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A matriz desta palavra circulação, vem do latim do termo circumambulare, que por sua vez
significa andar em volta de alguma coisa, termo, outrora muito em voga, mas aplicado, via de
regra em cerimônias religiosas na antiguidade, portanto não passava de uma procissão
realizada em torno de um altar ou de algo em destaque simbolicamente.
Segundo a mitologia, esta cerimônia, ou ato de circular, imitava os corpos celestes que segundo
imaginavam, naqueles idos, ser a terra o centro do universo e como supunham, que do oriente
vinha o sol e na sequência a lua, portanto imitando esse suposto movimento dos corpos
celestes em torno da terra e para tanto, ao se fazer a procissão em torno do altar, procuravam
imitar o curso aparente do Sol e da lua, sempre iniciando pelo Oriente e tomando o rumo
ocidente, tal qual o curso do astro sol e do planeta lua.
Portanto esse ritual foi copiado do usado no hemisfério norte sem a devida adaptação para uso
aqui na América do sul e abaixo do equador, excetuando-se a África do Sul e a Austrália onde o
giro foi corrigido desde que a maçonaria chegou naqueles continentes.
Com isto dito e praticado, a simbologia fica perfeita em ambos hemisférios, quando da ida em
busca da luz, ou do saber, ainda que nos rituais da maçonaria, diga que devemos girar de modo
destrocêntrico, ou seja, circulando de maneira que o nosso lado direito fique sempre voltado
para o lado do altar dos juramentos, entretanto se neste hemisfério praticarmos dessa forma
recomendada pelo ritual, estaremos contrariando a origem do movimento que simboliza
imaginariamente o movimento dos corpos celestes, ou caminho da luz, tal como veio para os
rituais da Grande Loja da Inglaterra que nos deu a regularidade.
Também consta nos nossos rituais que devemos fazer o giro tal qual giram os ponteiros do
relógio, instrumento este inventado na Holanda por Cristiaan Huygens no ano de 1656 e que
adotou como base o giro dos mares daquela região, portanto se este instrumento tivesse sido
inventado neste hemisfério, por certo também giraria conforme os mares, ou seja, do norte
para o sul cujo movimento seria o sinistrocentrico, portanto girando com a esquerda voltada
para o altar dos juramentos.
Vejam o meu ponto de vista, quando entramos no Templo, vamos em busca da luz, ou seja,
saímos das trevas e vamos no crescente da luminosidade, onde está localizada a principal luz
da loja a que intitulamos Venerável Mestre, portanto andamos do lado mais escuro, ou como
pronunciamos das trevas em direção a luz.
Já comentei como os maçonólogos Nicolas Aslan e Alec Mellor falam sobre o giro, agora
veremos como diz Jules Boucher sobre a circulação.
Sobre a circulação Jules Boucher dá-nos a seguinte explicação: “Importa, antes de tudo,
precisar bem os termos usados. O sentido do movimento dos ponteiros de um relógio é
sinistrorsum, portanto giram da esquerda para a direita e o sentido contrário é o dextrorsum:
realiza-se da direita para a esquerda.
Notemos que os termos “da direita para a esquerda” e “da esquerda para a direita” não bastam
para determinar com exatidão o sentido de um movimento circular, tendo como base o giro
dos ponteiros do relógio, porque na parte superior do mostrador, vão da direita para a
esquerda porém na parte inferior ocorre ao contrário quando estivermos na mesma posição.
Como analogia o sol vai sempre do oriente para o ocidente e como vamos em busca da luz, em
cada hemisfério precisamos iniciar a nossa caminhada partindo do lugar mais escuro para o
mais claro e em assim procedendo precisamos saber em qual hemisférios estamos, portanto
aqui o no hemisfério sul o lado mais escuro é o sul.