não é educativo. Imaginemos o
jogo Banco Imobiliário, que é um exemplo de Cleophas, Cavalcanti e Soares (2018).
Ele traz diversos conceitos sobre matemática, educação economia, administração
financeira, etc. Para quem nunca jogou e vai jogar a primeira vez, esse é um jogo
educativo, se ensina algo que promove o mínimo de aprendizagem. À primeira vista,
não é um jogo escolar, pois pode ser jogado por qualquer pessoa em qualquer lugar.
De uma forma ou outra, mesmo sem um planejamento e objetivos claros, o sujeito que
joga apropria-se de certas informações difundidas por meio de códigos e símbolos, as
quais são acomodadas parcialmente ou integralmente.
Agora se imaginarmos alguém que já jogou esse jogo diversas vezes e
conhece todas as informações, possibilidades, ações e jogadas, sem ver alguma
novidade, essa pessoa passa a jogá-lo quase que de forma automática, porque
consegue prever todos os passos, momentos e consequências. Esse jogo para essa
pessoa perde a função educativa e torna-se apenas jogo. Embora o ato de jogar
continue difundindo informações, não mais resulta em aprendizagem. Há o ensino, mas
não o aprender e, com isso, não podemos dizer que é educativo. O jogo Banco
Imobiliário pode ser classificado como JEI e também pode vir a ser um JEF se houver
um planejamento com objetivos, métodos e momentos bem definidos, ou até mesmo
um simples jogo não educativo caso não culmine em aprendizagem alguma. Um JEF
surge da adaptação de um jogo qualquer com o objetivo de ensinar um conteúdo
específico. Por isso vemos que um JEI pode tornar-se um JEF e vice-versa. Essa
possibilidade está atrelada à intencionalidade em torno do jogo, a qual depende do
ambiente, das pessoas e de seus objetivos majoritários. Imaginemos um professor de
química que cria um jogo sobre modelos atômicos para sua aula. Até o momento que
ele o utiliza para ensinar química de forma intencional, trata-se de um JEF. Esse
professor pode levar o jogo para sua casa e jogar com amigos ou familiares, sem a
intenção de ensinar química, mas que acabando ensinando. Nessa última situação
teremos um JEI. Logo, a questão de ser JEI ou JEF é temporária e flexível.
Soares (2015; 2016) utiliza o termo “paradoxo do jogo educativo” para se referir
à incompatibilidade entre jogo e educação, sendo que paradoxo é a junção de duas
ideias opostas. Mas se jogo e educação são opostos, como pode existir um jogo
educativo? Nem todo jogo está educativo e nem toda educação está lúdica, embora
haja jogos educativos e educações lúdicas que foram assim constituídos. O termo
paradoxo do jogo aplica-se na possibilidade do jogo dá prazer e a educação não.
Entretanto, considerando o amplo sentido de educação, é possível que nem todo
processo educacional seja sério e não-prazeroso. Muitas conversas informais que
ocorrem em casa entre pais e filhos podem ser descontraídas, ensinar algo que
culmine em aprendizagem e ainda ser jogo. Outros processos educacionais podem ser
bem sérios e não-prazerosos, como quando a criança é castigada pelos pais e há uma
conversa séria no sentido de educá-la.
Quando olhamos para a educação formal escolar, a seriedade e o desprazer
são mais frequentes. Isso decorre do fato de ainda estar arraigada ao modelo
tradicional, em que o professor atua mais como um detentor do conhecimento, com
intuito de fazer com que os alunos memorizem fórmulas e conceitos de forma
mecânica. Mesmo que busquemos tornar as aulas mais flexíveis e o aluno mais
participativo, o caráter sério da educação permanece. A seriedade se apresenta porque
estamos lidando na maior parte do tempo com o ensino de conhecimento científico,
que é sistemático e requer todo um planejamento. Por isso a escola tem a educação
intencional formal como majoritária, pois a formalidade é devido à busca pela
padronização de certas condutas, com objetivo de ensinar as mesmas coisas a todos
que estão ali presentes. Esse ensino intencional é sério pelas pessoas envolvidas
terem convicção de que alguém ensina e alguém é ensinado. Apesar de certa
padronização no ensino, isso não quer dizer que a aprendizagem seja padronizada,
visto que cada sujeito tem sua forma peculiar de aprender.
alunos sobre a função do jogo e a liberdade para escolherem se querem jogar. Mas
algum aluno pode escolher não jogar e isso deve ser respeitado. Talvez vendo os
demais jogando, ele se sinta motivado, por isso é importante pensar no jogo educativo
que possa despertar ao máximo a vontade dos sujeitos. É preciso que o jogo tome
emprestado da educação o status de seriedade, enquanto que a educação deve tomar
emprestado o prazer e o dinamismo do jogo.
Cleophas, Cavalcanti e Soares (2018) classificam o JEF em: jogo didático (JD)
e jogo pedagógico (JP). Na visão dos autores essa classificação se faz necessária
porque muitos trabalhos têm utilizado jogo educativo, jogo didático e jogo pedagógico
como sinônimos, o que causa uma verdadeira “poluição da linguagem” e ruídos de
comunicação. Segundo os autores, o jogo didático (JD) é aquele adaptado de outro
jogo conhecido, enquanto o jogo pedagógico (JP) é aquele que apresenta elevado grau
de ineditismo. Observando os predicados “didático” e “pedagógico”, ambos lembram a
Didática e a Pedagogia. No Dicionário Aurélio, o termo “didática” refere-se à técnica
para dirigir a aprendizagem e Pedagogia é a teoria e ciência da educação (FERREIRA,
2001). Ambos são ligados à educação, sendo lógico que “didático” e “pedagógico”
sejam categorias do que é educativo. Libâneo (2013) apresenta a Didática como ramo
da Pedagogia que estuda os meios e condições para o processo de ensino, bem como
o planejamento para tal. E a Pedagogia é aquela que direciona o rumo da educação.
Ressaltamos que esse tipo de educação que a Pedagogia direciona é a formal, assim
como é o ensino intencional aquele que a Didática sistematiza, até porque se existe
uma Didática para sistematizar o ato, só pode ser intencional.
Essas definições nos induzem a pensar que o jogo didático é uma forma de
jogo pedagógico, já que a Didática é um ramo da Pedagogia. Se o JP englobasse o JD,
não faria sentido falar nesse último. Cleophas, Cavalcanti e Soares (2018) ainda nos
apresentam uma relação entre ambos, dizendo que caso um JP seja adaptado, isto é,
alterado por meio da inserção ou mudança de elementos, ele passa a ser um JD. A
ressignificação das terminologias “didático” e “pedagógico” traz resquícios dos
significados de suas terminologias de origem, mas também resolvem um grande
dilema, pois o que antes era identificado como sendo jogo
educativo/didático/pedagógico, é agora somente jogo educativo, classificado em
informal e formalizado e, este último, em didático e pedagógico. O que diferencia o JD
do JP é um aspecto que não tem relação com Didática e Pedagogia: o ineditismo.
Trata-se de um enxerto de um significado a uma terminologia que antes não carregava
tal significado ou que nunca fora utilizado dessa forma. Ao invés de utilizar os termos
didático e pedagógico, os autores poderiam simplesmente falar em jogos adaptados e
jogos inéditos. Então porque insistir em “didático” e “pedagógico”?
Assim como mostrado anteriormente, são terminologias muito utilizadas nos
trabalhos sobre jogos, que poderiam ser ressignificadas sem quaisquer problemas para
o entendimento de jogo educativo. Não faria sentido continuar equiparando “educativo”,
“didático” e “pedagógico”, sendo que a educação é muito ampla e inclui os próprios
processos didáticos e pedagógicos. Os termos didático e pedagógico, pela proximidade
que apresentam, estariam livres para serem ressignificados. E é onde entra a ideia do
ineditismo. Um é considerado jogo adaptado e não inédito, enquanto o outro é inédito.
Utilizar terminologias conhecidas e usuais para englobar o ineditismo, nos parece mais
aceitável do que criar as terminologias jogo adaptado e jogo inédito. A linguagem foi
reciclada, de modo a facilitar a compreensão de quem lê. Com isso, se lemos a
terminologia “jogo didático” imediatamente associamos ao jogo adaptado e se lemos
“jogo pedagógico” associamos diretamente ao jogo inédito. Caso mantivéssemos três
terminologias para um mesmo sentido (jogo educativo/didático/pedagógico), muitos
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21º Encontro Nacional de Ensino de Química - ENEQ
Uberlândia – MG – 01 a 03 de Março de 2023