Você está na página 1de 2

COLÉGIO ESTADUAL LUIZ VIANA

Data: ___/___/___
COMPONENTE CURRICULAR: LÍNGUA PORTUGUESA
CONTEÚDO: LINGUAGEM CONOTATIVA E AS FIGURAS DE LINGUAGEM (II)
PROF PEDRA / TURMA: _____ ESTUDANTE: _________________________ Nº ____

Leia o poema a seguir:


VII
No descomeço era o verbo.
Só depois que veio o delírio do verbo.
O delírio de verbo estava no começo, lá onde
a criança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não funciona
para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele
delira.
E pois.
Em poesia que é a voz de poeta, que é a voz de fazer
nascimentos –
O verbo tem que pegar delírio.

(in Livro das Ignorãnças - Uma Didática da Invenção. Manoel de Barros.)

Com base na leitura do poema de Manoel de Barros, responda:

1. De quantos versos e de quantas estrofes se compõe o poema lido?

2. Considerando a estrutura escrita do poema no espaço da folha, responda:

a) De que modo ele se difere de um texto em prosa?

b) Essa organização gráfico-espacial é uma característica apenas desse poema ou se


estende aos poemas como um todo?

3. Traduza o que é dito nos versos: No descomeço era o verbo / Só depois que veio o
delírio do verbo, considerando os seguintes pontos:

a) Porque ao invés de dizer que “No princípio era o Verbo”, o eu poético diz que “No
descomeço era o verbo”? E qual ideia é contraposta nesse verso?

b) Com base no sentido da palavra “descomeço”, traduza o que é dito pelo eu poético
no verso: Só depois que veio o delírio do verbo.

4. O que leva o eu poético a usar a lógica de uma criança para traduzir o delírio do verbo?
Qual o significado dessa expressão e porque ele se empenha tanto em traduzi-la?

5. A que se refere o eu poético no verso que diz: “Em poesia que é a voz de poeta, que é
a voz de fazer/ nascimentos –“?

LINGUAGEM CONOTATIVA E AS FIGURAS DE LINGUAGEM (II)

No texto poético, é bem comum o uso de linguagem conotativa, conhecida também como
sentido figurado. No poema compartilhado na atividade, fica evidente a predileção do eu poético
pelo “delírio do verbo” em relação ao verbo. Para os poetas, assim como para as crianças, as
palavras só nascem quando encantadas por novos significados que expressam de modo afetivo
e subjetivo a sua experiência, ou seja, o seu contato com as coisas do mundo. Logo, não é o
sentido literal, objetivo, denotativo que traduz o nascimento da palavra no texto poético.

Ao usar a linguagem conotativa para escrever um poema, a/o escritora/escritor explora maneiras
diferentes de construir frases criando as figuras de linguagem (ou figuras de estilo).
As figuras de linguagem podem ser semânticas (do ponto de vista do significado), fonéticas (do
ponto de vista dos sons das palavras) ou sintáticas (do ponto de vista da construção da frase).

A intenção de um poema (ou letra de canção) pode ser a de emocionar a/o leitora/leitor, propor
uma reflexão ou apresentar os sentimentos, as ideias e as emoções da/do poeta diante das
situações da vida.

Vamos agora começar a conhecer e aprender a identificar as figuras de linguagem:

Metáfora é uma figura de linguagem que se caracteriza por transferir o sentido literal, próprio de
uma palavra, para um sentido conotativo (figurado), estabelecendo uma comparação implícita
(camuflada) e sem utilizar conectivos (termos de ligação) que caracterizam a comparação, a
exemplo da conjunção como.

Ex: “Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que fazia
uma volta atrás de casa.
Era uma enseada.” (Manoel de Barros)

Vale ressaltar que nosso cotidiano é repleto de metáforas que são criadas e fixadas em diferentes
culturas. Nesse contexto, essas figuras são utilizadas para descomplicar e tornar mais afetiva e
efetiva a comunicação. Esse fenômeno também acontecem com outras figuras de linguagem.

Ex: Cara de Pau (versão baiana = sua cara nem arde)

Comparação é a figura de linguagem que expressa uma relação comparativa explícita entre
palavras ou expressões por meio de termos como assim como, tal como, como, igual a, entre
outro.

“A vida vem em ondas


Como um mar
Num indo e vindo infinito” (Lulu Santos)

O que aprendemos hoje?


Hoje, você começou a conhecer e identificar as figuras de linguagem, recurso utilizado pelas/os
poetas para explorar diferentes e criativas maneiras de construir frases tornam os textos mais
estilosos, afetivos e expressivos. Vimos hoje a metáfora e a comparação.

O que conheceremos semana que vem?

Na próxima segunda-feira, você irá conhecer, com mais intimidade, e aprender a identificar
outras Figuras de Linguagem.

Referências

• BARROS, Manoel de. Poesia Completa/Manoel de Barros – São Paulo: LeYa, 2013. P.
276 e 277.
• OLIVEIRA, Tania Amaral. Lucy Aparecida Melo, ARAÚJO. Tecendo Linguagens –
Língua Portuguesa.

Você também pode gostar