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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

Natan Bernardi Malpelli


Orientador: Prof. Dr. Álvaro Takeo Omori

Estudo do desempenho de pneus automotivos em relação à topografia

Santo
André
2023
Natan Bernardi Malpelli

Estudo do desempenho de pneus automotivos em relação à topografia

Projeto de Pesquisa apresentado à Prof. Dra.


Márcia Aparecida da Silva Spinacé, como
requisito para obtenção de nota parcial da
disciplina de Projeto Dirigido do Bacharelado em
Ciência e Tecnologia.

Santo
André
2023
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 3


OBJETIVOS ................................................................................................................................................ 4
METODOLOGIA ....................................................................................................................................... 4
CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO......................................................................................................... 7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................... 7
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

A locomoção faz parte da história desde o princípio da humanidade, do uso das próprias
pernas, domesticação de animais, invenção da roda [1] e todos os meios de transporte que
continuam a ser desenvolvidos e inovados até hoje. Mas com o advento das carroças movidas por
força animal até a criação dos primeiros automóveis e então a produção de pneus e câmaras de ar
demandou muito tempo de estudo e testes para chegar à o que conhecemos hoje [2] com o processo
de vulcanização para revestir os aros de borracha [3], elaboração de todos seus componentes
(Figura 1), análise das propriedades dinâmicas dos polímeros, formulação dos compostos de
borracha, uso do negro de fumo [4].

Figura 1: Componentes de um pneu radial

O pneu é um conjunto de componentes com respectivas funções, são eles [5]:


Banda de rodagem, composto que interage diretamente com o solo com objetivo, de acordo
da aplicação do produto, fornecer um equilíbrio entre aderência, tração, dirigibilidade e resistência
ao rolamento.
Folheta, composto abaixo da banda de rodagem para aumentar a adesão do pacote de cintas
e diminuir potencial formação de trincas.
Inserto do ombro, porção de borracha entre a borda da cinta e a tela para minimizar a tensão
na região.
Nylon, camadas inseridas de forma circunferencial sobre o pacote de cintas para limitar a
expansão do material em condições operacionais de alta velocidade de rolamento do pneumático.
Liner, camada fina no interior de pneus sem câmara de ar para baixa permeabilidade de ar;
Friso, fios metálicos recobertos pelo composto de borracha que estruturam a ancoragem do
pneu inflado na roda;
Enchimento do talão, posicionado em cima do friso, feito de composto de borracha com o
objetivo de preencher o volume vazio na região da virada de lona e elevar a resistência a
deformações laterais.
Tela, tecido de reforço que é inserido na matriz de borracha em camadas para envolver
radialmente o friso.
Flanco, composto que serve para proteção contra impacto, abrasão, trincas e flexão
excessiva, além de possuir identificação e conteúdo decorativo.
Lista anti abrasiva, dentre as condições operacionais este composto de borracha tem como
função aumentar a resistência ao desgaste do pneu contra a roda e impermeabilizar a passagem de
ar.
Cintura metálica, depositadas em ângulos opostos sobre a tela, inferiormente à banda de
rodagem, para estabilização, resistência a perfuração e impacto.
Lista separadora, composto localizado entre as cintas metálicas para resistir à fadiga
causada pelo rolamento e deflexão do pneumático.
Dentre os polímeros, fundamentais na construção da borracha, são moléculas longas
constituídas de várias unidades chamadas monômeros, dentre eles existe o elastômero que se trata
do componente majoritário dos compostos da borracha, com propriedade de alta capacidade de
deformação elástica devido a estrutura molecular flexível, ramificada com ligações de energia
térmica maior que a atração intermolecular. Através da vulcanização que a estrutura química deste
elastômero é alterada, onde em suas cadeias de polímeros adjacentes são introduzidas ligações
cruzadas, processo que torna o liquido viscoso (elastômero) em um elástico sólido e resistente.
Não obstante, ressalta-se a importância do Negro de Fumo como uma das matérias primas
do pneumático, constituído por agregados de esferas de carbono elementar, seu método de
produção usual é o de fornalha através da combustão parcial ou decomposição térmica de
hidrocarbonetos no estado líquido ou gasoso. Em meio aos parâmetros caracterizantes do negro de
fumo a área superficial tem grande papel na resistência ao desgaste do composto com uma relação
diretamente proporcional, ou seja, maior área significa maior resistência [6].
Todo processo de fabricação do pneu tem impacto direto na sua performance, como quanta
energia é gasta no processo e quanto é perdida, uso indevido do produto em aplicação não
recomendada [7], não realizar o rodízio dos pneus e não obstante rodar com faixa de pressão baixa
ou carga alta [8]. Os exemplos citados são os principais fatores e mais comumente falados sobre
no tema de desempenho de pneumáticos, porém é desconhecido entre a população que não integra
o mercado automotivo como a topografia influência na atuação dos produtos instalados em seus
veículos. Destaca-se a perda na resistência ao rolamento que é significativamente influenciado pela
textura da superfície da estrada, tal fato agrava-se conforme a textura da superfície da estrada
aumenta, ademais outras áreas do desempenho também são afetadas, como ruído e tração [9].
A topografia significa a descrição de um lugar por meio da ciência, o que torna capaz
conhecer os diferentes relevos do solo, imperfeições e declives. Tais características diferem de
acordo com a região do globo terrestre [10], visto isso, faz-se necessário estudo experimental onde
aplica-se práticas para avaliação de performance e desgaste de pneu com o objetivo de calcular o
quanto a severidade da topografia induz o comportamento do pneumático e garantir acesso dessa
informação para a população e consumidores.

2. OBJETIVOS

2.1 Gerais

O projeto tem como finalidade desenvolver a interdisciplinaridade do discente, buscando


promover uma maior compreensão no intuito de uma diversificação em sua formação acadêmica,
além disto, aprimorar praticidade e conhecimentos sobre à elaboração de artigos, textos e pesquisas
bibliográficas no âmbito científico.

2.2 Específicos

Este estudo tem como objetivo a integração e correlacionar áreas de estudo como,
Engenharia, Engenharia Mecânica, Engenharia de Materiais e Química. Ademais, busca aplicar
metodologias atuais para avaliação de desempenho de pneus utilizadas pelas industrias
pneumáticas e quantização do quanto a severidade de uma topografia influência no comportamento
do produto.

3. METODOLOGIA
Para execução deste estudo será utilizado como modelo para teste, 16 pneus de aplicação
rodoviária no eixo dianteiro na medida 295/80R22.5 em veículos (cavalos motores) de tração 6x4
(Figura 2).
Figura 2: Esquema de tração 6x4
Com instrução de rodizio e considerado como desgaste total, 3mm restantes de
profundidade dos sulcos do pneu, estas especificações buscam uniformizar e diminuir as variáveis
para garantir um resultado quantitativamente e qualitativamente justo. Deste modo, será feita uma
oferta de teste para uma frota no Brasil e outra na Argentina, segundo pesquisa de qualidade das
estradas pela World Economic Forum onde com base em dados de 2006 à 2019 é avaliada a
Argentina como qualidade superior à do Brasil, com o aceite da proposta de teste sem viés
comercial, será feita a compra dos pneus de mesma marca por responsabilidade das frotas.
Com a chegada dos pneus, marcação do número de fogo em cada pneu para
acompanhamento dos mesmos e medição das profundidades originais dos sulcos, é feita a
montagem dos pneus em 4 veículos, ou seja, totalizando 8 veículos (16 pneus) com os dois testes.
A avaliação de performance dos pneus automotivos terá como critério:

Quilometragem por milímetro, indicador utilizado para avaliar o quanto o pneu rodou por
milímetro gasto de borracha e calculado seguinte maneira:

Quilometragem por milímetro = Quilometragem rodada/ (Profundidade original –


Profundidade restante)

Vida projetada, utilizada para indicar o rendimento quilométrico projetado do pneu de


acordo com sua quilometragem por milímetro e sua profundidade de borracha original, calculada
da seguinte maneira:

Vida Projetada = Quilometragem por milímetro x (Profundidade original – 3mm)

Quilometragem média rodada, para avaliação do rendimento quilométrico do pneu. Obtém-


se a quilometragem rodada dos veículos nos testes com a marcação do odômetro do veículo no
momento de retirada do pneumático e é feito o seguinte cálculo para cada teste:

Quilometragem média rodada: ∑ Quilometragens dos pneus/ Quantidade de pneus

As medições dos sulcos serão feitas usando profundímetro e adotando 3 medidas para cada
sulco, para cada medida faz uma rotação em 120º e segue-se com a próxima medição, e evita-se
fazer a medição na região do Tread Wear Indicator (TWI) (Figura 3).

Figura 3: Tread Wear Indicator

Que se trata do indicador de desgaste da banda de rodagem com borracha sobressalente de


3mm, no caso de pneus de caminhões e ônibus que serão usados no teste, de modo que se for feita
a medição nesse indicador não vai mostrar o dado real de profundidade dos sulcos, e utiliza-se a
média das três medições para devidos cálculos. Evidenciados os parâmetros de avaliação é
importante ressaltar que os pneus podem sofrer avarias operacionais como, desgaste irregular,
dano, arrancamento, cortes e picotamentos, e as mais diversas opções, cabe ao inspetor durante seu
acompanhamento do teste junto com o responsável pelos veículos de cada frota analisar o adequado
momento de retirada dos pneus visando a segurança, caso necessária a ação, será contabilizada a
quilometragem rodada até o momento.
Deste modo, com a finalização do teste, retirada de todos os pneus, será feita uma análise
dos dados obtidos e apresentada uma sumarização para comparação e finalmente conclusão
quantitativa da discrepância dos índices de performance previamente indicados, onde quanto maior
esses três parâmetros significa um melhor desempenho daquele pneumático quanto a topografia
em que foi inserido para uso no teste.

4. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
Com início em janeiro de 2024 o cronograma de atividades, com período total de realização de
12 meses, está descrito a seguir:


(Tempo total: 12 meses)

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1]. "1. Wheel Versus Wheel". The Wheel: Inventions and Reinventions, New York
Chichester, West Sussex: Columbia University Press, 2016, pp. 1-36.
[2]. Oliveira, Larissa. “2.3 PNEUMÁTICOS”. LOGÍSTICA REVERSA APLICADA AO
COMÉRCIO DE PNEUS: UM ESTUDO APLICADO NA RECICLANIP.
[3]. Santos, Edvaldo. PROCESSO DE VULCANIZAÇÃO DO PNEU. Rio de Janeiro:
UEZO, 2013, 28 p.
[4]. Cardoso, Fernando. ESTUDO DO DESEMPENHO DOS COMPOSTOS DE
BORRACHA UTILIZADOS NA FABRICAÇÃO DA BANDA DE RODAGEM DOS
PNEUS AUTOMOTIVOS EM FUNÇÃO DOS PAVIMENTOS DAS RODOVIAS. São
Paulo: USP, 2010.
[5]. GENT, A. N.; WALTER, J. D. The pneumatic tire. Washington: National Highway
Traffic Safety Administration, 2005.
[6]. MARK, J., E.; ERMAN, B.; EIRICH, F., R. The science and technology of rubber.
United States of America. Elsevier Academic Press, 2005.
[7]. M. Gipser (2007) FTire – the tire simulation model for all applications related to
vehicle dynamics, Vehicle System Dynamics, 45:sup1, 139-151.
[8]. Huhtala, Matti. Et al. Effects of Tires and Tire Pressures on Road Pavements. The
Road and Traffic Laboratory of the Technical Research Center of Finland.
[9]. DeRaad, L., "The Influence of Road Surface Texture on Tire Rolling Resistance,"
SAE Technical Paper 780257, 1978.
[10]. B Markoski, B Markoski - Basic Principles of Topography, 2018.

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