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Engenharia Civil
São Paulo
2022
RESUMO
Para atender as suas necessidades básicas, o homem deu início à construção de estradas. Devido
à grande demanda de veículos é necessário buscar formas sustentáveis de construção que
resistam aos esforços do tráfego com menos paralizações para manutenções. O Brasil está
enfrentando hoje dois grandes problemas, primeiro as más condições de grande parte das
rodovias e em segundo, a enorme quantidade de pneus inservíveis que são descartados e ficam
inutilizados. No Brasil, após a aprovação das Resoluções CONAMA do Conselho Nacional do
Meio Ambiente) n° 258/99 e n° 416/09, ocorreu um avanço no desenvolvimento das tecnologias
para a reciclagem de pneus usados e inservíveis. Enquanto no asfalto convencional aparecem
patologias, estas deformações dificilmente aparecem no asfalto-borracha. O objetivo do
presente trabalho é analisar o reaproveitamento da borracha dos pneus inservíveis como insumo
da pavimentação rodoviária, o custo-benefício de sua aplicação e a redução do descarte
inapropriado. O método utilizado pelo trabalho foi um estudo descritivo onde foi fundamento
com base na bibliografia e a partir do levantamento documental em campo das patologias
levantou-se o método necessário para realizar a manutenção com base na regulamentação do
DNIT. A abordagem desta tecnologia, na pavimentação de vias urbanas, possibilitará menores
intervenções de manutenção, retornando maior conforto, segurança e economia para os usuários
com a minimização dos recursos públicos.
To meet their basic needs, man started building roads. Due to the great demand for vehicles, it
is necessary to seek sustainable forms of construction that resist the efforts of traffic with less
downtime for maintenance. Brazil is currently facing two major problems, firstly, the bad
conditions of most of the highways and secondly, the huge amount of useless tires that are
discarded and become unusable. In Brazil, after the approval of CONAMA Resolutions n°
258/99 and n° 416/09 of the National Council for the Environment, there was an advance in the
development of technologies for recycling used and unserviceable tires. While pathologies
appear on conventional asphalt, these deformations hardly appear on rubber asphalt. The
objective of the present work is to analyze the reuse of rubber from waste tires as an input for
road paving, the cost-benefit of its application and the reduction of inappropriate disposal. The
method used by the work was a descriptive study which was based on the bibliography and
from the documental survey in the field of the pathologies, the method necessary to carry out
the maintenance based on the DNIT regulation was raised. The approach of this technology, in
the paving of urban roads, will allow smaller maintenance interventions, returning greater
comfort, safety and economy to users with the minimization of public resources.
1. Introdução ................................................................................................................... 7
1.1. Justificativa................................................................................................................... 8
1.2. Objetivos ...................................................................................................................... 9
2. Revisão bibliográfica ................................................................................................ 10
2.1. Pavimentação.............................................................................................................. 10
2.2. Tipos de Pavimento .................................................................................................... 14
2.3. Revestimento do Pavimento ....................................................................................... 18
2.4. Principais Normas Regulamentadoras........................................................................ 19
2.5. Pavimentos asfálticos ................................................................................................. 20
2.6. Manifestações Patológicas nos Pavimentos ............................................................... 21
2.6.1. Desgaste...................................................................................................................... 23
2.6.2. Desagregação.............................................................................................................. 24
2.6.3. Exsudação ................................................................................................................... 26
2.6.4. Fissuras ....................................................................................................................... 28
2.6.5. Panelas e ou Buracos .................................................................................................. 31
2.6.6. Deformação plástica ................................................................................................... 32
2.7. Borracha de Pneus Aplicados no Pavimento Flexível................................................ 34
3. Metodologia ............................................................................................................... 37
4. Resultados e discussão.............................................................................................. 39
4.1. Análise de Viabilidade Técnica .................................................................................. 39
4.2. Análise dos Custos ..................................................................................................... 43
4.3. Análise Comparativa das propriedades do Asfalto-Borracha .................................... 46
4.4. Sustentabilidade dos Pavimentos Flexíveis com Asfalto-Borracha ........................... 49
5. Considerações finais ................................................................................................. 53
6. Referências ................................................................................................................ 55
1. Introdução
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recursos naturais e evitar os impactos ambientais da extração e do transporte desses materiais.
Esse fato pode ser considerado uma opção sustentável para um processo de produção com
benefícios econômicos e ambientais. Visando melhorar o desempenho dos pavimentos
flexíveis, novos materiais têm sido estudados para aumentar sua vida útil e diminuir custos de
manutenção.
1.1. Justificativa
Bernucci (2014) menciona que no Brasil, cerca de 95% das estradas pavimentadas são
de revestimentos asfálticos, sendo o asfalto um dos mais antigos e versáteis materiais de
construção utilizados pelo homem. Segundo Leite (2018) em determinados locais as
condições mais agressivas de trafego impõe certos limites ao CAP (Cimento Asfáltico de
Petróleo) convencionais, e Silva et al (2019) reforça que 58% % do transporte de cargas do
Brasil é realizado dentro do modal rodoviário, aumentando também a temperatura das pistas,
acarretando limitações ao cimento asfáltico, podendo ocasionar rupturas prematuras dos
revestimentos asfálticos tanto por fadiga, quanto por deformação permanente. Ainda em 2015,
uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT),61,8% das
rodovias pavimentadas, em relação ao seu estado geral, encontram-se em situação de regular a
péssimo (CATAPRETA et al., 2016).
8
Segundo Rosa et. al. (2018), há décadas, verifica-se que alguns pesquisadores vêm
desenvolvendo novas técnicas de modificação do asfalto, sendo a questão da sustentabilidade
um dos temas mais analisados. Dessa forma, propõe-se então a agregação de borracha
reciclada de pneus inservíveis, como aditivos, objetivando aprimorar as propriedades do
ligante e reduzir o impacto ambiental decorrente da destinação de pneus.
1.2. Objetivos
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2. Revisão bibliográfica
2.1. Pavimentação
O reforço do subleito, pode ser definido como uma camada de espessura e tamanho
variável, dependendo do dimensionamento do pavimento. De solo argiloso, sua qualidade é
superior a camada de sub-leito e, os esforços sofridos por essa camada serão aliviados por sua
profundidade (ABNT, 2014). A execução desta camada é demonstrada nas Figuras 1 e 2.
10
Figura 1 - Escarificação do subleito para tratamento e reforço
12
Figura 4 - Camada base e sub-base
Estas camadas também podem funcionar como um grande e importante aliado quando
o assunto é drenagem sub superficial dos pavimentos. A forma construtiva das bases pode ser
elaborada por solo estabilizado de uma forma naturalmente ou feito através da mistura de
solos mais agregados, tais como brita graduada, brita graduada tratada com cimento, solo
estabilizado com ligante hidráulico ou asfáltico, concretos, dentre outros materiais (MEDINA,
2018).
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Figura 5 - Revestimento asfáltico
Cada camada do pavimento tem uma função específica, as quais devem proporcionar
ao usuário do veículo condições adequadas de suporte de rolamento em qualquer condição
climática, ou seja, independe do clima, esse pavimento deve transmitir segurança no momento
de seu uso (MARQUES, 2018).
Em relação aos pavimentos são classificados segundo suas estruturas como descreve
Ruth et al. (2007), sendo eles: pavimentos rígidos; pavimentos semirrígidos, da mesma forma
denominada de semiflexíveis; pavimentos flexíveis.
Em relação aos denominados pavimentos rígidos, são definidos como sendo todos
aqueles que vêm a sofrem poucas deformações; sendo basicamente constituídos de cimento de
concreto. Definido por Rene (2016), observando que no pavimento Rígido, a camada de
rolamento funciona também como estrutura, redistribuindo os esforços e diminuindo a tensão
imposta à fundação.
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Figura 6 - Estrutura pavimento rígido (corte longitudinal)
Senço (2007), em relação aos pavimentos flexíveis são consideradas como aqueles
onde as deformações não levam (até um determina do limite) ao rompimento.
Segundo Rene (2016), observa-se que uma das principais diferenças entre as
tecnologias é a forma como as cargas são distribuídas no terreno. Considerando que enquanto
os pavimentos flexíveis tendem a transmitir as cargas verticalmente, concentradas num único
ponto, as placas de concreto atuam de forma similar a uma ponte sobre o subleito. Dessa
forma, o solo apresenta uma menor responsabilidade, visto que as cargas são distribuídas por
uma área maior (Figura 7).
15
Figura 7 - Ação das forças no pavimento Flexível e Pavimento Rígido
Ressalta-se que os revestimentos são constituídos por dois tipos de bases, com suas
respectivas condições, conforme se verifica pelo Tabela 1.
Dessa forma, para que venha a atuar devidamente, considera-se que todas as peças que
a compõem devem trabalhar deformações compatíveis com sua natureza e capacidade
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portante, ou seja, de forma que não ocorram determinados processos de ruptura, ou
danificação de forma prematura e inadvertida nos materiais que constituem as camadas do
pavimento, conforme se verifica pela Figura 8 (BALBO, 2017).
Para Tavares (2013), em relação aos pavimentos flexíveis são relacionados aos
pavimentos asfálticos, onde estes são compostos por camada superficial asfáltica
(revestimento), sustentada sobre camadas inferiores, constituídas basicamente por materiais
granulares, solos ou agentes cimentantes. É possível verificar na Figura 9 a composição da
estrutura do pavimento citado.
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Figura 9 - Estrutura pavimento flexível (corte longitudinal)
De acordo com Balbo (2017), o revestimento deverá, dentre outras funções, receber as
cargas, estáticas ou dinâmicas sem sofrer por si só grandes deformações ou desagregação de
componentes ou ainda perda de compactação, devendo, por conseguinte, ser composto de
materiais bem aglutinados ou dispostos de forma a evitar sua movimentação horizontal.
Ainda de acordo com Balbo (2017), nota-se que determinados materiais possibilitam
tais condições, ou seja: pedras cortadas justapostas, paralelepípedos, blocos pré-moldados de
concretos, concreto de cimento Portland, concreto compactado com rolo, tratamentos
superficiais betuminosos e misturas betuminosas em geral.
Quando analisado o subleito, as cargas aplicadas sobre sua superfície serão aliviadas
em sua profundidade (HANSON et al., 2018). Deve-se, por conseguinte, apresentar uma
maior preocupação com seus estratos superiores onde os esforços solicitantes serão de maior
intensidade. Dessa forma, se avalia que a camada do subleito deve ser composta de um
material natural compactado (TAVARES, 2013).
Segundo Ruth et al. (2007), evidentemente, esse fato não é obrigatório, mas na maioria
das vezes busca-se fazer por razões econômicas, visto que os subleitos de resistência muito
baixa demandam, sob os aspectos de projeto, camadas mais espessas de base e sub-base.
Nota-se claramente que o reforço do subleito por consequente, resistirá a solicitações de
maior ordem de grandeza, respondendo parcialmente pelas funções do subleito.
Faxina (2017), em relação aos subleitos, considera-se o mesmo como sendo a estrutura
da estrada sobre o qual o pavimento está suportado. Nesse caso, deve ser considerado e
analisado até as profundidades em que atuam significativamente os esforços impostos pelos
veículos (usualmente de 60 a 1,50 m de profundidade).
Segundo a NBR 15166 o asfalto modificado tem como seu objetivo aprimorar as
propriedades químicas e físicas do revestimento do pavimento, notando–se uma melhor
durabilidade. O uso dessa técnica de execução, torna-se possível de ser feita tanto a quente ou
a frio, o que representa uma facilidade adicional aos usuários (ABNT, 2014).
Assim a norma NBR 15529, detalha que a mistura asfáltica alterada pelo uso de
borracha dos pneus é uma forma nobre de dar destino aos pneus inservíveis (ABNT, 2007).
A NBR 12265, faz referência a camada do pavimento que tem como objetivo
apresentar resistência originada pelas cargas de origem vertical aplicadas sobre os veículos e
assim distribui-los adequadamente à camada subjacente (ABNT, 2014).
De acordo com Faxina (2017), a aplicação dos CAP, depende da relação viscosidade e
temperatura determinada com a estrutura do pavimento definido, mesmo assim as aplicações
dos tipos de misturas são pré-determinadas, o CAP 30/45, 50/70 e 85/100 são utilizados em
pré-misturas de areia-asfalto e concreto asfáltico, o CAP 150/200, são determinados para
tratamentos do revestimento do pavimento e macadame betuminoso.
Azevedo (2016), conceitua patologia de forma precisa, mostrando que o termo tem
maior empregabilidade na medicina e pode ser interpretada como a ciência que estuda e faz
diagnósticos das doenças, investigando suas origens, seus sintomas, seus agentes causadores e
seu mecanismo de ocorrência.
As patologias dos pavimentos flexíveis têm uma certa diversidade e podem ser
divididas em diferentes grupos, tal como os que se apresentam em seguida, de acordo com
Branco e Pereira (2016):
a) Deformações;
b) Fendilhamento;
d) Movimento de materiais.
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Tabela 2 - Famílias e tipos de degradações (BRANCO; PEREIRA, 2016).
-
- Eixo
Longitudinal
Fissuração
- Transversal
Deformações localizadas
Deformações Trincas
- Fadiga
-
- Eixo
Fendas Longitudinais
Fendilhamento - Transversais
- Parabólicas
Movimento de
Exsudação
materiais
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Se ocorrerem patologias nas rodovias e estradas, é necessário identificar e analisar os
motivos de sua ocorrência, para que sua manutenção seja mais adequada para evitar que se
repitam, ou pelo menos adiar novas ocorrências. (FIGUEIREDO, 2016).
2.6.1. Desgaste
Esse dano é originado por uma carga de tráfego repetida. Dessa forma o agregado é
polido e a aderência do pneu do carro é significativamente diminuída, com isso a textura da
estrada não reduz substancialmente a velocidade do veículo. Este tipo de dano é detectado
quando os dados do teste de resistência são baixos ou significativamente reduzido após a
avaliação anterior (BARCA; NOGUEIRA, 2015).
d) Pele de crocodilo, que pode ocorrer em uma rede grande ou em uma rede
restrita. Uma grande rede pode ser causada por espessura insuficiente ou fadiga
das camadas devido à falta de poder de pavimentação ou devido à má
qualidade de algumas camadas do pavimento. Uma rede fina pode surgir
devido à baixa resistência do solo ou ao desenvolvimento de uma grande rede.
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De acordo com Barca e Nogueira (2015), em termos de gravidade, o nível de gravidade
não é determinado. No entanto, o grau de polimento deve ser significativamente alto antes de
incluí-lo na avaliação da condição e ser considerado um defeito. É medido em metros quadrados
pela área afetada. Se considerarmos o defeito do exsudato (manifestação patológica associada
a ocorrência da exsudação do pavimento, que será detalhado posteriormente), o polimento dos
agregados não deve ser considerado.
2.6.2. Desagregação
2) A cabeça do gato, que é causada pela perda rápida do ligante, geralmente devido
à má qualidade dos materiais e da mistura, o que leva a uma má conexão do arranjo do agregado
betuminoso. Essa patologia também pode ocorrer em locais com alto tráfego, o que pode causar
efeitos tangenciais muito altos;
5) Diluição, que sempre ocorre quando o solo está rachado e a água penetra. Isso
tende a se mover com a passagem de veículos, arrastando as sutilezas das camadas cruzadas;
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b) O Pavimento já perdeu alguns constituintes ou pastas. A textura da estrada é
moderadamente grossa e com pequenos orifícios.
2.6.3. Exsudação
Isso ocorre quando o asfalto preenche a cavidade da mistura no momento que é aplicado
em altas temperaturas do solo e depois se expande com a superfície da estrada. Como o
procedimento de exsudação não é reversível em um clima frio, o asfalto se acumula na sua
própria superfície.
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De acordo com Figueiredo (2016), a exsudação ocorre em situações em que há excesso
de ligante e aglutinante. Se acontece esta redução excessiva de poros, geralmente associada a
uma temperatura muito alta, ocorre uma migração na superfície do betume, o que leva a uma
redução da estrutura da superfície da estrada.
b) O asfalto adere somente a calçados e veículos por várias semanas por ano.
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Como é apresentado pela Figura 12 a exsudação fica evidente pelo contraste da cor do
revestimento da estrada onde se possui o excesso de aglutinante.
2.6.4. Fissuras
c) Uma rede ou modelo que desenvolveu para tornar peças claramente definidas.
Algumas partes podem se mover com a passagem de veículos.
b) Fissuras em blocos:
De acordo com Domingues (2016), a fissura não está relacionada ao estresse e carga em
que o asfalto se tornou muito mais duro. Geralmente isso acontece em uma parte significativa
do pavimento. Esse tipo de patologia é diferente das rachaduras por fadiga que, nesse caso, são
peças muito menores, com mais ângulos e arestas vivas. Aliás, de forma contrária dos blocos,
as trincas por fadiga são causadas por cargas de tráfego repetitivas e, como resultado, elas
ocorrem apenas em áreas sob carga de veículos (pelo menos inicialmente).
As rachaduras são medidas em metros quadrados da área modificada. Como regra, eles
só têm um grau de gravidade na seção da estrada. Entretanto, cada seção de gravidade diferente
deve ser medida e armazenada separadamente.
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Figura 13 - Trincas em blocos no pavimento
De acordo com Domingues (2016), esse dano acontece somente em estradas de asfalto
sobre uma laje de cimento Portland. Não contém fissuras no pavimento com outros tipos de
substratos (por exemplo, estabilizados com cimento ou cal). Essas rachaduras são originadas
por uma placa de cimento Portland causada por temperatura ou umidade, que é refletida na
superfície no pavimento asfáltico. A patologia não está relacionada às cargas, porém as cargas
nas estradas podem levar ao rasgo do asfalto próximo à fissura. Conhecer as dimensões da laje
sob a superfície do cimento asfáltico ajuda a habituar-se a esses danos
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• Uma rachadura de qualquer largura cercada por fendas irregulares.
Os buracos são verificados por unidades classificando se são baixas, média e alta
profundidade, de forma separada.
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2.7. Borracha de Pneus Aplicados no Pavimento Flexível
Essa pode ser definida como uma técnica que emprega pó de borracha proveniente da
trituração de resíduos pneumáticos em torno de 20%, como material constituinte da massa
asfáltica empregada no processo de pavimentação ou recapeamento de vias. Usualmente,
mensura-se que sejam necessários 1.000 pneus para pavimentação de 1000 metros, podendo
esse trecho variar de acordo com as especificações da via, tais como espessura da camada de
asfalto ou largura da mesma (MATTIOLI et al, 2019). A Figura 18 apresenta exemplo de pó de
borracha empregado no processo de pavimentação asfáltica.
Essa tecnologia reaproveita os materiais que podem causar danos ao meio ambiente e
apresenta um pavimento mais durável, com diminuição das reflexões de trincas em reforços,
dos ruídos, melhora na fadiga das camadas do revestimento, redução de custos em manutenção.
(MELLONE, et al., 2013).
O material obtido pela trituração dos pneus pode ser adicionado ao aglutinante asfáltico
por meio de duas técnicas diferentes, incorporação à seco e úmido. Na incorporação à seco, a
borracha é incorporada aos agregados antes do ligante asfáltico. Segundo Ruth, Jonsson e Setze
(2007), um bom planejamento, com atenção especial à usinagem e à compactação, é
fundamental para a boa execução do revestimento. Na realização do processo úmido, o pneu
moído que origina a borracha, é implementada ao aglutinante asfáltico seguindo uma dosagem
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de 5 a 25% do material asfáltico. Quando existe essa adição, ocorre uma reação entre os
componentes e alteração de suas propriedades.
Uma observação realizada por Tavares (2013), com relação a problemas associados a
dosagem inadequada se refere aos principais defeitos descritos na literatura, sendo eles:
exsudação e as trincas por contração de origem térmica, intrinsecamente relacionados a
dosagem inadequada do teor dos materiais.
Estudos comprovam que o selante com asfalto-borracha dura cerca de 3 vezes mais que
o sem asfalto-borracha. Destaca-se ainda que os serviços executados com asfalto-borracha
apresentam um custo aproximado de 50% maior do que os serviços executados com ligantes
sem borracha. Mesmo com essa diferença no custo, quando analisados em conjunto, o custo e
vida útil, pode-se verificar que serviços com asfalto-borracha são mais vantajosos (MATTIOLI
et al, 2019).
Graças a tecnologia utilizada no asfalto borracha, é possível unir situações que tornam
possível a economia-social, ambiental, e uma melhora na qualidade nos transportes. Uma
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pavimentação de qualidade superior permite aos usuários um tráfego seguro, confortável e
menos incidência de manutenção em seus veículos (MOTTER, 2013).
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3. Metodologia
A natureza da pesquisa, pode se afirmar que é aplicada, tendo em vista que a mesma
gera conhecimentos para a realização prática a solução de problemas específicos. A pesquisa
aplicada, segundo Rodrigues (2007), é o meio pelo qual aplicada a uma investigação, comprova
ou rejeita teoria estimuladas.
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a) Publicações;
b) Artigos;
c) Livros;
d) Monografias;
e) Revistas;
f) Dissertações.
Após o levantamento dos dados foi realizado a avaliação do material obtido e separado
aqueles para referencial e uso na aplicação do trabalho, compilando as principais informações.
Em seguida foi feita uma análise minuciosa de forma categorizada referente aos estudos que
apresentam aplicação prática para análise, da mesma de forma a estabelecer uma conexão e
compreensão com o tema a ser estudado e desenvolvimento deste.
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4. Resultados e discussão
Os desgastes dos asfaltos têm provocado a comunidade cientifica a muitos anos, visto
que, estes desgastes se apresentam enquanto patologias que culminam na deteriorização
asfáltica diminuindo a vida útil e promovendo uma insatisfação dos usuários da malha
rodoviária.
Medina (2018) menciona que no Brasil, se tem 95% dos pavimentos executados com
revestimentos asfálticos utilizando a mistura tradicional e convencional do material. Segundo
Leite (2018) em determinados locais as condições mais agressivas de trafego impõe certos
limites ao CAP (Cimento Asfáltico de Petróleo) convencionais, e Silva et al. (2019) reforça que
58% % do transporte de cargas do Brasil é realizado dentro do modal rodoviário, aumentando
também a temperatura das pistas, acarretando limitações ao cimento asfáltico, podendo
ocasionar rupturas prematuras dos revestimentos asfálticos tanto por fadiga, quanto por
deformação permanente. Ainda em 2015, uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional
dos Transportes (CNT),61,8% das rodovias pavimentadas, em relação ao seu estado geral,
encontram-se em situação de regular a péssimo.
De acordo com Silva, et al. (2019), 58% do transporte do Brasil é realizado dentro do
modal rodoviário, aumentando também a temperatura das pistas, acarretando limitações ao
cimento asfáltico, podendo ocasionar rupturas prematuras dos revestimentos asfálticos tanto
por fadiga, quanto por deformação permanente. Somando isso com a falta de fiscalização e
manutenção nas rodovias do Brasil, a população recebe pavimentos asfálticos pouco duráveis
e de péssima qualidade, gerando um risco imenso em relação a segurança dos usuários.
O estudo de Silva et al. (2016), que analisou os parâmetros que possam diminuir o
surgimento de manifestações patológicas, através dos ensaios físicos dos materiais, verificou
que pavimentos modificados com materiais, apresentam menor número de manifestações
patológicas que asfaltos executados de forma tradicional com CAP.
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“Uma das soluções para corrigir os problemas relacionados aos revestimentos
asfálticos é adicionar elementos ao asfalto para que melhore as características técnicas
e consequentemente aumente a vida útil do revestimento. Hoje já são usados e testados
diversos agentes que melhoram a resistência e a adesividade do revestimento asfáltico,
onde se destacam os agentes rejuvenescedores, borracha moída de pneu e polímeros
(RUTH, 2007, p. 54). ”
Buscando ampliar a resistência ao trincamento por fadiga, Sousa et al. (2019) apresenta,
um estudo no qual o asfalto tradicional quando modificado com a adição de 20% de borracha
aumenta a resistência em 10 vezes quando comparado com o asfalto sem esta adição. A Figura
19 mostra a área trincada em pavimentos construídos com asfalto borracha e ligante asfáltico
convencional.
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De acordo com Way et al (2019) a diferença na resistência está no fato de que o asfalto-
borracha possui uma característica elástica maior, que faz com que ao deformar consiga retornar
ao seu estado anterior, permitindo com que ele resista a fadiga.
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Figura 19 – Análise da deformação permanente dos asfaltos modificados
Se observa então que o asfalto borracha sofrendo os mesmos ensaios, possui menor
deformação, com a sua deformação máxima em 5,78% e o asfalto modificado por polímeros
com deformação de 6,20%, isso realiza que as ocorrências de patologias resultantes da
deformação permanentes serão muito mais frequentes no pavimento que possua asfalto
modificado por polímeros.
Cabe ressaltar que existem dois processos para que haja eficiência na mistura deste
componente ao betume, o primeiro é o mais usado que consiste na trituração do pneu no intuito
42
de obtenção dos granulados que serão inseridos durante o processo, cuja denominação é
processo mecânico e o segundo é o criogênico que em virtude da complexidade do processo o
torna inviável, pois aumenta o custo de produção e, com isso, o custo-benefício faz com que
não seja economicamente viável.
Embora as vantagens sejam inúmeras, o debate sobre sua implementação gira em torno
da viabilidade econômica, visto que, o processo é mais oneroso do que o asfalto tradicional, no
entanto, a longo prazo, as pesquisas apontam para a vantagem custo benefício.
Com relação à valores, como o asfalto convencional (AC) e o asfalto-borracha (AB) são
executados sobre camadas de um pavimento flexível, a diferença entre eles será apenas nos
43
custos operacionais da capa de rolamento. Usando como referência o Sistema de Custos
Referenciais de Obras (SICRO), ferramenta criada pelo DNIT para manter atualizada a
definição de custos.
Custo da capa de
Quantidade de
Tipo de asfalto rolamento Custo total
massa asfáltica (t)
(R$/t)
Asfalto-borracha R$ 151,76 840 R$ 127.478,40
Asfalto convencional R$ 128,64 840 R$ 108.057,60
Fonte (DNIT, 2022).
A Tabela 6 consegue detalhar os diferentes custos com relação ao reparo dos pavimentos
que utilizaram sobre o revestimento o material convencional em CAP e CBUQ, de acordo com
os dados que são apresentados em um período de 10 anos sobre a vida útil do pavimento e
considerando os serviços realizados, verifica-se que ao custo da manutenção total em 10 anos
do pavimento é de R$ 4.909.254,00, tendo o custo em média então de R$ 66.822,00 ou R$
1.524.000,00 por km.
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C Reconstrução 1 R$ 2.917.500,00 QI x R R$ 2.917.500,00
Custo de
manutenção em 10 R$ 4.909.254,00
-
anos - A+B+C
Fonte: (DNIT, 2022).
Pode-se notar que nos primeiros anos os custos são parecidos, porém a partir do quinto
ano, a curva dos custos de manutenção do asfalto convencional sobe quase que
exponencialmente.
Além disso, é possível analisar também como parâmetro os testes feitos na RJ-122,
rodovia do estado do Rio de Janeiro, onde foram recuperadas 35 km de estrada utilizando
asfalto-borracha. Onde segundo Mattioli (2019), com o uso do Heavy Vehicle Simulator
(HVS), que mede a evolução da deformação permanente de forma acelerada. A utilização do
AB aumentou a vida útil do pavimento em 30%, até atingir uma deformação que demandassem
alguma intervenção.
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afundamento de trilha de rodas de 4,2mm, valor considerado baixo a nível de Brasil. Onde o
mesmo não detectou trincamentos na região analisada, evidenciando que após um tráfego
correspondente a 7 anos, não teria atingido ainda a vida de fadiga.
Cabe ressaltar que a legislação vigente no Brasil para a pavimentação está dividida de
acordo ao tipo de asfalto, nesse sentido, O DNIT estabelece uma norma para Pavimentação
Flexível – Cimento asfáltico modificado por borracha de pneus inservíveis pelo processo via
úmida, do tipo Terminal Blending esta norma regulamenta o material utilizado na mistura, a
saber, Norma 111/2019-EM e para Pavimentos flexíveis – Concreto asfáltico com Asfalto
Borracha, via úmida, do tipo Terminal Blending regulamenta o processo de execução e
controle de qualidade do concreto asfáltico a Norma é 112/2019-ES (ARAUJO, 2015, p. 37).
Em tese o asfalto-borracha é mais caro que o tradicional no que tange o processo para
obtenção do produto final, todavia, o ganho real é notado quando se leva em conta o custo de
manutenção visto que este produto reduz este custo em virtude da resistência a fadiga e o
aumento na durabilidade, fazendo com que o benefício desta tecnologia se apresente enquanto
investimento de longo prazo.
46
Figura 21 - Afundamento ou deformação permanente
Figura 22 – Comparação entre revestimentos asfálticos após experimento com o uso das misturas
asfálticas
47
Os resultados demonstram o benefício do asfalto borracha e os dados estatísticos
mostram que a vida útil do asfalto com adição de borracha proveniente de pneus é superior em
30% comparando ao asfalto convencional (PESSOA et al., 2019). No que tange a capacidade
reológica vale salientar que esta influência é relacionada diretamente no envelhecimento do
ligante devido a fator temperatura.
O benefício do asfalto borracha é notado na medida em que ele possui uma menor taxa
de envelhecimento em virtude de ter em sua constituição elemento como carbono e outros
antioxidantes que reagem favoravelmente aumentando a capacidade reológica.
Por fim, verifica-se que autores buscam, por meio de pesquisas, diminuir os impactos
ocasionados por patologias de deformação permanente sob a perspectiva do fator temperatura,
nesse sentido Zatarini et al. (2017) afirma que, “A temperatura mínima de compactação deve
permanecer em torno de 155 ºC a 160 ºC, e é importante evitar o trincamento da massa, quando
muito quente, e a formação de “ondas” na frente do rolo” (ZATARINI et al. 2017, p. 45).
48
4.4. Sustentabilidade dos Pavimentos Flexíveis com Asfalto-Borracha
É definido como pavimento sustentável, o pavimento que tem por resultados alcançar o
objetivo para o qual foi projetado, além de que em uma escala mais ampla o pavimento
consegue atender as necessidades da sociedade, utiliza os recursos naturais de forma efetiva e
ainda consegue preservar e restaurar os ecossistemas circundantes (VAN DAM, et al., 2015).
Dessa forma com base no contexto determinado um pavimento, para ser considerado
como sustentável, necessita que o seu ciclo de vida seja otimizado com o propósito de prolongar
o seu uso a partir de adequações de operações de manutenção e resultar na produção de um
novo material para se construir outro pavimento, esse contexto pode ser ilustrado pela Figura
24.
Como pode ser ilustrado na Figura 24, as fases determinadas de forma cíclica, demonstra
a importância de cada fase a depender uma da outra, essa esquematização em ciclo está
relacionada aos princípios de economia e sustentabilidade circular, que tem o objetivo de aplicar
a reutilização dos recursos, fazendo o uso de um ciclo contínuo.
49
Segundo Ruth et al. (2007), há décadas, verifica-se que alguns pesquisadores vêm
desenvolvendo novas técnicas de modificação do asfalto, sendo a questão da sustentabilidade
um dos temas mais analisados. Dessa forma, propõe-se então a agregação de borracha reciclada
de pneus inservíveis, como aditivos, objetivando aprimorar as propriedades do ligante e reduzir
o impacto ambiental decorrente da destinação de pneus.
Com base nesse contexto que é possível demonstrar a aplicação dos conceitos
internacionais de desenvolvimento sustentável e realização da preservação do meio ambiente
voltados a aplicação do pavimento, atendendo assim as determinações da Agenda 2030 da
ONU, que prega e indica as diretrizes do desenvolvimento sustentável para equalização e
melhoria da ecologia.
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Figura 24 - Ciclo de reaproveitamentos de pneus descartados
A CCR, utiliza asfalto ecológico produzido com pneus descartados desde 2017, um
exemplo dessa aplicação é a RodoNorte. Em 2015 a empresa passou a aplicar técnicas de
recuperação na Rodovia dos Bandeirantes fazendo o uso do asfalto-borracha, 15% das rodovias
sob concessão da empresa, fazem uso do asfalto-borracha, além de que a empresa determina a
reciclagem do próprio asfalto removido para reaplicação com os ligantes de borracha,
realizando a reciclagem do material asfáltico em conjunto. Os dados apresentados na Tabela 7,
ilustra os dados relacionados com a implementação do material asfáltico modificado pelo uso
de borrachas no período de 2019 a 2020.
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Dessa forma a aplicação dos pavimentos sustentáveis sobre o território nacional condiz
e está de acordo com a Política Nacional do Meio Ambiente determinada pela lei N° 6.938/81,
que estabelece a realização da compatibilização do desenvolvimento econômico-social,
realizando a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico em conjunto
com a determinação de áreas prioritárias de ação governamental, relacionadas a qualidade e ao
desenvolvimento sustentável e assim resultado no interesses da federação, dos estados e
municípios, tendo em vista que as estradas e rodovias são patrimônios públicos e são
concessionados a empresas privadas (BRASIL, 1981).
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5. Considerações finais
A pesquisa que foi realizada e apresentada nesta monografia teve como propósito
analisar a viabilidade técnica e econômica da implementação do asfalto borracha como material
de revestimento sobre a superfícies dos pavimentos flexíveis em comparação com o método
tradicional. Assim, foi possível detalhar os estudos utilizados que confirmam a viabilidade da
aplicação asfalto borracha sobre o revestimento do pavimento asfáltico no contexto da
longevidade da sua vida útil.
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que o mesmo se torne fonte de poluição, todos esses aspectos são realizados e praticados a partir
das diretrizes do CONAMA, no aproveitamento de resíduos sólidos.
Por fim, mostrou-se pela análise que a utilização do asfalto-borracha a princípio é mais
cara do que o asfalto convencional, no entanto, a diferença é compensada a longo prazo, uma
vez que a sua durabilidade é bem maior.
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6. Referências
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2016.
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