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Equiparação Salarial: novas diretrizes


após a Súmula n° 6 do TST e suas alterações
posteriores
Júlio Ricardo de Paula Amaral

1. Introdução nº 06 teve a sua ultima alteração, a qual foi


promovida pela Resolução nº 185/2012, a qual
Originariamente a Súmula nº 06 foi foi publicada no Diário Eletrônico da Justiça
editada pela Resolução Administrativa nº do Trabalho em 25 de setembro de 2012,
28/1969, com publicação no Diário Oficial chegando-se, assim, à redação atualmente
em 21 de agosto de 1969. A sua redação foi vigente.
alterada pela Resolução nº 104/2000, publicada A presente súmula se mostra como
no Diário da Justiça em 18 de dezembro de sendo quase uma espécie de regulamentação
2000. Posteriormente, por meio da Resolução de grande parte das questões atinentes à
nº 129/2005, com publicação no Diário da equiparação salarial prevista no art. 461 da CLT.
Justiça em 20 de abril de 2005, alterou-se a Trata-se, na verdade, de uma interpretação
sua redação, incorporando-se as disposições às disposições contidas na lei, em que pese,
contidas nas Súmulas nºs 22, 68, 111, 120, em vários instantes, pode-se dizer que a
135 e 274, e, ainda, aquelas constantes das súmula vai além do conteúdo da lei. Há de se
Orientações Jurisprudenciais nºs 252, 298 e ressaltar, porém, que serão tratadas apenas
328 da Seção de Dissídios Individuais 1 do as questões expressamente contempladas na
Tribunal Superior do Trabalho. súmula, sob pena de se desvirtuar o trabalho
Depois disso, exclusivamente com ora desenvolvido, e, ainda, embrenhar-se em
relação ao item VI – equiparação salarial em empreitada infindável, em face da grande
cadeia –, esta súmula sofreu mais uma alteração diversidade do tema ora abordado.
pela Resolução nº 172/2010, publicada no em
19 de novembro de 2010. E, por fim, também Segundo a lição de Maurício Godinho
relativamente ao mesmo item VI, a Súmula Delgado, a equiparação salarial “é a figura

Júlio Ricardo de Paula Amaral

Doutor em Direito Social pela Universidad de Castilla-La Mancha


(UCLM - Espanha), Mestre em Direitos Sociais (Máster) com Diploma
de Estudos Avançados obtido na Universidad de Castilla-La Mancha,
Mestre em Direito Negocial pela Universidade Estadual de Londrina
(PR) - UEL. Juiz do Trabalho no Tribunal Regional do Trabalho da 9ª
Região (PR).

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jurídica mediante a qual se assegura ao Reunindo-se os requisitos acima


trabalhador idêntico salário ao do colega perante mencionados, conforme previsto no art. 461
o qual tenha exercido, simultaneamente, função da CLT, o empregado equiparando fará jus ao
idêntica, na mesma localidade, para o mesmo mesmo salário pago ao paradigma, a fim de
empregador1”. que sejam evitadas distorções ou ofensas ao
Há de se mencionar que o direito à princípio da igualdade, em razão da prestação de
igualdade de salários para trabalho de igual serviços idênticos, com a mesma produtividade
valor decorre do princípio da igualdade de e perfeição técnica em benefício do mesmo
tratamento ou da não discriminação, conforme empregador.
estampado no art. 5º da CLT, art. 5º, caput e art. Vejamos, portanto, cada um dos itens
7º, incisos XXX e XXXI da Constituição Federal2. constantes desta súmula.
Os requisitos da equiparação salarial estão
contidos no art. 461 da CLT. 2. Quadro organizado de carreira
Ao comentar os requisitos necessários
para a configuração da equiparação salarial, O item I, da Súmula nº 06, teve a sua
Mozart Victor Russomano afirma que são redação atribuída por meio da Resolução nº
necessários: “a) trabalho prestado ao mesmo 104/2000, publicada no Diário da Justiça em 18
empregador, o que exclui a equiparação entre de dezembro de 2000. O presente item se refere
empregados de empresas diversas; b) na às condições necessárias à validade do quadro
mesma localidade, sendo impossível alegar- de carreira no âmbito de empresas privadas,
se a isonomia entre trabalhadores de lugares e, também, entidades de direito público da
diversos, embora a serviço da mesma empresa; administração direta, autárquica e fundacional.
c) inexistência de quadro de carreira, em que as
promoções sejam feitas alternadamente, por
merecimento e por antiguidade (§§ 2º e 3º); d)
inexistência, entre equiparando e paradigma,
de diferença de tempo de serviço superior a
dois anos, contando esse tempo na ‘função’ e,
não, na ‘empresa’”3.

1 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de


direito do trabalho. 3 ed. São Paulo: LTr, 2004. p. 788.
2 Costuma-se compreender que a questão relativa
à equiparação salarial, em face de sua derivação do
princípio da igualdade, seria uma forma de aplicação dos
direitos fundamentais no âmbito do contrato de trabalho.
Acerca desta questão, confira outro estudo realizado:
AMARAL, Júlio Ricardo de Paula. Eficácia dos direitos
fundamentais nas relações trabalhistas. São Paulo: LTr, JÚNIOR, Victor; ALVES, Geraldo Magela. Consolidação
2014. das leis do trabalho anotada. 5 ed. Rio de Janeiro:
3 RUSSOMANO, Mozart Victor; RUSSOMANO Forense, 2003. p. 118.

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Há de se ressaltar que a existência discriminações salariais entre empregados”4.


de quadro organizado de carreira se mostra É importante relembrar, ainda, que
como um impeditivo à constituição do o referido item I da Súmula n° 6, de maneira
direito à equiparação salarial, visto que “os expressa, para a finalidade prevista no § 2º do
dispositivos deste artigo não prevalecerão art. 461 da CLT, exclui dessa exigência “o quadro
quando o empregador tiver pessoal organizado de carreira das entidades de direito público da
em quadro de carreira, hipótese em que as administração direta, autárquica e fundacional
promoções deverão obedecer aos critérios de aprovado por ato administrativo da autoridade
antiguidade e merecimento” (CLT, art. 461, § 2º). competente”. Desta forma, para que seja
Ressalva-se, ainda, que “as promoções deverão plenamente válido e produza os seus efeitos,
ser feitas alternadamente por merecimento o quadro de carreira das empresas privadas
e por antiguidade, dentro de cada categoria necessariamente deve estar homologado pelo
profissional” (CLT, art. 461, § 3º). Em face disso, Ministério do Trabalho, ao passo que aquele
para que seja válido o quadro de carreira e possa relativo às entidades públicas não possui esta
produzir os seus efeitos, devem-se observar exigência.
determinadas condições. Neste sentido, o Egrégio Tribunal
Note-se, portanto, que o simples fato Regional do Trabalho da 2ª Região, por meio
de existir quadro de carreira no âmbito da de julgamento da 1ª Turma, proferiu a seguinte
empresa, por si só, não impede o direito à decisão:
equiparação salarial, sendo necessário que
o referido instrumento seja homologado QUADRO DE CARREIRA.
pelo Ministério do Trabalho, e, ainda, que as HOMOLOGAÇÃO. EQUIPARAÇÃO
promoções ocorram de forma alternada, por SALARIAL.
merecimento e antiguidade. Para os fins previstos no § 2º do

A doutrina compreende que art. 461 da CLT, só é válido o quadro de


pessoal organizado em carreira quando
homologação administrativa do quadro de
homologado pelo Ministério do Trabalho,
carreira das empresas privadas e a submissão
excluindo-se, apenas, dessa exigência
ao órgão administrativo próprio, no caso de
o quadro de carreira das entidades de
entes de direito público, na verdade, tem a
direito público da administração direta,
finalidade de evitar abusos pelo empregador,
autárquica e fundacional, aprovado
tendo em vista que “o que importa ao Direito por ato administrativo da autoridade
do Trabalho, para fins de inviabilização da competente (Súmula n° 6/TST).
equiparação salarial, é saber-se se o quadro (TRT 2ª R – 1ª T – Processo n°
de carreira ‘prevê efetiva e eficaz sistemática 01576-2002-058-02-00-0 – Acórdão n°
de promoções alternadas por merecimento e 20040541996 – Relator Desembargador
antiguidade’, de modo a neutralizar eventuais

4 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de


direito do trabalho. 3 ed. São Paulo: LTr, 2004. p. 798.

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Plínio Bolívar de Almeida – DOESP invioláveis: promoção por antiguidade (fator


26.10.2004) objetivo) e por merecimento (fator subjetivo)”8.
A alternância das promoções por
Por outro lado, costuma-se entender antiguidade e merecimento é imprescindível
que “o critério relativo ao merecimento para para a validade do quadro organizado de
fins de promoção do empregado deve ser carreira. Tratando exatamente desta questão,
adotado de forma objetiva, pois essa promoção o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região,
não deve estar condicionada ao livre arbítrio por meio de julgamento da 4ª Turma, proferiu a
do empregador, já que não se trata de cargo seguinte decisão:
de confiança, ainda que as promoções façam BRASIL TELECOM S.A. – PLANO
o empregado ascender a altos cargos de DE CARGOS E SALÁRIOS – EQUIPARAÇÃO
chefia, que por este motivo, serão sempre SALARIAL – PROMOÇÕES.
técnicos”5. Isso, embora seja perfeitamente O entendimento desta e. Turma
possível o reconhecimento da existência de é no sentido de que, não observada pela
Reclamada a necessária alternância
posicionamentos em sentido contrário6, tendo
entre as promoções por antiguidade e
em vista que “quem avalia o merecimento do
por merecimento, nos termos do artigo
empregado é o próprio empregador, de forma
461, o 3º, da CLT, não se presta o Plano
discricionária e subjetiva. O empregado não tem de Cargos e Salários instituído pela
qualquer direito à promoção, por considerar-se mesma para afastar virtual direito à
mais habilitado que outro colega, uma vez que equiparação salarial, tampouco o pedido
o empregador levará em conta apenas critérios de promoções previsto em norma interna
de natureza eminentemente subjetiva, no uso da ré.
de seu poder de comando”7. (TRT 9ª R – 4ª T – Processo n°
17854-2003-652-09-00-5 – Acórdão n°
Não há, portanto, a obrigatoriedade 12033/2006 – Relator: Desembargador
na adoção do quadro de carreira na empresa, Sergio Murilo Rodrigues Lemos – DJPR
02.05.2006)
mas, ao instituí-lo, deverá ocorrer a sua estrita
observância, sendo certo que isso, de maneira
Faz-se importante relembrar que, em
evidente, mostra-se como uma espécie de
que pese a finalidade seja evitar abusos e
“autolimitação que o empregador se impõe, eis
arbitrariedades pelo empregador, na prática
que as promoções, que poderiam ser de seu
o que se visa é garantir a igualdade dos
arbítrio exclusivo, passam obedecer a regras
empregados para fins de ascensão profissional,
e, consequentemente, a obtenção de melhor
5 MARQUES, Fabíola. Equiparação salarial remuneração por seu trabalho, por meio de
por identidade no direito do trabalho brasileiro. São promoções alternadas por merecimento e
Paulo: LTr, 2002. p. 126.
6 Em sentido contrário, confira-se: CARRION,
Valentin. Comentários à consolidação das leis do
trabalho. 24 ed. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 329.
7 DAMASCENO, Fernando Américo Veiga. 8 DAMASCENO, Fernando Américo Veiga.
Igualdade de tratamento no trabalho – Isonomia Igualdade de tratamento no trabalho – Isonomia
salarial. Barueri: Manole, 2004. p. 96. salarial, pp. 96-97.

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antiguidade, embora seja necessário ressaltar que possam influir no resultado da produção
que a jurisprudência se inclina no sentido de devem ser verificadas”. Prosseguindo, o
que se deva manter a formalidade ligada à referido autor afirma que “outro requisito
homologação do quadro de carreira. para a ocorrência de equiparação salarial
é a identidade qualitativa, consistente na
3. Trabalho igual e tempo de serviço verificação da perfeição técnica, reveladora do
trabalho idêntico entre reclamante e paradigma.
O item II, da Súmula nº 06, fazia parte São obras bem acabadas, feitas com esmero, ou
da Súmula nº 135, editada através da Resolução com qualidades inerentes ao ofício da pessoa”9.
Administrativa nº 102/1982, publicada no Por sua vez, ao comentar tais conceitos,
Diário da Justiça em 11 de outubro de 1982, e José Augusto Rodrigues Pinto e Rodolfo
republicada em 15 de outubro de 1982. Ocorre Pamplona Filho afirmam que a igualdade
que, por meio da Resolução nº 129/2005, com de valor do trabalho “não se confunde com
publicação no Diário da Justiça em 20 de abril a igualdade da função, pois diz respeito
de 2005, houve o cancelamento da Súmula nº ao ‘resultado do trabalho’ produzido pelo
135, incorporando-se a sua disposição à súmula ‘equiparando’ e pelo ‘paradigma’”. Sustentam,
ora comentada. ainda, que “essa igualdade tem dois parâmetros
O presente item faz referência à de medição: o ‘quantitativo’, relacionado com
necessidade de contagem de tempo de serviço a ‘produtividade’ de cada um, que vem a ser
na função, e não no emprego, para fins de a ‘capacidade de produzir’, e não a ‘produção’,
equiparação salarial entre empregados que simples ‘resultado’ do trabalho, e o ‘qualitativo’,
exerçam trabalho idêntico ou de igual valor. relacionado com o apuro técnico da produção”10.
Ressalta-se, entretanto, que trabalho de igual Percebe-se que a principal questão
valor, para os fins deste Capítulo, será o que for atinente à análise da equiparação salarial diz
feito com igual produtividade e com a mesma respeito justamente à identidade de funções.
perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença Não raras vezes, no cotidiano, nota-se que o
de tempo de serviço não for superior a 2 (dois) empregado subordinado, em face do exercício
anos” (CLT, art. 461, § 1º). de algumas funções semelhantes, tem a
Percebe-se que a legislação faz utilização pretensão de se ver equiparado ao seu superior
de diversos conceitos vagos, visto que se trata hierárquico. É comum ver um mecânico, ainda
de difícil definição ou verificação na prática, que com grande experiência anterior, buscar a
tais como “trabalho de igual valor” e “perfeição equiparação salarial com o mecânico-chefe da
técnica”. oficina. Talvez isso decorra do inconformismo
Conforme Sérgio Pinto Martins, “o
trabalho de igual valor é medido pela identidade
quantitativa, no sentido de se verificar quem
9 MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT.
detém maior produtividade entre modelo 6 ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 407.
e equiparando. Produtividade quer dizer 10 PINTO, José Augusto Rodrigues; PAMPLONA
FILHO, Rodolfo. Repertório de conceitos trabalhistas
capacidade de produzir. Todas as circunstâncias
– Direito individual. v. I São Paulo: LTr, 2000. p. 243.

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de sempre crer que não lhe dão a devida meio de julgamento da 1ª Turma, proferiu a
valorização. Mas as coisas nem sempre são seguinte decisão:
como descritas na petição inicial!
Além do trabalho de igual valor, aquele EQUIPARAÇÃO SALARIAL.
dotado de igual produtividade e perfeição IDENTIDADE FUNCIONAL.
Sendo a equiparação salarial
técnica, não poderá haver a diferença de tempo
um processo comparativo, a diferença
no exercício da função, e não na empresa,
de tempo de serviço não superior a 2
superior a 2 (dois) anos, entre o equiparando
anos entre os comparandos deve ser
e o paradigma. Durante determinada época,
entendida como tempo na função
houve a uma grande divergência doutrinária
idêntica, pouco importando o tempo
acerca da interpretação no sentido de que a de casa de cada empregado.
diferença de tempo era de emprego, e não de (TRT 2ª R – 1ª T – Processo
função11, mas essa exegese certamente não n° 02960505748/1996 – Acórdão
atendia à finalidade buscada pela lei. n° 02980018117 – Relator
Nesse sentido, Arnaldo Süssekind Desembargador Braz Jose Mollica –
afirma que “se a diferença entre o tempo de DOESP 27.01.1998)
serviço dos dois empregados, que empreendem
trabalho de igual valor, for inferior a dois anos, Comentando situação semelhante,
a maior antiguidade não justificará, por si relativa à equiparação salarial entre brasileiro
só, o salário mais elevado. O fator ‘tempo de e estrangeiro (CLT, art. 358, alínea “a”),
serviço’ concerne à ‘função’ e não ao emprego. perfeitamente adaptável a essa hipótese, José
E os tribunais, depois de algumas divergências, Martins Catharino entende que “o fator tempo
de serviço justifica a desigualdade de salário”.
acabaram por firmar jurisprudência neste
Prossegue afirmando que “na realidade, sob o
sentido”12. Acerca desta questão, o Egrégio
ponto de vista salarial, tem pleno cabimento.
Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, por
Presume-se que o empregado, já com dois anos
na empresa, trabalhe com mais eficiência que
outro empregado recém-admitido, ainda mais
11 Nesse sentido, mesmo reconhecendo que se este estiver sujeito a período de experiência.
tal posicionamento seja vencido, em face da reiterada Assim, nos termos em que foi acolhida, a
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, Mozart
exceção legal é justa”13.
Victor Russomano afirma que “o tempo de serviços dos
trabalhadores (equiparando e paradigma) deveria ser Note-se, portanto, que, mesmo
contado, genericamente, na empresa. A finalidade da havendo respeitáveis posicionamentos em
norma seria atribuir certa autonomia ao empregador, no
sentido de remunerar melhor os trabalhadores mais antigos direção contrária, a doutrina e a jurisprudência
e merecedores, por isso, de sua maior consideração. Para mais moderna acerca do tema, inclinam-se
esse fim, naturalmente, influiria o tempo total de trabalho
na empresa e, não, especificamente, o período de serviço
no sentido de que, a interpretação que se
realizado em certa função”. in Curso de direito do
trabalho. 9 ed. Curitiba: Juruá, 2004. pp. 409-410.
12 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio;
VIANNA, Segadas; TEIXEIRA FILHO, João de Lima. 13 CATHARINO, José Martins. Tratado jurídico
Instituições de direito do trabalho. v. I 24 ed. São Paulo: do salário. 2ª tiragem (edição fac-similada) São Paulo:
LTr, 2003. p. 430. LTr, 1997. p. 362.

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busca dar à disposição contida no art. 461, § possuir as mesmas atribuições, exercendo as
1º da CLT, é aquela segundo a qual, para fins mesmas atividades. Trata-se, pois, de conditio
de impedimento à equiparação salarial, deve- sine qua non para o reconhecimento do direito.
se computar o tempo de serviço na função Ao comentar essa situação, Arnaldo
desempenhada, e não o tempo de duração do Süssekind afirma que “o empregado só pode
contrato de trabalho. reivindicar o mesmo salário do seu colega se
ambos exercerem a mesma função, isto é,
4. Identidade de função e nomenclatura do quando desempenharem os mesmos misteres
cargo ou tarefas, com igual responsabilidade na
estrutura e funcionamento da empresa”15. Por
Por sua vez, o item III, da Súmula nº sua vez, Sérgio Pinto Martins entende que
06, em face da Resolução Administrativa nº “as atividades do modelo e do equiparando
129/2005, publicada no Diário da Justiça em devem ser as mesmas, exercendo os mesmos
20 de abril de 2005, trata-se de reprodução da atos e operações. É desnecessário, contudo,
disposição contida na já cancelada Orientação que as pessoas estejam sujeitas à mesma chefia
Jurisprudencial nº 328 da Seção de Dissídios ou trabalhem no mesmo turno, mas, sim, que
Individuais 1 do Tribunal Superior do Trabalho, executem as mesmas tarefas”16.
publicada em 9 de dezembro de 2003. A condição necessária para que seja
Esse item dispõe que, possível a equiparação salarial, portanto,
independentemente da nomenclatura atribuída é o desempenho de funções idênticas,
à função, haverá a equiparação salarial entre os com as mesmas atribuições e atividades,
empregados que desempenharem as mesmas independentemente da nomenclatura atribuída
tarefas ou atividades. Isso se dá em face do ao cargo dos empregados, tendo em vista que a
princípio da primazia da realidade que vigora lei dispõe acerca de identidade de função, e não
no Direito do Trabalho, visto que se deve dar identidade de cargos (CLT, art. 461, caput).
prevalência à realidade de fato em detrimento Diante disso, é que “cumpre não
de uma suposta realidade formal14. confundir ‘cargo’ e ‘função’: dois empregados
Importa mencionar, antes de adentrar podem ter o mesmo cargo e exercer, de
ao tema propriamente dito, que o primeiro fato, tarefas dessemelhantes ou de níveis de
pressuposto para a existência do direito à responsabilidade diferentes; ou, inversamente,
equiparação salarial é a identidade de funções, executar a mesma função, sem que os respectivos
ou seja, o equiparando e o paradigma devem cargos possuam a mesma designação”17.

15 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio;


14 Segundo Américo Plá Rodriguez, “o princípio
VIANNA, Segadas; TEIXEIRA FILHO, João de Lima.
da primazia da realidade significa que, em caso de
Instituições de direito do trabalho. v. I 24 ed. São Paulo:
discordância entre o que ocorre na prática e o que emerge
LTr, 2003. p. 426.
de documentos ou acordos, deve-se dar preferência ao
primeiro, isto é, ao que sucede no terreno dos fatos”. in 16 MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT.
Princípios de direito do trabalho. 3 ed. São Paulo: LTr, 6 ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 406.
2004. p. 339. 17 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio;

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Neste sentido, o Egrégio Tribunal 02766-2006-137-03-00-0 – Relatora


Desembargadora Maria Lúcia Cardoso de
Regional do Trabalho da 3ª Região, por meio
Magalhães – DJMG 21.07.2007)
de julgamento da 3ª Turma, proferiu a seguinte
decisão:
Arrematando a questão, José Martins
EQUIPARAÇÃO SALARIAL – Catharino sustenta que “o ‘cargo tem um
CARGOS COM A MESMA DENOMINAÇÃO caráter formal e a função um aspecto real’.
– EXERCÍCIO DE FUNÇÕES DISTINTAS – Daí nem sempre corresponderem ‘funções
IMPOSSIBILIDADE DE EQUIPARAÇÃO. idênticas a cargos idênticos’. A nomenclatura
1 – De acordo com o disposto no comum emprestada a cargos dos quais são
art. 461 da CLT, para a configuração da titulares dois empregados gera, quando muito,
equiparação salarial é necessário que ‘uma presunção de identidade das funções’,
reclamante e paradigma exerçam as mas se estas, na realidade, são as mesmas,
mesmas funções, com igual produtividade
pouco importa que sejam desempenhadas por
e perfeição técnica e a diferença de tempo
ocupantes de ‘cargos distintos’”18.
no exercício da função seja inferior a dois
Há de se ressaltar, entretanto, que
anos, incumbindo ao reclamante a prova
dos fatos constitutivos de seu direito e essas disposições – identidade de funções – são
ao empregador os fatos impeditivos, aplicáveis aos trabalhadores nacionais, tendo
modificativos e extintivos. em vista que, em se tratando de equiparação
2 – A denominação dos cargos salarial de brasileiro com trabalhador
não é fator essencial para a apreciação estrangeiro, basta o desempenho de função
do pedido equiparatório, devendo haver análoga (CLT, art. 358)19.
coincidência das funções exercidas e,
assim, o que se deve ter em foco, não é 5. Simultaneidade na prestação de serviços
a igualdade formal dos cargos, mas a
igualdade substancial entre as tarefas
O item IV, da Súmula nº 06, integrava
desempenhadas, não importando se os
o conteúdo da Súmula nº 22, editada através
cargos têm ou não a mesma denominação
(Súmula 06, III/TST). da Resolução Administrativa nº 57/1970,
3 – Muito embora os cargos
tivessem a mesma denominação
“Supervisor”, as atribuições da 18 CATHARINO, José Martins. Tratado jurídico
reclamante e paradigma eram distintas, do salário. 2ª tiragem (edição fac-similada) São Paulo:
LTr, 1997. p. 368.
não havendo como estabelecer isonomia
19 Explicando a diferença de conceitos – identidade
das funções para fins de equiparação de função e função análoga –, José Martins Catharino
salarial. afirma que, “partindo-se do pressuposto que, segundo
(TRT 3ª R – 3ª T – Processo n° a intenção legal, ‘função’ significa a mesma coisa que
‘trabalho’, conclui-se que, em tese, a ‘analogia’ não se
confunde com a ‘identidade’. Aquela é gênero, do qual
esta é espécie. As funções podem ser ‘análogas’ sem que
sejam idênticas, mas desde que sejam ‘idênticas’ também
VIANNA, Segadas; TEIXEIRA FILHO, João de Lima. serão, logicamente, ‘análogas’. in Tratado jurídico do
Instituições de direito do trabalho. v. I 24 ed. São Paulo: salário. 2ª tiragem (edição fac-similada) São Paulo: LTr,
LTr, 2003. p. 426. 1997. p. 359.

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publicada no Diário Oficial em 27 de novembro Por sua vez, com a mesma intenção,
de 1970. Vale ressaltar, porém, que, por meio Mozart Victor Russomano utiliza-se do
da Resolução nº 129/2005, com publicação vocábulo contemporaneidade, afirmando ser
no Diário da Justiça em 20 de abril de 2005, imprescindível, para que haja o reconhecimento
ocorreu o cancelamento da Súmula nº 22, da equiparação salarial, que os “trabalhadores
sendo que houve a sua incorporação à súmula devem estar ou ter estado exercendo as suas
ora abordada. funções simultaneamente, durante certo
Nesse ponto, a súmula dispõe não haver período”21.
a necessidade de que, na época do ajuizamento Neste sentido, o Egrégio Tribunal
da ação trabalhista visando à equiparação Regional do Trabalho da 12ª Região, por meio
salarial, o equiparando e o paradigma esteja de julgamento da 2ª Turma, proferiu a seguinte
prestando o seu serviço à empresa ou ao decisão:
mesmo estabelecimento, desde que a
pretensão deduzida esteja relacionada com EQUIPARAÇÃO SALARIAL.
AUSÊNCIA DE CONTEMPORANEIDADE.
situação do passado. O elemento essencial aqui
NÃO-CABIMENTO.
é a simultaneidade na prestação de serviços,
Inexistindo contemporaneidade
mesmo que já não mais trabalhem juntos.
entre o equiparando e o paradigma, ou
Não será possível afirmar que houve seja, se ambos não se encontrarem na
discriminação entre trabalhadores, no que mesma situação, num mesmo momento
tange ao aspecto salarial, se não houve a do desenrolar do contrato de trabalho,
prestação de serviços de forma simultânea não estão presentes os requisitos
entre eles. Costuma-se entender que a ideia identificados no art. 461 da CLT, quais
de simultaneidade compreende a “coincidência sejam: função idêntica e de igual valor
temporal no exercício das mesmas funções (mesma perfeição técnica e com igual
pelos empregados comparados. É óbvio que produtividade) e diferença de tempo de
serviço não superior a dois anos.
a coincidência temporal tem de assumir,
(TRT 12ª R – 2ª T – Processo n°
ainda que por curto período, o caráter de 01103-2005-012-12-00-4 – Acórdão n°
permanência, não podendo ser meramente 05447/2007 – Relator Desembargador
Amarildo Carlos de Lima – DOESC
eventual – sob pena de não se caracterizar a 18.10.2007)
simultaneidade”20.
A simultaneidade ou contemporaneidade
na prestação de serviços entre o paradigma
20 Aprofundando a questão, o referido autor afirma
que “embora não se tenha parâmetro muito preciso acerca
dessa fronteira (caráter permanente ‘versus’ caráter
meramente eventual), pode-se dizer que coincidência ser também aplicado à análise da presente situação”. In
inferior a 30 dias não tem, de fato, aptidão para ensejar a DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do
concretização do requisito da simultaneidade. É que esse trabalho. 3 ed. São Paulo: LTr, 2004. p. 792.
lapso temporal mínimo (30 dias) já tem sido comumente 21 RUSSOMANO, Mozart Victor; RUSSOMANO
exigido pela jurisprudência para diferenciar substituições JÚNIOR, Victor; ALVES, Geraldo Magela. Consolidação
provisórias de substituições meramente eventuais (art. das leis do trabalho anotada. 5 ed. Rio de Janeiro:
450, CLT; Súmula nº 159, TST), podendo, desse modo, Forense, 2003. p. 119.

41
Equiparação Salarial
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e a parte reclamante é imprescindível para 6. Cessão de empregados


a caracterização da equiparação salarial. Por
outro lado, a substituição de um empregado O item V, da Súmula nº 06, integrava
por outro, de forma sucessiva, não ofende o a Súmula nº 111, que teve a sua edição por
Princípio da Igualdade, e, por conseguinte, não meio da Resolução Administrativa nº 102/1980,
gera direito às diferenças salariais. Exatamente publicada no Diário da Justiça em 25 de
desta maneira, o Egrégio Tribunal Regional do setembro de 1980. A Resolução nº 129/2005,
Trabalho da 2ª Região, por meio de julgamento com publicação no Diário da Justiça em 20 de
da 11ª Turma, proferiu a seguinte decisão: abril de 2005, porém, cancelou a Súmula nº
111, incorporando-se a sua disposição à súmula
ART. 461, DA CLT – SUBSTITUIÇÃO ora comentada.
– SUCESSÃO NO CARGO – EQUIPARAÇÃO
SALARIAL.
O presente item faz menção àquelas
O acesso de um empregado
situações em que, mesmo em se tratando
a cargo anteriormente ocupado por
empregado que deixou a empresa não de empregados de diferentes órgãos
configura substituição, mas sucessão governamentais, havendo a cessão do
de cargo. A equiparação salarial exige, trabalhador, de um órgão para outro da
entre outros requisitos, a simultaneidade administração pública, haverá o direito à
no exercício das funções. Tampouco equiparação salarial, desde que preenchidos os
é aplicável o princípio da isonomia, requisitos previstos na lei (CLT, art. 461). O fato
considerado em amplitude. de o reclamante e o paradigma prestar serviços
(TRT 2ª R – 11ª T – Processo
n° 00736200604302009 – Acórdão n° vinculados formalmente a órgãos distintos, por
20070193740 – Relator Desembargador si só, não afasta a possibilidade de haver entre
Carlos Francisco Berardo – DOESP eles a isonomia salarial.
03.04.2007)
Há de se ressaltar, contudo, que existe
Note-se, portanto, que não haverá uma exceção prevista pelo Decreto-Lei nº 855,
direito à equiparação salarial no caso de ter de 11 de setembro de 1999, tendo em vista que
havido a sucessividade no cargo, ou seja, “os empregados de empresas concessionárias
naqueles casos em que um empregado assume de serviços público federais, estaduais ou
o posto que anteriormente fosse ocupado municipais, que, por força de encampação
por outro trabalhador, tendo em vista que, ou transferência desses serviços tenham, a
nessa hipótese, estará ausente exatamente o
requisito da contemporaneidade na prestação
de serviços, conforme disposição contida no
afirma que “o direito não é conferido se a substituição
item II, da Súmula nº 159, do Tribunal Superior é eventual. Só o é em se tratando de substituições não
do Trabalho22. eventuais, que se prolongam e que não são por alguns
dias apenas. A substituição do chefe pelo subordinado
durante as férias não é eventual. Se o chefe não comparece
ao serviço em um ou alguns dias, a substituição será
eventual”. in Curso de direito do trabalho. 18 ed. São
22 Nesse sentido, Amauri Mascaro Nascimento Paulo: Saraiva, 2003. p. 751.

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Equiparação Salarial
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qualquer tempo, sido absorvidas por empresa passiva, nesse caso, não seria possível a
pública ou sociedade de economia mista, equiparação salarial entre empregados de
constituirão quadro especial, a ser extinto à empresas distintas, mas componentes de um
medida que se vagarem os cargos ou funções” mesmo conglomerado de empresas. Por outro
(art. 1º), sendo que “os empregados de que lado, caso o entendimento seja no sentido
trata o artigo 1º não servirão de paradigma da existência de uma solidariedade dual, ou
para aplicação do disposto no artigo 461 e seja, tanto passiva como ativa, no sentido de
seus parágrafos da Consolidação das Leis do se considerar os integrantes do mesmo grupo
Trabalho” (art. 2º). econômico como um empregador único, tese
Uma questão semelhante que se atualmente dominante em sede doutrinária
coloca, é aquela pertinente à possibilidade de e jurisprudencial (TST, Súmula nº 129), será
equiparação salarial nos casos de empresas perfeitamente possível a isonomia de salários,
pertencentes ao mesmo grupo econômico. havendo o preenchimento dos requisitos
Então, será admitida a isonomia salarial entre contidos no art. 461 da CLT. A controvérsia,
empregados pertencentes a empresas que porém, existe!
compõe um mesmo grupo econômico? Como Segundo o entendimento de Arnaldo
ficaria a questão relativa ao mesmo empregador Süssekind, “não poderá haver direito à isonomia
descrita no caput do art. 461 da CLT? A questão quando diversos forem os empregadores. Por
se mostra controvertida no âmbito doutrinário isso mesmo, no caso de ‘grupo empregador’ de
e jurisprudencial. que cogita o § 2º do art. 2º da CLT, o empregado
Para que seja possível dirimir de uma empresa não pode servir de paradigma
essa controvérsia, faz-se necessário tecer para o empregado de outra empresa do grupo,
comentários acerca da natureza jurídica da que preste serviço de igual valor em função
solidariedade existente no caso de grupo idêntica”24.
econômico, passiva ou ativa23. Por outro lado, sustentando tal
Assim, se se entender que o grupo possibilidade, Sérgio Pinto Martins entende
econômico possui solidariedade apenas que será “possível a equiparação entre empresas
do mesmo grupo, pois o grupo de empresas
é o empregador, segundo o § 2º do artigo 2º
da CLT”, mas isso somente será admissível,
23 “Também, embora haja opiniões contrárias.
Realmente a própria noção unitária de grupo empresário
implica existência de ‘solidariedade integral’, instituto
bilateral. A lei, determinando ‘para os efeitos da relação
de emprego’, contratual ou não, não permite outro 24 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio;
entendimento. As empresas integradas têm solidariedade VIANNA, Segadas; TEIXEIRA FILHO, João de Lima.
‘passiva’ e ‘ativa’. Equiparadas, cada uma delas, ao Instituições de direito do trabalho. v. I 24 ed. São Paulo:
empregador, com ‘personalidade jurídica própria’, trata-se LTr, 2003. p. 426. Também em sentido contrário, confira-
de sujeito de direitos e obrigações solidários, nos termos se: CATHARINO, José Martins. Tratado jurídico do
da lei civil. Todas, isoladamente e em conjunto, direta ou salário. 2ª tiragem (edição fac-similada) São Paulo: LTr,
indiretamente, são credoras e devedoras, ao mesmo tempo, 1997. p. 368; e ABDALA, Vantuil. Equiparação salarial:
em tudo que se refere à relação de emprego”. in COSTA, empregado readmitido – quadro de carreira – grupo
Marcus Vinícius Americano da. Grupo empresário no econômico – sucessão. Revista de Direito do Trabalho,
direito do trabalho. 2 ed. São Paulo: LTr, 2000. p. 144. São Paulo, ano 10, nº 54, mar./abr., 1985. pp. 54-55.

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Equiparação Salarial
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“desde que o empregado e paradigma prestem quanto ao fato constitutivo de seu direito,
serviços na mesma localidade e as empresas cumprindo-lhe, portanto, demonstrar
tenham a mesma atividade econômica e, o exercício de função idêntica àquela
portanto, estejam enquadradas no mesmo exercida pelo paradigma. Lado outro,
cumpre à reclamada a prova da efetiva
ramo econômico para fins sindicais, atendidos,
desigualdade das atribuições e de
ainda, os demais requisitos do artigo 461 da
quaisquer outros fatos modificativos e
CLT”25.
impeditivos do direito do autor, de forma
Em síntese, embora haja posicionamento a se afastar a procedência do pleito
em sentido contrário, tendo em vista que equiparatório. Em que pese a identidade
a doutrina e a jurisprudência majoritária de função deva ser observada em relação
consideram a existência de um empregador ao empregador comum, se o paradigma
único (TST, Súmula nº 129), não há óbice ao labora para outra empresa, do mesmo
reconhecimento do direito à equiparação grupo econômico, resta atendido o
salarial entre empregados de empresas que requisito da mesmeidade de empregador,
compõe um mesmo conglomerado, desde que inexistindo óbice a equiparação salarial.
(tese jurídica da d. maioria).
preenchidos os demais requisitos contidos no
(TRT 3ª R – 4ª T – Processo
art. 461 da CLT. n° 00604-2007-018-03-00-2 – Relator
Neste sentido, o Egrégio Tribunal Desembargador Júlio Bernardo do Carmo
– DJMG 16.02.2008)
Regional do Trabalho da 3ª Região, por meio
de julgamento da 4ª Turma, proferiu a seguinte
Ressalte-se, por fim, no que tange
decisão:
aos trabalhadores temporários, que este
EQUIPARAÇÃO SALARIAL – trabalhador tem assegurado a “remuneração
GRUPO ECONÔMICO – TRABALHO equivalente à percebida pelos empregados de
PRESTADO DENTRO DA JORNADA mesma categoria da empresa tomadora ou
PARA EMPRESAS CONSORCIADAS – cliente, calculados à base horária, garantida,
POSSIBILIDADE. em qualquer hipótese, a percepção do salário-
O art. 461 da CLT define mínimo regional”, em face da disposição contida
regras para o reconhecimento do
no art. 12, aliena “a”, da Lei nº 6.019, de 3 de
direito à equiparação salarial, quais
janeiro de 1974.
sejam, identidade de funções, com
igual produtividade e com a mesma
perfeição técnica, prestados ao mesmo
7. Diferenças salariais decorrentes de decisão
empregador e no mesmo local de judicial
trabalho. É ônus do reclamante a prova
O item VI, da Súmula nº 06, integrava
o conteúdo da Súmula nº 120, com redação
25 MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. atribuída pela Resolução nº 100/2000, publicada
6 ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 408. Neste mesmo sentido, no Diário de Justiça em 18 de setembro de 2000.
confira-se: MAGANO, Octavio Bueno. ABC do direito
do trabalho. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, Há de se mencionar, entretanto, que a Resolução
2000. p. 56.

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Equiparação Salarial
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nº 129/2005, com publicação no Diário da pessoal ou de tese jurídica superada


Justiça em 20 de abril de 2005, cancelou a pela jurisprudência de Corte Superior.
Súmula n° 120, ocorrendo a sua incorporação Ao contrário de certos posicionamentos
à súmula ora comentada. É relevante relatar acerca da interpretação da referida
súmula, os requisitos para o deferimento
que, depois disso, as duas únicas alterações
da equiparação salarial não têm que estar
posteriores desta súmula ocorreram para
igualmente presentes em relação a todos
exclusiva modificação do conteúdo do item
os paradigmas envolvidos na cadeia
VI. Estas alterações ocorreram por conta da equiparatória. Isso porque, mormente no
Resolução nº 172/2010, publicada no em 19 de que tange à diferença de tempo de serviço
novembro de 2010, e, mais adiante, em razão na função, se A obteve equiparação
da Resolução nº 185/2012, a qual foi publicada salarial com B, não se pode exigir que C,
no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho em ao pleitear a equiparação com A, tenha
25 de setembro de 2012, o que culminou com a prestado serviços concomitantemente
atual redação deste item. com B (ou com diferença de tempo de
Esse item faz menção ao fato de serviço inferior a dois anos), sob pena de
se estabelecer um termo final à cadeia
que, desde que preenchidos os requisitos
equiparatória sem qualquer amparo
apresentados no art. 461 da CLT, não há
jurídico, abrigando enorme desigualdade
importância que a diferença salarial tenha a sua
no ambiente de trabalho, em prejuízo
origem em decisão judicial que trouxe benefício de empregados que exercem a mesma
ao paradigma, salvo se decorrer de vantagem função, porém estão sujeitos à percepção
de caráter pessoal, ou, ainda, nos casos de de salários diferentes.
tese jurídica já superada pela jurisprudência do (TRT 3ª R – 7ª T – Processo n°
Tribunal Superior do Trabalho. 00662-2007-143-03-00-4 – Relatora Juíza
Neste sentido, o Egrégio Tribunal (convocada) Wilméia da Costa Benevides
Regional do Trabalho da 3ª Região, por meio – DJMG 14.02.2008)
de julgamento da 7ª Turma, proferiu a seguinte
decisão: Não há qualquer óbice para a
equiparação salarial o fato de o paradigma
EQUIPARAÇÃO SALARIAL – ter sido beneficiado por decisão judicial,
DESNÍVEL SALARIAL DECORRENTE DE ainda que esse pronunciamento do órgão
DECISÃO JUDICIAL QUE BENEFICIOU A jurisdicional tenha sido acerca de isonomia
PARADIGMA – CADEIA EQUIPARATÓRIA.
salarial entre o paradigma e outro empregado
Nos termos da Súmula 06,
que anteriormente prestou serviços para o
VI, do TST, que dispõe acerca da
mesmo empregador. Por outro lado, não haverá
equiparação salarial, uma vez presentes
direito à equiparação salarial nos casos em que
os pressupostos do artigo 461 da CLT,
é irrelevante a circunstância de que o a diferença decorrer de uma situação pessoal
desnível salarial tenha origem em decisão ou vantagem particular do paradigma, como,
judicial que beneficiou o paradigma, por exemplo, a integração de horas extras e do
exceto se decorrente de vantagem

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Equiparação Salarial
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adicional por tempo de serviço26. A matéria, de salários tenha origem em decisão judicial em
entretanto, deve ser analisada com muita favor do paradigma, exceto quando decorrente
cautela, a fim de que não sejam promovidas de vantagem pessoal ou tese superada por Corte
situações esdrúxulas com a aplicação do direito, Superior e, no caso de equiparação em cadeia,
beneficiando-se a quem não possui o direito quando a questão for apresentada na peça de
material27. defesa e, ainda, “se o empregador produzir
A fim de evitar distorções desta prova do alegado fato modificativo, impeditivo
natureza, entretanto, a súmula passou a dispor ou extintivo do direito à equiparação salarial
que, havendo a presença dos requisitos legais em relação ao paradigma remoto”. Em síntese,
(CLT, art. 471), não é relevante que a diferença a atual redação deste item teve exatamente a
preocupação de evitar distorções, sobretudo
permitindo a instauração de um amplo
26 MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. contraditório com relação à questão nos casos
6 ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 409. de equiparação salarial em cadeia, facultando
27 Neste sentido, Amauri Mascaro Nascimento
ampla produção de provas sobre equiparações
faz menção à seguinte hipótese: “Suponhamos que
‘Joaquim’, contínuo que presta serviços a instituição anteriores.
financeira mediante salário de R$ 500,00, obteve, em
razão de revelia, equiparação salarial a ‘Jordano’, único
gerente regional daquela empresa e detentor do salário 8. Trabalho intelectual e perfeição técnica
de R$ 8.000,00. É notório que ‘Joaquim’ não exercia as
mesmas atividades que ‘Jordano’. No entanto, para aquele
processo, em razão da revelia, ficou declarado que ambos Por sua vez, o item VII, da Súmula nº
deveriam receber o mesmo salário.
06, em face da Resolução Administrativa nº
Imaginemos agora que ‘Manuel’, também contínuo,
129/2005, publicada no Diário da Justiça em
ajuíze demanda pleiteando equiparação salarial com
‘Joaquim’ e a aplicação dos efeitos do inciso VI, da Súmula 20 de abril de 2005, trata de reprodução da
6 do C. TST. Com efeito, se partirmos da atual redação
disposição contida na já cancelada Orientação
da referida Súmula, bastará ‘Manuel’ fazer prova de seu
direito com ‘Joaquim’ para alcançar os elevados ganhos
de ‘Jordano’, sem ter que, a qualquer tempo, fazer prova
de identidade de funções em relação a esse último, topo
da cadeia equiparatória.
Por esse absurdo, mas plausível exemplo, chega-se à
equivocada conclusão de que todo e qualquer contínuo
que provar identidade de função com ‘Joaquim’ ou
‘Manuel’ fará jus aos proventos daquele gerente regional
(Jordano), tão-somente em razão da revelia ocorrida
em um único processo porque, segundo o inciso VI, ‘é
irrelevante a circunstância de que o desnível salarial tenha
origem em decisão judicial que beneficiou o paradigma’”.
/.../
“Em suma, a atual redação do inciso VI, da Súmula 6,
TST, permite o deferimento da equiparação salarial em
casos nos quais não há identidade de função ou trabalho
de igual valor, desvirtuando-se, assim, a finalidade da
norma que é evitar discriminação”. In NASCIMENTO,
Amauri Mascaro. Equiparação salarial e inciso VI da
Súmula n° 6 do C. TST. Revista LTr, São Paulo, ano 71,
nº 09, setembro, 2007, pp. 1032-1033.

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Equiparação Salarial
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Jurisprudencial nº 298 da Seção de Dissídios EQUIPARAÇÃO SALARIAL


Individuais 1 do Tribunal Superior do Trabalho, – TRABALHO INTELECTUAL –
publicada em 11 de agosto de 2003. POSSIBILIDADE.
Esse item dispõe que, havendo a O só fato de o empregado exercer
trabalho de evidente viés intelectual não
observância dos requisitos previstos no art.
serve como óbice ao acolhimento de
461 da CLT, será possível o reconhecimento
pedido de equiparação salarial, porquanto
do direito à equiparação salarial nos casos de
a prestação de serviços, em situações
trabalho intelectual, podendo ser avaliada que tais, pode ser aferida no sentido de
a perfeição técnica, através de requisitos de perfeição técnica, nos termos do o 1º,
natureza objetiva. do art. 461, da CLT. Pode-se cogitar de
Em sua obra acerca do tema ligado à obstáculo neste sentido apenas quando
equiparação salarial, Fabíola Marques afirma resultar evidente que o paradigma possui
que “a perfeição técnica relaciona-se à boa maior prestígio no meio profissional,
realização da obra ou serviço, o cuidado e em vista da elevada participação em
capricho com que é executado, as habilidades palestras, seminários, publicação de
livros ou artigos, ou mesmo atuação
para a sua concretização, a superação das
no magistério, ou ainda por possuir
dificuldades inerentes ao trabalho e a boa
mais elevada titulação acadêmica. No
conclusão do serviço”28.
entanto, ainda assim, no plano dos fatos,
Segundo a lição de Sérgio Pinto afigura-se difícil constatar, em vista de
Martins, embora reconheça tal possibilidade, seu caráter valorativo, logo, de alta carga
sustenta que a equiparação salarial em atividade de subjetividade, a diferenciação de
intelectual é muito difícil de ser aplicada, em perfeição técnica. É necessária que esta
face da trabalhosa tarefa de estabelecer a evidente superioridade de qualificação
diferença de produtividade e perfeição técnica, profissional tenha repercussão
tendo em vista que essa análise ocorre de forma direta no contrato de trabalho, o que
subjetiva29. implica trabalho diferenciado para
o empregador. O ônus da prova é do
Abordando a questão da possibilidade
empregador, porquanto se trata de
de equiparação salarial entre trabalhadores que
fato desconstitutivo do direito da parte
desenvolvem atividades intelectuais, o Egrégio
adversa. Incidência do Enunciado n. 68
Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, por do C. TST.
meio de julgamento da 3ª Turma, proferiu a (TRT 9ª R – 3ª T – Processo n°
seguinte decisão: 02013-2002-002-09-00-7 – Acórdão n°
06330/2005 – Relator Desembargador
Célio Horst Waldraff – DJPR 15.03.2005)

Utilizando-se do exemplo de professores


28 MARQUES, Fabíola. Equiparação salarial
por identidade no direito do trabalho brasileiro. São universitários, reconhecendo essa mesma
Paulo: LTr, 2002. p. 72. dificuldade, Emílio Gonçalves, afirma que “o
29 MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. princípio da identidade de funções exigido
6 ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 408.

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Equiparação Salarial
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pelo art. 461 da CLT deve ser interpretado, no não há necessariamente o trabalho de
tocante aos professores, em consonância com igual valor, notadamente, quando se
as particularidades que apresenta o exercício trata de uma disciplina que atua como
do magistério. Neste particular, não é possível suporte para as atividades acadêmicas
dos alunos, não atuando diretamente
pretender a aplicação rígida do princípio da
na sua formação. Não se trata de fazer
equiparação salarial. Mister se faz imprimir-lhe
pouco caso do profissional da área,
certa flexibilidade, adaptando-o às condições
nem da disciplina em si, mas há que se
especiais do trabalho dos professores”. Mais considerar o volume e a responsabilidade
adiante, sustenta que “deixará, entretanto, do trabalho que envolvem uma e outra
de ter aplicação o princípio da equiparação situação. Há que se prestigiar o poder
salarial, quando se trate de professores que diretivo do empregador, que assume
lecionam no mesmo nível de ensino, mas o risco do negócio, sem implicar em
pertencentes a categorias diferentes, como ofensa ao art. 461/CLT. Os professores
ocorre no magistério superior: professores podem até ter o mesmo nível cultural,
assistentes, professores adjuntos e professores intelectual e até pedagógico, mas há
que se levar em conta o tipo de disciplina
titulares. É que, no caso, a classificação do
ministrada especificamente e as
professor numa das citadas categorias decorre
atividades inerentes a cada uma. É fato
do preenchimento de requisitos especiais,
que o professor que ministra matéria que
alguns dos quais previstos na própria legislação integra o currículo obrigatório tem muito
do ensino”30. mais responsabilidade, envolvimento.
Quanto à possibilidade de distinção Ele deve, efetivamente, ministrar aulas
remuneratória entre professores, especialmente de nível teórico para classes regulares
pelo fato de se levar em consideração o nível de de alunos e desenvolver as demais
responsabilidade atribuído e a complexidade atividades inerentes ao trabalho
da disciplina ministrada, o Egrégio Tribunal docente, como a aplicação e correção de
Regional do Trabalho da 3ª Região, por meio exames e provas, obedecendo às normas
curriculares expedidas pelo MEC. Ganha
de julgamento da 2ª Turma, proferiu a seguinte
mais, mas também é mais cobrado pelos
decisão:
alunos, pelos pais destes e pela própria
escola.
EQUIPARAÇÃO SALARIAL.
(TRT 3ª R – 2ª T – Processo n°
PROFESSORES.
00103-2005-043-03-00-4 – Relator Juiz
A equiparação entre professores
(convocado) Luís Felipe Lopes Boson –
que ministram disciplinas diferentes não
DJMG 20.07.2005)
pode ser generalizada na regra do art.
461/CLT. Embora a função seja idêntica,
Por sua vez, Arnaldo Süssekind
afirma que, embora a Seção de Dissídios
Individuais 1 do Tribunal Superior do Trabalho
30 GONÇALVES, Emílio. Professores
universitários – equiparação salarial e quadro de carreira. tenha reconhecido tal possibilidade, não será
Revista de Direito do Trabalho, São Paulo, ano 11, nº
possível a equiparação salarial entre dois
61, mai./jun., 1986. pp. 48-56.

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Equiparação Salarial
Artigos

advogados de uma mesma empresa, dois sendo uma atividade psicofísica, o resultado
cantores de uma emissora de rádio, ou, ainda, do labor humano está sempre impregnado
dois atletas profissionais de uma equipe de pelos traços da personalidade e do modo
futebol. O eminente autor sustenta que, “não de ser único e ímpar de cada prestador de
obstante de aplicação geral, certo é que, na serviços”. Prosseguindo, afirma que criar com o
prática, a regra do salário igual para trabalho intelecto e trabalhar com o corpo, com as mãos,
de igual valor dificilmente poderá determinar com os pés ou com a voz, de modo que, em
a equiparação salarial entre empregados algumas profissões, que constituem exceção, a
cujo trabalho seja de natureza ‘intelectual desigualdade salarial é admitida, como ocorre,
ou artística’. É que o valor das prestações de por exemplo, entre os atletas profissionais de
serviços intelectuais ou artísticos não pode ser futebol e os artistas de televisão”. A justificativa
aferido por critérios objetivos, dificultando, se para tal posicionamento se assenta no fato
não impossibilitando, a afirmação de que dois de que “trabalho e arte transitam numa
profissionais empreendem suas tarefas com fronteira extremamente tênue, difícil de serem
igual produtividade e com a mesma perfeição dissociados, ainda que por ficção do Direito
técnica”31. do Trabalho, que almeja a dignidade do ser
Arrematando a questão, Mozart Victor humano em todas as dimensões, seja à luz do
Russomano entende que “é impossível, via trabalho técnico, científico, manual, intelectual
de regra, a equiparação salarial no tocante ou artístico”33.
a funções intelectuais e artísticas, face Analisando-se os posicionamentos
à impossibilidade prática de aferição da acima trazidos, percebe-se que, no campo
igualdade de valor dos serviços prestados. Esta teórico, seria perfeitamente possível a
não é, contudo, regra absoluta, porque se há equiparação salarial entre trabalhadores
de decidir o contrário se, na ação trabalhista, com atividade intelectual, o que, aliás, foi
excepcional e concretamente, aquele requisito reconhecido pelo Tribunal Superior do Trabalho
for preenchido mediante prova hábil”32. por meio do item VII da Súmula nº 06. Isso,
Tratando acerca da questão ligada ao ainda, desde que sejam estabelecidos critérios
trabalho desenvolvido pelo artista ou o atleta objetivos para a aferição da perfeição técnica
profissional, Luiz Otávio Linhares Renault do trabalho desenvolvido.
sustenta que “pouquíssimos seriam os casos de Ocorre, entretanto, que, mesmo
absoluta, de completa igualdade, uma vez que, tendo sido admitida a sua possibilidade no
campo teórico, no aspecto prático se mostra
praticamente impossível o reconhecimento
da equiparação salarial entre empregados
31 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio;
VIANNA, Segadas; TEIXEIRA FILHO, João de Lima. que desenvolvam atividades intelectuais,
Instituições de direito do trabalho. v. I 24 ed. São Paulo:
LTr, 2003. pp. 427-428.
32 RUSSOMANO, Mozart Victor; RUSSOMANO
JÚNIOR, Victor; ALVES, Geraldo Magela. Consolidação 33 TRT 3ª R – 4ª T – Processo n° 01841-2006-147-
das leis do trabalho anotada. 5 ed. Rio de Janeiro: 03-00-3 – Relator Desembargador Luiz Otávio Linhares
Forense, 2003. p. 119. Renault – DJMG 14.07.2007

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Equiparação Salarial
Artigos

tendo em vista que, nessas situações, em que Segundo o entendimento de Carlos


pese entendimentos em sentido contrário Alberto Reis de Paula, o fato base da
(TST, Súmula nº 06, item VII), é muito difícil equiparação salarial é a identidade de função,
estabelecer critérios objetivos para a aferição razão pela qual se mostra com natureza
da perfeição técnica do trabalho realizado. constitutiva do direito. Por outro lado, os
demais fatos necessários ao reconhecimento
9. Ônus da prova do direito, tais como o trabalho de igual valor
(produtividade e perfeição técnica), mesma
O item VIII, da Súmula nº 06, era a localidade, existência de quadro organizado
disposição contida na Súmula nº 68, instituída de carreira e a diferença de tempo na função
pela Resolução Administrativa nº 09/1977, inferior a dois anos, mostram-se como fatos
publicada no Diário da Justiça em 11 de que impedem a aquisição do direito, pelo que,
fevereiro de 1977. Com o advento da Resolução o ônus da prova incumbirá ao empregador.
Administrativa nº 129/2005, publicada no Arrematando, afirma que “se o empregado
Diário da Justiça em 20 de abril de 2005, houve ocupa o mesmo cargo ou desempenha a
a incorporação do seu conteúdo à súmula ora mesma função do paradigma a presunção ‘juris
comentada. tantum’ é que o trabalho seja igual, cabendo ao
Esse item trata acerca da prova em empregador a prova da desigualdade”35.
relação à equiparação salarial, dispondo Em sua lição, Maurício Godinho
que, em tal matéria, o ônus de provar os Delgado afirma que “a distribuição do
fatos impeditivos, modificativos ou extintivos ônus probatório em lides concernentes a
incumbe ao empregador. Percebe-se que a equiparação salarial não é distinta das demais
presente disposição nada mais é que uma situações genericamente percebidas no
repetição do art. 333, inciso II do Código de contexto trabalhista”. Prosseguindo, ressalta
Processo Civil, à medida que determina ao réu “que ‘os fatos constitutivos são aqueles que, no
a prova dos fatos impeditivos, modificativos ou seu conjunto, formam o tipo legal construído
extintivos à constituição do direito do autor34. pela norma’. No que diz respeito à equiparação,
trata-se de requisitos (ou elementos)
constitutivos: identidade de função; identidade
34 Para Wambier, Almeida e Talamini, “o ônus de empregador; identidade de localidade;
da prova pode ser conceituado como a conduta que se
simultaneidade no exercício funcional”. Mais
espera da parte, para que a verdade dos fatos alegados seja
admitida pelo juiz e possa ele extrair daí as consequências adiante, o referido autor assinala que “os demais
jurídicas pertinentes ao caso”. Prosseguindo, afirmam que
fatos são aqueles que atuam sobre o tipo legal já
“fato constitutivo é aquele que tem o condão de gerar o
direito postulado pelo autor e que, se demonstrado, leva à
procedência do pedido. Fato impeditivo, modificativo ou
extintivo é todo aquele que leva ao não reconhecimento
do direito alegado pelo autor. Impeditivo, porque obsta
um ou alguns dos efeitos que naturalmente ocorreriam da v. I 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999. pp. 486-
relação jurídica. Modificativo, porque demonstra alteração 487.
daquilo que foi expresso no pedido. Extintivo, porque 35 PAULA, Carlos Alberto Reis de. A especificidade
fulminam no todo o pedido, fazendo cessar a relação do ônus da prova no processo do trabalho. São Paulo:
jurídica original”. in Curso avançado de processo civil. LTr, 2001. p. 169.

50
Equiparação Salarial
Artigos

concretamente configurado, quer modificando de quadro organizado de carreira, e, também,


seus efeitos jurídicos originariamente cabíveis, a (g) diferença de tempo na função superior
quer impedindo esses efeitos, quer extinguindo a dois anos entre reclamante e paradigma.
tais efeitos jurídicos originariamente cabíveis”36. Basicamente, é esta a regra do ônus da prova
Neste sentido, o Egrégio Tribunal no que tange à equiparação salarial.
Regional do Trabalho da 12ª Região, por meio
de julgamento da 3ª Turma, proferiu a seguinte 10. Prescrição parcial
decisão:
O item IX, da Súmula nº 06, integrava a
EQUIPARAÇÃO SALARIAL.
Súmula nº 274, que teve a sua edição através
Demonstrando o empregado que
da Resolução n° 7/1988, publicada no Diário da
desempenhava as mesmas atividades
desenvolvidas pelo paradigma, caberia Justiça em 1° de março de 1988. Posteriormente,
à ré comprovar a existência de fatores a Resolução n° 121/2003, com publicação
impeditivos, modificativos ou extintivos no Diário da Justiça em 21 de novembro de
do direito à equiparação salarial 2003, atribuiu nova redação à Súmula. Por fim,
postulada, consoante disciplina a Súmula através da Resolução n° 129/2005, publicada no
nº 06, VIII, do TST.
Diário da Justiça em 20 de abril de 2005, houve
(TRT 12ª R – 3ª T – Processo n°
00537-2006-018-12-0-6 – Acórdão n° o cancelamento da Súmula nº 274, em face da
05604/2007 – Relator Desembargador incorporação do seu texto à ora comentada.
Gérson Paulo Taboada Conrado – DOESC
04.05.2007). Esse item trata acerca da espécie de
prescrição aplicável às ações trabalhistas cujo
Em síntese, conforme o conteúdo conteúdo tenha por objeto a equiparação
desta Súmula, percebe-se que incumbe ao salarial. Em face da disposição contida no
reclamante/empregado a prova dos chamados presente item, haverá a aplicação da prescrição
fatos constitutivos do direito à equiparação parcial, e, por tal razão, alcança apenas as
salarial, tais como o (a) desempenho da mesma diferenças vencidas no período de 5 (cinco)
função, a (b) contemporaneidade na prestação anos que precedeu o ajuizamento da respectiva
de serviços com o paradigma, o (c) trabalho
ação que visava a cobrança de tais créditos.
prestado ao mesmo empregador, e, ainda, (d)
Veja-se, antes do prosseguimento, o
na mesma localidade em que o paradigma. Por
quem vem a ser a prescrição parcial.
sua vez, à reclamada/empregadora incumbe
Segundo Odonel Urbano Gonçales,
a prova dos fatos impeditivos, modificativos
ao formular comentários acerca da disposição
e extintivos, tais como a (e) diferença de
contida no art. 119 da CLT, afirma que “o
produtividade e perfeição técnica, a (f) existência
legislador trabalhista instituiu a prescrição
parcial. Prosseguindo, entende que não
prescreve o ‘fundo do direito’, mas tão-somente
36 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de
direito do trabalho. 3 ed. São Paulo: LTr, 2004. pp. 796- parcelas não reivindicadas dentro de cinco anos
797.

51
Equiparação Salarial
Artigos

(vigente o contrato de emprego), contados do Importa ressaltar, entretanto, que


vencimento de cada uma delas”. Mais adiante, o conteúdo do presente item IX tem por
sustenta que “a partir da data da ocorrência da fundamento a disposição contida na Súmula nº
ilegalidade, tem o obreiro o direito de postular 294 do Tribunal Superior do Trabalho, no sentido
o restabelecimento da condição legal. Todavia, de que em se “tratando de ação que envolva
se não o fizer dentro do prazo de cinco anos, isto pedido de prestações sucessivas decorrente
não significa que prescreve seu direito de acionar de alteração do pactuado, a prescrição é
o empregador e de recolocar o pacto dentro total, exceto quando o direito à parcela esteja
daquilo que preceitua a lei. A irregularidade também assegurado por preceito de lei”.
não convalida, na medida em que a prescrição A regra, portanto, é no sentido de que
não atingirá, na espécie, o direito de debater a sempre será aplicável a prescrição total, exceto
‘quaestio’, mas apenas os efeitos do proceder naqueles casos em que o direito à parcela
ilegal (ou seja, as prestações anteriores ao tenha previsão legal, ou seja, ocorrendo lesão
quinquênio da propositura da ação). Prescrição, de direito de natureza trabalhista cuja parcela
pois, parcial e não do denominado ‘fundo do esteja prevista em lei, haverá a incidência da
direito’”37. prescrição parcial, sendo que, nesse caso,
Em sua lição, Emílio Gonçalves afirma somente estarão fulminadas pelo instituto da
que “a prescrição parcial atinge apenas as prescrição as diferenças salariais vencidas no
prestações vencidas que extrapolem o prazo período de 5 (cinco) anos que antecederam
prescricional, contado da data da propositura ao ajuizamento da ação que visava o
da ação, e não da exigibilidade do direito”. reconhecimento da existência das respectivas
Posteriormente, sustenta que “em face do diferenças.
Enunciado nº 294 não há mais falar em ato único Observando tal entendimento, o Egrégio
do empregador ou ato repetido, mas sim em Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, por
violação contratual e violação não contratual meio de julgamento da 2ª Turma, proferiu a
(decorrente de norma legal ou convencional). seguinte decisão:
A prescrição se encontra limitada às parcelas PRESCRIÇÃO – EQUIPARAÇÃO
quando a violação se renova constantemente SALARIAL.

por decorrer de norma legal ou convencional.


A controvérsia relativa à
Em se tratando, porém, de violação de natureza
prescrição do direito de reclamar
contratual, prescreve o direito, ou seja, a diferenças salariais pela equiparação foi
exigibilidade do direito, juntamente com as devidamente espancada pela Súmula nº
parcelas que do mesmo decorrem” 38. 6, IX, do C. TST, que deu nova redação
ao Enunciado nº 274/TST (Resolução

37 GONÇALES, Odonel Urbano. Manual de


direito do trabalho. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1999, p. 246. processual trabalhista. 6 ed. São Paulo: LTr, 2001, pp.
38 GONÇALVES, Emílio. Manual de prática 145-146.

52
Equiparação Salarial
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129/2005, DJ 20/4/2005). Tratando- sejam pertencentes a uma mesma região


se, portanto, de isonomia salarial, está metropolitana.
pacificado o entendimento de que a Há de se mencionar, porém, que a
lesão renova-se periodicamente, mês doutrina não diverge acerca do direito à
a mês, com o pagamento do salário.
equiparação salarial entre os trabalhadores que
Assim, a situação revela-se como de trato
prestem serviços na mesma localidade, desde
sucessivo, sendo a prescrição incidente a
que preenchidos os demais requisitos contidos
parcial.
(TRT 2ª R – 2ª T – Processo no art. 461 da CLT. Mas, por outro lado, existe
n° 00045-2000-007-02-00-6 – grande divergência doutrinária acerca do
Acórdão n° 20071124025 – Relatora
Desembargadora ROSA MARIA ZUCCARO
alcance da expressão “mesma localidade”, para
– DOESP 22.01.2008) fins do reconhecimento ao direito.
Em sua lição, Maurício Godinho
É exatamente o que ocorre no caso das Delgado sustenta que, para fins de equiparação
diferenças salariais decorrentes da equiparação, salarial, o conceito de mesma localidade não
tendo em vista que são resultantes de disposição pode ser analisado de forma absoluta, a ponto
cujo conteúdo se encontra inserido em lei, nos de se entender como tal, apenas o mesmo
termos do art. 461 da Consolidação das Leis do setor de trabalho do empregado/reclamante
Trabalho39. e paradigma ou o mesmo estabelecimento,
mas, por outro lado, não pode ser tão amplo
11. Alcance da expressão “mesma localidade” a ponto de se compreender em tal conceito
como sendo a mesma unidade da federação
Por fim, o item X, da Súmula nº 06, em ou mesmo país40. É evidente que nenhuma das
face da Resolução Administrativa nº 129/2005, duas interpretações mencionadas alcança o
publicada no Diário da Justiça em 20 de abril de verdadeiro sentido da norma jurídica.
2005, trata de reprodução da disposição contida Segundo o entendimento de Amauri
na já cancelada Orientação Jurisprudencial Mascaro Nascimento, em face de o legislador
nº 252 da Seção de Dissídios Individuais 1 do não ter definido na lei o que vem a ser “mesma
Tribunal Superior do Trabalho, com publicação localidade, os autores, em geral, entendem
em 13 de março de 2002. como mesma localidade o município ou então
Esse item estende o conceito de “mesma a região econômica em que o serviço for
localidade”, conforme conteúdo do art. 461 prestado. A localidade vem a ser o lugar onde o
da CLT, tendo em vista que, num primeiro empregado presta o seu serviço”. Mais adiante,
momento, deve ser compreendido como sendo o referido autor complementa, afirmando que
o “mesmo município”, bem como a “municípios “os autores, ao precisar o sentido da expressão
distintos”, desde que, de maneira comprovada, “mesma localidade” usada pelo art. 461 da

39 Mais acerca do tema, consulte-se: BARACAT, 40 DELGADO, Maurício Godinho. Salário: teoria
Eduardo Milléo. Prescrição trabalhista e a súmula n° e prática. 2 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2002. pp. 222-
294 do TST. São Paulo: LTr, 2007. 223.

53
Equiparação Salarial
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CLT, levam em consideração principalmente município, sendo que, em regra, os fundamentos


o aspecto geográfico (município, cidade), mas utilizados para justificar o entendimento estão
também o econômico (regiões econômicas e de ligados ao mesmo custo de vida e transporte
salário mínimo), porém, por questões práticas, dentro de um mesmo município, e, ainda, em
e como em matéria de equiparação salarial face da interpretação restritiva que deve ser
a interpretação deve ser restritiva, o limite aplicada em matéria de equiparação salarial.
geográfico a ser observado é o da ‘cidade’ onde Com o devido respeito que se deve a
a prestação de serviços é desenvolvida e não do essa parcela da doutrina, o posicionamento não
município ou região econômica”41. reflete a melhor interpretação da legislação, e,
Por sua vez, Sérgio Pinto Martins por tal razão, certamente não se coaduna com a
apregoa que “não se pode dizer que mesma intenção do legislador. Esse não é o verdadeiro
localidade signifique mesmo estabelecimento”. sentido da norma jurídica!
Afirma, também, que “mesma localidade Primeiramente, há de se mencionar que
significa mesmo município, mesma cidade, é frágil o argumento de que se deve levar em
não podendo ser entendida como região consideração o mesmo município, como sendo a
geoeconômica, em que podem existir condições mesma localidade, para fins de reconhecimento
de vida diversas. A mesma localidade é adotada da equiparação salarial, tendo em vista que o
em função das mesmas condições de vida custo de vida pode ser variável, e certamente o
diversas, como aluguel, custo do transporte, é, até mesmo dentro de um mesmo município.
etc. Na mesma região geoeconômica, podem Os preços de aluguéis, refeição e transporte
aquelas condições ser diferentes”42. são variáveis, conforme as diversas regiões
Verificando-se o posicionamento de de um mesmo município. Para tanto, basta
respeitável parcela da doutrina, percebe-se tomar como exemplo as várias localidades do
que o conceito da expressão legal “mesma Município de São Paulo, pois morar e comer no
localidade” deveria ficar circunscrito à cidade ou bairro do Morumbi ou Itaim Bibi tem um custo
muito diferente daquele que se teria em bairros
periféricos, e, no entanto, ainda assim estar-se-
ia na circunscrição de um mesmo município.
41 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso
de direito do trabalho. 18 ed. São Paulo: Saraiva, De igual sorte, o que se dizer em relação
2003. pp. 749-750. Nesse mesmo sentido, confira-se: a trabalhadores que prestam serviços em
RUSSOMANO, Mozart Victor; RUSSOMANO JÚNIOR,
Victor; ALVES, Geraldo Magela. Consolidação das leis empresas cujas filiais estejam localizadas em
do trabalho anotada. 5 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. municípios próximos, cuja realidade social seja
p. 119. MAGANO, Octavio Bueno. ABC do direito do
trabalho. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. p. semelhante, como no chamado ABCD Paulista
57. – Santo André, São Bernardo do Campo, São
42 O autor traz o seguinte exemplo: “há
Caetano do Sul e Diadema?
possibilidade de equiparação salarial entre duas pessoas
que trabalhem para uma mesma empresa, embora em Eventualmente poderá haver
estabelecimentos distintos (um trabalha em Pirituba, outro
trabalhadores para um mesmo empregador,
labora em Santo Amaro), pois o trabalho é prestado ao
mesmo empregador, na mesma localidade (São Paulo)”. em municípios distintos, mas que as suas
in MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 6 ed.
filiais sejam separadas por poucos metros, em
São Paulo: Atlas, 2003. p. 409.

54
Equiparação Salarial
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municípios contíguos. Não haverá, nesse caso, de mesma localidade contido no art.
direito à equiparação salarial, apenas pelo fato 461 da CLT, conforme entendimento
de não pertencerem a um mesmo município? perfilhado na Súmula 6, X, do C.TST.
Certamente, nessa hipótese, a área urbana e Provada a igualdade funcional, prestigia-
se, no particular, sentença de origem que
as condições de vida serão as mesmas, o que
deferiu a equiparação pretendida.
não impede a isonomia de salários, sob pena de
(TRT 2ª R – 4ª T – Processo n°
afronta ao princípio da igualdade, e, até mesmo,
02790200504902006 – Acórdão n°
ao princípio da razoabilidade que vigora no 20080545488 – Relator Desembargador
Direito do Trabalho. Ricardo Artur Costa e Trigueiros - DOE
Tratando exatamente acerca da questão 27.06.2008)
ora apresentada, o Egrégio Tribunal Regional do
Trabalho da 2ª Região, por meio de julgamento De igual sorte, também se mostra frágil o
da 4ª Turma, proferiu a seguinte decisão: argumento de que, em matéria de equiparação
salarial, a interpretação deva ocorrer de forma
EQUIPARAÇÃO. LOCALIDADE DIVERSA. restritiva, até porque, se tal entendimento
CIDADES DA REGIÃO METROPOLITANA. fosse adotado, certamente haveria afronta
DIREITO ÀS DIFERENÇAS.
aos mais basilares princípios de Direito do
Metrópole (‘mater’ + ‘polis’= cidade-
Trabalho, como, por exemplo, o princípio da
mãe) significa cidade principal ou
proteção, através da regra do in dubio pro
capital de província ou Estado, e região
metropolitana tem por conceito “região operario. Há de se ressaltar que essa regra
densamente urbanizada constituída por “aconselha o intérprete a escolher, entre duas
municípios que, independentemente de ou mais interpretações viáveis, a mais favorável
sua vinculação administrativa, fazem ao trabalhador, desde que não afronte a nítida
parte de uma mesma comunidade manifestação do legislador, nem se trate de
socioeconômica e cuja interdependência matéria probatória”43.
gera a necessidade de coordenação Nesse mesmo sentido, enfatizando a
e realização de serviços de interesse concepção segundo a qual o legislador deve
comum” (Novo Dicionário Aurélio
estabelecer um favorecimento àquele que visa
da Língua Portuguesa, 2ª Edição,
proteger, Cesarino Júnior afirma que “sendo
editora Nova Fronteira, pg. 1474). É de
o direito social, em última análise, o sistema
notório conhecimento a identidade de
interesses socioeconômicos no âmbito legal de proteção dos economicamente fracos
das metrópoles. Daí porque, forçoso (hipossuficientes), é claro que, em caso de
concluir que o fato de o reclamante ter dúvida, a interpretação deve ser a favor do
trabalhado em São Paulo e o paradigma economicamente fraco, que é o empregado, se
na Região do ABC - Santo André, São
Caetano e São Caetano do Sul não afasta
a equiparação salarial, posto que tais
43 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio;
municípios pertencem à mesma região VIANNA, Segadas; TEIXEIRA FILHO, João de Lima.
metropolitana, que se insere no conceito Instituições de direito do trabalho. 16 ed. São Paulo:
LTr, 1997. p. 134.

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Equiparação Salarial
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em litígio com o empregador”44. ao extremo rigorismo gramatical, devendo ser


É perfeitamente possível notar que, no interpretada teleologicamente, em apreço ao
presente caso, com a finalidade de interpretar seu real sentido. Assim, se na mesma região que
a expressão “mesma localidade” contida na lei, interligam, mostram-se iguais as condições de
existe, de fato, uma dúvida objetiva acerca do vida e a prestação de serviços se identificam em
alcance da norma, com a efetiva possibilidade valor, em se tratando de exercentes da mesma
de se atribuir mais de uma interpretação função, não há como se recusar a equiparação
ao sentido da lei. E, por outro lado, não há salarial pleiteada por um deles’”45.
qualquer disposição expressa na lei, no sentido Nessa mesma linha de raciocínio, Pedro
de que a interpretação da expressão “mesma Paulo Teixeira Manus sustenta que “embora não
localidade” deva estar circunscrita a sinônimo haja definição precisa deste termo ‘localidade’,
de município, ou, ainda, de forma diversa, não deve-se entender como uma mesma região
há vedação legal, no sentido de que não seja geopolítica. Assim, dentro da grande São Paulo,
possível interpretar de outra maneira. embora em municípios diversos, é devida
Como já dito, existindo dúvida objetiva a equiparação salarial já que são iguais as
quanto ao alcance da lei, em face de mais de condições de trabalho e de vida”46. Segundo
uma interpretação da referida norma, por Arnaldo Süssekind, mencionando a cancelada
aplicação da regra do in dubio pro operario, Orientação Jurisprudencial nº 252, da Seção de
recomenda-se que seja atribuída validade Dissídios Individuais 1 do Tribunal Superior do
àquela que seja mais favorável ao empregado, Trabalho, entende que “o conceito de localidade,
sem que haja afronta à disposição de lei. É a nosso ver, deve corresponder, em princípio, a
evidente que, no presente caso, não se mostra Município, mas abranger ‘municípios distintos
como sendo o melhor aquele entendimento que, comprovadamente, pertençam à mesma
que atribui à expressão “mesma localidade” a região metropolitana”47. Por sua vez, Odonel
conotação de município. Urbano Gonçales afirma que “a exigência da
É perfeitamente possível, porém, que a prestação de trabalho na mesma localidade
interpretação da expressão “mesma localidade” prende-se ao fato das necessidades materiais
seja estendida, para considerar dessa forma,
regiões que extrapolem a circunscrição de um
mesmo município. Nesse sentido, mencionando
45 A decisão mencionada pelos autores foi
decisão proferida pelo Tribunal Superior do proferida pelo Tribunal Superior do Trabalho, por meio
de julgamento da 1ª Turma, em Recurso de Revista nº
Trabalho, Evaristo de Moraes Filho e Antônio
1.675/85-9, Relator Ministro Vieira de Mello, publicado
Carlos Flores de Moraes entendem que “a no Diário da Justiça em 16 de maio de 1986. in MORAES
FILHO, Evaristo; MORAES, Antônio Carlos Flores de.
expressão ‘mesma localidade’ a que se refere
Introdução ao direito do trabalho. 8 ed. São Paulo: LTr,
o art. 461 consolidado ‘não pode ser levada 2000. p. 436.
46 MANUS, Pedro Paulo Teixeira. Curso de
direito do trabalho. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2002. p. 140.
47 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio;
VIANNA, Segadas; TEIXEIRA FILHO, João de Lima.
44 CESARINO JÚNIOR, A. F. Direito social. v. 1 Instituições de direito do trabalho. v. I 24 ed. São Paulo:
São Paulo: Saraiva, 1957. p. 112. LTr, 2003. p. 430.

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Equiparação Salarial
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de cada trabalhador para sobreviver. Dentro de legal, desde que não se afaste da intenção do
uma mesma região socioeconômica presume- legislador, da natureza salarial da equiparação
se que essas necessidades são iguais para e não ultrapasse os limites de sua jurisdição”50.
todos. Resta sem significado, por isso, a paga de
salários diferentes”48.
Segundo a lição de José Martins 50 Ao examinar o terceiro critério mencionado, e,
em seu entendimento sendo este o melhor deles, o autor
Catharino, seria possível a utilização de três
afirma que “o princípio de salário igual por trabalho igual
critérios para definir o alcance da expressão não pode ser bem aplicado sem que se tenha em vista não
ser possível tornar o salário menos injusto considerando-o
“mesma localidade” descrita na lei: 1) “entender-
apenas sob seu valor nominal. De fato, se a equiparação
se a locução em sentido geográfico”; 2) “idem, se fizer baseada exclusivamente no salário nominal, sem
que se leve em conta seu valor real, a finalidade igualitária
em sentido político-administrativo”; 3) “basear-
do princípio seria, muitas vezes, inatingida. Não basta,
se o conceito em razões econômicas”. O referido portanto, a ‘equiparação simbólica e quantitativa do
salário’. É necessário, ainda e principalmente, que se
autor entende ser inadequada a utilização dos
considere seu poder aquisitivo, isto é ‘sua qualidade
dois primeiros critérios49, e, conclui afirmando econômica efetiva’. Para nós, nesta norma fundamental,
baseou-se o legislador ao exigir o requisito de trabalho
que “erram os que tentam dar um significado
prestado ‘na mesma localidade’. /.../
rígido e abstrato à locução legal. Seu verdadeiro
O ponto de vista que defendemos harmoniza-se com
conceito, sob o ponto de vista jurídico, é o artigo 766 da CLT. Para efeito de ‘salário equitativo’
não basta ser apreciado o custo de vida na localidade
demasiado objetivo para permitir limitações
onde o empregado presta serviço, mas, também, as
prévias e teóricas. Ao juiz cabe, em cada caso possibilidades econômico-financeiras da empresa. Aliás,
o juiz tem na própria lei fundamentos para decidir.
concreto, determinar o alcance da exigência
Queremos nos referir, em primeiro lugar, à aplicação, por
analogia, do critério seguido pelo legislador para fixação
dos salários mínimos, dividindo o país em regiões, zonas
e subzonas. Em segundo lugar, note-se que, para efeito
48 GONÇALES, Odonel Urbano. Manual de de equiparação entre empregados brasileiros, o juiz deve
direito do trabalho. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1999, p. 122. adotar um conceito restrito de ‘mesmo empregador’
49 Ao se referir aos critérios descritos, o autor baseado no artigo 355 da CLT.
afirma que “o primeiro deles deve ser abandonado sem
A divisão do país em localidades econômicas, para tornar
maiores comentários. Além de conduzir o intérprete à
mais justa a equiparação, corresponde, sob o ponto de
imprecisão, provocaria efeitos sumamente injustos. Caso
vista empresário, à descentralização da empresa em
se considere certa ‘zona geográfica’ como equivalente à
sucursais, filiais e agências. Considere-se que a ‘restrição
localidade, abstraindo-se condições econômicas distintas
do conceito de empregador, conjugada à limitação
e Estados ou Municípios, a aplicação do princípio seria
especial’ permite ao juiz decidir não só de acordo com o
desastrosa. É, portanto, de ser abandonado o critério de se
princípio contido no artigo 461, como também segundo
determinar o campo de aplicação da equiparação segundo
a norma mais geral do artigo 766”. in CATHARINO, José
limites geofísicos.
Martins. Tratado jurídico do salário. 2ª tiragem (edição
Vejamos o segundo: ‘seria viável tomar-se por ponto de fac-similada) São Paulo: LTr, 1997. pp. 373-374.
referência unidades da Federação, como o Município ou
Há de se levar em consideração, entretanto, que a edição
Estado’?
original da obra mencionada foi publicada em 1951, razão
Ao nosso ver, não. Seria impraticável. Localidade não pela qual, em alguns pontos, percebe-se a existência de
pode, ainda, equivaler a cidade. Esta, por exemplo, divergências com a situação e sistema atual, mas, por
embora menos ampla, sob o ponto de vista político- outro lado, preferiu-se trazê-la na íntegra, a fim de que não
administrativo, que o Estado ou o Município, pode houvesse qualquer subversão à brilhante lição do autor
compreender várias zonas (urbana, suburbana ou rural que, já na década de 50 do século passado, entendia que o
periférica) ou, ainda, várias ‘localidades’ dentro do seu conceito de “mesma localidade”, para fins de equiparação
perímetro”. in CATHARINO, José Martins. Tratado salarial, não poderia ser tido de forma absoluta, devendo
jurídico do salário. 2 tiragem (edição fac-similada) São ser perquirido conforme a realidade de cada região desse
Paulo: LTr, 1997. pp. 372-373. país.

57
Equiparação Salarial
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Depois de verificados os rumos (TRT 9ª R – 4ª T – Processo


atribuídos pela doutrina acerca do alcance da n° 18068-2005-014-09-00-1 –
expressão “mesma localidade” contida no art. Acórdão n° 22559/2007 –Relator
461 da CLT, pode-se afirma que, a interpretação Desembargador Arnor Lima Neto –
que mais se coaduna com os princípios de DJPR 21.08.2007)
Direito do Trabalho, atendendo aos fins sociais
e à finalidade da própria norma legal, é aquela Por oportuno, finalizando, há de se
no sentido de que se deva considerar como ressaltar, novamente, que, limitar o alcance da
tal, a região geoecômica onde se localizam as lei à mesma cidade ou município, flagrantemente
filiais da empresa nas quais prestam serviços atenta contra o princípio constitucional da
reclamante/empregado e paradigma, para fins igualdade de tratamento, e, também, afronta os
de reconhecimento do direito à equiparação princípios e regras que tutelam a relação jurídica
salarial. mantida entre trabalhador e empregador, como
Neste sentido, o Egrégio Tribunal a regra do in dubio pro operario e o princípio
Regional do Trabalho da 9ª Região, por meio da razoabilidade, ambos muito ativos em seara
de julgamento da 4ª Turma, proferiu a seguinte trabalhista.
decisão:
12. Conclusão
EQUIPARAÇÃO SALARIAL –
MESMA LOCALIDADE Tal como já mencionado anteriormente,
Para que seja concedida pela análise ora realizada, percebeu-se que a
a equiparação salarial, um dos Súmula n° 6 se mostra como sendo quase uma
requisitos a serem observados é que forma de regulamentação de várias questões
os empregados comparados laborem ligadas à equiparação salarial prevista no art.
na mesma localidade. O conceito de 461 da CLT. A redação atual da referida súmula,
“mesma localidade” de que trata o na verdade, é uma coletânea das disposições
art. 461 da CLT refere-se, em princípio, contidas em súmulas já canceladas, bem como
ao mesmo município, ou a municípios de orientações jurisprudenciais emanadas da
distintos que, comprovadamente, Seção de Dissídios Individuais 1 do Tribunal
pertençam à mesma região Superior do Trabalho.
metropolitana, nos termos do inciso Objetivamente quanto ao tema tratado,
“X” da Súmula n° 6 do C. TST. No caso em relação ao quadro organizado de carreira,
em tela, o Reclamante e o paradigma verificou-se que a sua existência se mostra
trabalhavam em Curitiba, portanto, como um impeditivo ao direito à equiparação
tratando-se da mesma cidade, tem- salarial. Ocorre, porém, que o simples fato
se que exerciam suas funções na de existir quadro de carreira no âmbito da
mesma localidade. Logo, devida a empresa, por si só, não impede o direito à
equiparação salarial. Recurso da equiparação salarial, sendo necessário que
Reclamada a que se nega provimento. seja homologado pelo Ministério do Trabalho,

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Equiparação Salarial
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e, ainda, que as promoções ocorram de forma não existe impedimento à equiparação salarial
alternada, por merecimento e antiguidade, sob entre empregados de empresas que pertençam
pena de nulidade do referido instrumento. a um mesmo grupo econômico, desde que
Já no que tange ao tempo de serviço, preenchidos os demais requisitos contidos na
como eventual impeditivo para a equiparação lei.
salarial, percebeu-se que tanto a doutrina No que tange à equiparação salarial
como a jurisprudência compreende que essa com paradigma que obteve pronunciamento
contagem se refere ao trabalho na função, e judicial favorável, percebeu-se que não há
não no emprego, pouco importando a duração impedimento para que esta pessoa sirva como
do contrato de trabalho, o que atende com modelo, tendo em vista que, desde que não
maior precisão a disposição contida no art. 461, haja fato impeditivo aquisição do direito, não
§ 1º da CLT. poderá haver tratamento discriminatório entre
Notou-se, ainda, que empregados que exerçam as mesmas atividades,
independentemente da nomenclatura ao mesmo empregado e na localidade. Não
atribuída ao cargo dos empregados, a condição haverá direito à equiparação salarial, entretanto,
necessária para que seja possível a equiparação naquelas hipóteses em que a diferença se deva
salarial é o desempenho de funções idênticas, a uma situação pessoal ou vantagem particular
com as mesmas atribuições e atividades, visto do paradigma, como, por exemplo, a integração
que a legislação pertinente exige a identidade de horas extras e do adicional por tempo de
de função, e não identidade de cargos (CLT, art. serviço. Como se notou, porém, a questão deve
461, caput). ser analisada com cuidado, a fim de evitar a
Como se percebeu da análise realizada, criação de situações esdrúxulas ou a atribuição
a simultaneidade ou contemporaneidade na de direito a quem não o possui.
prestação de serviços entre o paradigma e a Talvez a questão mais controvertida
parte reclamante se mostra como elemento acerca desta súmula seja aquela relativa à
essencial para a constituição do direito às equiparação salarial em trabalho intelectual.
diferenças salariais. Por outro lado, percebeu- Percebeu-se, entretanto, que, sob o ponto
se que, a substituição de um empregado por de vista teórico, seria perfeitamente possível
outro, após ter havido o desligamento deste a equiparação salarial entre trabalhadores
último, não ofende o Princípio da Igualdade, e, com atividade intelectual, mas, no aspecto
por conseguinte, não gera direito à equiparação prático, mostra-se praticamente impossível o
salarial. reconhecimento da equiparação salarial entre
Outra questão que eventualmente empregados que desenvolvam atividades
pode gerar a divergência está ligada à figura intelectuais, tendo em vista que, nessas
do empregador. Constatou-se que, mesmo não situações, será muito difícil estabelecer critérios
se descartando a existência de entendimento objetivos para a aferição da perfeição técnica
divergente, levando-se em conta que a doutrina do trabalho realizado.
e a jurisprudência consideram a existência de Abordando a questão do ônus da prova,
um empregador único (TST, Súmula nº 129), a súmula não acresceu mais do que a disposição

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Equiparação Salarial
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contida em lei (CLT, art. 818 e CPC, art. 333, se localizam as filiais da empresa nas quais
incisos I e II). Talvez não se fizesse necessária prestam serviços reclamante/empregado e
a inclusão deste item na súmula, pois, como paradigma, para fins de reconhecimento do
já mencionado, a sua resolução decorre da direito à equiparação salarial.
própria lei. De qualquer forma, incumbe ao Por fim, importa ressaltar que existem
reclamante/empregado a prova dos chamados outras questões que poderiam ser tratadas no
fatos constitutivos do direito à equiparação estudo da equiparação salarial, mas a fim de
salarial, tais como o (a) desempenho da mesma não se desvirtuar o trabalho ora desenvolvido,
função, a (b) contemporaneidade na prestação enveredando-se numa empreitada infindável,
de serviços com o paradigma, o (c) trabalho limitou-se a abordar o entendimento
prestado ao mesmo empregador, e, ainda, (d) doutrinário e jurisprudencial acerca de cada
na mesma localidade em que o paradigma. Por um dos itens relacionados na Súmula n° 6
sua vez, à reclamada/empregadora incumbe do Tribunal Superior do Trabalho. Era esta a
a prova dos fatos impeditivos, modificativos pretensão deste estudo!
e extintivos, tais como a (e) diferença de
produtividade e perfeição técnica, a (f) existência BIBLIOGRAFIA
de quadro organizado de carreira, e, também,
ABDALA, Vantuil. Equiparação salarial:
a (g) diferença de tempo na função superior empregado readmitido – quadro de carreira
a dois anos entre reclamante e paradigma. É – grupo econômico – sucessão. Revista de
esta a regra do ônus da prova no que tange à Direito do Trabalho, São Paulo, ano 10, nº 54,
mar./abr., 1985.
equiparação salarial.
Em relação à prescrição aplicável, ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI,
notou-se que não há relevante controvérsia Eduardo; WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso
quanto à incidência da prescrição parcial, sendo avançado de processo civil. vol. I 2 ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.
fulminadas pelo instituto apenas diferenças
ALVES, Geraldo Magela; RUSSOMANO,
salariais vencidas no período de 5 (cinco) anos Mozart Victor; RUSSOMANO JÚNIOR, Victor.
que antecederam ao ajuizamento da ação Consolidação das leis do trabalho anotada. 5
que visava o reconhecimento da existência ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003.
das respectivas diferenças, pois estas são
AMARAL, Júlio Ricardo de Paula. Eficácia
resultantes de disposição cujo conteúdo se dos direitos fundamentais nas relações
encontra inserido em lei (CLT, art. 461). trabalhistas. 2 ed. São Paulo: LTr, 2014.
Outra questão que suscita controvérsia
BARACAT, Eduardo Milléo. Prescrição trabalhista
é aquela ligada à definição do que vem a ser
e a súmula n° 294 do TST. São Paulo: LTr, 2007.
mesma localidade. Percebeu-se, porém, que a
interpretação que mais se harmoniza com os CARRION, Valentin. Comentários à consolidação
princípios de Direito do Trabalho, atendendo das leis do trabalho. 24 ed. São Paulo: Saraiva,
1999.
aos fins sociais e à finalidade da própria norma
legal, é aquela no sentido de que se deva CATHARINO, José Martins. Tratado jurídico do
considerar como tal, a região geoecômica onde salário. 2ª tiragem (edição fac-similada) São

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