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INTRODUÇÃO
MECANISMO/FISIOPATOLOGIA
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intestino-cérebro e o sistema nervoso entérico (ENS) (Fig. 1), onde será
abordado cada mecanismo de forma individual.
1- PERMEABILIDADE INTESTINAL
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Essas mudanças na barreira estão relacionadas à diarreia e à dor
abdominal intensa, sugerindo que esse mecanismo pode contribuir para a
geração de sintomas na SII. Embora as causas exatas da "intestino permeável"
na SII ainda não estejam totalmente definidas, diversos fatores têm sido
postulados, incluindo genética, epigenética, disbiose e alergias/intolerâncias
alimentares.
2- ÁCIDOS BILIARES
3- SISTEMA IMUNE
Mesmo que o número de células imunes não seja sempre maior na SII,
há evidências de que essas células estejam mais ativas em muitos pacientes
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com SII. Os mastócitos e células T, por exemplo, desempenham um papel
importante na ativação imunológica e estão mais ativos em pessoas com SII,
liberando substâncias que podem afetar os sintomas.
4- INTERAÇÃO NEUROIMUNES
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Conclui-se a SII envolve interações complexas entre o sistema
imunológico e o sistema nervoso. Mediadores da mucosa intestinal afetam a
sensibilidade à dor e a ativação neural, com mastócitos, células
enteroendócrinas e proteases desempenhando papéis significativos. Além disso,
a liberação crônica de substâncias pode causar mudanças estruturais no SNE,
contribuindo para os sintomas da SII.
5- INFLUÊNCIA DA MICROBIOTA
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alguns pacientes. Essas descobertas levaram à compreensão de que a disbiose
da microbiota pode desempenhar um papel importante na SII.
A microbiota é fundamental na fermentação de componentes não
digeríveis da dieta, produzindo ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) que
desempenham um papel vital na saúde intestinal. No entanto, em pacientes com
SII, a presença de certos carboidratos resistentes, conhecidos como FODMAPs,
pode causar sintomas da doença. A produção inadequada de AGCC pode levar
à inflamação intestinal de baixo grau, um achado comum na SII.
Além disso, bactérias que produzem gás em excesso podem levar a
flatulência e dor abdominal. Esses gases também afetam o trânsito intestinal,
tornando-o mais rápido em alguns pacientes com SII-D. Por outro lado, pacientes
com SII-C podem ter trânsito intestinal mais lento. Isso está relacionado à
presença de metano no intestino, que é controlado por microrganismos
metanogênicos.
A degradação de proteínas também desempenha um papel na SII, com
níveis aumentados de proteases no conteúdo intestinal de pacientes. Isso pode
ser devido à falta de inibidores de serina protease produzidos por bactérias
benéficas, como as bifidobactérias, que são menos abundantes em pacientes
com SII. A fermentação de proteínas gera substâncias prejudiciais, incluindo
sulfeto de hidrogênio, que afetam o revestimento do intestino.
A microbiota também está envolvida na síntese de serotonina (5-HT), um
regulador da motilidade intestinal. Estudos mostram que bactérias intestinais
desempenham um papel crucial na produção de 5-HT. A SII está associada a
mudanças na composição da microbiota, especialmente em relação ao filo
Firmicutes, o que pode estar ligado à regulação do 5-HT.
Portanto, a microbiota desempenha um papel significativo na SII, afetando
a fermentação de alimentos não digeríveis, a produção de gases, a degradação
de proteínas e a síntese de 5-HT. A compreensão dessas interações complexas
é fundamental para avançar no tratamento da SII.
6- EIXO INTESTINO-CÉREBRO
A SII é uma doença caracterizada por distúrbios intestinais, no entanto,
existe uma forte ligação dos aspectos psicológicos e o funcionamento intestinal.
Em pacientes com SII muitos apresentam o quadro de ansiedade e tenham
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comorbidades com outras condições de dor crônica e transtornos psiquiátricos,
levando a estudos que analisam essa interligação do sistema nervoso e
desregulações intestinais.
O cérebro, o intestino e a microbiota intestinal estão interligados de várias
maneiras. O cérebro pode influenciar a motilidade intestinal, a permeabilidade
do intestino, a função imunológica e a composição microbiana. Por outro lado,
alterações nessas funções periféricas também podem afetar a estrutura e o
funcionamento do cérebro, criando um ciclo de interações entre o intestino e o
cérebro.
O processamento de informações relacionadas ao intestino no cérebro
desempenha um papel importante na percepção da dor e nos sintomas da SII.
Por exemplo, a catastrofização, que é a tendência a antecipar os piores
resultados, está relacionada à gravidade dos sintomas de dor na SII. Imagens
cerebrais mostraram diferenças nas redes cerebrais que controlam a emoção, a
atenção e a sensação no contexto da SII. Essas diferenças no cérebro estão
relacionadas à gravidade dos sintomas, a eventos adversos na vida, à
composição da microbiota e a outros fatores.
Esses achados sugerem que a SII envolve alterações no processamento
cerebral das sensações intestinais, bem como disfunções no sistema nervoso,
imunológico e na microbiota. No entanto, ainda são necessárias mais pesquisas
para entender completamente essas complexas interações e determinar a
causalidade entre esses fatores. Por exemplo, é preciso saber se as alterações
cerebrais são uma resposta às mudanças no intestino, ou se são uma
característica genética que predispõe as pessoas à SII. Além disso, é importante
investigar se diferentes subgrupos de pacientes com SII têm variações nas
respostas cerebrais.
Essa pesquisa é fundamental para desenvolver abordagens de
tratamento mais eficazes para a SII e para entender por que a síndrome é
frequentemente associada a outras condições de dor crônica e transtornos
psiquiátricos.
7- GENÉTICA E EPIGENÉTICA
Pesquisas genéticas revelaram associações entre a SII e variações em
genes relacionados à função de barreira intestinal, sistema imunológico e
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transmissão de sinais neurais. Além disso, mutações em genes que afetam o
sistema serotoninérgico, importante na comunicação entre o intestino e o
cérebro, também estão ligadas à SII.
Outros estudos mostraram que variantes genéticas relacionadas à
regulação da síntese de ácidos biliares podem influenciar a velocidade do
trânsito intestinal em pacientes com diferentes subtipos de SII.
Além da genética, a pesquisa de miRNA (microRNA) demonstrou perfis
de expressão diferencial desses miRNAs na mucosa intestinal de pacientes com
SII. Esses miRNAs estão ligados à permeabilidade intestinal, sensibilidade
visceral e outros aspectos da SII.
Esses avanços na pesquisa genética e epigenética têm o potencial de
levar a diagnósticos mais precisos e tratamentos direcionados para a SII. No
entanto, ainda há muito a ser investigado, e estudos futuros são necessários
para entender completamente o papel dos genes e epigenética na SII.
DIAGNÓSTICO
Critérios de diagnósticos
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• Diarreia predominante IBS (IBS-D): mais de 25% fezes soltas e menos
de 25% fezes duras. Parece ser o subtipo mais comum, acometendo
aproximadamente 40% dos pacientes.
Além disso, sintomas, como dor abdominal, devem ser recorrentes pelo
menos 1 dia/semana nos últimos 3 meses (mas com início pelo menos 6 meses
antes) associados a dois ou mais dos seguintes critérios:
1- Melhora da dor com defecação;
2- Início associado a uma mudança na frequência das fezes;
3- Início associado a uma alteração na forma (aparência) das fezes.
Características Clínicas
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outros. Além disso, é comum encontrar comorbidades psicológicas, como
ansiedade e depressão, em pacientes com SII.
Testes Laboratoriais
TRATAMENTO
FARMACOLÓGICOS:
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Para SII-D, antidiarreicos são comumente utilizados, como loperamida. Se
esses não forem eficazes, medicamentos de segunda linha, como alosetron,
ramosetron, rifaximina e eluxadolina, podem ser considerados.
No casos SII-C, os laxantes são frequentemente prescritos.
Polietilenoglicol e erva sene são comumente usados para tratar a constipação,
embora as evidências de sua eficácia sejam limitadas, tendo maiores vantagens
com a alimentação adequada e o consumo de fibras solúveis..
Para casos mais complexos, neuromoduladores, como antidepressivos
tricíclicos (ADTs) ou inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs),
são uma escolha comum. Esses neuromoduladores atuam na comunicação
entre o intestino e o cérebro para melhorar os sintomas. A maioria deles é
inicialmente considerada como antidepressivos, e seus efeitos na SII podem
estar relacionados a mudanças na percepção da dor e no processamento
central, bem como na melhoria do bem-estar psicológico. Neuromoduladores
podem ser usados em combinação para obter melhores resultados,
principalmente em pacientes com sintomas graves ou refratários.
PSICOTERAPIA:
ALIMENTAÇÃO:
Para muitos pacientes, dietas de exclusão são uma abordagem eficaz que
envolve a remoção de alergênicos comuns da dieta. É importante uma análise
individual e a remoção vai ser a partir da sensibilidade do paciente. Algumas
abordagens dietéticas como low-FODMAPs, restrição de glúten, lactose e
orientação no consumo de fibras são investigados para melhora dos sintomas
da SII.
FODMAPs:
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abdominal e o desencadeamento de sintomas desconfortáveis em pessoas com
SII.
Lactose e Glúten:
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A intolerância à lactose é uma preocupação comum em pacientes com
SII, com relatos de sintomas como distensão abdominal e diarreia. A diminuição
da ingestão de lactose pode ser benéfica para alguns pacientes, pois a
fermentação bacteriana da lactose não absorvida pode causar produção de gás
e distensão intestinal. Curiosamente, a maioria dos pacientes com SII não
demonstra intolerância à lactose em testes de hidrogênio, mas a lactose é um
FODMAPs e em pacientes com SII a sua fermentação causas sintomas
parecidos com a intolerância, contudo, ainda sim é absorvido.
Fibras:
Hortelã-pimenta (peppermint):
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A hortelã-pimenta (Mentha piperita) tem ganhado destaque no tratamento
fitoterápico para aliviar os sintomas da Síndrome do Intestino Irritável (SII).
Embora a pesquisa sobre o assunto ainda seja limitada e as evidências sejam
consideradas de baixa qualidade, seu uso é amplamente difundido na busca por
alívio da dor abdominal, especialmente devido ao composto L-mentol presente
na planta.
CONCLUSÃO
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A nutrição desempenha um papel fundamental no manejo da SII, e a dieta
baixa em FODMAPs tem se destacado como uma opção promissora. No entanto,
a escolha dos alimentos deve ser personalizada de acordo com as necessidades
de cada paciente, pois intolerâncias variam amplamente.
Além disso, o uso de fibras solúveis, como o psyllium, pode ser benéfico
para pacientes com constipação predominante. A pesquisa contínua é
necessária para entender melhor as abordagens dietéticas e otimizar sua
eficácia.
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REFERÊNCIAS
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