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antiguidade, embora seja necessário ressaltar que possam influir no resultado da produção
que a jurisprudência se inclina no sentido de devem ser verificadas”. Prosseguindo, o
que se deva manter a formalidade ligada à referido autor afirma que “outro requisito
homologação do quadro de carreira. para a ocorrência de equiparação salarial
é a identidade qualitativa, consistente na
3. Trabalho igual e tempo de serviço verificação da perfeição técnica, reveladora do
trabalho idêntico entre reclamante e paradigma.
O item II, da Súmula nº 06, fazia parte São obras bem acabadas, feitas com esmero, ou
da Súmula nº 135, editada através da Resolução com qualidades inerentes ao ofício da pessoa”9.
Administrativa nº 102/1982, publicada no Por sua vez, ao comentar tais conceitos,
Diário da Justiça em 11 de outubro de 1982, e José Augusto Rodrigues Pinto e Rodolfo
republicada em 15 de outubro de 1982. Ocorre Pamplona Filho afirmam que a igualdade
que, por meio da Resolução nº 129/2005, com de valor do trabalho “não se confunde com
publicação no Diário da Justiça em 20 de abril a igualdade da função, pois diz respeito
de 2005, houve o cancelamento da Súmula nº ao ‘resultado do trabalho’ produzido pelo
135, incorporando-se a sua disposição à súmula ‘equiparando’ e pelo ‘paradigma’”. Sustentam,
ora comentada. ainda, que “essa igualdade tem dois parâmetros
O presente item faz referência à de medição: o ‘quantitativo’, relacionado com
necessidade de contagem de tempo de serviço a ‘produtividade’ de cada um, que vem a ser
na função, e não no emprego, para fins de a ‘capacidade de produzir’, e não a ‘produção’,
equiparação salarial entre empregados que simples ‘resultado’ do trabalho, e o ‘qualitativo’,
exerçam trabalho idêntico ou de igual valor. relacionado com o apuro técnico da produção”10.
Ressalta-se, entretanto, que trabalho de igual Percebe-se que a principal questão
valor, para os fins deste Capítulo, será o que for atinente à análise da equiparação salarial diz
feito com igual produtividade e com a mesma respeito justamente à identidade de funções.
perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença Não raras vezes, no cotidiano, nota-se que o
de tempo de serviço não for superior a 2 (dois) empregado subordinado, em face do exercício
anos” (CLT, art. 461, § 1º). de algumas funções semelhantes, tem a
Percebe-se que a legislação faz utilização pretensão de se ver equiparado ao seu superior
de diversos conceitos vagos, visto que se trata hierárquico. É comum ver um mecânico, ainda
de difícil definição ou verificação na prática, que com grande experiência anterior, buscar a
tais como “trabalho de igual valor” e “perfeição equiparação salarial com o mecânico-chefe da
técnica”. oficina. Talvez isso decorra do inconformismo
Conforme Sérgio Pinto Martins, “o
trabalho de igual valor é medido pela identidade
quantitativa, no sentido de se verificar quem
9 MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT.
detém maior produtividade entre modelo 6 ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 407.
e equiparando. Produtividade quer dizer 10 PINTO, José Augusto Rodrigues; PAMPLONA
FILHO, Rodolfo. Repertório de conceitos trabalhistas
capacidade de produzir. Todas as circunstâncias
– Direito individual. v. I São Paulo: LTr, 2000. p. 243.
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de sempre crer que não lhe dão a devida meio de julgamento da 1ª Turma, proferiu a
valorização. Mas as coisas nem sempre são seguinte decisão:
como descritas na petição inicial!
Além do trabalho de igual valor, aquele EQUIPARAÇÃO SALARIAL.
dotado de igual produtividade e perfeição IDENTIDADE FUNCIONAL.
Sendo a equiparação salarial
técnica, não poderá haver a diferença de tempo
um processo comparativo, a diferença
no exercício da função, e não na empresa,
de tempo de serviço não superior a 2
superior a 2 (dois) anos, entre o equiparando
anos entre os comparandos deve ser
e o paradigma. Durante determinada época,
entendida como tempo na função
houve a uma grande divergência doutrinária
idêntica, pouco importando o tempo
acerca da interpretação no sentido de que a de casa de cada empregado.
diferença de tempo era de emprego, e não de (TRT 2ª R – 1ª T – Processo
função11, mas essa exegese certamente não n° 02960505748/1996 – Acórdão
atendia à finalidade buscada pela lei. n° 02980018117 – Relator
Nesse sentido, Arnaldo Süssekind Desembargador Braz Jose Mollica –
afirma que “se a diferença entre o tempo de DOESP 27.01.1998)
serviço dos dois empregados, que empreendem
trabalho de igual valor, for inferior a dois anos, Comentando situação semelhante,
a maior antiguidade não justificará, por si relativa à equiparação salarial entre brasileiro
só, o salário mais elevado. O fator ‘tempo de e estrangeiro (CLT, art. 358, alínea “a”),
serviço’ concerne à ‘função’ e não ao emprego. perfeitamente adaptável a essa hipótese, José
E os tribunais, depois de algumas divergências, Martins Catharino entende que “o fator tempo
de serviço justifica a desigualdade de salário”.
acabaram por firmar jurisprudência neste
Prossegue afirmando que “na realidade, sob o
sentido”12. Acerca desta questão, o Egrégio
ponto de vista salarial, tem pleno cabimento.
Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, por
Presume-se que o empregado, já com dois anos
na empresa, trabalhe com mais eficiência que
outro empregado recém-admitido, ainda mais
11 Nesse sentido, mesmo reconhecendo que se este estiver sujeito a período de experiência.
tal posicionamento seja vencido, em face da reiterada Assim, nos termos em que foi acolhida, a
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, Mozart
exceção legal é justa”13.
Victor Russomano afirma que “o tempo de serviços dos
trabalhadores (equiparando e paradigma) deveria ser Note-se, portanto, que, mesmo
contado, genericamente, na empresa. A finalidade da havendo respeitáveis posicionamentos em
norma seria atribuir certa autonomia ao empregador, no
sentido de remunerar melhor os trabalhadores mais antigos direção contrária, a doutrina e a jurisprudência
e merecedores, por isso, de sua maior consideração. Para mais moderna acerca do tema, inclinam-se
esse fim, naturalmente, influiria o tempo total de trabalho
na empresa e, não, especificamente, o período de serviço
no sentido de que, a interpretação que se
realizado em certa função”. in Curso de direito do
trabalho. 9 ed. Curitiba: Juruá, 2004. pp. 409-410.
12 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio;
VIANNA, Segadas; TEIXEIRA FILHO, João de Lima. 13 CATHARINO, José Martins. Tratado jurídico
Instituições de direito do trabalho. v. I 24 ed. São Paulo: do salário. 2ª tiragem (edição fac-similada) São Paulo:
LTr, 2003. p. 430. LTr, 1997. p. 362.
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busca dar à disposição contida no art. 461, § possuir as mesmas atribuições, exercendo as
1º da CLT, é aquela segundo a qual, para fins mesmas atividades. Trata-se, pois, de conditio
de impedimento à equiparação salarial, deve- sine qua non para o reconhecimento do direito.
se computar o tempo de serviço na função Ao comentar essa situação, Arnaldo
desempenhada, e não o tempo de duração do Süssekind afirma que “o empregado só pode
contrato de trabalho. reivindicar o mesmo salário do seu colega se
ambos exercerem a mesma função, isto é,
4. Identidade de função e nomenclatura do quando desempenharem os mesmos misteres
cargo ou tarefas, com igual responsabilidade na
estrutura e funcionamento da empresa”15. Por
Por sua vez, o item III, da Súmula nº sua vez, Sérgio Pinto Martins entende que
06, em face da Resolução Administrativa nº “as atividades do modelo e do equiparando
129/2005, publicada no Diário da Justiça em devem ser as mesmas, exercendo os mesmos
20 de abril de 2005, trata-se de reprodução da atos e operações. É desnecessário, contudo,
disposição contida na já cancelada Orientação que as pessoas estejam sujeitas à mesma chefia
Jurisprudencial nº 328 da Seção de Dissídios ou trabalhem no mesmo turno, mas, sim, que
Individuais 1 do Tribunal Superior do Trabalho, executem as mesmas tarefas”16.
publicada em 9 de dezembro de 2003. A condição necessária para que seja
Esse item dispõe que, possível a equiparação salarial, portanto,
independentemente da nomenclatura atribuída é o desempenho de funções idênticas,
à função, haverá a equiparação salarial entre os com as mesmas atribuições e atividades,
empregados que desempenharem as mesmas independentemente da nomenclatura atribuída
tarefas ou atividades. Isso se dá em face do ao cargo dos empregados, tendo em vista que a
princípio da primazia da realidade que vigora lei dispõe acerca de identidade de função, e não
no Direito do Trabalho, visto que se deve dar identidade de cargos (CLT, art. 461, caput).
prevalência à realidade de fato em detrimento Diante disso, é que “cumpre não
de uma suposta realidade formal14. confundir ‘cargo’ e ‘função’: dois empregados
Importa mencionar, antes de adentrar podem ter o mesmo cargo e exercer, de
ao tema propriamente dito, que o primeiro fato, tarefas dessemelhantes ou de níveis de
pressuposto para a existência do direito à responsabilidade diferentes; ou, inversamente,
equiparação salarial é a identidade de funções, executar a mesma função, sem que os respectivos
ou seja, o equiparando e o paradigma devem cargos possuam a mesma designação”17.
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publicada no Diário Oficial em 27 de novembro Por sua vez, com a mesma intenção,
de 1970. Vale ressaltar, porém, que, por meio Mozart Victor Russomano utiliza-se do
da Resolução nº 129/2005, com publicação vocábulo contemporaneidade, afirmando ser
no Diário da Justiça em 20 de abril de 2005, imprescindível, para que haja o reconhecimento
ocorreu o cancelamento da Súmula nº 22, da equiparação salarial, que os “trabalhadores
sendo que houve a sua incorporação à súmula devem estar ou ter estado exercendo as suas
ora abordada. funções simultaneamente, durante certo
Nesse ponto, a súmula dispõe não haver período”21.
a necessidade de que, na época do ajuizamento Neste sentido, o Egrégio Tribunal
da ação trabalhista visando à equiparação Regional do Trabalho da 12ª Região, por meio
salarial, o equiparando e o paradigma esteja de julgamento da 2ª Turma, proferiu a seguinte
prestando o seu serviço à empresa ou ao decisão:
mesmo estabelecimento, desde que a
pretensão deduzida esteja relacionada com EQUIPARAÇÃO SALARIAL.
AUSÊNCIA DE CONTEMPORANEIDADE.
situação do passado. O elemento essencial aqui
NÃO-CABIMENTO.
é a simultaneidade na prestação de serviços,
Inexistindo contemporaneidade
mesmo que já não mais trabalhem juntos.
entre o equiparando e o paradigma, ou
Não será possível afirmar que houve seja, se ambos não se encontrarem na
discriminação entre trabalhadores, no que mesma situação, num mesmo momento
tange ao aspecto salarial, se não houve a do desenrolar do contrato de trabalho,
prestação de serviços de forma simultânea não estão presentes os requisitos
entre eles. Costuma-se entender que a ideia identificados no art. 461 da CLT, quais
de simultaneidade compreende a “coincidência sejam: função idêntica e de igual valor
temporal no exercício das mesmas funções (mesma perfeição técnica e com igual
pelos empregados comparados. É óbvio que produtividade) e diferença de tempo de
serviço não superior a dois anos.
a coincidência temporal tem de assumir,
(TRT 12ª R – 2ª T – Processo n°
ainda que por curto período, o caráter de 01103-2005-012-12-00-4 – Acórdão n°
permanência, não podendo ser meramente 05447/2007 – Relator Desembargador
Amarildo Carlos de Lima – DOESC
eventual – sob pena de não se caracterizar a 18.10.2007)
simultaneidade”20.
A simultaneidade ou contemporaneidade
na prestação de serviços entre o paradigma
20 Aprofundando a questão, o referido autor afirma
que “embora não se tenha parâmetro muito preciso acerca
dessa fronteira (caráter permanente ‘versus’ caráter
meramente eventual), pode-se dizer que coincidência ser também aplicado à análise da presente situação”. In
inferior a 30 dias não tem, de fato, aptidão para ensejar a DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do
concretização do requisito da simultaneidade. É que esse trabalho. 3 ed. São Paulo: LTr, 2004. p. 792.
lapso temporal mínimo (30 dias) já tem sido comumente 21 RUSSOMANO, Mozart Victor; RUSSOMANO
exigido pela jurisprudência para diferenciar substituições JÚNIOR, Victor; ALVES, Geraldo Magela. Consolidação
provisórias de substituições meramente eventuais (art. das leis do trabalho anotada. 5 ed. Rio de Janeiro:
450, CLT; Súmula nº 159, TST), podendo, desse modo, Forense, 2003. p. 119.
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qualquer tempo, sido absorvidas por empresa passiva, nesse caso, não seria possível a
pública ou sociedade de economia mista, equiparação salarial entre empregados de
constituirão quadro especial, a ser extinto à empresas distintas, mas componentes de um
medida que se vagarem os cargos ou funções” mesmo conglomerado de empresas. Por outro
(art. 1º), sendo que “os empregados de que lado, caso o entendimento seja no sentido
trata o artigo 1º não servirão de paradigma da existência de uma solidariedade dual, ou
para aplicação do disposto no artigo 461 e seja, tanto passiva como ativa, no sentido de
seus parágrafos da Consolidação das Leis do se considerar os integrantes do mesmo grupo
Trabalho” (art. 2º). econômico como um empregador único, tese
Uma questão semelhante que se atualmente dominante em sede doutrinária
coloca, é aquela pertinente à possibilidade de e jurisprudencial (TST, Súmula nº 129), será
equiparação salarial nos casos de empresas perfeitamente possível a isonomia de salários,
pertencentes ao mesmo grupo econômico. havendo o preenchimento dos requisitos
Então, será admitida a isonomia salarial entre contidos no art. 461 da CLT. A controvérsia,
empregados pertencentes a empresas que porém, existe!
compõe um mesmo grupo econômico? Como Segundo o entendimento de Arnaldo
ficaria a questão relativa ao mesmo empregador Süssekind, “não poderá haver direito à isonomia
descrita no caput do art. 461 da CLT? A questão quando diversos forem os empregadores. Por
se mostra controvertida no âmbito doutrinário isso mesmo, no caso de ‘grupo empregador’ de
e jurisprudencial. que cogita o § 2º do art. 2º da CLT, o empregado
Para que seja possível dirimir de uma empresa não pode servir de paradigma
essa controvérsia, faz-se necessário tecer para o empregado de outra empresa do grupo,
comentários acerca da natureza jurídica da que preste serviço de igual valor em função
solidariedade existente no caso de grupo idêntica”24.
econômico, passiva ou ativa23. Por outro lado, sustentando tal
Assim, se se entender que o grupo possibilidade, Sérgio Pinto Martins entende
econômico possui solidariedade apenas que será “possível a equiparação entre empresas
do mesmo grupo, pois o grupo de empresas
é o empregador, segundo o § 2º do artigo 2º
da CLT”, mas isso somente será admissível,
23 “Também, embora haja opiniões contrárias.
Realmente a própria noção unitária de grupo empresário
implica existência de ‘solidariedade integral’, instituto
bilateral. A lei, determinando ‘para os efeitos da relação
de emprego’, contratual ou não, não permite outro 24 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio;
entendimento. As empresas integradas têm solidariedade VIANNA, Segadas; TEIXEIRA FILHO, João de Lima.
‘passiva’ e ‘ativa’. Equiparadas, cada uma delas, ao Instituições de direito do trabalho. v. I 24 ed. São Paulo:
empregador, com ‘personalidade jurídica própria’, trata-se LTr, 2003. p. 426. Também em sentido contrário, confira-
de sujeito de direitos e obrigações solidários, nos termos se: CATHARINO, José Martins. Tratado jurídico do
da lei civil. Todas, isoladamente e em conjunto, direta ou salário. 2ª tiragem (edição fac-similada) São Paulo: LTr,
indiretamente, são credoras e devedoras, ao mesmo tempo, 1997. p. 368; e ABDALA, Vantuil. Equiparação salarial:
em tudo que se refere à relação de emprego”. in COSTA, empregado readmitido – quadro de carreira – grupo
Marcus Vinícius Americano da. Grupo empresário no econômico – sucessão. Revista de Direito do Trabalho,
direito do trabalho. 2 ed. São Paulo: LTr, 2000. p. 144. São Paulo, ano 10, nº 54, mar./abr., 1985. pp. 54-55.
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“desde que o empregado e paradigma prestem quanto ao fato constitutivo de seu direito,
serviços na mesma localidade e as empresas cumprindo-lhe, portanto, demonstrar
tenham a mesma atividade econômica e, o exercício de função idêntica àquela
portanto, estejam enquadradas no mesmo exercida pelo paradigma. Lado outro,
cumpre à reclamada a prova da efetiva
ramo econômico para fins sindicais, atendidos,
desigualdade das atribuições e de
ainda, os demais requisitos do artigo 461 da
quaisquer outros fatos modificativos e
CLT”25.
impeditivos do direito do autor, de forma
Em síntese, embora haja posicionamento a se afastar a procedência do pleito
em sentido contrário, tendo em vista que equiparatório. Em que pese a identidade
a doutrina e a jurisprudência majoritária de função deva ser observada em relação
consideram a existência de um empregador ao empregador comum, se o paradigma
único (TST, Súmula nº 129), não há óbice ao labora para outra empresa, do mesmo
reconhecimento do direito à equiparação grupo econômico, resta atendido o
salarial entre empregados de empresas que requisito da mesmeidade de empregador,
compõe um mesmo conglomerado, desde que inexistindo óbice a equiparação salarial.
(tese jurídica da d. maioria).
preenchidos os demais requisitos contidos no
(TRT 3ª R – 4ª T – Processo
art. 461 da CLT. n° 00604-2007-018-03-00-2 – Relator
Neste sentido, o Egrégio Tribunal Desembargador Júlio Bernardo do Carmo
– DJMG 16.02.2008)
Regional do Trabalho da 3ª Região, por meio
de julgamento da 4ª Turma, proferiu a seguinte
Ressalte-se, por fim, no que tange
decisão:
aos trabalhadores temporários, que este
EQUIPARAÇÃO SALARIAL – trabalhador tem assegurado a “remuneração
GRUPO ECONÔMICO – TRABALHO equivalente à percebida pelos empregados de
PRESTADO DENTRO DA JORNADA mesma categoria da empresa tomadora ou
PARA EMPRESAS CONSORCIADAS – cliente, calculados à base horária, garantida,
POSSIBILIDADE. em qualquer hipótese, a percepção do salário-
O art. 461 da CLT define mínimo regional”, em face da disposição contida
regras para o reconhecimento do
no art. 12, aliena “a”, da Lei nº 6.019, de 3 de
direito à equiparação salarial, quais
janeiro de 1974.
sejam, identidade de funções, com
igual produtividade e com a mesma
perfeição técnica, prestados ao mesmo
7. Diferenças salariais decorrentes de decisão
empregador e no mesmo local de judicial
trabalho. É ônus do reclamante a prova
O item VI, da Súmula nº 06, integrava
o conteúdo da Súmula nº 120, com redação
25 MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. atribuída pela Resolução nº 100/2000, publicada
6 ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 408. Neste mesmo sentido, no Diário de Justiça em 18 de setembro de 2000.
confira-se: MAGANO, Octavio Bueno. ABC do direito
do trabalho. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, Há de se mencionar, entretanto, que a Resolução
2000. p. 56.
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adicional por tempo de serviço26. A matéria, de salários tenha origem em decisão judicial em
entretanto, deve ser analisada com muita favor do paradigma, exceto quando decorrente
cautela, a fim de que não sejam promovidas de vantagem pessoal ou tese superada por Corte
situações esdrúxulas com a aplicação do direito, Superior e, no caso de equiparação em cadeia,
beneficiando-se a quem não possui o direito quando a questão for apresentada na peça de
material27. defesa e, ainda, “se o empregador produzir
A fim de evitar distorções desta prova do alegado fato modificativo, impeditivo
natureza, entretanto, a súmula passou a dispor ou extintivo do direito à equiparação salarial
que, havendo a presença dos requisitos legais em relação ao paradigma remoto”. Em síntese,
(CLT, art. 471), não é relevante que a diferença a atual redação deste item teve exatamente a
preocupação de evitar distorções, sobretudo
permitindo a instauração de um amplo
26 MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. contraditório com relação à questão nos casos
6 ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 409. de equiparação salarial em cadeia, facultando
27 Neste sentido, Amauri Mascaro Nascimento
ampla produção de provas sobre equiparações
faz menção à seguinte hipótese: “Suponhamos que
‘Joaquim’, contínuo que presta serviços a instituição anteriores.
financeira mediante salário de R$ 500,00, obteve, em
razão de revelia, equiparação salarial a ‘Jordano’, único
gerente regional daquela empresa e detentor do salário 8. Trabalho intelectual e perfeição técnica
de R$ 8.000,00. É notório que ‘Joaquim’ não exercia as
mesmas atividades que ‘Jordano’. No entanto, para aquele
processo, em razão da revelia, ficou declarado que ambos Por sua vez, o item VII, da Súmula nº
deveriam receber o mesmo salário.
06, em face da Resolução Administrativa nº
Imaginemos agora que ‘Manuel’, também contínuo,
129/2005, publicada no Diário da Justiça em
ajuíze demanda pleiteando equiparação salarial com
‘Joaquim’ e a aplicação dos efeitos do inciso VI, da Súmula 20 de abril de 2005, trata de reprodução da
6 do C. TST. Com efeito, se partirmos da atual redação
disposição contida na já cancelada Orientação
da referida Súmula, bastará ‘Manuel’ fazer prova de seu
direito com ‘Joaquim’ para alcançar os elevados ganhos
de ‘Jordano’, sem ter que, a qualquer tempo, fazer prova
de identidade de funções em relação a esse último, topo
da cadeia equiparatória.
Por esse absurdo, mas plausível exemplo, chega-se à
equivocada conclusão de que todo e qualquer contínuo
que provar identidade de função com ‘Joaquim’ ou
‘Manuel’ fará jus aos proventos daquele gerente regional
(Jordano), tão-somente em razão da revelia ocorrida
em um único processo porque, segundo o inciso VI, ‘é
irrelevante a circunstância de que o desnível salarial tenha
origem em decisão judicial que beneficiou o paradigma’”.
/.../
“Em suma, a atual redação do inciso VI, da Súmula 6,
TST, permite o deferimento da equiparação salarial em
casos nos quais não há identidade de função ou trabalho
de igual valor, desvirtuando-se, assim, a finalidade da
norma que é evitar discriminação”. In NASCIMENTO,
Amauri Mascaro. Equiparação salarial e inciso VI da
Súmula n° 6 do C. TST. Revista LTr, São Paulo, ano 71,
nº 09, setembro, 2007, pp. 1032-1033.
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pelo art. 461 da CLT deve ser interpretado, no não há necessariamente o trabalho de
tocante aos professores, em consonância com igual valor, notadamente, quando se
as particularidades que apresenta o exercício trata de uma disciplina que atua como
do magistério. Neste particular, não é possível suporte para as atividades acadêmicas
dos alunos, não atuando diretamente
pretender a aplicação rígida do princípio da
na sua formação. Não se trata de fazer
equiparação salarial. Mister se faz imprimir-lhe
pouco caso do profissional da área,
certa flexibilidade, adaptando-o às condições
nem da disciplina em si, mas há que se
especiais do trabalho dos professores”. Mais considerar o volume e a responsabilidade
adiante, sustenta que “deixará, entretanto, do trabalho que envolvem uma e outra
de ter aplicação o princípio da equiparação situação. Há que se prestigiar o poder
salarial, quando se trate de professores que diretivo do empregador, que assume
lecionam no mesmo nível de ensino, mas o risco do negócio, sem implicar em
pertencentes a categorias diferentes, como ofensa ao art. 461/CLT. Os professores
ocorre no magistério superior: professores podem até ter o mesmo nível cultural,
assistentes, professores adjuntos e professores intelectual e até pedagógico, mas há
que se levar em conta o tipo de disciplina
titulares. É que, no caso, a classificação do
ministrada especificamente e as
professor numa das citadas categorias decorre
atividades inerentes a cada uma. É fato
do preenchimento de requisitos especiais,
que o professor que ministra matéria que
alguns dos quais previstos na própria legislação integra o currículo obrigatório tem muito
do ensino”30. mais responsabilidade, envolvimento.
Quanto à possibilidade de distinção Ele deve, efetivamente, ministrar aulas
remuneratória entre professores, especialmente de nível teórico para classes regulares
pelo fato de se levar em consideração o nível de de alunos e desenvolver as demais
responsabilidade atribuído e a complexidade atividades inerentes ao trabalho
da disciplina ministrada, o Egrégio Tribunal docente, como a aplicação e correção de
Regional do Trabalho da 3ª Região, por meio exames e provas, obedecendo às normas
curriculares expedidas pelo MEC. Ganha
de julgamento da 2ª Turma, proferiu a seguinte
mais, mas também é mais cobrado pelos
decisão:
alunos, pelos pais destes e pela própria
escola.
EQUIPARAÇÃO SALARIAL.
(TRT 3ª R – 2ª T – Processo n°
PROFESSORES.
00103-2005-043-03-00-4 – Relator Juiz
A equiparação entre professores
(convocado) Luís Felipe Lopes Boson –
que ministram disciplinas diferentes não
DJMG 20.07.2005)
pode ser generalizada na regra do art.
461/CLT. Embora a função seja idêntica,
Por sua vez, Arnaldo Süssekind
afirma que, embora a Seção de Dissídios
Individuais 1 do Tribunal Superior do Trabalho
30 GONÇALVES, Emílio. Professores
universitários – equiparação salarial e quadro de carreira. tenha reconhecido tal possibilidade, não será
Revista de Direito do Trabalho, São Paulo, ano 11, nº
possível a equiparação salarial entre dois
61, mai./jun., 1986. pp. 48-56.
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advogados de uma mesma empresa, dois sendo uma atividade psicofísica, o resultado
cantores de uma emissora de rádio, ou, ainda, do labor humano está sempre impregnado
dois atletas profissionais de uma equipe de pelos traços da personalidade e do modo
futebol. O eminente autor sustenta que, “não de ser único e ímpar de cada prestador de
obstante de aplicação geral, certo é que, na serviços”. Prosseguindo, afirma que criar com o
prática, a regra do salário igual para trabalho intelecto e trabalhar com o corpo, com as mãos,
de igual valor dificilmente poderá determinar com os pés ou com a voz, de modo que, em
a equiparação salarial entre empregados algumas profissões, que constituem exceção, a
cujo trabalho seja de natureza ‘intelectual desigualdade salarial é admitida, como ocorre,
ou artística’. É que o valor das prestações de por exemplo, entre os atletas profissionais de
serviços intelectuais ou artísticos não pode ser futebol e os artistas de televisão”. A justificativa
aferido por critérios objetivos, dificultando, se para tal posicionamento se assenta no fato
não impossibilitando, a afirmação de que dois de que “trabalho e arte transitam numa
profissionais empreendem suas tarefas com fronteira extremamente tênue, difícil de serem
igual produtividade e com a mesma perfeição dissociados, ainda que por ficção do Direito
técnica”31. do Trabalho, que almeja a dignidade do ser
Arrematando a questão, Mozart Victor humano em todas as dimensões, seja à luz do
Russomano entende que “é impossível, via trabalho técnico, científico, manual, intelectual
de regra, a equiparação salarial no tocante ou artístico”33.
a funções intelectuais e artísticas, face Analisando-se os posicionamentos
à impossibilidade prática de aferição da acima trazidos, percebe-se que, no campo
igualdade de valor dos serviços prestados. Esta teórico, seria perfeitamente possível a
não é, contudo, regra absoluta, porque se há equiparação salarial entre trabalhadores
de decidir o contrário se, na ação trabalhista, com atividade intelectual, o que, aliás, foi
excepcional e concretamente, aquele requisito reconhecido pelo Tribunal Superior do Trabalho
for preenchido mediante prova hábil”32. por meio do item VII da Súmula nº 06. Isso,
Tratando acerca da questão ligada ao ainda, desde que sejam estabelecidos critérios
trabalho desenvolvido pelo artista ou o atleta objetivos para a aferição da perfeição técnica
profissional, Luiz Otávio Linhares Renault do trabalho desenvolvido.
sustenta que “pouquíssimos seriam os casos de Ocorre, entretanto, que, mesmo
absoluta, de completa igualdade, uma vez que, tendo sido admitida a sua possibilidade no
campo teórico, no aspecto prático se mostra
praticamente impossível o reconhecimento
da equiparação salarial entre empregados
31 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio;
VIANNA, Segadas; TEIXEIRA FILHO, João de Lima. que desenvolvam atividades intelectuais,
Instituições de direito do trabalho. v. I 24 ed. São Paulo:
LTr, 2003. pp. 427-428.
32 RUSSOMANO, Mozart Victor; RUSSOMANO
JÚNIOR, Victor; ALVES, Geraldo Magela. Consolidação 33 TRT 3ª R – 4ª T – Processo n° 01841-2006-147-
das leis do trabalho anotada. 5 ed. Rio de Janeiro: 03-00-3 – Relator Desembargador Luiz Otávio Linhares
Forense, 2003. p. 119. Renault – DJMG 14.07.2007
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39 Mais acerca do tema, consulte-se: BARACAT, 40 DELGADO, Maurício Godinho. Salário: teoria
Eduardo Milléo. Prescrição trabalhista e a súmula n° e prática. 2 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2002. pp. 222-
294 do TST. São Paulo: LTr, 2007. 223.
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municípios contíguos. Não haverá, nesse caso, de mesma localidade contido no art.
direito à equiparação salarial, apenas pelo fato 461 da CLT, conforme entendimento
de não pertencerem a um mesmo município? perfilhado na Súmula 6, X, do C.TST.
Certamente, nessa hipótese, a área urbana e Provada a igualdade funcional, prestigia-
se, no particular, sentença de origem que
as condições de vida serão as mesmas, o que
deferiu a equiparação pretendida.
não impede a isonomia de salários, sob pena de
(TRT 2ª R – 4ª T – Processo n°
afronta ao princípio da igualdade, e, até mesmo,
02790200504902006 – Acórdão n°
ao princípio da razoabilidade que vigora no 20080545488 – Relator Desembargador
Direito do Trabalho. Ricardo Artur Costa e Trigueiros - DOE
Tratando exatamente acerca da questão 27.06.2008)
ora apresentada, o Egrégio Tribunal Regional do
Trabalho da 2ª Região, por meio de julgamento De igual sorte, também se mostra frágil o
da 4ª Turma, proferiu a seguinte decisão: argumento de que, em matéria de equiparação
salarial, a interpretação deva ocorrer de forma
EQUIPARAÇÃO. LOCALIDADE DIVERSA. restritiva, até porque, se tal entendimento
CIDADES DA REGIÃO METROPOLITANA. fosse adotado, certamente haveria afronta
DIREITO ÀS DIFERENÇAS.
aos mais basilares princípios de Direito do
Metrópole (‘mater’ + ‘polis’= cidade-
Trabalho, como, por exemplo, o princípio da
mãe) significa cidade principal ou
proteção, através da regra do in dubio pro
capital de província ou Estado, e região
metropolitana tem por conceito “região operario. Há de se ressaltar que essa regra
densamente urbanizada constituída por “aconselha o intérprete a escolher, entre duas
municípios que, independentemente de ou mais interpretações viáveis, a mais favorável
sua vinculação administrativa, fazem ao trabalhador, desde que não afronte a nítida
parte de uma mesma comunidade manifestação do legislador, nem se trate de
socioeconômica e cuja interdependência matéria probatória”43.
gera a necessidade de coordenação Nesse mesmo sentido, enfatizando a
e realização de serviços de interesse concepção segundo a qual o legislador deve
comum” (Novo Dicionário Aurélio
estabelecer um favorecimento àquele que visa
da Língua Portuguesa, 2ª Edição,
proteger, Cesarino Júnior afirma que “sendo
editora Nova Fronteira, pg. 1474). É de
o direito social, em última análise, o sistema
notório conhecimento a identidade de
interesses socioeconômicos no âmbito legal de proteção dos economicamente fracos
das metrópoles. Daí porque, forçoso (hipossuficientes), é claro que, em caso de
concluir que o fato de o reclamante ter dúvida, a interpretação deve ser a favor do
trabalhado em São Paulo e o paradigma economicamente fraco, que é o empregado, se
na Região do ABC - Santo André, São
Caetano e São Caetano do Sul não afasta
a equiparação salarial, posto que tais
43 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio;
municípios pertencem à mesma região VIANNA, Segadas; TEIXEIRA FILHO, João de Lima.
metropolitana, que se insere no conceito Instituições de direito do trabalho. 16 ed. São Paulo:
LTr, 1997. p. 134.
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de cada trabalhador para sobreviver. Dentro de legal, desde que não se afaste da intenção do
uma mesma região socioeconômica presume- legislador, da natureza salarial da equiparação
se que essas necessidades são iguais para e não ultrapasse os limites de sua jurisdição”50.
todos. Resta sem significado, por isso, a paga de
salários diferentes”48.
Segundo a lição de José Martins 50 Ao examinar o terceiro critério mencionado, e,
em seu entendimento sendo este o melhor deles, o autor
Catharino, seria possível a utilização de três
afirma que “o princípio de salário igual por trabalho igual
critérios para definir o alcance da expressão não pode ser bem aplicado sem que se tenha em vista não
ser possível tornar o salário menos injusto considerando-o
“mesma localidade” descrita na lei: 1) “entender-
apenas sob seu valor nominal. De fato, se a equiparação
se a locução em sentido geográfico”; 2) “idem, se fizer baseada exclusivamente no salário nominal, sem
que se leve em conta seu valor real, a finalidade igualitária
em sentido político-administrativo”; 3) “basear-
do princípio seria, muitas vezes, inatingida. Não basta,
se o conceito em razões econômicas”. O referido portanto, a ‘equiparação simbólica e quantitativa do
salário’. É necessário, ainda e principalmente, que se
autor entende ser inadequada a utilização dos
considere seu poder aquisitivo, isto é ‘sua qualidade
dois primeiros critérios49, e, conclui afirmando econômica efetiva’. Para nós, nesta norma fundamental,
baseou-se o legislador ao exigir o requisito de trabalho
que “erram os que tentam dar um significado
prestado ‘na mesma localidade’. /.../
rígido e abstrato à locução legal. Seu verdadeiro
O ponto de vista que defendemos harmoniza-se com
conceito, sob o ponto de vista jurídico, é o artigo 766 da CLT. Para efeito de ‘salário equitativo’
não basta ser apreciado o custo de vida na localidade
demasiado objetivo para permitir limitações
onde o empregado presta serviço, mas, também, as
prévias e teóricas. Ao juiz cabe, em cada caso possibilidades econômico-financeiras da empresa. Aliás,
o juiz tem na própria lei fundamentos para decidir.
concreto, determinar o alcance da exigência
Queremos nos referir, em primeiro lugar, à aplicação, por
analogia, do critério seguido pelo legislador para fixação
dos salários mínimos, dividindo o país em regiões, zonas
e subzonas. Em segundo lugar, note-se que, para efeito
48 GONÇALES, Odonel Urbano. Manual de de equiparação entre empregados brasileiros, o juiz deve
direito do trabalho. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1999, p. 122. adotar um conceito restrito de ‘mesmo empregador’
49 Ao se referir aos critérios descritos, o autor baseado no artigo 355 da CLT.
afirma que “o primeiro deles deve ser abandonado sem
A divisão do país em localidades econômicas, para tornar
maiores comentários. Além de conduzir o intérprete à
mais justa a equiparação, corresponde, sob o ponto de
imprecisão, provocaria efeitos sumamente injustos. Caso
vista empresário, à descentralização da empresa em
se considere certa ‘zona geográfica’ como equivalente à
sucursais, filiais e agências. Considere-se que a ‘restrição
localidade, abstraindo-se condições econômicas distintas
do conceito de empregador, conjugada à limitação
e Estados ou Municípios, a aplicação do princípio seria
especial’ permite ao juiz decidir não só de acordo com o
desastrosa. É, portanto, de ser abandonado o critério de se
princípio contido no artigo 461, como também segundo
determinar o campo de aplicação da equiparação segundo
a norma mais geral do artigo 766”. in CATHARINO, José
limites geofísicos.
Martins. Tratado jurídico do salário. 2ª tiragem (edição
Vejamos o segundo: ‘seria viável tomar-se por ponto de fac-similada) São Paulo: LTr, 1997. pp. 373-374.
referência unidades da Federação, como o Município ou
Há de se levar em consideração, entretanto, que a edição
Estado’?
original da obra mencionada foi publicada em 1951, razão
Ao nosso ver, não. Seria impraticável. Localidade não pela qual, em alguns pontos, percebe-se a existência de
pode, ainda, equivaler a cidade. Esta, por exemplo, divergências com a situação e sistema atual, mas, por
embora menos ampla, sob o ponto de vista político- outro lado, preferiu-se trazê-la na íntegra, a fim de que não
administrativo, que o Estado ou o Município, pode houvesse qualquer subversão à brilhante lição do autor
compreender várias zonas (urbana, suburbana ou rural que, já na década de 50 do século passado, entendia que o
periférica) ou, ainda, várias ‘localidades’ dentro do seu conceito de “mesma localidade”, para fins de equiparação
perímetro”. in CATHARINO, José Martins. Tratado salarial, não poderia ser tido de forma absoluta, devendo
jurídico do salário. 2 tiragem (edição fac-similada) São ser perquirido conforme a realidade de cada região desse
Paulo: LTr, 1997. pp. 372-373. país.
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e, ainda, que as promoções ocorram de forma não existe impedimento à equiparação salarial
alternada, por merecimento e antiguidade, sob entre empregados de empresas que pertençam
pena de nulidade do referido instrumento. a um mesmo grupo econômico, desde que
Já no que tange ao tempo de serviço, preenchidos os demais requisitos contidos na
como eventual impeditivo para a equiparação lei.
salarial, percebeu-se que tanto a doutrina No que tange à equiparação salarial
como a jurisprudência compreende que essa com paradigma que obteve pronunciamento
contagem se refere ao trabalho na função, e judicial favorável, percebeu-se que não há
não no emprego, pouco importando a duração impedimento para que esta pessoa sirva como
do contrato de trabalho, o que atende com modelo, tendo em vista que, desde que não
maior precisão a disposição contida no art. 461, haja fato impeditivo aquisição do direito, não
§ 1º da CLT. poderá haver tratamento discriminatório entre
Notou-se, ainda, que empregados que exerçam as mesmas atividades,
independentemente da nomenclatura ao mesmo empregado e na localidade. Não
atribuída ao cargo dos empregados, a condição haverá direito à equiparação salarial, entretanto,
necessária para que seja possível a equiparação naquelas hipóteses em que a diferença se deva
salarial é o desempenho de funções idênticas, a uma situação pessoal ou vantagem particular
com as mesmas atribuições e atividades, visto do paradigma, como, por exemplo, a integração
que a legislação pertinente exige a identidade de horas extras e do adicional por tempo de
de função, e não identidade de cargos (CLT, art. serviço. Como se notou, porém, a questão deve
461, caput). ser analisada com cuidado, a fim de evitar a
Como se percebeu da análise realizada, criação de situações esdrúxulas ou a atribuição
a simultaneidade ou contemporaneidade na de direito a quem não o possui.
prestação de serviços entre o paradigma e a Talvez a questão mais controvertida
parte reclamante se mostra como elemento acerca desta súmula seja aquela relativa à
essencial para a constituição do direito às equiparação salarial em trabalho intelectual.
diferenças salariais. Por outro lado, percebeu- Percebeu-se, entretanto, que, sob o ponto
se que, a substituição de um empregado por de vista teórico, seria perfeitamente possível
outro, após ter havido o desligamento deste a equiparação salarial entre trabalhadores
último, não ofende o Princípio da Igualdade, e, com atividade intelectual, mas, no aspecto
por conseguinte, não gera direito à equiparação prático, mostra-se praticamente impossível o
salarial. reconhecimento da equiparação salarial entre
Outra questão que eventualmente empregados que desenvolvam atividades
pode gerar a divergência está ligada à figura intelectuais, tendo em vista que, nessas
do empregador. Constatou-se que, mesmo não situações, será muito difícil estabelecer critérios
se descartando a existência de entendimento objetivos para a aferição da perfeição técnica
divergente, levando-se em conta que a doutrina do trabalho realizado.
e a jurisprudência consideram a existência de Abordando a questão do ônus da prova,
um empregador único (TST, Súmula nº 129), a súmula não acresceu mais do que a disposição
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contida em lei (CLT, art. 818 e CPC, art. 333, se localizam as filiais da empresa nas quais
incisos I e II). Talvez não se fizesse necessária prestam serviços reclamante/empregado e
a inclusão deste item na súmula, pois, como paradigma, para fins de reconhecimento do
já mencionado, a sua resolução decorre da direito à equiparação salarial.
própria lei. De qualquer forma, incumbe ao Por fim, importa ressaltar que existem
reclamante/empregado a prova dos chamados outras questões que poderiam ser tratadas no
fatos constitutivos do direito à equiparação estudo da equiparação salarial, mas a fim de
salarial, tais como o (a) desempenho da mesma não se desvirtuar o trabalho ora desenvolvido,
função, a (b) contemporaneidade na prestação enveredando-se numa empreitada infindável,
de serviços com o paradigma, o (c) trabalho limitou-se a abordar o entendimento
prestado ao mesmo empregador, e, ainda, (d) doutrinário e jurisprudencial acerca de cada
na mesma localidade em que o paradigma. Por um dos itens relacionados na Súmula n° 6
sua vez, à reclamada/empregadora incumbe do Tribunal Superior do Trabalho. Era esta a
a prova dos fatos impeditivos, modificativos pretensão deste estudo!
e extintivos, tais como a (e) diferença de
produtividade e perfeição técnica, a (f) existência BIBLIOGRAFIA
de quadro organizado de carreira, e, também,
ABDALA, Vantuil. Equiparação salarial:
a (g) diferença de tempo na função superior empregado readmitido – quadro de carreira
a dois anos entre reclamante e paradigma. É – grupo econômico – sucessão. Revista de
esta a regra do ônus da prova no que tange à Direito do Trabalho, São Paulo, ano 10, nº 54,
mar./abr., 1985.
equiparação salarial.
Em relação à prescrição aplicável, ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI,
notou-se que não há relevante controvérsia Eduardo; WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso
quanto à incidência da prescrição parcial, sendo avançado de processo civil. vol. I 2 ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.
fulminadas pelo instituto apenas diferenças
ALVES, Geraldo Magela; RUSSOMANO,
salariais vencidas no período de 5 (cinco) anos Mozart Victor; RUSSOMANO JÚNIOR, Victor.
que antecederam ao ajuizamento da ação Consolidação das leis do trabalho anotada. 5
que visava o reconhecimento da existência ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003.
das respectivas diferenças, pois estas são
AMARAL, Júlio Ricardo de Paula. Eficácia
resultantes de disposição cujo conteúdo se dos direitos fundamentais nas relações
encontra inserido em lei (CLT, art. 461). trabalhistas. 2 ed. São Paulo: LTr, 2014.
Outra questão que suscita controvérsia
BARACAT, Eduardo Milléo. Prescrição trabalhista
é aquela ligada à definição do que vem a ser
e a súmula n° 294 do TST. São Paulo: LTr, 2007.
mesma localidade. Percebeu-se, porém, que a
interpretação que mais se harmoniza com os CARRION, Valentin. Comentários à consolidação
princípios de Direito do Trabalho, atendendo das leis do trabalho. 24 ed. São Paulo: Saraiva,
1999.
aos fins sociais e à finalidade da própria norma
legal, é aquela no sentido de que se deva CATHARINO, José Martins. Tratado jurídico do
considerar como tal, a região geoecômica onde salário. 2ª tiragem (edição fac-similada) São
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Equiparação Salarial
Artigos
COSTA, Marcus Vinícius Americano da. Grupo MORAES FILHO, Evaristo; MORAES, Antônio
empresário no direito do trabalho. 2 ed. São Carlos Flores de. Introdução ao direito do
Paulo: LTr, 2000. trabalho. 8 ed. São Paulo: LTr, 2000.
GONÇALVES, Emílio. Professores universitários PAULA, Carlos Alberto Reis de. A especificidade
– equiparação salarial e quadro de carreira. do ônus da prova no processo do trabalho. São
Revista de Direito do Trabalho, São Paulo, ano Paulo: LTr, 2001.
11, nº 61, mai./jun., 1986.
PINTO, José Augusto Rodrigues; PAMPLONA
__________. Manual de prática processual FILHO, Rodolfo. Repertório de conceitos
trabalhista. 6 ed. São Paulo: LTr, 2001 trabalhistas – Direito individual. v. I São Paulo:
LTr, 2000.
MAGANO, Octavio Bueno. ABC do direito do
trabalho. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de direito
2000. do trabalho. 3 ed. São Paulo: LTr, 2004.
MANUS, Pedro Paulo Teixeira. Curso de direito RUSSOMANO, Mozart Victor; RUSSOMANO
do trabalho. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2002. JÚNIOR, Victor; ALVES, Geraldo Magela.
Consolidação das leis do trabalho anotada. 5
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FILHO, João de Lima; SÜSSEKIND, Arnaldo.
Instituições de direito do trabalho. v. I 24 ed. __________. Curso de direito do trabalho. 9
São Paulo: LTr, 2003. ed. Curitiba: Juruá, 2004.
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