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Uma análise crítica das s u t i l e z a s de Sata ná

h e r e s i a s

MODISMOS

Esequias Soares
h e r e s i a s

MODISMOS
Esequias Soares
Todos os direitos reservados. Copyright O 2006 para a língua portuguesa da Casa
Pubiicadora das Assembléias de Deus Aprovado pelo Conselho de Doutrina

Projelo gráfico e editoração: Paulo Sérgio Primati


Capa. Rafael Paixão

CDD: 280 ■Igrejas, Denominações e Seilas Cristãs


ISBN: 85-263-0766-1

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da CPAD, visite nosso site; hilp://www.cpad.com.br

C a sa Pubiicadora das Assembléias de Deus


Caixa Postal 331
20001-970, R io de Janeiro. RJ, Brasil

I - Edição/2006
DEDICATÓRIA
°cí^ 3

/ /
Agtadeçéjí^peus, a minha esposa Rute e aos meus
filúdst Dõniele e Filipe, pelo apoio, incentivo,
compreensão e cooperação nesse trabalho.
O agradecimento é extensivo à Igreja e a todos os
meus companheiros de ministério do campo de
jundiaí, que estão empenhados na causa do Mestre.
SUMARIO

A B R E V IA T U R A S ................................................................................................................. 15
IN T R O D U Ç Ã O ..................................................................................................................... 19

C ap ítu lo 1 A S U T IL E Z A DE SATANÃS NOS FINS DOS TEMPOS


I. O Q U E S IG N IF IC A S U T IL E Z A ? .............................................................................26
1 S ig n ific a d o ................................................................................................................ 26
2 C o n e x ã o .....................................................................................................................27
3 C o n te x t o .....................................................................................................................28
II. A P E R lC IA D O S H E R E S IA R C A S .......................................................................... 28
1. Q u e m s ã o e le s e o q u e f a z e m ? .....................................................................28
2. S uas e s tr a té g ia s .................................................................................................... 29
3 O q u e p re te n d e m ’ ............................................................................................... 33
III F ilo s o fia s e v á s s u t ile z a s ....................................................................................... 36
I . o c u id a d o c o m a s s u t ile z a s ....................................................................... 36
2 O s “ r u d im e n to s d o m u n d o " ....................................................................... 37
3. A q u e " r u d im e n to s " se re fe re o a p ó s to lo ? ................................................39
C O N C L U S Ã O .............................................................................................................. 39

Capítulo 2 O 1SLAMISMO
I O R IG E M .............................................................................................................. 42
1. M a o m é e o s c a lifa s o r t o d o x o s ..................................................................... 42
2. Ju d e u s, c r is tã o s e m u ç u lm a n o s 43
II. FONTE D E A U T O R ID A D E ......................................................................... 47
I. O A lc o r ã o ............................................................................................ .4 8
2 O A lc o r ã o e a B í b lia ............................................................ 50
III. T E O L O G IA IS L Â M IC A ......................................................... 53
1. A d iv in d a d e d o s m u ç u lm a n o s .................................. 53
2. O Jesus d o A lc o r ã o ............................................... 56
IV OS C IN C O P ILA R E S D O IS L A M IS M O ................................. 66
I. C re n ça s e p r á t ic a s ............................... 66
2 Fé e m D e u s ................................................. 67
3 O r a ç ã o ................................................. 67
4. Esm olas................................................................... -................................ 68
5. Jejum............................................................................................................69
6. Peregrinação............................................................................................. 70
7. A Jihad..................................................................................................... 7o
8 O paraíso de A lá ...................................................... 72
V A QUESTÃO DA POLIGAMIA.............................. 73
1. Avaliação bíblica............................................................................... ... 73
2. Uma prálica islâmica ......................................................................... 75
Conclusão........................ 77

Capitulo 3 O M O R M O N ISM O
l ORIGEM E ORGANIZAÇÃO....................................................................... 80
1. Histórico..................................................................................................... 80
2. Eslrulura organizacional.........................................................................82
II. AVALIAÇÃO CRITICA....................................................................................82
1. Contradições..............................................................................................82
2. A agitação religiosa..................................................................................86
3 O sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque......................... 87
III. FONTE DE AUTORIDADE............................................................................ 88
1. Doutrina e Convênios (D&C)..................................................................... 88
2. Pérola de Grande Valor..............................................................................89
IV. O LIVRO DE MÓRMON................................................................................. 90
I . Origem e avaliação critica.................................................................. 90
2 Conteúdo... 94
3. Anacronismos e plágios.......................................................................... 95
4 .0 Livro de Mórmon e a B íblia.............. 98
V TEOLOGIA MORMONISTA....................... 100
I . Conceitos mormonistas da divindade.................................. 100
2 O Jesus dos m ó r m o n s ....................................................lio
3 A salvação m órm on...............................................................................117
CONCLUSÃO ............................................................................................... 125

Capitulo 4 A REENCARNAÇÃO
I O NEOPAGANISMO.................................... 128
1. Os gentios............................. 128
2 O que è paganismo?....................... 128
II. O SIGNIFICADO DA REENCARNAÇÃO............................................. 129
1. C onceito.......................................... 129
2. No O riente................................................. 130
3. No O cidente............................................................................................ 130
III. SUA INCONSISTÊNCIA .............................................................................. 131
1. Sem sustentação bíblica........................................................................131
2 Refutação da patrística............................... 133
IV SEUS OBJETIVOS........................................................................................ 133
I Busca da perfeição ou da salvação..................................................133
2, Explicação para o sofrimento h um ano............................................. 134
3. Reencamação e cristianismo..................................................... 135
V. SUAS DISTORÇÕES............................................................................ 135
1. Criptoamnésia................................................................................. 135
2. Distorção bíblica............................................................................. 136
3. Distorção cientifica......................................................................... 144
VI. SUA POPULARIDADE.................................................................... 144
1. Aceitação na sociedade.................................................................. 144
2. Razão do seu crescimento.............................................................145
CONCLUSÃO............................................................................................ 146

Capítulo 5 AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ


I. ORIGEM DO MOVIMENTO............................................................... 148
1. Charles Taze Russell............................................................................148
2. Joseph Franklin Rutherford.................................................................ISO
3. Nathan Homer Knorr........................................................................... 153
4. Frederick William Franz......................................................................154
5. Milton G. Henschel.............................................................................. 154
6. No Brasil............................................................................................... 155
II. SOBRE DEUS E A TRINDADE.............................................................ISS
1. Seu erro sobre Deus............................................................................ 155
2. Seu erro sobre Jesus Cristo.................................................................160
3. Seu erro sobre o Espírito Santo..........................................................167
III. SOBRE O HOMEM E SEU DESTINO................................................ 178
1. Seu erro sobre a alm a .........................................................................178
2. Seu erro sobre a salvação...................................................................191
3. Seu erro sobre o inferno de fogo........................................................196
III. SOBRE A SUA FONTE DE AUTORIDADE........................................208
1. A Sentinela............................................................................................208
2, A Ttadução do Novo Mundo................................................................ 211
CONCLUSÃO........................................................................................... 214

Capitulo 6 A MARIOLATRIA
I. O QUE É MARIOLATRIA? .................................................................. 220
1. Idolatria.......................................................................................... 220
2. Adoração........................................................................................ 220
3. O culto de M aria............................................................................221
4. Mãe de Deus..................................................................................225
II. MARIA NA LITURGIA DO CATOLICISMO....................................... 227
1. As contradições de Roma..............................................................227
2. Orações a Maria............................................................................. 229
IV. OUTRAS TENTATIVAS DE DIVINIZAR MARIA 232
I . Falsificações das edições católicas da Biblia .....232
2 .0 Dogma da Imaculada Conceição............. 234
3. O Dogma da Perpétua Virgindade de Maria 239
240
Capitulo 7 A REGRESSÃO PSICOLÓGICA
I. O HOMEM INTERIOR..................................................................... 246
1. Deus conhece o interior e o exterior..........................................246
2. Nossos ossos............................................................................. 247
3 .0 mistério da formação da vida................................................. 247
II. ACURA INTERIOR.........................................................................248
1. No plano bíblico........... ........................................................... 248
2. No plano psicanalista................................................................ 249
III. O QUE É REGRESSÃO PSICOLÓGICA?...........................................2S0
1. Definição............................................................. 250
2. Ciência ou ocultismo?.................................................. 251
3. Objetivo.....................................................................................253
IV. A REGRESSÃO PSICOLÓGICA NO G-12.........................................253
I.O G -1 2 ..................... 253
2. Terapia alternativa .......................... 256
3.0 perdão bíblico....... ............................................................... 256
CONCLUSÃO.............................................. 257

Capitulo 8 AS SEITAS ORIENTAIS


I. CONCEITOS TEOLÓGICOS DO EXTREMO ORIENTE..................... 260
1. Fonte de autoridade............................................... 260
2. Deus.......................................................................................... 261
3. Salvação....................................................................................263
II HARE KRISHNA............................................................................. 264
1. Origem e história.................................. 264
2. Fonte de autoridade................................................................... 264
3. Deus...................................................................................... 265
4. Salvação....................................................................................269
III MEDITAÇÃO TRANSCENDENTAL.................................................. 275
1 Origem e história...................................................................... 275
2. Sua teologia.......................................................................... ...276
3. Análise bíblica................................... 277
IV IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL.....................................................278
1. Origem e história................................. 278
2. Fonte de autoridade............................................................... 279
3 Deus......................................................................................... 279
4 Salvação..... ..................................... 281
V SEICHO-NO-IÊ...................................... 282
I . Origem e história......................... 282
2 Fontes de autoridade............................ 282
3. Deus........ ........................................... ................................ .. .282
4. Salvação ............................................. ...283
CONCLUSÃO......................................... 284
Capitulo 9 O CRISTIANISMO JUDAIZANTE
I. OS PRIMEIROS JUDAIZANTES.............................................................. 286
1. O termo ju d a izan le..............................................................................286
2. O cristianismo não judaizou o m un do............................................. 287
3. A mensagem dos judaizantes............................................................ 288
4. Perigos à v is ta ........................................................................................ 289
II. O OBJETIVO DA L E I...................................................................................290
1. A liberdade cristã e os judaizantes.............................................. 290
2. A lei não foi dada para a salvação, mas para definir o pecado 290
3. A lei foi dada para demonstrara necessidade da graça divina .291
4. A lei foi dada para servir de a io .........................................................292
III. A QUESTÃO DO SÃBADO ....................................................................... 293
1. O novo co n certo ....................................................................................293
2. A c irc u n c is ã o .................................................................................................. 294
3. Um retrocesso espiritual..................................................................... 298
4. O sábado foi abolido............................................................................. 296
C O N C L U S Ã O ............................................................................................. 302

C a p itu lo 10 A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE


I. H IS T Ó R IC O .................................................................... ........................ 306
1. Sua o r ig e m ......................................................................... .............. 306
2. Essek W illia m K e n y o n ......................................_......... .............. 306
3. C iê n cia C r is t ã ............................................................................. . 307
4. K e n n e th H a g in ................................................................................ 309
II. FONTES DE A U T O R ID A D E ............................................................ 309
1. R e ve la çã o o u in s p ira ç ã o de seus lid e re s .............................. 309
2. A a u to rid a d e p ara a vid a d o c r is tã o ...................................... 310
III. R H EM A E L O C O S .......................................................................... 311
1. T e rm o s que se c o in c id e m .......................................................... 311
2. Term .os u sa d o s p ara d e sig n a r as E s c ritu ra s ....................... 312
3. F a lá cia s da C o n fiss ã o P o s itiv a .............................................. 313
IV. CRENÇAS E P R Á T IC A S ............................................................ 314
1. Teologia........................................................ 314
2. Sua m a rca .315
C O N C L U S Ã O ................................................................. 317

C apitulo I I O TRIUNFALISMO
I. OS M ER CADO RES DA PALAVRA DE DEUS 320
1 F a ls ifica d o re s e m erca d o re s ...... 320
2. O que é s im o n ia ’ 320
3. Fo rm a b ib lic a de le v a n ta r recursos fin anceiros 321
4. O s n e o p e n te c o s ta is 322
II. OS HERÓIS DA F É .......... 327
I . Artifícios dos triunfalistas 327
2 Os que fizeram proezas 32 H
3 O s m á rtire s e p e rse g u id o s 328
III A H E R M EN ÊU TIC A DOS T K IU N F A U S T A S ................................................. 329
I . Exegese ........................................................................................................... ...
2 E is e g e s e ............................................................................................................32 9
IV O ESTU D O DA PALAVRA DE DEUS 331
1. Intere sse p e la ig n o r â n c ia ..............................................................................331
2. O c u id a d o c o m o fo rm a lis m o ........................................................................ 33 3
C O N C L U S Ã O .............................................................. 334

C a p ítu lo 12 A S U P E R S T IÇ Ã O R E L IG IO S A
I E T IM O L O G IA .........................................................................................................338
1 O te rm o g r e g o .....................................................................................................33 8
2 O te rm o em nossas v e rs õ e s .......................................................................... 338
3 O te rm o la t in o .....................................................................................................33 9
II. CARACTERÍSTICAS A N IM ISTAS .....................................................................3 4 0
1 A n im is m o ..............................................................................................................34 0
2 F e tic h e s ..................................................................................................................34 0
3 A m u le to s ............................................................................................................... 341
4. T a lis m ã s .............................................................................................................342
III SUPERSTIÇÕES D O C O T ID IA N O ..................................................................... 342
I Rogos d o e s p ir r o ................................................................................................ 342
2. S exta -feira 1 3 .................................................................................................. 342
IV SUPERSTIÇÕES SU PO STAM EN TE B lB U C A S ........................................... 34 3
I S eg und a-feira a z a ra d a .................................................................................... 343
2. Mezuzá...............................................................................................................34 3
3 S up erstiçã o de o rig e m le n d á r ia ...................................................................344
4 O p e rig o da in ve rsã o de v a lo r e s ................................................................. 344
5 Fé cris tã nã o é s u p e rs tiç ã o ............................................................................ 34 5
C O N C L U S Ã O .......................................................................................................... 345

C a p itu lo 13 O D IS C E R N IM E N T O E S P IR IT U A L D O C R E N T E
I D E FIN IN D O OS T E R M O S .....................................................................................34 8
1 D is c e rn im e n to .................................................................................................... 34 g
2 S in a is e p ro d íg io s .............................................................................................. 348
3 E sp írito de a d iv in h a ç ã o ............................................. 349
II AS A R M A S E S P IR IT U A IS .................................................................................... 350
1 S e n tid o s a g u ç a d o s ................................................................. 350
2 O d o m d o E sp írito S a n to ....................................................... 350
3 O d is c e rn im e n to a p o s tó lic o ............................................... 351
III. AS AS I ÜC IAS M A L IG N A S .......................................... '352
I U m a m e n s a g e m e m b a ra ç o s a ..................................................................... 352
2. Q u a l a in te n ç ã o d o e s p írito de a d iv in h a ç ã o 7 .................................... 353
3. O p e rig o d o e lo g io ............................................................. 353
IV D IS C E R N IM E N T O ........................................................ ' 354
1 O fa ls o e o v e rd a d e iro ............................................................ 354
2 A n e c e s s id a d e d o d is c e rn im e n to ........................................... 354
C O N C LU S Ã O 355
APÊNDICE FILOSÓFICO
1 P E R lO D O P R É -S O C R Á T IC O ................................................................................. 35 8
1 E S C O LA IÕ N IC A ......................................................................................................... 35 8
1. T a le s d e M i l e t o ...................................................................................................... 35 8
2. A n a x im a n d r o ......................................................................................................... 35 8
3. A n a x im e n e s ............................................................................................................35 8
<1 H e r á c lilo ....................................................................................................................35 9
II E S C O LA IT Á L IC A .......................................................................................................35 9
III E S C O LA E L F .Á T IC A ...................................................................................................36 0
1. X e n ó f a n e s ................................................................................................................ 36 0
2. P a r m ê n id e s .............................................................................................................. 36 0
3. Z e n ã o ...........................................................................................................................361
IV E S C O L A A T O M IS T A .................................................................................................361
I . A n a x a g o r a s ............................................................................................................. 361
2 E m p e d o c le s ............................................................ 361
3. L e u c ip o e D e m ò c r ilo .................................................................................... 362
2 P E R lO D O S O C R Á T IC O ............................................................................................362
I O S S O F IS T A S ...............................................................................................................36 3
1. S ig n id c a d o d o l e r m o ......................................................................................... 36 3
2. G ó r g ia s ...................................................................................................................... 36 3
3. P r o t á g o r a s ................................................................................................................36 3
II S Ó C R A T E S ..................................................................................................................... 364
1. H i s l ó r i c o ....................................................................................................................364
2. F u n d a d o r d a c iê n c ia m o r a l ............................................................................364
3. M o d u s o p e r a n d i....................................................................................................365

1. O b r a s ........................................ 36 5
2. A A c a d e m ia .......................... 36 6
3. A A le g o ria d a C a v e rn a ... 36 6
4. O d e m i u r g o .......................... 367
IV, A R IS T Ó T E L E S ..................... 369
1 H is ló r ic o ............................... 369
2 O L ic e u .................................... 370
3 P e n s a m e n lo a r is to té lic o 370
4 O b r a s ........................................ 372
3 P E R ÍO D O P Ô S -S O C R Á T IC O 372
I O E S T O IC IS M O ........................ 37 3
I . E lim o lo g ia ............................. 37 3
2 A Sloa Primitiva 373
3. Stoa Média 374
4. Sloa Posterior ...................... 374
II O E P IC U R IS M O ......................... 375
1 H is t ó r ic o ................................. 37 5
2 L u c r é c io .............................. 375
4 A ER A C R IS TÃ 376

B IB L IO G R A F IA 381
A B R E V IA T U R A S

ARA versão João Ferreira de Almeida, Edição Revista e


Atualizada no Brasil, Sociedade Bíblica do Brasil, 1998
ARC Versão João Ferreira de Almeida. Edição Revista e
Corrigida, Sociedade Bíblica do Brasil. 1995
LXX Versão grega dos Setenta. Septuaginta, edição de Alfred
Rahlfs, 2 vols. Deutsche Bibelstiftung Stuttgart. Germany.
1935
TB Tradução Brasileira. Sociedades Biblicas Unidas. RJ. 1947
TR Novo Testamento Grego Texlus Receplus. Sociedade
Bíblica Trinitariana, S. Paulo, s/d.
V R Versão Revisada da Tradução de loão Ferreira de Almeida
de Acordo com os melhores Textos em hebraico e Grego
im prensa Bíblica Brasileira, Rio de laneíro. 1994

As referências biblicas, ciladas nesta obra. são da Versão Almeida.


Edição Revista e Comgida da Sociedade Bíblica do Brasil, edição 1995.
salvo outras indicações
ANTIGO TESTAMENTO

Gn - Gênesis Ec - E clesiasles
Êx - Êxodo Cl - C an tares
Lv - le v ític o Is - Isaías
Nm - Núm eros Jr - Jerem ias
Dl - D euteronôm io Lm - L a m e n ta çõ e s de J e re m ia s
Js - Josué Ez - E ze quiel
Jz - Juízes D n - D an iel
Rt - Rute Os - O séias
1 Sm - 1 Sam uel Jl -J o e l
2 Sm - 2 Sam uel Am - Am ós
1 Rs - 1 Reis O b - O ba dias
2 Rs - 2 Reis Jn -J o n a s
1 Cr - 1 C rônicas
M q - M iq u é ta s
2 Cr - 2 Crônicas
Na - N aum
Ed - Esdrac
Hc - H ab acuq ue
Ne - N eem i^c
SI - S ofon ia s
Et - Ester
Ag - A geu
ló - ló
Zc - Z a c a ria s
si - Salm os
M l - M a la q u ia s
Pv - Provérbios
NOVO TESTAMENTO

M l - M a te u s 1 T m - 1 T im ó te o
M c - M a rc o s 2 T m - 2 T im ó te o
Lc - L u ca s T l - T ito

lo - João Fm - F ile m o n
At - A to s Hb - H ebreus
Rm - R o m a n o s T g - T ia g o
1 C o - 1 C o r ín tio s 1 Pe - 1 Pedro
2 Co - 2 C o r ín tio s 2 Pe - 2 Pedro
Gl - G á la ta s 1 Jo - 1 lo ã o
E f - E fé sio s 2 Jo - 1João
Fp - F ilip e n s e s 3 Jo - 3 João
Cl - C o lo s s e n s e s Jd - Judas

1 Ts - 1 T e s s a lo n ic e n s e s A p - A p o ca lip se

2 Ts - 2 T e s s a lo n ic e n s e s
INTRODUÇÃO

A, presente obra. Heresias e Modismos, explica a origem das fal­


sas doulrifias, estabelece semelhanças e diferenças entre as diver­
sas falsas ideologias e refuta biblicamente as doutrinas inadequa­
das da atualidade. Trata-se de um trabalho apologético, e os capítu­
los não visam expor o movimento religioso heterodoxo em si mes­
mo. salvo algumas exceções, mas sua falsa ideologia juntamente
com suas sutilezas no proselitismo sectário e desleal.
As seitas são grupos que surgiram de uma religião principal e
seguem doutrinas de seus líderes ou fundadores, como verdade ab­
soluta divinamente revelada. Usamos com certa relutância o termo
"seita" para designar as religiões heterodoxas ou espúrias, em ra­
zão do seu tom pejorativo na atualidade. Elas existem desde o prin­
cípio do cristianismo. Hoje, estão bem aparelhadas para o combate
da fé cristã. Algumas se apresentam com estrutura organizacional
de fazer inveja a qualquer empresa multinacional
Heresias são crenças e práticas das seitas e afetam os pontos prin­
cipais da doutrina cristã, no que diz respeito a Deus Trindade, o Se­
nhor Jesus Cristo e o Espírito Santo; ao homem: natureza, pecado, sal­
vação, origem e destino; aos anjos, à igreja e ás Escrituras Sagradas
Esses grupos religiosos estão dividindo igrejas e separando famílias,
rompendo com os valores ortodoxos do cristianismo evangélico
20 HERESIAS E MODISMOS

O rápido crescimento dos evangélicos proporcionou campo fér­


til para a disseminação das seitas com suas heresias. Há preocupa­
ção dos líderes tanto na defesa do rebanho como na evangelização
dos membros desses grupos religiosos, mas deveria ser maior, e,
ainda, há os que não conseguiram ver o perigo que as seitas repre­
sentam para a Igreja e para a família. Há muito a fazer no preparo
daqueles vocacionados para esse trabalho
Devemos estar "sempre preparados para responder com mansidão
e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós”
(I Pe 3 15). O combate às heresias ocupa um terço do Novo Testamen­
to Não há livro no Novo Testamento que não revele esse combate
Alguns livros já são, em si mesmos, apologéticos, sendo seu conteúdo
apologia à doutrina cristã; a sua essência, defesa do cristianismo
O Senhor Jesus Cristo é o apologista por excelência, defendeu a
verdade revelada nas Escrituras (Mc 7 9-13). O apóstolo Paulo con-
siderava-se apologista (Fp 1.16). Judas exorta-nos "a batalhar pela
fé que uma vez foi dada aos santos" (v. 3). O conteúdo de 2 Coríntios,
Gálatas e 2 Pedro é essencialmente um tratado de apologia cristã.
Inúmeras vezes encontramos nos evangelhos o Senhor defenden­
do a verdade divina. Desde os tempos apostólicos, ser cristão signi­
ficava ser apologético, pois eles defendiam aquilo que criam (Tt I 9-
1 1 ). Ê, portanto, tarefa da igreja atual defender a fé cristã, pois "as
seitas são as contas vencidas da igreja"'
Quando combatemos às heresias, estamos também evangeli­
zando, além de defender o rebanho de lobos cruéis (At 20 29). Os
adeptos das seitas estão no contexto de Marcos 16.15, são criaturas
que precisam conhecer a Jesus. Talvez, alguns deles nunca tiveram
a oportunidade de ouvir a verdade da Palavra de Deus. Essas víti­
mas estão incluídas nos grupos ainda não alcançados.
O apologista precisa ter conhecimento acima da média daquilo
que cremos e praticamos e das crenças das seitas, seus argumentos
INTRODUÇÃO 21

e como refutá-los à luz da Bíblia Esse domínio não acontece do dia


para a noite, depende de alguns fatores, como: gosto pela atividade,
perseverança e muita confiança de que o Espírito Santo está condu­
zindo seu trabalho, ler e pesquisar livros e periódicos da área e in­
formar-se sobre o que acontece no reino das seitas.
Os adeptos de seitas são "as pessoas mais dificeis de evangelizar,'
pois estão convictas de que estão com a verdade e que nós somos
os hereges. Estamos lidando com assunto muito delicado, suas cren­
ças são profundas, pois muitos deles abandonaram carreira profis­
sional, emprego e até a própria família. Como lidar com essas pes­
soas? Se não houver amor, paciência e respeito por elas, dificilmen­
te conseguiremos algum sucesso na evangelização delas
Somos cristãos autênticos, e o nosso comportamento com rela­
ção ao próximo deve ser baseado nos ensinos de Jesus. É verdade
que muitas vezes ouvimos insultos, afrontas e outros impropérios,
mas se quisermos ganhá-los para Jesus, precisamos de muita paci­
ência e sintonia com o Espírito Santo (Mc 13.11; Jo 16.8).
O primeiro livro de apologia cristã, tratando de várias seitas num
só volume, foi Timely Wamings (Advertências Oportunas), da autoria
de William Irvine, publicado em 1917. Dois anos depois, foi editado
como Heresies Exposed (Heresias Expostas).* Depois, vem o respeitado
clássico, O Caos das Seitas, da autoria de Jan Karel Van Baalen, publi­
cado nos Estados Unidos, em 1938. Em seguida, diversas obras fo­
ram publicadas por Walter Martin, Josh McDoweil, Norman L. Geisler
Natanael Rinaldi e Paulo Romeiro são os principais apologistas brasi­
leiros. Outras obras foram publicadas para ajudar os crentes a com­
preender teologicamente os seguidores desses movimentos
O p r e s e n t e t r a b a lh o a b r a n g e a s h e re s ia s in t e r n a s e e x t e r n a s O s
c a p í t u lo s 2 , 3 , 5 e 8 , r e s p e c t iv a m e n t e s o b r e o is la m is m o , o m o r -
m o n is m o , a s t e s t e m u n h a s d e J e o v á e s e ita s o r ie n t a is , s ã o a p r e s e n ­
ta d o s c o m o m o v im e n t o s r e lig io s o s , e n ã o a s c r e n ç a s , d e m a n e ir a
22 HERESIAS E M O D ISM O S

separada, como a Reencamação, a Mariolatria, a Regressão Psico­


lógica, etc., por causa da grande variedade de suas crenças.
O Tato de ambas as heresias serem analisadas na mesma obra
não significa que tenham o mesmo nível. Não há como comparar as
heresias externas com as internas, que são mais aberrações doutri­
nárias. mas não deixam de ser crenças e práticas nocivas à fé cristã,
pois levam muitos ao desvio e à arrogância espiritual. O mais
preocupante das heresias internas é que, às vezes, o rebanho torna-
se presa do próprio lider, quando este defende as crenças e práticas
da Confissão Positiva, ou do G-12. Já aconteceu de o rebanho ficar
indefeso e, também, provocar divisão na igreja Isso jamais aconte­
ce com as heresias externas, pois seus promotores estão lá fora e
não têm acesso aos nossos púlpitos.
As sutilezas de Satanás não estão presentes apenas nos m ovi­
mentos religiosos externos, mas também no seio da igreja. A
avalanche das aberrações doutrinárias, provenientes das liturgias
bizarras do neopenlecostalismo, às vezes adotadas até por nossos
líderes, têm levado parte do rebanho ao desvio e estão a um passo
de tornarem-se seitas, pois assim, elas começaram. Por isso quatro
capítulos foram reservados para as questões de aberrações doutri­
nárias ou heresias internas: Regressão Psicológica, Cristianismo
Judaizante, Teologia da Prosperidade e o Triunfalismo.
Heresias e Modismos tem por objetivo proteger o rebanho do Se­
nhor Jesus e evangelizar também os seguidores de seitas. Trata-se
de um trabalho devidamente documentado, com rigor académico.
As fontes são obras primárias ou de referências, como dicionários e
enciclopédias. Os termos teológicos básicos são apresentados na
sua língua original
Para o grego bíblico, a base será o Diccionarío Exegético Del Nuevo
Testamento, de Horsl Balz & Gerhard Schneider, 2 volumes, edição
espanhola das Ediciones Sígueme, Salamanca, 2002; para os lermos
INTRODUÇÃO 23

que não aparecem na Bíblia, a base será Udddl&Scott, Creek-English


Lexicon, obra editada por Henry Stuart Jones & Roderick Mckenzie,
Oxford University Press, London, 1968. Outras obras de reconheci­
mento internacional serão, também, usadas como complemento. Para
o hebraico bíblico, a base será o Dicionário Internacional de Teologia
do Antigo Testamento, de R. Laird Harris, Gleason L. Archer Jr. e Bruce
K. Waltke, Vida Nova, S. Paulo, 1998. Outras obras complementares,
também de reconhecimento internacional, serão usadas.
O apêndice filosófico é um resumo da história da filosofia clássi­
ca e o seu relacionamento com o cristianismo, pois muitas crenças
defendidas pelas seitas tiveram sua origem nessas escolas filosófi­
cas da antiga Grécia.
A bibliografia está separada em três partes: as Escrituras Sagra­
das, obras gerais e obras primárias, produzidas pelos próprios mo­
vimentos religiosos As obras primárias da área de filosofia, por se­
rem seculares, permanecem na lista das obras gerais.
Dois softwares foram destaques na elaboração do presente tra­
balho: Bíblia Online, Versão 3.0, da Sociedade Bíblica do Brasil e a
Bible Works, Versão 6,0, da Bible Works LLC. Essas ferramentas fo­
ram úteis, pois proporcionaram rapidez e índice praticamente zero
de erro nas transcrições de passagens bíblicas.

Notas
1BAALEN, Jan Karel Van O Caos das Sciias, p a
' Ibidem, p 282
' MCDOWELL, Josh & STEWART, Don Os tlngdUdJofea p II
CAPÍTULO 1

A SUTILEZA DE SATANÁS
NOS FINS DOS TEMPOS

Sutileza é a arte do engano e do disfarce. As sutilezas satânicas


são tão antigas quanto a humanidade. A Bíblia revela esses
ardis desde o Éden e mostra também continuidade dessas prá­
ticas até osfins dos tempos. Seus representantes humanos são
fundadores e lideres de seitas ou movimentos heterodoxos que
destoam da ortodoxia cristã na teologia e na ética. O Senhor
Jesus advertiu-nos dizendo: "Acautelai-vos, porém, dos falsos
profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interior-
mente são lobos devoradores" (Ml 7 IS). Trata-se de uma ad­
vertência para cada cristão ser perspicaz e estar mais atento
quanto à aparência externa. O disfarce é ainda hoje uma pode­
rosa arma satânica usada contra o reino de Deus
2« HERESIAS E MODISMOS

I. O Q U E S IG N IF IC A SU TILEZA?

1. S ig n ific a d o . A p a la v ra greg a usada p a ra s u tile z a é A ira ir)


(apatê) e significa "engan o, ard il, se d u ç ão ";1 frau d e , tru q u e , lo g ro ".2
A p are ce sete ve ze s n o N o vo T e s ta m e n to grego.
T ra d u z id o na AR C, u m a v e z p o r "sedução":

"E o quefoi semeado entre espinhos é o que ouve a pala­


vra, mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas
sufocam a palavra, e fica infhjtifera" (Mt 13.22).

C in c o v e z e s p o r "e n g a n o ":

"Mas os cuidados deste mundo, e os enganos das rique­


zas, e as ambições de outras coisas, entrando, sufocam a p a ­
lavra, efica infrutífera" (Mc 4.19).

"Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho


homem, que se corrompe pelas concupiscências do enga­
no" (E f 4.22).

"£ com lodo engano da injustiça para os que perecem,


porque nâo receberam o am or da verdade para se salvarem"
(2 Ts 2 .10).

"Antes, exortai-vos uns aos outros lodos os dias, durante


o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se
endureça pelo engano do pecado" (Hb 3.13).

"Recebendo o galardão da injustiça, pois que tais h om ens


têm p ra ze r nos deleites cotidianos,- nódoas são eles e m ácu-
A SUTILEZA DE SATANÁS NOS FINS DOS TEMPOS 27

las, deleitando-se em seus enganos, quando se banqueteiam


convosco" (2 Pe 2.13).

Uma vez por "sutileza":

'Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua,


por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição
dos homens, segundo os rudimentos do mundo e não se­
gundo Cristo" (Cl 2.8).

O verbo àirocTácj (apataõ), "enganar, burlar, induzir a erro'7 apa­


rece apenas três no texto grego do Novo Testamento, traduzido na
ARC por "enganar":

“Ninguém vos engane com palavras vás, porque por essas


coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência"
(Ef 5.6).

"E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo engana­


da, caiu em transgressão" ( I Tm 2.14).

"Se alguém entre vós cuida ser religioso e não refreia a


sua língua, antes, engana o seu coração, a religião desse e
vã" (Tg 1.26).

Esses lermos são usados, desde a literatura grega profana, para


referir-se a pessoas de condula enganosa e embusteira, de maneira
a levar ouïras pessoas ao engano.2

2. Conexão. O subsianlivo lem conexão com a riqueza "a sedu­


ção das riquezas" (Mi 13.22). "e os enganos das riquezas" (Mc 4 9)
28 HERESIAS E M ODISM OS

com a concupiscência: “que se corrompe pelas concupiscências do


engano" (Ef 4 .22) . com o pecado: "para que nenhum de vós se endu­
reça pelo engano do pecado" (Hb 3.13); com a injustiça, "e com todo
o engano da injustiça" (2 Ts 2 .10); com palavras vãs: "Ninguém vos
engane com palavras vás" (Ef 5 6); com falsos mestres: "por m eio de
filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens" (Cl 2.8).
As conexões são todas negativas e reprovadas pela Palavra de Deus.

3. Contexto. A abrangência de apatê é ampla, mas o nosso


enfoque restringe-se ao campo teológico e como isso pode afetar
negativamente a ortodoxia cristã. Essas sutilezas consistem em ne­
gar os pontos cardeais da fé cristã, por meio dos servos de Satanás,
identificados na Bíblia como "falsos apóstolos" e "obreiros fraudu­
lentos", que se transfiguram "em ministros da justiça":

Porque taisfalsos apóstolos são obreirosfraudulentos, trans­


figurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o
próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Nâo é muito, pois,
que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça, o
fim dos quais será conforme as suas obras" (2 Co 11.13-IS).

O disfarce consiste em sofismar a verdade para que ela pareça


mentira e a mentira verdade (Is 5.20)

II. A PERÍCIA DOS HERESIARCAS

I . Quem são eles e o que fazem? Os heresiarcas são funda­


dores e líderes de seitas ou movimentos heterodoxos Eles são con­
tra tudo aquilo que cremos e pregamos desde o princípio e p r o c u ­
ram contestar com argumentos ardilosos, sofismas e persuasão. As
principais doutrinas da teologia cristã: a Bíblia, a doutrina de Deus,
A SUTILEZA DE SATANAS NOS FINS DOS TEMPOS 29

a identidade de Cristo e a sua obra, o homem e o seu destino são os


pontos mais atacados por tais líderes. Esses pontos foram atacados
desde a era apostólica.
As controvérsias do período da patrística giravam em torno des­
ses temas e tais ataques continuam ainda hoje. Os heresiarcas es­
tão a serviço de Satanás para preparar seus discípulos para o com­
bate ao cristianismo bíblico. Seus argumentos são recursos retóricos
bem elaborados e persuasivos, para convencer o povo a crer num
Jesus estranho ao Novo Testamento:

"Porq ue, se alguémfo r pregar-vos outro Jesus que nós nào


temos pregado, ou se recebeis outro espirito que náo
recebestes, ou outro evangelho que náo abraçastes, com ra­
zão o sofrereis" (2 Co 11.3).

2 . Suas estratégias. Sua especialidade é o disfarce. O Senhor


Jesus nos advertiu:

"Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até


vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos
devoradores" (Mt 7.15).

Há os que estão entre nós. como os líderes da Confissão Positiva


e do C - 12. Mesm o entre os movimentos externos, há os que se pa­
recem conosco no seu modus vivendi e naquilo que pregam, como
os m ovim entos unicistas. Alguns desses lideres, como William
Branham, que desenvolveu um ministério de curas, estão entre os
que Jesus manda-nos acautelar. Sua mensagem, vista de maneira
superficial, também parece bíblica.
São pessoas nocivas à (é cristã e sáo mais perigosas do que os
movimentos externos como as testemunhas de Jeová, os mórmons.
30 HERESIAS E MODISMOS

os espíritas entre outros grupos religiosos. Embora haja entre os


últimos o mesmo modelo de disfarce, não estão em nosso meio.
Essa parte do Sermão do Monte mostra que nem sempre o sobrena­
tural por si só é prova cabal de origem ortodoxa, nem de chancela
divina, e nem garante que os tais ministros das operações sejam
homens de Deus (Mt 7.23).

"E, enlâo, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci;


apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade" (Mt 7.23).

Os representantes de Janes e Jambres estão presentes ao longo


da história do povo de Deus:

"£ Faraó também chamou os sábios e encantadores; e os


magos do Egito fizeram também o mesmo com os seus en­
cantamentos" (Êx 7. I I ).

' como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim tam­


bém estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de
entendimento e réprobos quanto à fé" (2 Tm 3.8).

Eles, em muitas situações, preocupam-se muito com a aparên­


cia, pois costumam apresentar seu movimento religioso como pa­
raíso perfeito. Isso é o que se vê nas propagandas proselitistas dos
muçulmanos, dos mórmons, das testemunhas de Jeová e de outros
grupos religiosos. Infelizmente, muitos desavisados são os que caem
nessas armadilhas Uma vez fisgado por eles dificilmente conse­
guem libertar-se, uns por causa da lavagem cerebral que recebem,
outros por causa do terrorismo psicológico e da pressão que sofrem
de seus líderes.
O apóstolo Paulo deixou Timóteo em Éfeso para não permitir o
A SUTILEZA DE SATANÁS NOS FINS DOS TEMPOS 91

ensino de "outra doutrina", o ensino apostólico é que nos afaste­


mos dos que apresentam a aparência de piedade.

"Como te roguei, quando parti para a Macedônia, quef i­


casses em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinem
outra doutrina" ( I Tm 1.3).

'Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela.


Destes afasta-te” (2 Tm 3.5).

O substantivo grego cúocPcLa (eusebeia), "profundo respeito, pie­


dade, religião ",4aparece dez vezes nas epístolas pastorais, às vezes
com o sentido de "religião":

"Paulo, sen'o de Deus e apóstolo delesus Cristo, segundo


a fé dos eleitos de Deus e o conhecimento da verdade, que é
segundo a piedade" (Tt l.i).

Em 2 Tm 3.5 não se restringe apenas à piedade, mas também à


devoção. Isso significa que devemos nos afastar dos que se apre­
sentam como cristãos, mas não o são, pois estão em nosso meio
em busca de seus próprios interesses.
Esse assunto fazia parte também das preocupações do apóstolo
Paulo durante todo o seu ministério O combale às heresias ocupa
praticamente toda a segunda epístola aos Corintios. aos Cálatas e
às epístolas pastorais. O apóstolo também nos ensinou: "Ninguém
vos engane com palavras persuasivas" (Cl 2 4)
Colossos era uma cidade com acentuado sincretismo religioso,
localizada na Frigia, região da deusa da fertilidade Cibele Pelas in­
formações da própria epístola aos Colossenses. essa pluralidade
religiosa abrangia seus vários aspectos O apóstolo Paulo enfrenta
32 HERESIAS E M O D ISM O S

va os mesmos desafios apologéticos da atualidade. Aqui, ele chama


a atenção dos seus leitores por causa do modus operandi dos pro­
motores de heresias, a capacidade extraordinária de cam uflar-se
no meio do povo de Deus e da maneira sutil de disseminar suas
idéias heterodoxas.
Os falsos mestres, a que o apóstolo se refere, estavam envolvidos
com legalismo judaico: circuncisão (2 . 11 ), preceitos dietéticos e guarda
de dias (2.16); há ainda várias referências ao gnosticismo (2.18,23).

"No qual também estais circuncidados com a circuncisão


nâo feita por mão no despojo do corpo da came: a circunci­
são de Cristo... Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou
pelo beber, ou por causa dos dias defesta, ou da lua nova, ou
dos sábados, ... Ninguém vos domine a seu bel-prazer, com
pretexto de humildade e culto dos anjos, metendo-se em coi­
sas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal com­
preensão, .as quais têm, na verdade, alguma aparência de
sabedoria, em devoção voluntária, humildade e em disciplina
do corpo, mas não são de valor algum, senão para a satisfa­
ção da came" (Cl 2.11, 16, 18, 23).

O verbo grego rtapaA.oyíÇopai (paralogizomai), "enganar, seduzir


com raciocínios capciosos ”,5 que ju n tam en te com a palavra
Tn,0auoA.OYÍa (pithanologia), "arte de persuadir'1,6aqui no sentido ne­
gativo, descreve com precisão a perícia dos mestres do erro na ex­
posição de suas heresias. O nosso cuidado é contínuo para não nos
tornarmos presa desses falsos mestres.

"Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos liber­


tou e não tomeis a meter-vos debaixo do jugo da servidão"
(GI5.II.
A SUTILEZA DE SATANAS NOS FINS DOS TEMPOS 33

Os servos ministeriais (diáconos) no salão do reino recebem as


visitas com um sorriso nos lábios e um atendimento "cinco estre­
las", mas depois que a pessoa se torna membro do movimento, não
existe mais uma saída honrosa. Seus líderes controlarão suas m en­
tes, e essas vítimas tornar-se-ão presas de um sistema ditatorial,
onde todo o mundo vigia todo o mundo; passarão a viver resto da
vida numa obediência servil e cega aos seus líderes, até que o Se­
nhor Jesus os liberte, e só ele poderá fazê-lo:

"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará... Sc.


pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres" (lo
8.32, 36).

3. O que pretendem? Fazer o povo desacreditar na Bíblia, na


verdadeira identidade de nosso Senhor Jesus Cristo, e também na
sua obra. Muitos deles saíram de nosso meio:

“Saíram de nós, mas náo eram de nós, porque, sefossem


de nós, ficariam conosco, mas isto é para que se manifestas
se que não são todos de nós" (I lo 2.19)

Eles são identificados, pelo apóstolo Pedro, como os que disse


minam sorrateiramente heresias de perdição Heresia é a forma ina
dequada de cristianismo, ou seja, erro doutrinário.

“E também houve entre o povo falsos profetas, como entre


vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encober
lamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resga
lou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição E muitos se
guirão as suas dissoluções, pelos quais sera blasfemado o cami
nho da verdade. e, pora\rareza. farão de ms negócio com pala
34 HERESIAS E M O D ISM O S

vrasfingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a


sentença, e a sua perdição não dormita" (2 Pe 2.1-3).

"Falsos mestres", do grego i|fEuõoõiôáoKaA.oç (pseudodidaskalos),


neologismo petrino ,7 é uma palavra profética que com eçou com o
aparecimento dos gnósticos, que aos poucos foram ganhando es­
paço até o seu clímax no segundo século e, de m aneira geral, a
todos os heresiarcas da história e da atualidade.
Eles são comparados aos falsos profetas do Antigo Testamento, os
quais se opunham aos legítimos profetas de Deus (1 Rs 18 .19,2 0; 2 2 .13,
14,24), os quais não se contentavam apenas em pronunciar falsas pro­
fecias mas também em levar o povo ao desvio doutrinário (Dt 13.1-3).

"E o mensageiro que fo i chamar a Micaías falou-lhe, di­


zendo: Vês aqui que as palavras dos profetas, a uma voz,
predizem coisas boas para o rei; seja. pois, a tua palavra
como a palavra de um deles, e fala bem Porém Micaías dis­
se: Vive o SENHOR, que o que o SENHOR me disser isso fala
rei... Então. Zedequias, filho de Quenaana, chegou, e feriu a
Micaías no queixo, e disse. Por onde passou de mim o Espíri­
to do SENHOR para falar a ti?" (I Rs 22.13. 14, 24).

Da mesma forma, os falsos mestres ensinaram às esconsas, ou


seja, de maneira sorrateira, uma falsa cristologia.
A teologia consiste no conhecimento e no relacionam ento de
Deus com o homem. Um Jesus inadequado e estranho ao Novo Tes­
tamento obviamente altera toda a teologia: a doutrina de Deus, de
Cristo, do Espírito Santo, do homem, do pecado, da salvação, dos
anjos, da igreja e das últimas coisas. Qualquer m ovim ento religioso
que defende um Jesus diferente do pregado pelo cristianismo apre­
senta também problemas com outras partes da teologia.
A SUTILEZA DE SATANAS NOS FINS DOS TEMPOS 35

O Jesus dos kardecistas é adaplado ao seu sistema teológico.


Eles recusam aceitar a singularidade de Cristo como o Filho de
Deus, pois Alan Kardec apresentou seu movimento como a ter­
ceira revelação de Deus à humanidade, depois de Moisés e Jesus.
Logo, o Jesus bíblico, por si só. reduz a cinzas as pretensões de
Kardec bem como suas crenças de reencarnação e de comunica­
ção com mortos. O mesmo acontece com as testemunhas de leová,
o Jesus biblico impede, neutraliza, em si, as crenças da Torre de
Vigia que negam a Trindade, a alma, o inferno, o céu e a ressur­
reição dos mortos.
Esses opositores do cristianismo bíblico procuram persuadir os
crentes contra tudo o que recebemos quando aceitamos a fé. O en­
sino bíblico encoraja-nos a permanecermos no mesmo Jesus que
recebemos no dia de nossa conversão, nas primeiras experiências
com ele.

“Como, pois, recebestes o Senhorlesus Cristo, assim tom


bém andai nele, arraigados e edificados nele e confirmados
na fé, assim como fostes ensinados, crescendo em ação de
graças" (Cl 2.6, 7).

O apóstolo insiste que devemos andar no lesus que recebemos


para ficarmos arraigados, edificados e firmados da maneira como
fomos ensinados. Entretanto, a mensagem dos agentes de Satanás
é sempre contra a tudo o que cremos, pregamos e praticamos As
vezes, há alguns pontos em comum entre eles e nós, e nisso reside
o perigo, pois é por onde eles entram Depois de expor o modus
operandi dos falsos mestres, ou seja, o uso de alguns métodos que
eles usavam para desviar o povo da fé cristã, o apóstolo laz uma
séria advertência: "tende cuidado" (Cl 2 8). Devemos cuidar da li­
berdade que recebemos em Cristo Jesus
36 HERESIAS E M O D ISM O S

A mensagem do evangelho é simples, e qualquer ser hum ano inde­


pendentemente de seu preparo intelectual, de sua cultura ou origem, e
de seus pendores, consegue entender, basta dar lugar ao Espirito San­
to, que convence o homem "do pecado, e da justiça e do juízo" (Jo
16.8). A conversão ao cristianismo não é resultado de estratégia de
marketing e nem de técnicas persuasivas, disse o apóstolo Paulo:

A minha palavra e a minha pregação não consistiram em


palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demons­
tração do Espírito e de poder (I Co 2.4).

Não é necessário, portanto, um "curso de lógica" para alguém ser


salvo ou entender os princípios da fé cristã Para ser salvo não é neces­
sário todo esse aparato, basta crer em Jesus e receber a sua Palavra:

"Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de se­


remfeitosfilhos de Deus: aos que crêem no seu nome" (Jo I 12).

III. FILOSOFIAS E VÃS SUTILEZAS

1. O cuidado com as sutilezas. Já vimos que a suliieza é uma


poderosa arma usada pelos heresiarcas e seus agentes.

‘Tende cuidado para que ninguém vosfaça presa sua, por


meio defilosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos ho­
mens, segundo os rudimentos do mundo e não segundo Cris­
to" (Cl 2.8).

O verbo grego é ouXayiaykj (sylagõgeõ), "levar como despojo, arre­


b a ta r.' O sentido é levar alguém, seduzindo a apartar-se da verdade.
Isso descreve o estado espiritual dos que seguem os falsos mestres.
A SUTILEZA OESATANAS NOS FINS D O S TEMPOS 97

Um dos objetivos dos promotores de heresias é. justamente, es­


cravizar as suas vítimas para ter domínio sobre elas (2.18); como
soldados arregimentados para pelejarem contra a verdade. Hoje.
muitos estão nos grilhões das seitas como verdadeiros escravos

“Eles têm zelo por vós, náo como convém; mas querem
excluir-vos. para que vós tenhais zelo por eles~ (G14.17).

Não há indícios de que o apóstolo esteja fazendo alusão às es­


colas filosóficas da Grécia em Colossenses 2.8. (Ver Apêndice Filo­
sófico). O estoicismo e o epicurismo eram as filosofias predomi­
nantes do mundo romano da era apostólica e são mencionadas no
Novo Testamento (At 17.18). As "filosofias", aqui. são conceitos
mundanos, contrários aos principios cristãos concernentes à dou­
trina e à ética. À luz do contexto da própria epistola são as própri­
as heresias que permeavam as igrejas. Qualquer sistema elabora­
do de pensamento ou disciplina moral era, naqueles dias. cham a­
do de "filosofia".

A “tradição dos homens" não é a tradição apostólica c nem


judaica, mas sincrclismo com elementos cristãos, judaicos c
pagãos: angelolaría e ascetismo. Eram práticas que se opu
nham ao evangelho. TTata sede tradição humana, ao passo
que o evangelho veio do céu (Gi l .l I. 12)2

2. Os "ru dim ento s do mundo". A expressão grega o ro ix tia


Toí> KÓopou (sloicheia tou kosmou), literalmenie, "elementos do uni­
verso", as nossas versões Almeida Corrigida, Almeida A luali/ada e
a Tradução Brasileira traduziram por "rudimentos do mundo" A
palavra otoixcí-ov (stoicheion). "fundamento, elemento", em filoso
fia, é o "componente primeiro de um todo composto" "
»• HERESIAS E MODISMOS

O lermo é criação de Empédocles,10que desempenhou um pa­


pel importante na cosmologia antiga, tanto em Platão como nos
estoicos. Empédocles empregou o termo para designar os quatro
elementos da natureza: terra, água, a re fogo (ver Apêndice 1 ) 0
apóstolo Pedro chamou de elementos que compõe a totalidade
do mundo:

"Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite, no


qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos,
ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se quei­
marão ...aguardando e apressando-vos para a vinda do Dia
de Deus, em que os céus, em fogo, se desfarão, e os elemen­
tos, ardendo, sefundirão?" (2 Pe 3 10, 12).

A idéia de sloicheia como "elementos espirituais", um "espírito


vivo" veio de uma interpretação hilozoísta, ou seja, doutrina se­
gundo a qual a "matéria vive por si mesma, ou seja, possui origi-
nariamente animação, movimento, sensibilidade ou qualquer grau
de consciência... São hilozoístas todos os físicos pré-socráticos
(Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Parmênides, Heráclito, Empé­
docles, ver Apêndice 1), para os quais no princípio ou nos princí­
pios materiais que admitem há "alma e sensibilidade".1' Assim, os
corpos celestes, sol, lua, estrelas, planetas, seriam deuses que pre­
cisavam ser adorados.
Os elementos, "no sincretismo heleníslico. eram objeto de ado­
ração".'2 Parece que alguns gnósticos de Colossos consideram os
elementos como espécie de espíritos, que mereciam ser adora­
dos." A noção de que as substâncias acima: terra, água, ar e fogo
seriam possuidores de vida, que se difundiam por toda a nature­
za, como força vivificante, resultou na divinização dos elem en­
tos da natureza
A SUTILEZA DE SATANAS NOS FINS DOS TEMPOS 3*

3. A que "rudimentos” se refere o apóstolo? Essa palavra é


usada no Novo Testamento, também, com o sentido de "principio
básico" (Hb 5.12) e de "elementos judaicos" ou "adoração cósmica"
do sincretismo helénico (Gl 4.3,9). O termo deve ser analisado à luz
do contexto e, aqui, mostra que "os rudimentos do mundo” são uma
referência aos poderes demoníacos que se opunham a Cristo. Veja
que o apóstolo contrapõe esses rudimentos com Cristo: "segundo
os rudimentos do mundo e não segundo Cristo".
A deidade de Cristo estava em jogo. Cristo é superior a todos os
poderes (Ef 1.2 1). Os crentes, portanto, não precisam dos sloicheia
tou kosmou ou poderes demoníacos apresentados pelos falsos mes­
tres. As filosofias e a vãs sutilezas são oriundas dos homens e do
reino das trevas e não de Cristo, pois Cristo é o próprio Deus que se
encarnou (Jo l . l , 14). Há uma diferença abissal entre Cristo e os
rudimentos do mundo. Não se trata, portanto, de um demiurgo dos
gnósticos, nem de poderes cósmicos dos adeptos da Nova Era e
nem de um "deusinho" das testemunhas de Jeová (Cl 2.9).
Qual o significado de "toda a plenitude da divindade" em
Colossenses 2.9? Temos, aqui, o Deus verdadeiro e pleno, com Ioda
a sua plenitude. O sentido de "divindade" no texto grego original é
"deidade". Um conceituado dicionário de grego afirma "deidade.
difere de divindade, como a essência difere da qualidade ou alribu
to".14 As testemunhas de Jeová diluíram esse v 9 traduzindo na Tta
dução do Novo Mundo por "qualidade divino", para adaptar a Bíblia
às suas crenças, atitude própria dos falsos mestres

CONCLUSÃO

O povo de Deus vive numa constante batalha espiritual, pois o


inimigo de Deus e dos homens sempre trabalhou para desviar os cren
tes da vontade de Deus, induzindo-os a crenças falsas e práticas que
40 HERESIAS E M ODISM OS

desonram ao Criador. Devemos estar atentos, quando um m ovim en­


to religioso apresenta-se com persuasão e argumentos aparentemente
convincentes. Trata-se, geralmente, de alguém que pretende nos
mostrar algo que não está de acordo com a Palavra de Deus.
É mediante esses recursos que os mestres do erro conduzem suas
vitimas ao desvio. Essas sutilezas impedem as pessoas de ver a verda­
de e, como conseqüência, tomam-se cativas. Isso vem atravessando
os séculos e, hoje, constitui-se num dos maiores desafios da igreja.

Notas *I
' Balz & Schneider, vol I. p. 349
J BROW N, Colin Dtcionóno Internacional de Teologia do Novo Testamento, vol n. p 38.
I Balz & Schneider, vol I. p. 349
4 Balz & Schneider, vol I. p I 684
6 Balz â Schneider, vol II, p.760
*•Ibidem, vol ll. p 928
’ Balz & Schneider, vol II. p 2 170
* Balz & Schneider, vol II. p I 530
* ABBA G N A N O . Nicola Dicionário de Filosofia, p 308
10 Balz & Schneider, vol II. p I 508.
II A BBA G NA NO . Nicola Op d l . p 499
u Balz & Schneider, vol ll. p l 509.
'* CHAMPUN. R. N E BENTES. f M Enciclopédia de Bibha Teologia c Filosofia, vol 2, p 324
" THAYER. Joseph Henry A Oreek-English Laacon o f ih c New Testament, p 288.
CAPITULO 2

O ISLAMISMO

Q islamismo é uma religião afeita ao Oriente Médio, de onde


se originou, com predominância, hoje. nessa região. Ê uma
das três principais religiões monoleistas do Planeta ao lado
do cristianismo e do judaísmo. É a mais anti-cristã de todas
as religiões em tudo e em todos os aspectos, c o maior inimi
go da cruz de Cristo. Em muitos paises islâmicos, e crime um
muçulmano se converter à fé crista. Os escritos de Ahmed
Deedat, líder muçulmano da cidade de Durbhan, Ajrtca do
Sul, que dedicou a vida no ataque ao cristianismo, são hoje as
melhores amostras desse ódio
42 HERESIAS E MODISMOS

I. ORIGEM

I . Maomé e os califas ortodoxos. O islamismo foi fundado


por Maomé, em 610 d.C. na Arábia Saudita. Filho de Abdallah e
Amina da tribo dos coraixitas, uma das tribos da região. Seu pai
faleceu quando sua m ie estava grávida dele, e ela morreu quando
Maomé estava com seis anos de idade. Foi acolhido por seu avô,
que morreu dois anos depois, e, assim, Maomé esteve sob a custó­
dia do seu tio Abu Talib.'
Com 20 anos de idade, foi trabalhar para uma viúva, rica, cha­
mada Khadidja, com quem se casou cinco mais tarde. Aos 40 anos
de idade, Maomé afirmou ter recebido revelações de Deus no monte
Hira, nas proximidades da cidade de Meca. Ao princípio, sua men­
sagem foi rejeitada, quando fugiu para Medina em 622; depois,
voltou para Meca com um exército e impôs sua religião pela força
da espada.2
Com sua morte em 632, quatro líderes sucederam a liderança,
são os quatro califas ortodoxos: Abu Bakr (632-634), um dos sogros
de Maomé; depois foi Ornar (634-644), reconhecido como fundador
do império árabe; em seguida Otmã (644-656) promulgou o texto
único do Alcorão; e Ali liderou os muçulmanos dessa data até 6 6 1,
quando foi assassinado numa mesquita em Kufa, Iraque, Os muçul­
manos simpatizantes de Ali deram origem aos shiitas.3 O império
islâmico logo se expandiu por todo o Oriente Médio, sul da Ásia,
norte da África e Península Ibérica, pela força da espada."
O nome da religião vem da palavra árabe islam, "submissão vo­
luntária à Vontade de Deus e Obediência à sua Lei ",5 mas a história
registra que essa submissão nunca foi tão volunlária. Os críticos
afirmam que o termo islam significava: "desafio à morte, heroísmo,
morrer na batalha", no mundo pré-islâmico.6 Muçulmano é o segui­
dor do islamismo.
0 ISLAM ISM O 43

2. Judeus, c ris tã o s e m uçulm anos. Na mente de um muçul­


mano, geralmente, existe esta idéia: "Deus estabeleceu ao longo
da história três religiões: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo".
Eles acreditam ter Deus, primeiro, enviado Moisés para estabele­
cer o judaísmo, mas dado à desobediência dos judeus, ele disper­
sou-os pelo mundo todo e enviou a Jesus, para estabelecer o cris­
tianismo. Porém, no século V, o cristianismo corrompeu-se tanto
que Deus enviou M aom é a fim de estabelecer o islão, "sua revela­
ção final". Crêem que o islão inclui tanto o judaísmo como o cristi­
anismo e acrescentam , ainda, que Abraão era muçulmano. Na sua
mente, tudo é islamismo.
Essa idéia islâmica destoa completamente do pensamento bíbli­
co. O Senhor Jesus não veio ao mundo porque os judeus desobede­
ceram a Deus, mas para salvar os pecadores. Essa vinda já estava
prevista desde à queda do homem no Éden:

"Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação: que


Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos
quais eu sou o principal" (I Tm 1.15).

"E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semen -


te e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o
calcanhar“ (Cn 3.15).

A vinda de Jesus foi o cumprimento das profecias do Antigo Tes­


tamento. O plano divino revelado na Bíblia mostra a inconsistência
da interpretação islâmica. O propósito primário de Deus não foi es­
tabelecer uma religião, as religiões são feitas pelo homem, ao con
trário, Deus deseja estabelecer uma relação pessoal com o homem
Esta é a mensagem de todo o evangelho
44 HERESIAS E MODISMOS

"O q u a l convém que o céu contenha até aos tem pos da


restauração de tudo, dos quais Deus fa lo u pela boca de todos
os seus santos profetas, desde o princípio"(A t 3 .2 1).

"A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os


que nele crêem receberão o perdão dos pecados p d o seu
nome" (At 10.43).

"O qual antes havia prometido pelos seus profetas nas


Santas Escrituras, acerca de seu Filho, que nasceu da des­
cendência de Davi segundo a came, declarado Filho de Deus
em poder, segundo o Espirito de santificação, peia ressurrei­
ção dos mortos, — Jesus Cristo, nosso S e n h o r (Rm i.2-4).

Jesus é a solução p a ra a h u m a n id a d e , e. à lu z da B íb lia , n ã o


há necessidade de o u tra s crenças a lé m do c ris tia n is m o . A s que
vieram depois são inven ções hu m an as, pois tudo se cu m p riu
em Jesus, ele disse: "Está c o n s u m ad o !" (Jo 19.30). O S e n h o r
Jesus afirm ou ser o c u m p rim en to das Escrituras do A n tig o Tes­
tam ento. A herança eterna prom etida no A ntigo T estam ento
cum priu-se nele.

"E disse-lhes: S ão estas as palavras que vos disse estando


ainda convosco, convinha que se cumprisse tudo o que de
mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos
Salm os" (Lc 24.44).

p o r isso, é M e d ia d o r de u m n o v o testamento, p a r a que,


intervindo a m orte p a ra re m issão d a s transgressões q u e h a ­
via debaixo d o prim eiro testamento, o s c h a m a d o s recebam a
p r o m e ssa d a he ran ça e le m a " (H b 9. IS).
OISLAM ISM O 46

Os judeus são descendentes de lsaque, filho legítimo de Abraão


e Sara. e os árabes são descendentes de Ismael, filho que Abraão
teve com uma escrava, de nome Agar.

"E o SENHOR visitou a Sara. como tinha dito; e fez o SE­


NHOR a Sara como tinha falado. E concebeu Sara e deu a
Abraão um filho na sua velhice, ao tempo determinado, que
Deus lhe tinha dito. E chamou Abraão o nome de seu filho
que lhe nascera, que Sara lhe dem, lsaque" (Cn 21.103).

“Estas, porém, são as gerações de Ismael, filho de Abraão,


que a serva de Sara, Agar, egípcia, deu a Abraão" iGn 2$. 12).

Os ismaelitas habitaram entre Havilá e Sur Havilá. que é a região


da costa oriental da Península Arábica, no atual Golfo Pérsico, e
Sur, na região do Sinai, no atual Egito. Os povos do sul da Peninsula
Arábica são descendentes de Qahtan, Joctã (Gn 10.25), cujos des­
cendentes povoaram o sul dessa península. Os povos do norte da
Arábia Saudita são descendentes de Adnam, que era da linhagem
de Ismael.7

"£ habitaram desde Havilá até Sur, que está emfrente do


Egito, indo para Assun e Ismael fez o seu assento diante da
face de todos os seus irmãos” (Gn 25.18).

Maomé era ismaelita, veio a Meca, região norte, cuja familia ad­
ministrava a pedra negra ka'aba, caaba, na forma aportuguesada,
que significa "cubo", em árabe," e o poço considerado sagrado,
Zanzám, que os muçulmanos, ainda hoje, acreditam ser a fonte onde
Agar deu de beber a Ismael. Segundo a Biblia, essa fonte localiza-se
em Berseba, atualmente sul de Israel, e nâoem Meca (Gn 21.14, 19)
46 HERESIAS F. MODISMOS

Nem todos os árabes são muçulmanos e nem todos os muçulma­


nos são árabes. Nem todas as nações muçulmanas são árabes, por
exemplo: Iran, Indonésia, TUrquia, Senegal, entre outros. Há uma gran­
de disputa, desde a antiguidade, pois é desejo dos árabes serem fi­
lhos de Abraão, mas nem todos o são. Deus dá, ainda hoje, a oportu­
nidade para qualquer pessoa, independentemente de sua nação ou
origem, de tomar-se descendente de Abraão, mediante a fé em Jesus:
"Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão" (G1 3.7).

"E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé,


quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos
os que crêem (estando eles também na incircuncisão, a fim
de que também a justiça lhes seja imputada)“ (Rm 4.11).

Por ser, também, filho de Abraão, Deus fez promessas a Ismael.


A bênção de Ismael, porém, não é espiritual, pois essa Deus prom e­
teu a Isaque. A mesma promessa de abençoar todas as famílias da
terra é confirmada a Isaque e a Jacó. e não a Ismael:

'£ eis que o SENHOR estava em cima dela e disse: Eu sou o


SENHOR, o Deus de Abraão, teu pai, e o Deus de Isaque. Esta
terra em que estás deitado ta darei a ti e à tua semente. E a tua
semente será como o pó da terra; e estender-se-á ao ocidente,
e ao oriente, e ao norte, e ao sul; e em ti e na tua semente serão
benditas todas asfamílias da terra" (Cn 28.13, 14).

Essa promessa diz respeito ao cristianismo e não ao islamismo:

“Sabei, pois. que os que são dafé sãofilhos de Abraão. Ora,


tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé
os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo:
OISLA M ISM O 47

Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os que são


da fé são benditos com o crente Abraão" (Cl 3.7-9).

Deus deu a Ismael o petróleo e uma posição de destaque no


mundo e na história, cumpriu a sua promessa, pois os filhos de Ismael
multiplicaram-se e formaram "uma grande nação" (Gn 17.20). An­
tes da hegemonia do conhecimento científico dos europeus, na Ida­
de Média, os árabes já estavam muito adiantados. O algarismo ará­
bico, como o próprio nome, por si só, já diz tudo, é de origem árabe.
As invenções dos instrumentos de navegação, que contribuíram para
as viagens ultramarinas, nos séculos XV e XVI, são outro exemplo.
Os cristãos são filhos espirituais de Isaque, e os muçulmanos são
filhos espirituais de Ismael. Ismael representa para os árabes o mes­
mo que Isaque representa para os judeus:

“Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa, como


Isaque... De maneira que, irmãos, somosfilhos não da escra -
va, mas da livre" (Cl 4.28, 31).

"E, quanto a Ismael, também te tenho ouvido: eis aqui o


tenho abençoado, e fá-lo-ei frutificar, e fá-lo-ei multiplicar
grandissimamente; doze príncipes gerará, c dele farei uma
grande nação. O meu concerto, porém, estabelecerei com
Isaque, o qual Sara te dará neste tempo determinado, no ano
seguinte" (Gn 17.20, 21).

II. FONTE DE AUTORIDADE

O islamismo rejeita a Bíblia A fonte principal de autoridade na fé


islâmica é o Alcorão, mas há outras fontes, tal como a Sunnah ou
Tradição Viva. registro de tudo que Maomé teria leito c duo. depois
48 HERESIAS E MODISMOS

classificados, em volumes e chamados de Hadith. Baseados no Hadith


e no Alcorão, elaboraram a lei islâmica chamada Shaaria.

1. O Alcorão. A palavra vem do árabe quran, "recitação",’ t a l é


o artigo definido. É o livro sagrado para os muçulmanos. Segundo a
tradição islâmica, Alá (Deus em árabe), por meio do anjo Gabriel,
durante vinte e três anos. revelou a Maomé o conteúdo de uma tá­
bua conservada no céu.10 O islamismo declara ser o Alcorão inspi­
rado e a Palavra de Deus. Afirma, ainda, que foi escrito em árabe
perfeito, não existindo nele palavras estrangeiras e nem leituras
variantes, declara: “o Alcorão é perfeito em todas as coisas". Mas,
um estudo crítico no Alcorão e na sua história não confirma essa
visão islâmica sobre o seu livro sagrado.
0 califa Otmã organizou, dentre os muitos textos diferentes e con­
traditórios, uma edição do Alcorão e publicou na forma que se encon­
tra ainda hoje." É conhecido como o texto autorizado. Otmã mandou
destruir todos os demais textos do Alcorão, ameaçou de morte quem
não o fizesse, e muitos muçulmanos discordaram do texto de Otmã.
O Alcorão é constituído de 114 capítulos (suras), estruturado de
forma que os capítulos vão diminuindo de tamanho em ordem de­
crescente. Não está organizado de forma sucessiva e linear, e nem
os seus relatos estão na ordem cronológica. Os relatos, em qual­
quer livro da Bíblia, são apresentados de forma clara e coerente,
seguindo a sucessão linear dos fatos. Isso não acontece no Alcorão.
Maomé tinha pouca familiaridade com a Bíblia, não sabia ler e
nem escrever, por isso há problemas históricos e teológicos no Al­
corão. Maomé entendia que a Trindade dos cristãos era constituída
de três Deuses: Alá, Jesuse Maria (Alcorão, 4.171). Ele usou várias
fontes na constituição do Alcorão. Antigo Testamento, Novo Testa­
mento, os apócrifos e pseugráficos, o Talmud, os targumim e mui­
tas lendas orientais. Numerosos relatos bíblicos são recontados no
OISLAMISMO 49

Alcorão. Na quinta surata, relata-se o assassinato de Abel, mistu­


rando com lendas talmúdicas quando afirma que um corvo desen­
terrou o cadáver de Abel.
Diz o Alcorão que Miriã, irmã de Moisés e Arão, é a mesma Ma­
ria, mãe de Jesus (Alcorão, 3.35; 19.28), e que um dos filhos de Noé
não entrou na arca (Alcorão, 11.32-48). Entretanto, há mais de 1200
anos de intervalo temporal entre Maria e Miriã (Nm 26.59; 1 Cr 6.3).
Miriã morreu no deserto de Zim antes de os filhos de Israel entra­
rem em Canaã (Nm 20.1). A Bíblia descreve, ainda, que Noé gerou
três filhos, Cam, Sem e Jafé, os três entraram na arca e deles po­
voou-se toda a terra (Gn 6.10; 7.7; 9.18, 19).
Ali Dashti, erudito muçulmano, ex-ministro das Relações Exteri­
ores do Irã, afirma:

"O Alcorão contémfrases incompletas e não inteiramente


inteligíveis sem a ajuda de comentários; palavras estrangei­
ras, palavras árabes nâofamiliares, palavras usadas com ou­
tro sentido a parte do significado normal; adjetivos e verbos
declinados sem observar a concordância de gênero e núme­
ro, pronomes aplicados emforma ilógica e antígramatical que.
às vezes, não tem palavra de remissão". 12

É isso o que eles chamam de árabe perfeito? Mais adiante, con­


clui: "Em síntese, tem-se notado mais de cem aberrações corànicas
das regras e estruturas normais do árabe".IJ Essa realidade desfaz o
argumento deles citado anteriormenle.
Arthur Jefrey documentou mais de cem palavras estrangeiras no
Alcorão. Afirma haver palavras e frases em egípcio, hebraico, gre­
go, siríaco, persa, acádico e etíope11
A idéia de que não há variantes no Alcorão, também, não se
confirma, pois "reconhece-se universalmente que ha versículos que
SO HERESIAS E MODISMOS

se deixaram fora da versão de Otmã do Alcorão".'8 Os muçulmanos


shiitas dizem que Otmã deixou fora 25% dos originais do Alcorão
por razões políticas 16Alfred Guillaume menciona a ausência de 127
versículos, de uma sura do Alcorão, que originalmente constava de
200 versículos e Otmã reduziu-a a 73.17 Segundo Guillaume, só na
2a surata há cerca de 140 variantes. A conclusão de John Burton é:
"os relatos muçulmanos da história do Alcorão são uma massa de
confusão, contradições e incompatibilidades".18
Um dos discípulos de Maomé. chamado Abdollah Sarh, dava su­
gestões a Maomé sobre o que devia cortar ou acrescentar no Alco­
rão. Abdollah deixou o islamismo alegando que se o Alcorão fosse
a revelação de Deus, não poderia ser alterado por sugestão de um
escriba Voltou a Meca e juntou-se aos coraixitas, tribo de onde veio
Maomé. Quando Maomé conquistou Meca, uma das primeiras pes­
soas que o fundador do islamismo matou foi Abdollah Sarh, visto
que sabia demais para continuar vivo.19

2. O Alcorão e a Bíblia. Não há registro de que Maom é e os


califas ortodoxos, alguma vez, tivessem atacado a Bíblia. O Alcorão
parece reconhecer a autenticidade das Escrituras Sagradas dos ju­
deus e cristãos:

"E depois deles (profetas), enviamos Jesus, filho de Maria,


corroborando a Tora que o precedeu, e lhe concedemos o Evan -
gelho, que encerra orientação e luz, corroboranle do que foi
revelado na Tora e exortação para os tementes" (Alcorão, 5.46).

~Ê impossível que este AJcorão tenha sido elaborado por


alguém que não seja Deus. Outrossim, é a confirmação das
(revelações) anteriores a ele e a elucidação do Livro indubitável
do Senhor do Universo" (Alcorão. 10.37).
OISLAMISMO 61

O termos "profetas" e "revelações", entre parênteses, são interpo­


lação do tradutor, e não se tratam, portanto, de glosas acrescidas
por nós. Na primeira passagem corânica, afirma que Jesus e o Evan­
gelho confirmam a Torah, uma referência à Lei de Moisés. A segun­
da relata ser o Alcorão a confirmação das revelações anteriores, ou
seja, as Escrituras Sagradas dos judeus e cristãos. O versículo en­
cerra chamando a Bíblia "Livro indubitável do Senhor do Universo".
Don McCurry afirma que, entre 95 e 150 anos depois da morte de
Maomé, os teólogos islâmicos, em debates com cristãos, descobri­
ram grandes disparidades entre os seus relatos e os bíblicos." Os
teólogos islâmicos descobriram que o Alá do Alcorão não é o mes­
mo Jeová do Antigo Testamento e que o Jesus do Alcorão não é o
mesmo do Novo Testamento. A mensagem da Bíblia é uma, e a do
Alcorão é outra. Não podendo aceitar o equívoco do seu profeta,
resolveram ensinar que a Bíblia foi falsificada por judeus e cristãos.'1
Os líderes muçulmanos de hoje costumam apresentar pelo me­
nos três argumentos contra a autoridade e a inspiração da Bíblia: o
texto original teria sido corrompido, os escritores bíblicos não teri­
am registrado a verdade e haveria contradições nela Com muita
habilidade e sofisma, Maurice Bucaille, na obra A Bíblia. o Alcorão c
a Ciência, publicação dos muçulmanos, procura fundamentar lais
argumentos.
A maioria de seus argumentos está baseada nas interpretações
pessoais dos teólogos liberais, das teses ultrapassadas e discrepan­
tes entre si da "Hipótese Documentária" (ver refutação dessas falsas
teorias documentárias em meu livro Visão Panorâmica do Antigo Ta
tamento).
A autenticidade do texto sagrado já foi examinado e escru­
tinado de forma exaustiva como fato cienlíficamente comprova­
do. Qualquer pesquisa na área da crítica pode mostrar a conlir
mação dessa autenticidade, a menos que algum muçulmano crie
S» HERESIAS E MODISMOS

uma interpretação peculiar para persuadir os incautos. O rolo do


profeta Isaias. descoberto em 1947, nas cavernas de Uiaid Qumran,
região do m ar Morto. Israel, datado do ano 100 a.C., é exatam en­
te o mesmo texto das edições atuais da Bíblia. O que mais preci­
sam os muçulmanos?
Como eles podem justificar tais alterações? Onde estaria, por­
tanto, o texto original para fundamentar essa acusação deletéria e
provocativa? Simplesmente, não existe, pois seria hum anamente
impossível alguém corromper todos os milhares de manuscritos da
Bíblia, que, ainda hoje, estão espalhados por mosteiros e museus da
Europa, Israel e Estados Unidos. O texto bíblico da época de Maomé
e dos califas ortodoxos é o mesmo dos manuscritos atualmente dis­
poníveis, entretanto, o Alcorão afirma que o referido é o "Livro
indubitável do Senhor do Universo". Segundo o Dicionário Houaiss
da Língua Portuguesa, a palavra "indubitável" significa: "que não pode
ser objeto de dúvida: certo, incontestável, indiscutível".
o texto bíblico foi redigido durante cerca de 1.500 anos por cerca
40 de autores diferentes, cuja maioria viveu em lugares e datas dife­
rentes, mantendo sua unidade de pensamento. Não veio de pára-
quedas e nem por um passe de mágica, como na lenda de Aladim e
a Lâmpada Maravilhosa. A revelação divina foi progressiva e suas
profecias, por si. são respostas aos muçulmanos concernentes à
autenticidade e à inspiração divina da Bíblia. Sua autoridade e sua
inspiração são características sui generis. o mesmo, porém, não se
pode dizer do Alcorão, que é um arranjo humano organizado para
defender os princípios de uma religião.

“Buscai no livro do SENHOR e lede; nenhuma dessas


coisas falhará, nem uma nem outra faltará; porque a sua
própria boca o ordenou, e o seu espirito mesmo as ajunta­
rá" (is 34.16).
O ISL A M ISM O 83

‘Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensi­


no, para a repreensão, para a correção, para a educação na
justiça" (2 Tm 3 .1 6 - ARA).

*Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Es­


critura é de particular interpretação; porque a profcàa nuncafoi
produzida por vontade de homem algum, mas os homenssantos
de Deusfalaram inspirados pelo Espírito Santo" <2 Pe 120,21).

Comparar a Bíblia com a ciência não nos parece sensato, pois a


ciência modifica-se a cada nova descoberta, "o espirito cientifico é es­
sencialmente uma retificação do saber, um alargamento dos quadros
do conhecimento"." Há casos em que são especulações e são reco­
nhecidas como ciências por determinados grupos. Muitas coisas que
foram ciências no passado, hoje, não passam de bobagens; da mesma
forma, o que é ciência hoje pode ser bobagem amanhã. A Bíblia, no
entanto, permanece (Is 40.8). Outras vezes, as supostas contradições
não são com a Biblia, mas com a linha de interpretação vigente

III. TEOLOGIA ISLÂMICA

1. A divindade dos muçulmanos, o conceito islâmico de


monoteísmo foi tirado do judaísmo, de que se aproxima mais do
que do cristão, por ser monoteísmo absoluto É legalista, e exige de
seus adoradores práticas rituais como virtudes necessárias para a
salvação. Seguem as leis dietéticas, semelhante ao judaísmo. Eles
adoram a uma só divindade. Allah, em árabe, ou Alá. na forma
aportuguesada.
A história registra na antiguidade muitas religiões monoteistas
que, no entanto, eram pagãs. Adorar a uni único idolo é monoteísmo
falso. O monoteísmo foi ensinado no Egito, implantado pelo Faraó
54 HERESIAS E MODISMOS

Amenotepe IV, também chamado Akenaton, que estabeleceu o cul­


to ao deus Aton, representado pelo disco solar.“ Ser monoteísta
não significa necessariamente adorar o mesmo Deus de Israel.
Embora o judaísmo defenda, também, um monoteísmo absolu­
to, o Antigo Testamento propicia clima e ambiente para permitir a
doutrina da Trindade, estando implícito: "façamos o homem" (Gn
1,26); "eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal"
(Gn 3.22); "desçamos e confundamos" (Gn 11.7); por isso não con­
tradiz a Trindade no Novo Testamento. Deus é um, mas essa unida­
de é composta. A confissão de fé dos judeus declara: "Ouve Israel, o
SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR". A palavra hebraica para
"único" é *irm (echad), "um, mesmo, único, primeiro, cada, uma
vez",24 Todavia, essa é unidade composta:

“A questão da diversidade dentro da unidade tem implica­


ções teológicas. Alguns eruditos têm pensado que, embora
‘um' esteja no singular, o uso da palavra abre espaço para a
doutrina da Trindade".25

É a mesma usada em Gênesis 2.24: "uma só carne" O próprio


nome de Deus, 'elohim, é uma forma plural, sublinhando a Trinda­
de. O Novo Testamento tornou explícito o que dantes estava implí­
cito no Antigo Testamento. Jesus ensina ser o Deus do cristianismo
o mesmo Deus Jeová, de Israel, quando citou a confissão de fé dos
judeus em Marcos 12.29-32.
O Deus da Bíblia é Trino e o do Alcorão não. Não há espaço para a
Trindade no livro sagrado dos muçulmanos. O islamismo considera a
crença na Trindade pecado sem perdão, é o que ensina o Alcorão:

"Deus jamais perdoará a quem lhe atribuir parceiros" (Al­


corão, 4.48, 1 16 ).
0 ISLAMISMO 65

Para eles, a Trindade são três Deuses que seriam Alá, Jesus e
Maria. Diz o Alcorão:

"São blasfemos aqueles que dizem: Deus é o Messias.... A


quem atribuir parceiros a Deus, ser-lhe-á vedada a entrada no
Paraíso e sua morada será ofogo infernal... São blasfemos aquele
que dizem: Deus é um da Trindade!, porquanto não existe di­
vindade alguma além do Deus Único" (Alcorão, 5.72, 73).

Mais adiante, declara:

"Ó Jesus, filho de Maria! Foste tu quem disseste aos ho­


mens: Tomai a mim e minha mãe por duas divindades, em
vez de Deus?" (Alcorão, 5. I 16).

O Deus revelado na Bíblia é único, mas subsiste, etemamenle.


em três Pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito (Mt 28.19); Alá.
no entanto, é uma mônada estéril. Não podem ser, ambos, apenas,
nomes diferentes do mesmo Deus. O nome árabe Allah, usado no
Alcorão para sua divindade, não é bíblico.
Alá era uma das divindades da Arábia pré-islâmica, adorada pela
tribo dos coraixitas, de onde veio Maomé: "os árabes, antes da épo­
ca de Maomé, aceitavam e adoravam, de certa forma, a um deus
supremo chamado Alá".26 A edição Gibb registra: "Alá era conheci­
do pelos árabes pré-islâmicos; era uma das deidades de Meca".-" Há
inúmeras evidências irrefutáveis na história e na arqueologia de que
Alá não veio nem dos judeus e nem dos cristãos
É verdade que o nome "Alá" aparece na Bíblia árabe, e isso leva
os muçulmanos e, até mesmo muitos cristãos, a acreditar em que
Alá é a forma árabe do Deus Jeová de Israel, revelado na Bíblia Isso
é um equivoco. A primeira tradução da Bíblia para o árabe aconte­
U HERESIAS E MODISMOS

ceu por volta do ano 900 d .C , época em que o nome "Alá" já era
empregado para Deus em todas as terras árabes. Seus tradutores
temeram represálias por parte dos muçulmanos radicais num mun­
do em que a força política dominante era muçulmana
A Bíblia foi escrita em hebraico, aramaico e grego, e seus aulo-
res humanos jamais conheceram esse nome. O nome "Alá" vem de
al, artigo "o", em árabe; llah, que significa "Deus", também usado
antes de Maomé. A Enciclopédia citada acima, edição Lewis, expli­
ca: "Pela freqüência do uso, al-ilha se contraiu em Allah, freqüente-
mente usado na poesia pré-islâmica".29 A idéia, portanto, de que
Alá e Jeová sejam apenas nomes diferentes de um mesmo Deus não
é bíblica. O relacionamento de Jeová com o homem, bem como seus
atributos, são diferentes da descrição corânica de Alá.20
Os muçulmanos querem que Alá seja o mesmo Deus Jeová da
Bíblia. O Alcorão insiste nessa doutrina em muitas passagens (Al­
corão, 2 .138-40; 4 .150-152; 29.46). Alá, no entanto, não é trino, nem
pode gerar, e mandou Satanás adorar a Adão, por isso rebelou-se
contra Deus (Alcorão, 2.34; 18.50). Satanás estaria errado ao se re­
cusar adorar uma criatura? Essas passagens corânicas constran­
gem, às vezes, os próprios muçulmanos. O Alcorão caracteriza os
cristãos como idólatras, isso porque reconhecemos ser Jesus o Filho
de Deus (Alcorão, 10.66, 68).

2. O Jesus do Alcorão. O Jesus mencionado no Alcorão é um


mero mensageiro. Na teologia islâmica, o Senhor Jesus não é reco­
nhecido como Deus, nem como o Filho de Deus, nem como Salva­
dor, nem morreu pelos nossos pecados e nem ressuscitou. A
crislologia deles provém de fundamentos falsos apresentados no
Alcorão, por isso consideram Maomé como o último mensageiro,
"o selo dos profetas", e superior a Jesus.
De onde Maomé tirou essas idéias? Há muitas controvérsias. Eru-
O tSLAMISMQ 57

ditos islâmicos da antiguidade afirmaram que Maomé ouviu, de cer­


tos cristãos, sobre a existência de três deuses Deus. Jesus e Maria."
Os ensinos gerais de Maomé vieram de suas próprias mulheres
(pois foi poligamo e possuiu harém), e algumas eram de origem
judaica e cristã:

"Algumas dessas mulheres Influenciaram com toda a pro­


babilidade os ensinos do Profeta, e outras tiveram um papel
Importante na história do Islam".11

Por meio de informações errôneas Maomé desenvolveu sua teo­


logia. Veja que o Alcorão afirma ser blasfêmia crer que jesus é o
Filho de Deus, pois apresenta a filiação como resultado de relação
sexual, e isso implicaria cópula conjugal entre Deus e Maria. Dessa
maneira, todos nós reputamos, também, por blasfêmia Porém, é
isso que a Bíblia afirma? De modo algum. O mais grave é os lideres
Islâmicos afirmarem que os cristãos pregam esse absurdo (Jd 10)
O Jesus deles veio, também, dos evangelhos espúrios e apócrifos,
como o de Tomé e o de Barnabé. O nascimento e a Infância de Jc
sus, conforme a sura 19, são relatos provenientes do Evangelho de
Tomé. A teoria do Evangelho de Barnabé. difundida e popularl/ada
no mundo islâmico, declara que Jesus não leria sido crucificado,
para realçar a mensagem do Alcorão, que nega a morte de Jesus
Todavia, o Barnabé do Novo Testamento não está relacionado a
esse sujTosto evangelho. Essa obra apareceu em 1709, peritos In
vestigaram o material de escrita, papel e tinta, c ficou constado que
não passava do século 16 " Além disso, há anacronismo, muitos
erros provam que seu autor jamais conheceu a Terra de Israel e
nem viveu na época do Barnabé do Novo Testamento Trata se. por
tanto, de obra espúria.
Silas Tostes, em sua obra O Islamismo c a Cru/ de Cristo, aponta
M HERESIAS E MODISMOS

algumas evidências que refutam os argumentos islâmicos sobre o


suposto evangelho de Barnabé Usaremos a sigla "EB" (Evangelho
de Barnabé). seguida de um número, para indicar o capítulo.
O tal evangelho menciona "barris de vinho" (EB, 152); barril é
invenção da Idade Média, e, na época de Barnabé. usavam-se odres.
Adão e Eva foram ordenados a fazer penitência (EB, 41), isso é
prática da Idade Média. Pilatosjá era governador da Judéia quando
Jesus nasceu (EB, 3), entretanto, Pilatos só lom ou-se governador
em 26 d. C , e Jesus nasceu quando Herodes, o Grande, governava
a Judéia (Mt 2.1), em que César Augusto era imperador de Roma
(Lc 2.1)
O suposto Evangelho de Barnabé menciona 17 mil fariseus nos
dias do profeta Elias (EB, 145), e o equívoco é que a figura do fariseu
só passou a existir a partir da segunda metade do século ll a. C.
Afirma ainda que "Jesus sobe para Cafamaum" (EB, 21), mas Ca-
famaum fica na baixa Galiléia, no vale do Jordão, na margem do
mar da Galiléia (Mt 4.12-15). Acrescenta, ainda, que Jesus andou de
barco para Nazaré (EB. 20), Nazaré, porém, localiza-se na Alta Ga­
liléia. a altitude de 700 metros.
É essa a obra que afirma que Jesus não morreu e que Judas
Iscariotes foi substituído por ele (EB, 215-217). Silas Tostes comenta
que os tradutores do Evangelho de Barnabé, na edição inglesa de
1907, Lonsdale e Laura Ragg, colocaram uma nota na introdução
na qual eles mostravam as evidências internas e externas provando
que o Evangelho de Barnabé era um estudo forjado: "Na introdução,
publicaram inúmeras evidências externas e internas de que este
evangelho é falso".M
A expressão "Filho de Deus" no Novo Testamento significa a sua
origem e a sua identidade. Jesus disse, "eu sai e vim de Deus" (Jo
8 42). não segue o mesmo padrão de reprodução humana. Ele foi
concebido pelo Espirito Santo:
O ISLAM ISM O 39

"Ora, o nascimento de Jesus Cristo fo i assim • Estando


Maria, sua mâe, desposada com José, antes de se ajuntarem,
achou-se ter concebido do Espirito Santo. ...E, projetando ele
isso, eis que, em sonho, lhe apareceu um anjo do Senhor,
dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua
mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo"
(M l /. 18. 20).

"E disse M aria ao anjo: Como sefa rá isso. visto que não
conheço varão? E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá
sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá
com a sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há
de nascer, será cham ado Filho de Deus" (Lc 1.34. 35).

Há in ú m eras passagens bíblicas provando queJesus é Deus igual


ao Pai. Ele nun ca m ato u ninguém , antes, fez o bem a todos e trouxe
vida física e espiritual:

"No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o


Verbo era Deus" (Jo /. l).

"O ladrão não vem senão a roubar, a malar e a destruir eu


vim para que tenham vida e a tenham com abundância"(Jo 10.20).

“E, tendo dito isso, ciamou com grande voz■Lázaro, vem


p a ra fo ra. E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados
com faixas, e o seu rosto, envolto num lenço. Disse-lhes Je­
sus- D esligai-o e deixai-o iF ’ (Jo 11.43, 44).

"Como D eus ungiu a jesus de N aza ré com o Espírito


Santo e com virtude; o q u a l andou fa z e n d o o bem e curan-
60 HERESIAS E MODISMOS

do a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com


ele" (At 10.38).

O Alcorão não afirma em lugar algum que Maomé tivesse cura­


do alguém, entretanto, reconhece que Jesus criou vida, curou enfer­
mos e ressuscitou os mortos:

‘Plasmaste de barro algo semelhante a um pássaro e, alen -


tando-o, eis que se transformou, com o Meu beneplácito, em
um pássaro vivente; de quando, com o Meu beneplácito, cu­
raste o cego de nascença e o leproso; de quando com o Meu
beneplácito, ressuscitaste os mortos" (Alcorão, 5.110).

O Alcorão não menciona em qualquer parte que Maomé nasceu


duma virgem e nem que era santo ou perfeito e um sinal para os
homens, no entanto, chama o Senhor Jesus imaculado, nascido de
uma virgem e posto como um sinal para os homens:

'Sou tão-somente o mensageiro do teu Senhor, para agraci­


ar-te com umfilho imaculado. Disse-lhe: Como poderei ter um
filho, se nenhum homem me tocou e jamais deixei de ser casta?
Disse-lhe: Assim será, porque teu Senhor disse: Isso Me éfácil!
Efaremos disso um sinal para os homens" (Alcorão, 19.19-21).

O Alcorão não ensina em nenhum lugar que Maomé é a Palavra


de Deus, nem que é ilustre neste mundo e no além, nem que foi
levado ao céu, e nem que voltará para julgamento, todavia, aplica
todas essas características ao Senhor Jesus:

'■£quando os anjos disseram: Ô Maria, por certo que Deus


te anuncia o Seu Verbo, cujo nome será Messias, jesus, filho
de M a ria , n ob re neste m undo e no outro, e que se contará
entre os diletos de Deus" (Alcorão, 3 .4 5).

“O utrossim , Deus Jê-lo ascender até Ele, porque é Podero­


so, Prudentíssim o" (Alcorão, 4.158).

"Ó adeptos do Livro, não exagereis em vossa religião e


não digais de Deus senão a verdade. O Messias, Jesus, filh o
de M aria, fo i tão-som ente um mensageiro de Deus e Seu Ver­
bo, com o qual S e agraciou M aria por intermédio do Seu
Espírito..." (Alcorão, 4.171).

"E (Jesus) será um sinal (do advento) da Hora. Não duvideis,


poisdela, e segui-me, porque esta senda ê reta"(Alcorão, 43.61)

k \u z do pró p rio Alcorão, Jesus é infinitam ente superior a Maomé.


Qual dos seres hum anos conseguiu pelo menos três dessas qualida­
des? N inguém . Som ente Jesus foi perfeito e nunca cometeu pecado:
"o qual não com eteu pecado, nem na sua boca se achou engano" ( I
Pe 2.22). Ele é o verdadeiro Deus e o verdadeiro homem: "Porque
nele habita corporalm ente toda a plenitude da divindade" (Cl 2 9)

"Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matà-lo.


porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que
Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus' do 5 18)

"Q u e m dentre v ó s m e co n ve n c e de p e c a d o ? E. se vos digo


a verdade, p o r q u e n ã o c r e d e s (lo 8.46)

"P o rq u e h á u m s ó D e u s e u m s ó m ediador entre D e u s e


o s h o m e n s, le su s Cnsto. h o m e m " ( I Tm 2 Sl
62 HERESIAS E M ODISM OS

A teologia islâmica rejeita a doutrina bíblica do pecado original, re­


gistrada em Romanos 5.12-21. Ensinam os líderes muçulmanos que a
humanidade não tem nada com o pecado de Adão, pois todo o homem
nasce bom. quando peca, pede perdão, e Alá perdoa. Com esse argu­
mento, conclui que não havia necessidade de Jesus morrer pelos peca­
dos da humanidade, por isso o Alcorão declara com todas as letras:

"£ por dizerem: Matamos o Messias. Jesus, filho de Maria,


o Mensageiro de Deus. embora não sendo, na realidade, cer­
to que o mataram, nem o crucificaram, sendo que isso lhes
foi simulado o fato é que não o mataram" (Alcorão, 4.157).

Essa doutrina contraria todo o pensamento bíblico e os fatos histó­


ricos. A Bíblia ensina que Jesus morreu e ressuscitou dentre os mortos:

"Porqueprimeiramente vos entreguei o que também rece­


bi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escri­
turas, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia,
segundo as Escrituras" (I Co 15.3, 4),

A morte e a ressurreição de Jesus, "segundo as Escrituras", esta­


vam previstas nas Escrituras do Antigo Testamento, até capítulos
inteiros como o salmo 22 e Isaias 53, que descrevem pormenores.

"O seu cadáver não permanecerá no madeiro, mas certa-


mente o enterrarás no mesmo dia. porquanto o pendurado é
maldito de Deus; assim, não contaminarás a tua terra, que o
SENHOR, leu Deus, te dá em herança" (Dt 21.23).

Isso cumpriu-se em Jesus, que foi pendurado num madeiro, e


assim, fez-se maldição por nós (Cl 3.13).
OISLAMISMO 63

"Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permi­


tirás que o teu Santo veja corrupção'' (SI 16.10).

Essa profecia fala da ressurreição de Jesus e também se cumpriu


(At 2.25-28).
Em Hebreus 9 22, lemos:"... sem derramamento de sangue, não
há remissão". Isto, naturalmente, refere-se ao sangue de sacrilfcios.
O Antigo Testamento ensina isso em toda a parte:"... é o sangue
que fará expiação..." (Lv 17.11). "Expiação" significa reconciliação,
é a restauração de uma relação quebrada. O sacrifício de Jesus Cris­
to na cruz mostra que o homem é completamente incapaz de ir ao
céu pela sua própria bondade e força. Negar o sacrifício de Jesus na
cruz, ou fazê-lo parecer desnecessário, é uma forma de invalidar a
única maneira de o homem ser salvo, segundo a Bíblia, e isto é
exatamente o que o Alcorão faz ao negar a crucificação de Jesus.
Historiadores não cristãos, judeus e romanos, atestaram a morte
de Jesus. Flávio Josefo, historiador judeu do primeiro século da Era
Cristã (37-100), escreveu:

"Nesse mesmo tempo, apareceu JESUS, que era um homem


sábio, se é que podemos considerá-lo simplesmente um ho­
mem, tão admiráveis eram as suas obras. Ele ensinaw os que
tinham prazer em ser instruídos na verdade e foi seguido não
somente por muitos judeus, mas também por muitos gentios
Ele era o CRISTO. Os mais ilusties dentre os de nossa nação
acusaram-no perante Pilatos, e este ordenou que o crucificas
sem. Os que o havia amado durante a sua vida não o abando
naram depois da morte. Ele lhes apareceu ressuscitado e vivo
no terceiro dia, como os santos profetas haviam predito, duen
do também que elefaria muitos outros milagres Ê dele que os
cristãos, os quais vemos ainda ho/e. tiraram o seu nome"
64 HERESIAS E MODISMOS

A literatura judaica antiga também menciona a morte de Jesus. Al­


gumas edições do Talmude inseriu uma baraita,36 que diz o seguinte:

Na véspera da Páscoa elespenduraram Yeshu. E um arau­


to saiu adiante dele, durante quarenta dias (dizendo): 'Ele vai
ser apedrejado por praticarfeitiçaria e seduzir e desviar Isra­
el. Quem quer que saiba qualquer coisa a favor dele, que ve­
nha e peça por ele'. Mas não tendo encontrado nada a seu
favor, eles o enforcaram na véspera da páscoa".3'

O Talmude é o conjunto da Mishná e Guemará. A Mishná é o


comentário das Escrituras (Antigo Testamento Hebraico). Está di­
vidida em seis partes, ordens, do hebraico T io (seder), "ordem",
estão divididas em 63 tratados. A Guemará ê o com entário da
Mishná. Há o Talmude Babilónico e o de Jerusalém. O Talmude foi
redigido num período de quase mil anos, entre 450 a.C. e 500 d.C.
É reconhecido pelos judeus como tendo a mesma autoridade da
Bíblia (Antigo Testamento). Esse complexo literário rege a vida ju­
daica até os dias de hoje e, desde longa data, tem exercido forte
influência na vida do povo.
Tácito também atestou a morte de Jesus. Comelius Tacitus (55 -
117 d.C), historiador romano, é autor da obra Anais em que registra
a história romana do primeiro século da Era Crista, ao lado de
Suetónio (70-160 d.C.) e Díon Cássios (150-235 d.C ). Veja o que
Tácito registrou:

"Nero apresentou como culpáveis e submeteu às mais re­


quintadas torturas os que o vulgo chamava cristãos, aborre­
cidos por suas ignomínias. Aquele de quem levavam o nome,
Cristo, foi executado no reinado de Tibério pelo procurador
Pôncio PUatas"3*
OISLAM ISM O 65

Luciano de Samosata, satirista grego e zombador dos cristãos,


por volta de 170 escreveu:

'Os cristãos, como todos sabem, adoram um homem até


hoje - o distinto personagem que iniciou seus novos rituais -
foi crucificado por causa disso".39

A confirmação bíblica e histórica da morte de Jesus é fato incon­


testável. Cabe ressaltar que a cruz de Cristo sempre foi escândalo
para os que perecem (l Co 1.23). Quase um terço dos Evangelhos
trata da última semana da vida de Jesus e da sua morte! o sacnficio
de Jesus é a conclusão lógica dos ensinamentos do Antigo Testa­
mento que profetizou sua morte na cruz com detalhes enormes
Temos a narrativa de testemunhas oculares. Que sentido faria para
eles inventar tal história? Cristo predisse várias vezes a sua morte:

“Desde então, começou Jesus a mostrar aos seus discípu­


los que convinha ir a Jerusalém, e padecer muito dos anciãos,
e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e
ressuscitarão terceiro dia"(Mt 16.21)

"E, subindo Jesus a Jerusalém, chamou à parle os seus


doze discípulos e, no caminho, disse-lhes: Eis que vamos
para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos prin
cipes dos sacerdotes e aos escribas, e condená-lo-ão ã mor
te" (Mt 20.17. 18).

O que é tão ofensivo na cruz? O sacrifício de Jesus Cristo mostra


que o homem é completamente incapaz de ir ao céu. à presença de
Deus. pela própria bondade e força. Jesus deixou isso claro quando
disse:"... sem mim. nada podeis fazer ' (Jo 15 5) O homem precisa
66 HERESIAS E MODISMOS

va e precisa de Jesus, ele que se tornou o nosso sacrifício, morreu


em nosso lugar para abrir o caminho ao céu, O orgulho do homem
faz com que se rebele contra a sentença de Deus. E ofende-se por­
que Deus não aceita seus esforços pessoais!

IV. OS CINCO PILARES DO ISLAMISMO

1. Crenças e práticas. A parte teológica do islamismo é o imart,


convicção e compromisso de aceitar Deus como Senhor e de sua
submissão total à sua vontade. Sua crença consiste em: fé em Deus.
fé nos anjos, fé nos livros sagrados, fé nos profetas, fé no dia do
juizo final e fé nos decretos divinos, pois são fatalistas. Aparente­
mente, as mesmas crenças judaicas e cristãs, mas. já vimos acima,
que o conceito deles é contrário ao pensamento bíblico.
O lado prático, os pilares ou as colunas, é o din, são as obriga­
ções distintivas do islamismo. É o credo islâmico e o orgulho dos
muçulmanos, consideram-se numa posição espiritual acima dos
cristãos e dos judeus por causa dessas obrigações. O cristianismo,
porém, não é religião de obrigações e ritos, e, sim, de liberdade,
pois Deus não está preocupado com religião, nem com ritos ou re­
gras, ele busca a comunhão com o homem que criou:

"Porque ê mandamento sobre mandamento, mandamen­


to e mais mandamento, regra sobre regra, regra e mais regra:
um pouco aqui. um pouco ali" (Is 28. 10 ).

"Com que me apresentarei ao SENHOR e me inclinarei


ante o Deus Altíssimo? Virei perante ele com holocaustos, com
bezerros de um ano? Agradar-se-á o SENHOR de milhares de
carneiros? De dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu
primogênito pela minha transgressão? O fruto do meu ven-
O ISLAM ISM O 67

tre, pelo pecado da minha alma?Ele te declarou, ó homem, o


que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, sendo que
pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humilde­
mente com o teu Deus?" (Mq 6.6-8).

"Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou


e não tomeis a meter-vos debaixo do jugo da servidão“(Cl 5.1).

2. Fé em Deus. O primeiro pilar é crer em Alá, como único Deus,


e em Maomé, como seu mensageiro. É a confissão de fé dos muçul­
manos, a primeira parte apresenta alguma semelhança com a dos
judeus: "Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR"
(Dt 6.4). Afirm ar com sinceridade a confissão islâmica três vezes,
em árabe, diante de duas testemunhas, torna a pessoa muçulmana.
Isso é recitado nos ouvidos do recém nascido e nos ouvidos do
muçulmano, quando está morrendo Mas, Jesus disse:

“E a vida eterna ê esta: que conheçam a ti só por único


Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (lo 173).

O islam ism o. no entanto, substituiu Alá pelo Deus verdadei­


ro; Maom é, por Jesus Cristo; mesmo assim, não deu garantia de
vida eterna.

3. Oração. O segundo pilar são as orações rituais, realizadas


cinco vezes ao dia: de manhã, ao meio dia, à tarde, ao pôr do sol e á
noite, é mais recitação do que mesmo oração. Os judeus oram trés
vezes ao dia, desde os tempos bíblicos:

“De tarde, e de manhã, e ao meio-dia. orarei, e clamarei, e


ele ouvirá a minha voz" (SI 55.17).
6a HERESIAS E M O D ISM O S

"Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assi­


nada, entrou em sua casa (ora, havia no seu quarto janelas
abertas da banda de Jerusalém), e três vezes no dia se punha
de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como
também ames costumava fa z e r (Dn 6. IO).

Há uma passagem no Alcorão onde parece afirm ar que Maomé


copiou essa prática dos judeus e aumentou-a para cinco vezes (Al­
corão,2 142-145; 11.114; 3 0 .17 ,18). A idéia, porém, de am pliar para
cinco vezes Maomé adotou de um grupo de sabeus, semicristãos,
que vivia no sul da Arábia .'10 Nós, cristãos, oramos continuamente:
"perseverai em oração, velando nela com ação de graças" (Cl 4.2);
“orai sem cessar" (I Ts 5 .17). Não consiste em obrigação, é um há­
bito com o desejo de manter a comunhão com Cristo:

“E, quando orares, nâo sejas como os hipócritas, pois se


comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das
ruas. para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo
que já receberam o seu galardão" (Ml 6.5).

"Já estou crucificado com Ciisto; e vivo, não mais eu. mas
Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a
na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si
mesmo por mim "(Gl 2.20)..4

4. Esmolas. O terceiro pilar é dar esmolas aos mais necessita


dos ou fazer ato de caridade. Trata-se do zakal, "purificação ",41 legal
e obrigatória Disse o califa Umar ibn Adul Aziz "A oração nos leva
meio caminho até Deus; o jejum nos traz até à porta do seu palácio;
dar esmola nos garante a entrada ".'12 A esmola em si é prática copi­
ada dos judeus e cristãos A diferença é que não precisamos tocar
O IS U M IS M O 69

trombetas e praticamos-na porque somos salvos e não para sermos


salvos, como o fruto do Espirito, pois a salvação é pela graça medi­
ante a fé em Jesus:

'Quando, pois. deres esmola, não faças tocar trombeta


diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas
ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos
digo que já receberam o seu galardão" (Ml 6.2)

“Mas o fruto do Espirito é: caridade, gozo, paz. longani­


midade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança“
(Cl 5.22).

“Não pelas obras de justiça que houvéssemosJeito, mas,


segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da
regeneração e da renovação do Espirito Santo, queabun
danlemente ele derramou sobre nós por lesus Cristo, nos
so Salvador, para que, sendo justijicados pela sua graça,
sejamos feitos herdeiros, segundo a esperança da vida eter­
na" (TI 3,5-7).5

5. Jejum. O quarto pilar é jejuar 30 dias no mês de Ramadã,


jejum feito apenas durante o dia, não se deve comer ou beber desde
o nascer até o pôr-do-sol, Os viajantes, as mulheres grávidas ou no
seu periodo menstrual, crianças e enfermos estão isentos dessa
obrigação, Pesquisas, no entanto, comprovaram que esse é o mês
de maior consumo nos países islâmicos. A luz da Bíblia, isso não é
jejum; o jejum cristão é como a oração, não e mandamento, ê prátí
ca natural e voluntária do cristão lesus disse "quando jejuardes"
(Mt 6.16), mostrando o hábito de jejuar de seus interlocutores, o
problema deles estava no nuklus ojierandi
70 HERESIAS E MODISMOS

6. Peregrinação. O último pilar é a peregrinação a Meca pelo


menos uma vez na vida, se as condições financeiras e de saúde
permitirem. Essa peregrinação já existia antes do surgimento do
islamismo, os árabes pagãos, pré-islâmicos, haviam estabelecido
um santuário na Caaba. Depois, Maomé tornou obrigatória para os
ricos (Alcorão, 3.97), É, também, cópia das peregrinações judaicas e
cristãs. O salmo 122 é conhecido como o Salmo do Peregrino. Maomé
apenas substituiu Jerusalém por Meca.

7. A Jihad. Seria o sexto pilar, mas a maioria dos muçulmanos


ofende-se com essa interpretação, até porque os líderes islâmicos
procuram vender imagem positiva de sua religião. Apesar de todo o
esforço para mostrar ser o islamismo religião de paz, contudo, a
história de Maomé e dos califas ortodoxos não ajuda a convencera
opinião internacional face aos ataques fundamentalistas.
A espada de Maomé é o maior contraste entre ele e o Senhor Jesus
Cristo. Maomé adotou o costume árabe da época de assaltar caravanas
de tribos rivais. Declarava estar a serviço de Deus, combatendo
blasfemadores Em decorrência disso, o mundo assiste, estarrecido, a
monstruosidade indomável dessa violência. A mídia internacional exibe,
com freqüência, imagens de militantes muçulmanos radicais com arma
numa mão e o Alcorão na outra, declarando guerra em nome de Alá.
O termo jihad "esforço ou luta".43 Os muçulmanos extremistas
são, hoje, reconhecidos pela comunidade internacional como terro­
ristas, mas eles são minoria e não devem ser confundidos com os
demais muçulmanos, que também manifestam sua repulsa à vio­
lência e aos seus irmãos radicais.
A maioria dos muçulmanos interpreta o termo jihad como qual­
quer "empenho" para propagar a fé islâmica (e não a "guerra san­
ta"), como os recursos educacionais e tecnológicos. Mas, essa in­
terpretação destoa do contexto histórico e corânico:
OISLAM1SM0 71

"Ê uma guerra religiosa contra os incrédulos na missão de


Maomé. É uma incumbência religiosa imposta estabelecida
no Alcorão e na Tradição como uma instituição divina".,4

"Está-vos prescrita a luta (pela causa de Deus), embora a


repudieis. É possível que repudieis algo que seja um bem para
vós e, quiçá, gosteis de algo que vos seja prejudicial; todavia.
Deus sabe e vós ignorais" (Alcorão, 2.216).

"Osfiéis combatem pela causa de Deus; os infiéis, ao con­


trário, combatem pela do sedutor. Combatei, pois, os aliados
de Satanás, porque a argúcia de Satanás é débil" (Alcorão, 4.76).

"O castigo, para aqueles que lutam contra Deus e contra o


Seu Mensageiro e semeiam a corrupção na terra, é que sejam
mortos, ou crucificados, ou lhes seja decepada a mão eopc
opostos, ou banidos. Tal será, para eles, um aviltamento neste
mundo e, no outro, sofrerão um severo castigo" (Alcorão 5.33)

“Dize aos incrédulos que, no caso de se arrependerem,


ser-lhe-à perdoado o passado. Por outra, caso persistam, que
tenham em mente o escamento dos antigos. Combatei-os até
terminar a intriga, e prevalecer totalmente a religião de Deus
Porém, se se retratarem, saibam que Deus bem vê tudo o
quanto fazem" (Alcorão 8.38,39).

“Mas quando os meses sagrados tiverem transcorrido,


matai os idólatras, onde quer que os acheis; capiturai os.
acossai-os e espreita-os; porém, caso se arrependam, obser
vem a oração e paguem o zakat. abri lhes o caminho Sabei
que Deus é Indulgente. Misericordiosíssimo' iAlcorão. 9 5)
73 HERESIAS E MODISMOS

Os termos "infiéis, incrédulos, idólatras" são aplicados aos se­


guidores de outras religiões, os quais devem ser perseguidos, cap­
turados, acossados e espreitados. Oulrossim, os muçulmanos de­
vem, ainda, forçar os infiéis, incrédulos e idólatras a converter-se à
fé islâmica No v. 66 da 104surata, pergunta: "Que pretendem, pois,
aqueles que adoram Ídolos em vez de Deus?" No v. 68, o Alcorão
responde. "Dizem: Deus teve um filho". É claro que se trata de uma
referência aos cristãos.
Já vimos, acima, quando falamos sobre a doutrina de Deus. que
o Alcorão afirma que atribuir parceiros a Deus é pecado sem perdão
(Alcorão 4.48, 116; 5.72). Nós somos acusados, pelo Alcorão, de
atribuir parceiros a Deus: Jesus e Maria (Alcorão 5 7 2 ).
Alá instituiu como estilo de vida que os idólatras deveriam ser
espiados, espreitados e mortos, se não se converterem ao islamismo.
Todavia, vimos, acima, que a definição de islam. segundo suas au­
toridades, significa "submissão voluntária...". Há discrepância entre
o que eles pregam e vivem e o Alcorão.
O verdadeiro Deus, o Deus Jeová de Israel, diz: "Não por força,
nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exérci­
tos" (Zc 4.6). O Senhor Jesus ensinou-nos: "Bem-aventurados os
pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus" (Mt 5.9).
Deus não obriga ninguém a servi-lo, porém, cada um prestará con­
ta a Ele um dia (Bc 12.14; Ap 20.11-15).

8. O paraíso de Alá. O céu oferecido no Alcorão é sensual e


ofensivo aos cristãos. O paraíso de Alá é descrito no Alcorão como
um lugar com rios, árvores frutíferas e mulheres (Alcorão, 4.57;
47.15). Essa idéia veio do zoroastrismo, antiga religião dos persas.
Acredita-se que quando o muçulmano morre na Jihad, "guerra san­
ta", vai, imediatamenle, para o paraíso, no entanto, os demais, só
no dia do juizo.
OISLAMISMO 73

A Biblia ensina que no céu não se casa e nem dá-se em casa­


mento, pois serão semelhantes aos anjos:

"E, respondendo Jesus, disse-lhes: Os filhos deste mundo


casam-se e dão-se em casamento, mas os queforem havidos
por dignos de alcançar o mundo vindouro e a ressurreição dos
mortos nem hão de casar, nem ser dados em casamento: por­
quejá não podem mais moirer, pois são iguais aos anjos e são
filhos de Deus, sendofilhos da ressurreição" (Lc 20.34 36).

O céu dos cristãos, oferecido na Biblia, está além da nossa com­


preensão ( I Co 2.9). Encontramos alguns vislumbres dele nos capí­
tulos 21 e 22 do livro de Apocalipse.

V. A QUESTÃO DA POLIGAMIA

1. Avaliação bíblica. O termo vem de duas palavras gregas noÀúç


(polys), "muito ",’5 e de yápoç (gamos) "casamento"’“ Diz respeito às
comunidades que adotam mais de uma mulher para cada homem,
como nos tempos do Antigo Testamento, e, ainda hoje. nos países
islâmicos. No antigo oriente, isso era mais uma ostentação de poder
O plano divino original para o casamento foi a monogamia. O
termo vem do vocábulo grego povóç (monos), "só. único, solitário" •
O termo refere-se às sociedades que estabelecem o principio de uma
mulher para cada homem. Ê o principio divino estabelecido em
Gênesis 2.24, posto em prática pelo cristianismo e que tem intluen
ciado as nações, nesses vinte séculos da era cristã
Deus fez só uma mulher para Adão e não um harém (Gn 2 22). O
texto sagrado, mais adiante, afirma: "apegar-se-á à sua mulher" (Gn
2.24) e não "às suas mulheres". A poligamia foi introduzida pelo
pecado (Gn 4 19).
74 HERESIAS E MODISMOS

Essa prática era permitida, mas não era usual entre o povo. Era
comum entre os senhores proprietários de terra, entre reis e prínci­
pes, pois fazia parte de seus negócios - um sistema que trouxe com­
plicações e infelicidade para as mulheres, ao longo da história anti­
ga. A palavra hebraica para "segunda esposa" é rn s (tsarâh).
"importunador. esposa riv a l",v e ja I Samuel 1.6. Ciúme, inveja, in­
justiças. disputas e ódio sempre caracterizaram a poligamia.
A poligamia nunca foi mandamento da lei de Moisés, mas está
implícito em três ocasiões ( êx 2 1 9 ,10; Dt 2 1 .15) e na lei do levira-
to, pois a lei não prescrevia se o cunhado deveria ser solteiro (Dt
25.S). Jacó, Gideão, Elcana, Davi, Salomão e outros foram políga-
mos. A lei amparava-os. O caso de Salomão era mais em conse­
quência das alianças políticas. Ele tinha 700 mulheres e 300 con­
cubinas (1 Rs 1 1 . 1 - 3 ).
O Novo Testamento condena a prática da poligamia, pois ensi­
na: "marido de uma só mulher" (U m 3.2). Embora o apóstolo apli­
que as normas do capítulo três dessa epístola aos presbíteros e
diáconos, a lei aplica-se aos cristãos em geral. Essa recomendação
não aprova a poligamia para os cristãos em geral, embora houves­
se, no começo do cristianismo, muitas famílias polígamas, oriundas
tanto dos judeus como dos gentios. Eram situações que não podiam
ser facilmente resolvidas. Essas pessoas abraçaram o evangelho de
Jesus, nasceram de novo. o que deveriam fazer com suas mulheres
e filhos? Muitos ficaram assim, nessa condição, mas não podiam
exercer o presbiterato nem o diaconato.
Esse ensino monogâmico está presente na teologia de Jesus, ao
reivindicar Gn 2.24, em Mt 19.4-6, e, de maneira explícita, no após­
tolo Paulo:

“Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua pró­


pria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido" (l Co 7.2).
OISLAMISMO 76

Essa passagem proíbe a poligamia e a poliandria (a mulher pos­


suir mais de um marido). Os povos civilizados abandonaram as prá­
ticas poligamas há muito tempo. O cristianismo restaurou esse prin­
cipio. A poligamia é adultério:

"E ele lhes disse: Qualquer que deixar a sua mulher e ca­
sar com outra adultera contra ela. E, se a mulher deixar a seu
marido e casar com outro, adultera"(Mc lo. / /, I2>.

2. Uma prática islâmica. Depois que Maomé ficou viúvo, em


619, ele casou-se várias vezes e teve harém. Isso muita gente es­
conde, tanto muçulmanos como os que são pagos para fazerem
propagandas positivas do islão. O Livro das Religiões, que tem (oslein
Gaarder, escritor norueguês, de formação luterana e autor do best
seller O Mundo de Sofia, como co-autor, diz: "Maomé nunca teve
outra esposa".49Paulo Eduardo Oliveira, que adotou o nome Mustafa
Ibn Khaleb, quando se converteu ao islamismo, diz que Maomé:"...
não possuiu outra esposa enquanto sua primeira mulher viveu De­
pois casou-se duas vezes ".50
Ambas declarações são lacônicas e tendenciosas e não dizem a
verdade sobre os fatos. Se na sua cultura a poligamia é algo natural,
e isso não diminui em nada a posição de Maomé como profeta de­
les e para eles, por que apresentam os fatos com sutilezas escon­
dendo algo? A Bíblia relata que Davi e Salomão tiveram várias mu­
lheres e haréns. Registra os fatos como eles aconteceram, até mes­
mo, as fraquezas de seus principais heróis, pois a Palavra de Deus é
a verdade (Jo 17.17). isso mostra que os líderes islâmicos têm cons­
ciência da inadequação social de sua religião, aqui. no Ocidente
O cristianismo não tem nada para esconder da humanidade )e-
sus disse que quem pratica o mal, procura as Irevas para esconder
suas obras:
76 HERESIAS E M ODISM OS

“Porque lodo aquele que fa z o mal aborrece a luz e não


vem para a luz para que as suas obras nâo sejam reprova­
das. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de
que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em
Deus" (jo 3 20, 21).

Os "marqueteiros" do islamismo usam o mesmo modus operandi


das seitas para atrair adeptos. Com isso, os líderes muçulmanos estão
admitindo a existência de algo errado na religião deles que os po­
vos ocidentais não devem saber.
Ali Dashti apresentou uma lista dos nomes das 22 mulheres de
Maomé. Sendo 16 delas esposas, duas escravas e as "quatro não
eram nem esposas e nem concubinas, mas m ulheres m uçulmanas
devotas que se entregaram p a ra ... de M aom é ".41 O A lcorão permi­
te o muçulmano desposar até quatro mulheres (Alcorão. 4.3), mas
ele, como Joseph Smith Jr., fundador do mormonismo, reivindica­
va privilégios.
Fernando Saraví afirma que depois da morte de Khadidja:

"Maomé desposou outra viúva, Sanda. Seu terceiro casa­


mento, já em Medina, favoreceu a bela e possessiva Aixa, na
época com 10 (dez) anos de idade efilha de seu grande ami­
go, Abu Bakr. Seguiram Hafza, filha de Ornar, Seneib, mulher
divorciada de seu filho adotivo Zaid; Juatyia, prisioneira de
guerra; as viúvas Um Selma e Um Habiba; as judias Rihana e
Zaftya; a jovem escrava cristã etíope Maryam; e sua sobrinha
Maimuna, defilha de Abbas

Maomé fez, também, seu filho adotivo, Zaid, divorciar-se de sua


esposa Zainab para casar-se com ela, justificando que era manda­
mento de Alá (Alcorão, 33.37)
0 ISLAMISMO 77

CONCLUSÃO

Os muçulmanos são tementes a Deus e procuram fazer a sua


vontade, porém suas crenças e práticas estão alicerçadas em bases
falsas. As autoridades religiosas negam a eles o direito de escolher
a religião e de examinar a verdade divina. É possível que o cristão
fique perplexo diante do exposto, aqui, sobre a fé islâmica, lodavia,
os fatos não devem ser usados para debates com os muçulmanos
Não devemos citar para eles o Alcorão e nem falar das aberrações
de Maomé. Eles não gostam que estranhos se Inteirem do Alcorão
Se não puder falar bem dele, de suas qualidades, é melhor ficar
em silêncio.
Precisamos conhecer esses pontos para que lodos conheçam os
absurdos, e, dessa forma, fortalecer a fé dos cristãos Isso ajuda nos
a não cair no laço deles. No trabalho de evangelização com os mu
çulmanos, pois muitos deles estão entre nós. em nossa cidade, de
vemos falar de Jesus, pois não precisam de Maomé, mas conhecer o
verdadeiro Jesus para sua salvação: "Crê no Senhor Jesus Cristo c
serás salvo, tu e a tua casa" (At 16.31).

Notas
1GIORDANI. Mário Curtis HlStóna d o M un do Arahe. pp 40. 41
' Ibidem, pp. 49.60
* Ibidem, pp 53-60
* ibidem. pp pp 105-11 j
- O Islão em Foco. p 26
1MOREY. Robert A Í4> Inw siôn IsUiniuu. p v»
1 The InltmüikHUilstandard fíthle Ei h v* Ay*uo/w. p JtH
* DKüonaiy of Islam. p 2S<>
•Dictionary of Islam, p 403
,uH im , Philip K Islam A W à y ofl.ife p io
" GIORDANI, M ánoC urU » Of) at p t>7
78 HERESIAS E M ODISM OS

12 DASHTI. All. 22 Years A Study o f the Prophetic Career o f Moham m ed, p. 40. Citado por Robert A
M orey in: La Invasion islâmica, p 94
° DASHTI. All. Op. dt.. p. SO.
M JEFFREY. Arthur. The Foreign Vocabulary o f the Quran. No 79. Citado por Robert A. Morey,
O p Of., pp. 103,104
15 GIBB, H. e K R A M ER S.J A Shorter Encyclopedia o f Islam , pp. 278-282. Citado por Robert A.
Morey. Op. G L, p. 104
M A C U N T O C K , John and STRONG. James. Cyclopedia o f Biblical, Theological, and Ecclesiastical
Literature. V. p 152 Citado por Robert A. Morey, O p Gt.. p. 104.
17 G U ILLAUM E, Alfred. Islam , p. 169 Citado por Robert A. Morey, Op. G L. pp 103.104.
'* BURTON. John. The Collections o f the Quran, p 231. Citado por Robert A. Morey. Op. or., pp.
103,104.
'• DASHTI. Ali Op. a t . - 90
9 MCCURRY, Don. Esperança Para os M uçulm anos, p. 69.
21 A BD U L-H A Q Q , A. Akbar Haring Your Faith With a M uslim , p. 38.
u BACH ELARD. Gaston. O Novo Espirito Gentiftco. p. 147
9 M ELLA , Federico A. Arborio. O Egito dos Faraós, p. 181
24 HARRIS, R- Laird; A R C H ER JR.. Gleason L ; W ALTKE. Bruce K. D icionário Internacional de
Teologia do Antigo Testamento, p.47.
25 Ibidem, p. 48.
9 HOUSTMA, Arnold; BASSET. Hartman. Encyclopedia o f Islam , I. p. 643.
v Encyclopedia o f Islam. (Ed. Gibb), I, 406.
9 MOREY, Robert A. La Invasiôn Islâm ica, pp 57-59.
20 LEWIS, Menage; PELLAT. Schacht Encyclopedia o f Islam . Ill, 1093.
" MOREY. Robert A Op d l . pp 53-57.
21 TOSTES. Silas. O Islam ism o e a Trindade, p. 62.
22 SARAVl. Fernando. Jesucristo o M ahom a - Un A nálisis Cristiano del Islam , p 18.
u TOSTES, Silas. O Islam ism o e a Cruz de Cristo, p. 63.
24 TOSTES. Silas. Op. CiL. 59.
9 JOSEFO. Flávio. História dos hebreus. Antiguidades Judaicas 16.4.772, edição da CPAD.
9 Tradição rabinica que fícou fora do Talmude. O que importa aqui é a antiguidade d o
documento.
J> Sandhednn 43a Talmud Babilónico.
9 Anales X V 4 4 .2.3
9 Luciano. The Death o f Peregrine I I . Citado por Josh M cDow ell in: Ele A ndou Entre N ós. p. 6 0
* T R IM IN G H A M . j Spencer Chnstianity Am ong the Arabs in Pré-Islam ic Times, pp 2 9 6 - 3 0 1 .
*’ Dictionary o f Islam , p 699.
« BLAIR, John C. The Sources o f Islam , p. 145.
° Dictionary o f Islam, p. 243
M Ibidem, p 243.
41 Balz & Schneider, vol. ll, p. 1.064.
44 Ibidem, vol. I, p.715.
47 Ibidem,, vol. II, p. 324.
« HARRIS, R. Laird, ARCHER JR., Gleason L; WALTKE, Bruce K. Op. cit.. p. 1.310.
** HELLERN, victor; NOTAKER, Henry; G A A R D E R , Josleln, O Livro das Religiões, p. l l 9
w O L IV EIR A , Paulo Eduardo. Para Com preender o Isiõ e o s M uçulm anos, p. 10.
M M O R EY . Robert A O p a t . p. 76.
“ SA R A V l. Fernando, jesucristo o M ahom a u n A nálisis Cristiano del Islam , pp. 17. 16
0 MORMONISMO

CAPÍTULO 3

O MORMONISMO
=2^

Òanhecído pelo nome Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últi­
mos Dias. o mormonismo considera-se como a única igreja ver
dadèirado planeta, o legítimo representante dos apóstolos. Suas
crenças e práticas destoam de todos os ramos do cristianismo e
das Escrituras Sagradas.
James E. Talmage. proeminente líder mórmon, afirma, em seu
livro A Grande Apostasia, o seguinte:"A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias declara-se, pelo seu nome, distin
ta da Igreja Primitiva estabelecida por Cristo e seus apóstolos "'
Na primeira página do Livro de Mórmon, está a seguinte decla
ração: “Um Outro Testamento de Jesus Cristo“.
As próprias declarações oficiais confessam tratar-se de cristia
nismo estranho ao revelado no Novo Testamento A estrutura
doutrinária do mormonismo está calcada em lendas e mitos
pagãos, suas crenças epráticas identificam-no com o paganis­
mo e o ocultismo.
•O HERESIAS E MODISMOS

I. ORIGEM E ORGANIZAÇÃO

1. Histórico. Foi fundado por Joseph Smíth Jr., juntamente com


mais cinco companheiros, em 6 de junho de 1830, em Fayette, no
estado de Nova Iorque, EUA Sua história, conforme relatos de seus
próprios fundadores e líderes, deixa exposta a falta de idoneidade e
de credibilidade por causa de suas contradições e mitos.
joseph Smith Jr. veio de uma família mística, obcecada pela caça
de tesouros escondidos. Segundo a revista Historical Magazine, o juiz
Daniel Woodard, da comarca de Windsor, Vermont, EUA, afirma que
seu pai, Joe Smith, como era conhecido pela população de Palmyra,
Nova Iorque, era caçador de tesouros e envolveu-se com fabricação
de dinheiro falso.2 Era o quarto filho do casal Joe e Lucy Smith. Nas­
ceu em 23 de dezembro de 1805, em Sharon, estado de Vermont. Em
18 16, sua família transferiu-se para o estado de Nova Iorque.
A versão oficial do mormonismo é que no início da primavera de
1820, aos 14 anos de idade, muito preocupado por causa de "uma
agitação anormal sobre questões religiosas", de maneira generali­
zada envolvendo todas as "seitas", aí, menciona, nominalmente, os
metodistas, presbiterianos e batistas (Pérola de Grande Valor— PGV,
Joseph Smith 2 5) Por essa razão, queria saber qual a verdadeira
igreja. Meditando em Tiago 1.15, como obter sabedoria, relata que
estava orando, pedindo a Deus orientação sobre essa questão quan­
do teve uma visão: num bosque, eram o Pai e seu Filho Jesus Cristo,
ocasião em que teria lhe perguntado qual a religião verdadeira e a
qual delas devia filiar-se. A resposta dos supostos personagens se­
ria que todas as igrejas haviam se apostatado e seus credos eram
uma abominação (PGV, Joseph Smith 2. 10, I I , 15-20).
Mais adiante, continua no seu relato, em 1823, aos 17 anos de
idade, recebeu a visita de um estranho anjo chamado Morôni, que
lhe teria revelado a existência de um livro, escrito em placas de ouro,
OMORMONISMO SI

no monte Cumorra, nas proximidades de Palmyra, versão que tenta


explicar a origem do Livro de Mórmon. Morôni teria retornado qua­
tro anos mais tarde, no aniversário de sua primeira aparição, em 22
de setembro de 1827, data em que alega ter recebido as placas de
ouro, escritas em egípcio reformado, as quais Joseph Smith Jr teria
traduzido para o inglês, pelo poder de urím e tumim (PGV, joseph
Smith 2.29-46, 59, 62).
Em maio de 1829, alega ter recebido, juntamente com Oliver
Cowdery, outra visão. João Batista apareceu numa nuvem, impondo
sobre eles as mãos, conferindo-lhes o sacerdócio de Arão Depois,
os dois batizaram-se, um ao outro, e um ao outro ordenaram-se
Alguns dias depois, 15 de maio do mesmo ano, teriam recebido de
Pedro, Tiago e João o sacerdócio de Melquisedeque e autoridade
para imposição de mãos, transmitindo o dom do Espirito Santo (PGV,
Joseph Smith 2.66-75).
Em 1844, em Nauvoo, estado de Illinois, Joseph Smith Jr lançou
a sua candidatura para presidente dos Estados Unidos. Nessa épo­
ca, William Law e outros dissidentes do mormonismo fundam o
periódico The Nauvoo Exposito, cuja primeira e única edição foi
lançada em 7 de junho de 1844, pois Joseph Smith Jr. mandou des­
truir a imprensa e o escritório do referido periódico. Em razão disso,
o governador mandou-o para a cadeia .3 Ainda no mesmo ano. 27
de junho, foi preso novamente em Carlhage, no mesmo estado, desta
vez, foi acusado de traição. Uma turba enfurecida atacou a cadeia,
e, nesse motim, morreram Joseph Smith Jr. e seu irmão Hyrum Isso
levou os mórmons a considerá-lo herói e mártir (D&C 135 6). Até
onde se sabe, mártir não morre empunhando arm as 4
Depois da morte de Joseph Smith Jr. começa a controvérsia pela
sua sucessão. Brigham Young assume a liderança do grupo A viuva
do falecido, Emma Smith, nunca reconheceu a autoridade de
Brigham Young. Surgiram vários grupos dissidentes com essa mor
82 HERESIAS E MODISMOS

te. Um deles é a Igreja Reorganizada, sendo /oseph Smith lll, filho


de Joseph Smith Jr., o apóstolo dessa Igreja, considerada apóstata
pelo grupo de Brigham Young, que, em 1847, transferiu-se de Nauvoo
para Salt Lake City, no estado de Utah. Desde essa data, é a sede
mundial do mormonismo.
Segundo informação do almanaque da Igreja Mórmon, o mormo­
nismo começou, no Brasil, com a chegada de uma família alemã em
1923, mas o primeiro batismo só aconteceu em 14 de abril de 1929,
e o primeiro local de reunião, em Joinville, SC, em 25 de outubro de
1931 O ensino dele era ministrado em alemão até que apareceu o
Livro de Mórmon, em português, em 1938.

2. Estrutura organizacional. A presidência é a autoridade máxi­


ma do mormonismo, constituída de seu profeta e de seus dois secretá­
rios ou conselheiros, assessorada pelo Quorum dos Doze Apóstolos,
imediatamente abaixo da primeira presidência. O presidente do Quorum
dos Doze Apóstolos sucede o profeta, na sua morte. Em seguida, na
ordem hierárquica, vem o Primeiro Quorum dos Setenta, depois, o
Segundo Quorum dos Setenta, seguida da Presidência e do Bispado.
O templo mórmon é para cerimônias especiais, como batismo pelos
mortos e casamento para a eternidade. Existem quatro templos no
Brasil: São Paulo, Campinas, Porto Alegre e Recife. Ala ou capela é o
agrupamento de quinhentas a mil pessoas, presidida por um bispo e
dois conselheiros. Estaca é um agrupamento de alas, supervisiona­
das por um presidente, dois conselheiros, auxiliados por um grupo de
doze sumo-sacerdotes, que são o alto concílio da estaca.

II. AVALIAÇÃO CRÍTICA

1. Contradições. A primeira visão de Joseph Smith ocupa posi­


ção de grande importância na fé mórmon. O historiador mórmon,
0 MORMONISMO U

James B. Allen, afirma que "sua importância é superada somente


pela crença na deidade de Jesus de Nazaré "5Declarou, ainda, David
O. Mckay, 9o. presidente da Igreja Mórmon: "A aparição do Pai e do
Filho a Joseph Smith é o fundamento da igreja"6Joseph Fielding
Smith, seu 10o. presidente afirmou:

"O maior acontecimento que jamais ocorreu no mundo


desde a ressurreição do Filho de Deus... foi a vinda do Pai e
do Filho aquele jovem, Joseph Smith“/

O 13°. presidente do mormonismo, Ezra Taft Benson, declarou:

“Esta gloriosa visão de Deus. o Pai e de seu Filho. Jesus


Cristo... é o maior acontecimento ocorrido neste mundo des­
de a ressurreição de nosso Senhor" ’

Outra autoridade deles, John Widtsoe alegou:

“A primeira visão, de 1820, é de importância vital à histó­


ria de Joseph Smith. Sobre sua realidade descansam a verda
de e o valor de seu trabalho subsequente".9

Tendo em vista a seriedade e a importância da visão de 1820, no


entanto, a tal visão só veio â tona em 1842. Há, na verdade, dois
relatos contraditórios na literatura mórmon sobre a suposta revela­
ção de Joseph Smith Jr. A idéia de duas visões, uma em 1820 e outra
em 1823, foi forjada posteriormente. Até 1842, ninguém conhecia a
visão de 1820. Durante 22 anos, os relatos mórmons registravam a
visão de 1823, como a primeira revelação. Isso ainda nào é tudo.
pois há, ainda, contradições em cada uma delas
Jerald e Sandra Tanner, pesquisadores ex-niómons, convertidos
M HERESIAS E MODISMOS

à fé cristã, afirmam haver duas versões, além da versão oficial, da


primeira visão 10 Um periódico do próprio mormonismo, Deserel
News, edição de 29 de maio de 1852, cujo fac-símile foi publicado
por Jerald e Sandra Tanner, p. 149, traz uma citação de Joseph Smith
Jr., que diz: "Recebi a primeira visitação dos anjos quando tinha cer­
ca de 14 anos de idade". A versão oficial, no entanto, afirma que os
personagens foram o Pai e o Filho.
Orson Pratt diz que Deus enviou um anjo a Joseph Smith Jr. antes
"de este jovem ter 15 anos de idade ".11 O terceiro presidente, John
Taylor. declarou: "Lemos que um anjo desceu do céu e revelou-se a
Joseph Smith e manifestou-lhe, em visão, a verdadeira posição do
mundo do ponto de vista religioso".12 Times <fi Seasons, edição de
1842, vol. 3, p 753, literatura oficial deles, afirma ser Nefi o anjo que
lhe teria aparecido, e não Morôni. A edição de 1851 de PCV, p. 41,
também registra Nefi e não Morôni.
Esse breve relato contraditório deles mostra que nem Joseph
Smith Jr. e nem os líderes que o sucederam estão de acordo nos
seus relatos sobre o fundamento da Igreja Mórmon. Erros de idade,
de data e de conteúdo que provam sua inconsistência e compro­
metem seriamente a idoneidade e a credibilidade do mormonismo.
Se tais visões são autênticas, parece que Joseph Smith Jr. não levou
isso a sério, pois foi condenado, em 1826, em Bainbridge, por práti­
ca de crislalomancia, magia negra e adivinhação. Jerald e Sandra
Tanner publicaram ofac-simile desse documento .13 Em 1828, procu­
rou filiar-se à Igreja Metodista, mas sua filiação foi recusada pela
Igreja, em razão do seu envolvimento com práticas ocultistas .14Como
procurou uma igreja evangélica, visto que ele mesmo declarou que
todas as igrejas apostataram-se?
Os mórmons ainda não definiram quem são os personagens da
suposta visão de Joseph Smith, se Nefi ou Morôni, ou o Pai e o Filho.
Depois que seus líderes entrarem num acordo, aí, poderemos fazer
O MORMONISMO ••

uma avaliação mais completa. A luz da Biblla, podemos afirmar que


o relato deles não resiste ao teste biblico. Os personagens Môroni e
Nefi não existem na Biblia. A única aparição bíblica de quem já
morreu foi só a de Moisés, no monte da Transfiguração (Ml 17.3). A
suposta aparição do Pai e do Filho contradiz o ensino bíblico, pois
homem algum jamais viu a Deus:

"E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto


homem nenhum verá a minha face e viverá" ( ê x 33.20).

"Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigénito, que


está no seio do Pai, este o fez conhecer' (lo 1.13).

"Aquele que tem, ele só, a imortalidade c habita na luz


inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver;
ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém!"(l Tm 6 16)

A maioria dos fundadores de religiões e seilas (em por hábito


difundir a idéia de que o cristianismo apostatou-se, isso o faz para
persuadir suas vítimas de estarem vivendo um novo começo Excm
pios mais comuns são os das testemunhas de jeová, dos advcnlislas
do sétimo dia, da Igreja da Unificação do Reverendo Moon Todos
eles pregam que o cristianismo se desviou e, agora, estão pregando
o verdadeiro cristianismo, o que acontece, porém, é que eles sào os
que se apostataram, e a prova está na própria teologia deles Suas
crenças e práticas testificam contra eles mesmos A declaração de
James E. Talmage, citada acima, diz tudo: que o seu cristianismo
não é o mesmo de Jesus Cristo e de seus apóstolos do primeiro sé
culo da era Cristã.
O Senhor Jesus prometeu estar com os seus até o fim da jornada
da igreja:
86 HERESIAS E M ODISM OS

"e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consu­


mação dos séculos" (Ml 28.20).

A igreja recebeu promessa de sua preservação até à vinda de Jesus:

"E Simão Pedro, respondendo, disse: TU és o Cristo, o Fi­


lho do Deus vivo. EJesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aven­
turado és tu, Simão Barjonas, porque não foi came e sangue
quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Pois tam­
bém eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a
minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra
ela" (Ml 16.16-18).

"A esseglória na igreja, porJesus Cristo, em todas as gera­


ções, para todo o sempre. Amém!" (Ef 3.21).

2. A agitação religiosa. A agitação anormal e generalizada en­


volvendo todas a igrejas da região em 1820, ainda não pode ser
confirmada. Descreve o texto:

Todo o distrito parecia afetado por ela, e grandes multidões


se uniam de diferentes partidos religiosos" (Joseph Smith 2. S).

Um relato desse, sendo verdadeiro, é verificável facilmente,


ainda mais naquela mesma época, entretanto, não consta dos
registros dessas igrejas. Historiadores e pesquisadores fizeram
busca meticulosa nos registros da época e nada encontraram so­
bre a tal agitação. "Wesley Walters examinou todas as crônicas
disponíveis naquela região, buscando informação sobre tal acon­
tecimento. Descobriu que não há menção alguma de tal agitação
ali em 1820".15
O MORMONISMO 07

3 .0 sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. A hierar­


quia sacerdotal do Antigo Testamento, desde Moisés, consistia no sumo
sacerdote, nos sacerdotes ordinários e nos levitas. O sumo sacerdote
foi constituído para oficiar como mediador entre Deus e o homem,
para que o homem pudesse experimentar o perdão, a purificação e a
reconciliação com Deus. Esse sistema é chamado na epistola aos
hebreus como sacerdócio levítico, ou segundo a ordem de Arão:

"De sorte que, se a perfeiçãofosse pelo sacerdócio levítico


(porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia
logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem
de Melquisedeque, e nãofosse chamado segundo a ordem de
Arão?" (Hb 7.11).

O Novo Testamento apresenta Jesus como fundador do novo


pacto, o Sumo Sacerdote que substituiu o sacerdócio arônico ante­
rior. O Senhor Jesus é, portanto, o Mediador e Intercessor em favor
do pecador diante de Deus Pai, pois ofereceu-se a si mesmo uma só
vez pelos nossos pecados:

"Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente,


quanto é mediador de um melhor concerto, que está confir­
mado em melhores promessas" (Hb 86).

"Que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de ofe­


recer cada dia sacrifícios, primeiramente, por seus próprios
pecados e, depois, pelos do povo: porque isso té/ ele. uma
vez, oferecendo-se a si mesmo" (Hb 7.27)

Ele é o sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 7.21 22)


Mais adiante, o v. 24 registra: "mas este, porque permanece eterna
•• HERESIAS E MODISMOS

menle, tem um sacerdócio perpétuo". A palavra grega para "perpé­


tuo", nesse versículo, é àirapápatoç (aparábatos), "imutável, impe­
recível"'6e só aparece aqui, em todo o Novo Testamento grego, cujo
sentido é: "imutável, inalterável, intransmissivel, intransferível".'’
A. T. Robertson explica: "Deus pôs a Cristo neste sacerdócio, e nin­
guém mais pode introduzi-se nele ".I.11
Hoje, os mórmons reivindicam o sacerdócio de Arão e de
Melquisedeque, tendo como ponto de partida as supostas revelações
de Joseph Smith Jr. A Bíblia, porém, afirma ter sido removido o sacer­
dócio de Arâo (Hb 7.7-13), e o de Melquisedeque pertence exclusiva­
mente a Cristo (Hb 7.24). Nisso revela-se o seu disparate doutrinário.

III. FONTE DE AUTORIDADE

Os três principais livros, considerados divinamente inspirados,


são o Livro de Mórmon, Doutrina e Convênios e Pérola de Grande Va­
lor. As obras oficiais são: Journal o/Discourses (26 tomos das men­
sagens das autoridades gerais do mormonismo), Historyofthe Church,
além de inúmeras outras obras. Seu periódico atual é revista Liahona.

I . Doutrina e Convênios (D&C). Foi publicado pela primeira vez,


na forma em que se encontra atualmente, em 1876, e traduzido para
o português em 1950. Em 1833, Joseph Smith Jr. publicou a primeira
edição, intitulado Livro dos Mandamentos, que na época constava
apenas de partes do que é hoje. Recebeu mais acréscimos, na edição
de 1835, quando o título foi mudado para Doutrina e Convênios.
Consiste em 136 seções, dividida em versículos cada uma delas.
São as "revelações” de Joseph Smith Jr., que tratam da doutrina de
Deus, da igreja, do sacerdócio, da ressurreição, do homem após a
morte e diferentes níveis de salvação, batismo pelos mortos (seções
124, 127 e 128), matrimônio celestial (seção 132.19, 20), poligamia
O MORMONISMO *9

(seção 132.61, 62). Há contradições com outras obras do mormo-


nismo e com relação à Biblia.

2. Pérola de G rande Valor. Foi publicado em 1902 por James E.


Talmage e traduzido para o português em 1952. É o agrupamento
dos livros: Moisés, Abraão, Joseph Smith Jr. e as Regras de Fé. As
primeiras edições registravam que, em 1823, o estranho anjo Morôni
apareceu a Joseph Smith. As edições seguintes afirmavam que Nefi
teria aparecido na visão, outro personagem do Livro de Mórmon
Depois, corrigiram isso, voltando Morôni para o texto
O mormonismo afirma que Joseph Smith Jr. fez uma tradução
milagrosa de um papiro do Egito, dando origem ao Livro de Abraão.
Tradução feita do hieroglífico para o inglês foi a fraude que mais
causou impacto. O fac-símile no. I é bom exemplo. Aparece, na in­
trodução, uma gravura com a seguinte interpretação: Sacerdote de
Elkenah oferecendo Abraão em sacrillcio, os quatro jarros são deu
ses egipeios, e o pássaro, o anjo do Senhor.
Em 1967, foi encontrado o manuscrito. Os próprios mórmons ad­
mitiram ser o manuscrito do livro de Abraão. O bispo mórmon, F. S
Spalding, enviou cópias para diversas universidades do mundo, para
ser decifrada por conceituados peritos, de reputação mundial, na área
de escrita hieroglífica do Egito. Oxford, Londres. Berlim, Munique,
Pennsylvania e Museu Metropolitano de Arte de Nova Iorque Todos
os eruditos, depois das análises, concluiram que o fac símile é
embalsamamento e que a tradução de Joseph Smilh Jr é falsa
Esse fato teve repercussão no mormonismo O egipiólogn
mórmon, professor Dee Jay Nelson, examinou esses papiros e viu
o absurdo de 1.125 palavras para cada 46 caracteres Ficou
estarrecido, deixou o mormonismo e escreveu uma cana para o
presidente da instituição explicando a razão desse desligamenio
Disse em outra carta
90 HERESIAS E MODISMOS

"O mundo cientifico acha que o Livro de Abraão é um in­


sulto à inteligência".19

O que aconteceu de fato é que ele comprou algumas múmias egíp­


cias e alguns rolos de papiros de Michel H. Chandler, em 1835.20 Mes­
mo assim, o texto continua entre os escritos sagrados do mormonismo.

IV. O LIVRO DE MÓRMON

I. Origem e avaliação critica. Joseph Smith Jr. afirma que, em


setembro de 1827, recebeu as placas de ouro, Urim e TUmim, e o
peitoral, cuja tradução resultou no Livra de Mórmon (PCV, Joseph
Smith 2.59). Daí, vem o seguinte relato:

"Mediante esta ajuda tào oportuna, pude chegar ao lugar


de meu destino em Pennsylvania e, imediatamente após a
minha chegada, comecei a copiar os caracteres das placas.
Copiei um número considerável deles e por meio de Urim e
TUmim traduzi alguns, o quefiz, entre o tempo em que che­
guei à casa do pai de minha esposa, no mês defevereiro se­
guinte. Neste mesmo mês de fevereiro, o já mencionado sr.
Martin Harris veio à nossa casa, tomou os caracteres que eu
tinha tirado das placas e partiu com eles para a cidade de
Nova Iorque. Quanto ao que aconteceu com respeito a ele e
aos caracteres, quero referir-me a seu próprio relato das cir­
cunstâncias, como ele me contou, e que é o seguinte■'Fui à
cidade de Nova Iorque e apresentei os caracteres que tinham
sido traduzidos, assim como sua tradução, ao professor
Charles Anthon, cavalheiro célebre pelos seus conhecimen­
tos literários. O professor Anthon declarou que a tradução
estava correta, muito mais que qualquer outra que ele tinha
OMORMONISMO 91

visto antes traduzida do egípcio. Então mostrei-lhe aqueles


que ainda não haviam sido traduzidos e me disse que eram
egípcios, caldeus, assírios e arábicos; e disse que eram
caracteres verdadeiros. Ele me deu um certificado, atestando
ao povo de Palmyra que eram caracteres verdadeiros, e que a
tradução dos que tinham sido traduzidos estava também cor­
reta. Peguei o certificado e o coloquei em meu bolso, e estava
debcando a casa quando o sr. Anthon me chamou e me per­
guntou como soubera o jovem, que havia as placas de ouro
no lugar onde ele as encontrara. Respondi que um anjo de
Deus lho revelara'" (PGV, joseph Smith 2.62-64).

O Livro de Mórmon, por si só, já é um problema, pois possui


erros doutrinários e históricos, há anacronismos, uma série de con­
tradições internas e em relação à outra literatura mórmon. o relato
de Joseph Smith, acima, é falso e não resistiu, até hoje, a exames a
que foi submetido.
Joseph Smith Jr. afirma ter traduzido as placas do egípcio. Por
meio do Livro de Mórmon, somos informados que se trata do egíp­
cio reformado:

"Sim, faço um relato na linguagem de meu. ..que consiste


na sabedoria dos judeuse na linguados egípcios'0 Nefi 1.2)

"Porque não seria possível a nosso pai, Lehi, lembrar-se


de todas estas coisas e ensiná-las a seusfilhos, a não ser que
fosse com o auxílio destas placas; porque, tendo sido instruí­
do no idioma dos egípcios, podia ler estasgravações e ensina
las a seusfilhos, para que eles por sua vez as ensinassem aos
seus, e assim cumprissem o mandamento de Deus, mesmo
até o tempo presente" (Mosiah 1.4).
92 HERESIAS E MODISMOS

“E eis que escrevemos estes anais de acordo com nosso


conhecimento, em caracteres denominados por nós egípcio
reformado; e nosforam transmitidos e alterados por nós se­
gundo nossa maneira defalar" (Mórmon 9.32).

A primeira forma escrita da língua egípcia é a hierógrifa ou


hieroglífica, termo grego iepoyXixtn-Kà Y P < w a x a (hieroglyphika
grammata), "escritura gravada esculpida".21 Heródoto registrou que
"os egípcios utilizam dois tipos de signos, uns que se chamam sagra­
dos e outros populares".22Depois, surgiu a escrita hierática, da direita
para a esquerda, entre 2000 a.C. e 600 a.G , em seguida, apareceu a
escrita demótica ou popular, entre 600 a.C. e SOOd.C. A escrita cóptica,
termo que, possivelmente, seja corruptela grega de Aiguptios.13 escri­
ta em caracteres gregos com a chegada dos cristãos no Egito.
A cronologia dos nefitas está entre 600 a.C. e 4 2 1 a.C . época em
que os hebreus já usavam as 22 consoantes do alfabeto hebraico. A
escrita hieroglífica foi usada, desde 3000 a.C. até 400 d .C . trata-se
de uma linguagem pictórica, cujos signos representam objetos ou
idéias. Durante a história egípcia, essa língua usou seis mil signos
diferentes.24A idéia de um hebreu escrever numa lingua sagrada do
paganismo parece algo muito estranho.
Os egípcios eram inimigos de Israel em 600 a . C . O rei Josias foi
morto numa batalha contra os egípcios por volta de 608 a. C , e
Judá. depois disso, pagou tributo ao Egito (2 Cr 35.20 - 36.4). Desde
que o hebraico era a lingua sagrada, por que um hebreu escreveria
escritos sagrados em egípcio? Jamais foi encontrado entre os hebreus
escritos em língua egípcia. Qualquer que seja o egípcio, pois sua
classificação é posterior, como explicar a presença de caracteres
caldeus, assírios e arábicos?
O Dr. Charles Anlhon, numa carta em 1834, desmentiu essa ver­
são e declarou:
O MORMONISMO 9S

"Toda essa história de que eu teria declarado que a inscrição


dos mórmons estaria em 'hieroglífico reformado' é totalmcnte
falsa. Faz alguns anos que um lavrador simples e aparentemen­
te de coração simples, me chamou com um papel do Dr Milchell,
de nossa cidade, já falecido, solicitando-me que decifrasse, se
possível, um papel, queo lavrador ma daria, equeoDr. Mitchell
havia confessado ser incapaz de entender. Ao examinar o tal
papel, logo cheguei à conclusão de que era uma brincadeira,
talvez uma farsa. Quando lhe perguntei à pessoa que o trouxe e
como havia obtido o escrito, disse-me, até onde posso me lem­
brar, o seguinte relato: Um 'livro de ouro',que contém um certo
número de placas de ouro, unidas em forma de livro... foi de
senterrado no norte do estado de Nova Iorque, c junto com o
livro um enorme par de óculos de ouro!... Ao ouvir essa história
obtusa mudei de opinião sobre o papel, e ao invés de umafarsa
para eivditos, comecei a considerá-lo como pane de um plano
para despojar o lavrador de seu dinheiro, e lhe comuniquei mi
nhas suspeitas, advertindo-lhe contra qualquer donativo. Ele
pediu minha opinião por escrito, o que logo me recusei c então
ele se foi levando consigo o papel. Esse papel, era na verdade,
uma escrita estranha. Consistia em toda a classe de caracteres
tortos, dispostos em colunas, efoi evidentemente preparado por
uma pessoa que ao fazê-lo, tinha diante de si um livro com
vários alfabetos. Letras gregas c hebraicas, enizes c semi circu
los, letras latinas invertidas ou de lado, dispostas em colunas
perpendiculares, e o conjunto culminava numa rústica esptvie
de círculos, dividido em vários compartimentos, coberta de ian
as marcas estranhas, e evidentemente copiado do calcndano
mexicano apresentado porllumboldt. mas copiados de uil modi >
que não pudesse identificar sua origem
Eu estou sendo tão específico quanto ao conteúdo desse
*4 HERESIAS E MOOtSMOS

papel, pois tenho conversadofireqüenlemente com meus ami­


gos sobre o assunto desde que começou a excitação
mormonista, e lembro-me bem que o papel continha qual­
quer coisa, exceto 'hieroglífico egípcio'".15

A carta do Dr. Anthon é poderoso e incontestável documento contra


o relato da origem do livro de Mórmon. Não é só isso, há, porém,
mais uma coisa. Quando se questiona o Livro de Mórmon, eles cos­
tumam citar 2 Corintios 13.1: "Por boca de duas ou três testemunhas,
será confirmada toda palavra", por isso trazem nas primeiras pági­
nas do Livro de Mórmon os nomes de três testemunhas: Oliver
Cowdery, David Whitmer e Martin Harris. Na página seguinte, mais
oito testemunhas, somando 1 1 nomes. O problema é que eles deixa­
ram o mormonismo, exceto três membros da família de Joseph Smith
Jr. As três primeiras testemunhas declararam nunca ter visto essas
placas, mas que seu depoimento foi "pelos olhos da fé" e como vi­
são.26Joseph Smith chamou os três de "demasiadamente maus até
para serem mencionados, e gostaríamos de tê-los esquecidos ".27

2. Conteúdo. O Livro de Mórmon caracteriza-se pela abundante


presença de anacronismos. O Livro pretende ser o registro das supos­
tas civilizações pré-colombianas, que teriam povoado a América, ja­
mais confirmado pela história e pela arqueologia. Essas civilizações
teriam sua origem em duas imigrações para o continente americano.
A primeira seria a imigração dos jareditas, registrada no livro de
Éter, provenientes da região da Torre de Babel, por volta de 22S0
a.C , que muito tempo depois, numa guerra, a nação dos jareditas
desapareceu, e o profeta escreveu sua história em 24 placas.
A segunda seria a nação de Lehi, proveniente de Jerusalém, por
volta de 600 a.C., Jesus, depois de sua ressurreição, teria estado entre
eles na América do Norte, pregado e efetuado batismos. Em 385 a.C.,
O MORMONISMO 9*

houve uma batalha entre lamanitas e nefitas, esses últimos perece­


ram. sobrevivendo apenas Morôni. filho de Mórmon, o último nefita.
Mórmon havia escrito a história de seu povo sobre placas de ouro, e
Morôni escondeu no monte Cumorra, juntamente com outras placas
escritas, por volta de 4 0 1 d. C. Assim, teriam sobrevivido os lamanitas,
seus inimigos implacáveis, estes seriam os antepassados dos índios

3. Anacronismos e plágios. As técnicas metalúrgicas e o uso


de armas metálicas apresentadas nos relatos dessas supostas civili­
zações não existiam na América pré-colombiana. Observe o que
afirma o Livro de Mórmon:

"Levavam sobre o peito de seus arcos ejkchas, suasfundas e


pedras... estando seu povo armado de espadas, dmiterrasetoda
a sorte de arma de guerra... tinham sepreparado com armadu­
ras e com escudos, sim, com escudos"(Alma 3.5:4318.19).

",., armados com armas deguerra, escudos, couraças e capa -


ceies, e vestidos com roupas próprias para a guerra" (Éter IS. 15).

"... c nos tornamos imensamente ricos em ouro. prata e


coisas preciosas, emfinas obras de madeira, em edifeios, em
máquinas e também em ferro e cobre, brome e aço. fabri­
cando toda espécie de ferramentas para cultivar o solo, ar
mas de guerra, sim, a fecha ponteaguda, a aljava, o dardo, n
chuço e todos os instrumentos de guerra" darom 18)

"E ensinei meu povo a construir edifeios r a trabalhar


em toda espécie de madeira, ferro, latão, cobre. aço. ouro.
prata e metais preciosos, que existiam em grande abunddn
cia" (2 Neft 5 .15).
M HERESIAS E MODISMOS

Na agropecuária, o Livro de Mórmon apresenta o mesmo pro­


blema insuperável:

"E tinham toda espécie defrutos, cereais, sedas, linhofino,


ouro, prata e coisaspreciosas. E também toda a sorte de gado,
bois, vacas, carneiros, porcos e cabras, como ainda muitas
outras de animais úteis à alimentação do homem. Tinham
também cavalos e burros, e havia elefantes, curelons e
cumons, todos úteis ao homem, especialmente os elefantes,
cureons e cumons" (Éter 9.17-19).

O Livro de Mórmon menciona cidades e construções, como tem­


plos e sinagogas. Menciona por nome as cidades de Nehor e Ablon
(Éter 7.9; 9.3). Apresenta os reis Coriantum e Morianton como cons­
trutores de cidades.

"E aconteceu que Coriantum andou nos caminhos de seu


pai; construiu muitas cidades poderosas e administrou o que
era bom a seu povo durante todos os seus dias" (Éter 9.23).

"E aconteceu que Morianton construiu muitas cidades e o


povo tomou-se muito rico sob o seu reinado, tanto em cons­
truções como em ouro e prata, em colheita de cereais, assim
como em rebanhos, gado e naquelas coisas que lhes foram
restauradas" (Éter 10.12).

"... de suas viagens marítimas, da construção de seus bar­


cos, templos, sinagogas, santuários" (Helamã 3.14).

“E Alma e Amuleque saíram pregando o arrependimento


ao povo em seus templos, santuários e também em suas si­
O MORMON1SMO 97

nagogas, que haviam sido construídas segundo o modo dos


judeus" (Alma 16.13).

Onde estão essas cidades e construções, ou pelo menos, seus vestí­


gios, ou ainda, menção delas? Os arqueólogos e paleontólogos jamais
encontraram algum indício dessas coisas. Onde estão as provas de tudo
isto? É de conhecimento geral que os animais e os metais citados não
existiam na América antes de 1492, é o que afirma o documento divul­
gado pelo Instituto Smithsonian, de Washington D.C., EUA.28O Departa­
mento de Antropologia da Universidade de Colúmbia concluiu que o
Livro de Mórmon:"... é incorreto, bíblica, histórica e cientificamente" *
Há anacronismos, usa a palavra francesa adieu, "adeus", no final do
livro de Jacó: "Brethren, adieu” (Jacó 7.27), que segundo o próprio livro,
na nota de rodapé, afirma ser datado de 544 a 421 a.C, entretanto, a
língua francesa não existiu antes do ano 700 d.c. Usa o termo "cristão"
mesmo antes de Jesus nascer, em 73 a C. (Alma 46.15), visto que foi em
Antioquia da Síria, por volta de 46 d.C, que os discípulos de Jesus foram
"pela primeira vez, chamados cristãos" (At 11.26). Erro sobre o nasci­
mento de Jesus, o Livro de Mórmon afirma que Jesus nasceu em Jerusa­
lém (Alma 7.10), a passo que ele nasceu em Belém (Ml 2.1; Lc2 4-11)
Há plágios, pois reproduz ipsis lilteris muitos textos da King James
Version, (Versão Inglesa do Rei Tiago), revisada em 16 11. no entanto,
querem que os leitores acreditem que tais textos foram enterrados
por Morôni, por volta de 4 2 1 d. C. Até a Comma Johanneum aparece
no Livro de Mórmon (3 Nefi 11.27, 36). Eis alguns exemplos

2 Néfi 14 Isalas 4
Néfi 12 Isaias 2
Mosiah 14 Isalas 53
3 Néfi 13.1-18 Mateus 6 1-24
9* HERESIAS E MODISMOS

4. O Livro de Mórmon e a Bíblia. Os mórmons afirmam acre­


ditar na Bíblia, mas com certas restrições. O artigo 8 das suas Re­
gras de Fé declara:

"Cremos ser a Bíblia a palavra de Deus, o quanto seja cor­


reta sua tradução; cremos também ser o Livro de Mórmon a
palavra de Deus"

No livro Regras de Fé, de James E. Talmage, onde explica suas


confissões de Fé, afirma:

“Não há e não pode haver uma tradução absolutamente


fidedigna desta e de outras Escrituras".30

Mais adiante, na mesma página, ele recomenda que os mórmons


leiam a Bíblia distinguindo "entre a verdade e os erros dos homens".
Isso mostra ser a restrição, "quanto seja correta a sua tradução",
nada mais que uma maneira sutil de dizer que não crêem na Bíblia.
Chamam, ainda, de néscios os que procuram a Bíblia:

‘Tu, tolo, dirás: Uma Bíblia; temos urna Bíblia e não ne­
cessitamos mais de Bíblia! Teríeis obtido uma Bíblia, se não
fosse pelas mãos dos judeus?" (2 Nefi 29.6).

A primeira edição do Livro de Mórmon foi publicada em 1830,


portanto na era da imprensa, e, hoje, já está com 3.913 mudanças.
Jerrald & Sandra Tanner publicaram um fac-símile dessa edição de
1830, com todas as mudanças marcadas, a maioria consiste na cor­
reção de erros gramaticais. Eis algumas mudanças:
• Substituíram "Aguas de Judá", da edição de 1830. por "Aguas do
batismo" (l Néfí 20 1)
O MORMONISMO 99

• O rei Mosfah havia morrido, na edição de 1830. na edição atual,


seu nome é Benjamin e está vivo (Mosíah 21.28).
• Na edição original diz: "O cordeiro de Deus, sim. o Pai eterno", na
edição atual, aparece: "O Cordeiro de Deus, sim. o Filho do Pai
eterno" (I Néfi 11.21).
• Na edição de 1830 declara: "A Virgem que vês é a mãe de Deus",
na edição atual, registra: "A Virgem que vês é a mãe do Filho de
Deus" (1 NéTi 11.18).
A fragilidade é tanta que não resistiu nem duzentos anos. Diante
do exposto, fica mais claro que o sol do meio-dia a diferença abissal
entre o Livro de Mórmon e a Bíblia. Os fatos apresentados são pro­
vas da fraude do Livro de Mórmon.
A Bíblia, entretanto, atravessou os séculos! Há atualmente mais
de 5.000 manuscritos gregos, só do Novo Testamento, espalhados
pelos museus e mosteiros em toda a Europa e Estados Unidos, da­
tados do século II da Era Cristã, até à invenção da imprensa, no
século XV, e cerca de 19.000 em outras línguas.
Durante séculos, estes manuscritos foram copiados manualmente por
pessoas diferentes, esses copistas viveram em épocas e lugares diferen­
tes, e o texto bíblico sobreviveu. As descobertas dos rolos do mar Morto
comprovam a autenticidade do Antigo Testamento. O rolo do profeta Isaias.
por exemplo, é datado do ano 100 a.C, no entanto, é exatamenle o mes­
mo texto da Bíblia atual! Deus preservou, sim, a sua Palavra:

"E disse-me o SENHOR: Viste bem. porque eu velo sobre a


minha palavra para a cumprir (Ir 1.12).

Durante esses vinte séculos de cristianismo, a Bíblia foi submeti­


da às mais variadas investigações críticas Não seria exagero afir­
mar que nem mesmo a matemática e a lisica foram submetidas a
tais testes, no entanto, permanecem sua autoridade, autenticidade
100 HERESIAS E MODISMOS

e inspiração (2 Tm 3.16). O livro Pedras que Clamam, de Randal Price,


publicação da CPAD, regislra com abundância de detalhes as des­
cobertas arqueológicas de locais e personagens da Bíblia.
A Bíblia apresenta-se como a infalível Palavra de Deus (ls 40.8; I
Pe l .25). É o único livro que se apresenta como a revelação escrita
do verdadeiro Deus, com propósito definido.- a redenção humana.
Ela suporta e resiste às críticas e permite até ser pesquisada e
escrutinada. É, portanto, a Palavra da verdade: "Santifica-os na ver­
dade; a tua palavra é a verdade" (Jo 17.17).

"Buscai no livro do SENHOR e lede; nenhuma dessas coi­


sasfalhará, nem uma nem outrafaltará; porque a sua própria
boca o ordenou, eoseu espirito mesmo as ajuntará"(Is 34.16).

"Agora, pois, Senhor JEOVÁ, tu és o mesmo Deus, e as


tuas palavras são verdade, e tensfalado a teu seivo este bem"
(2 Sm 7.28).

"A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um


dos teus juízos dura para sempre" (SI 119.160).

O Livro de Mórmon, contudo, não conseguiu manter sua integri­


dade nem por 200 anos, mesmo com a vantagem de ser publicado
já na era da imprensa. Curioso é que esse Livro chama a si mesmo
de "O Outro Testamento de Jesus Cristo", fato que confirma ser o
outro evangelho de que fala o apóstolo Paulo (Gl 1.8, 9).

V. TEOLOGIA MORMONISTA

1. Conceitos mormonistas da divindade. Como sua história,


a teologia é contraditória também. Suas crenças sobre Deus são
O MORMONISMO 101

heterodoxas e frontalmente opostas à teologia cristã histórica. As­


semelha-se ao hinduísmo, quanto aos inúmeros conceitos sobre a
divindade. Há muitos conceitos contraditórios na literatura mórmon.
Os termos cristãos são usados por eles com sentido diferente, seus
conceitos são anticristãos.

a) A imutabilidade de Deus. o termo "imutabilidade" indica isen­


ção absoluta de mudança, não há necessidade de melhorar ou pio­
rar; aumentar ou diminuir, progredir ou regredir. Deus, o verdadeiro
Deus revelado na Bíblia, é perfeito (Jó 11.7), por isso é impossível
mudança, mesmo para melhor. A expressão divina "EU SOU O QUE
SOU " ( ê x 3.14) revela a sua imutabilidade:

"Mas tu és o mesmo, e os teus anos nunca terãofim" (SI


102.27).

"Porque eu. o SENHOR, não mudo; por isso. vós, ó filhos


de Jacó, não sois consumidos" (Ml 3.6).

'Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto. des


cendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem som
bra de variação" (Tg 1.17).

"£• TU, Senhor, no principio, fundaste a terra, e os céus


são obra de tuas mãos, eles perecerão, mas tu pemianecerás:
e todos eles, como roupa, envelhecerão, e, como um manto,
os enrolarás, e. como uma veste, se mudarão, mas tu és <>
mesmo, e os teus anos não acabarão"(Hb 1.10 12)

A cosmologia mórmon é muita próxima dos mitos gregos Para


eles, o termo "Deus" ou "Pai Eterno" quer dizer homem evoluido ao
102 HERESIAS E MODISMOS

e s t á g io d iv in o . Jo se p h S m it h Jr e B r ig h a m Y o n g e n s in a r a m q u e D e u s
e ra A d ã o e v o lu fd o , m a s e s s a d o u t r in a foi m o d ific a d a . O L iv r o de
M ó r m o n p a re c e e n s i n a r a im u t a b ilid a d e d e D e u s .

"E o s decretos de Deus são inalteráveis; portanto, o cami­


nho está preparado para que quem quer que o trilhe seja sal­
vo" (Alma 41.8).

“Porque eu sou o Senhor e não mudo, por esse motivo, ófilhos


delacó, não sois consumidos"(3 Nefi 24.6). - O grifo é nosso.

"Pois não lemos que Deus é o mesmo ontem, hoje e sem­


pre, e que nele não há mudança nem sombra de transfor­
mação? Ora, se tendes imaginado um deus variável e no
qual hâ sombra de transformação, então imaginastes um
deus que não é um Deus de milagres. Mas eis que eu vos
mostrarei um Deus de milagres, o próprio Deus de Abraão,
de Isaque e de Jacó; e é o mesmo Deus que criou os céus, a
terra e todas as coisas que neles há. E eis que Ele criou a
Adão, e por Adão veio a queda do homem. E por causa da
queda do homem veio Jesus Cristo, sim o próprio Pai e o Fi­
lho; e por causa de Jesus Cristo veio a redenção do hom em...
E, se houve milagres, porque deixou Deus de ser um Deus
de milagres, sendo contudo um ser imutável? E eis que vos
digo que ele não muda: e. se mudasse, deixaria de ser Deus,
mas não deixa de ser Deus, e é um Deus de m ilagres"
(Mórmon 9 9 ). - O grifo é nosso.

"Porque sei que Deus não é um Deus parcial, nem um ser


variável, ao contrário, é imutável de eternidade a etemida-
d£" (M orôni 8.18). - O grifo é nosso.
0 MORMONISMO 103

Todavia, o pensamento mórmon discorda da imutabilidade de


Deus, disse Brigham Young:

"Quando o nosso pai Adão entrou no jardim do Éden, Ele


entrou com um corpo celestial, e levou consigo Eva, uma de
suas esposas. Ele ajudou a fazer e a organizar este mundo,
Ele é o arcanjo Miguel, o Ancião de Dias! acerca do qual ho­
mens santos escreveram efalaram - Ele é nosso Pai e nosso
Deus, e o único Deus com quem lemos que tratar".Jl Ogri
fo é nosso.

Da mesma forma, James E. Talmage ensina a evolução progres­


siva desse Deus-Adão:

"Cremos num Deus que é progressivo, cuja majestade c a


inteligência, cuja perfeição consiste em progresso etemo; um
Ser que chegou a essa condição exaltada por um caminho
que a Seus é permitido seguir, e de cuja glória estes participa
rão como herdeiros. Não obstante a oposição das seitas, ape­
sar de ser acusada diretamente de blasfêmia, a Igreja procla­
ma esta verdade eterna: Como o homem é. Deus foi: como
Deus é. o homem poderá vir a ser"7Regras de Fé, 389) O
grifo é nosso.

Primeiro, os mórmons precisam decidir se Deus é mulável ou


imutável; depois, escolher qual porção de sua literatura interessa
lhes. Uma avaliação bíblica revela disparate sem limites nessas cren
ças contraditórias e sem arrazoados. A verdade é que o seu deus,
ou deuses, é algo estranho às Escrituras Sagradas, pois a doutrina
da deiftcação do homem teve sua origem na serpente do Éden (Gn
3.5), o homem nào é Deus. e nem Deus é homem
104 HERESIAS E MODISMOS

"Dirás ainda diante daquele que te matar: Eu sou Deus?


Mas tu és homem e não Deus na mão do que te ti-aspassa"
(Ez 28.9).

“Não executarei o fiiror da minha ira; não voltarei para


destruir Eflaim, porque eu sou Deus e não homem, o Santo
no meio de ti; eu não entrarei na cidade" (Os 11.9).

b) Deus é Espírito. Em Doutrina e Convênios, o mormonismo en­


sina o seguinte:

"O Pai possui um corpo de carne e ossos tão tangível como


o do homem" (D&C 130.22).

"EAmon começou a lhefalar com arrojo, dizendo: Crês tu


que há um Deus? E ele respondeu-lhe, dizendo: Não sei o
que isso signijica. E disse-lhe então Amon: Crês tu que há
um Grande Espírito? E ele respondeu: Sim. E disse Amon:
Este é Deus. E disse-lhe mais: Crês tu que este Grande Espí­
rito. que é Deus, criou todas as coisas que estão nos céus e
na terra?" (Alma 18.24-28). O grifo é nosso.

“E tendo Aarão ouvido isso, seu coração alegrou-se e ele


disse: Eis que tão certo como tu vives, ó rei, Deus existe. Disse
então o rei: É Deus aquele Grande Espírito que trouxe nos­
sos pais da terra de lemsalém? E disse Aarão: Sim. Ele é o
Grande Espírito que criou todas as coisas, tanto nos céus
como na tenra. Acreditas nisso? E ele disse: Sim, acredito
que o Grande Espirito que criou todas as coisas e desejo
que me ensines a respeito de tudo isso, e eu acreditarei em
suas palavras" (Alma 22.8-11). O grifo é nosso.
0 MORMONISMO 10S

Como os mórmons resolvem essa questão? A Bíblia ensina que


"espírito não tem carne e nem ossos" (Lc 24.39) e que "Deus é Espí­
rito" (Jo 4.24).

C) A Santíssima Trindade. Seu primeiro artigo de fé declara:


"Cremos em Deus, o Pai Eterno, e em Seu Filho, Jesus Cristo e
no Espírito Santo". Numa leitura superficial, a fé parece ser
trinitária, como nós cremos e pregamos. O que nos deixa mais
perplexos é que há passagens no Livro de Mórmon que. à pri­
meira vista, é trinitária:

"£, agora, eis que esta é a doutrina de Cristo, a única e


verdadeira doutrina do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo,
que é um Deus Infinito "(2 Nefi 31 21).

"...e todos serão levados perante o tribunal de Cristo o


Filho e Deus o Pai, e do Espírito Santo, que é um Eterno
Deus, para serem julgados segundo suas obras, sejam boas
ou más"'(Alma 11.31).

"E desta maneira batizareis em meu nome, pois eis que


em verdade vos digo que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são
um; e eu estou no Pai e o Pai está em mim, e o Pai e eu somos
um ... E assim o Pai dará testemunho de mim, e o Espirito
Santo o dará dele e de mim. porque o Pai, eu e o Espirito
Santos somos um" (3 Nefi 11.27, 36).

São passagens como essas que os mórmons usam no irabalho


de proselitismo, para que seu interlocutor pense tratar se da nics
ma Trindade que nós cremos. Eles, porém, negam a Trindade bíbli­
ca, versão do Credo de Atanásio:
106 HERESIAS E MODISMOS

"A d o ram o s um D e u s em trindade, e trindade em u nid ade;


n ã o co n fu n d im o s a s Pessoas, nem se p a ra m o s a su b stân cia".

O Credo afirma, de acordo com a Bíblia, que o Pai não é o Filho e


nem o Filho é o Pai (Jo 8.17, 18), da mesma maneira, o Espírito Santo
não é o Pai e nem o Filho, vice-versa (Ef 4.4-6). Os sabelianistas fo­
ram os primeiros a confundir as Pessoas, o que é seguido, ainda hoje,
pelas seitas unicistas. Os mórmons, também, confundem as pessoas:

"E todos serão levados perante o tribunal de Cristo o Filho


e Deus o Pai, e do Espirito Santo, que é um Eterno Deus,
para serem julgados segundo suas obras, sejam boas ou más"
(Alma 11.26-31, 44). O grifo é nosso.

"Epor lhes ter dito que Cristo era Deus, o Pai de todas as
coisas, e que tomaria sobre si aforma humana, aform a segun­
do a qual o homemfo i criado no princípio - em outras palavras,
declarou que o homem fo i criado à imagem de Deus, e que
Deus viria entre osfilhos dos homens, tomaria carne e sangue e
andaria sobre a face da terra" (Mosiah 7.27). O grifo ê nosso.

“E então Abinadi lhes disse: Quisera que compreendesses


que o próprio Deus virá entre osfilhos dos homens e redimirá
seu povo. E porque ele habita na carne será chamado Filho
de Deus, p or ter sujeitado a carne à vontade do Pai, sendo o
Pai e o Filho - Pai, porque fo i concebido pelo poder de Deus,
e Filho p or causa da carne; de m aneira que vem a ser o Pai
e o Filho - E são um Deus, sim, o Eterno Pai dos céus e da
terra" (Mosiah IS. 1-4). O grifo é nosso.

'Eis que eu sou Jesus Cristo, sou o P a ie o Filho” (É ter 3.14).


OMORMONISMO 107

James E. Talmage, por outro lado, não confunde as Pessoas, con­


trariando o Livro de Mórmon, mas separa a substância.

"Isto não pode radonalmente significar que o Pai o Filho


e o Espirito Santo seiam um em substância... A unidade da
Trindade, da qual as escrituras lâo abundantemente testificam,
não dá a entender nenhuma união mística de substância.
... O Pai, o Filho e o Espirito Santo são tão distintos em
Suas Pessoas e individualidades como o são quaisquer três
pessoas mortais" fRegras de Fé, p. 45). O grifo é nosso.

Aqui, já não é possível disfarçar o pensamento mórmon sobre a


Trindade. Talmage eliminou completamente o que um leitor desavisado
pudesse imaginar: a possibilidade da Trindade no Livro de Mórmon.

d) O monoteísmo. Monoteísmo é a crença em um só Deus As


principais religiões monoteístas do planeta são: judaísmo, cristia­
nismo e islamismo, mas o deus Alá do islamismo não é o mesmo
Deus Jeová da Bíblia. Jesus ensinou que o Deus do cristianismo é o
mesmo Deus Jeová, quando citou a confissão de fé dos judeus: "Ouve,
ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor" (Dl 6.4) Jesus não
somente ratificou o monoteísmo judaico do Antigo Testamento como
também afirm ou que o Deus Jeová de Israel, mencionado em
Deuteronômio 6.4-6, é o mesmo Deus que ele revelou aos homens
e que os cristãos devem amá-Lo acima de todas as coisas e segui-
Lo com devoção:

"EJesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamen


tos é: Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o unico Senhor
Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu conifJo, e de
toda a tua alma. e de todo o teu entendimento, e de todas its
I OS HERESIAS E MODISMOS

tuasforças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, seme­


lhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Nâo
há outro mandamento maior do que estes. E o escriba lhe disse:
Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus
e que não há outro além dele" (Mc 12.29-32).

O Livro de Mórmon aparentemente ensina o monoteísmo:

"E cantar louvores eternos ao Pai, ao Filho e ao Espírito


Santo, que são um Deus" tMórmon 7.7). O grifo é nosso.

“Há, entretanto, um Deus eele é o Cristo, que virá na ple­


nitude de seu próprio tempo" (2 Neji 11.7). O grifo é nosso.

"E Zeezrom disse-lhe: Dizes que existe um verdadeiro


Deus vivente? E Amuleque respondeu: Sim, existe um ver­
dadeiro Deus vivente. Disse então Zeezrom. Existe mais
de um Deus? E ele respondeu: Não. Eperguntou-se Zeezrom
novamente. Como sabes estas coisas? E ele disse: Um anjo
mas deu a conhecer... E Zeezrom disse-lhe novamente: Ê o
filho de Deus o mesmo Pai Etemo? Respondeu-lhe Amuleque-
Sim, ele é o mesmo Pai Etemo dos céus e da terra e de todas
as coisas que neles existem; é o começo e o fim , o primeiro e
o último... e todos serão levados perante o tribunal de Cris­
to o Filho e Deus o Pai, e do Espirito Santo, que é um Eter­
no Deus, para serem julgados segundo suas obras, sejam
boas ou más" (Alma 11.26-31. 44). O grifo é nosso.

"E Amon começou a lhe fa la r com arrojo, dizendo: Crês


tu que há um Deus? E ele respondeu-lhe, dizendo: Nâo sei o
que isso significa. E disse-lhe então Amon: Crês tu que há
O MORMON1SMO 109

um Grande Espirito? E ele respondeu: Sim. E disse Amon:


Este é Deus. E disse-lhe mais: Crês tu que este Grande Espí­
rito, que é Deus, criou todas as coisas que estão nos céus e na
terra?" (Alma 18.24-28). O grifo é nosso.

Parece que Joseph Smith Jr. nào levou as placas de Morôni a sé­
rio, pois trouxe a doutrina politeísta em 7 de abril de 1844, no dis­
curso fúnebre de King Follet.“ Outra literatura, tida como divina­
mente inspirada, contradiz o Livro de Mórmon:

"Então o Senhor disse: Desçamos. E eles desceram no prin­


cípio, e eles, isto è, os Deuses, organizaram e formaram os
céus e a terra" (Abraão 4.1).

Acrescenta, ainda, Joseph Smith:

"Eu sempre declarei que Deus é um personagem diferente


que Jesus Cristo é um personagem à parte e diferente de Deus
o Pai, e que o Espirito Santo é outro personagem diferente, e
é Espirito: e estes três constituem três personagens diferentes
e três Deuses".JJ

O politeísmo é a crença na existência de vários deuses. Isso sig­


nifica que o politeísta serve e adora a vários deuses, nào é o simples
fato de reconhecer a existência deles. É condenado na Bíblia e consta
do Decálogo:

“Não terás outros deuses diante de mim. Nàofarás para u


imagem de escultura, ... Nào te encimarás a elas nem j s
servirás; porque eu, o SENHOR, teu Deus, sou Deus zelo
so..." (Êx 20.3-5).
11 0 HERESIAS E MODISMOS

No Novo Testamento, encontramos: "Filhinhos, guardai-vos dos


ídolos" (I Jo 5.21).
Os deuses, na realidade, não passam de idolos. A Biblia ensina
que eles não são, de Tato, deuses. São os demônios que estão por
trás desses ídolos:

“Mas, quando nâo conhecíeis a Deus, servíeis aos que por


natureza não são deuses"(014.8).

"Mas que digo? Que o ídolo é alguma coisa? Ou que o


sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Antes, digo que as coi­
sas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios e
não a Deus. E nâo quero que sejais participantes com os de­
mônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos
demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e
da mesa dos demônios" (1 Co 10.19-21).

2. O Jesus dos mórmons. Foi discutido no capítulo anterior que


a divindade islâmica, Alá, não é o mesmo Deus Jeová, revelado na
Bíblia. O Jesus do Alcorão, também, não é o mesmo dos evangelhos.
Isso acontece, também, com o Jesus apresentado pelos mórmons. O
Novo Testamento adverte os cristãos contra o outro evangelho:

"Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anun­


cie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja
anátema. Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo tam­
bém vo-lo digo: se alguém vos anunciar outro evangelho além
do que já recebestes, seja anátema" (Cl 1.8,9).

É, justamente, um evangelho anunciado por anjos que estamos


combatendo, cuja mensagem não é a mesma pregada pelos após­
O MORMON1SMO 111

tolos e registrada no Novo Testamento. O Novo Testamento, porém,


adverte-nos, ainda, contra o "outro Jesus", quando afirma:

“Porque, se alguémfor pregar-vos outro lesus que nós nào


temos pregado, ou se recebeis outro espirito que não
recebestes, ou outro evangelho que nào abraçastes, com ra­
zão o sofrereis" (2 Co 11.4).

a) Concebido pelo Espírito Santo. Não somente a divindade ou


divindades dos mórmons é pagã e mitológica, também o Jesus deles
é estranho ao Novo Testamento. O mormonismo ensina que Jesus
não foi gerado pelo Espírito Santo. Brigham Young pregou isso di­
versas vezes, dizia que Jesus foi concebido por meio de relação se­
xual entre Deuse Maria, exatamente a interpretação absurda com a
qual os muçulmanos criticam os cristãos Afirmou Brigham Young:

"Quando a virgem Maria concebeu o menino lesus, o Pai


o havia gerado em sua própria semelhança. Não foi gerado
pelo Espírito Santo. £, quem é o Pai? E leéo primeiro da
família humana... Jesus, nosso irmão mais velho, foi gerado
na carne pelo mesmo indivíduo que estava no jardim do Éden.
que é o nosso Pai no céu... lembrem, agora, desde este tem­
po em diante, e para sempre, que Jesus Cristo não foi gera­
do pelo Espirito Santo" M O grifo é nosso.

Esse discurso tem a repulsa de todos os cristãos, é frontalmente


oposto ao ensino bíblico. A Bíblia afirma com todas as letras que o
Senhor Jesus foi concebido por obra e graça do Espirito Santo'

"Ora, o nascimento deJesus Cristofoi assim. Estando Mana.


sua mãe, desposada comJosé. antes de se ajuntarem, achou-se
112 HERESIAS E MODISMOS

ter concebido do Espírito Santo. Então. José, seu m arido, como


era justo e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente.
£, projetando ele isso, eis que, em sonho, lhe apareceu um anjo
do Senhor, dizendo: losé. filho de Davi, não temas receber a
M aria. tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espíri­
to Santo’' (M t 1.18-20). O grifo é nosso.

"E disse M aria ao anjo: Como se fa rá isso, visto que não


conheço varão? E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá so­
bre ti o F-snírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a
sua sombra, pelo que também o Santo, que de d há de nascer,
será chamado Filho de Deus"(Lc 1.34, 35). O grifo é nosso.

A Bíblia é a palavra final para o cristianism o, se os mórmons


querem ostentar a bandeira do cristianismo, devem , pelo menos,
crer na Bíblia. Crer em heresias e em aberrações, contrariando o
ensino bíblico, não é cristianismo.

b) Um Jesus casado e polígam o? Os mórmons pregam um Jesu


casado e polígamo Essa zombaria poderia vir de um ateu como
)osé Saramago. de um escamecedor. como Martin Scorsese, mas
não de quem afirma seguir o cristianismo. O mormonismo ensina

"Jesus era o n o ivo n o ca sa m e n to em C a n á d a Caliléia...


A n te s d a m orte d o Salvador, ele p o d e ve r se u s p ró p rio s filh o s
naturais, co m o nós. o s n o sso s”

O r s o n Pratt disse :

"Sc- todos o s atos de Jesus fo sse m escritos, se m dúvida,


sab e ríam o s qu e e s ta s am a d as m ulheres (M aria. M arta e M a -
OMORMONISMO 113

ria Madalena) eram suas esposas... Demonstramos mui cla-


ramente que o Filho seguiu o Pai, e chegou a ser o grande
noivo com quem asfilhas dos reis e muitas mulheres honra­
das tinham de ser casadas“.M

A Biblia compara a união mística de Cristo e a sua igreja com a


união do esposo e a esposa. Os escritores bíblicos fazem-no por
meio de metáforas: "Porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já
a sua esposa se aprontou" (Ap 19.7), ou de símile: "Porque estou
zeloso de vós com zelo de Deus, porque vos tenho preparado para
vos apresentar como um a virgem pura a um marido, a saber, a
Cristo" (2 Co 11.2); mas para facilitar a compreensão dos mistérios
de Deus (Ef 5.32). Não existe, porém, menção desse suposto casa­
mento de Jesus.
A Bíblia ensina com clareza meridiana que Jesus e seus discípu­
los foram convidados para o casamento em Caná da Galiléia: "E
foram também convidados Jesus e os seus discípulos para as bo­
das" 0o 2.2). Como o próprio noivo é convidado para o casamento?
São os noivos os anfitriões da festa, são eles que convidam amigos
e parentes. A invenção mórmon de ser Jesus o noivo das bodas de
Caná da Galiléia é insensata, inatural e absurda.
Eles, na verdade, querem sancionar suas práticas pollgamas.
Joseph Smith alegou ter recebido revelação em favor da poligamia,
por volta de 1831:

"E novamente, no tocante à lei do sacerdócio, se um ho­


mem desposar uma virgem e desejar desposar outra, e a pri­
meira o consentir, e se, ele desposar a segunda, e elasforem
virgens, e não se tiverem comprometido a nenhum outro ho­
mem, então ele será justificado; não estará cometendo adul
lério porque elas lhe foram dadas; e ele não pode cometer
114 HERESIAS E MODISMOS

adultério com o que pertence a ele e a ninguém mais, E, se


dez virgens lhe forem dadas por esta lei, ele não está come­
tendo adultério, pois elas lhe pertencem, e lhe são dadas;
portanto estará justificado'' (D&C 132.61, 62).

Essa doutrina é anti-cristã. O plano divin o o rig in al foi a


monogamia, Deus "formou uma mulher e trouxe-a a Adão" (Gn 2.22)
e não duas ou mais. O cristianismo é indiscutivelmente monogâmico.
Isso já foi discutido no capítulo anterior, quando falamos sobre o
islamismo. Em 1862, o governo americano baixou uma lei federal
que estabeleceu a ilegalidade da poligamia.37 Os primeiros líderes
mórmons queriam mostrar com essa doutrina que eram imitadores
de Cristo, por isso inventaram um Jesus igual a eles.

c) Jesus X Satanás. A outra característica do Jesus mórmon que o


distingue do Jesus do Novo Testamento é que os mórmons acredi­
tam e ensinam que Jesus é irmão de Satanás. O mormonismo acre­
dita num mito relatado por Joseph Smith na tentativa de explicara
origem de Satanás ou de apresentar um relato alternativo.
Há duas passagens bíblicas que registram, ainda que de maneira
nebulosa, parte do habitat e do modus vivendi do "querubim ungi­
do", antes de sua queda e a razão dela.

“Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva!


Comofoste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! E
tu dizias no teu coração■Eu subirei ao céu, e, acima das es­
trelas de Deus, exaltarei o meu trono, e, no monte da congre­
gação, me assentarei, da banda dos lados do Norte. Subirei
acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo.
E, contudo, levado serás ao inferno, ao mais profundo do
abismo" (ls 14.12-15).
O MORMONISMO 115

Jerônimo traduziu "estrela da manhã, filha da alva" pela palavra


lucifer, na Vulgata Latina, termo latino que significa "portador de luz",
de onde vem o nome "Lúcifer". Esse personagem queria ser Deus e
ocupar o seu trono, por isso foi expulso.

"Assim diz o Senhor JEOVÁ: TU és o aferidor da medida,


cheio de sabedoria e perfeito emformosura. Estavas no Éden,
jardim de Deustoda pedra preciosa era a tua cobertura: a
sardônia, o topázio, o diamante, a turquesa, o ônix, o jaspe, a
safira, o carbúnculo, a esmeralda e o ouro: a obra dos teus
tambores e dos teus pífaros estava em ti: no dia em quefoste
criado, foram preparados. Tlt eras querubim ungido para pro­
teger, e te estabeleci: no monte santo de Deus estavas, no
meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus
caminhos, desde o dia em quefoste criado, até que se achou
iniqüidade em ti. Na multiplicação do teu comércio, se en­
cheu o teu interior de violência, e pecaste: pelo que te lança­
rei, profanado, fora do monte de Deus e te farei perecer, ó
querubim protetor, entre pedras afogueadas. Elevou-se o leu
coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sa­
bedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, dian­
te dos reis te pus, para que olhem para ti. Pela multidão das
tuas iniquidades, pela injustiça do teu comércio, prqfamtste
os teus santuários; eu. pois, fiz sair do meio de ti um fogo.
que te consumiu a ti, e te tomei em cinza sobre a terra, aos
olhos de todos os que te vêem" (Ez 28.12-18)

A descrição, aqui, de falo justifica o nome "portador de luz" Or­


gulhou-se de sua posição, tinha o selo da simetria, era cheio de
sabedoria e de formosura, por isso "Elevou-se o teu coração por
causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do
■1 « HERESIAS E MODISMOS

leu resplendor; por terra te lancei". O Senhor Jesus disse; "Eu via
Satanás, como um raio, cair do céu!" (Lc 10.18). Apocalipse 12.7-9
revela outra faceta da expulsão de Lúcifer.

O mormonismo, porém, tem outro relato na obra PVC.

"E Eu, o Senhor Deus, falei a Moisés, dizendo: Aquele Sa­


tanás a quem tu expulsaste em nome de Meu Unigénito, é o
mesmo que existiu desde o principio; e ele veio perante Mim,
dizendo: Eis-me aqui, manda-me e serei Teufiiho e redimirei
a humanidade toda, de modo que nem uma só alma se per­
derá, e sem dúvida, o farei; portanto, dá-me a Tua honra.
Mas eis que Meu Filho Amado, que foi Meu Amado e Meu
Escolhido desde o princípio, disse-Me: Pai, faça-se a Tua von­
tade e seja Tita a glória para sempre. Portanto, por causa de
Satanás ter-se rebelado contra Mim e ler procurado destruir
o livre-arbítrio do homem, que Eu lhe desse o Meu próprio
poder, fiz com que ele fosse expulso pelo poder do Meu
Unigénito. E ele se tomou Satanás, sim, o próprio diabo, o
pai de todas as mentiras, para enganar e cegar os homens, e
levá-los cativos à sua vontade, mesmo a todos quantos não
ouvirem Minha voz" (Moisés 4.1-4).

O texto mórmon apresenta erro teológico crasso. Primeiro por­


que Jesus é incomparável! Sua singularidade impede de compará-lo
a Satanás. O Jesus da Bíblia é o Criador de todas as coisas, inclusive
do mundo espiritual. Nada há de Satanás em Jesus antes, o contrá­
rio, Jesus é o Deus verdadeiro.

Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do


quefoi feito sefez" (Jo 1.3).
0 MORMONISMO 117

“lá não fa la re i m uito convosco, porque se aproxima o p rín ­


cipe deste m undo e nada tem em mim" (Jo 14.30).

"Acima de todo principado, e poder, e potestade, e dom í­


nio, e de todo nom e que se nomeia, não só neste século, mas
também no vindouro" (E f 1.21).

"Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos


céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam do
min ações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi cri­
ado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e
todas as coisas subsistem por ele" (Cl 1.16, 17).

"Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da


divindade" (Cl 2.9).

Não há um ponto sequer de intersecção entre os relatos biblicos


e mórmons.

3. A s a lv a ç ã o m ó rm o n . O termo "salvação" no mormonismo


não é a mesma coisa que no cristianismo, não tem o mesmo signi­
ficado na Bíblia.

a) O pecado. O s m ó r m o n s a in d a n ã o d e c id ir a m s e a c e ita m a d o u
trina d a p e c a m i n o s i d a d e d o g ê n e r o h u m a n o H á m u it a c o n t ra d iç ã o
n a s u a lit e ra tu r a e n o s s e u s líd e re s. A 2 " re g ra d e fé. d iz

"C re m o s q u e o s h o m e n s serão p u n id o s pelos se u s próp n


o s p e ca d o s e n ã o p e la tran sgressão de A d ã o "

L e m o s , a in d a , o q u e e s c re v e u o a p ó s t o lo m ó r m o n John W id tso e
II* HERESIAS E MODISMOS

"Ato verdadeiro evangelho de Jesus Cristo nâo há pecado


original".311

A própria literatura mórmon contraria essa doutrina:

"... Mostrou a todos que estavam perdidos por causa da


transgressão de seus pais“ (2 Nefi 2.21).

“Porque o homem natural é inimigo de Deus, tem-no sido


desde a queda de Adào" (Mosíah J. 19).

Muitos mórmons náo admitem que sejam pecadores, pensam


que são deuses, como escreveu o já citado John Widtsoe:

"Deus e o homem são da mesma raça, diferindo-se so­


mente em seus graus de progresso".39

Os mórmons procuram estabelecer diferença entre transgressão


e pecado para camuflar a verdade bíblica sobre o pecado:

"Épossível transgredir uma lei sem cometer pecado como


no caso de Adão e Eva no jardim do Éden ... É correto e se­
gundo o padrão bíblico falar da transgressão de Adão, mas
não do pecado de Adão".40

Já ensinaram a existência de pecados que o sangue de Jesus


não pode purificar, em que o pecador deve ser degolado e seu
sangue derramado sobre a sua própria cabeça.41 Mudanças, con­
tradições e erros são marcas distintivas do mormonism o. A Bí­
blia ensina que "o pecado é a transgressão da lei" (1 Jo 3.4 - ARA),
e também:
0 MORMONISMO 119

'Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus"


(Rm 3.23).

"Pelo que, com o p o r um hom em entrou o pecado no mun


do, e pelo pecado, a morte, assim também a m orte passou a
todos os homens, por isso que todos pecaram... Pois assim
como p or um a só ofensa veio o juízo sobre todos os homens
para condenação, assim também por um só ato de justiça
veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida
Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos
foram feitos pecadores, assim, pela obediência de um, mui­
tos serão feitos justos" (Rm 5 .12, 18, 19).

Há m uitos conceitos sobre o pecado que falam o mesmo de m a­


neira diferente, m as há, tam bém , conceitos contraditórios c anti
bíblicos. A idéia teológica simples de pecado é essa:

"P e c a d o é a fa lta d e co n fo rm id a d e co m a lei m o ra l d c D e u s


q u e r em ato. d is p o s iç ã o o u e stad o ".41

b) Os dois tipos de salvação. P r e g a m d o i s t ip o s d e s a lv a ç ã o u m a


ge ral e o u t r a in d iv id u a l. A s a l v a ç ã o g e r a l o u u n iv e rs a l, a d o u t r in a
u n iv e r s a lis t a d e q u e t o d o s s e r ã o s a lv o s , é a s im p le s r e s s u r r e iç ã o
d o s m ortos-, a in d iv id u a l, o b t id a p e la (é e m J e su s e p e la o b e d iê n c ia
às le is e às o rd e n a n ç a s.

"H averá sa lv a çã o ge ral para lod os n o sentido em que o r


geralm ente usado, m a s a salvação, que significa ressurrei
çõo, n ão é exaltação".4-'

A salvação in d iv id u a l é obtida, segundo as Regras de F t . 4" A m -


120 HERESIAS E MODISMOS

go, mediante a fé em Jesus, arrependimento, batismo por imersão e


imposição de mãos. São as ordenanças:

■Cremos que os primeiros princípios e ordenanças do Evan­


gelho são: primara, fé no SenhorJesus Cristo, segundo, arrepen­
dimento: terceiro, batismo por imersão para remissão dos peca­
dos; quarto, imposição das mãos para o dom do Espírito Santo".

Há. ainda, outros requisitos, um deles é aceitar Joseph Smith Jr.


como porta-voz de Deus. Essa salvação individual, também chama­
da de exaltação, não é obtida pela graça de Deus, mas por mérito
humano, diz Bruce McConkie:

"Muitas condições devem existir para tomar disponível a


salvação para os homens.. Não há salvaçãofora da Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias".'"

0 termo "fé no Senhor Jesus Cristo", no contexto mórmon, difere da


fé no contexto bíblico. No mormonismo, a obra expiatória de Cristo pro­
vê a ressurreição para todos os homens, ou seja, a salvação geral, e abre
a porta para a salvação individual, ou seja, os homens precisam traba­
lhar para ganhar a salvação. James E. Talmage chama a doutrina da
justificação pela fé de perniciosa.45 Essa alegada salvação individual se­
ria uma progressão etema com três graus: telestial, celestial e terrestre.
Para refutar os conceitos teologicamente inadequados sobre a
soteriologia (doutrina da salvação), é necessário saber o que a Bí­
blia que dizer quando usa o termo. Das 45 vezes que o termo grego
o o )T T |p ía (soieria) aparece no Novo Testamento grego, 40 vezes é
traduzido por "salvação", cujo sentido "inclui todo empreendimen­
to divino para o crente, a partir da libertação do estado de perdição,
até a sua apresentação final em glória, já conformado à imagem de
OMORMONISMO 121

Cristo".*6 A salvação inclui a remoção da culpa e da sentença de


morte, e isso não é o mesmo que ressurreição.
A salvação geral pela ótica dos mórmons não é bíblica, pois se­
rão salvos somente os que crêem: "quem ouve a minha palavra e
crê naquele que me enviou tem a vida eterna" (Jo 5.24), entretanto,
serão ressuscitados dentre os mortos tanto salvos como condena­
dos: "Os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida, e os
que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação" (Jo 5 29)
Salvação é livramento, e ressurreição do corpo é levantar dentre os
mortos, portanto são coisas diferentes.
A salvação não é mérito humano, toda salvação em si é indivi­
dual, mas cada indivíduo precisar crer em Jesus e recebê-lo pela fé

"Concluímos, pois, que o homem éjustificado pelafé, sem


as obras da lei" (Rm 3.28).

"Sendo, pois, justificados pelafé, temospaz com Deus por


nosso Senhor Jesus Cristo" (Rm 5.1).

“Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da


lei, mas pela fé em lesus Cristo, temos também crido em )e
sus Cristo, para sermos justificados pela fé de Cristo e não
pelas obras da lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne
será justificada” (Cl 2.16).

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, c isso não
vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que
ninguém se glorie" (Cf2.8,9).

“Que nos salvou e chamou com uma santa vocação, não


segundo as nossas obras, mas segundo o seu própno pnq>o
122 HERESIAS E MODISMOS

sito e graça que nosfo i dada em Cristo Jesus, antes dos tem­
pos dos séculos" (2 Tm 19)

‘Não pelas obras de justiça que houvéssemosfeito, mas, se­


gundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regenera­
ção e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele
derramou sobre nós por jesus Cristo, nosso Salvador" (Tt 3.5, 6).

Deus propôs a salvação para todos os povos, tribos e nações de


maneira simples e singela, para que tanto os sábios como os indoutos
pudessem alcançá-la. A receita é a fé em Jesus: "Crê no senhor Je­
sus e serás salvo, tu e a tua casa" (At 16.31). É um ato da soberana
vontade de Deus, não vem de nossa própria justiça, a salvação é
pela graça. O ato de crer no Unigénito Filho de Deus, conforme as
Escrituras, significa ter a vida eterna (Jo 17.3).
O Senhor Jesus não precisa de co-salvador, a Bíblia ensina que
ele é o único Salvador Cio 14.6; At 4.12). A salvação não é por mérito
humano, ninguém pode ser salvo pelas boas obras, mas somente
pela graça, mediante a fé. Existe apenas uma salvação, e ela está à
disposição de todos os seres humanos (Tt 2.11; Jd 3).

C) Crenças exóticas. Vinculado, ainda, à doutrina da salvação há


duas práticas exóticas no mormonismo: casamento para a eterni­
dade e o batismo pelos mortos.
O casal compromete-se a não contrair novas núpcias em caso de
viuvez, para encontrarem-se no céu e, assim, gerarem muitos filhos-
deuses para povoar os planetas. É o selamento para a eternidade.

“£ novamenie, na verdade Eu te digo, se um homem to­


mar uma esposa conforme a Minha palavra, que é a Minha
lei, e pelo novo e eterno convénio, e for selado pelo Santo
OMORMONISMO 123

Espírito da promessa, por aquele que é ungido, e que encar­


reguei com esse poder e com as chaves deste sacerdócio; e
lhes fo r dito - Surgireis na primeira ressurreição, na próxima
ressurreição; e sefo r depois da primeira ressurreição, na pró­
xima ressurreição; e herdareis tronos, reinos, principados, e
poderes, domínios, todas as alturas e profundidades - então
será escrito no Livro de Vida do Cordeiro, que ele não deverá
matar derramando sangue inocente, e se não matarem der­
ramando sangue inocente, ser-lhes-áfeito de acordo com to­
das as coisas que o Meu servo lhes falou, nesta vida e por
toda a eternidade; e estará em pleno vigor quando deixarem
este mundo; e passarão pelos anjos e deuses que ali estão, c
entrarão para a sua exaltação e glória em todas as coisas,
conforme selado sobre as suas cabeças, glória que será uma
plenitude e uma continuação das sementes para todo o sem­
pre. Então serão deuses, pois não terão fim; portanto, serão
de eternidade em eternidade, porque continuarão; então se­
rão colocados sobre tudo, porque todas as coisas lhes serão
sujeitas. Então serão deuses, porque terão todo o poder, e os
anjos lhes serão sujeitos" (D&C 132.19. 20).

O texto aproxim a-se da mitologia grega Os mitos gregos e ro­


manos falam de deuses e deusas gerando outros deuses e gover­
nando o universo. O m ito de Hércules lembra bem essa doutrina
mormonista. Os deuses da mitologia greco-romana são ciumentos
e apresentam vícios humanos, são também poligamos, como os de
ioseph Smith. Os dicionários de Mário da Cama Kury de Pierre Gnmal
e o Dicionário Oxford de Literatura Clássica - Grega e luitina resumem
a lenda de Hércules, ' HpaK/lf|ç Heraklcs, no que se segue
Hércules era o mais famoso dos heróis gregos pela sua extraor
dinária força, coragem, resistência e benevolência Notável também
12 4 HERESIAS E MODISMOS

pela sua paixão, lascívia e apetites. Filho de Zeus e Alcmene. Rei de


Micenas, Electríon havia dado sua filha Alcmene em casamento a
Anfitrião. Este e Alcmene estavam refugiados em Tebas por causa
da morte acidental de Electrion. Zeus teria chegado até Alcmene
disfarçado de Anfitrião durante sua ausência. Alcmene deu à luz
aos gêmeos lficlés e Heraclés. Ificlés foi considerado filho de Anfi­
trião, mas seu irmão Heraclés, como filho de Zeus.
A lenda de Heraclés foi formada a partir de muitas fontes, com
divergências de detalhes. Colonos gregos da Magna Grécia levaram
para Itália a lenda de Heraclés, no qual foi inspirado o Hércules na
religião romana.
O mormonismo está fundamentando em mitos, lendas e fábulas.
Seu credo não está longe de ser um fabulário. A idéia de se povoar
os planetas é demais! Daria bom filme de ficção científica.
Jesus, na resposta aos saduceus, desmantela por completo os ar­
tifícios e ideologias dos mórmons. Jesus disse: "Os filhos deste mun­
do casam-se, e dão-se em casamento" (Lc 20.34). No mundo vindou­
ro, esclareceu Jesus, isto não existe por três razões: a) não podem
mais morrer; b) são iguais aos anjos; c) são filhos da ressurreição (Lc
20.35-36). É por isso que a morte é o fim legal do casamento, ficando
o cônjuge viúvo livre para contrair novo matrimônio (Rm 7.2)
O batismo pelos mortos trata-se de um batismo por procuração,
visto que sua crença exige o batismo para a salvação; assim, os
mórmons batizam os entes queridos já falecidos. Eles têm interesse
especial em genealogias para batizar seus antepassados. Costumam
usar a Bíblia fora do seu contexto para substanciar crença de se
batizar pelos mortos

"Doutra maneira, quefarão os que se batizam pelos mor


tos. se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se
batizam eles, então, pelos mortos?" ( l Co 15.29)
OMORMONISMO 125

O tema do capítulo 15 é a ressurreição, pois ainda havia confu­


são na igreja de Corinto sobre essa doutrina. O apostolo mostra que
até os de fora. que não conhecem a Cristo, admitem a doutrina da
ressurreição, do contrário, não batizaria pelos mortos. Por isso di­
zemos que a doutrina mormonista de se batizar pelos mortos não é
cristã. Veja que o apóstolo Paulo usa a terceira pessoa do plural: "os
que se batizam pelos mortos... Por que se batizam eles. então, pe­
los mortos". O apóstolo não se identifica com esse grupo e nem os
cristãos, para os quais a epístola foi dirigida. A Bíblia ensina-nos a
rejeitar fábulas e genealogias (I Tm 1.4).

CONCLUSÃO

Os fatos apresentados mostram que se trata de um movimento


religioso a lie n a d o da Biblia. com fontes de autoridade calcadas em
fábulas e lendas. O relato de sua origem é muito contraditório e sem
consistência. O co n ceito sobre Deus é politeísta e muito próximo da
m itologia grega; o Jesus apresentado não é o mesmo revelado no
Novo Testam en to . A salvação que pregam, à luz da Bíblia, não é
salvação, e suas práticas são antibíblicas. O mormonismoestá, por­
tanto, ed ificad o sobre fundam ento falso. O ganhador de almas deve
estar sem pre p rep arad o para a evangelização dessas pessoas, eles
precisam co n h e c e r o verdadeiro Jesus (Jo 17.3).

Notas
TALMAGE. James E , A Grande Apostasia, p 34
Histoncal Magazine. N ew S e n a . vol 8. no 5, novembro de 1870
Documentary' History o f the Church, tomo VI, pp 268-270. 432 434
Ibidem, lomo VI. pp 617.618
ALLEN. James D The Significance os loseph Sn)itl)> First \ision rnAfivniiVi Thought Diak^uc a
Journal of Mormon I |3| 29-45. 1966
MCKAY. David G ospel Ideals, p 85
SARAVl. Fernando D El M o rm o m sm o at dttubicrto, p 42
12« HERESIAS E M O d S M O S

* SARAVl. Femado D O p CIL. p 42


* WIDTSOE. lohn ßoseph Smith -Serker After Truth. p 19
"* TANNER. JerakI and Sandra M onnonism S/utdovv or Reality*, pp »4 i- >62-d
•1 journ al o f Discourse, 1BS4. vol I }. pp 6$. 66
M idem. vol. lO.p. 127
'* TANNER. Jerald & Sandra Tanner Op c i t . p JJ
" c o w a n . Marvin w. Los Mormones Sus Doctrines Rcfutadas 0 la L u z d c Io Bibiio, pp. 2 1 .22
11COWAN. Marvin W Op. Of., pp 16. 17
** Balz & schneider, vol. I. 346
■* VINE. w. E D ica ona no Exposwvo de Palabras del Nuevo Tesiumenio. Tom o 2 . p 2S2
•* ROBERTSON. A T Imàgenes Verbales en el Nuex-o TestamentO. lo m o S. p 419.
MCELVEEN. Floyd C . A ilusào M o n n o n . p 65
10 Ibidem, p 63
n SANCHEZ. Angel. M an ua l de TTaducaön de leroglificos Egipcios. 2004. p 23
a Herôdoto. Histôna II. 36
23 s A n c h e z . Angel. O p Cot.. p 22
-4 SARAVl. Fernando O O p cil.. p »36
24 HOWE. E. D. M o rm o n is m U availed, pp. 270-272
MCELVEEN. Ftoyd C . O p Cil . p 66
27 SM IT H IR . Joseph History' o f the Churche. vol 3. p.232
»* MARTIN. Waller O Im p é n o das Seitas. vol 2. pp 118. 119.
Ibidem, p 117.
* TALM AGE, lames, E Regras de Fé. p. 22 1 .
jo u rn a l ©/‘Discourses, vol. 1 , p. 50
u SA R A V l,’Fernand o D O p Cit... p. 34.
u Teachings o f the Prophet Joseph S m ith C om pile d by lo se p h F ie ld in g Sm ith , p 3 7 0
M Jo u rn a l o f Discourses, vol I , pp. 50. 51
* Ib id e m , v o l. 2. p 6 2 .
* The Seer, IS 9 . 172
>’ S A R A V l, F e r n a n d o D Op. cit.. p 3 5 .
* W ID T S O E , lo h n Evidence a n d Reconciliations, i9 6 0 , p 19S
* H U N T E R . M illo n R. The G ospel T hrough the Ages, p 107
40 M o r m o n D octrine , p 804
41 Y O U N G , B r ig h a m Journal o f D iscou rses, vol. 3. p 247
4i S T R O N G . A u g u s t u s H o p k in s Tcologia Sisiem d uco. v o l U, p 139
° L a s C o n t n b u a o n e s d e José Sm ith, p S C iia d o p o t c o w a n . M a r v i n w , O p C i l . p
44 M o r m o n Doctrine, p 670.
4'T A L M A G E . Jam es. E R e g r a s d c F é . p 104
44 C H A F E R . L e w is S p e r r y Teoiogia Sistem àüca. v o ls 3 e 4. p 21
CAPÍTULO 4

A REENCARNAÇÃO

A doutrina da reencarnação é tão antiga quanto a humanida­


de, originária das religiões derivadas do hinduismo, como o
budismo e o jainismo. Atualmente, é apresentada com roupa­
gem cristã pela Nova Era, movimento pagão e principal
disseminador do reencarnacionismo, é o neopaganismo. Essa
crença não comporta no pensamento bíblico e não há como
introduzi-la na teologia cristã, são pontos excludentes.
12« HERESIAS E MODISMOS

I. O NEOPAGANISMO

1. Os gentios. É o reto rn o do pag an ism o tra v e s tid o c o m nova


capa. O te rm o "pagão" e seus derivados, n o c o n te x to c ris tã o , signi­
ficam o m esm o que "gentio" na Bíblia Os gentio s, goiym , "nações,
gentes", em hebraico, são todas as nações fora d o p a c to q u e Deus
fez com Israel, são todos os povos não israelitas. A té a v in d a de
Jesus, a hum anidade estava dividida en tre dois povos: g en tio s - egíp­
cios, assírios, caldeus, gregos rom anos, b á rbaros d e n tre outros e
judeus, os filhos de Israel. A distinção nunca foi é tn ic a e n e m po líti­
ca, mas religiosa.
O Senhor Jesus derribou a parede de s eparação e n tre ju deus e
gentios (Ef 2.13-18), form ando um novo povo, a Ig reja. H oje, a hu­
m anidade está dividida em três grupos: ju d eu , g e n tio e ig re ja ( I Co
10.32), Os não-judeus deixam de ser gentio s q u a n d o se c o n v e rte m
ao Senhor Jesus: 'Vós sabeis que éreis gentios, le v a d o s ao s ídolos
mudos, conform e éreis guiados" (I Co 12.2); " le m b ra i-v o s de vós,
noutro tem po, éreis gentios" (Ef 2 .1 1). Q u e m n ã o é ju d e u e nem
cristão a Bíblia o considera gentio, e "pagão" é p a la v ra posterior
que passou a ser usada para id entificar o g e n tio bíblico. 2

2. 0_que é paganismo? O te rm o "pagão" v e m do la tim , paga-


nus." camponês, ald eão"1 ou pagus, "território lim ita d o p o r m arcos,
distrito, aldeia, povoação".- O cristianism o e x p a n d iu se p elo vasto
im p ério rom ano, principalm en te, pelos grandes c e n tro s urbanos.
D u ran te o período do im perado r C onstantino, os m o ra d o re s das
pequenas aldeias rurais distantes, ainda não alcan çad as pelo e v a n ­
gelho, eram cham ados de "pagãos", até entào, sem c o n o ta ç ã o re li­
giosa. Com o passar do tem po, m uitos, tanto das a ld e ia s corno das
cidades, preferiram perm anecer no seu sistem a politeísta de culto,
rejeitando, dessa form a, o cristianism o A p a rtir da í, o te rm o ga-
A REENCARNAÇAO 129

nhou conotação religiosa. Essa gente passou a ser chamada de "pa­


gão", com o mesmo sentido de "gentio" dos tempos bíblicos.
As crenças e práticas pagãs são ofensa a Deus. Paganismo, por­
tanto, é o sistema religioso politeísta da antiguidade, cujas práticas
e crenças não se baseiam nem em Cristo e nem na Biblia. Os após­
tolos desbravaram o mundo pagão com a mensagem, com as boas
novas de salvação e, depois deles, a Igreja deu continuidade à pre­
gação do evangelho, despaganizando o mundo.

II. O SIGNIFICADO DA REENCARNAÇÃO

I . Conceito. Reencarnação não é o mesmo que encarnação. A


Bíblia fala da encarnação do Verbo como outra maneira de dizer
que Deus fez-se homem, Jesus Cristo, pois Jesus veio em came.

"E o Verbo sefez came e habitou entre nós, e vimos a sua


glória, como a glória do Unigénito do Pai, cheio de graça e de
verdade" (Jo 1.14).

“E, sem dúvida alguma, grande ê o mistério da piedade:


Aquele que se manifestou em came foi justificado em espiri­
to, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e
recebido acima, na glória“ (I Tm 3.16).

"Nisto conhecereis o Espírito de Deus: lodo espirito que


confessa que Jesus Cristo veio em came i de Deus" (I lo 4.1).

A reencarnação é uma crença defendida por quase todas as religi­


ões derivadas do hinduísmo. O termo significa "voltar na came". pois
seus adeptos acreditam em que, na morte física, a alma não entra
num estágio final, mas volta ao ciclo de renascimentos, evoluindo ou
13 0 HERESIAS E MODISMOS

regredindo; outros crêem que a alm a pode transm igrar-se para seres
inferiores, com o anim ais, e até, insetos Os kardecistas rejeitam a
últim a idéia. Todos os ramos reencam acionistas são u m a corrupção
da doutrina da im ortalidade da alm a, acrescida de invenções.
No hinduismo, essa doutrina é cham ada samsara, term o sânscrito
usado para "passagem por estágios sucessivos"3* ou, ainda: "Va-
gueação interm inável da alma"." A reencam ação é identificada, tam­
bém , por metempsicose, do grego pfiepijjúxcjoiç (metempsykhõsis).
"transm igração das alm as",5 e, ainda, por palingen ésia, do grego
ttodiYYCvcoía (palingenesia), literalm ente "gerar n o v a m e n te ", termo
usado pelos estóicos para designar "renascim ento do m u n d o de­
pois do térm ino de um ciclo de v id a " 5 A re e n c a m a ç ã o , portanto, é
chamada de samsara, de transm igração da a lm a , de renascim ento,
de palingenésia e de m etem psicose

2. No Oriente. O registro mais antigo da crença reencam acionista


aparece nos Upanishadas, a parte m ais im portante dos Vedas, escritos
sagrados do hinduismo, datado de 2000 a.C. As reencam ações das
religiões mencionadas acim a, na introdução, não são exatam ente
iguais. No hinduismo. o "eu" sobrevive à m orte e to m a a reencamar;
no budismo, não existe o "eu", pois não há alm a para m igrar, não é,
necessariamente, o m orto que volta para reencam ar. m as outra pes­
soa. Buda dizia ser a alm a um a ilusão que recebeu nom e. Os adeptos
da seita Hare Khrishna acreditam em que a a lm a do m o rto pode
reencam ar em seres inferiores: nos animais, inclusive nos insetos.

3. No Ocidente. Essa crença foi defendida na Grécia antiga pe­


los orfistas. "O m ito de Orfeu é um dos m ais obscuros e carregados
de sim bolism o que a m itologia helénica conhece".7 O orfism o é o
sistema religioso-filosófico atribuído a Orfeu, que se difundiu entre
os séculos V II e VI a.C. "Baseava-se na crença da im ortalidade e
A REENCAKNACÁO 131

inspirou o culto de mistérios com ritos e regras de concluía aplos a


libertarem a alma das suas sucessivas transmigrações"/ O orlismo
fundiu-se depois com o pitagorismo.
Pitágoras, segundo Paul Harvey, ensinou a doutrina da transmi­
gração da alma, e ele mesmo tinha a pretensão de suas vidas pas
sadas, encarnações anteriores.” Foi difundida, ainda, por Empédo
cies. por Platão, pelos gnósticos. principalmente Baisilides, e por
Plotino.10 Essa doutrina foi difundida, também, em Roma. Trata-se
de crença pagã, presente quase em toda a parte. Júlio César fez
menção da reencamação, na crença dos drúidas:

Tis almas não perecem, mas após a morte, passam de


uns para outros. Eis porque, indiferentes à morte, elesjulgam
que esta concepção deve estimular à virtude". "

Os historiadores afirmam que Sêneca era vegetariano, dieta hindu,


em razão dessa crença pitagórica, sua saúde era frágil, sofria de tísica.

III. SUA INCONSISTÊNCIA

l . Sem sustentação bíblica. Essa doutrina nunca conseguiu es­


paço no Oriente Médio, não foi aceita nessa parte do mundo, e cuja
rejeição é mantida, ainda, por judeus, cristãos e muçulmanos. É con­
trária ao pensamento bíblico, pois nega a salvação, o julgamento
final e a ressurreição dos mortos, dentre outros pontos da fé cristã.
A Biblia ensina ser a morte um caminho sem retomo e que ao
homem está ordenado morrer só uma vez.

“Porém, agora que é morta, por que jejuaria eu agora *


Poderei eu fazê-la mais voltar? Eu irei a ela, porém ela nào
voltará para mim" (2 Sm 12.22).
I »2 HERE5IAS E MODISMOS

•■ Porque se lembrou de que eram came, um vento que


passa e não volta'(SI 78.39).

~E, com o aos hom ens está ordenado morrerem um a vez,


vindo, depois disso, o juízo" (Hb 9.27).

Esses versículos resumem o pensamento bíblico sobre o destino


do homem após a morte e são golpe m ortal contra a falsa doutrina
da reencamação com suas ramificações. Nós vivem os um a vez. e,
depois da morte, segue-se o juízo, nossa alm a é um v e n to sem re­
tom o. Reencamação, portanto, não existe. O S enhor jesus Cristo
morreu pelos nossos pecados na cru z do C alvário, n a d a h á mais
que possa salvar o hom em , só Jesus, ele é o ú n ic o S a lv a d o r’ Ele
mesm o há de julgar os vivos e os m ortos.

“Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados so­


bre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudésse­
mos viver para a justiça; e pelas suas fe n d a s fostes sarados"
d Pe 2.24).

"E em nenhum outro há salvação, porque tam bém debai­


xo do céu nenhum outro nom e há, dado entre os hom ens,
pelo qual devamos ser salvos" (At 4.12).

"Porquanto tem determinado um dia em que com justiça


h á de ju lg a r o m undo, p o r m eio do varão que destinou; e disso
deu certeza a todos, ressuscitando-o dos m ortos" (A t 17.31).

"Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cris­


to, que há de julgar os vivos e os monos, na sua vinda e no
seu Reino" (2 Tm 4 .1).
A REENCARNAÇAO 133

2. Refutação da patrística. Os pais da Igreja e os teólogos cris­


tãos mais influentes da antiguidade são unânimes quanto a incom­
patibilidade da doutrina da reencamação com a fé cristã.
justino, o Mártir, refutou a doutrina da reencanação:

"Portanto, nem as almas vêem a Deus, nem transmigram


para outros corpos, pois dessaforma elas saberiam que esse
é o seu castigo e temeriam cometer o mais leve pecado no
corpo sucessivo".12

Irineu de Lião, nascido por volta de 140 d.C, em Esmima, na


atual Turquia, combatendo os gnósticos. refutou, também, a doutri­
na da reencamação:

“Refutamos a transmigração das almas de corpo em cor­


po pelo fato de elas não se lembrarem de nada do passado.
Com efeito, se foram enviadas a este mundo para praticar
todas as ações deveriam lembrar-se daquelas que já fizeram
para completar o que ainda falta e não ter que se envolver
sempre nas mesmas experiências. A união ao corpo não po
deria apagar totalmente a lembrança do que viram anterior­
mente, quando vêm precisamente por isso... Nâo podendo
responder a estes argumentos, Platão, este antigo ateniense
quefoi o primeiro a adotar esta doutrina...“.' 1

Outros pais d a Igreja refutaram a reencamação, como Tertuliano,


em De Anima, Jerônimo, em uma de suas epístolas.

IV. SEUS OBJETIVOS

1. Busca da perfeição ou da salvação. Segundo Ailan Kardei.


13 4 HERESIAS E MODISMOS

“A doutrina da reencamaçâo, que consiste em admitirpara


o homem muitas existências sucessivas, é a única que
cwespotuie à idéia da justiça de Deus com respeito aos ho­
mens de condição moral inferior, a única que pode explicar o
nossofuturo e fundamentar as nossas esperanças, pois ofe­
rece-nos o meio de resgatarmos os nossas erros através de
novas provas. A razão assim nos diz, e é o que os Espíritos
nos ensinam".,J

Os antigos hindus, os gregos, os gnósticos, Plotino e os kardecistas


têm em comum a busca da perfeição por m eio de um progresso
evolutivo até que esses ciclos da roda de renascimento parem de
girar. Aqui, a doutrina da encarnação é colocada como "única que
corresponde à idéia da justiça de Deus" no sentido de aperfeiçoar
moralmente o homem. Trata-se de uma crença em que o Senhor
Jesus não faz parte.
Qual a fonte dessa crença? Kardec argumenta ser a razão e o
ensino dos Espíritos. Dos espíritos estranhos manifestos nos mé­
diuns. As doutrinas cristãs, porém, não podem ser fundamentadas
em experiências pessoais, pois os sentimentos humanos cairam com
o homem na queda do Éden:

“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e


perverso: quem o conhecerár (Jr 17.9).

Por isso, Deus revelou-se a si mesmo em sua Palavra, a Bíblia, a


qual é a fonte da teologia cristã.

2. Explicação para o sofrimento humano. Acreditam, ainda, na


doutrina do carma, lei que determina o lugar de um indivíduo na reen-
camação, ou seja, a pessoa vai colher o que semeou na suposta
A REENCARNAÇAO 135

encarnação anterior, é o princípio hindu de causa e efeito. Os reen-


camacionistas jactam-se de ter a explicação para o fenômeno do sofri­
mento humano. Quem nasce com defeito fisico ou com problema muito
sério de saúde, afirmam ser a lei do carma. A pessoa está pagando o
que fez em outras encarnações, e, assim, ela vai se aperfeiçoando. Por
essa razão, os kardecistas, por exemplo, procuram ser generosos, fun­
dam creches e dão assistência aos necessitados. Reencamações e boas
obras são, para eles, os meios para a salvação. Nem todos os ramos
reencamacionistas, no entanto, acreditam na garantia da salvação fi­
nal de todos, mas o comum entre eles é que apenas um período de
vida não é suficiente para os seres humanos.

3. Reencamação e cristianismo. Essas crenças são contrárias


à teologia bíblica, pois nelas não há espaço para a doutrina da res­
surreição dos mortos, da redenção pela fé no sacrifício de Jesus no
Calvário, do julgamento divino sobre os infiéis, do inferno ardente.
Uma oposição à fé cristã, é a doutrina da salvação pelo esforço hu­
mano, pregada pelos muçulmanos, mórmons, testemunhas de Jeová,
kardecistas e por diversos ramos do espiritismo; também, a doutrina
da segunda oportunidade, defendida, geralmente, pelas seitas

V. SUAS DISTORÇÕES

1. Criptoamnésia. Às vezes, acontece que a pessoa está numa


conversa com outra pela primeira vez ou. simplesmente, encontra
se num ambiente com ela e tem-se a sensação de já ter visto a tal
pessoa ou já ter tratado do mesmo assunto antes, ou tem-se a im­
pressão de que já esteve nesse ambiente antes Isso é chamado de
déjà vu (francês "já visto") Os reencamacionistas exploram esse
assunto para justificar sua crença na reencamação O livro Rrau oi
nação,de Norman L. Geisler e J. Yutaka Amano. explica a verdade
■ 3 « HERESIAS E MOWSMOS

sobre o tal fenômeno. Os cientistas, porém, afirmam que quando o$


dados do ambiente são captados pela visão, às vezes, a informação
para o cérebro demora por um microssegundo. e isso leva a pessoa
a pensar ter vivido aquela cena antes. Eles chamam o déjà vu de
criptoamnésia.15

2. Distorção bíblica. Há. ainda, os que ostentam a bandeira do


cristianismo sem abrir mão da doutrina reencamacionista. São os
que assassinam a exegese bfblica. usando a técnica do sofisma, adap­
tando textos bíblicos às suas crenças.
Os defensores da reencamação costumam usar passagens bfblicas
para fundamentar suas crenças, principalmente os kardecistas. Eles
rejeitam a Bíblia, mas reconhecem o respeito que o povo. de modo
geral, tem por ela, por isso, quando é possível, usam passagens das
Escrituras, arrancadas violentamente de seu contexto, para dar rou­
pagem bíblica àquilo que acreditam. Com isso, conseguem persuadir
os incautos com sua mensagem. Allan Kardec apelou, também, para
a autoridade da Bíblia, mas fora do contexto:

"Oprincípio da reencamação ressalta, aliás, de muitas pas­


sagens das Escrituras, encontrando-se especialmenteformu­
lado, de maneira explícita, no evangelho".16

Ainda que a interpretação em favor da reencamação resistisse


ao exame exegético e hermenêutico, seria exagero afirmar sua pre­
sença em "muitas passagens das Escrituras" e, ainda, "de maneira
explícita, no evangelho"; ainda mais, quando ela destoa-se comple­
tamente do pensamento bíblico.

“Então, ló se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua


cabeça, e se lançou em terra, e adorou, e disse. Nu saí do ventre
A r e e n c a r n a ç Ao 137

de minha mãe e nu tomarei para lá; o SENHOR o deu e o SE­


NHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR" (Jó 1.20,21).

Os apologistas da reencamação vêem nessa passagem biblica


elementos suficientes para fundamentar sua tese. Essa interpreta­
ção, contudo, destoa de todo o pensamento bfblico. A palavra
hebraica usada para "ventre" em: "Nu sai do ventre de minha mãe e
nu tomarei para lá" é IP? (beten), "ventre, barriga, abdômen, tripa".1’
"0 sentido básico desta palavra, de acordo com os cognatos semíti­
cos, é 'interior'; em hebraico, a palavra denota o abdômen inferior"
e tem o mesmo sentido nas tábuas de Amama"."
Os principais expositores do Antigo Testamento afirmam que |ó está
falando do interior da mãe-terra (Matthew Henry, Delitzsch, Adam Clarice,
dentre outros); como bem observou o Dr Antônio Neves de Mesquita;
"Deve ser uma bela expressão poética, como ventre da mãe-terra, a mãe
que tudo dá".19a mãe comum da humanidade. 0 homem foi formado ~do
póda terra" (Gn 2.7), e para lá tomará: "até que tomes à terra; porque dela
foste tomado, porquanto és pó e m pó te tomarás" (Gn 3.19)
0 uso das figuras de linguagem é um recurso lingüístico para
ornar o discurso e chamar a atenção do leitor ou do ouvinte Metá­
fora "consiste na transferência de um termo para uma esfera de
significação que não é a sua, em virtude de uma comparação implí­
cita",20ou seja, é o emprego de uma palavra em sentido diferente do
próprio por analogia. Disse o salmista:

"Pois possuíste o meu interior, entreteceste me no ventre


de minha mãe. Eu te louvarei, porque de um modo terrível e
tão maravilhosofui formado; maravilhosas são as tuas obras,
e a minha alma o sabe muito bem Os meus ossos não te
foram encobertos, quando no ocultofui formado e entretecido
como nas profundezas da terra" tSI 139 13 I5>
13« HERESIAS E MODISMOS

No v. 13 o salmista diz: "entreteceste-me no ventre de minha mãe",


porém, mais adiante, no v. 15, acrescenta: "quando no oculto fui for­
mado e entretecido como nas profundezas da terra". Veja que ventre
materno e profundezas da terra são colocados, aqui, lado a lado. Pro­
curar, portanto, dar sustentação bíblica à doutrina da reencamação
com base nessa passagem, é violar a regra da hermenêutica.

"Assim veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Antes


que eu teformasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses
da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta" (Jr 1.4, 5).

O texto não está afirmando ser Jeremias alguma reencamação, mas


que Deus sabe de antemão todas as coisas, por ser ele onisciente, pois
anuncia o fim desde o princípio (ls 46.9, 10): "diz o Senhor, que faz
todas estas coisas que são conhecidas desde toda a eternidade" (At
15.17,18). Na verdade, certos homens foram escolhidos por Deus an­
tes do seu nascimento, como aconteceu com Saulo de Tarso (Gl 1.15);
ou, antes mesmo de serem concebidos no ventre materno, como
Jeremias. Isso não é sinônimo de reencamação. Os reencamacionistas
precisam ser mais sensatos na interpretação bíblica.

"£, desde os dias de João Batista até agora, sefaz violência


ao Reino dos céus, e pela força se apoderam dele. Porque
todos os profetas e a lei profetizaram até João. £, se quereis
dar crédito, é este o Elias que havia de vir" (Mt 11.12-14).

Há, ainda, outras passagens que vinculam o profeta Elias a João


Batista (Mt 17.10-13; Mc 9.11-13; Lc 1.17).

Sobre a questão de João Batista e Elias, há aparente contradição,


só aparente, pois se a Bíblia apresenta João como sendo Elias: "E, se
A REENCARNAÇAO 139

quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir"; entretanto, ela
mesma ensina que João Batista afirmou não ser Elias: "E pergunta­
ram-lhe: Então, quem és, pois? És tu Elias? E disse: Não sou" (lo
1.21). As duas passagens são harmônicas, elas não estão afirman­
do e negando o mesmo fato.
A primeira passagem bíblica ensina que João Batista veio na vir­
tude e no espirito de Elias:

"e irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para con­


verter o coração dos pais aosfilhos e os rebeldes, à prudência
dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem
disposto" (Lc 1.17).

Os discípulos queriam saber porque os escribas ensinavam


que Elias viria antes do Messias (Mt 17.10). O ensino baseava-
se numa profecia do Antigo Testamento (Ml 4.6). Assim, Jesus
estava explicando que essa profecia acabava de ser cumprida
em João Batista.
O termo "espírito", muitas vezes, significa, na Bíblia, personali­
dade (Pv 16.18, 19,32; G16.1). A personagem de João era semelhan­
te a de Elias, pois ambos usavam veste de pêlos e cinto de couro:

"E eles lhe disseram: Era um homem vestido de pêlos e


com os lombos cingidos de um cinto de couro. Então, disse
ele: É Elias, o tisbita" (2 Rs 1.8).

“E este João tinha a sua veste de pêlos de camelo e um


cinto de couro em tomo de seus lombos e alimentava-se de
gafanhotos e de mel silvestre" (Mt 3.4).

Ambos eram homens do deserto:


140 HERESIAS E MODISMOS

"E ele sefoi ao deserto, caminho de um dia, e veio, e se


assentou debaixo de um zimbro; e pediu em seu ânimo a
morte e disse: lá basta. 6 SENHOR; toma agora a minha vida,
pois não sou melhor do que meus pais. ...Eo SENHOR lhe
disse: Vai, volta pelo teu caminho para o deserto de Damas­
co, vem e unge a Hazael rei sobre a Síria" (I Rs 19.4, 15).

"E o menino crescia, e se robustecia em espírito, e esteve


nos desertos até ao dia em que havia de mostrar-se a Israel"
(Lc 1.80).

Ambos eram contundentes em suas palavras e pregaram contra


reis ímpios, Acabe e Herodes:

"E disse Acabe a Elias; Já me achaste, inimigo meu? E ele


disse: Achei-te-, porquanto já te vendeste para fazeres o que é
mau aos olhos do SENHOR. Eis que trarei mal sobre ti, e ar­
rancarei a tua posteridade, e arrancarei de Acabe a todo ho­
mem, como também o encerrado e o desamparado em Israel;
efarei a tua casa como a casa de Jeroboâo, filho de Nebate, e
como a casa de Baasa,filho deAías. por causa da provocação
comque me provocasteefizestepecar a Israel. E também acerca
deJezabelfalou o SENHOR dizendo: Os cães comerão Jezabel
junto ao antemuro de Jezreel. Aquele que de Acabe morrer na
cidade, os cães o comerão, e o que morrer no campo, as aves
do céu o comerão. Porém ninguém fora como Acabe, que se
vendera parafazer o que era mau aos olhos do SENHOR por­
que Jezabel, sua mulher, o incitava. E fez grandes abomina­
ções, seguindo os ídolos, conforme tudo o que fizeram os
amorreus, os quais o SENHOR lançoufora da sua possessão,
de diante dosfilhos de Israel '(l Rs 21.20-26).
A r e e n c a r n a ç Ao 141

"Naquele tempo, ouviu Herodes, o tetrarca, a fama de Je-


sus. E disse aos seus criados: Este é João Batista; ressuscitou
dos mortos, e, por isso, estas maravilhas operam nele. Porque
Herodes tinha prendido João e tinha-o manietado e encerrado
no cárcere por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe;
porque João lhe dissera: Não te é licito possuí-la" (Ml 14.1-4).

Não é possível ser João a reencarnação de Elias, pois Elias se­


quer morreu (2 Rs 2.11). João era a pessoa de Elias, como ele mes­
mo afirmou: "Não sou" (Jo 1.21), mas, era Elias em espírito.
O curioso no relato da transfiguração de Jesus é de que junto
com Elias apareceu, também, Moisés: "E eis que lhes apareceram
Moisés e Elias, falando com ele" (Mt 17 3), fraseologia similar nas
passagens paralelas (Mc 9.4; Lc 9 30). Ora, Moisés morreu e foi se­
pultado (Dt 34.5-7), no entanto, cerca de 1.400 anos depois, reapa­
rece no monte da Transfiguração. Quanto tempo seria necessário
para um ser humano reencarnar-se? Temos, nisso, outra prova da
falácia da crença reencarnacionista.

'Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade tedigo


que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de
Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer,
sendo velho? Porventura, pode tomar a entrar no ventre de
sua mãe e nascer?Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te
digo que aquele que não nascer da água e do Espirito não
pode entrar no Reino de Deus. O que é nascido da came ê
carne, e o que é nascido do Espirito é espirito"tio J.J-w

Já vimos que um dos nomes da doutrina da reencarnação e


palingenésia. O termo grego é vaXiyycvcoia tpalingnesia). significa
“novo nascimento, regeneração, renovação";-' vem de duas pala
142 HERESIAS E MODISMOS

vras: "formado de palin, 'de novo' e genesis, 'nascimento'; é usado


acerca da regeneração espiritual’ (Tt 3.5)".“ Aparece duas vezes no
Novo Testamento grego: "quando, na regeneração, o Filho do Ho­
mem se assentar no trono da sua glória" (Mt 19 28); "segundo a sua
misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renova­
ção do Espírito Santo"’ (Tt 3.5).
Em João 3.3, porém, o termo usado é outro: Y f^ q ô rj tíwoDcv
(gennêthê anõthen), "nascer, ser gerado, de cima, outra vez, de
novo".23 Novo nascimento fala de nascimento espiritual, de regene­
ração e não reencarnação. Cada ren ascim ento no circulo
reencamacionista seria novo nascimento da carne, não deixaria de
ser came, mas Jesus falava do nascimento "da água e do Espírito”,
enfatizou: "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do
Espírito é espirito" Logo, não faz sentido introduzir a idéia de reen-
camaçâo nessa passagem bíblica.

"E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença. E


os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pe­
cou, este ou seus pais, para que nascesse cego?Jesus respon­
deu: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi assim para que
se manifestem nele as obras de Deus" (Jo 9.1 -3).

Quando os discípulos de Jesus perguntaram-lhe quem havia pe­


cado, se o cego de nascença ou seus pais. a questão não era sobre
reencarnação, pois tal doutrina não conquistou espaço no Oriente
Médio, mas. porque o segundo mandamento do Decálogo registra
que Deus visita a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta
geração daqueles que aborrecem a Deus

"Não te encurvarás a elas nem as servirás„■porque eu, o


SENHOR, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade
a r e e n c a r n a ç Ao 143

dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles


que me aborrecem" (ê x 20. S).

Esse mandamento reaparece em Deuteronômio 5.9. Isso não se


aplica aos cristãos, pois quando alguém se converte a Cristo, deixa
de aborrecer a Deus, tornando-se nova criatura:

"Se alguém está em Cristo, nova criatura é. as coisas ve­


lhas já passaram, eis que tudo sefez novo" (2 Co 5.17).

A Bíblia ensina que a responsabilidade é pessoal. Havia em Isra­


el um provérbio muito antigo: "Os pais comeram uvas verdes, e os
dentes dos filhos se embotaram" (Ez 18.2), que os hebreus usavam
para lançar a culpa de seus pecados nos antepassados. "Uvas ver­
des" são os pecados e, os "dentes embotados" são a conseqüência
deles. Deus, porém, proibiu esse dito em Israel (Ez 18.2,3). Todo o
capítulo 18 de Ezequiel gira em tomo da responsabilidade individu­
al do homem diante de Deus:

“A alma que pecar, essa morrerá; ofilho não levará a ini


qúidade do pai, nem o pai levará a iniquidade dofilho. A jus­
tiça do justo ficará sobre ele e a impiedade do ímpio cairá
sobre ele'(Ez 18.20).

A pergunta dos discípulos de Jesus sobre quem teria pecado, o


cego de nascença ou os seus pais, girava em tomo dessa questão e
não da reencamação. A resposta de Jesus não deixou brecha para
especulações reencamacionistas, ele explicou:

"Nem de pecou, nem seus pais, masfoi assim para que se


manifestem nele as obras de Deus" tjo 9 31
144 HERESIAS E MODISMOS

3. Distorção científica. Muitas pesquisas já foram feitas, e ou­


tras continuam em andamento em busca de fundamentos científi­
cos para reencamação. A ciência já provou o começo e o fim da
vida biológica dos seres humanos. Ela confirma que, na concepção,
começa uma nova vida, um ser humano individual e único, como
descreve a Bíblia (SI 139.15,16;Zc 12.1); mas jamais conseguiu con­
firmar que essa vida existia em corpo anterior. Afirmar que a reen­
camação é comprovada cientificamente, como fazem os apologistas
dessa crença, é uma distorção da verdade.
O Dr. lan Stevenson, ex-chefe do Departamento de Psiquiatria
da Faculdade de Medicina da Universidade da Virgínia, EUA, reuniu
em suas pesquisas mais de 1.600 casos de tipos de reencarnação,
sendo a maior parte oriunda de áreas onde a maioria acreditava
nessa doutrina, cujas pessoas são culturalmente suscetíveis a essa
crença. Ele mesmo, no entanto, comentou: "Nenhum caso isolado,
nem tão pouco a totalidade dos casos investigados, oferecem algo
que se pareça com uma prova de reencamação"."

VI. SUA POPULARIDADE

I . Aceitação na sociedade. Hoje, o paganismo está de volta


com o aumento do humanismo declarado, do relativismo ético, do
materialismo, do ocultismo e da propagação ostensiva da doutri­
na da reencamação. Muitas nações ocidentais são mais pagãs do
que cristãs.
Rabi R. Maharaj, indiano, ex-praticante do hinduísmo e autor do
livro Morte de um Guru, publicado em mais de 40 idiomas, vê com
preocupação o avanço do paganismo oriental no Ocidente. Ele cita
um escritor do século passado que afirmava: "Oriente é Oriente e
Ocidente é Ocidente", tal era o abismo entre essas duas culturas.
Hoje, Maharaj lamenta dizendo:
A REENCARNAÇAO 145

"Hoje mais gente no Ocidente se volta para a religiosidade


indiana do que gente na índia se converte à fé cristã".1S

Nós, portanto, temos a melhor mensagem, pregamos a verdade


do Deus verdadeiro, pregamos o Cristo previsto pelos profetas e
cumprido no Novo Testamento. Por que isso acontece? Van Baalem
explica: "As seitas são as contas vencidas da Igreja". A responsabi­
lidade é nossa.
Essa crença vem alcançando uma popularidade nunca vista an­
tes. Já se tornou comum na vida dos que não conhecem a Deus e a
sua Palavra. Políticos de renome, cientistas, empresários, finan­
cistas, artistas e famosas estrelas de Hollywood sào, hoje, os prin­
cipais promotores da doutrina. Está nos meios de comunicação,
no esporte, no comércio e na educação. São pessoas inteligentes,
cultas e eruditas, bem sucedidas em seus negócios e atividades,
isso mostra que a única maneira de o homem proteger-se do erro
é pelo conhecimento da Palavra de Deus (Ef 6.10-18) Sem essa
proteção, todos estão vulneráveis e podem, facilmente, cair no
desvio doutrinário.

2. Razão do seu crescimento. A popularidade é resultado


da tendência humana de procurar escapar do inferno sem a aju­
da de Deus e sem Jesus. A Bíblia afirma que o "deus deste século
cegou o entendimento dos incrédulos, para que não lhes resplan­
deça a luz do evangelho" (2 Co 4.4). Nessa cegueira espiritual, o
homem está em busca de resposta para seus problemas Nisso.
Satanás diz-lhe que não há mais solução, porque ele está co­
lhendo o que semeou na suposta encarnação anterior Trata-se
de um incentivo à acomodação. Por isso que a tal crença vem
ganhando espaço.
14 6 HERESIAS E MODISMOS

CONCLUSÃO

A igreja local que não desafiar o neopaganismo, que está a sua


volta, corre grande risco de ser sucumbida. O dever do cristão não
consiste apenas em se afastar do paganismo, mas também combatê-
lo, com a pregação do evangelho e com sua forma de vida, como
fizeram os primeiros cristãos.
Os adeptos da reencamação estão preparados para defender suas
crenças em qualquer foro, mas nós estamos com a verdade, e Deus
é conosco, por isso devemos lutar pela salvação deles. Eles são par­
te dos grupos não-alcançados pelo evangelho. Esse desafio é tarefa
da Igreja atual, pois Jesus ordenou-nos pregar as boas novas a toda
a criatura (Mc 16.15).

Notas
' FARIA, Emeslo, Dicionário Escolar Laüno-Portugués, p 385
2 ibidem, p 365.
' SCHLESINGER, Hugo e PORTO, Humberto. Dicionário Enciclopédico das Religiões, vol. II. p 2 283
* MATHER, George A. & NICHOLS. Laiy A. Dicionário de Religiões. Crenças e Ocultism o, p. 366
> Liddell & Scot(.p 1119.
' ABBAGNANO. Op d l. p. 741
; GRJM AL Pierre Dioonário da Mitologia Grego e Romana, p. 340.
■ SCHLESINGER. Hugo e PORTO. Humberto. O p d t. vol. II. p. 1.946
* HARVEY. Paul Dicionário Oxford de Literatura Q ássica Grega e Latina, p 396
•• ABBAGNANO. Op. O I. p 666.
" DeBetioGaBkoMl.iA. citado por Edm ond Robillard in: Reencam ação Sonho ou Realidade**•, p 12.
12JUSTINO, Mártir Diálogo com Ttißo 4.7.
IJ IRINEU. Contias as Heresias I I 33.1X
M KARDEC, Allan O Livro dos Esprritos. p. 64.
” G EISLER. L. Norman e AMANO. J. Yutaka. Reencamação. pp. 6 7.66
'* KARDEC. Allan Op Cit. p. 96.
'• BORRÄS. judit Targarona. Dicionário Hcbreo-Espanot. p. 101.
'• HARRIS. R. Laird. ARCHER JR-. Gleason L ; W ALTKE. Bruce K.. p 171
,v M ESQUITA. Antônio Neves. Estudo no üvro de fó. p. 26.
* u m a . Rocha Gramática Normativa da Língua Portuguesa, p. SOI
" Balz & Schcneider. vol II. p. 691.
“ VINE, w E . UNGER. Merril F . w h it e IR. W illiam. Dicionário Vine. p. 933.
RIENECKER. F n u < ROGERS. Cleon, chove Linguística do Novo Testamento Grego. p. 16$
24 O taòo por GE1SLER. Norm an L c AM ANO. J Yutaka O p d l. p $6
24SAUTTER. Gerhard New Age - A Nova Era à Luz do Evangdho. p 41.
CAPÍTULO 6

AS TESTEMUNHAS
DE JEOVÁ

ASoçiedadqfrorre de Vigia é a organização das testemunhas


[ de/eova é èujjb movimento é hostil a todos os ramos do cristia
nismo, incluindo os cristãos nominais. Suas crenças e práticas
são contrárias ao cristianismo bíblico, que atravessou os sécu­
los, desde a era apostólica. Para simplijicarsuas crenças, basta
colocar um "não" diante de tudo aquilo que nós cremos
148 HERESIAS E MODISMOS

I. ORIGEM DO MOVIMENTO

1. Charles Taze Russell. Seu fundador. Charles T. Russell, nas­


ceu em 1852, em Pittsburgo, EUA, filho de presbiterianos de linha­
gem escocês-irlandesa, Pertenceu á Igreja Congregacional e por fim
à Adventista, Por volta de 1872, apareceu com um evangelho estra­
nho ao Novo Testamento. Em 1881, é formada a Sociedade Torre de
Vigia, em 1884, ela adquiriu personalidade jurídica. Ele registrou
sua organização na Pensilvânia, EUA. Em 1879, começou a publicar
Zion's Watch Tower (Torre de Vigia de Sião), atualmente A Sentinela,
principal ferramenta de divulgação de suas idéias.
Seus seguidores eram conhecidos como Estudantes Internacio­
nais da Bíblia. O nome "Testemunha de Jeová” foi dado por
Rutherford no congresso deles em 1931, em Columbus, Ohio, EUA.
A base de sua religião foi a data do retorno de Cristo. Profetizou
a segunda vinda de Cristo para 1914, mas nada de suas falsas profe­
cias cumpriram-se; em seguida, mudou-se a data para 1915.

" ... a 'batalha do grande dia do Deus Todo-poderoso'


(Apocalipse 16:14), a qual terminará no ano de 1914 AD.
através da destruição completa do atual governo da terra, já
tem sido iniciada" ’

Russell colocava seus escritos com a mesma autoridade da Bí­


blia, e seus sucessores não são diferentes. Eles reivindicam autori­
dade igual a dos profetas e apóstolos da Bíblia. Consideram-se como
único canal de comunicação entre Jeová e o homem.

Os seis tomos de Estudos das Escrituras constituem pra­


ticamente a Bíblia. Não são meramenle um comentário acer­
ca da Bíblia, mas praticamente a própria Bíblia... Nào se pode
AS TESTEMUNHAS DE lEOVA 149

descobrir o plano divino estudando a Bíblia. Se alguém colo­


ca de lado os Estudos, mesmo depois de familiarizar-se com
eles... e se dirige apenas à Bíblia, dentro de dois anos volta às
trevas. Ao contrário, se lê os Estudos das Escrituras com as
suas citações, ainda que não tenha lido sequer uma página
da Bíblia, ao cabo de dois anos estará na luz" *

"Assim como as profecias bíblicas apontavam para o Mes­


sias, elas também nos encaminham ao unido corpo de cris­
tãos ungidos, das Testemunhas de Jeová, que serve atualmente
qual escravo fie l e discreto Este nos ajuda a entendera Pala­
vra de Deus. Todos os que desejam entender a Bíblia devem
reconhecer que a grandemente diversificada sabedoria de
Deus' só pode ser conhecida através do canal de comunica
ção de Jeová, o escravofie l e discreto. — João 6.68‘. ‘

Os fatos, porém , por si só, elim inam essas pretensões Sua pró­
pria história registra que nenhum a dessas profecias cumpriu-se. e
isso é prova que tal m o vim en to é uma organização de falsos profe­
tas. A Bíblia ensina que quando alguém profetiza em nome do Se­
nhor e tal palavra não se cum pre, o tal homem é falso profeta:

"Porém o profeta que presumir soberbamente de falar


alguma palavra em meu nome, que eu lhe nâo tenho m an­
dado falar, ou o que fa la r em nome de outros deuses, o tal
profeta morrerá. E se disseres no teu coração: Como conhe
ceremos a palavra que o SENHOR nào jálou? Quando o lai
profetafa la r em nome do SENHOR, e tal palavra se não cum
prir, nem suceder assim, esta é palavra que o SENHOR nào
falou; com soberba a falou o tal profeta, nào tenhas temor
dele" (Dt 13.20-22).
150 HERESIAS E MODISMOS

Jesus disse que não compete aos homens saber a data de sua vinda:

"Porém daquele Dia e hora ninguém sabe, nem os anjos


dos céus, nem o Filho, mas unicamente meu Pai"(Ml 24.36).
Ver também passagem paralela (Mc 13.32).

"Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe,


dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?
E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as esta­
ções que o Pai estabeleceu pelo seu próprio pod er (At 1.6, 7).

2. Joseph Franklin Rutherford. Russell morreu em 1916, e seu


sucessor, Joseph F. Rutherford, foi eleito pela organização em 0 6 /
01/1917 Com ele o sistema sofreu cerca de 148 mudanças doutri­
nárias. O período em que Rutherford liderou a organização foi o de
maior anarquia. Ele continuou com as mesmas profecias, mas para
1918 e 1920, publicadas no livro The Finished Mystery (O Mistério
Consumado), em 1917. Depois, profetizou o milênio para 1925 num
livro intitulado Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão, publicado
em 1920; em português, em 1923; em seguida, a batalha do
Armagedom para 1942, no livro Filhos, publicado em 1941.

“Eà luz das escrituras acima mencionadas, prova que a pri-


maverade 1918 venha trazer sobre a cristandade um espasmo
de angústia maior que o experimentou no outono de 1914"4

“As repúblicas desaparecerão no outono de 1920... Todo


governo da terra passará, será tragado pela anarquia".s

"Da mesma maneira que os apóstatas de mente camal


da cristandade, aliando-se com os radicais e revolucionári-
AS TESTEMUNHAS DE JEOVA 1SI

os, se regozijam da herança de desolação que virá à cristan­


dade depois de 1918, assim fará Deus à organização revo­
lucionária exitosa; esta será completamente desolada, 'sim,
toda ela'. Nenhum vestígio desta sobreviverá aos estragos
da anarquia mundial completamente embarcadora que virá
no outono de 1920".6

"Desde que outras escripturas definitivamente estabelecem


o facto, de que Abrahão, Isaace Jacob ressucitarão e outros
fieis antigos, e que estes seriam os primeiros favorecidos, po­
demos esperar em 1925 a volta desses homensfieis de Israel,
resurgindo da morte e completamente restituído à perfeição
humana, os quaes serão visíveis e reaes representantes da
nova ordem das cousas na terra... Portanto, podemos segu­
ramente esperar que 1925 marcará a volta às condições de
perfeição hum ana, de Abrahão, isaac, lacó e os antigos
prophetas fieisv

Nada disso, porém , cum priu-se, e Rutherford continuou insistin­


do, pregava o A rm agedom para aqueles dias Ele proibiu os casais
terem filhos, por causa do em inente Armagedom, no livro Salvação,
e. até mesmo, os jovens de casarem-se, no livro Filhos.

“Surge, pois a pergunta. Desde que o Senhor está agora


ajuntando suas 'outras ovelhas', que hão deformar a grande
multidão, devem eles começar a casar agora e terfilhos em
cumprimento do mandato divino? Não, é a resposta, apoiada
plenamente pelas Escrituras“."

“Podemos bem adiar o nosso casamento ate que a paz


duradoura venha à terra. Agora nada dexvmos acrescentar
IS2 HERESIAS E MODISMOS

às nossas tarefas, mas estejamos livres e equipados para ser­


vir ao Senhor. Quando a TEOCRACIA estiver completamente
estabelecida nào será dificultoso criarfilhos

Raymond Franz, sobrinho do ex-presidenle da Sociedade Torre de


Vigia, Frederick w Franz, foi membro do Corpo Governante durante
nove anos, de 1971 a 19S0. Saiu da organização, como disse David A.
Reed num panfleto, "por causa de uma crise de consciência".
Raymond Franz diz que estava com 19 anos de idade, no verão
de 1941, e participava de uma assembléia em Saint Louis, Missouri,
quando Rutherford chamou jovens, de cinco a dezoito anos, à fren­
te da tribuna e disse a eles que tirassem "o casamento de suas men­
tes até a volta de Abraão, Isaque, Jacó e de outros homens e mulhe­
res fiéis do passado, que seriam ressuscitados em breve e os orien­
tariam em sua escolha de cônjuges. A cada um deles foi dado um
exemplar gratuito do novo livro intitulado Filhos".10 Ele acrescenta,
na mesma página, o seguinte:

“Uma estranha mistura de agitação e depressão, que aque­


las afirmaçõesgeraram em mim. Á minha idade, ser confronta­
do com declarações dessa espécie, que, em essência, exigiam de
mim tomar decisão de deixar de lado o interesse pelo casamen­
to para uma ocasião indefinida, tinha um efeito perturbador."

Que Escritura proíbe o casamento? Nenhuma. A Bíblia chama de


doutrina de demônios a proibição de casamento:

"Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tem­


pos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos en­
ganadores e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia de ho­
mens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria
AS TESTEMUNHAS DE lEOVA 143

consciência, proibindo o casamento e ordenando a abstinên­


cia dos manjares que Deus criou para osfiéis e para os que
conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de
graças" (I Tm 4.1-3).

A Bíblia proíbe gerar filhos em alguma passagem? Absoluta­


mente não, antes o contrário, a família bíblica é constituída de pai,
mãe e numerosos filhos. A Escritura, portanto, incentiva e encora­
ja gerar filhos:

E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e


multiplicai-vos, e enchei a terra,... Eabençoou DeusaNoée
a seusfilhos e disse-lhes: frutificai, e multiplicai-vos, e enchei
a terra" (Cn 1.28; 9.1).

“Quero, pois, que as que são moças se casem, gerem fi­


lhos, governem a casa e não dêem ocasião ao adversário de
maldizer" (I Tm 5.14).

3. Nathan Homer Knorr. Foi o terceiro presidente e coincide


com o terceiro periodo histórico das testemunhas de Jeová Com a
morte de Rutherford, em 1942, N. H Knorr assumiu a liderança da
organização. Foi eleito presidente em 13/01/1942. Teve o controle
e a habilidade administrativa de Rutherford
Na sua administração, as obras publicadas pela Torre de Vigia,
que até então traziam o nome dos seus autores, apareceram sob o
Copyright da "Walchtower Bible And TTact Society", que é o imprimatur
das testemunhas de Jeová, sendo que o nome dos autores deixou de
aparecer. Ainda, na sua administração, a Torre de Vigia publicou
sua própria tradução da Bíblia: Tradução do Novo Mundo das Escntu
ras Sagradas, a Bíblia oficial da organização
164 HERESIAS E MOCKSMOS

O termo "coipo governante" passou a ser usado, no sentido atual,


pela organização, a partir de 1944, e associado aos sete membros da
diretoria da Sociedade Torre de Vigia.12 A partir daí, a diretoria pas­
sou a ser identificada como Corpo Governante.13É a maior autorida­
de na terra para as testemunhas de Jeová, pois representa para elas
mais que o papa para os católicos romanos. Reivindica a mesma au­
toridade dos profetas e apóstolos da Bíblia.14Assim, tomou a posição
de Russell, pois se considerava "o escravo fiel e discreto".

4. Frederick William Franz. Nathan H. Knorr faleceu em 8 de


junho de 1977, e duas semanas depois, em 22 de junho, Frederick
W. Franz foi eleito presidente da organização, aos 83 anos de idade.
Ele foi o teólogo oficial durante a era Knorr.
Ele substituiu o livro A Verdade Que Conduza Vida Eterna publica­
do em 1968, como manual de ingresso usado pelas testemunhas de
Jeová no discipulado dos novos adeptos, pelo Poderá Viver Para Sem­
pre no Paraíso na Terra, em 1982, e revisado em 1989.
Em 1946, a organização lançou o livro "A Verdade vos Tomará
Unes", nele está a base da profecia do Armagedom para 1975. O
sucessor de Knorr encarregou-se de propagar tal profecia. O que se
falou sobre 1975 foi muito mais do que se escreveu. Muitos vende­
ram propriedades, outros abandonaram estudos e carreira profissi­
onal. Nada aconteceu. Frederick W. Franz faleceu em 22/12/1992. 5

5. M ilton G. Henschel. Foi o quinto presidente da organização,


eleito para o cargo em 30/12/1992. Sob sua direção, algumas cren­
ças foram modificadas, como o conceito do serviço militar e a "ge­
ração de 1914". Acreditavam que a Batalha do Armagedom, menci­
onada em Apocalipse 16 .14, seria antes que a geração de 1914 de­
saparecesse. Como essa geração está desaparecendo, tiveram o
cuidado de mudar mais uma vez essa doutrina.
AS TESTEMUNHAS DE IEOVA 166

Henschel faleceu em março de 2003. A estrutura organizacional


da Sociedade Torre de Vigia sofreu mudança: nenhum presidente
sozinho representa a organização. Don A. Adams é o presidente da
Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados da Pensilvânia; Max
H. Larson, da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de Nova
Iorque; Charles V. Mologan, da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e
Tratados de Nova Jersey; Leonard R. Pearson, da Sociedade Torre de
Vigia de Bíblias e Tratados da Flórida.

6. No Brasil. As testemunhas de Jeová começaram no Brasil


em 1920, com oito marinheiros. Sua sede nacional foi em São Paulo
até 1980. Quando foi inaugurado o novo complexo gráfico e admi­
nistrativo, em Cesário Lange, interior de São Paulo, passou para a
nova instalação a sede nacional.

II. SOBRE DEUS E A TRINDADE

1. Seu eiTO sobre Deus. Jeová não é onipresente e nem onisci­


ente, por isso nâo pode prever o futuro. O Deus das testemunhas de
Jeová não sabe todas as coisas. Ensinam que Jeová não sabia o re­
sultado da prova de Abraão, em Gn 22.12 , 18.20,21 Os teólogos da
Torre de Vigia explicam:

"Uma pessoa que tem um rádio pode ouvir as noticias


mundiais. Mas o fato de que pode ouvir certa estação nâo
significa que realmente faça isto. Ela precisa primeiro li
gar o rádio e daí selecionar a estação. Da mesma forma.
Jeová tem a capacidade de predizer eventos, mas a Bíblia
mostra que ele faz uso seletivo e com discrição dessa ca­
pacidade". IS
IS 6 HERESIAS E MODISMOS

Acrescentam que o verdadeiro Deus não é onipresente:

"O verdadeiro Deus não é onipresente, porque sefala dele


como tendo localização". “

Essa doutrina está em flagrante contradição com a Bíblia, pois


ensina que Deus está presente em toda a parte, enche todo o uni­
verso e sabe todas as coisas:

"Mas, na verdade, habitaria Deus na terra? Eis que os céus


e até o céu dos céus te não poderiam conter, quanto menos
esta casa que eu tenho edificado" (I Rs 8.27).

"Sou eu apenas Deus de perto, diz o SENHOR, e nâo tam­


bém Deus de longe? Esconder-se-ia alguém em esconderijos,
de modo que eu nâo o veja? -d iz o SENHOR. Porventura, não
encho eu os céus e a terra? - diz o SENHOR" (Jr 23 23. 24).

"Conta o número das estrelas, chamando-as a todas pelos


seus nomes. Grande é o nosso SENHOR e de grande poder; o
seu entendimento é infinito"(SI 147.4, 5).

"Falou Daniel e disse.- Seja bendito o nome de Deus para


todo o sempre, porque dde é a sabedoria e a força; ele muda
os tempos e as horas, ele remove os reis e estabelece os reis;
ele dá sabedoria aos sábios e ciência aos inteligentes. Ele re­
vela o profundo e o escondido e conhece o que está em tre­
vas, e com ele mora a luz" (Dn 2.20-22).

"O uw tu, então, nos céus, assento da tua habitação, e


perdoa, efaze, e d á a cada um conforme todos os seus cami-
AS TESTEMUNHAS DE IEOVA 157

nhos e segundo vires o seu coração, porque só tu conheces o


coração de todos osfilhos dos homens" (I Rs 8.39).

Há inúmeras passagens bíblicas que atestam a onisciência e a


onipresença de Deus. mas apresentamos, aqui, apenas uma amos­
tra. pois consideramos suficiente para provar o erro dos teólogos da
Torre de Vigia, Ê verdade, também, a grande frequência de passa­
gens na Bíblia que afirmam que Deus habita no céu:

"Ouve, então, nos céus, assento da tua habitação" (I Rs


8.46); "Quem é como o SENHOR, nosso Deus, que habita nas
alturas... Parati, que habitas nos céus," (SI II3S ; 123 I).

Habitar no céu é expressão que revela a exaltação divina acima


de todas as coisas da terra, isso não faz de Deus um Ser limitado no
tempo e nem no espaço.
A Torre de Vigia nega a doutrina bíblica da Trindade, afirma ora
que somos triteístas, ora que somos unicistas: "A Trindade que con­
siste de três Pessoas, ou deuses, em um só"1' Segundo sua teologia,
a Trindade é doutrina pagã, desenvolvida por Constantino. impera­
dor romano, no quarto século. Recusa-se a aceitar essa doutrina,
pois ensina que a palavra, "trindade", não aparece na Bíblia, trata-
se de uma doutrina incompreensível: "De fato, a palavra Trindade-
nem aparece na Bíblia""’, e acrescenta: "justificá-la com a palavra
mistério' não satisfaz".”
É necessário deixar claro, aqui. alguns pontos Triteismo é a
crença em três deuses, o unicismo, porém, ensina ser o Pai. o
Filho e o Espírito Santo uma só pessoa Na Trindade, lesus é
Deus, e, no unicismo. Deus é lesus. Nós cremos "em um só Deus
eternamente subsistente em três Pessoas, o Pai. o Filho e o Es
pirito Santo":
168 HERESIAS E MODISMOS

“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em


nome do Pai, e do Filho, e do Espirito Santo" (M t 28.19).

“Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.


E há diversidade de ministérios, m as o S enhor é o m esm o. E
há diversidade de operações, mas é o m esm o Deus qu e o p e­
ra tudo em todos"(I Co 12.4-6).

“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o a m o r de Deus, e a


comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos. A m ém !"
(2 Co 13.13).

"Há um só corpo e um só Espírito, como tam bém fostes


chamados em uma só esperança da vossa vocação; um
só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e P a i
de todos, o qual é sobre todos, e p o r todos, e em todos"
(E f 4.4-6).

O Pai. o Filho e o Espírito são co-eternos, iguais em poder, glória


e majestade: um Deus em três Pessoas. A passagem de Efésios 4.4-
6 mostra que Pai é Pai, Filho é Filho e Espírito Santo é Espírito San­
to, como afirma o Credo de Atanásio:

"Afé universal é esta: que adoremos um Deus em trinda­


de. e trindade em unidade; Não confundimos as Pessoas, nem
separamos a substância... Há. portanto, um Pai, e não três
Pais; um Filho, e não três Filhos; um Espírito Santo, não três
Espíritos Santos. E nessa trindade não existe primeiro nem
último; maior nem menor. Mas as três Pessoas são coetemas,
são iguais entre si mesmas".
AS TESTEMUNHAS DE JEOVA 199

O nome 'Trindade", de fato, não aparece na Bíblia, mas termos


como "corpo governante, salão do reino", também não aparecem
na Bíblia. "Trindade" é um termo técnico usado por Tertuliano (150-
220 d.C):

“Todos são de um, por unidade de substância, embora ain -


da esteja oculto o mistério da dispensaçâo que distribui a
unidade numa Trindade, colocando em sua ordem os três,
Pai, Filho e Espírito Santo; três contudo, nâo em essência,
mas em grau; nâo em substância, mas em forma, nâo em
poder, mas em aparência, pois eles sâo de uma só substância
e de uma só essência e de um poder só, já que é de um só
Deus que esses graus e formas e aspectos sâo reconhecidos
com o nome de Pai, Filho e Espírito Santo"."

O texto acima de Tertuliano foi escrito cerca de cem anos antes


do nascimento do imperador Constantino. Logo, a Trindade nâo pode
ser criação dele, portanto, as acusações da Torre de Vigia são im­
procedentes.
Quem lê o líder mórmon James E. Talmage, em Regras de Fé e A
Grande Apostasia, a literatura proselitista islâmica, como A Bíblia, o
Hcorâo e a Ciência e a literatura da Torre de vigia, percebe facilmen
te a semelhança no estilo, na habilidade igual a dos sofistas (ver
Apêndice Filosófico). As informações são manipuladas, ajustadas
conforme suas conveniências, construindo um castelo de mentiras
e de falsidade, justificando e "provando" algo que não condi/ com a
realidade. A doutrina da Trindade jamais foi sustentada simples­
mente pela palavra "mistério".
A Biblia ensina que existe um só Deus e que Deus é um só O Pai
é Deus, o Filho é Deus. e da mesma forma, o Espirito Santo é Deus.
não são três Deuses, mas um só Deus que subsiste em Ires Pessoas
■ 60 HERESIAS E MODISMOS

É, por essa razão, que afirmamos ser a Trindade um mistério. Se


Deus pudesse ser sondado e esquadrinhado pela mente humana
seria limitado e deixaria de ser Deus:

"Nâo sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o


Criador dos confins da terra, nem se cansa, nem se fatiga?
Nâo há esquadrinhação do seu entendimento" (ls 40.28).

"Verdadeiramente, tu és o Deus que te ocultas, o Deus de


Israel, o Salvador (Is 45. IS).

"Verdadeiramente, tu és Deus misterioso, ó Deus de Isra­


el, ó Salvador (Is 45.15- ARA).

"Ô profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do


conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos,
e quão inescrutáveis, os seus caminhos!" (Rm 11.33).

"E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade:


Aquele que se manifestou em came foi justificado em espíri­
to, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e
recebido acima, na glória" (I Tm 3.16).

2. Seu erro sobre Jesus Cristo. A organização apresenta-se


como monoteísta. mas contradiz-se quando afirma ser Jesus ape­
nas "um deus" poderoso, e não o Deus Jeová, Todo-poderoso. As­
sim, ela admite seguir a dois deuses, Jesus e Jeová. Seus teólogos
comparam Jesus a Satanás, ensinam que ele é o mesmo Abadom,
"Destruidor", de Apocalipse 9 .11, e, ainda, que só depois do seu ba
tismo no Jordão tornou-se Cristo:
AS TESTEMUNHAS DE JEOVA 161

"Vísto que a Bíblia cham a humanos, anjos e até mesmo


Satanás de 'deus [es]', ou poderoso [s], o superior jesus no
céu pode corretamente ser chamado de 'deus'".21

'"Mas não é Jesus chamado de deus na Bíblia?’ poderá


perguntar alguém. Isto é verdade. Contudo, Satanás também
é chamado de deus. (2 Corindos 4:4)".22

"Jesus, como ‘anjo do abismo' e 'Destruidor', deveras sol­


tará um ai atormentador~.a

"Isto nos leva a 29 EC, exatamente o ano em que Jeová


ungiu Jesus com espírito santo. Jesus tomou assim 'o Cristo'".21

Comparar Jesus a Satanás é uma afronta ao cristianismo, tal doutri­


na está próxima da crença mórmon, quando afirma que Jesus é irmão
de Satanás. Como fica, pois, o monoteísmo bíblico? A Bíblia ensina
que Jesus é Deus, o Deus verdadeiro igual ao Pai, isso já foi discutido
com abundância de provas bíblicas nos capítulos anteriores:

"No princípio, era o Verbo, e o Verbo e s ío v a com Deus, e o


Verbo era Deus... E o Verbo se fez came e habitou entre nós,
e vimos a sua glória, como a glória do Unigénito do Pai, cheio
de graça e de verdade" (Jo l . l , I4t.

"Por isso, pois. os judeus ainda mais procuravam matei lo.


porque não s ó quebrantava o sábado, mas também dizia que
Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus" (lo 5 18)

" E u e o P a i s o m o s um . O s ju d e u s p e g a ra m , enlão. outra


vez, e m p e d r a s p a r a o apedrejarem . R e s p o n d e u lh es le s u s
162 HERESIAS E MODISMOS

Tenho-vos mostrado muitas obras boas procedentes de meu


Pai; por qual dessas obras me apedrejais? Os judeus respon­
deram, dizendo-lhe. Não te apedrejamos por alguma obra
boa, mas pela blasfêmia, porque, sendo tu homem, te fazes
Deus a ti mesmo" (Jo 10.30-33).

"Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não


me tendes conhecido, Filipe? Quem m e vê a m im vê o Pai; e
como dizes tu: Mostra-nos o Pai?" (jo 14.9).

"Aguardando a bem-aventurada esperança e o apareci­


mento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo"
(Tl 2.13).

'Simáo Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que


conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do
nosso Deus e Salvador Jesus Cristo" (2 Pe 1.1).

Ensinar que Jesus tomou-se Cristo após receber o Espírito Santo,


no rio Jordão, faz lembrar o adocionismo, forma do monarquianismo
dinânimo de Paulo de Samosata, bispo de Antioquia, cujo ensino foi
condenado pelo Sínodo de Antioquia em 2 6 8 .25 É a doutrina da
filiação adotiva de Jesus que nega a sua divindade. Segundo o cita­
do bispo de Antioquia, só depois da descida do Espírito Santo, no
Jordão, o Senhor Jesus recebeu poder e tornou-se Filho de Deus

Teodoro de Bizâncio. excomungado pelo bispo de Roma em 190.


ensinava o seguinte:

"Jesusfora um homem nascido da Virgem p or vontade do


Pai e Unha vivido como os outros homens, de m odo mais
AS TESTEMUNHAS DE IQOVA 163

piedoso, pelo que, no batismo do Jordão, a pomba desceu


sobre ele para significar o espirito divino que ele recebera,
sendo chamado pelo nome de Cristo superior. Só a partir desse
momento Jesus Cristo começou a operar prodígios".1'’

Teodoro de Mopsuéstia, por volta do ano 400, defendeu essa dou­


Depois, o arcebispo Epilando, de Toledo, na Espanha, rea­
tr in a .27
pareceu com essa doutrina, mas seu principal expositor foi Félix, bis­
po de Urgel. Essa doutrina foi condenada pelo Sínodo de Frankfurt no
ano de 794, e pelo Sínodo de Roma, em 799.2B
A doutrina adocionista e a sua forma adaptada pela Tome de Vi­
gia são contrárias ao ensino bíblico, pois a Bíblia ensina que Jesus já
nasceu Cristo:

“Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que


é Cristo, o Senhor (Lc 2.11).

O Senhor Jesus usou a figura do "ladrão" para identificar o Des­


truidor, que é o diabo:

"O ladrão não vem senão a roubar, a malar e a destruir


eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância"
(Jo 10.10).

Ê bom perguntar às testemunhas de Jeová se Jesus é Deus verda­


deiro ou deus falso. A Bíblia ensina que existe apenas um só Deus
verdadeiro:

"EJesus respondeu-ihe: O primeiro de todos os mandamen­


tos &. Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.
Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de
164 HERESIAS E MODISMOS

toda a tua alma. e de todo o teu entendimento, e de todas as


tuasforças; este é o primeiro mandamento" (Mc 12.29, 30).

“E a vida etema é esta: que conheçam a ti só por único


Deus verdadeiro e a lesus Cristo, a quem enviaste" (Jo 17.3).

Outra heresia assombrosa é que a organização acredita que o Je­


sus de Nazaré, que nós pregamos, já não existe mais e que, durante
seu ministério terreno, não passava de um homem perfeito enviado
por Jeová. Nega, também, sua ressurreição corporal:

"O homem terrestre, Jesus de Nazaré, não mais existe. Foi


morto em 33 EC. Mas, por ocasião de seu batismo, três anos
e meio antes, ocorrera uma mudança. Ungido pelo espírito
santo de Deus, Jesus de Nazaré tomou-se Jesus Cristo - o
ungido, o prometido Messias. E, como tal, foi ressuscitado
por Deus para a vida celeste no terceiro dia após sua morte.
Assim, embora, o homem Jesus de Nazaré esteja morto, Jesus
Cristo está vivo

Ê mais um problema insuperável da organização, pois se não


existe mais o Jesus de Nazaré, como Pedro curou o paralítico nesse
mesmo nome? Disse: "Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levan­
ta-te e anda" (At 3.6).
Os teólogos das testemunhas de Jeová negam terminantemen­
te a ressurreição corporal de Jesus. A organização ensina que ele
não ressuscitou corporalmente e que Deus o materializou para con­
vencer a Tomé, provando ser o próprio Jesus que estava ali diante
dele. Afirma que Jeová criou outra pessoa com as mesmas carac­
terísticas e personalidade de Cristo. O corpo daquele que foi pen­
durado no madeiro desapareceu.
AS TESTEMUNHAS DE IEOVA 166

A Torre de Vigia defende tamanha heresia para adaptar à sua


doutrina, pois não crê que haja ressurreição dos mortos, embora
use com freqüência o termo. Chama tal doutrina de recriação: "Por­
tanto, não é razoável que aquele que criou a vida seja capaz de
recriá-la?".™ Explica, ainda, que ressurreição é Jeová "colocar de
novo o padrão da mesma personalidade num corpo recém-forma­
do".31 Em outras palavras, ressurreição não é ressun-eição!
O verbo grego mais usado para "ressuscitar", no Novo Testamen­
to, é èvcíptu (egeiro), "despertar, levantar (no sentido intransitivo)
levantar-se, alçar-se",33e o segundo mais usado é àvíaxiuu (anislêmi),
"levantar, levantar-se, ressuscitar".33 o substantivo é àváoTaoiç
(anaslasis), "ressurreição";3* de "ana, acima, e histêmi, porem pé".35
Ressurreição, portanto, significa "levantar dentre os mortos", mas,
para nossa surpresa, a Torre de Vigia redefiniu o termo.
Argumenta, ainda, ser por essa razão que Maria confundiu Jesus
com o jardineiro em João 20.15.“ Em outras palavras, Jeová não
teve a capacidade de fazer outro Jesus igual ao primeiro, uma vez
que não pôde ser reconhecido, pois teria falhado na clonagem.
Maria não reconheceu Jesus por duas razões principais: em sua mente,
Jesus estava morto, ela não estava preparada psicologicamente para
encontrá-lo vivo, até sua mente ajustar-se à realidade levaria algumas
frações de segundo, e, também, porque ainda era escuro (|o 20.1).
Deus garantiu que o corpo do Senhor Jesus Crislo não veria a
corrupção, isto é, não se deterioraria: "Pois não abandonarás a mi
nha alma ao Sheol, nem permitirás que o leu santo veja a corrup­
ção".37 (SI 16.10, TB); essa profecia cumpriu-se na ressurreição de
Jesus (At 2.24-30), portanto, aquele corpo que foi crucificado não
pôde ficar na sepultura.
A ressurreição de Cristo não consisle apenas no lato de ele lor
nar a viver, pois, se assim fosse, não haveria diferença das ressur
reições registradas no Antigo Testamento, nem lesus poderia ser
166 HERESIAS E M ODISMOS

considerado "as primícias dos que dormem" (I Co 15.20), nem o


"primogênito dentre os mortos" (Cl 1.18).
Essa ressurreição é a glorificação e a exaltação de Jesus, a vitória
esmagadora sobre Satanás, sobre o pecado, sobre a m orte e sobre o
inferno. Ele ressuscitou para nossa justificação, pois, sem a ressur­
reição, não poderíamos ser justificados diante de Deus. Assim, es­
taríamos condenados: "o qual por nossos pecados foi entregue e
ressuscitou para nossa justificação" (Rm 4.25). A ressurreição cor­
poral de Jesus é um fato insofismável.

“E isso disse ele do Espírito, que haviam de receber os que


nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado,
por ainda Jesus não ter sido glorificado“ (Jo 7.39).

"De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na


morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela
glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de
vida" (Rm 6.4).

"E, quando isto que é corruptível se revestir da


incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortali­
dade, então, cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada
foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão?
Onde está, ó inferno, a tua vitória?" (I Co 15.54, 55).

"E o que vive;Jui morto, mas eis aqui, estou vivo para todo
o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno"
(Ap 1.18).

Negar essa verdade é continuar no mesmo estado de pecado e


miséria, e o cristianismo não teria sentido:
A5 TESTEMUNHAS DE IEOVÂ 147

"£, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda


permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormi­
ram em Cristo estão perdidos" (1 Co 15.17,18).

0 mesmo Jesus que nasceu em Belém, habitou em Nazaré, foi


crucificado em Jerusalém e ressuscitou ao terceiro dia. Em nome
dele, e não de outro, mas do Jesus de Nazaré, que continua vivo, o
paralítico foi curado (At 3.6). Trata-se de uma ressurreição incon­
testável e corporal:

"Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo;


tocai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos,
como vedes que eu tenho" (Lc 24.39).

"Aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou


vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por
espaço de quarenta dias e falando do que respeita ao Reino
de Deus“ (At 1.3).

“Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos. foi


edificado este templo, e tu o levantarás em três dias?Mas ele
falava do templo do seu corpo. Quando, pois, ressuscitou dos
mortos, os seus discípulos lembraram-se de que lhes dissera
isso; e creram na Escritura e na palavra que lesus tinha dito '
(jo 2.20-22).

3. Seu erro sobre o Espírito Santo. A Sociedade Torre de vi


gia nega a divindade e a personalidade do Espirito Santo Ensina
ser o Espirito Santo a força ativa de Jeová, por isso, em sua literatu­
ra, grafa o nome com letras minúsculas "espirito santo" A organi­
zação declara o seguinte:
16* HERESIAS E MODISMOS

“Quanto ao 'Espírito Santo', a suposta terceira Pessoa da


Trindade, já vimos que não se trata de uma pessoa, mas da
força ativa de Deus" 3’

Os argumentos apresentados nesse mesmo parágrafo, contra a


personalidade do Espírito Santo, baseiam-se em analogias falsas:

“João, o Batizador, disse que Jesus batizava com espírito


santo, assim como João batizava em águas. Portanto, assim
como água não é pessoa, tampouco o espírito santo é pes­
soa. .. depois da morte e ressurreição de Jesus, quando o espi­
rito santofoi derramado sobre os seguidores deste... A Bíblia
diz: 'Todos eles ficaram cheios de espirito santo.' (Atos 2:4)
Ficaram eles cheios'duma pessoa7".39

João batizava com água, Jesus batiza no Espírito Santo, água não
é pessoa, logo, o Espírito Santo, também, não pode ser pessoa. Esse
é o primeiro argumento. O segundo: o Espírito Santo foi derramado,
como pode uma pessoa ser derramada? Terceiro argumento, como
pode uma pessoa ser cheia de outra?
Essa comparação, entre batismo no Espírito Santo e batismo nas
águas, é muito pobre. É argumento inconsistente, uma vez que o
batismo nas águas representa imersão nelas, significando nova vida
com Cristo:

"De sorte quefomos sepultados com ele pelo batismo na


morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela
glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de
vida. Porque, sefomos plantados juntamente com ele ha se­
melhança da sua morte, também o seremos na da sua res­
surreição" (Rm 6.4,5).
AS TESTEMUNHAS DE JEOVA 16 9

0 batismo no Espirito Santo significa ser alguém revestido dele.


A Biblia afirma que o povo de Israel foi batizado em Moisés, nem
por isso Moisés perdeu a sua personalidade: "e todos foram batizados
em Moisés, na nuvem e no mar" (I Co 10.2).
O apóstolo Paulo escreveu-.

"Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sa­


crifício, e o tempo da minha partida está próximo"(2 Tm 4.6).

A ARA substituiu "aspersão" por "libação". A 7Yaduçâo do Novo


Mundo (TNM) verteu a passagem da seguinte forma:

'Pois, já estou sendo derramado como oferta de bebida, e


o tempo devido para o meu livramento é eminente".

Agora, perguntamos às testemunhas de Jeová: "Como pode o após­


tolo Paulo, sendo pessoa, ser derramado?" Elas não ousam negar a
personalidade do apóstolo por causa disso. Trata-se, portanto, de fi­
gura de linguagem, certamente responderão. Por que essa "figura de
linguagem" não pode ser, também, aplicada ao Espírito Santo?
Interessante que os teólogos da Torre de Vigia ensinam ser Sata­
nás uma pessoa:

“Satanás, o Diabo, é uma pessoa real... Tanto Deus como


o Diabo são pessoas espirituais" 40

Observe que a própria TNM registra, em Lucas 22 3. o seguinte


"Mas Satanás entrou em Judas, o chamado iscarioles" Tornamos a
perguntar às testemunhas de Jeová: "Como pode uma pessoa entrar
em outra?" Elas estão equivocadas, personalidade náo é sinónimo
de corporeidade. A Bíblia ensina várias vezes sobre a personalidade
17 0 HERESIAS E MODISMOS

de Deus, ele tem voz e forma: "Vós nunca ouvistes a sua voz, nem
vistes o seu parecer" (Jo 5.37) e também de outros atributos pesso­
ais que a própria Torre de Vigia reconhece, entretanto a Bíblia de­
clara: "Deus é Espírito" (Jo 4.24).
O fato de alguém estar cheio do Espírito Santo, ou revestido dele,
não quer dizer que ele seja impessoal. Para esses mesmos argumen­
tos da Torre de Vigia, nós temos a resposta com outra pergunta: "Como
pode ser Jesus uma pessoa e ser alguém morada dele?" Disse Jesus:

“Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai


oamará, e viremospara ele efaremas nele morada" (Jo 14.23).

O apóstolo Paulo escreveu:

"MeusJilhinhos, por quem de novo sinto as dores de par­


to, até que Cristo sejaformado em vós" (Cl 4.19).

Como pode Jesus ser formado em alguém sendo uma pessoa? Paulo
afirmava: "Cristo vive em mim" (Gl 2.20). Como a Torre de Vigia expli­
ca tudo isso? Nega, também, a personalidade do Senhor Jesus Cristo
por causa disso? Claro que não. Por que, pois, negam a personalida­
de do Espírito Santo, utilizando-se do mesmo argumento?
Os teólogos da organização alegam, ainda, que o fato de o Espi­
rito Santo falar, ensinar, dar testemunhos, ouvir, etc., não prova ter
ele personalidade, mas que se trata apenas de figura de linguagem."
Justifica esse raciocínio, com meias verdades:

'Similarmente, em 1 João 5.6-8 (BLH) não apenas o espíri­


to mas também 'a água e o sangue' são mencionados como
sendo 'testemunhas'. Mas, a água e o sangue obviamente não
são pessoas, e tampouco o espirito santo i uma pessoa".*1
AS TESTEMUNHAS DE IEOVA 171

O texto b ib lic o c it a d o e n s in a : " E três s ã o o s que testificam na


terra: o E sp irito , e a á g u a e o s a n g u e " (1 Jo S.8). Trata-se de a rg u ­
mento falso. O texto, a q u i, é re ite ra ç ã o d o v e rsíc u lo 6, p o is a á g u a é
o b a tism o e a u n ç ã o d e J e s u s C risto. O s a n g u e é o sa n g u e expiador.
que ele d e r r a m o u n a c r u z . E s t e s d o is e le m e n to s s ã o p r o v a s da o b ra
que J e su s r e a liz o u , s e n d o t a m b é m o E sp irito S a n to u m a te ste m u ­
nha v iv a d e s s a s c o is a s , t a n t o n a q u e le te m p o q u a n to agora.
Igualar o Espírito Santo à água e ao sangue, fazendo disso um meio
para "provar, na Bíblia, que ele é impessoal, é uma camisa-de-força.
Em nenhum lugar das Escrituras encontramos serem água e sangue
pessoas, e, não obstante, encontramos em toda a Bíblia provas
irrefutáveis da sua personalidade, pelas suas características pessoais.
O Espírito Santo ensina:

"Mas aquele Consolador, o Espirito Santo, que o Pai envi­


ará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e v o s fará
lembrar de tudo quanto vos tenho dito"()o 14.26).

O Espírito Santo fala:

"£, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espirito


Santo. A partai-m e a Bam abé e a Saulo para a obra a que os
tenho chamado" (At 13.2).

O Espírito S anto guia:

“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus.


esses são filhos de Deus" (Rm 8 .14).

"Mas, se sois guiados pelo Espirito, não estais debaixo da


lei" (Cl 5.18).
172 HERESIAS E MODISMOS

O Espírito Santo clama:

“E, porque soisfilhos, Deus enviou aos nossos corações o


Espirito de seu Filho, que clama: Aba, Pai" (Cl 4.6).

O Espírito Santo convence:

'Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que eu vá,


porque, se eu nãofor, o Consolador não virá a vós, mas, se eu
for, enviar-vo-lo-ei. E, quando ele vier, convencerá o mundo
do pecado, e da Justiça, e do juízo" (Jo 16.7, 8).

O Espírito Santo regenera:

“Não pelas obras de justiça que houvéssemosfeito, mas,


segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da re­
generação e da renovação do Espírito Santo" (Tt 3.5).

O Espirito Santo testifica:

“Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai


vos hei de enviar, aquele Espírito da verdade, que procede do
Pai, testificará de mim"(jo 15.26).

O Espirito Santo escolhe obreiros:

"Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o


Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igre­
ja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue" (At
20.28).
AS TESTEMUNHAS DE IEOVA 173

O Espirito Santo julga.

“Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não


vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessá­
rias" (At 15.28).

O Espírito Santo envia missionários:

"E assim estes, enviados pelo Espirito Santo, desceram a


Selêucia e dali navegaram para Chipre"(At 13.4).

O Espírito Santo convida:

“E o Espírito e a esposa dizem: Vem! E quem ouve diga:


Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça
da água da vida” (Ap 2 2 .17).

0 Espírito Santo intercede:

"E da mesma maneira também o Espirito ajuda as nossas


Jraquezas; porque nâo sabemos o que havemos de pedir como
convém, mas o mesmo Espirito intercede por nós com gemi­
dos inexprimíveis" (Rm 8.26).

O Espírito Santo impede:

“E, passando pela Frigia e pela provinda da Calácia. fo­


ram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a pala\>ra na
Ásia. E, quando chegaram a Mísia, intenta\'om ir para Bitinia.
mas o Espírito de Jesus nâo lho permitiu" (At 16 6. 7).
74 HERESIAS E MODISMOS

O Espírito Santo entristece-se:

"Enão entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais


selados para o Dia da redenção"(Ef 4.30).

O Espírito Santo contende.

"Então, disse o SENHOR: Não contenderá o meu Espirito


para sempre com o homem, porque ele também é carne: po­
rém os seus dias serão cento e vinte anos" (Gn 6.3).

O Espirito Santo é o Deus verdadeiro, pois iguala-se ao Pai


e ao Filho, tendo também nome. O Senhor Jesus determinou
que os seus discipulos batizassem "em nom e do Pai, e do Fi­
lho, e do Espírito Santo" (Mt 28.19), o que seria absurdo se ele
não fosse pessoa.
Jesus prometeu dar aos seus discípulos "outro Consolador" (Jo
14.16). Os termos gregos para "outro" são aXkoç (allos) e 'éiepoç
(heteros). A palavra "outro", aqui, no original grego, significa "ou­
tro", de mesma natureza, da mesma espécie e da mesma qualidade.
Segundo A. T. Robertson: "Outro da mesma classe (allon, não
heteron)":3 Afirma também Vinc.

“Allos (ãXXoç) e heteros (itepoc.) têm diferença de sig­


nificado, a qual, apesar de tendência de ser perdida, deve
ser observada em numerosas passagens. O termo allos ex­
pressa uma diferença numérica e denota 'outro do mesmo
tipo'; e o termo heteros expressa uma diferença qualitativa
e denota 'outro de tipo diferente'. Cristo prometeu enviar
'outro Consolador' - allos, 'outro como ele', e não heteros
Uo 14.16)".”
AS TESTEMUNHAS DE lEOVA 175

Se o Espirito Santo fosse uma força ativa, impessoal, a palavra


correta para "outro" seria heleros e não altos
Também, é bom não perder de vista a palavra "Consolador",
que no grego é itocp<xKXT|TOç (parakletos): "defensor, advogado,
intercessor, auxiliador".45 A idéia é de "alguém chamado para au­
xiliar", um "advogado". Essa mesma palavra aparece em l João
2.1, com o sentido de advogado:

"Meus Jilhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não


pequeis: e, se alguém pecar, temos um advogado para com o
Pai, Jesus Cristo, o justo" (l Jo 2.1)

Em outras palavras, Jesus dizia aos seus discipulos que estava


voltando para o Pai, mas que continuaria cuidando da igreja, pelo
seu Espírito Santo, seu Parakletos, um como ele, que teria o mesmo
poder para preservar o seu povo.
Em Atos 5.3, 4, o Espirito Santo é chamado nominalmente de
Deus. Pedro perguntou a Ananias:

"Porque encheu Satanás o teu coração, para que mentis­


ses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade?
Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em
teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coraçào>
Não mentiste aos homens, mas a Deus" (At 5 3. 4).

Observe que Deus e o Espirito Santo, aqui. são uma mesma di­
vindade. Primeiro, o apóstolo diz que Ananias mentiu ao Espirito
Santo; depois, o mesmo Espírito é chamado de Deus Isso acontece
também em 2 Samuel 23.2.3:

"O Espirito do Senhorfalou por mim. e a sua pahrvra este


174 HERESIAS E MODISMOS

ve em minha boca. Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a


mim me falou".

Vejamos agora alguns atributos da divindade do Espirito San­


to. revelados na Bíblia. Atributos de Deus "são as características
distintivas da natureza divina inseparáveis da idéia de Deus e que
constituem a base e apoio das suas várias manifestações às suas
criaturas".,6
A Bíblia ensina que o Espírito Santo é onipotente, isto é, o Todo-
poderoso:

“E respondeu e me falou, dizendo: Esta é a palavra do


SENHOR a Zorobabel, dizendo: Não por força, nem por vio­
lência, mas pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos’
(Zc4.6).

"E, respondendo o anjo, disse-lhe. Descerá sobre ti o Espí­


rito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua som­
bra, pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será
chamado Filho de Deus" (Lc 1.35).

"Pelo poder dos sinais e prodígios, na virtude do Espíri­


to de Deus; de maneira que, desde Jerusalém e arredores
até ao llírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo"
(Rm 15.19).

O Espírito Santo é onipresente. A onipresença é o poder de estar


em todos os lugares ao mesmo tempo:

“Para onde me irei do teu Espírito ou para ondefugirei da


tuaface?Se subir ao céu, tu aí estás; sefizer no Seol a minha
AS TESTEMUNHAS DE lEOVA 177

cama, eis que tu ali estás também; se tomaras asas da alva,


se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mâo me
guiará e a tua destra me susterá" (SI 139-7-10).

0 Espírito Santo é onisciente. A onisciência é outro atributo que


só Deus possui, e, no entanto, a Bíblia revela a onisciência na pes­
soa do Espirito Santo:

“Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito, porque o


Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de
Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem,
senão o espírito do homem, que nele está?Assim também
ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus”
(I Co 2.10, li).

O Espírito Santo é eterno. A eternidade é um atributo exclusivo


da divindade e significa que não tem começo e nem fim, nem suces­
são de tempo.

“Quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espirito eter


no, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a
vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus
vivo?" (Hb 9.14).

0 Espírito Santo é o Criador. Criou o universo e, também, o ho­


mem:

"Pelo seu Espirito ornou os céus. a sua mão formou a x t


pente enroscadiça... O Espirito de Deus me fez. ea inspirar ão
do Todo-Poderoso me deu vida " ()ó 26 U. 33 4i
170 HERESIAS E MODISMOS

III. SOBRE O HOMEM E SEU DESTINO

1. Seu erro sobre a alm a. O conceito de alma das testemu­


nhas de Jeová está, também, fora das Escrituras Sagradas. Seus te­
ólogos consideram-na como "a pessoa, o animal ou a vida que a
pessoa ou o animal usuflui", *’ Mais adiante, na mesma página, afir­
ma que a alma, como substância incorpórea e invisível, imortal, é
doutrina pagã; depois, continua dizendo que o termo, tanto no
hebraico como no grego, refere-se "àquilo que é material, tangível,
visível e mortal".
Como os adventistas do sétimo dia, a organização também nega
a sobrevivência da alma à morte. Os adeptos da Tome de Vigia acre­
ditam que tudo termina na morte. Declaram estar em estado de in­
consciência todos os mortos, bons e ruins. Apenas as pessoas bon­
dosas serão ressuscitadas por Jeová.
São crenças inadequadas ao cristianismo. A palavra hebraica para
"alma" é obj (nephesh) e aparece 754 vezes no Antigo Testamento,
e, na língua grega, a palavra é ijruxh (psychê) e aparece mais de 100
vezes no Novo Testamento grego.
O espírito é uma entidade distinta da alma que, às vezes, con­
funde-se com ela:

"£ o pó volte ã terra, como o era, e o espírito volte a Deus,


que o deu" (Ec 12.7).

Temos, aqui, um bom exemplo. A passagem, obviamente, fala


da morte dos justos, pois o espírito também peca:

"Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifi­


quemo-nos de toda imundícia da came e do espírito, aperfei­
çoando a santificação no temor de Deus" (2 Co 7.1).
AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ 179

O "espirito", aqui, diz respeito ao homem interior, englobando a alma.


Em razão de passagens como essa, teólogos defendem a dicotomia.
Há teólogos e estudiosos que afirmam ser o homem dicótomo,
isto é, com natureza constituída de duas partes (corpo e alma), sen­
do alma e espirito a mesma coisa. A Bíblia, porém, mostra clara-
mente que o homem é tricótomo:

"E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o


vosso espírito, e alma, e cotpo, sejam plenamente conserva­
dos irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor jesus Cris­
to" (I Ts 5.23).

"Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais pene­


trante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até
à divisão da alma e do espírito, das juntas e medulas, e é
apta para discernir os pensamentos e intenções do cora­
ção" (Hb 4.12).

Encontramos os três elementos: alma, espírito e as juntas e me­


dulas que representam o corpo. Esses três elementos aparecem tam­
bém, distintivamente, em 1 Tessalonicenses 5 23. Corpo, alma e es­
pirito aparecem, aqui, como elementos distintos. Então, o homem
não pode ser dicótomo, mas isso não é questão de vida ou morte
A Bíblia aplica o termo "alma” com significado muito amplo, ve­
jamos alguns.

Alma como pessoa em si mesma:

“E form ou o SEN H O R Deus o homem do pó da terra e


soprou em seus narizes o fôlego da vida. e o homem foi feito
alma vivente" (Gn 2.7).
B0 HERESIAS E MODISMOS

A expressão "alma vivente", aqui, significa ser o homem possui­


dor de vida, como são os animais, que de igual modo são chamados
de "almas viventes" (Gn 1.20, 24, 30). Não é, por isso, correto dizer
que o homem e o animal são uma mesma coisa, diferindo apenas
no fato de ser o homem racional.
O fato de o homem e os animais serem chamados de "almas
viventes" é simplesmente porque ambas as espécies têm vida. As­
sim. "como nem toda carne é uma mesma carne, mas uma é a car­
ne dos homens, e outra a came dos animais, outra a dos peixes, e
outra a das aves" (I Co 15.39); da mesma maneira, nem toda a alma
é a mesma alma. Uma é a dos homens, e outra, a dos animais. É,
pois. errado dizer que o homem tem o mesmo destino dos animais,
na sua morte, tal ensino contradiz frontalmente a Bfblia.
Logo. na criação, percebe-se a grande diferença entre o homem
e os brutos. Há barreira intransponível entre os racionais e os irraci­
onais. Os animais não foram criados à imagem e semelhança de
Deus, Não receberam o sopro divino em suas narinas, como o ho­
mem, nem foram dotados de moral, razão e espiritualidade:

"Na verdade, há um espírito no homem, e a inspiração do


Todo-poderoso osfaz entendidos" (Jó 32.8).

Os animais não têm inteligência, são regidos por instintos, fato


que revela a sabedoria do Criador, mas o homem recebeu o sopro
do Todo-poderoso, e isso o faz inteligente.
Só o homem desenvolveu a arte e a tecnologia, sendo capaz de
mudar o seu meio ambiente. Se está com frio, pode acender um
fogo e aquecer-se, enquanto o animal precisa ajustar-se ao seu
habitat. A expressão "almas viventes" é aplicada tanto ao homem
quanto aos animais, como já foi explicado, simplesmente pelo fato
de ambos terem vida. mas há diferença no tipo de alma que o ho­
AS TESTEMUNHAS DE JEOVA 1S1

mem é. o homem foi feito um pouco menor do que os anjos, e Deus


o coroou de honra e de glória:

"Que é o homem mortal para que te lembres dele?£ ofilho


do homem, para que o visites?Contudo, pouco menor ofizeste
do que os anjos e de glória e de honra o coroaste" (SI 6.4, S).

Então, não é de admirar que a Bíblia o chame de alma. Trata-se


de figura de linguagem. É uma sinédoque de parte pelo todo, o inte­
rior do homem para representá-lo como um todo.
Há inúmeras passagens na Biblia que apontam a alma como o
próprio ser humano, como pessoa em si mesma:

“Eis que todas as almas são minhas, como a alma do pai.


também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa
morrerá" (Ez 18.4).

'Todas as almas, pois, que descenderam de lacó foram


setenta almas; José, porém, estava no Egito" (Ex I S)

O termo "alma", nas duas passagens, diz respeito à "pessoa" em


si mesma. A expressão: "toda a alma que pecar essa morrerá" é
referente ao indivíduo. Aqui e em muitas passagens das Escrituras,
a palavra "alma" significa o próprio homem, mas nem sempre isso
acontece Quando um texto bíblico diz: "E era um o coração e a
alma da multidão dos que criam" (At 4.32), não dá para dizer que a
"alma" é o próprio indivíduo ou o sangue. Então, cada caso e um
caso. O contexto é que determina o significado da palavra "alma"

Alma como sangue, a alma é apresentada muitas vezes na Bí


blia como sangue.
1*2 HERESIAS E M ODISMOS

“Porquanto é a alma de toda a came; o seu sangue é


pela sua alma; por isso, tenho dito aosfilhos de Israel: Não
comereis o sangue de nenhuma came, porque a alma de
toda a carne è o seu sangue; qualquer que o comer será
extirpado" <Lv 17.14).

Essa é uma das passagens bíblicas em que alm a tem o significa­


do de sangue. Esta identificação ocorre porque ele é essencial à
vida, "pois o sangue é a vida" (Dt 12.23), ou seja, nele está a vida. Ê,
por isso, freqüentemente chamado de alma, e não por ser a alma
em si mesma sangue.
Não é, portanto, correto afirm ar ou dogm atizar. Jesus disse:
"a minha alma está cheia de tristeza até à morte" (M t 26.38). Subs­
titua a "alma”, aqui, por "sangue" e veja o absurdo, portanto, não
é questão de sinônimo. Não dá para substituir alm a por sangue,
pessoa, vida, mas ela é tudo isso Depende unicam ente do con­
texto bíblico.

Alma como expressão psíquica, palavra "alma" ocorre, tam­


a
bém, diversas vezes nas Escrituras, aplicada a vários estados de
consciência do indivíduo. Como sede do apetite físico:

“E o povofalou contra Deus e contra Moisés: Por que nos


fizestes subir do Egito, para que morrêssemos neste deserto?
Pois, aqui. nem pão nem água há; e a nossa alma tem fastio
deste pão tão vil" (Nm 2I.S).

"Quando o SENHOR, teu Deus, dilatar os teus termos como


te disse, e disseres: Comerei came. porquanto a tua alma tem
desejo de comer came; conforme todo desejo da tua alma,
comerás came"(Dt 12.20).
AS TESTEMUNHAS DE lEOVA IS »

“Não è, po is, bom para o homem que coma e beba e que


faça gozar a sua alma do bem do seu trabalho? Isso também
eu vi que v e m da mão de Deus" (Ec 2.24).

O fastio do indivíduo é oriundo da alma, o desejo é proveniente


dela, do homem interior, e manifesto pelo corpo.
É da alma que provêm as emoções e as angústias do ser humano:

“Porventura, não chorei sobre aquele que estava aflito.


ou não se angustiou a minha alma pelo necessitado?" (ló
30.25).

Deus manifesta-se como alma, ela aborrece e abomina o pecado


dO pOVO:

"As vossas Festas da Lua Nova, e as vossassolenidades, as


aborrece a minha alma; já me são pesadas; já estou cansado
de as sofrer (Is 1.14).

É também a fonte de alegria e de amor:

"Alegra a alma do teu servo, pois a ti Senhor, levanto a


minha alma" (SI 86.4).

"Dize-me, ó tu, a quem ama a minha alma• onde apas­


centas o teu rebanho, onde o recolhes pelo meio-dia. pois
por que razão seria eu como a que erra ao pé dos rebanhos
de teus companheiros7" (O 17)

A alma está associada à vontade e à açào moral A vontade está


ligada ao desejo da alma:
184 HERESIAS E MODISMOS

"Então, dali, buscarás ao SENHOR teu Deus, e o acharás,


quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua
alma" (Dt 4.29).

A alma está ligada à ação moral do indivíduo:

"Pelo que a minha alma escolheria, antes, a estrangulação,-


e, antes, a morte do que estes meus ossos" (Jó 7.15).

"No seu secreto conselho, não entre minha alma; com a


sua congregação, minha glória não se ajunte; porque, no
seufuror, mataram varões e, na sua teima, arrebataram bois"
(Gn 49.6).

Alma como vida.


Os teólogos da Torre de Vigia ensinam que o homem tornou-se
"alma vivente" só quando Deus soprou em suas narinas o fôlego da
vida o-n nntí) (nishmat chqyim) - em hebraico (Gn 2.7); mas não é
isto que o texto bíblico está afirmando. O texto sagrado mostra que
Deus formou o homem e soprou em suas narinas, dessa forma, re­
cebeu vida, o fôlego ou sopro de vida Então, o homem, já formado
e tendo dentro dele a alma, passou a ser "alma vivente".
O espírito que veio de Deus animou o corpo, dando-lhe vida. É
por essa razão que a alma aparece nas Escrituras, significando a
vida do indivíduo.

“Que está na sua mão a alma de tudo quanto vive, e o


espírito de toda came humana?" (Jó 12.1 0).

Temos, aqui, um paralelismo. A segunda parte é repetição da


primeira, mas em outras palavras, restringindo-se, pelo que pa­
AS TESTEMUNHAS DE lEOVA IB S

rece, ao'homem. Aqui, a alma é substituída pelo espírito, como


algo que-está dentro do ser vivo e que anima o corpo. Ao sair o
espírito, o corpo fica inerte, morre. Por essa razão encontramos
em várias partes das Escrituras a alma significando vida Tanto a
palavra hebraica rm (ruach), na maioria das vezes, com o sentido
de “espirito", como a palavra nnt?) (nshama), podem ser usadas
como "vida".
Alma é elemento invisível e imaterial, que sobrevive à morte É
substância incorpórea do homem, inseparável do espírito, embora
distinta dele, formada por Deus dentro do ser humano, consciente,
mesmo fora do corpo. É a sede das emoções, desejos e paixões,
cuja comunicação com o mundo exterior é manifesta por meio do
corpo. É por ela que o homem sente, goza e sofre tudo através dos
órgãos sensoriais. É algo inerente ao ser humano, é o centro de
sua vida afetiva, volitiva e moral. É ela que presta conta a Deus
dos atos humanos.

"Então, se mediu sobre o menino três vezes, e clamou ao


SENHOR, e disse• Ó SENHOR, meu Deus, rogo-te que tome a
alma deste menino a entrar nele" (I Rs 17.21).

O profeta Elias, ao ressuscitar o filho da viúva, orou a Deus pe­


dindo-lhe que a alma do menino voltasse e entrasse nele Por que
Elias assim o fez? Porque a alma tinha partido dele, na sua morte
Não existe outra explicação mais coerente, e Deus atendeu a ora­
ção do profeta. O texto sagrado registra: "e a alma do menino tor­
nou a entrar nele, e reviveu" (v.22).

"E não temais os que matam o corpo e não podem matar


a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no mfcr
no a alma e o corpo" (Mt 10 28)
IM HERESIAS E MODISMOS

Jesus, aqui, está mostrando que não devemos temer os inimigos,


porque o máximo que eles podem fazer é matar-nos, isto é, matar o
corpo, nada mais podendo fazer com a alma. Antes, devemos te­
mer a Deus, pois ele pode não só matar o corpo, como pode tam­
bém fazer perecer no inferno não só o corpo mas também a alma, o
que mostra a sobrevivência dela à morte.
Interessante que a organização das testemunhas de Jeová serve-
se deste texto para negar a existência da alma. O verbo grego usado
para "perecer“ é àiróAAupi (apollymi), "destruir, perder, acabar-se,
perecer, perder-se V®A ARC traz "perecer no inferno", e a TNM, "des­
truir na Geena". Está claro que ambas as traduções não transmitem
a mesma mensagem (excluindo a questão de inferno e Geena, fora
de discussão aqui). O que Jesus estava dizendo com essa declara­
ção? Temos, pelo menos, dois modos de saber: semântico e contex­
to bíblico. O Dicionário Vine registra:

"A idéia não é de extinção, mas de ruína, perda, não de


ser, mas de bem-estar. Isto está claro pelo uso do verbo, como
por exemplo, o estrago dos odres de vinho (Lc 5.37), a ovelha
perdida, ou seja, perdida do pastor, estado metafórico da des­
truição espiritual (Lc 15.4, 6, etc); ofilho perdido (Lc 15.24); o
perecimento da comida (Jo 6.27), do ouro (I Pe I.7)”.49

A passagem paralela, registrada no evangelho de Lucas, lança


luz sobre o assunto:

"E digo-vos. amigos meus. não temais os que matam o


corpo e depois não têm mais o quefazer Mas eu vos mostra­
rei a quem deveis temer, temei aquele que, depois de matar,
tem poderpara lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei~
(Lc 12 4. 5).
AS TESTEMUNHAS DE lEOVA 1*7

O verbo apoífymi aparece 90 vezes no Novo Testamento, predo­


minando ligeiramente em Lucas.50 Se a extinção da alma fosse o
sentido correto, Lucas, certamente, teria usado o mesmo verbo, mas
não o fez, usou em seu lugar o verbo ÈppáUti) (embalo), "arrojar".51
Assim, èpPaXítv elç tt)v yéewav (embalein eis têngennan') signifi­
ca: "arrojar na Geena". A idéia de extinção defendida pela organiza­
ção das testemunhas de Jeová não resiste à exegese bíblica.
O inimigo do cristão, portanto, só pode matar o corpo, mas a
alma é algo especial, intangível, que está dentro do homem.

"£, acerca da ressurreição dos mortos, não tendes lido o


que Deus vos declarou, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, o
Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus dos
mortos, mas dos vivos" (Mt 22.31, 32).

Os patriarcas estão vivos ou mortos diante de Deus? Jesus disse


que estão vivos e que Deus é Deus dos vivos, e não dos mortos É
claro que isso aplica-se a todos os justos e santos do Antigo Testa­
mento, e não simplesmente aos grandes patriarcas. Eles foram to­
mados como exemplo por causa da passagem de Êxodo 3.6, pois os
saduceus diziam aceitar como autoridade apenas o Pentateuco
Segundo eles, nada havia nos escritos de Moisés que sustentasse a
ressurreição dos mortos e a sobrevivência da alma à morte Assim,
Jesus esmagou esses incrédulos com a própria arma deles, citando
os escritos mosaicos.

"Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste


tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa
não feita por mãos, eterna, nos céus. E, por isso. também
gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que
é do céu .. Pelo que estamos sempre de bom ãmmo, sabendo
la a HERESIAS E MODISMOS

que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Se­


nhor... Mas temos confiança e desejamos, antes, deixar este
corpo, para habitar com o Senhor" (2 Co S. 1,2, 6, 8).

Aqui. o apóstolo Paulo ensina que ao morrer um cristão, sua alma


deixa o tabernáculo, a tenda ou casa em que viveu vida terrena, e
parte com Cristo, na companhia dele, numa "casa não feita por mãos",
habitação eterna, nos céus; enquanto o corpo inerte em estado de
decomposição, ou desfeito em pó, jaz no túmulo. O tabernáculo des­
fez-se. e. agora, está revestido da nova habitação, que é do céu. A
alma está unida às miríades de santos de todas as eras. como os
profetas, patriarcas, apóstolos e demais justos e cristãos de todos os
tempos. O cristão vai para a presença de Cristo quando morre;

"Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de


partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor"
(Fp 1.23).

“E, ha\>endo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as


almas dos queforam mortos por amor da palavra de Deus e
por amor do testemunho que deram. E clamavam com gran­
de voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo
Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que
habitam sobre a terra ?E a cada um fo i dada uma comprida
veste branca efoi-lhes dito que repousassem ainda um pou­
co de tempo, até que também se completasse o número de
seus conservas e seus irmãos que haviam de ser mortos como
elesforam" (Ap 6.9-11).

O texlo de Apocalipse fala dos cristãos degolados durante o perí­


odo da Grande Tribulação, por recusarem-se a adorar a besta, cujas
AS TESTEMUNHAS DE JEOVA 1«9

almas aparecem, nesse texto, debaixo do altar de Deus. Como ex­


plicar isso, se a alma não sobrevivesse à morte? o texto diz explici­
tamente que eles foram mortos na terra e que, agora, suas almas
encontram-se no céu, debaixo do altar de Deus.
Jesus disse aos seus discípulos: "para que onde eu estiver, estejais
vós também" (Jo 14.3). "Para onde eu vou não podes agora seguir-
me, mas depois me seguirás" (Jo 13.36). Na sua oração sacerdotal,
)esus disse: "Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver,
também eles estejam comigo" (Jo 17.24). Se a alma incluisse o cor­
po, que sentido teriam essas promessas? Que valor haveria em es­
tar alguém ali? Os discípulos de Jesus seguiram-no após sua morte,
conforme as promessas que lhes havia feito.
A consciência é essencial ao conhecimento, e é justamenle
esse incentivo que nos faz desejar ardentemente estar com Je­
sus Cristo, Então, todos os fiéis do Senhor seguiram para onde
ele foi, e não tem sentido e nem é bíblica a doutrina da mortali­
dade da alma.

“E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás


comigo no Paraíso" (Lc 23.43).

É possível adm itir, com base nessa passagem, que o malfei­


tor arrependido está deitado em sono inconsciente? De maneira
nenhuma!
Os manuscritos gregos do Novo Testamento foram produzidos
antes do uso dos sinais gráficos de pontuação. Os principais textos
impressos do Novo Testamento grego usam a virgula antes da pala­
vra grega oiípepou (sèmeron), "hoje”5'', como Texlus Receptus,
Westcott Hort, Nestle-Aland, United Bible Socielies A organização
publicou na nota de rodapé da Tradução do Novo Mundo com Ri je
rências o seguinte:
19 0 HERESIAS E MODISMOS

"Embora WH coloque uma vírgula no texto grego antes da


palavra "hoje", nos mss. unciais gr. nâo se usavam vírgulas.
Em harmonia com o contexto, omitimos a virgula antes de
“hoje". Sy (do quinto séc. EC) verte este texto: “Amém, eu te
digo que comigo estarás no Jardim do Éden".

A Torre de Vigia diz que o texto grego de Westcott e Hort (WH)


serviu de base para a Ttadução do Novo Mundo, "assegurando a
máxima exatidão possível".53 Agora, declara que resolveu não se­
guir mais o texto WH, que traz uma vírgula antes da palavra "hoje",
omitindo-a na TNM.
A organização omitiu a virgula antes da palavra "hoje”, pôs o
sinal gráfico, dois pontos (:), depois desta palavra, o que alterou
completamente o sentido do texto, assim:

“E ele lhe disse: "Deveras, eu te digo hoje: Estarás comigo


no Paraíso" (Lc 23.43 - TNM)

A organização admite, ainda, que a TNM está em desacordo com o


texto grego, assume a responsabilidade pela falsificação simplesmen­
te para se harmonizar com o contexto, ou melhor, "suas crenças".
A tentativa dos teólogos das testemunhas de Jeová é antiga, pois
os que defendiam a doutrina do sono da alma buscaram fundamen­
tar suas idéias nesse argumento. Todavia, durante toda a história
do cristianismo, o texto ensinou que Jesus garantiu ao malfeitor ar­
rependido que naquele mesmo dia estaria com ele no paraíso. Hoje,
porém, a Torre de Vigia, faz coro com os hereges antigos, ensina
que não foi isso o prometido por Jesus. Sua tese é que o malfeitor
ainda jaz no pó da terra.
Segundo a organização, Jesus garantiu que um dia estariam jun­
tos no Paraíso e isso harmoniza-se com as crenças da organização.
AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ 191

que defende a doutrina do sono da alma. Em outras palavras. Jesus


leria dito: "eu te digo hoje, estarás comigo no paraíso". Isso seria uma
linguagem inatural e a palavra "hoje", no texto, seria supérflua. É isso
que o Corpo Governante chama de tradução literal e fiel aos escritos
originais? Absurdo. É falsificação e adultério no texto sagrado.

2. Seu erro sobre a salvação. A Torre de vigia não considera


seus adeptos filhos de Deus e nem Jesus como seu mediador. A sal­
vação é um alvo para ser cumprido.54

"Por isso, Jeová Deus, antes de adotá-los como seusfilhos


livres, mediante Jesus Cristo, sujeitará todas estas criaturas
aperfeiçoadas a uma prova cabal, para todo sempre".55

Essa declaração foi publicada novamente, ipsis litteris, sem a cláu­


sula final: " p a r a todo o sempre". No parágrafo seguinte, contudo,
declara:

“Jeová adotará então amorosamente todos os humanos


aperfeiçoados que suportarem a provafinal e decisiva como
seusfilhos por meio de Cristo".56

“De modo que, em estrito sentido bíblico, lesus e o medi­


ador apenas dos cristãos ungidos".s-

Os "cristãos ungidos", na linguagem das testemunhas de leová.


são os 144.000, que segundo a organização são os únicos com di­
reito ao céu.
A Torre de Vigia ensina, ainda, que as testemunhas de Jeová não
pertencem a Cristo e que o único caminho para a salvação e a sua
organização religiosa: a Sociedade Torre de Vigia
192 HERESIAS E M O D ISM O S

"Os que pertencem a Cristo são os 144.000 discípulosfiéis


escolhidos para dominarem com ele no Reino".56

"Não conclua que existem várias estradas, ou caminhos,


que poderá utilizar para ganhar a vida no novo sistema de
Deus. Existe apenas uma. Foi apenas aquela única arca que
sobreviveu ao Dilúvio e não um sem-número de embarca­
ções E haverá apenas uma organização - organização visível
de Jeová Deus - que sobreviverá à ‘g rande tribulação' que
rapidamente se aproxima... Você precisa pertencer à organi­
zação de Jeová e fazer a vontade de Deus, a fim de receber
Sua bênção de vida eterna“ 59

As testemunhas de Jeová pregam de casa em casa; uma religião


cujo ensino não as qualifica como "filhos de Deus". São filhos de
quem afinal?
Segundo a Torre de Vigia, a salvação no céu é destinada apenas
às 144.000 pessoas, chamadas na linguagem da organização de "cris­
tãos ungidos", ou "classe dos ungidos", a s demais testemunhas de
Jeová devem contentar-se em herdar a terra, são chamadas de "clas­
se da grande multidão", expressão extraída de Apocalipse 7.9. Essa
doutrina aparece num livro de Rutherford, intitulado TheHarp ofGod.

"A igreja de Cristo consta de Jesus Cristo, a cabeça e os


144.000 membros de seu corpo“.90

Rutherford, no Congresso de Washington D. C , realizado em 193S,


oficializou a doutrina da grande multidão:

"Naquele ano, na sexta-feira, 31 de maio, durante a ses­


são da tarde do congresso das Testemunhas de Jeová e seus
AS testcmunmas oe ieova 1 «

com panheiros, em W ashington (D. C.. E U A ) , o orador prin­


cipal proferiu se u d iscu rso histórico sobre o tema: A Grande
M ultidão. E sse d iscu rso identificou pela prim eira vez a gra n ­
de m ultid ão d e A p 7.9 co rn o cla sse terrestre de pessoas, não
ge ra d a s p eto espírito".“

A B íb lia e n s i n a s e r f ilh o d e D e u s t o d o a q u e le q u e re c e b e r a c r i s ­
to c o m o s e u S a l v a d o r p e s s o a l. O S e n h o r J e su s é o M e d ia d o r d e
todos o s h o m e n s , a s a l v a ç ã o é r e c e b id a q u a n d o o p e c a d o r a r r e ­
p e n d e -se e c r ê n o e v a n g e l h o d e J e su s, r e c e b e n d o a C r is t o c o m o
ú n ic o S a l v a d o r .

“Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de


serem /eitos /ilh ó s de Deus: aos que creem no seu nome"
(lo 1.12).

"O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que so­


mos filhos de Deus" (Rm 8.16).

'Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai: que


Jõssemos chamados filhos de Deus. Por isso. o mundo náo nos
conhece, porque não conhece a ele. Amados, agora somos f i­
lhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser.
M as sabem os que, quando ele se manifestar, seremos seme­
lhantes a d e ; p orque assim como é o veremos" ( I lo 3.1, 2)

"Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os


homens, Jesus Cristo, hom em" ( I Tm 2.5).

“E, p o r isso, é M ed iad o r de um novo testamento, para que.


in te m n d o a m o rte p a ra rem issão das transgressões que ha
194 HERESIAS E M ODISM OS

via debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a


promessa da herança eterna" (Hb 9.15).

"Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha


palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não
entrará em condenação, mas passou da morte para a vida"
(Jo 5.24).

A Bíblia também ensina que os cristãos pertencem a Jesus e que


o único Caminho para a salvação é Jesus e não uma organização:

"Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das


minhas sou conhecido" (Jo 10.14).

"Filhinhos, sois de Deus e já os tendes vencido, porque


maior é o que está em vós do que o que está no mundo... Nós
somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos. aquele
que não i de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o
espirito da verdade e o espírito do erro" (I Jo 4.4, 6).

"Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida.


Ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo 14.6).

Segundo a teoria rutherfordiana, haverá dois rebanhos: um no


céu, os 144.000, e outro na terra, a "grande multidão", que seriam
as atuais testemunhas de Jeová. O texto bíblico básico que os teólo­
gos da organização usam para fundamentar a teoria da classe da
"grande multidão" não apóia tal doutrina.

“Depois destas coisas, olhei, e eis aqui uma multidão, a


qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e
AS TESTEMUNHAS DE IEOVA 195

povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o


Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas
mãos; 10 e clamavam com grande voz, dizendo: Salvação
ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordci
ro. 11 B todos os anjos estavam ao redor do trono, e dos
anciãos, e dos quatro animais; e prostraram-se diante do
trono sobre seu rosto e adoraram a Deus, 12 dizendo:
Amém! Louvor, e glória, e sabedoria, e ações de graças, e
honra, e poder, eforça ao nosso Deus, para lodo o sempre.
Amém! 13 E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que
estão vestidos de vestes brancas, quem são e de onde vie­
ram? 14 E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me:
Estes são os que vieram de grande tribulação, lavaram as
suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. IS
Por isso estão diante do trono de Deus e o servem de dia e
de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre
o trono os cobrirá com a sua sombra. 16 Nunca mais te­
rão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma al­
guma cairá sobre eles, 17 porque o Cordeiro que está no
meio do trono os apascentará e lhes servirá de guia para as
fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos
toda lágrima" (Ap 7.9-17).

O texto sagrado acima náo ensina essa teoria da Torre de


Vigia, nem algo que se pareça com isso. O texto afírma clara-
mente que essa grande multidão se encontra no céu. No v 9.
lemos que a grande multidão está "diante do trono e perante o
Cordeiro"; e no v. 15, lemos que se encontra " diante do trono
de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo". Onde está.
pois, o templo de Deus? No céu: "e abriu-se no céu o templo de
Deus" (Ap 11.19).
■ 96 HERESIAS E MODISMOS

Quem são os membros dessa "grande multidão"? Os w . 14 e 15


afirmam ser os que vieram da grande tribulação, que lavaram as
suas vestes no sangue do Cordeiro, e por isso estão diante do tro­
no de Deus. não numa terra paradisíaca. A expressão "de grande
tribulação" não é uma tradução precisa. O texto grego diz èk xf|<;
9A.li|i6(üç tfjç (ek tès thlipseõs tés megalés), "da grande tri­
bulação". A presença do artigo definido tés indica uma tribulação
específica, e não qualquer tribulação. Esse artigo deve ser manti­
do em nossa língua.“

3. Seu erro sobre o inferno de fogo. Negam a existência do


inferno de fogo e afirmam que a palavra hebraica Sheol e a grega
Hades, usadas para "inferno", na Bíblia, indicam a sepultura comum
da humanidade. Por isso, ensinam que o inferno é um estado e não
um lugar. As testemunhas de Jeová não estão sozinhas, fazem coro
com elas os adventistas do sétimo dia, os espíritas e muitos filóso­
fos ateus. Trata-se, portanto, de tentativa para escapar do inferno,
eliminado-o da Bíblia ou negando-o ao invés de buscar refúgio em
Jesus, nosso Salvador (Rm 8.1).
Os teólogos da Torre de Vigia negam a existência do inferno ar­
dente porque Russell, antes mesmo de fundar a sua organização,
pessoalmente, não concordava com tal crença. Russell passou a crer
nessa crença porque foi derrotado num debate com um cético:
"Charles Taze Russell, o relator, tinha sido membro da Igreja
Congregacional e crente fervoroso na doutrina da tortura eterna das
almas condenadas ao inferno de fogo e enxofre literais, mas, ao
tratar de converter ao cristianismo um conhecido descrente, ele pró­
prio foi derrotado na sua posição sectária e impelido ao cepticismo"“
Depois disso, Russell fez seus próprios estudos. Como resultado,
ficou também incrédulo. Ele nasceu na Igreja Presbiteriana,- depois,
foi para a Igreja Congregacional; e finalm ente, para a Igreja
AS TESTEMUNHAS OE lEOVÁ 19 7

Adventista. A o rg an ização afirm a que Russell era adventista, e ele


mesmo reconhecia-se endividado com os adventistas."1 Em outras
publicações, afirm a que Russell aliou-se a N. H. Barbour, dissidente
do adventism o,“ Até hoje, os advenlislas negam a existência do
inferno ardente, deles Russell trouxe essa doutrina.
Hoje, a Torre de V igia ensina que o inferno é a própria sepultura
e que o lugar de suplicio eterno, onde os ímpios serão atorm enta­
dos para sem pre, não existe. Ensina a organização:

"O Seol e o Hades não se referem a um lugar de toimen-


to, mas à sepultura comum da humanidade".00

A palavra "inferno" vem do latim infemus, que significa "lugar


inferior". Foi usada por Jerônimo, na Vulgata Latina, para traduzir
do hebraico a palavra biKO ou Sk«i (stf‘ol) no Antigo Testamento, e
do grego as palavras y e é v v a (geenna), "Gehena, inferno": *’ Çtôqç
(hadés), "Hades, a região dos mortos"“ e taptapou) <tartaroò). "lan­
çar ao Tártaro / ao inferno; prender no inferno".“

a) Seol. O Seol aparece 65 vezes no Antigo Testamento, signifi­


cando "o lugar invisível do mortos" ou "habitação dos mortos? É o
mundo subterrâneo que recebe os que partem desse mundo; é a
habitação temporária dos mortos O fato de o Seol e a sepultura
serem invisíveis aos olhos humanos, pois ambos são lugares pro­
fundos, talvez justifique a tradução por "sepultura, sepulcro", como
sinônimo de “morte".

“Pois grande é a tua benignidade para comigo. C Ihraste u


minha alma do mais profundo Cheol" (SI 86 13 ■TBi. A ARC
traduziu o termo por ~sepultura" e a ARA por "morte'
198 HERESIAS E MODISMOS

Nos tempos do Antigo Testamento, tanto os justos como os in­


justos iam, na morte, para o Seol:
"Mas Deus remirá a minha alma do poder do Cheol, Pois
ele me receberá" (SI 49. IS - TB).

"Pois a minha alma está cheia de sofrimentos, E a minha


vida se aproxima do Cheol" (SI 88.3 -TB).

A ARC traduziu o termo por "sepultura", e ARA, por "morte".


Esse termo é, também, usado para designar o lugar de castigo,
para advertir os ímpios:

"Mas, se Jeová criar uma nova coisa, e a terra abrir a


boca e os tragar com tudo o que lhes pertence, e vivos des­
cerem ao Sheol; sabereis que estes homens desprezaram a
Jeová" (Nm 16.30 - TB).

A ARC traduziu o termo por "sepulcro", e ARA, por "abismo".

"Os iníquas hão de voltar para o Cheol, Todas as nações


que se esquecem de Deus’ (SI 9.17- TB). A ARC e a ARA tra­
duziram o termo por “inferno".

“Como ovelhas são encurralados no Cheol, a morte os


pastoreia. Os justos dominam sobre eles de manhã, A sua
formosura, consumi-la-á o Cheol, Para não ter mais lugar
onde habite" (SI 49.14 -TB).

A ARC traduziu o termo por "morte", e a segunda, por "sepultu­


ra"; a ARA, ambas por "sepultura".
Antes da morte de Cristo, todos os homens iam ao Seol, jus-
AS TESTEMUNHAS DE lEOVÁ 199

los e injustos, pois havia nesse lugar um abismo que separava o


"Seio de Abraão" do lugar destinado aos injustos. Depois de sua
ressurreição, os salvos vão para o paraíso, ou "terceiro céu”,
onde aguardam a ressurreição do corpo, enquanto os incrédu­
los aguardarão, em estado consciente, a ressurreição do corpo
para o juízo final.

"E aconteceu que o mendigo morreu e foi levado pe­


los anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico
e foi sepultado. E, no Hades, ergueu os olhos, estando
em tormentos, e viu ao longe Abraão e Lázaro, no seu
seio" (Lc 16.22, 23).

"Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos (se


no corpo, não sei; sefora do corpo, não sei; Deus o sabe), foi
arrebatado até ao terceiro céu" (2 Co 12.2).

"E deu o mar os mortos que nele havia. e a morte e o


inferno deram os mortos que neles havia; eforam julgados
cada um segundo as suas obras. E a morte e o infernoforam
lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele
que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no
lago defogo" (Ap 20.13-15).

b) Hades. O Hades aparece 10 vezes no Novo Testamento, sem


trazer, uma vez sequer, o sentido de "sepultura" O contexto vai
determinar se está ligada ao estado de morte, ou se ao lugar onde
as almas dos ímpios serão castigadas. Traduzida por "inferno", na
ARC. exceto em Lucas 16.23 e Atos 2.27,31. em que aparece
transliterada. A VR translíterou o termo nas 10 passagens No en­
tanto, em nenhuma delas Hades significa "sepultura".
200 HERESIAS E MOCHSMOS

"E tu. Cafamaum, que te ergues até aos céus, serás abati­
da até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sidofe i­
tos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido
até hoje" (Mt 11.23).

“E tu, Cafamaum, serás levantada até ao céu? Até ao in­


ferno serás abatida" (Lc 10.15).

As passagens paralelas (Mt 11.23; Lc 10 .15) estão ligadas à que­


da de Lúcifer, registrada em Isaías 14.11-15, em que aparece o ter­
mo "abismo" e, também, a palavra hebraica Seol. C afam aum have­
ria de receber o mesmo castigo que recebeu o "filho da alva" (tradu­
zido por Lúcifer— "portador de luz", na Vulgata Latina, por Jerônimo).
Curiosamente, a Torre de Vigia usou como tema do Congresso de
Distrito de 1992: "Portadores de Luz".

"Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pe­


dra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não pre­
valecerão contra ela" (Mt 16.18).

A expressão "portas do Hades", quer dizer que as estratégias de


Satanás, com suas hostes do mundo inferior, não poderão vencera
igreja. "Porta", no antigo Oriente, diz respeito à entrada e ao mesmo
tempo à fortaleza da cidade. Assim, as fortalezas das trevas não
terão poder para exterminar a igreja, existirá para sempre.

"E, no Hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e


viu ao longe Abraão e Lázaro, no seu seio" (Lc 16.23).

O Hades é o estágio intermediário dos mortos. Lá eles estão aguar­


dando o dia do juízo, quando todos os mortos serão lançados no
AS TESTEMUNHAS DE lEOVA X O I

lago de fogo (Lc 16.23; Ap 20. 13,14). Não é, ainda, o inferno propri­
amente dito, mas, sim, o lago de fogo e enxofre. Ê uma prisão tem­
porária, até que venha o dia do juizo. Os condenados estão lá cons­
cientes e em tormentos, sabendo perfeitamente porque estão nesse
lugar, aguardando o juízo final. Depois, o Hades vomitará os mor­
tos, no dia do juizo final, então eles serão lançados no lago de fogo.
0 Hades, portanto, não é sepultura.

"Pois nâo deixarás a minha alma no Hades, nem permiti­


rás que o teu Santo veja a corrupção... nesta previsão, disse
da ressurreição de Cristo, que a sua alma nãofoi deixada no
Hades, nem a sua came viu a corrupção" (At 2.27,31)

Temos, aqui, o cumprimento de uma profecia registrada no livro


dos Salmos sobre a morte e a ressurreição de Jesus:

"Pois não abandonarás a minha alma ao Cheol, Nem per­


mitirás que o teu santo veja a corrupção" (SI 16.10). A ARC
traduziu o termo por "inferno" e ARA por "morte"

O corpo de Jesus foi colocado no nap (qever), "túmulo, sepul­


tura",71 termo usado profeticamente pelo profeta Isaias para in­
dicar a sepultura de Jesus ( ls 53.9). Seu correspondente grego è
pvripcLov (mnêmeion), "sepulcro, tumba",12 usado no relato da
sepultura de Jesus (Jo 19.41,42). Sua alma.no entanlo, foi ao Seol
(SI 16.10).
Os teólogos da Torre de Vigia usam a mesma passagem biblica,
justificando que Jesus esteve no Hades, então perguntam: "Deve­
mos crer que Deus atormentou a Cristo num 'inferno' de fogo’ Cla­
ro que não".73 Onde está o problema da organização? Na pergunta
mal formulada, Jesus desceu ao Hades vitorioso:
202 HERESIAS E MODISMOS

"Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro e


deu dons aos homens. Ora, isto—ele subiu—que ê, senão que
também, antes, tinha descido às partes mais babcas da terra?
Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de
todos os céus, para cumprir todas as coisas" (Ef 4.8-10).

"E o que vive;fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo
o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno"
(Ap 1.18).

Ele desceu vitorioso ao Hades e tomou de Satanás "as chaves da


morte e do inferno"

"E olhei, e eis um cavalo amarelo; e o que estava assen­


tado sobre ele tinha por nome Morte; e o inferno o seguia, e
foi-lhes dado poder para matar a quarta parte da terra com
espada, e com fome, e com peste, e com as feras da terra"
(Ap 6.8).

"E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o


inferno deram os mortos que neles havia; e foram julga­
dos cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno
foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte"
(Ap 20.13. 14).

Os dois termos "morte e hades” são usados no Antigo Testamen­


to para personalizar a figura do demônio (Is 28.15). Nessa mesma
acepção, são usados também no Novo Testamento (Ap 6.8). Em
Apocalipse 20.13,14, porém, diz respeito ao fim da Morte e do Hades,
é a "morte da Morte" Ambos serão lançados no "lago de fogo e
enxofre".
AS TESTEMUNHAS DE IEOVA 20 3

c) Geena. É a forma grega da expressão hebraica oirr*) (gei-


hinnom), "vale de Hinom",74de onde se originou o termo grego yeéwa
(geenna), mas não aparece na Septuaginta. Ê o nome de um vale
localizado no sul de Jerusalém:

"E este termo passará pelo vale do Filho de Hinom, da


banda dos jebuseus do sul (esta é Jerusalém) e subirá este
termo até ao cume do monte que está diante do vale de Hinom
para o ocidente, que está nofim do vale dos Refains, da ban­
da do norte" (Js 15.8).

Nesse vale eram sacrificadas crianças, em ritual pagão, num lu­


gar chamado "Tofete", que significa "altar":

"E edificaram os altos de Tofete, que está no vale do


filho de Hinom, para queimarem no fogo a seusfilhos e as
suas filhas; o que nunca ordenei, nem me subiu ao cora­
ção” (Jr 7.31).

Aqui, alguns reis de Israel sacrificaram a ídolos e, dentre eles, o


rei Salomão. O rei Josias, porém, fez uma devassa no local, fazendo
dele um lugar de lixo:

‘Também profanou a Tofete, que está no vale dosfilhos


de Hinom, para que ninguém fizesse passar a seu filho ou
suafilha pelo fogo a Moloque" (2 Rs 23.10).

Desde os dias de Josias, o local foi transformado num depósito


de lixo, onde o fogo ardia continuamente até aos dias do ministério
terreno do Senhor Jesus. A literatura apocalíptica judaica, produzi­
da a partir do II século a.C.. mostra que o vale significava o lugar do
204 HERESIAS E MODISMOS

castigo divino, depois do juízo final: o "lago de fogo". O mundo ju­


daico contemporâneo de Jesus cria que a Geena era o lugar onde os
ímpios receberiam como castigo o sofrimento eterno.
Os teólogos da Torre de Vigia procuram por todos os meios eli­
minar da Bíblia o inferno ardente como lugar de suplício eterno.
Nessas tentativas, às vezes, fazem declarações incorretas, que não
condizem com a realidade:

"Os antigos judeus criam que os extremamente iníquos


não teriam nenhum futuro depois da morte... Referindo-se a
este costume, Jesus usou a Geena como símbolo de destrui­
ção total, sem nenhuma perspectivafutura".75

Um estudo do pensamento judeu do período do Segundo Templo


(517 a.C. - 70 d. C.) mostra que a declaração acima, da organização
das testemunhas de Jeová, é completamente insustentável. Só se a
expressão "antigos judeus" for uma referência aos saduceus, mas,
mesmo assim, eles não viam qualquer perspectiva futura, não só
para os iníquos, mas para todos os seres humanos, incluindo, tam­
bém, os justos.
Segundo o Dr. Alfred Edersheim, judeu convertido ao cristianis­
mo, com profundos conhecimentos da Mishná e da cultura de seu
povo, essas escolas ensinavam o castigo eterno na Geena:

"Antes de apresentar, ainda que seja brevemente, o ensino


do Novo Testamento, parece desejável estabelecer com certa
precisão as idéias judaicas sobre este tema. Porque as idéias
sustentadas no tempo de Cristo; sejam quaisforam estas idéi­
as, Cristo não as contradisse, pelo menos diretamente, e, até
onde nós podemos inferir, não intentou corrigi-las. E aqui,
lemos riquezas de materiais suficientes para uma história das
AS TESTEMUNHAS DE lEOVA 205

opiniões judaicas dos diferentes períodos sobre a eternidade


dos castigos

Temos como principais fontes, que revelam as crenças judaicas


desse período, cujos reflexos encontramos no Novo Testamento, a
literatura apócrifo-apocalíptica e a literatura rabínica: o Talmude.
Todo esse material depõe contra a Torre de Vigia.
Edersheim, citando a Mishná, afirma ser crença dos rabinos da­
queles dias que os gentios seriam castigados etemamente na Geena:

"No tempo de Cristo o castigo dos Ímpios era considerado


de duração eterna".”

0 mundo judaico, contemporâneo de Jesus, cria que a Geena


era o lugar onde os ímpios receberíam como castigo o sofrimento
eterno.
No Novo Testamento, a palavra aparece 12 vezes, e em nenhu­
ma delas indica destruição para nunca mais ressuscitar. Outra vez.
a organização apresenta nova interpretação dos ensinos de Jesus,
ao afirmar que a Geena é apenas símbolo da destruição:

"Os que escutavam a Jesus podiam entender que aqueles


que fossem para a Geena seriam destruídos para sempre,
como sefossem lixo".,s

Dificilmente, uma pessoa esclarecida na Bíblia e na culiura ju­


daica do período do Segundo Templo aceita tal declaração Esiá
completamente desprovida de consistência.
Vamos, todavia, considerar algumas passagens bíblicas que con
tradizem o ensino da organização.
O Senhor Jesus empregou essa palavra como condenação eterna
204 HERESIAS E MODISMOS

"£, se o teu olho te escandalizar, lança-o fora; melhor é


para ti entrares no Reino de Deus com um só olho do que,
tendo dois olhos, ser lançado nofogo do inferno, onde o seu
bicho não morre, e o fogo nunca se apaga" (Mc 9.47. 48).

O termo grego para "inferno", aqui, é a Geena. Esse mesmo ensi­


no reaparece em Mateus 5.29,30; I8 .9 e Marcos 9.42-47.
Será que Jesus está falando, aqui, da destruição da alma? É claro
que não, pois ser lançado no fogo da Geena, sem faltar nenhum dos
membros, ou com todos eles, não faz diferença na destruição. Se
Jesus tivesse modificando o sentido dessa palavra, ou acrescentan­
do algo mais sobre ela, estaria em algum lugar do Novo Testamen­
to, mas onde está? Em lugar algum!
Observe, ainda, que essa afirmação da Torre de Vigia é falsa por­
que a Geena, naqueles dias, era reconhecida como lugar de juízo, e
não de destruição. Quem ouvia a Jesus sabia perfeitamente o que
ele estava dizendo. Pela própria literatura rabinica daqueles dias.
sabia-se o sentido de tal palavra.
Segundo Flávio Josefo, a crença de que os ímpios não serão res­
suscitados era defendida pelos fariseus:

"Elesjulgam que as almas são imortais, que sãojulgadas em


um outro mundo e recompensadas ou castigadas segundo fo­
ram neste, viciosas ou virtuosas; que umas são etemamente
retidasprisioneiras nessa outra vida eque outras voltam a esta".

De modo que há um lugar para os justos e outro para os injus­


tos. A vida não termina com a morte.

d) Tártaro. È uma palavra grega que só aparece uma vez no Novo


Testamento:
AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ 207

"Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram,


mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias
da escuridão, ficando reservados para o Juízo" (2 Pe 2.4).

Pelo fato de aparecer somente uma vez, é necessário recorrer


aos escritores clássicos para saber seu significado. Na literatura la­
tina, o Tártaro representa o mesmo que o Hades representava para
os gregos. Virgílio, na Eneida, descreve a descida de Enéias ao Tár­
taro de forma semelhante à de Ulysses, descrita por Homero. Ê de
fato: "o termo clássico para indicar o lugar de punição eterna”.“
Era crença, na época dos apóstolos, que o Tártaro estava debai­
xo do Hades.81 O mesmo lugar reaparece na epístola de Judas, sem
usar o nome do referido lugar:

"£ aos anjos que não guardaram o seu principado, mas


deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e
em prisões eternas até ao juízo daquele grande Dia~dd 6)

Os textos sagrados acima ressaltam que esses anjos de Satanás


já estão no inferno, num lugar de trevas e de prisão, no Tártaro,
abaixo do Hades. Esses anjos são mais terríveis que lodos os de­
mais demônios. É por isso que Deus não permitiu que ficassem sol­
tos. Eles serão libertos, por pouco de tempo, durante a Grande Tri­
bulação, para atormentar os moradores da terra:

"E abriu o poço do abismo, e subiufumaça do poço como


afumaça de uma grandefornalha e, com afumaça do poço,
escureceu-se o sol e o ar. E da fumaça vieram gafanhotos
sobre a terra, efoi-lhes dado poder como o poder que têm os
escorpiões da terra. Efoi-lhes dito que não fizessem dano á
erva da terra, nem a verdura alguma, nem a arvore alguma.
208 HERESIAS E MODISMOS

mas somente aos homens que não têm na testa o sinal de


Deus" (Ap 2-4).

III. SOBRE A SUA FONTE DE AUTORIDADE

1. A Sentinela. Os católicos romanos consideram a Bíblia como


a inspirada Palavra de Deus e afirmam acreditar nela. O problema,
porém, é que soma-se a isso a Patristica, os magistérios e assim por
diante. Qualquer testemunha de Jeová defenderá, com muito vigor,
sua fé na inspiração divina e na autoridade da Bíblia. Como os cató­
licos, que lêem a Bíblia com lentes papistas, da mesma forma, as
testemunhas de Jeová, sua fé na Bíblia está condicionada aos ensi­
nos da organização:

“Em essência, mostramos que a Sociedade é uma orga­


nização inteiramente religiosa; que os membros aceitam como
princípios de crença a santa Bíblia, conforme explicada por
CharlesT. Russell"“

Ao lado da Bíblia, as testemunhas de Jeová têm, ainda, a revista


A Sentinela, periódico quinzenal, publicado nos dias I e 15 de cada
mês. Elas acreditam que a Bíblia não pode ser entendida sem a re­
vista A Sentinela e sem a Sociedade Torre de Vigia:

"Ê todo-importante estudar a Bíblia, e. visto que A Senti­


nela auxilia a entendera Bíblia, seu estudo é também impe­
rativo... O estudo particular da revista é essencial". "

“Se tivermos amor a Jeová, e à organização de seu povo,


não teremos suspreitas, mas como diz a Bíblia, ‘creremos em
todas as coisas', todas as coisas que A Sentinela esclarece.
AS TESTEMUNHAS DE IEOVA 2 0 9

uma vez que tem sidojte! em nos dar conhecimento dos pro­
pósitos de Deus e em nos guiar no caminho da paz, da segu­
rança e da verdade, desde seu início até o dia atual"V

O estudo de A Sentinela é "imperativo", e as testemunhas de Jeová


não podem suspeitar dela, pois considera como instrumento fiel em
dar a elas "conhecimento dos propósitos de Deus", para guiá-las
"no caminho da paz, da segurança e da verdade".
Quando uma testemunha de Jeová bate a porta de alguém, ofe­
recendo curso bíblico, está, na verdade, convidando-o para estudar
a revista A Sentinela, a começar pelo seu manual de ingresso Conhe­
cimento Que Conduz à Vida Eterna.
Esse livro apresenta o resumo da confissão de fé das testemu­
nhas de Jeová, complementada depois com A Sentinela e outras pu­
blicações da Sociedade.
Durante o curso, a pessoa ouvirá muitas vezes "considere o se­
guinte" ou "vamos raciocinar juntos", para persuadir sua vitima a
acreditar em crenças que são condenadas pela própria Bíblia. De­
pois desse rígido programa a que são submetidos, os principiantes
jamais poderão pensar por si mesmos. Há. portanto, quem pense
pelas testemunhas de Jeová: o Corpo Governante. Ninguém no mun­
do aderiu a organização simplesmente pela leitura da Biblia
A Sociedade Torre de Vigia não estimula seus adeptos a ler a
Bíblia, antes, incentiva e obriga seus membros à leitura de suas pu­
blicações. Segundo a organização, ninguém pode entender a Bíblia
sem sua ajuda, pois as Escrituras foram confiadas ao Corpo
Governante, o único canal responsável para transmitir as "verda­
des" de Jeová aos membros da Sociedade Torre de Vigia.

"Assim, a Bíblia é um livro de organização e pertence d


congregação cristã, como organização, não a indivíduos, não
210 HERESIAS EMOOISMOS

importa quão sinceramente creiam poder interpretar a Bí­


blia. Por esta razão, a Bíblia não pode ser devidamente en­
tendida sem se ter presente a organização visível de Jeová“.’5

"Como conheceríamos o caminho da verdade se não ti­


vesse havido a ajuda da organização? Podemos realmente
passar sem a orientação da organização? Não, não pode­
mos".”'

"Não há dúvida sobre isso. Todos nós precisamos de aju­


da para entender a Bíblia, e não podemos encontrar a orien­
tação bíblica de que precisamosfora da organização do 'es­
cravofiel e discreto'".’7

A falsas profecias e as constantes mudanças de suas crenças


revelam que esse escravo não parece ser fiel e nem discreto. Estas
declarações ensinam as testemunhas de Jeová a não crer na Biblia.
As doutrinas da organização vieram por meio de Russell e seus su­
cessores, e eles procuraram na Bíblia como justificar tais ensinos.
você tem dificuldade em fazer uma testemunha de Jeová ler uma
passagem das Escrituras. Elas gostam de passar para os crentes lis-
tinhas de versículos, para que leiam; elas mesmas, contudo, não
querem ler as passagens bíblicas indicadas por outras pessoas, e
quando o fazem, é forçado, sabem por quê? Porque lhes foi ensina­
do que fora da organização ninguém pode entender a Bíblia, então
a sugestão para que leiam a Palavra de Deus toma-se vã As vezes,
lêem, para que o diálogo possa prosseguir, mas só conseguem crer
no que for produzido pela organização. A Bíblia, somente, não ser­
ve de nada, segundo elas. O sistema im plantado pelo Corpo
Governante é o de que ninguém pode conhecer a Deus sem os seus
escritos. A Bíblia tomou-se meramente livro de referências.
AS TESTEMUNHAS DE JEOVA I I

2. A Tradução do Novo Mundo, a organização procura fazer


com que suas crenças pareçam biblicas, e, para isso, produziram
sua própria Bíblia: a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagra­
das. É tradução falsa, viciada, tendenciosa e cheia de interpolação,
preparada para contrabandear suas crenças peculiares para o texto
da Bíblia. Há inúmeras passagens adulteradas e falsificadas, tere­
mos adiante um exemplo do Antigo Testamento e um do Novo.

a) O Espírito de Deus (Gn 1.2)

o w ' js -S » r a n -ip o v fS s n r n o in n 'ysrbs in a i m h nm n p ç m

ARC "E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do
abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas".

ARA "A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a
face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas"

TB “A terra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face
do abismo, mas o espírito de Deus pairava por cima das águas"

TNM "Ora, a terra mostrava ser sem forma e vazia, e havia escuridão
sobre a superfície da água de profundeza; e a forca ativa de Deus
movia-se por cima da superfície das águas“.

A TNM falsificou essa passagem substituindo a palavra hebraica


nn (ruach), que significa "vento, espírito de uma pessoa, menle,
espírito de um deus",88 por "força ativa de Deus" A Torre de Vigia
nega a personalidade e a divindade do Espírito Santo No seu cre­
do, o Espírito Santo é uma força ativa e impessoal que executa a
vontade de Jeová.8’ Com essa falsificação, as testemunhas de Jeová
212 HERESIAS E MODISMOS

não precisam mais torcer a Palavra de Deus, pois os tradutores da


TNM já fizeram esse trabalho por elas. Isso chama-se eisegese, ou
seja, introduzir idéias externas no texto, o contrário de exegese,
que extrai a idéia do interior do texto. Aqui, temos prova irrefutável
de que o Corpo Governante transferiu sua crença peculiar para o
texto sagrado.

b)OVerbo(Jo 1.1)

'Eu à p x fl fiu ò A.óyoç K ai ò Àóyoç f|U n p ò ; TÒv 0 eó u Koà 0 eòç rçi/ ó Aáyoç

ARC No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo


era Deus.

ARA No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo


era Deus.

TB No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo


era Deus.

TNM No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a


Palavra era deus. (Tradução das Escrituras Gregas Cristãs, em
português, edição de 1963 e Tradução do Novo Mundo das Es­
crituras Sagradas, edição de 1967).

TNM No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a


Palavra era (um) deus. (Tradução do Novo Mundo das Escritu­
ras Sagradas, edição revisada de 1984).

Na TNM, em inglês e em espanhol, o artigo indefinido "um" apa­


rece direto no texto sem colchetes | ): "and the Word was a god" (e a
AS TESTEMUNHAS DE IEOVA 213

Palavra era um deus). nova edição de 1981, e na edição espanhola:


"y la Palabra era un dios”.
A tradução do Corpo Governante, dessa passagem bíblica, é uma
perversão. Teologicamente, o texto da TN NI é totalmente contrário
ao ensino judaico-cristão do monoteísmo, pois tal tradução implica
uma crença em dois deuses: um maior, o Todo-poderoso, o Pai; um
menor, menos poderoso, um deus inferior, o Filho. Tal ensino pare­
ce-se com o politeísmo romano: Júpiter, o Pai dos deuses; Mercúrio,
um deus inferior!
A organização rejeita a doutrina bíblica da Trindade, no entanto,
envereda-se pelo caminho do politeísmo. Houve reação do mundo
acadêmico.90 Citaremos a seguir a manifestação de alguns eruditos:
DR. J. JOHNSON da Universidade do Estado da Califórnia, em
Long Beach:

“Não há justificativa para traduzir THEOS EN HO LOGOS


corno 'a Palavra era um deus'. Não há paralelo sintático com
Atos 28:6 onde há declaração em discurso indireto: em loão
l.l é direto... e eu não sou nem cristão, nem trinitariano"

DR. Julius R. MANTEY:

"Umamá tradução, chocante. Obsoletaeincorreta Nàoéncm


erudito nem razoável traduzir loão l:l'a Palavra em um deus '

DR. BRUCE M. METZGER da Universidade de Princeton (Profes


sor de Língua e Literatura do Novo Testamento):

"Uma tradução horripilante. . errónea.. pemiaostt re


preensível. Se as testemunhas deleová levam essa traduçaoa
sério, elas são politeístas"
214 HERESIAS E MODISMOS

A organização introduziu, por sua própria conta, 237 vezes o


nome Jeová no Novo Testamento, uma vez que não aparece em
nenhum dos milhares de manuscritos gregos, incluindo os papiros
e lecionários. Os próprios textos gregos, do Novo Testamento, pu­
blicados pela Torre de Vigia, não trazem o Tetragrama, as quatro
consoantes do nome divino mm (YHVH). Os dois textos interlineares,
grego-inglês, da Torre de Vigia: The Emphatic Diaglott e The Kingdom
Interlinear TTanslation o f the Greek Scríptures, servem para provar
essa inserção arbitrária.
O propósito da TNM em sustentar o nome "Jeová" é porque o
nome grego «úpioç (kyrios), ou o nome inglês "Lord", que corres­
pondem a "SENHOR", na lingua portuguesa, identificam explicita­
mente a divindade do Pai com a do Filho. Ao usar o nome "Jeová"
para o Pai, e o vocábulo "Senhor", para o Filho, embora no texto
grego a palavra seja a mesma tanto para o Pai como para o Filho,
fica mais fácil enganar o povo com a TNM. Eis a razão porque a
Torre de Vigia insiste em afirmar que Deus tem apenas um só nome,
e que esse nome é Jeová.

CONCLUSÃO

Como pregar para alguém convicto de que está com a verdade?


Devemos ser educados quando uma testemunha de Jeová bater à
nossa porta. Não devemos compartilhar de suas crenças (2Jo 10,11).
Quando falamos que temos provas de suas falsas profecias, dificil­
mente elas interessam-se pelo diálogo e ficam numa situação
desconfortável se perguntamos se elas são filhos de Deus ou se Jesus
é Deus falso ou verdadeiro. Isso pode abalar a falsa convicção delas.
O crente que não tem por hábito frequentar a Escola Dominical
torna-se presa fácil desse grupo por duas razões: em vez de ir à
Escola Dominical fica em casa, correndo o risco de as testemunhas
A$ TESTEMUNHAS DE lEOVA 2 1S

de Jeová baterem à porta, sem preparo bíblico para dialogar com


elas, porque não é aluno da Escola Dominical. Quem não está pre­
parado para dialogar com elas deve apenas dar-lhes um folheto es­
pecifico, para sua evangelização. Ou ela converte-se ao Senhor Je­
sus ou não volta mais à sua porta.
A organização das testemunhas de Jeová deve ser escrutinada
porque ela mesma afirma isso quando critica a Igreja Católica:

"A Igreja Católica ocupa posição muitíssimo significativa


no mundo, e afirma ser o caminho da salvaçãopara centenas
de milhões de pessoas. Qualquer organização que assuma
tal posição deve estar disposta a ser esmiuçada e criticada.
Todos que criticam têm a obrigação de ser verdadeiros na
apresentação dosfatos, e justos e objetivos na avaliação dos
mesmos".v

Conclui a organização das testemunhas de Jeová que qualquer


religião que assume tal prerrogativa deve estar sempre disposta à
crítica e a ser examinada.
A Sociedade Torre de Vigia, também, assume tal prerrogativa,
por isso, não deve se aborrecer com nossas pesquisas.

Notas*1
4
1RUSSELL, C T. Studies in the Scripture, vol II, p !0 I, ediçàodc 1889. (na cdicàode W l5 data
de 19)4 é subslilulda por 1915)
i T h eW ai£h iow cr,0\/09/\9\0. p 298) E$le mesmo lexlode Russell e*ia reprodu/.ido na so j
integra, na revista A Sentinela de 15/08/1964, pp. 511, S I2
'ASenünela, 01/10/1994, p 0.
‘ RUTHERFORD. J F The Finished M ystay, p 62,ediçàode 1910
‘ Ibidem, p 258)
1Ibidem, p 542
' RUTHERFORD. J F Milhões Q ue A goni Vnvm JamjiS Morrerão, pp MO M2 T T jn iü M o
conforme lexto original de 1923
216 HERESIAS E MODISMOS

* Idem. Salvação. p 287.


* (dem Filhos, p 283
10 FRANZ. Raymond Crise de Consdênaa. p 27.
" Ibidem, p 27
11FRANZ. Raymond Op a t. p. 82.
13Qualificados paro Ser Miniums, p 328.
M As N o çò a m ú o de Saber Que Eu Soufcová.p 270.136.37; PV.... 195. $ 13; A Sentinela, 1/10/
1995. p 8.
u Raciocínios à Base das Escrituras, p.t 16.
H Estudo Perspicaz das Escrituras, vol. I . p. 690.
•’ Conhecimento que Conduz à Vtda Etema. p. 31. § 22
••Ibidem, p. 31. $22
'* Seja Deus Verdadeiro, ediçio de 1949. p. 80. § 2.
30 TERTUUANO. Contra Práxeas. II.
3‘ Deve-se Crer na Trindade*, p 29
u Poderá Viverpara Sempre no Paraíso na Terra, p 40. S 16.
u Revelação. Seu Grandioso Clímax Está Próximo!, p. 148. § 20.
** Conhedmcnio que Conduz à Vida B a n a . p. 36.8 8.
u FERGUSON. B. Sinclair; WRIGHT. David F.; PACKER. | l. New Dküonaiy o f Theology, p. 6
* Didonário Patristico e de Antiguidades Cristás. p. 43.
" ABBAGNANO Op Cit. p. 19.
“ TAYLOR, Richard S. Dicionário Teológico Beacon, p. 31-
» Despertai!, 22/12/1984. p. 20.
30 Quando Morre Alguém Que Amamos..., p 26
31Ajuda ao Entendimento da Bfblla, P-Z. p. 1.433.
u Balz & Schneider, I, p 1126
M Ibidem, vol. I, p 311.
M Ibidem vol: l, p. 260.
“ VINE, W. E. Dicdonario Exposiüvo de Palabras del Nuevo Testamento, M -S. p. 372.
* Poderá Viver... p. 144 § 9.
Jr O Texlo da TB editado pela Sociedade Biblica do Brasil, na Bíblia Online, transcreve a palavra
hebraica sheol com a leira "c". registra "Cheol” no lugar de "Sheol".
“ Poderá Viwr Para Sempre sobre o Paraíso na Terra. p. 40 § 17.
30 Ibidem, p. 4 0 1 17
*° Poderá Viver... p 18 § 7.
41 Radodnios à Base das Escrituras, p. 399
° Deve-se Crer na Trindade?, p. 22.
° ROBERTSON, A T Imagens Verbales en cl Nuevo Testamento, vol. 5. Clie, Madrid, 1990. p. 279.
** VINE. W. E.i UNGER, Merril F.; WHITE JR. William, Op. dt., p 839
*s Balz & Schneider, vol. li. p. 750.
* STRONG, Augustus Hopkins Teologia Sistemática, p. 364.
«> Estudo Perspicaz das Escrituras, vol l , p 90
“ Balz & Schneider, vol I, p 405,
” VINE, W E,; UNGER, Merril F.. WHITE JR. William. Op. d t. p. 555
80 Balz & Schneider, vol l. p 406
61 Ibidem, vol. I, p. i 35)
u Balz & Schneider, vol II, p l .396.
u Toda a Escritura é Inspirada por Deus e Proveitosa, p. 310.1 22
» Ccrüficai-vos de Tódas as Coisas e Apegai-vos ao Que Ê Excelente, p. 3 l l . edição de I960
u Vida Eterna - Na Uberdade dos Filhos de Deus. p. 398, § 36
* Unidos na Adoração do Único Deus Verdadeiro, p. 191, S 17
A Sentinela, 15/09/1979, p 32.
»Poderá Viver. .. p 172, § 20
w Ibidem, p. 255. § 14.
AS TESTEMUNHAS DE JEOVA 217

» The Harp of God, p 285, edição de 1928


41Vida Etema ■ Na Liberdade dos Filhos de Deus, pp, 363, 364. § 39.
EARLE, Ralph. Word meanings in the New Testament, p. 462
wASentinela, m arçode 1951, p 39
w resiemun/ios de Jeová - Proclamadores do Reino de Deus, p. 43.
w QualiJIeados Para Ser Ministros, p. 276, § 8
+ Poderá Wver..,, p. 83, § 7,
" Balz & Schneider, vol. I, p. 7 19
41Ibidem, vol. I, p 91.
* ibidem, vol I, p. 1 .688
wHOLLADAY, William L A Concise Hebrew and Aramaic Lexicon ofthe OW resumem, p 356
11 HARRIS, R. Laird; A RCH ER JR.. Gleason L ; W A L T « . Bruce K Op at. p I 3)6
MBalz & Scheneider, vol. II. p. 305.
' 5Poderá Viver.., p, 82. § 4.
"BAUMGARTNER, Koehler. The Hebrew & Aramaic lexicon ofthe Old Testament. vo\un* one. p 188
n Felicidade Como Encontrá-la?, p 11B. $ 20
EDERSHElM, Alfred. La Viday los Tfempos delesus elMesfds, lomo 2, Apêndice XIX. p 806
" Ibidem, p. 391.
"Poderá Wver.... p. 87, § 14.
" JOSEFO, Flávio Op. cit., Livro 10. capitulo 2, 760.
“ SHEDD, R P. O Novo Dicionário da Bíblia. vol. II, p. 746.
41 BAUER, Walter A Greek-English Lexicon o f the New Testament and Other Early Chrisoan
Literature, p. 805
v Anuánodas Testemunhas de Jeová de 1976, p. 106.
° Qualificados para Ser Ministros, p. 143, § 3
H Ibidem, p, 144, § 5.
* A Sentinela, 1/06/1968. p. 327.
“ Ibidem, 15/07/1983, p 27
"Ibidem, 15/08/1981, p. 19
" BAUMGARTNER, Koehler Op. cit , volume two. p 1.980
p Raciocínios à Base das escrituras, 143.
" As citações completas desses eruditos podem ser encontradas nas seguintes obras Thus
Saith... The Governing Body ofJehovah's Witnesses, p. 6 1; Jehovah s Witnesses. Ictus Chnsi 6i the
Gospel ofJohn, capitulo 5; Heart to Heart Talks with Jehovah's Witnesses, pp 51 -62
"Despertai!, 22/12/1984. p 28.
CAPITULO 6

A MARIOLATRIA

ryn
pSsbemoé qüe o Jesus das seitas não é o mesmo Jesus revelado
\nos evangelhos, da mesma forma, como a Virgem Maria do
catolicismo romano não é a mesma Maria do Novo Testamen­
to. A Bíblia nada fala de uma mulher concebida sem pecado,
imaculada, sempre virgem e que ascendeu ao céu. Qualquer
católico romano estranhará, nas primeiras leituras da Bíblia, o
papel de Maria nos seus relatos e ensinos, e, também, desco­
brirá que as Escrituras Sagradas não lhe conferem a honra e
nem a glória que a Igreja Católica Romana atribui-lhe.
O culto de Maria é o divisor de águas entre católicos romanos e
evangélicos. O clero romano confere a Maria a honra e a glória
que pertencem, exclusivamente, ao Senhor Jesus. Essa substi­
tuição é condenada nas Escrituras Sagradas e. como resulta­
do, conduz o povo à idolatria.
Reconhecemos o honroso papel de Maria na Bíblia, como mãe
de nosso Salvador, mas a Palavra de Deus deixa claro que ela
não é co-autora da salvação e, muito menos, divina. Ê. portan­
to, pecado orar em seu nome, colocá-la como mediadora, diri­
gir a ela cânticos de louvor.
220 HERESIAS E MODISMOS

I. O QUE Ê MARIOLATRIA?

1. Idolatria. O termo vem de duas palavras gregas: eiôwAov


(eidõlon), "ídolo, imagem de uma divindade, divindade pagã",1 e
Antpeia (latreia), "serviço sagrado, culto".2 A idolatria é a forma pagã
de adoração; adorar e servir a outros deuses são práticas condena­
das pela Bíblia, no Decálogo e, também, no Novo Testamento: "por­
tanto, meus amados, fugi da idolatria" (l Co 10.14).

"Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para


ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há
em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas
debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás;
porque eu, o SENHOR, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito
a maldade dos pais nosfilhos até à terceira e quarta geração
daqueles que me aborrecem e faço misericórdia em milha­
res aos que me amam e guardam os meus mandamentos"
(Èx 20.3-3).

"Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está es­


crito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás"
(Mt 4.10).

2. Adoração. Os dois principais verbos gregos para "adorar", no


Novo Testamento, são irpo o K u vé a) (proskyneõ), que significa "ado­
rar, render homenagem",3 n o sentido de prostrar-se, e Aatprúu
(latreuõ), que significa "servir"'1 a Deus. A luz da Bíblia, podemos
definir adoração como serviço sagrado, culto ou reverência a Deus
por suas obras. Os principais elementos de um culto são: oração,
louvor, leitura bíblica, pregação ou testemunho, oferta e a manifes­
tação dos dons do Espírito Santo.
MAMOLATRIA 221

"E moveu-se dali pam a montanha à banda do oriente de


Betd e armou a sua tenda, tendo Betei ao ocidente e Ai ao
oriente; e edificou ali um altar ao SENHOR e invocou o nome
do SENHOR" (Gn 12.8).

Toda a terra te adorará, e te cantará louvores, e cantará o


teu nome" (SI 66.4).

“E, chegando a Nazaré, ondefora criado, entrou num dia


de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga e levantou-se
para ler. Efoi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu
olivro, achou o lugar em que estava escrito" (U 4.16, 17).

"£, depois da lição da Lei e dos Profetas, lhes mandaram


dizer os principais da sinagoga; Varões irmãos, se tendes al­
guma palavra de consolação para o povo, falai. E, levantan­
do-se Paulo e pedindo silêncio com a mão, disse: Varões
israelitas e os que temeis a Deus, ouvi"(At 13. IS, 16).

"Eeis que agora eu trouxe asprimícias dosfrutos da terra que


tu, 6 SENHOR, me deste. Então, asporásperante o SENHOR teu
Deus, e te inclinarás perante o SENHOR teu Deus" (Dt 26.10)

“Que fareis, pois, irmãos7 Quando ws ajuntais, cada um


de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua,
tem interpretação. Faça-se tudo para edificação" (l Co 14 26)

3. O culto de Maria. O termo "mariolatria" vem de Mana. for


ma grega do nome hebraico, oyip (miryâm). "Miriã" e de ladeia. A
mariolatria é o culto, ou a adoração de Maria, estabelecido pelo
catolicismo romano ao longo dos séculos.
222 HERESIAS E MODISMOS

O clero romano vai além do que está escrito com relação a Vir­
gem Maria. O livro Glórias de Maria, escrito por Santo Afonso Maria
de Liguori (1696 - 1787), já publicado em mais de 80 línguas, traz as
seguintes declarações:

"Maria é nossa vida... Maria, obtendo por meio de sua


intercessão a graça aos pecadores, deste modo lhes dá vida...
Ela está constituída medianeira de paz entre Deus e os peca­
dores. Os pecadores só por intercessão de Maria recebem
perdão... Cai e perece só quem não recorre a Maria".s

"Nossa salvação será mais rápida, se chamarmos por


Maria, do que se chamarmos por iesus".6

“Maria, que por graça de Deus, dispôs de seu Filho,foi exal­


tada acima de todos os anjos e dos homens, por ser a Santíssima
Mãe de Deus, que tomou parte nos mistérios de Cristo, é hon­
rada justamente com especial culto pela Igreja Católica“.7

"Apiedade da Igreja para com a Santíssima Virgem é intrín­


seca ao culto cristão... A Santíssima Virgem 'é legitimamente
honrada com um culto especial pela Igreja'. Com efeito, desde
remotíssimos tempos a bem-aventurada Virgem é venerada sob
o título "Mãe de Deus" sob cuja proteção osfiéis se refiigiam em
todos os seus perigos e necessidades... Este culto... embora seja
inteiramente singular, difere essencialmente do culto de adora­
ção que se presta ao Verbo encarnado e igualmente ao Pai e ao
Espirito Santo, mas ofavorece poderosamente".s

Essas são algumas declarações de suas crenças mariolátricas. 0


que se vê, hoje, é a manifestação ostensiva e orgulhosa da mariolatria
MARI0LATR1A 223

nos adesivos usados nos automóveis. Para esses católicos, Maria é


mais importante do que o próprio Jesus. A medida que o tempo vai
passando, Jesus diminui e Maria cresce no coração e na alma deles.
Os teólogos católicos fazem distinção de três palavras gregas:
latria, dulia e hiperdulia. Afirmam que latria é um termo usado para
o culto de adoração somente a Deus.
Dulia, do grego õouAcía (douleia), que significa "escravidão",'' apa­
rece como "servidão"na ARC (Rm 8.15,21, Cl 4.24; 5.1; Hb 2 .15). no
entanto, para esses teólogos, o termo traz a idéia de "veneração aos
santos canonizados", incluindo a honra dos santos em busca da
intercessão deles diante de Deus.
O termo hiperdulia sequer aparece no Novo Testamento e nem
mesmo nos dicionários e léxicos gregos. A preposição (mtp (hyper)
traz a idéia de superioridade, é o mesmo que super, no latim, e é
prefixo do grau comparativo de superioridade, na lingua grega.'"
então hiperdulia seria uma super servidão. Para os católicos, porém,
não chega a ser uma adoração, é mais que veneração. O culto ofe­
recido a Maria, segundo o clero romano, seria a hiperdulia.
A distinção entre culto de latria e culto de dulia não existe na
Bíblia, não existem graus de adoração. É maneira sutil de adorar a
Maria sem usar o termo adoração, para não espantar o povo. A Bi-
blia proíbe adorar e ajoelhar-se diante de qualquer ser que não seja
o Deus verdadeiro, independentemente de estar na terra ou no céu.
pois está escrito:

"Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma se­


melhança do que há em cima nos céus. nem em baixo na ter­
ra, nem nas águas debaixo da leria Não te encurvaras a elas
nem as servirás; porque eu, o SENHOR, teu Deus. sou Deus
zeloso, que visito a maldade dos pais nosfilhos até a terceira e
quarta geração daqueles que me aborrecem ' i Ex 20 4. 5)
224 HERESIAS E MODISMOS

"Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito.


AoSenhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás”(M t 4.10); ou
"Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto" (ARA).

O Senhor Jesus citou Deuteronôm io 6.13; 10.20.

"E aconteceu que, entrando Pedro, saiu Cométio a recebê-


lo e, prostrando-se a seus pés, o adorou. M as Pedro o levan­
tou, dizendo: Levanta-te, que eu também sou hom em" (At
10.25, 26).

“E eu lancei-me a seus pés para o adorar, mas ele disse-


me. Olha, não faças tal; sou teu conservo e de teus irmãos
que têm o testemunho de Jesus; adora a Deus, porque o teste­
munho deJesus é o espírito deprofecia... E eu, João, sou aquele
que vi e ouvi estas coisas. E, havendo-as ouvido e visto, pros­
trei-me aos pés do anjo que mas mostrava para o adorar. E
disse-me: Olha, não faças tal, porque eu sou conservo teu e
de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras
deste livro. Adora a Deus" (Ap 19.10; 22.8, 9).

O clero romano nega, terminantemente, a adoração dos católi­


cos a Maria, isso é, também, oficialmente, confirmado pelo Vaticano.
É muito comum o tradicional trocadilho católico: adoração e vene­
ração. Todavia, as declarações de Liguori, do Concílio do Vaticano II
e do Catecismo da Igreja Católica, citadas acima, somando-se a isso
as práticas dos católicos, não ajudam a confirmar a afirmação dos
romanistas. Uma análise honesta do correto conceito da palavra
"adoração", conferindo com o marianismo dos católicos romanos,
prova de maneira irrefutável que se trata de adoração.
Os católicos ajoelham-se diante de sua imagem e dirigem a ela
MAR10LATR1A 22 6

orações e cânticos. Isso é idolatria e sinaliza o prenúncio da grande


apostasia que se consumará no fim dos tempos. (Ap 17.4.5).

4. M ãe de Deus. O que querem os teólogos romanistas com


esse termo? O termo "mãe de Deus" foi usado em razão das contro­
vérsias cristológicas da época para dar ênfase à divindade de Jesus.
A Bíblia esclarece ser Maria mãe do Jesus homem, e nunca mãe de
Deus (At 1.14).
A palavra usada para "mãe de Deus" é theotokos, etimologicamente.
significa "portadora de Deus". O termo vem de dois vocábulos gre­
gos: 9 eóç (theos), "Deus" e tókoç (tokos), "portador, que dá à luz, par­
turiente".11 O termo foi usado no Concilio de Antioquia, em 325, com
o sentido de "uma que deu à luz a Deus", com propósito cristológico
e não mariológico, pois pretendia-se enfatizar a realidade da
encarnação do Verbo e a sua deidade absoluta, em oposição a Ario
Aos poucos, o termo foi se tomando qualificativo de Maria, de
modo que Nestório, patriarca de Constantinopla, num sermão em
429, apresentou seu protesto contra o uso do termo. Justificou que o
coneto seria chamá-la Christotokos, "portadora de Cristo", pois ela
era simplesmente uma mulher, e uma mulher não pode dar à luz a
Deus, exortou seus ouvintes para não converter a Virgem em deusa.
O raciocínio de Nestório era coerente e fundamentava-se na Bí­
blia. Deus é eterno:

"Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a


terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu cs Deus
(SI 90.2).

"Não sabes, não ouviste que o etemo Deus. o SENHOR, o


Criador dos confins da terra, nem se cansa, nem se fatiga>
Não há esquadrinhação do seu entendimento" <ls 40 2Si
226 HERESIAS E MODISMOS

Isso significa que o ser Eterno não tem começo Como pode
Deus ter mãe? Há contra-senso teológico nessa declaração. A mãe
é antes do filho, isso pressupõe a divindade de M aria, que seria
antes de Deus, mas ele existe por si mesmo: "EU SOU O QUE
SOU" (Êx 3.14). Seus opositores, contudo, interpretaram o ser­
mão da seguinte maneira: Maria não é mãe de Deus, logo Jesus
não é Deus. com isso concluíram que Nestório não cria que Deus
e Cristo eram um.
O concílio regional, em Roma, em 430, havia condenado o pa­
triarca por sua crítica ao termo theotokos. Nestório era opositor da
doutrina de Ário e queria oportunidade para defender-se. Assim,
os co-imperadores Teodódio II e Valentiniano convocaram o Con­
cílio de Éfeso, realizado em 4 3 1. Segundo historiadores, muito longe
de ser cristã e espiritual, a reunião estava dominada por fortes ri­
validades políticas e eclesiásticas. Consideram, ainda, o Concílio
de Éfeso como uma das contendas mais repugnantes da história
da igreja. Antes mesmo da chegada de Nestório a Éfeso seus opo­
nentes acusaram-no de dividir Cristo em duas pessoas, pois en­
tendiam seu ensino como se as duas naturezas de Cristo, humana
e divina, fossem duas pessoas. Acusação, que até hoje, nunca pode
ser provada.
O Concílio de Éfeso, por imposição de Cirilo de Alexandria e
mediante suborno, manteve o termo theotokos, mas como termo
que expressa a doutrina das duas naturezas de Cristo e não com
uma prerrogativa de Maria, e considerou Nestório apóstata e here­
ge. O Concílio da Calcedônia. vinte anos mais tarde, em 4 5 1, decla­
rou o título "Mãe de Deus" como dogma da Igreja, mas, o conceito
de theotokos, estabelecido pelo Concílio de Éfeso, foi distorcido pela
Igreja Católica, pois passou de cristológico para mariológico, vindo
a ser o fundamento da mariolatria.
MARIOLATRIA 227

II. MARIA NA LITURGIA DO CATOLICISMO

1. As contradições de Roma. O Catolicismo Romano jamais


admitirá que prega a divindade de Maria, assim como. também, nega
a adoração a ela, mas os fatos falam por si só e provam o contrário.

“Finalmente, a Imaculada Virgem, preservada imune de


toda a mancha da culpa original, terminado o curso da vida
terrestre, foi assunta em corpo e alma à gloria celeste... foi
exaltada pelo Senhor como Rainha do universo".’1

“Ao considerar devotamente as insignes excelências dos


méritos pelos quais a Rainha dos céus. Virgem e Mãe
gloriosíssima de Deus, encoberta sobre tronos celestiais, bri­
lha entre os astros como estrela da manhã" u

"Esendo que elafoi designada por Deus para ser a rainha


do céu e da terra, e está exaltada acima de todos os coros de
anjos e santos, e ainda eslà à destra de seu unigénito Filho,
Jesus Cristo".'4

A Igreja Católica conferiu a Maria titulo pagão, pois a Bíblia ensi­


na que "Rainha do Céu" é o título dada divindade pagã. e. no entan­
to, faz parte de sua liturgia a reza Salve-rainha.

“Osfilhos apanham a lenha, e os pais acendem ofogo. e


as mulheres amassam a farinha, parafazerem bolos à deu
sa chamada Rainha dos Céus, e oferecem libações a outros
deuses, para me provocarem à ira... antes, certamente. cum­
priremos toda a palavra que saiu da nossa boca. queiman
do incenso à deusa chamada Rainha dos Céus e o/creccn
22B HERESIAS E MODISMOS

do-lhe libações, como nós e nossos pais, nossos reis e nos­


sos príncipes lemosfeito, nas cidades de Judá e nas ruas de
Jerusalém; e tivemos, então, fartura de pão, e andávamos
alegres, e não vimos mal algum. Mas, desde que cessamos
de queimar incenso d Rainha dos Céus e de lhe oferecer
libações, tivemosfalta de tudo efomos consumidos pela es­
pada e pela fome. Quando nós queimávamos incenso à Ra­
inha dos Céus e lhe oferecíamos libações, fizemos-lhe bolos
para a adorar e oferecemos-lhe libações sem nossos mari­
dos? " (Jr 7.18; 44.17-19).

Uns afirmam tratar-se de Astarote ou Astarte, divindade fe­


minina, "deusa dos sidônios" (l Rs 11.5). Há, porém , quem afir­
me tratar-se de uma divindade da Assíria. Sua origem é de me­
nor relevância, aqui, pois qualquer que seja, é divindade pagã e
titulo pagão.
Em alguns rincões do império romano, registra Epifânio, flores­
ceu uma seita em que somente as mulheres participavam do culto,
e sua principal característica era sacrificar pão a Maria. Epifânio
afirma haver encontrado um grupo desses na Arábia, conhecido
como koliridianas. Como sinal de adoração a Maria, as mulheres
ofereciam torta de pão e faziam de Maria deusa e rainha. Epifânio
classificou tal culto como mesa de demônio e manifestou sua indig­
nação quando escreveu:

"... Somente a Deus devemos servir. A Virgem não nosfoi


proposta para nossa adoração, porque ela mesma adorou
Aquele que segundo a came nasceu dela".,s

Era o princípio da restauração do culto pagão dedicado à rainha


do céu.
MARJOLATRIA 2 2 9

2, Orações a Maria. Os teólogos católicos derendem a tese de


Maria mediadora, fazendo dela co-redentora. O papa Bento XV ins­
tituiu a festa da Mediação Universal da Virgem em toda a Igreja,
mas, antes disso, o papa Leão Xlii declarou o seguinte:

"Assim como ninguém vai ao Pai senão pelo Filho, nin­


guém vai a Cristo senão por meio de sua mãe".16

"Não poderíamos encontrar uma protetora mais podero­


sa nem mais irresistível diante de Deus. Para nós ela é a me­
lhor de nossas mães, nossa confidente e defalo o verdadeiro
motivo de nossa esperança; ela obtém tudo o que pede e suas
orações são sempre ouvidas".,!

"... brota da superabundância dos méritos de Cristo, e


apóia-se em sua mediação, depende totalmente dela, e dela
tira toda sua eficácia Cristo e Maria constituem um sóprincí ■
pio na ordem da Redenção do gênero humano".

Sabemos que somente Deus é onipotente, onipresente e onisci­


ente Ele tem o poder de ouvir e responder a todos ao mesmo tem­
po. É o ensino bíblico:

“Ouve tu, então, nos céus. assento da tua habitação, e


perdoa, efaze. e d á a cada um conforme todos os seus cami­
nhos e segundo vires o seu coração, porque só tu conheces o
coração de todos osfilhos dos homens" <1 Rs 8.391

"Ninguém há semelhante a ti, ó SENHOR; tu és grande, e


grande é o teu nome em força... Sou eu apenas Deus de per
lo, diz o SENHOR, e não também Deus de longe’ Esconder
2J0 HERESIAS E MODISMOS

se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu nâo o veja? -


diz o SENHOR. Porventura, não encho eu os céus e a terra? -
diz OSENHOR" (Ir 10.6; 23.23. 24).

Se Maria pode ouvir esses católicos, que, hoje, são mais de um bi­
lhão em toda a Terra, como pode responder às orações de todos eles
ao mesmo tempo? Ou ela é deusa, ou esses católicos estão numa fila
interminável, aguardando a vez de suas orações serem atendidas.
A oração litúrgica dedicada a Maria, desenvolvida pela Igreja
Católica Romana, evoca:

"Ave-maria cheia de graça, o Senhor é contigo, bendita és


tu entre as mulheres e bendito o fruto de seu ventre. Santa
Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, os pecadores, agora e na
hora de nossa morte. Amém".

Essas palavras são tiradas de Lucas 1.28,42, mas a parte final não
é bíblica, foi acrescentada em 1508. Essa oração, apesar de sua bele­
za singular, é uma abominação aos olhos de Deus, pois não é dirigida
a quem tem direito. A oração cristã deve ser em nome de Jesus:

'£ tudo quanto pedirdes em meu nome, eu ofarei, para que


o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em
meu nome, eu ofarei... Não me escolhestes vós a mim, mas eu
vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deisfruto, e o
vossofruto permaneça, afim de que tudo quanto em meu nome
pedirdes ao Pai ele vos conceda... E, naquele dia, nada me
perguntareis. Na verdade, na verdade vos digo que tudo quanto
pedirdes a meu Pai, em meu nome, ele vo-lo há de dar Até
agora, nada pedistes em meu nome; pedi e recebereis, para que
a vossa alegria se cumpra" (Jo 14 13, 14; 15.16; 16.23. 24).
MARI0LATR1A 231

De acordo com as declarações oficiais da Igreja Católica, ela está


em franca oposição à Bíblia, pois c ri e prega a crença em dois me­
diadores: um mediador e uma mediadora, o Senhor Jesus não acei­
tou interferência familiar no seu ministério.

“E, falando ele ainda à multidão, eis que estavamfora sua


mãe e seus irmãos, pretendendofalar-lhe. E disse-lhe alguém:
Eis que estão alifora tua mãe e teus irmãos, que queremfalar-
te. Porém ele, respondendo, disse ao que lhefalara: Quem é
minha mãe? E quem são meus irmãos?E, estendendo a mão
para os seus discípulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus ir­
mãos; porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai, que
está nos céus, este é meu Irmão, e irmã, e mãe"(Mt 12.46-50)

"E aconteceu que, dizendo ele essas coisas, uma mulher


dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse: Bem-aventu­
rado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste! Mas
ele disse: Antes, bem-aventurados os que ouvem a palavra de
Deus e a guardam" (Lc 11.27,28).

"£, faltando o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm


vinho. Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda
não é chegada a minha hora. Sua mãe disse aos emprega­
dos.- Fazei tudo quanto ele vos disser" (Jo 2.3-6).

As passagens bíblicas, acima, são a prova contra os ensinos da


Igreja Católica. Sua doutrina está em conflito com as Escrituras Sa­
gradas e é contra o pensamento bíblico. A Bíblia ensina que Maria
foi salva porque creu em Jesus e não. meramente, por ser sua mãe
(Lc 11.27,28). Somente a Deus, devemos cultuar 'Ao Senhor, teu
Deus, adorarás, e só a ele darás culto" (Ml 4.10 - ARA). A Bíblia
232 HERESIAS E MODISMOS

contraria de maneira direta e explicita a intermediação de Maria ou


de qualquer outro ser, no céu ou na terra:

"Porque há um só Deus eumsó mediador entre Deus e os


homens, Jesus Cristo, homem" (I Tm 2.5).

Não existe intermediário entre o homem e Jesus. Isso é invenção


da Igreja Católica, ele é o mediador entre Deus e o homem e não
entre Deus e Maria.

IV. OUTRAS TENTATIVAS DE DIVINIZAR MARIA

1. Falsificações das edições católicas da Bíblia. Há falsifica­


ções grosseiras em muitas versões católicas da Bíblia. Quando
Desidério Erasmo, conhecido como Erasmo de Roterdã, preparava
a primeira edição impressa do Novo Testamento grego, descobriu
que algumas palavras da Vulgata Latina divergiam das palavras gre­
gas dos manuscritos.19
O termo grego puoTipioi/ (mystêrion) "mistério, secreto",“ em
Efésios 5.32: "grande é este mistério" foi traduzido pela palavra lati­
na sacramentum. "juramento,, juramento militar, alistamento".2' "’Sa­
cramento’ não é sinônimo de ’mistério’".“

" T ò p u o tfip io v to ü to p é y a è o t í v éyd> ôè Xkyo e lç


X p L O tò v Koà [elç] tt )v EKKA.riaíai'".

"Sacramentum hoc magnum est ego aulem dico in Christo


et in ecclesia“.

“Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cris­


to e da igreja".
MARJOLATRIA 2 »

Mistério e sacramento são termos distintos e independentes, sem


vinculo algum entre eles. O sacramento era a cerimônia em que o
soldado romano prestava juramento público de fidelidade ao impe­
rador. Tertuliano foi quem trouxe o termo para a teologia, a fim de
identificar o que, hoje, chamamos de ordenança: a ceia do Senhor e
o batismo. A Igreja Católica, entretanto, inventou mais cinco orde­
nanças, sendo uma delas o casamento, e cuja idéia baseia-se numa
tradução falsa da Vulgata Latina.
Outro exem plo escandaloso e assustador é o verbo grego
pcxavoéu (metanoeõ), "mudar de vida, conversão".“ A Vulgata tra­
duziu o verbo grego porpenitentia (em Mateus 4.17). Assim, a peni­
tência entrou como um dos sete sacramentos da Igreja Católica.

" A ttò xóxe qpÇaxo ó ’Iqooüç Kqpúooeu» x a l ki^tiv


M e x a v o e lx e 1 ív y y ik € v y « P h (JaoiAáa x ú v oúpavüv”

"Exinde coepil lesuspraedicare et dicerepaenitentiamagite


adpropinquavit enim regnum caelontm".

“Desde então, começou Jesus a pregar e a dizer:


Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus",

O Senhor Jesus convida os pecadores ao arrependimento, isto é.


devemos deixar o pecado; os católicos, no entanto, supõem que
devemos praticar esta ou aquela boa obra. Os reformadores, princi
palmente Lutero, reagiram contra essa doutrina, ao pregar a Sola
Gratia.a salvação somente pela graça.
No que diz respeito à Maria, não foi diferente. Tomás de Aquino
ensinava que Maria "compartilhava da condição pecadora da hu­
manidade. Ela fora maculada pelo pecado (macula, em latim), as­
sim como todos os demais, com exceção de Cristo"." Erasmo de­
234 HERESIAS E MODISMOS

nunciou. ainda, às autoridades católicas, outra tradução falsa, em


Lucas 1.28: gratia plena, “cheia de graça", para traduzir do grego
i«Xttpi-TcjpÉi/T) (kecharitõmenè). "agraciada", ou fraseologia similar
como "favorecida".

"KOti. cloeAOüu irpòç aún)v elirei/ Xalpe «exapiTupéi/ii


ó KÚpioç petà ooô".

"Et ingressus angelus ad eam dixit have gratia plena


Dominus tecum benedicta tu in muUeribus".

“E, entrando o anjo onde ela estava, disse: Salve, agracia­


da; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres".

A forma da voz passiva do verbo grego, xapccóco (charitoõ), "agra­


ciar, mostrar graça, bendizer,“ é kecharilomene. A tradução correta
é "agraciada, favorecida", e não "cheia de graça", como aparece nas
versões católicas da Bíblia. A tradução "cheia de graça" não resiste à
exegese séria da Bíblia e é contrária ao contexto bíblico e teológico.
Mais uma vez, revela-se, aqui, a tentativa de divinizar Maria. Há dife­
rença abissal entre Jesus e Maria, Jesus é "cheio de graça", nLfipii;
xápuoç (plêrês charítos),como está escrito em João 1.14: "e vimos a
sua glória, como a glória do Unigénito do Pai, cheio de graça e de
verdade", pois Jesus é Deus:". .. e o Verbo era Deus” (Jo 1.1).

2. O Dogma da Imaculada Conceição. Essa doutrina era


desconhecida dos apóstolos, e nada há nas Escrituras que apóie
tal dogma. Os primeiros indícios dessa doutrina aparecem nos evan­
gelhos apócrifos, como o pseudo-evangelho de Mateus e o Evan­
gelho Árabe da Infância de Jesus, ambos produzidos por grupos
hereges do segundo e do terceiro século. O heresiarca Pelágio, fa­
MARIOLATRIA 23 6

lecido em 4 18, defendia essa crença, porque negava a doutrina do


pecado original e considerava que muitas outras pessoas viveram
$em pecado, entre elas, citava Isabel, mãe de João Batista. Depois,
os kolliridianos sustentaram essa idéia. Os pais da igreja rejeita­
ram tal crença:

"Ninguém está livre da mancha do pecado original, nem


ainda a mãe do Redentor do mundo. SomenteJesusfoi isento
da lei do pecado, mesmo quando nasceu de uma mulher su­
jeita ao pecado".26

“Jesus é, Ele só, a quem os laços do pecado não venceram,


nenhuma criatura concebida pelo contato do homem e da
mulherfoi isento do pecado original; sófoi isento Aquele que
foi concebido sem aquele contato e de uma virgem, por obra
do Espirito Santo".22

"Maria morreu por causa do pecado original transmitido


desde Adão a todos seus descendentes".“

Teólogos da Igreja da Idade Média e papas da antiguidade rejei­


taram o referido dogma, Anselmo (1033-1109). Boavenlura (1217-
1274), Tomás de Aquino (1225-1274), papa Leão l (440), papa Gelásio
(492), papa Inocêncio III (1216).

"A concepção de Cristo foi imaculada, não obstante, a


mesma Virgem da qual Ele nasceufoi concebida na iniqúida
de e nasceu com o pecado original, porque pecou em Adão.
assim como por ele todos pecaram"“

4Todos os santos quefizeram menção deste assunto, em


236 HERESIAS E MODISMOS

voz uníssona, asseveraram que a bendita Virgem fo i concebi­


da no pecado original '.10

“A bem-aventurada Virgem Maria, havendo sido concebi­


da pela união de seus pais, contraiu o pecado original“.31

“Certamente fo i concebida com o pecado original, como


era natural... Se não fora concebida com o pecado original,
não haveria necessidade de ser redimida por Cristo e assim.
Cristo não seria o Redentor universal dos homens, o que re­
vogaria a dignidade de Cristo“.32

"Somente o Senhor Jesus Cristo entre os filhos dos ho­


mens nasceu imaculado, porque Ele somente fo i concebido
sem sociedade e concupiscência da came".33

"Corresponde somente ao Cordeiro Imaculado o não ter


pecado algum“.34

"Eva foi formada sem a culpa, e gerou a culpa; Maria foi


formada na culpa, e gerou sem a culpa".33

Duns Scotus (aproximadamente 1265-1308), teólogo britâni­


co da Idade Média, trouxe a idéia da redenção de modo preventi­
vo e não restaurativo. Argumentava que Maria foi redimida pelo
Senhor Jesus Cristo por antecipação, para refutar o argumento de
Tomás de Aquino. Os seguidores de Scotus desenvolveram a idéia,
de modo que o Concilio de Basiléia, em 1436, aceitou-a como
doutrina da igreja A partir dai, concílios e papas reforçaram a
heresia até a sua promulgação pelo papa Pio IX, em 8 de dezem­
bro, de 1854:
MARIOLATRIA 2 3 7

“Nós, pela autoridade de Jesus Cristo, nosso Senhor, dos


santos apóstolos Pedro e Paub, pela nossa própria, declara­
mos, promulgamos e definimos que a doutrina que sustenta
que a m ui bem-aventurada virgem Maria, no primeiro ins­
tante de sua concepção, por uma graça e privilégio singular
outotgado pelo todo-poderoso Deus, em virtude dos méritos
de Jesus Cristo, o Salvador da raça humana, foi preservada
livre de toda mancha do pecado original, é uma doutrina que
foi revelada por Deus e portando para ser firme e constante
crida por todos osfiéis“.3*

A decisão foi to m a d a com enorm e atraso, o que perdeu a


credibilidade do dogm a. Com essa declaração, o papa Pio IX contra­
riou a Bíblia, os pais da igreja, teólogos e papas do passado. Para
nós a Bíblia é a palavra final, pois nem sempre houve unanimidade
entre os pais da igreja nas questões teológicas. O histórico do dogma
em tela, contudo, serve para provar e reforçar sua falácia e contra­
dição, pois a Bíblia é clara ao afirmar que todos os seres humanos
nasceram pecadores:

"Eis que em iniquidadefuiformado, e em pecado me con­


cebeu minha mãe" (SI 51.5).

"Na verdade, não há homem justo sobre a terra, que faça


bem e nunca peque" (Ec 7.20).

“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de


Deus... como está escrito■Não há um justo, nem um sequer
Peio que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e
pelo pecado, a morte, assim também a mone passou a todos
os homens, por isso que todos pecaram "(Rm J iJ , j 1 0 , 5 12)
238 HERESIAS E MODISMOS

'Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós


mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos
pecados, ele éfiele justo para nos perdoar as pecados e nos puri­
ficar de toda injustiça. Se dissermos que não pecamos,fazemo-lo
mentiroso, e a sua palavra não está em nós" (I Jó I.8-I0j.

O único nascido sem pecado foi o Senhor Jesus, essa é a única


exceção, pois foi concebido por obra e graça do Espirito Santo, foi
concebido imaculado, nasceu e viveu sem pecado:

"E, projetando ele isso, eis que, em sonho, lhe apareceu


um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas
recebera Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é
do Espirito Santo. E ela dará à luz um filho, e lhe porás o
nome de JESUS, porque ele salvará o seu povo dos seus peca­
dos" (Mt 1.20, 21).

"Porque não temos um sumo sacerdote que não possa


compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como
nós, em tudo fo i tentado, mas sem pecado" (Hb 4. IS).

Essa doutrina romanista insinua que o Senhor Jesus não é singu­


lar, antes dele, alguém teria nascido sem o pecado original. Mas,
não existe outra exceção, Maria mesma reconheceu ser, também,
salva, quando disse:

“Disse, então, Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e


o meu espirito se alegra em Deus, meu Salvador’ (Lc 1.46, 47).

A teologia cristã afirma que "todos pecaram", e o milagre especi­


al de Deus aconteceu na concepção virginal de Jesus, que foi gerado
MARI0LATR1A 239

por obra e graça do Espírito Santo. Jesus nasceu e viveu sem peca­
do, embora tentado, nunca pecou.

3. O Dogma da Perpétua Virgindade de Maria. O clero ro­


mano defende a doutrina da perpétua virgindade de Maria, pois con­
clui que ela não gerou mais filhos além de Jesus.

"Maria permaneceu virgem concebendo seu Filho, virgem


ao dá-lo à luz, Virgem ao carregá-lo, Virgem ao alimentá-lo
do seu seio, Virgem sempre':17

Esse dogma não tem sustentação bíblica e era desconhecido da


igreja nos primeiros três séculos da história do cristianismo Os pais
da igreja, como Tertulíano e Orígenes, rejeitaram essa doutrina.“
Foi a partir do século IV que quase todos os pais da igreja defende­
ram-na. Sua preocupação era com a vida ascética nos monastérios
em que vivia a maioria deles, pois queriam ter vida celibatária, e tal
dogma ajudava a parecer-se com Maria.
A fé cristã evangélica está apoiada na Bíblia, conforme um dos
quatro pilares da Reforma Protestante: SolaScriplura.
A idéia de a igreja estar autorizada a alterar a doutrina do Novo
Testamento, usando a tese de que quem produziu o Novo Testa­
mento tem autoridade de modificá-lo ou complementá-lo, é
falaciosa. A igreja não é autora do Novo Testamento, mas a editora
É a Biblia que julga a igreja; não a igreja, a Bíblia. Os apóstolos
jamais se apresentaram como "apóstolo da igreja", mas como "após­
tolo de Jesus Cristo".

"Paulo, apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus. e o


irmão Timóteo, à igreja de Deus que está em Corinto, com
todos os santos que estão em toda a Acata" (2 Co I I )
240 HERESIAS E MODISMOS

“Pedro, apóstolo deJesus Cristo, aos estrangeiros dispersos


no Ponto, Galácia, Capadócia, Asia e Bitlnia"(l Pe I I).

4. A família de Jesus. A Bíblia declara com todas as letras que


José não a conheceu até o nascimento de Jesus:

"E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primo­
gênito; e pôs-lhe o nome de JESUS1'(Ml 1.25).

Os irmãos e irmãs de Jesus são mencionados nos evangelhos,


alguns são chamados por seus nomes: Tiago, José, Simão e Judas:

“E disse-lhe alguém: Eis que estão alifora tua mãe e teus


irmãos, que querem falar-te" (Ml 12.47).

“Não é este ofilho do carpinteiro?E não se chama sua mãe


Maria, eseusirmâos, Tiago, ejosé, eSimão, eJudas?"(Mt 13.55).

“Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago,


e de José, e de Judas, e de Simão? E não estão aqui conosco
suas irmãs? E escandalizavam-se nele" (Mc 6.3).

“Disseram-lhe, pois, seus irmãos. Sai daqui e vai para a


Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras
quefazes. Porque não há ninguém que procure ser conheci­
do que faça coisa alguma em oculto. Se fazes essas coisas,
manifesta-te ao mundo. Porque nem mesmo seus irmãos cri­
am nele“(Jo 7.3-5).

Afirmar que "irmãos", aqui, significa "primos" é uma exegese ruim


e contraria todo o pensamento bíblico Substitua o termo "irmão"
MAR10LATRJA 241

por "primo" e você verá que a narrativa toma-se inatural. Quando


alguém apresenta fulano como irmão de beltrano, ele quer dizer
irmão, e não primo. O termo grego para "primo" é áwijiió; (anepsios).
"primo".1’ Aparece apenas um uma vez no Novo Testamento:

"Saúda-vos Aristarco, prisioneiro comigo, e Marcos, pri­


mo de Bamabé (sobre quem recebestes instruções; se elefor
ter convosco, acolhei-o)" (Cl 4.10 - ARA).

A TB, também, traduziu por "primo". A ARC traduziu por "sobri­


nho", pois foi o significado que o termo ganhou posteriormente.*0

O fato de Maria ser mãe de outros filhos não diminui em nada a


sua honra e nem a sua santidade, visto que não há desonra alguma
em uma mulher casada ser mãe de filhos, antes, o contrário, à luz
da Bíblia, isso lhe é honroso:

"E abençoaram Rebeca e disseram-lhe. ô nossa irmã. se


jas tu em milhares de milhares, e que a tua semente possua a
porta de seus aborrecedores!" (Cn 24.60).

“Quefaz com que a mulher estéril habite emfamília e seja


alegre mãe defilhos? Louvai ao SENHOR!" (SI 113 9)

CONCLUSÃO

As tentativas inglórias de fundamentar o marianismo, na Biblia.


fracassaram. As expressões: ~o Senhor é contigo; bendita és tu en­
tre as mulheres" (Le I 28) e "bendita és tu entre as mulheres, e ben
dito o fruto do teu ventre" (Le l .42) não são a mesma coisa que
"bendita és tu acima das mulheres".
242 HERESIAS E MODISMOS

As coisas vão caminhando para a apostasia generalizada. Maria


já se sobressai nos filmes sobre a vida de Jesus, ele segue as suas
ordens. Isso é preocupante. O filme A Paixão de Cristo, tão comenta­
do pela mídia, deu a Maria um lugar que a Bíblia não lhe confere.
Aos poucos ela vai chegando à Trindade. Com o papel de mediado­
ra entre os homens e Cristo, leva a ocupar o lugar do Espírito Santo.
Você lembra-se da trindade do Alcorão? (capítulo 2).
Devemos esclarecer esses pontos aos católicos, com respeito e
amor, mas discordando de suas crenças, com base na Palavra de
Deus. Muitos são sinceros e pensam estar fazendo a vontade de Deus.
MARIOLATRIA 249

Notas
* Balz & Schneider, vol. I. p. 1.172.
'Ibidem, vol. II. p .29.
' Balz dt Schneider, vol. II. p. I.II9 .
* ibidem, vol. II. p. 29.
* UGÔRIO. S. Afonso Maria. A s Glórias de Maria, pp. 74.76.84.
* UGÔRIO. S. Afonso Maria. Op. ci(.. p. 208.
’ Concilio do Valicano ll.
' Catecismo da Igreja Católica. 9 7 1.
* Balz & Schneider, vol. l. p. l .059.
»U ddell& Scou.p. 1.857.
" Uddell dt Scoit. p. 1.803.
11Catecismo da Igreja Católica. 966.
'» Sixto IV, Constituição Apostólica Cum Praeexcdsa. 1476. Citado por Manuel Diaz Pineda. Ph O
ln: Làs Desventuras de la Virgen Maria. p. 148.
" 8ula Ineffabilis Deus, 1854. Citado por Manuel Diaz Pineda. Ph D. Op n r . p 148
" Livro 3, Comentário 2, capitulo 79. Citado por Manuel Diaz Pineda. Ph.D. Cp cif .pp 146.147
n 0ctobri Mense. 1691. Ibidem, p. 170.
” Papa Pio XII, Exultavit Cor Nostrum. Ibidem, p. I7i
"Concilio Valicano II. Ibidem, p, 171.
"MCGRATH, Alisier E Teologia Sistemática, histórica e Filosófica, p 89
n Balz di Schneider, vol. H, p 342.
21 FARIA, Ernesto. Op. cit., p.405.
u SCHLESINGER, Hugo e PORTO, Humberto, Op. cit.. vol, II, P 2,259
u Balz dt Schneider, vol. Il, p. 246, a edição católica em espanhol traduziu o termo inglês
"repenience" por "penitência”.
24MCGRATH, Alisier E. Op, dl., p, 82
1S Balz di Schneider, vol. Il, p. 2.065.
'* Eusébio de Cesaréia, Emiss. em Oral. 2 de Nativ. Citado por Manuel Diaz Pineda. Ph D op cu
p. 85.
Ambrósio de Milão, Comentário do Salmo 118 ibidem, p, 85.
u Agostinho de Hipona, Salmo 34. Ibidem, p. 85
'•Anselmo. Op. 92 Ibidem, p. 66.
* Boavenlura. Ibidem, p. 87.
21Tomás de Aquino, Sum m a Theologkae, parle 3. Ibidem, p. 87
u Tomás de Aquino. Brevis Sum m a de Fide. Qtado por Manuel Diaz Pineda. Ph D. Op e n . pp 87.86
“ Papa Leão I, Sermão 24 de Nativ. Dom. Ibidem, p 86
14Papa Gelásio, Gelassii Papae Dicta, lomo 4, Colossenses Ibidem, p 86
* Papa Inocêncio III, De Festo Assump., Serm ûo2 Ibidem, p. 86
* Bula ineffabilis Deus. Ibidem, p. 76.
” Catecismo da Igreja Católica. S io
“ Tertuliano, De Cam e Chisti, 23. Orlgenes. In Luc Horn 14 6
" Balz & Schneider, vol. I, p. 293.
" Bailly, p. 158
CAPÍTULO 7

A R E G R E SSÃ O PSICOLÓGICAl

l regfessãp/sicológica é usada no tratamento da cura interior


oor mmtêsSna atualidade. A cura interior é, também, conheci­
da como cura das memórias ou cura para os traumas emocio­
nais. Uns usam o método como prática híbrida entre ocultismo
e cristianismo, como os gedozistas; outros questionam a sufi­
ciência da expiação do Calvário para a cura de traumas cferi­
das emocionais e, por isso, pretendem "completar" a obra de
Cristo com técnicas seculares, psicológicas e, até, ocultistas £
estranha a existência entre os evangélicos de usuários dessa
prática, que tem paralelismo intimo com o ocultismo orientoI
como recurso para cura interior. Trata-se de terapia heterodo
xa e desconhecida dos apóstolos
246 HERESIAS E MODISMOS

I. O HOMEM INTERIOR

Alguns procuram fundamentar suas práticas no salmo 139.13-16:

"Pois possuíste o meu interior; entreteceste-me no ventre


de minha mãe. 14 Eu te louvarei, porque de um modo terrí­
vel e tão maravilhosofu i formado; maravilhosas são as tuas
obras, e a minha alma o sabe muito bem. 15 Os meus ossos
não te foram encobertos, quando no oculto fu i formado e
entretecido como nas profundezas da terra. 16 Os teus olhos
viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todas estas
coisasforam escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas,
quando nem ainda uma delas havia (SI 139.13-16)

1. Deus conhece o interior e o exterior (v. 13). a palavra


hebraica usada, aqui, para "interior", é irb a (kilyah), "rins, coração,
mente".' Os hebreus usavam-na como órgão do corpo humano que
representa a parte mais íntima do homem-

"E exultará o meu íntimo, quando os teus lábios falarem


coisas retas" (Pv 23.16).

A ARC, também, traduziu kilyah por "íntimo", mas a TB traduziu


por "rins".
A Bíblia usa, também, o termo coração, em hebraico a1? (lêb) "co­
ração, entendimento"2 como o centro do nosso intelecto, emoções
e vontade para representar o homem interior:

“Mas, ó SENHOR dos Exércitos, justo juiz, que provas os


pensamentos e o coração, veja eu a tua vingança sobre eles;
pois a ti descobri a minha causa" (Jr 11.20).
A REGRESSÃO PSCOLÔGICA 247

Aqui os dois termos, kílyah e lêb aparecem juntos: "pensamentos


e o coração". A ARA, porém, traduziu por "mais íntimo do coração",
a TB, por "rins e o coração".

O verbo hebraico (sakak) significa "guarnecer, interromper a


aproximação, barrar, cobrir",5 Todavia, há possibilidade de raiz
homófona (palavras de mesma grafia e de significados diferentes),
com o sentido de "urdir, moldar",4o que parece ter acontecido, aqui,
no v. 13. A idéia de proteger é aceitável, pois é Deus quem protege o
ser humano desde a sua fecundação. O sentido de urdir, ou seja,
tecer, significa entrelaçar ao tecer, como uma costureira costura um
tecido. Deus formou o nosso intimo e os tecidos do corpo humano.

2. NOSSOS OSSOS (v. 15). O salmista retoma, aqui, a descrição do


relacionamento de Deus com o ser humano, ou o acompanhamento
divino no ventre materno, mas o faz de forma diferente. É o paralelismo
poético da literatura hebraica antiga. Os nossos ossos, também, estão
patentes aos olhos de Deus mesmo antes de nosso nascimento O ver­
bo hebraico para "entretecer", usado aqui. é tçn (raqam). "diversifi­
car".5 A idéia é de "tecer com fios de várias cores" Trata-se. pois. de
verbo diferente do usado no v. 13. Isso revela que Deus "pintou" nos­
sos ossos com o corpo e colocou o espírito dentro de nós:

"Oráculo da palavra de Jeová acerca de Israel. Assim diz


Jeová que estende os céus, que lança os alicerces da terra, e
queforma o espirito do homem dentro dele"(Zc 12.1)

3. O mistério da formação da vida (v. 16). O salmista náo


tinha, à sua disposição, os conhecimentos científicos de hoje sobre
a reprodução humana. O que se sabe, hoje, na medicina, dormia no
seio dos mistérios para o homem dos tempos bíblicos:
240 HERESIAS E MODISMOS

"Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem


como se formam os ossos no ventre da que está grávida, as­
sim também não sabes as obras de Deus, que fa z todas as
coisas" (Ec 11.5).

A Bíblia, contudo, revela-nos fatos que, ainda hoje, a ciência não


dominou. Deus sabe de antemão o destino do ser humano, ainda
informe no útero materno, pois já estão escritas no seu livro, a cada
dia, antes mesmo da formação de nossas células: "e no teu livro
todas estas coisas foram escritas", isso deixa o salmista perplexo e
admirado, com a grandeza infinita de Deus e a sua bondade.

"Antes que eu teformasse no ventre, eu te conheci; e, an­


tes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por
profeta" (Jr 1.5).

O homem interior que no Novo Testamento significa, às vezes, o


homem espiritual, é área em que a psicologia, ainda, investiga.

“Por isso, não desfalecemos; mas, ainda que o nosso ho­


mem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de
dia em dia" (2 Co 4.16).

"Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conce­


da que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no
homem interior (Ef 3 .16).

II. A CURA INTERIOR

1. No plano bíblico. A ferida interior é realidade incontestável,


manifesta no comportamento humano por mágoas, ressentimen-
a r egr essã o p sco lôgica 249

tos, dores e tristezas provenientes de males causados por alguém.


O Senhor Jesus chamou-as de "atormentadores", que só serão cura­
das se houver perdão:

"Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu compa­


nheiro, como eu também tive misericórdia de ti? £ indigna­
do, 0 seu senhor 0 entregou aos atormentadores, até que pa­
gasse tudo 0 que devia" (Mt 18.33,34).

As curas no Novo Testamento eram efetuadas em nome de Je­


sus, por imposição de mãos, unção com azeite, perdão mútuo e
meditação bíblica. É a terapia do Espírito Santo que deve ser aplica­
da nos dias atuais:

"E expulsavam muitos demônios, e ungiam muitos enfer­


mos com óleo, e os curavam" (Mc 6.13).

"Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mor­


tífera, não lhesfará dano algum; e imporão as mãos sobre os
enfermos e os curarão" (Mc 16.18).

“Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da


igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do
Senhor; e a oração dafé salvará o doente, e o Senhor o levan ■
tará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos
outros, para que sareis; a oraçãofeitapor um justo pode muito
em seus efeitos” (Tg 5.14-16).

2. No plano psicanalista. O psicanalista austríaco. Sigmund


Freud, partiu da premissa de que todos os problemas humanos são
250 HERESIAS E MODISMOS

traumas provenientes de experiências dolorosas da infância. Freud


era ateu, por isso negou a Bíblia e a existência do pecado. Apesar do
reconhecimento do seu trabalho no mundo cientifico, seus postula­
dos são, ainda, questionados, nem todos reconhecem, na totalida­
de, o resultado de suas pesquisas. É a terapia científica.
É sabido que há elementos da psicologia secular que são opos­
tos ao pensamento bíblico. Todo o cuidado é pouco, de um lado,
para não se colocar a terapia acima da Palavra de Deus; de outro,
para não se subestimar a cura interior, o tratamento psicológico e
psicanalítico vem avançando ao longo dos anos, desde Freud até à
atualidade. É um ramo do saber humano que dispõe de recursos
para tratamento de depressão e de outros problemas psicosso­
máticos, de ordem clínica. Esse tratamento, porém, nada ou muito
pouco pode fazer quando o problema é de ordem espiritual.
Infelizmente, muitos terapeutas cristãos não acreditam na eficá­
cia do poder de Jesus para curar feridas e traumas emocionais:

"Percebi que nem mesmo com a pregação da Palavra de


Deus, nem a entrega pessoal delas a Cristo, nem a plenitude
do Espírito, nem com a oração e os sacramentos, essas pes­
soas estavam conseguindo superar seus problemas"."

Por isso, seus expositores trabalham com técnicas híbridas: mis­


turando Bíblia; psicologia e hipnose. É a terapia pseudo-evangélica
e ocultista.

III. O QUE É REGRESSÃO PSICOLÓGICA?

I. Definição. É o mesmo que hipnose. A palavra vem do grego


üirvoç (hypnos), "sono",’ pois pensava-se que o hipnotizado ficava
dormindo, ao passo que sua condição é de elevado estado de con-
A REGRESSÃO PSCOLÔG1CA 2 5 1

centração. Isso é chamado de transe ou estado alterado da consci­


ência. Antes, era conhecido por mesmerismo, pois Franz Anton
Mesmer (1734-1815), médico austríaco, foi o inventor do método de
tratamento por hipnose.8 A palavra "hipnose" foi dada, em 1843,
por James Braid (1795-1860), médico escocês.9 A regressão psicoló­
gica é uma forma de hipnose, pois é um tipo de transe por meio do
poder da sugestão.

2. Ciência ou ocultismo? Trata-se de prática com traços apa­


rentemente científicos, que já foi usada por médicos e pesquisado­
res, ainda hoje, é usada na medicina, mas de maneira muito limita­
da. Essa prática apresenta, também, características ocultislas

a) No campo cientifico. A hipnose é um estado muito complexo,


de acirrada discussão entre os especialistas. As experiências reali­
zadas por muitos estudiosos do assunto revelam a falta de confiabi­
lidade nas respostas das pessoas em estado de transe. É hipnotiza­
do quem aceita submeter-se a esse ato, não se hipnotiza quem não
aceita. Trata-se de ato voluntário, e esta disposição, em si mesma,
compromete a veracidade das respostas, pois estão influenciadas
pelas fantasias do hipnotizado, e mais a indução, ainda que
involuntária, do hipnotizador, dificulta separar fatos de fantasias
O psicanalista Sigmund Freud (1856-1939) afirma em sua auto
biografia que usara a hipnose ou métodos do hipnotismo nos pri­
meiros anos de suas pesquisas, no tratamento psicoterapêutico de
seus pacientes, antes do uso da psicanálise.10 Todavia, abandonou
tal prática, pois descobriu que muitos de seus pacientes tendiam a
fantasiar, buscando no passado acontecimentos imaginários
O psicólogo David F. Marks fez três pessoas presenciarem um
assalto simulado por um investigador num posto de gasolina Mas.
para as três pessoas, o assalto teria sido fato real. No estado hip-
2S2 HERESIAS E MODISMOS

nótico, eles relataram detalhes sobre o assalto, porém a cor do


automóvel, a quantidade e o sexo dos assaltantes variaram em
cada relato. Em cada repetição do relato, novas contradições eram
apresentadas."
O Dr. lan Stevenson, ex-chefe do Departamento de Psiquiatria
da Faculdade de Medicina da Universidade da Virgínia, EUA, usou,
também, os métodos hipnóticos, mas com outro objetivo-, busca de
provas da reencamação.'2Sem sucesso, abandonou o método, por­
que trazia problemas maiores dos que ele procurava resolver.

b) No campo oculüsta. o hipnotismo é considerado como um


dos elementos do ocultismo: "a hipnose foi um dos recursos clássi­
cos na bruxaria".13 Essa prática aparece na lista de crenças e práti­
cas ocultistas de Willhelm Comelius van Dam, na obra Ocultismo e
Fe Crístiana, páginas 90-92; na de Kurt E. Koch. na obra Ocultismoy
Cura de Almas, páginas 89-95. Apesar de os elementos serem tidos
como psíquicos, muitos hipnotizadores descrevem que seu poder
vem de fontes sobrenaturais, às vezes, são manifestações demoní­
acas," A hipnose é praticada, também, nas seitas orientais. As ex­
periências enganosas testemunhadas pelos adeptos Meditação
Transcendental são provenientes da auto-hipnose, prática hipnóti­
ca em que pessoa é ensinada a induzir-se a si mesma, concluiu o
Dr. Gordon R. Lewis.15 Maharishi, fundador do referido movimento,
afirmou o seguinte:

"Sua consciência é cativada pela idéia da unidade da vida,


a evidente diversidade de existência, e a criação fenomenal
começa a perder sua influência. Isso é o começo da experiên­
cia da realidade transcendente em nível de entendimento in ­
telectual... Este caminho de iluminação é o que poderiamos
chamar um caminho de autohipnotismo”.
A REGRESSÃO PSCOIÔGICA 25 3

O ocultismo trata da manipulação das chamadas "forças ocul­


tas". O termo vem do latim occultus, "escondido, oculto, secreto,
misterioso".17 Foi Éliphas Lévi, um dos principais expositores dessas
práticas, na França, em 1856, que usou, pela primeira vez, a palavra
"ocultismo" e seus derivados com o sentido de esoterismo." O as­
sunto envolve quatro áreas principais: espiritismo, magia, clarivi­
dência e adivinhação, que a Bíblia considera como práticas abomi­
náveis aos olhos de Deus (Dt 18.9-14).

3. O bjetivo. É a alcançar os regressos mais profundos do sub­


consciente até visualizar uma imagem, com a qual entra em comu­
nicação. O objetivo pode ser o regresso às vidas passadas, para os
que acreditam na reencarnação, ou à infância, para descobrir even­
to traumático responsável pelo sofrimento, bloqueios emocionais
que moldaram o comportamento. Ê prática perigosa, pois trata-se
de um ataque à psiquê do indivíduo.

IV. A REGRESSÃO PSICOLÓGICA NO G-12

1. O G -1 2 . Nasceu em Bogotá, na Colômbia, com Cesar


Castellanos Dominguez, sua esposa, Claudia Castellanos, e equipe
da Missão Carismática Internacional de Bogotá. O movimento apre­
senta algumas características peculiares que se distinguem das igre­
jas pentecostais e trouxe-lhes muitos problemas.
A marca distintiva é o grupo dos doze e os encontros, onde acon­
tecem a prática de regressão psicológica e outras semi-ocultistas O
objetivo, porém, aqui, é fazer avaliação crítica da prática da regres­
são psicológica nos encontros do G-12, e não analisar, per si, o tal
movimento em todos seus aspectos.
Todos os encontrislas são levados ao arrependimento, por acei­
tar feridas e abrigar amargura, ressentimentos, mágoas, iras e maus
254 HERESIAS E MODISMOS

ressentimentos em relação às pessoas. No encontro, é ministrada a


cura, levando a pessoa até à concepção.15

"O ministrador deverá instruir os encontrístas a se lem­


brarem de momentos difíceis, amargos, traumatizantes, etc.
Eles precisam liberar perdão às pessoas envolvidas em cada
fase e até mesmo a Deus".20

O modus operandi da regressão psicológica descrita nos manu­


ais de encontros do G-12 não é nada ortodoxo. O método funciona
com música sugestiva, luzes apagadas. A ordem é para os partici­
pantes visualizarem a fecundação, a formação no útero materno,
depois a infância e a adolescência, até o momento do evento. Os
participantes são instruídos a visualizar cada fase e lembrar cada
momento difícil e traumatizante:

"I. Tente visualizar o encontro do espermatozóide do seu


pai com o óvulo de sua mãe. Ali Deus planejava cada mo­
mento da sua vida. (Cite trechos do Salmo 139). 2. Veja-se no
útero materno, sendo formado... 3. Veja-se em cada mo­
mento da gestação... Tente lembrar os sentimentos que rece­
beu: amor, ódio, rejeiçâo,tentativa de abono, perigo de vida
por conta de doenças, insegurança quanto ao nascimento. ..
Veja-se nascendo, sendo recebido por sua mãe. Saiba que
nesse momento jesus também estava recebendo e te amando
(talvez seu pai não estivesse lá, mas jesus estava). Jesus lhe
recebeu e lhe colocou no colo... Veja-se crescendo..." 21

Nesse instante, os líderes pedem que visualizem Cristo com


cada um deles, para liberar perdão às pessoas envolvidas e ao
próprio Deus.
A RfGRESSAO PSCOLÔCICA 255

Essa regressão psicológica é a visualização da fé por meio da


hipnose, e não há vínculo algum com o salmo 139.13-16.0 salmista
descreve as maravilhas de Deus enfatizando sua grandeza, sabedo­
ria e bondade na fecundação e desenvolvimento embrionário do
ser humano no ventre materno. A Bíblia silencia completamente
sobre a prática da hipnose, mas o modus operandi e seus objetivos
revelam sua incompatibilidade com a fé cristã.
Na sessão seguinte, OS encontristas, num processo similar, rece­
bem a ordem para tentar visualizar cada passo do sofrimento de
Jesus, até à sua ressurreição dentre os mortos.
A auto-sugestão e a fantasia são alguns elementos da hipnose. É
prática de im aginação dirigida, que nos encontros do G-12 é
direcionada a Jesus. Na regressão psicológica secular, esse proces­
so é dirigido a qualquer pessoa em vez de Jesus. Como percebeu
Freud e muitos outros, o que acontece é imaginação e não é. por­
tanto, realidade Convém, ainda, ressaltar a diferença entre
visualização e visão A visão é bíblica, real e não induzida, em mui­
tos casos, a pessoa é apanhada subitamente; ao passo que.
visualização é irreal e sequer aparece na Bíblia.

"E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de


Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu''
(Al 9.3).

Hoje, o G-12 perdeu o impacto e aquele entusiasmo que apre­


sentava no começo, pois o próprio grupo encarregou-se de mostrar
as suas falácias, O saldo do movimento é divisão mais divisào nas
igrejas. Combater a heresias e sutilezas internas é mais difícil que
as externas, pois promotores internos dessas práticas são nossos
irmãos. Ainda mais, quando não assumem o que são, pois as prati­
cas gedozistas são diversificadas nos seus detalhes, mas a estrutura
256 HERESIAS E MODISMOS

principal é a mesma. Por isso, muitos até negam, publicamente, ser


gedozistas ou encontristas, ou envergonham-se daquilo que acre­
ditam e praticam, ou pretendem enganar o povo.

2. Terapia alternativa. Muitos mestres dessa prática afirmam,


ostensivamente, que o poder de Jesus não é suficiente para curar
pessoas com profundos problemas de traumas emocionais provo­
cados na infância. A regressão psicológica seria recurso substitutivo
porque estaria além do poder de Jesus. A Biblia, porém, ensina que
Jesus veio para "curar os quebrantados de coração" (Lc 4.18) e, ain­
da. a "consolar os tristes" (Is 612). Todavia, os gedozistas, ao que
parece, não chegam a tanto. O problema do G-12 não é a descrença
no poder de Jesus, mas o modus operandi, que ultrapassa os limites
bíblicos, invadindo a fronteira do ocultismo.

3. O perdão bíblico. Ninguém melhor do que a mulher adúltera


para servir de exemplo de perdão pleno sem precisar de práticas
ocultistas. Ela não teve de passar pelo processo de hipnose e nem
confessar com quem pecou ou quanto recebeu por vender seu cor­
po, mas recebeu o perdão de Jesus com essas palavras:

"Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais"


0 o 8 . l l ) .

A idéia gedozista de o homem perdoar a Deus é blasfêmia e in­


versão de valores, pois a Bíblia mostra que foi o homem quem ofen­
deu ao Criador, transgredindo suas leis:

"Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de


Deus... Porque, se, pela ofensa de um só. a morte reinou por
esse, muito mais os que recebem a abundância da graça e
A REGRESSÃO PSCOLÛGICA 257

do dom da justiça reinarão em vida por um só, jesus Cristo"


(Rrn 3.23; 5.17).

CONCLUSÃO

Os fatos apresentados sobre a regressão psicológica permitem-


nos concluir que não se trata de algo completamente definido como
ciência e provam, também, seu lado ocultista. Diante disso, pode­
mos afirmar: é incompatível à fé cristã, e, portanto, os gedozistas
pecam em recorrer a práticas suspeitas na terapia de curar interior.
Não há necessidade disso, tais lideres estão desrespeitando e agre­
dindo o sentimento das pessoas crédulas em busca de um lenitivo
para a alma.

Notas
1HARRIS. R. Laird; ARCHER IR.. Gleason L ; WALTKE, Bruce K Op a i . p 721
' Ibidem, p 7 2 1
* HARRIS. R Laird. ARCHER JR . Gleason L ; WALTKE. Bruce K Op c il. p I 039
'ibidem, p. 1.040.
Mbidem. p. I.4S4.
* SEAMANDS. David A C u ra p a ra os Traum as Enocionais. p 9
' Balz & Schneider, vol. il. p. ) 882
* GUERRA. Manuel D ic a o n a rio E nciclopédico de las Seclas, p 573
’ ATKINSON. David J.; FIELD. David. D ic d o n a n o de Êtica C nsüanay Teológica Pustoral p o62
10BOCK. Ana M Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA. Maria de Lourdes T Psicologias, p 68
"PeierJ. Reeven, fa m a s iz in g U nde r Hypnosis Some Experiment/ Evidence Skeptical inquirer 12 181
183.1987-1988 CiladoporSARAVl. Fernando fiarupstcologu Un Engano do S écu kixx** p 46
"GEISLER, Norman L e AMANO. ) Yulaka ReencjmafJo, p 57
0 GUERRA, Manuel. D ic c io n a rio Enciclopédico de las Secias. p 365
‘ ATKINSON, David J. FIELD, David Op evt.p 653
" LEWIS. Gordon R O Q ue Todos Devem Saber Sobre a Medilaçdo ThjnstmJrmj/ p ?q
'* MAHARJSHI T ta n sccndeia l M e dilauon, pp. 278,279 CiiadO por LEWIS. Gordon R Op o< p Mi
'* FARIA, Emeslo O p C il, p 372
"GUERRA, Manuel O p c il. p. 677
"CASTELLANOS. C isar Sonha c G anharJs u M undo, p 138
E NOVA. René Araujo Terra M a n u a l de Reahzuçóo do Encontro, p 48
•' NOVA. René Araújo Terra Op c u , p 98
OMÉTOD
CAPÍTULO 8

AS SEITAS ORIENTAIS

fÃssqjtas-Qrjpn tais são facções das religiões universalistas do


fixtrernõ ÔÇierite. As principais e mais conhecidas seilas orien­
tais no Ocidente são o Movimento Hare Krishna e a Meditação
Transcendental, de origem hindu; a Igreja Seicho-No-lê e a Igre
ja Messiânica Mundial são de origem japonesa.
Alguns consideram como seita oriental a Igreja da Unificação
do Reverendo Moon, porque o referido movimento surgiu na
Coréia do Sul; outros, ocidental, porque remndica staius de
única igreja verdadeira, pois considera-se cristã Todavia, o que
caracteriza movimento religioso como oriental é afilosofia com
suas crenças e não necessariamente o local de origem
260 HERESIAS E MODISMOS

I. CONCEITOS TEOLÓGICOS DO EXTREMO ORIENTE

I . Fonte de autoridade. Suas crenças e práticas estão funda­


mentadas na filosofia oriental registradas em seus livros sagrados
O hinduísmo serve como base dessas seitas e é uma das religiões
mais antigas do mundo, sem um fundador especifico. Ê religião
universalista. pois não exige de seus seguidores o abandono de sua
religião de origem, é possível a pessoa ser hindu, confucionisla e
budista ao mesmo tempo.
Os escritos sagrados dessas religiões são: os Vedas, hinduísmo e.
vedanta é um termo coletivo para a filosofia das upanishadas, parte que
trata das especulações filosóficas dos Vedas; Cinco Clássicos, do
Confucionismo; 7tipitaka, do Budismo; Kijiki e Nihongi, do Xintoísmo As
seitas orientais estão fundamentadas nesses escritos. Contudo, os adep­
tos do hinduísmo e dos oriundos dessa religião, quando se consideram
iluminados p e lo conhecimento indutivo, quase sempre substituem seus
escritos sagrados pelos gurus, ou auto proclamam-se autoridade.
Swami Vivekananda, famoso guru da índia (1863-1902), que foi
aos Estados Unidos no final do século XIX para difundir o hinduísmo.
sendo o "responsável pelo elo de ligação entre Oriente e Ocidente",1
fez a seguinte declaração:

"No que diz respeito ao mestre, devemos estar certos de


que ele conhece o espirito das escrituras. O mundo inteiro lê
Bíblias, Vedas, Alcorões; mas isto não são mais que palavras,
sintaxe, etimologia, filologia, ossos secos da religião... É só o
conhecimento do espírito das escrituras o que faz o verda­
deiro mestre religioso".2

O termo "escritura", na declaração acima, é genérico, diz respei­


to à escritura de qualquer religião. A Bíblia foi incluída entre elas
AS SOTAS CIMENTAIS 261

Na fé cristã, porém, o ensino dos mestres deve ser submetido às


Escrituras Sagradas, a Bíblia:

"Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam


em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra,
examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram
assim" (At 17.11).

O Senhor Jesus chamou as Escrituras de "a Palavra d e Deus" (Mc


7.13). A Bíblia é "inspirada por Deus" (2 Tm 3.16), pois "os homens
santos d e Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo" (2 Pe 1.21).
Swami Vivekananda não teve êxito ao colocar a Biblia no mesmo
n íve l das "escrituras" das outras religiões, pois sua declaração nào
pode se aplicar as Escrituras dos judeus. A Bíblia é viva: "porque a
Palavra de Deus é viva e eficaz" (Hb 4.12); ela "é perfeita e refrigera
a alma... é fiel e dá sabedoria aos símplices" (SI 19 7). Nào há, por­
tanto, como compará-la a outras fontes de autoridade.
A Biblia Sagrada é a única revelação escrita de Deus à humani­
dade. Sua inspiração divina, autenticidade e autoridade podem ser
constatadas no seu próprio conteúdo. Os livros sagrados dessas
seitas e religiões não apresentam provas de sua inspiração e autori­
dade, pelo contrário, revelam inúmeras contradições.2

2. Deus. O conceito de Deus no hinduísmo pode ser politeísta,


panteista e monista. Brahma, o criador; Shiva, o destruidor e Vishnu.
o preservador são suas divindades principais. Adoram a inúmeros
deuses, tanto homens como animais.
Buda negou a existência de Deus, e Confúcio não era diferente.
Os xintoistas são politeístas e adoram a natureza.
Sai Baba, nasceu no estado de Andhra Pradesh, india, em 1926
Em 1940, ele declarou ser a encarnação de um guru fazedor de mi
262 HERESIAS E MODISMOS

lagres, falecido em 1918, chamado shirdi Sai Baba. Seus seguidores


têm-no como fazedor de milagres. Hoje, está em mais de 90 países,
com mais de 900 centros ou fundações.3 Declarava que a sua mis­
são era despertar a consciência de divindade de cada ser humano:

"Os Vedas são os primeiros testemunhos da vitória do ho­


mem sobre si mesmo, seu descobrimento da unidade
subjacente em toda a Criação e seu contato vibrante com a
Verdade que unifica. Eles declaram que Deus é a Realidade
interior de todos os seres. Tudo está recoberto por Deus. Tiido
isto é Deus".1

É a doutrina do Movimento Nova Era que ensina o panteísmo e,


por extensão, a deificação do homem. Swami Vivekananda mani­
festou sua idéia sobre o deus Brahma com a seguinte declaração:

"Um ser onipresente e impessoal que não pode chamar-se


um ser com conhecimento... não pode chamar-se um ser pre­
sente, porque esse é um processo unicamente dos débeis. Não
pode chamar-se um ser um ser racional, porque não pode
raciocinar, é um sinal de debilidade. Não pode chamar-se um
ser criador, porque ninguém cria se não é para servir.5

O deus que Vivekananda foi oferecer aos americanos é panteísta,


como tal, é impessoal, logo não pensa, não raciocina, não ama e
não salva. Nada pode fazer pelo homem. Isso parece-se com a dou­
trina mórmon. O Deus Verdadeiro é único, o Deus revelado na Bí­
blia é pessoal e transcende à criação: "E ele é antes de todas as
coisas, e todas as coisas subsistem por ele" (Cl i . 17).
Os adeptos do hinduísmo e suas ramificações negam a divindade
plena de jesus e não o reconhecem como o Filho de Deus, nem como
AS SEITAS ORIENTAIS 263

o Senhor e nem como o Salvador do mundo. Seus gurus consideram-


no simplesmente como uma das manifestações de Deus, um mestre
do passado, um guru do hinduísmo, que foi mal interpretado pelos
cristãos. O guru Bhagwan Shree Rajneesh chegou a agredir com pa­
lavras o Senhor Jesus e os cristãos, com as seguintes palavras:

"Para serfranco, Jesus é um caso mental. ..É umfanático.


Tem o mesmo tipo de mente de AdolfHitler. Ê umfascista. Ele
crê que só aqueles que o seguem vão ser salvos. ..Eos tontos
seguem crendo que serão salvos se seguem a Jesus".''

O nome verdadeiro do insidioso guru é Rajneesh Chandra Mohan,


ele fez-se chamar Rhagwar ou Bhagwar, "Deus", em sânscrito, idio­
ma clássico das escrituras hindus, pois desejava ser adorado. Co­
meçou como professor de filosofia na Universidade de fabalpur, In­
dia, antes de sentir-se iluminado.’ Defendia o sexo livre, era conhe­
cido na fndia como o "guru do sexo".' Pensando ser deus e queren­
do ser adorado, talvez isso explique todos esses impropérios contra
Jesus, pois via nele um concorrente, e não o Salvador do mundo, o
Libertador de todos os homens: "Se o Filho vos libertar, verdadeira-
mente sereis livres" (Jo 8.36).

3. Salvação. Não há vinculo algum daquilo que poderia ser cha­


mado de salvação com a salvação bíblica. Em outras palavras, es­
sas seitas negam essa doutrina. A salvação é pela graça mediante a
fé e não pelos esforços pessoais Segundo o hinduísmo

"O mundo sobre o qual vivemos é dejinitivamentc uma


ilusão, um sonho de um Brahma impessoal que existe em
ou 'sob' a criação material e é indiferente a tudo que aconte
ce no mundo".9
264 HERESIAS E MODISMOS

Seus adeptos acreditam na doutrina da reencarnação, na


transmigração da alma, num longo círculo de renascimento e morte
até que o homem seja absorvido pela divindade. Seus gurus afirmam
que o problema do homem é a ignorância e que precisa descobrira
divindade no seu próprio interior, para ser iluminado e feliz. Essa é a
idéia de salvação, hoje, difundida pelo Movimento Nova Era.
O conceito bíblico de salvação foi discutido no capitulo 3. Reen-
camação não existe, essa doutrina foi discutida e refutada, à luz da
Bíblia, no capítulo 4 .0 mundo é criação de Deus: "No princípio criou
Deus os céus e a terra" (Gn 1.1).

II. HARE KRISHNA

1. Origem e história. Krishna é um personagem mitológico da


india que, a principio, dizia-se ser a encarnação de Vishnu, mas os
seus seguidores afirmam o contrário: Vishnu é a encarnação de
Krishna A expressão "hare krishna", em sãnscrito significa "energia
do senhor".
Trata-se de uma ramificação do tronco religioso hindu. Sri
Chaitanya Mahaprabhu (1485-1533), seu fundador, ensinou que
Krishna é o Senhor supremo sobre todas as outras divindades. A
Sociedade Internacional para a Consciência Krishna, a sigla Iskcon
vem de International Society for Krishna Consciousness, é conheci­
da, popularmente, como Movimento Hare Krishna.
O guru Abhay Charan De Bhaktivedanta Swami Prabhupada trou­
xe o movimento para o Ocidente. Ele chegou em Nova Iorque, em
1965, depois, em 1975, alguns devotos americanos do Havaí trou­
xeram para as principais capitais brasileiras.2

2. Fonte de autoridade. Seu livro sagrado é o Bhagavad g iia,


parte dos Vedas, hindus, escritura centrada na crença de que a alma
AS SEITAS ORIENTAIS 2 6 5

do homem é parte da criação, sem princípio e sem fim. eternamen­


te, uma parte do Infinito, do Absoluto, do Brahma, da Realidade única;
também, na idéia de que a reencamaçáo e o karma explicam a vida
como o ser humano a vê. Mas. afirmam, também, acreditar na Bí­
blia quando acham que certas passagens apoiam suas crenças e
práticas, e, da mesma forma, no Alcorão.

3. Deus. Como o hinduísmo, defendem o panteísmo monístico.


Acreditam que todos os deuses são formas ou expansões do Ser
Absoluto. Krishna é considerado uma das nove encarnações do deus
Vishnu e objeto de sua devoção e adoração. Negam a divindade de
Jesus e nem acreditam que ele seja o Salvador. Para eles, o Senhor
Jesus não passa de mero guia espiritual e uma das inúmeras
encarnações de Krishna, ou seja, um filho de Krishna.
Essas crenças são doutrinas inadequadas ao cristianismo e con­
trárias à Bíblia, O panteísmo ensina que "tudo é Deus", e o monismo.
que "Deus e a natureza dissolvem-se em uma só realidade impes­
soal". Ambas as crenças são inadequadas ao cristianismoe. biblica­
mente, errôneas, pois o Deus revelado na Bíblia é um Ser conscien­
te, conhece a si mesmo, possui atributos pessoais e não, apenas,
atributos divinos. É mais natural do que respirar que a criatura se
distinga do seu Criador. Deus transcende a todo o universo, que
criou, é um Ser aparte da criação:

"Antes que os montes nascessem, ou que tuformasses a


terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus"
(SI 90.2).

"Destilai vós, céus, dessas alturas, e as nuvens chovam justiça;


abra-se a terra, e produza-se salvação, e a jusiiça frutifique junta
mente; eu, o SENHOR, as criei Ai daquele que contende com o seu
266 HERESIAS E MODISMOS

Criador, caco entre outros cacos de barro! Porventura, dirá o barro


ao que o formou: Que fazes? Ou a tua obra. Não tens mãos? Ai
daquele que diz ao pai: Que é o que geras? E à mulher: Que dás tu à
luz? Assim diz o SENHOR, o Santo de Israel, aquele que o formou:
Perguntai-me as coisas futuras, demandai-me acerca de meus fi­
lhos e acerca da obra das minhas mãos. Eu fiz a terra e criei nela o
homem; eu o fiz; as minhas mãos estenderam os céus e a todos os
seus exércitos dei as minhas ordens” (Is 45.8-12).

*Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem


por ele" (Cl t.i7).

Há inúmeras passagens bíblicas que mostram Deus como Ser


que fala: "Então, falou Deus todas essas palavras" (Êx 20.1); que vê:
"E viu Deus tudo quanto tinha feito" (Gn 1.31) e que ouve: "Não
temas, porque Deus ouviu a voz do rapaz” (Gn 21.17). A Bíblia reve­
la, ainda, que o Deus único e verdadeiro possui todas as faculdades
da personalidade como inteligência, vontade própria e emoção:

"Ô profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como


da ciência de Deus! Quão insondáveis sâo os seus juízos, e
quâo inescrutáveis, os seus caminhos! Porque quem com­
preendeu o intento do Senhor?Ou quem foi seu conselheiro"
(Rm 11.33, 34).

"Mas, se ele está contra alguém, quem, então, o desviará?


O que a sua alma quiser, issofará" (Jó 23.13).

"Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu"


(Mt 6 .10).
AS SEITAS ORIENTAIS 267

"A minha comida é fazer a vontade daquele que me en­


viou e realizar a sua obra" (Jo 4.34).

“Eu vos amei, diz o SENHOR; mas vós dizeis. Em que nos
amaste? Não foi Esaú irmão de Jacó? - disse o SENHOR; to­
davia amei a Jacó e aborreci a Esaú" (Ml 1.2, 3). passa­
gem é citada em Romanos 9,13.

A Biblia condena o politeísmo: “Não terás outros deuses diante


de mim" ( ê x 20.3). A idolatria afronta a Deus e devemos fugir dela:
"Portanto, meus amados, fugi da idolatria" (I Co 10.14). A Biblia
ensina existir um só Deus e que ele é um só: "Ouve, Israel, o SE­
NHOR, nosso Deus, é o único SENHOR" (Dt 6.4).
Isso já foi discutido no capítulo 3, sobre o mormonismo e no
capítulo 5, sobre as testemunhas de Jeová.
Há diferença abissal e infinita entre Jesus e Krishna, portanto,
qualquer comparação, nesse sentido, toma-se absurda. O Senhor
Jesus é o Deus verdadeiro que se fez homem:"... e o Verbo era Deus.
e o Verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo l.l, 14); o único
Salvador e é incomparável.

"Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida.


Ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo 14.6).

"E em nenhum outro há salvação, porque também debai­


xo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens,
pelo qual devamos ser salvos" (Al 4.12).

"Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mor­


tos e pondo-o à sua direita nos céus. acima de rodo princi
pado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que
266 HERESIAS E MODISMOS

se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro"


(Ef 1.20, 21).

"Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe


deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de
Jesus se dobre lodo joelho dos que estão nos céus, e na terra,
e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o
Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2.9-11).

Segundo sua própria literatura, Krishna é panteísta, é vulgar, é


imoral e sensual.10 O Senhor Jesus revelou um Deus que é Espírito:
"Deus é Espírito" Qo 4.24); mas o próprio Jesus esclareceu que, nem
por isso, Deus deixa de ser um Ser pessoal, ele disse:

"O Pai que me enviou, ele mesmo testificou de mim. Vós


nunca ouvistes a sua voz, nem vistes o seu parecer" (Jo 5.37).

“O Pai, que me enviou, esse mesmo é que tem dado teste­


munho de mim. Jamais tendes ouvido a sua voz. nem visto a
suaforma" (Jo 5.37 - ARA).

O Senhor Jesus é singular e incomparável em poder, glória e


majestade, e em perfeição e santidade:

"Porque não temos um sumo sacerdote que não possa


compadecer-se das nossasfraquezas; porém um que, como
nós, em ludofoi tentado, mas sem pecado... Porque nos con­
vinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, sepa­
rado dos pecadores efeito mais sublime do que os céus" (Hb
4.15; 7.26).
AS SEITAS ORIENTAIS 2 6 9

"Porque para islo sois chamados, pois também Cristo pa­


deceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as
suas pisadas, o qual não cometeu pecado, nem na sua boca
se achou engano"(I Pe2.2l, 22).

Afirmar que Jesus é a reencarnação de Krishna parece-nos idéia


bizarTa, crença extravagante e sem sustentação biblica. A inspira­
ção divina da Bíblia é especial e única: "Toda a Escritura é inspirada
por Deus" (2 Tm 3.16 - ARA). A única autoridade digna de confiança
e fonte fidedigna para a vida e a conduta dos cristãos é a Bíblia, a
inerrante Palavra de Deus, é ela que nos fala de Jesus, de sua iden­
tidade e missão, e nada há nela que pelo menos se pareça com as
idéias do Movimento Hare Krishna.

4. Salvação. A salvação no conceito deles, não é a mesma sal­


vação cristã que pregamos. Para eles significa "voltar para o Supre­
mo" no fim do ciclo das reencamações quando se tomará um com o
Absoluto, personificado em Krishna. Acreditam na transmigração
da alma humana até para seres inferiores, por isso não matam inse­
tos, pois estariam correndo o risco de matar um de seus antepassa­
dos. Segundo Prabhupada, a única via para salvar-se é a devoção
Isso consiste na prática das boas obras: o próprio esforço, o desape­
go às coisas materiais e a recitação do mantra. Eles são vegetaria­
nos, não comem came, nem peixe e nem ovos.
A inconsistência dessa doutrina pode ser vista, de longe, por qual­
quer cristão e, quando submetida à análise biblica, toma-se expos­
ta, de maneira clara e inconfundível, essa incompatibilidade do cre
do krishniano.
O deus panteista não é o Deus verdadeiro revelado na Bíblia, pois
o Deus dos judeus e cristãos é pessoal e um Ser apane de sua cria
ção, como já estudamos acima. Reencarnação não existe, isso já foi
27« HERESIAS E MODISMOS

analisado e refutado biblicamente, pois a morte é caminho sem re­


tomo, somente na vinda de Jesus que os mortos serão ressuscitados:

“Porque se lembrou de que eram carne, um vento que


passa e não volta" (SI 78.39).

como aos homens está ordenado morrerem uma vez,


vindo, depois disso, o juízo, assim também Cristo, oferecendo-
se uma vez, para tirar ospecados de muitos, aparecerá segunda
vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação" (Hb 9.27).

"Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e


com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que
morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os
queficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles
nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estare­
mos sempre com o Senhor ( I Ts 4.16, 17).

O termo "mantra" vem de duas palavras em sânscrito: man sig­


nifica "liberação", e tra, "mente". No hinduísmo. o mantra é a libera­
ção da mente. Os adeptos do Movimento Hare Krishna cantam, dia­
riamente, o mantra, como meio de alcançar a iluminação. Seu
cântico constitui na repetição do nome Krishna:

Hare Krishna! Hare Krishna!, Hare Krishna!


Hare! Hare!
Hare Rama! Rama! Rama!
Hare! Hare!

O termo hare significa, como já visto, "energia do senhor", e rama


é nome de outra das manifestações de Vishnu, outra divindade do
AS SEITAS ORIENTAIS 271

hinduísmo. Esse canto deve ser recitado pelo menos 1.728 vezes
por dia. Consideram essa prática como uma auto-realização, mo­
mento em que se tomam parte de Deus, é o:

"Restabelecimento de nossa relação perdida com a Perso­


nalidade Suprema da Divindade"."

Observe que o Jesus das seitas não é o mesmo Jesus adorado


pelos cristãos e revelado na Bíblia. O apóstolo Paulo fez menção de
um falso Jesus: "Se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não
temos pregado... com razão o sofrereis" (2 Co 11.4). O Senhor Jesus
Cristo que pregamos é o único caminho para a salvação:

"Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida.


Ninguém vem ao Pai senão por mim" Oo 14.6).

A Bíblia ensina que as boas obras não são suficientes para a sal­
vação humana. Nenhum homem poderá salvar a si mesmo pelos
seus esforços. A dívida humana era muito alta, e ninguém podia
pagar, ainda que fosse proprietário de todas as riquezas da terra. A
Biblia ensina:

"Nenhum deles, de modo algum, pode remir a seu irmão


ou dar a Deus o resgate dele (pois a redenção da sua alma é
caríssima, e seus recursos se esgotariam antes)" (SI 49.7. 8).

"Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas


justiças, como trapo da imundicia" (Is 64.6).

Os adeptos de seitas consideram ofensa a doutrina cristã da salva


ção pela fé em Jesus. Não reconhecem a obra expiatóna do Calvário
272 HERESIAS E MODISMOS

em favor dos pecadores, pois tais adeptos buscam, para si, a glória que
pertence exclusivamente ao Senhor Jesus, por isso querem angariara
salvação por meio de seus próprios recursos. Todavia, Deus determi­
nou: "... sem derramamento de sangue não há remissão" (Hb 9.22).

"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não
vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que
ninguém se glorie" (Ef 2.8, 9).

"Mas, quando apareceu a benignidade e caridade de Deus,


nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras dejus­
tiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericór­
dia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação
do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre
nós por jesus Cristo, nosso Salvador, para que, sendo justifi­
cados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros, segundo a
esperança da vida eterna”(Tt 3.4-7).

A prática vegetariana consiste no regime alternativo de alimen­


tação que se abstém de comer carne. Essa doutrina nunca fez parte
do judaísmo e nem do cristianismo, mas a Bíblia não condena. O
problema é o fanatismo. Há até Ongs (organizações não-govema-
mentais) fazendo campanhas sistemáticas contra a alimentação de
origem animal. Outros pesquisaram em busca de alimentos alter­
nativos, de origem vegetal, os cereais matinais, como Sucrilhos, são
resultados desses trabalhos
Os ebionitas, sucessores dos judaizantes dos dias apostólicos,
observavam a lei de Moisés e os costumes judaicos. Um grupo deles
pertencia à seita dos essênios, cujos seguidores eram vegetarianos.
No relato da criação, o animal é omitido como alimento para o
homem:
AS SEITAS ORIENTAIS 2 73

"£ disse Deus. Eis que vos tenho dado toda erva que dá
semente e que está sobre a face de toda a terra e toda árvore
em que há fruto de árvore que dá semente; ser-vos-ão para
mantimento. E a todo animal da terra, e a toda ave dos céus,
e a todo réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva
verde lhes será para mantimento. Eassim foi"(Gn 1.29, 30).

O v. 29 não menciona animais como alimento, fala de "toda erva


que dá semente" e de "toda árvore em que há fruto de árvore que dá
semente". No v. 30, essa idéia parece ser extensiva até mesmo aos
animais. Isso parece indicar que, antes da queda, Adão e Eva não se
alimentavam de carne. Nesse caso, qual seria a finalidade dos den­
tes tão grandes dos animais carnívoros, como o leão? Depois da
queda, Abel oferece sacrifício da gordura de animal (Cn 4 4), se no
Éden, Adão e Eva não se alimentavam de came, aqui. teríamos
mudança no hábito alimentar.
A Bíblia afirma que Deus nos deu por mantimento tudo o que se
move e mais a erva verde. A exceção é o sangue e os animais con­
siderados imundos na legislação mosaica, listados em Levitico 11 e
em Deuteronômio 14.7-21. Os homens, porém, desde a antiguida­
de. vêm procurando mudar a ordem natural das coisas, contrarian­
do a Palavra de Deus:

Tlido quanto se move, que é vivente, será para vosso


mantimento; tudo vos tenho dado, como a erva verde A car­
ne. porém, com sua vida. isto é, com seu sangue, não
comereis“ (Gn 9.3, 4).

“Porém, conforme todo o desejo da tua alma, degolarás


e comerás came segundo a bênção do SENHOR, teu Deus.
que te dá dentro de todas as tuas portas: o imundo e o limpo
274 HERESIAS E MODISMOS

dela comerão, como do corço e do veado. Tão-somente o


sangue não comereis; sobre a terra o derramareis como
água... Estes são os animais que comereis: o boi, o gado
miúdo das ovelhas, o gado miúdo das cabras, o veado, a
corça, o búfalo, a cabra montês, o texugo, o boi silvestre e o
gamo. Todo anim al que tem unhas fendidas, que tem a unha
dividida em duas, que remói, entre os animais, isso comereis"
(Dt 12.15, 16; 14.4-6).

"Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tem­


pos, apostatarão alguns da fé , dando ouvidos a espíritos
enganadores e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia de
homens que fa lam mentiras, tendo cauterizada a sua pró­
pria consciência, proibindo o casamento e ordenando a abs­
tinência dos manjares que Deus criou pa ra os fiéis e para
os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com
ações de graças; porque toda criatura de Deus é boa, e não
há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças,
porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificada"
(1 Tm 4.1-5).

Os preceitos dietéticos da lei de Moisés eram de caráter salutar


e não meios de salvação e santificação. O alimento ingerido pela
boca não contamina, espiritualmente, o ser humano. O Senhor Je­
sus ensinou:

"O que contamina o homem não é o que entra na boca,


mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem...
Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce
para o ventre e é lançado fo ra ? M as o que sai da boca procede
do coração, e isso contamina o homem. Porque do coração
AS SEITAS ORIENTAIS 27 5

procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prosti­


tuição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São essas coi­
sas que contaminam o homem; mas comersem lavaras mãos,
isso não contamina o homem" (Mt 15.11, 17-21).

As autoridades religiosas colocavam a prática de lavar as mãos


antes das refeições como meio de salvação e de santificação. Em
nada isso pode se aplicar à necessidade, hoje, de se lavar as mãos
antes da refeição, trata-se, pois, de questão de higiene; lá, era ques­
tão religiosa. O padrão higiênico, estabelecido pelo atual sistema
sanitário ou de saúde pública, deve ser levado a sério.
Havia, em Roma, alguns cristãos que se alimentavam de legu­
mes, os quais o apóstolo chamou de irmão fraco, que existe, ainda
hoje, mas deve ser respeitado (Rm 14.2,3).
Se alguém deseja ser vegetariano, por sua livre vontade, não há
problema algum de ordem espiritual, desde que não transforme essa
prática como meio de salvação e de santificação.

III. MEDITAÇÃO TRANSCENDENTAL

I. Origem e história, o movimento é uma ramificação do


hinduismo, mas disfarçado de técnica psicológica terapêutica e de
desenvolvimento da personalidade, alheio a qualquer religião. Foi
fundado por Mahesh Brasad Warma, em 1958, Madras, na índia
Depois, adotou o nome Maharishi Mahesh Yogi.
O termo maha significa "grande", e rishi quer dizer um santo,
um mestre ou um profeta. Mahesh é o nome de família, e Yogi
significa mestre de ioga. O termo "ioga" vem do sânscnto "inte
gração, união, concentração";12 trata-se. pois. do "sistema hindu
de controle físico e mental para obter um estado de bem-estar por
uma união com o Absoluto".13
276 HERESIAS E MODISMOS

Durante 13 anos, foi discípulo do guru Swami Brahmananda


Saraswati, conhecido como Guru Dev. Depois de sua morte, em 1953,
Maharish lomou-se eremita e foi viver numa caverna no Himalaia.
Em 1958, saiu da caverna e veio para o Ocidente. Fundou o Movi­
mento de Regeneração Espiritual, para adultos interessados em va­
lores filosóficos e espirituais, e a Sociedade Internacional para Es­
tudantes de Meditação.
O movimento ganhou notoriedade quando recebeu a adesão
dos Beatles e dos Rolling Stones, mas depois descobriram as frau­
des de Maharish e abandonaram-no. Essa decisão levou muitos
adeptos a fazer o mesmo. Depois do fracasso, Maharish retornou
à índia e deu roupagem nova ao movimento. Substituiu termos
religiosos por termos psicológicos, usando o nome: Ciência da In­
teligência Criativa.
A Universidade Internacional Maharishi foi estabelecida em 1974,
em Fairfield, Iowa, EUA, integrou o ensino da Ciência da Inteligên­
cia Criativa no seu programa de graduação de quatro anos. Ensina­
va que não era filosofia, nem modo de vida e nem religião. Declara­
va tratar-se de técnica científica, mediante a qual um indivíduo pode
"fazer menos e realizar mais".14 Essa técnica, segundo eles, permite
as pessoas empregar a totalidade de sua potência mental e, assim,
alcançar profundo sentimento de descanso.
Os especialistas submeteram essas técnicas à análise científica
e concluiram que se tratava da mesma meditação transcendental.
O Tribunal Federal de Nova Jérsei, em 1977. proibiu a prática nas
escolas públicas, pois constatou que se tratava de religião e não
de psicologia.2

2. Sua teologia. A fonte de autoridade são os escritos sagrados


do hinduísmo e as interpretações de Maharishi dos Vedas, princi­
palmente, o Bhagavad Cita. O conceito sobre Deus é o panteísmo
AS SEITAS ORIENTAIS 177

monístico da religião hindu. A salvação é mediante união efetivada


pela meditação transcendental, que são exercícios mentais com re­
citação silenciosa do mantra. Acreditam na reencamação.

3. Análise bíblica. A meditação cristã não esvazia a mente, e


nem o cristão pretende suprimir seus pensamentos em espirito e
em verdade. Ela é dirigida a Deus e à sua Palavra:

"Não se aparte da tua boca o livro desta Lei; antes, medita


nele dia e noite, para que tenhas cuidado defazer conforme
tudo quanto nele está escrito; porque, então, farás prosperar
o teu caminho e, então, prudentemente le conduzirás"(Js 1.8).

“Antes, tem o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei


medita de dia e de noite' (SI 1.2).

"Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a medita­


ção do meu coração perante a tuaface, SENHOR, rocha mi­
nha e libertador meu!" (SI 19.14).

“Oh! Quanto amo a tua lei! Ê a minha meditação em todo


odia!” (SI 119.97).

O cristão canta e ora no espírito, mas com entendimento, pois as


experiências espirituais não bloqueiam a mente:

“13 Pelo que, o que fala língua estranha, ore para que a
possa interpretar. 14 Porque, se eu orar em língua estra­
nha, o meu espirito ora bem, mas o meu entendimento fica
sem fruto. 15 Que farei, pois? Orarei com o espinto, mas
também orarei com o entendimento, cantarei com o espiri
27* HERESIAS E MODISMOS

to, mas também cantarei com o entendimento. 16 Doutra


maneira, se tu bendisseres com o espirito, como dirá o que
ocupa o lugar de indouto o Amém sobre a tua ação de gra­
ças, visto que não sabe o que dizes? 17 Porque realmente tu
dás bem as graças, mas o outro não é edificado. 1$ Dou
graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós
todos. 19 Todavia eu antes querofa la r na igreja cinco pala­
vras na minha própria inteligência, para que possa também
instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desco­
nhecida" (l Co 14.13-19).

Veja que o conteúdo da mensagem do evangelho não consiste


em sonidos de mantras sem significados, e nem vibrações de pala­
vras ou de pensamentos harmônicos.
Os adeptos da Meditação Transcendental esperam obter paz de
espírito, felicidade e esperança de salvação sem Jesus, mas median­
te as antigas práticas hindus, hoje, travestidas de roupagem cientifi­
ca. Deus oferece salvação a todos os seres humanos na Pessoa de
Jesus Cristo:

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o


seu Filho unigénito, para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna" ()o 3.16).

“Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo sal­


vação a todos os homens" (Tt 2.11).

IV. IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL

1. Origem e história. Foi fundada por Mokiti okada, chamado


por seus adeptos de Meishu-Sama, que significa "Senhor da Luz",
AS SEITAS ORIENTAIS 2 7 9

no Japão, em 1935, mas só oficializado em 1947. Declarou ter re­


cebido, entre 1926 e 1935, uma série de revelações sobre Deus, o
homem e o mundo. As supostas revelações teriam mostrado a po­
breza e a miséria como consequências dos males espirituais do
interior do homem, e a prática da johrei, "purificar o espírito", para
tornar o homem virtuoso, feliz e digno. O objetivo de Meishu-Sama
era construir um paraíso na terra. Ele morreu em 1955, e sua espo­
sa Yoshiko Okada ou Nidai-Sama, como a chamavam seus segui­
dores, assumiu o seu lugar. Sob sua liderança, o movimento ini­
ciou-se no Brasil, em junho de 1955. Sua sede é na Vila Mariana,
em São Paulo.

2. Fonte de autoridade. Seus escritos sagrados são as obras de


Meishu-Sama e de sua esposa: Ensinamentos de Meishu-Sama.
Ensinamentos de Nidai-Sama, Alicerces do Paraíso, dentre outros.

"Os ensinamentos básicos da Igreja Messiânica Mundial


são revelações que Meishu-Sama recebeu de Deus. . É im­
portante ler todos os dias o máximo desses inspirados
ensinamentos. Issofará crescer sua compreensão e lhe per­
mitirá receber essa Luz contida nas palavras" 15

Como no Movimento Hare Krishna, aceitam a Biblia quando


acham que podem apoiar suas crenças nela.3

3. Deus. Seu conceito sobre Deus é indefinido, e muito pouco


apresenta-se sobre seus atributos, às vezes, é pessoal e monoteista,
ora, é panteísta. São deístas. Os messiânicos exaltam mais a Meishu-
Sama do que a Deus. Negam a divindade, a morte e a ressurreição
de Jesus. Afirmam não ser Jesus o Salvador e consideram-no, ape­
nas. como alguém que achou a felicidade
280 HERESIAS E MODISMOS

"Deus é a fonte da vida. Tanto o corpo espiritual do ho­


mem quanto o material são parte dele. Deus e o homem es­
tão indissoluvelmente relacionados como o estão pai efilho". “

Essa declaração é pantefsta, pois não distingue entre Deus e o


homem, coloca o homem como parte da divindade. No hinduísmoe
no mormonismo há pluralidade de idéias e conceitos sobre a divin­
dade. Essa característica é própria de religiões e seitas politeístas. Já
ficou provado, até aqui, a falácia e a contradição bíblica de todas
essas crenças. Elas são contrárias à Bíblia e inadequadas ao cristia­
nismo. Isso revela o desvio generalizado do ser humano, como des­
creveu o apóstolo Paulo:

"Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorifica­


ram como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus
discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se
obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E
mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança
da imagem de homem corruptível, e de aves, e de
quadrúpedes, e de répteis... Pois mudaram a verdade de
Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura
do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém!"
(Rm 1.21-23, 25).

Os adeptos da Igreja Messiânica Mundial não são os únicos a


negar a divindade de Jesus, a sua morte e a sua ressurreição. Os
muçulmanos, também, fazem-no. As testemunhas de Jeová negam
a divindade e a ressurreição de Jesus. Fazem coro com eles os
mórmons, os espiritas dentre os demais. Não há, portanto, necessi­
dade de refutar, à luz da Bíblia, cada um desses pontos, pois já foi
feito acima, aqui, e em capilulos anteriores.
AS SEITAS ORIENTAIS 2 S I

4. Salvação. Para eles. o salvador é Meishu-Sama, e a salvação é


mediante o johrei, prática de imposição de mãos, que, segundo eles,
transmite energia ou luz canalizada por meio de amuleto sagrado.
O termo "johrei" vem de duas palavras japonesas joh, "purificar'
e rei, "espírito" ou "corpo espiritual". Seus adeptos acreditam que tal
prática é revelação de Deus:

"O Johreifoi revelado por Deus, concretizado pelo mestre


e permitido aos fiéis da Igreja Messiânica Mundial. O poder
do Johrei emana do mundo de Deus, onde não se interpõe a
ação da mente humana nem aforça do homem. OJohreiéa
Luz de Deus canalizada por Meishu-Sama paru o 'Okari' (luz
divina), consagrada no Solo Sagrado por Kyoshu-Sama e ir­
radiada através das mãos dosfiéis".'7

“A igreja Messiânica Mundial é uma religião com po­


deres su ficientes para eliminar os sofrimentos da huma­
nidade. S ua atuação é uma ‘Obra de Salvação' ultra-reli­
giosa. O Johrei é um dos pontos mais importantes da dou­
trin a m essiânica, podendo-se dizer que é a essência da
m esm a, o que melhor a caracteriza, não havendo nada
q u e se lh e compare".18

Os adeptos da Igreja Messiânica Mundial recebem uma meda­


lha, o Ohiknri, "o sagrado ponto Tocai", o Sagrado Depositário, uma
espécie de amuleto ou medalha sagrada ao serem iniciados. Acre­
ditam que. a partir desse momento, a Luz Divina é canalizada da
Sede Central e da própria igreja, por meio de Meishu-Sama, para
alcançar o Ohikari Cada messiânico deve usar o tal objeto no pes­
coço. dispensar toda reverência e atenção especial a ele.
Trata-se de busca alternativa de salvação, e o que se vê, em tudo
282 HERESIAS E MODISMOS

isso, é mistura de superstição, ocultismo e idolatria. Eles substitu­


em Jesus Cristo pelo Johrei e o Espirito Santo pelo Ohikari.

V. SEICHO-NO-IÊ

1. Origem e história. Ê o movimento religioso fundado no Ja­


pão por Masaharo Taniguchi, em 1930. O nome "Seicho-No-lê" sig­
nifica "Lar do progredir infinito". Sua doutrina é baseada em três
princípios: negar a existência da matéria, do mal e do pecado. Tudo
isso em decorrência de sua própria experiência, o movimento che­
gou ao Brasil em 1952. Distribuem gratuitamente a revista Acende­
dor, hoje, chamada Fonte de Luz,com calendário, mensagens
estimuladoras e positivas para cada dia, com base na sabedoria ori­
ental, ou seja, sabedoria humana (1 Co 2.4). Eles mantêm progra­
mas de rádio e televisão em muitos estados do Brasil.

2. Fontes de autoridade. Seus escritos sagrados são os mes­


mos do xintoísmo: Kijiki e o Nihongi; do budismo, a Tripitaka e, até
mesmo, a Bíblia:

"A Seicho-No-lê não é nenhuma seita religiosa... No sen­


tido de dar vida às religiões, faz conferências baseadas em
escrituras do Budismo, em textos da antiguidade japonesa, e,
também na Bíblia".19

A obra padrão deles, no entanto, são os escritos de Taniguchi.


como Verdade da Vida (40 volumes) e a Sutra Sagrada.3

3. Deus. O conceito de Deus é muito confuso, é panleísta, é


pessoal, às vezes, é energia vital e impessoal. Como negam a exis­
tência da dor, logo Jesus também não teria sofrido, semelhante às
AS SEITAS ORIENTAIS 28S

demais seitas, incluindo as orientais, negando sua divindade e res­


surreição corporal. São conceitos teológicos antibíblicos já discuti­
dos à luz da Bíblia.

4. Salvação. Ensinam que todos os homens são filhos de Deus,


mesmo os incrédulos e assassinos, e que o homem toma-se Deus quan­
do se liberta da consciência do pecado. A isso chamam salvação.
A Bíblia distingue os filhos de Deus e os filhos das trevas, filhos
da ira e outras expressões similares. Todos os seres humanos são
criaturas de Deus, tornam-se filhos quando se convertem ao evan­
gelho de nosso Senhor Jesus Cristo:

"Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de se­


remfeitosfilhos de Deus: aos que creemno seu nome"(Jo 1.12).

“E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e peca­


dos, em que, noutro tempo, andastes, segundo o curso des­
te mundo, segundo o príncipe daspotestades do ar, do espí­
rito que, agora, opera nosfilhos da desobediência; entre os
quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da
nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamen­
tos; e éramos por natureza filhos da itu, como os outros
também" (Ef 2.2-4).

"Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai:


que fôssemos chamadosfilhos de Deus. Por isso, o mundo
não nos conhece, porque não conhece a ele. Amados, ago­
ra somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que
havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifes­
tar, seremos semelhantes a ele; porque assim como i o ve­
remos" (I jo 3.1. 2).
2M HERESIAS E MODISMOS

CONCLUSÃO

As crenças e práticas dessas seitas são condenadas pela Biblia


Sagrada. Seus adeptos valorizam a palavra de seus lideres e gurus,
acreditam em pensamentos e máximas dos homens. O que faz es­
sas pessoas rejeitarem o autêntico cristianismo? Precisamos rever
nossos métodos de evangelismo e missões. O povo está faminto,
temos, aqui, uma amostra de multidões que comem as bolotas ofe­
recidas pelas religiões filosóficas, enquanto na casa de nosso Pai,
lemos abundância de pão. Você está disposto a fazer pela verdade o
que eles fazem pela mentira?

Notas*
1MATHER, George A. & NICHOLS. Lary A Op tit.p 483
2 Bhakti Yoga, p. 36
1SARAVl, Fernando D Invasión desde O riente. p 102
' Recompilation das Mensagesde Sri SathyaSai Babo.p 42 Citado por Saravi Op C it . p. 104.
* Teachins o/Swami Vrvekonando, pp 19 . 2 0 .
* Ankerberg e Weldon, p 21.
' CASAMAYOR, Ramón Valles £/ Cancer del A n o 2000 Las Sectas, pp 271,272
* MATHER, George A. & NICHOLS. Lary A Op. tit., p 373
* JEREMIAH, David con CARLSON, C C Invasión de Otros Dioses, p 55
10 RINALDI, Nalanael e ROMEIRO, Paulo Desm ascarando as Senas, p, 3 13
" BhagavadGila, 47 7
12 SCHLEISINGER, Hugo e PORTO, Humberto Op. Oi., vol. II, p 2.690.
0 Lewis, Cordon R. O Que Todos Deben saber sobre la Meditation Transcendental, p 6.
14 Lewis, Gordon R. O p Cit., p. 12.
14Recom endações p a ra os Messiânicos, p. 26.
16E nsinam entos de N idai-Sam a, vol. 1. p. 58
*' ig re ja M essiânica M u n d ia l, dez/1980. p. 63.
“ M EISH U -SAM A Alicercesdo Paraíso, vol. 5. p 69
19A Verdade da Vida, vol I. p 13.
CAPÍTULO 9

O CRISTIANISMO
JUDAIZANTE

O cristian ism o nasceu no contexto judaico e dele recebeu rica


herança teológica e ética. Os primeiros membros da igreja eram
judeus, com a expansão do cristianismo entre os gentios, o nú­
mero deles ia aumentado, à medida que o tempo passava e a
presença d e judeus ia diminuindo. Muitos judeus convertidos
ao evang elho de Jesus Cristo eram de origemfarisaica, os quais
insistiam n a tese de que os gentios convertidos à fé cristã devi­
a m v iv e r d e a c o rd o com a lei de Moisés. São os cristãos
ju d a izan te s. E stavam por toda a parte, mas sua presença tor­
n o u -s e n o tó ria na região da Galácia do Sul.
286 HERESIAS E MODISMOS

I. OS PRIMEIROS JUDAIZANTES

I . O termo judaizante. A palavra vem do verbo grego 'IouôaÍ(u


(ioudaizõ), "viver como judeu",1e aparece só uma vez no Novo Tes­
tamento.

"Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente


conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença
de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios e não
como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como ju­
deus7" (Cl 2.14).

Eles apareceram no seio da igreja, e nem mesmo a decisão do


Concílio de Jerusalém, Atos 15, foi suficiente para detê-los, pois con­
tinuavam insistindo na necessidade de os gentios convertidos à fé
cristã viverem como judeus. Os seus discípulos ainda estão por aí,
defendendo a guarda do sábado, as leis dietéticas prescritas por
Moisés e ritos judaicos.
Foram eles os principais perseguidores do apóstolo Paulo duran­
te toda a sua vida, pois o acusavam de pregar contra a lei, tantos os
de fora como os falsos irmãos:

"Varões israelitas, acudi! Este é o homem que por todas as


partes ensina a lodos, contra o povo, e contra a lei, e contra
este lugar; e, demais disto, introduziu também no templo os
gregos e profanou este santo lugar (At 21.28).

~E isso por causa dos falsos irmãos que se tinham


entremetido e secretamente entraram a espiar a nossa liber­
dade que lemos em Cristo Jesus, para nos porem em servi­
dão; aos quais, nem ainda por uma hora. cedemos com su-
O CRISTIANISMO lUOAIZANTT 219

jeiçao, p a ra q u e a verdade d o evangelho perm anecesse entre


v ó s ~ ( C ! 2 .4 , 5).

2. O c r i s t i a n i s m o n ã o j u d a i z o u o m u n d o . O S e n h o r le s u s
nasce u " c o n f o r m e a le i" (Gl 4.4); c re sc e u e v iv e u d e n tro d a cu ltu ra
judaica; r e c o n h e c e u a s E sc rit u ra s H e b ra ic a se a au torid ade de M o isé s.
T o d avia, n ã o p r e g o u c o s t u m e s ju d a ic o s, e n e m s e u s a p ó s t o lo s
ju d a iz a ra m o m u n d o .

" E o menino crescia e se fortalecia em espirito, cheio de


sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele. Ora. lo d o s o s
anos, iam seus pais a Jerusalém, à Festa da Páscoa. E. tendo
ele já doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume do
dia da festa. E, regressando eles, terminados aqueles dias.
f i c o u o menino Jesus em Jerusalém, e não o souberam seus

pais" (Lc 2.40-43).

"E ordenou-lhe que a ninguém o dissesse. Mas disse-lhe:


Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o
que Moisés determinou, para que lhes sirva de testemunho '
(Lc 5.14).

"E, começando p o r Moisés e por todos os profetas, expli­


cava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras E
disse-lhes. São estas as palavras que vos disse estando ainda
convosco: convinha que se cumprisse tudo o que de m im es­
lava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos
(LC 2 4 .2 7 , 44).

"P o rq u a n to tem determ inado uni dia em que com ;usu


ça h á d e ju lg a r o m un do, p o r m eio do varão que destinou.
2M HERESIAS E MODISMOS

e disso deu certeza a lodos, ressuscitando-o dos mortos"


(At 17.31).

O apóstolo Paulo não deu aula sobre o Tetragrama, no Areópago


de Atenas, para explicar o nome "Jeová", antes, estava preocupado
em desfazer o escândalo da cruz, com a mensagem da ressurreição.

3. A mensagem dos judaizantes. Eles são chamados de "falsos


irmãos" (G12.4), pois perturbaram as igrejas em Antioquia da Síria e
na Galácia, ensinando que os gentios deviam tomar-se judeus para
serem salvos. Ficaram conhecidos na história do cristianismo por
galacionistas. Parece que se apresentavam como enviados de Tiago,
mas isso foi negado no concílio apostólico, saíram, de fato, de Jeru­
salém, contudo não estavam autorizados a falar em nome de Tiago.
Esses homens saíram de Jerusalém por sua própria conta:

"Então, alguns que tinham descido da Judéia ensinavam


assim os irmãos: Se vos não circuncidardes, conforme o uso
de Moisés, não podeis salvar-vos... Alguns, porém, da seita
dosfariseus que tinham crido se levantaram, dizendo que era
mister circuncidá-los e mandar- lhes que guardassem a lei de
Moisés" (At 15.1, S).

"Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de


Tiago, comia com os gentios„■mas, depois que chegaram, se
foi retirando e se apartou deles, temendo os que eram da
circuncisão" (Gl 2.12).

"Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós


ws perturbaram com palavras e transtornaram a vossa alma
(não lhes tendo nós dado mandamento)" (At 15 24)
0 CRISTIANISMO IUDAIZANTE 1*9

4. Perigos à vista. Os apóstolos viam, em tudo isso, dois pro­


blemas sérios: a ameaça à liberdade cristã e o perigo de o cristianis­
mo tomar-se mera seita judaica. Isso explica porque o apóstolo Paulo
foi tão contundente com os judaizantes:

“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anun­


cie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja
anátema. Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo tam­
bém vo-lo digo: se alguém vos anunciar outro evangelho além
do que já recebestes, seja anátema" (Cl 1.8, 9).

Eles são, antes identificados no v. 7, como os que perturbam os


crentes: "vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cris­
to'1. Não se trata, pois, aqui, de decisões pessoais de alguém que,
espontaneamente, resolveu guardar o sábado ou abster-se de cer­
tos alimentos, mas de algo muito grave.
Os gentios não aprenderam os bons costumes porque nunca
tiveram quem os ensinasse, por essa razão o modus vnvndi deles
era precário. Aplicar essa conduta judaica aos gentios era o mes­
mo que afirm ar que a graça do Senhor nâo era suficiente A lei de
Moisés seria o complemento para a salvação Isso reduziria o cris­
tianismo a uma mera seita do judaismo e confundir-se-ia com a
identidade judaica. Nesse caso. era como se os cristãos de hoie
usassem talit (manto usado pelos judeus religiosos) e kippar (solidéu
que eles usam sobre a cabeça), alimentassem-se apenas de comi­
da khasher como os judeus, além de outros ritos, como condição
para a salvação.
Os judaizantes alteravam o cerne do evangelho, pois coloca­
vam a lei como complemento da obra que lesus efetuou no Calváno.
era. de fato, "outro evangelho", por isso o apóstolo Paulo os amal­
diçoou (Gl I 8.9).
290 HERESIAS E MODISMOS

H. O OBJETIVO DA LEI

1. A liberdade cristã e os judaizantes. O texto mais importante


do Novo Testamento contra o legalismo é a epístola aos Gálatas. Nela,
o apóstolo Paulo desmantela os argumentos dos judaizantes:

“Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos liber­


tou e não tomeis a meter-vos debaixo do jugo da servidão"
(Cl 5. II.

A liberdade a que o apóstolo refere-se, aqui, é o ato de libertar a


nossa consciência da culpa do pecado: "nos libertou do império das
trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl 1.13
- ARA), Fomos libertos do império das trevas, isso envolve liberda­
de da ignorância, dos ritos, da idolatria e dos sistemas legalistas. 0
cristão foi liberto por Cristo para a liberdade e não para a servidão.
Um sistema religioso que prega a guarda da lei significa retorno à
escravidão. 0 apelo apostólico é que o cristão liberto não torne a
ser presa dos homens ou de qualquer sistema religioso legalista.
A epístola aos Gálatas foi para Lutero a pedra fundamental usa­
da contra a hierarquia e todo o ritualismo da Igreja Romana. De­
pois de Romanos, é o escrito paulino que mais exerceu influência
na história do cristianismo, 0 legalismo sempre existiu e sempre
existirá na história do cristianismo,2

2. A lei não foi dada para a salvação, m as para definir o


pecado. A maneira errônea de os judaizantes e os demais legalistas
opositores do apóstolo Paulo interpretar a lei trouxe muitos proble­
mas para a Igreja dos dias apostólicos. Todavia, os judaizantes de
hoje ainda não perceberam a utilidade da lei: ela veio por causa da
transgressão. A Bíblia afirma que "pela lei vem o conhecimento do
O CRISTIANISMO IUDAIZANTE 291

pecado" (Rm 3.20), se não há lei, não pode haver pecado, O homem
não teria conhecido pecado, se não fosse pela lei.

"Porque a lei opera a ira; porque onde não há lei também


não há transgressão"(Rm 4. IS).

"Que diremos, pois? Ê a lei pecado? De modo nenhum!


Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não
conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobi­
çarás" (Rm 7.7).

"Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das trans­
gressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa
tinha sidofeita, e foi posta pelos anjos na mão de um media­
neiro" (Gl 3.19).

Os judaizantes estavam propondo outro evangelho, privando os


cristãos da liberdade com que Jesus nos libertou, transferindo para
o homem a honra e a glória que pertencem exclusivamente a Deus.
oferecendo a salvação por meio das obras da lei.

3. A lei foi dada para demonstrar a necessidade da graça


divina. A lei não veio como solução final, mas para conscientizar os
homens do pecado e da necessidade da graça de Deus, de algo que
transcendesse à própria lei, "para que a promessa pela fé em lesus
Cristo fosse dada aos crentes" (Gl 3.22). Apesar de santa, é inade­
quada para a salvação. Seu propósito é duplo: revelar e definir o
pecado até o cumprimento da promessa.

“Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pe­


las obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do peca -
292 HERESIAS E MODISMOS

do.. Assim, a lei ê santa.- e o mandamento, santo, justo e


bom" (Rm 3.20).

Essa doutrina foi ensinada por um ex-pratícante fervoroso do ju­


daísmo. o qual era inimigo implacável de Jesus Cristo e consentiu,
inclusive, na morte de Estevão, em defesa de sua religião (At 8.1-3)
Perseguiu, ferozmente, os cristãos não só de Jerusalém, pois estava a
caminho de Damasco, no encalço dos discípulos de Jesus para prendê-
los (Al 9. l -4). Esse testemunho mostra o zelo pelo judaísmo e pela lei
de Moisés No entanto, foi alvejado pela graça de Deus Um homem
tão radical assim não seria transformado em novo homem, com ou­
tro conceito de teologia, com outra visão de mundo, se Deus não
estivesse nisso Trata-se, pois, de um testemunho de quem viveu e
praticou o legalismo, mas que foi liberto pela graça de Deus.

"Porque nâo o recebi, nem aprendi de homem algum, mas


pela revelação de Jesus Cristo. Porque já ouvistes qualfo i an­
tigamente a minha conduta no judaísmo, como sobremanei­
ra perseguia a igreja de Deus e a assolava. E. na minha na­
ção, excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo
extremamenie zeloso das tradições de meus pais Mas, quan­
do aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me
separou e me chamou pela sua graça" (Cl 1.12-15).

4. A lei foi dada para servir de aio. o termo grego para "aio"
é naLÕo:yuyóç (paidagõgos), "o encarregado de levar os meninos (a
escola), de impor-lhes disciplina e de vigiá-los".2

De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir


a Cristo, para que, pela féjõssemos justificados Mas, depois
que a fé veio, já não estamos debaixo de aio " (Gi 3.24, 25).
IH Í M I \NIMUO IIM’ M/ \N 11 293

O menino ficava sob custódia desses tutores O "tutor” não cia


mestre, mas o guia e guardião que disciplinava a criança. Um cs
cravo de confiança da família, no mundo romano, era encarrega
do de tomar conta do filho, entre 6 e 16 anos, levá-lo à escola e
trazê-lo de volta para casa, supervisionando sua conduta. Assim,
a lei exercia apenas papel disciplinar, servindo de aio para nos
conduzir a Cristo, o Mestre Superior (Cl 3.24). Isso mostra a fun­
ção inferior dela em relação ao evangelho, que terminou com a
vinda do Messias (Gl 3.25). Agora, somos livres da lei, mas depen­
dentes da graça de Deus.

III. A QUESTÃO DO SÁBADO

1. O novo concerto. O problema não é o sábado em si. mas o


fato de não estarmos debaixo do antigo concerto, debaixo lei. mas
sob a graça.

“Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente,


quanto é mediador de um melhor concerto, que está confir­
mado em melhores promessas Porque, se aquele primeiro
fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para o se­
gundo" (Hb 8.6, 7).

A Bíblia ensina, ainda, que se alguém tropeçar em um ponto da


lei é culpado por todos os outros Somente lesus cumpriu-a toda

“Não cuideis que vim destnura lei ou os profetas. rào um


ab-rogar, mas cumprir. Porque em verdade \ os digo que. até
que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitira
da lei sem que tudo seja cumprido" iMt 5 17. IS)
294 HERESIAS E MODISMOS

"Porque qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em


um só ponto tomou-se culpado de todos" (Tg 2 .10).

Quem se submete à prática, de pelo menos um preceito da lei, é


obrigado a cumpri-la toda.

"£, de novo, protesto a todo homem que se deixa circunci­


dar que está obrigado a guardar toda a lei. Separados estais
de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes
caído" (Cl 5.3, 4).

2. A circuncisão. O Novo Testamento revela que os principais


pontos da le i, objeto dessas controvérsias, eram a guarda de dias, o
sábado e a circuncisão.

"Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros,


guardai-vos da circuncisão.' Porque a circuncisão somos nós,
que servimos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Jesus
Cristo, e não confiamos na carne" (Fp 3.2).

Temos, aqui, uma figura de linguagem chamada paronomásia,


que consiste na repetição de palavras que soam de forma similar,
sem que apresente, necessariamente, o mesmo sentido.
O apóstolo fez jogo irônico de palavras contra seus adversários ju­
daico-cristãos, identificados, aqui, como "os maus obreiros", com o
uso das palavras KomiTopfi(katatomê) "mutilação"1e trepiTopri (peritomé)
"circuncisão".1 As nossas versões da Bíblia traduzem, geralmente.
katatomê por "falsa circuncisão" (ARA) ou "falso circuncidado" (TB), a
ARC, por exemplo, traduziu, meramente, por "circuncisão".
O que o apóstolo quer dizer com essa figura é que a circuncisão
que os judeus tanto valorizavam não passa de mera mutilação e
O CRISTIANISMO JUDAIZANTE 2 * S

que a verdadeira circuncisão é a do coração, isto é, o homem con­


vertido à fé cristã.

3. Um retrocesso espiritual, o Senhor Jesus libertou os judeus


da escravidão da lei e os gentios dos rudimentos do mundo.

"Mas, agora, estamos livres da lei, pois morremos para


aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em no­
vidade de espírito, e não na velhice da letra" (Rm 7.6).

“Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos


reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do
mundo" ( d 4.3).

t até compreensível um cristão de origem judaica guardar o sá­


bado, ainda mais, hoje, em Israel, que o domingo é dia normal de
trabalho, e os cultos são realizados nos sábados.

“Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais
todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em seu
próprio ânimo. Aquele quefaz caso do dia, para o Senhor o
faz. O que come para o Senhor come. porque dá graças a
Deus; e o que não come para o Senhor não come e dá graças
a Deus" (Rm 14.5, 6).

Trata-se, pois, de questão cultural, eles usam talit (manto usado


pelos judeus religiosos) e kippar (solidéu que eles usam sobre a ca­
beça), observam o kashruth (leis dietéticas), além de outros ritos,
mas, tudo isso, para preservar a identidade judaica, e nào como
condição para a salvação. Outrossim, eles não acusam e nem con­
denam os irmãos que abriram mão dessas praticas judaicas
29 6 HERESIAS E MODISMOS

"Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós


que haja eu trabalhado em vão para convosco" (G14.10, II).

A guarda de dias representava santidade para os judaizantes


legalistas e, até, elevava-lhes o nivel espiritual acima dos demais
cristãos, no entanto, o apóstolo afirma que se trata de retrocesso
espiritual: "Receio de vós que haja eu trabalhado em vão para
convosco".
Os judeus ortodoxos de hoje não acendem uma lâmpada no sá­
bado, não põem em funcionamento um veículo e nem usam eleva­
dor num dia de sábado, pois consideram tais atos como o de acen­
der fogo no sábado.

"Não acendereis fogo em nenhuma das vossas moradas


no dia de sábado" ( 35.3).
ê x

Os elevadores dos edifícios em Israel são programados para tor­


nar possível a chegada da pessoa ao andar desejado sem a neces­
sidade de apertar o botão. Os sabatistas atuais não observam es­
ses detalhes, e isso mostra que nem mesmo eles cumprem a guar­
da do sábado.

5. O sábado foi abolido. O sábado foi abolido com a chegada


do Novo Concerto e foi dado como sombras das coisas futuras, que
se cumpriram em Cristo. O Antigo Testamento vislumbrava essa mu­
dança (Jr 31.31-34). A profecia cumpriu-se em Jesus:

"8 Porque, repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias,


diz o Senhor, em que com a casa de Israel e com a casa de
)udá estabelecerei um novo concerto, 9 não segundo o con­
certo queJlz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão,
0 CRISTIANISMO lU D A IZA m t 397

para os tirar da terra do Egito; como nâo permaneceram na­


quele meu concerto, eu para eles não atentei, diz o Senhor.
10 Porque este é o concerto que, depois daqueles dias. farei
com a casa de Israel, diz o Senhor: porei as minhas leis no
seu entendimento e em s e u c o ra ç ã o as escrevereie eu lhes
serei por Deus, e eles me serão por povo. 11 E nâo ensinará
cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizen­
do: Conhece o Senhor; porque todos me conhecerão, desde o
menor deles até ao maior. 12 Porque serei misericordioso para
com as suas iniquidades e de seus pecados e de suas prevari­
cações não me lembrarei mais. 13 Dizendo novo c o n c e rto .
envelheceu o primeiro. Ora, o quefoi tomado velho eseen
velhece perto está de acabar"(Hb 8.8-13).

"Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber,


ou por causa dos dias defesta, ou da lua nova, ou dos sába­
dos, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de
Cristo" (Cl 2.16, 17).

Jesus é quem projeta sombra, o sábado é. pois. sombra, mas a


realidade espiritual na fé cristã é Cristo, e não. o sábado Os
adventistas do sétimo dia. no entanto, afirmam que o sábado men­
cionado em Colossenses 2.16 náo é uma referência ao sábado se
manai, trata-se dos sábados cerimoniais, ou anuais' Essa interpre­
tação, porém, não resiste à exegese biblica. pois as festas anuais |á
estão incluídas na expressão "dias de festa'

O apóstolo usou a mesma expressáo registrada no Antigo Testa­


mento, quando menciona as festas sagradas anuais, mensais ou
lua nova (pois a lua nova aparece a cada 28 a 30 dias e com ela
principia-se o novo mês) e semanais
298 HERESIAS E MODISMOS

“E para cada oferecimento dos holocaustos do SENHOR


nos sábados, e nas luas novas, e nas solenidades, por conta,
segundo o seu costume, continuamente perante o SENHOR’’
( I Cr 23.31).

"Eis que estou para edificar uma casa ao nome do SE­


NHOR, meu Deus, para lhe consagrar, para queim ar perante
ele incenso aromático, e para o pão contínuo da proposição,
e para os holocaustos da manhã e da tarde, nos sábados, e
nas luas novas, e nasfestividades do SENHOR, nosso Deus; o
que é perpetuamente a obrigação de Israel" (2 Cr 2.4).

"E isso segundo o dever de cada dia. oferecendo segundo


o preceito de Moisés, nos sábados, e nas luas novas, a nas
solenidades, três vezes no ano: na Festa dos Pães Asmos, e
na Festa das Semanas, e na Festa das Tendas" (2 Cr 8.13).

'Também estabeleceu a parte da fazenda do rei para os


holocaustos, e para os holocaustos da manhã e da tarde, e para
os holocaustos dos sábados, e das Festas da Lua Nova, e das
solenidades, como está escrito na Lei do SENHOR" (2 Cr 31.3).

Dizem que o imperador romano, Constantino, mudou o sábado


pelo domingo:

"O imperador Constantino estabeleceu o prim eiro decreto


dominical civil em 7 de março de 3 2 1 d. C. Em vista da popu­
laridade do domingo entre os adoradores pagãos do Sol e da
estima que muitos cristãos lhe dedicavam. Constantino linha
esperança de que. tornando o domingo um dia santo, obteria
ele o apoio das atuais correntes em favor de seu governo. O
OCmsTMMSMOJUOAJZAMTE 299

decreto dominical de Conslandno rejletía suas próprias ori­


gens como adorador do Sol".6

O capítulo 19 inteiro de Nisto Cremos é uma apologia à guarda do


sábado. A habilidade e o poder de persuasão igualam-se aos mu­
çulmanos e às testemunhas de Jeová. Qualquer desavisado, de co­
nhecimento biblico abaixo da média, pode confundir-se, mas uma
revisão na história do cristianismo e uma avaliação bfblica desfa­
zem os argumentos adventistas.
O que nos chama a atenção é a habilidade dessa gente. É verda­
de que os romanos dedicavam o primeiro dia da semana ao sol. era
o dia do sol, como em inglês, Sunday. Mas também, t verdade que o
Senhor Jesus ressuscitou no primeiro dia da semana. O primeiro
culto cristão aconteceu num domingo, o segundo, também Encon­
tramos no Novo Testamento os cristãos cultuando a Deus no do­
mingo, os judeus, sim, nas sinagogas, reuniam-se aos sábados

"Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da sema­


na, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos
judeus, se tinham ajuntado, chegou lesus, e pós-se no meio,
e disse-lhes: Paz seja convosco!... £ oito dias depois, esta
vam outra vez os seus discípulos dentro, e. com eles. Tomé.
Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou se
no meio, e disse: Paz seja convoscor do 20 19. 26)

"No primeiro dia da semana, ajuntando se os discípulos


para partir o pão, Paulo, que havia de punir no dia seguinte,
faiava com eles; e alargou a práuca até a meia noite' tAl 20 7>

"Ora. quanto á coleta que se faz para as santos, fazei vós


também o mesmo que ordenei as igrejas da Galácia No pn
300 liriJl SIAS I MODISMOS

maro dia tUi scmunu. cada um de vós ponha de parle o que


puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não
façam as colelas quando eu chegai" (I Co 16.1, 2).

O termo "domingo" significa "dia do senhor", vem de duas pala­


vras latinas dies, "dia",7 e dominicus, "do senhor, que pertence ao
senhor".8 A mesma expressão aparece no Novo Testamento:

“Eu fui arrebatado em espírito, no dia do Senhor, e ouvi


detrás de mim uma grande voz, como de trombeta" (Ap 1.10).

Há os que questionam "o dia do Senhor", aqui, como o domingo.


A expressão grega, nessa passagem, kv Tfj Kupiaicfj ryiépa (en tê
kyriakê hêmera), significa "no dia do Senhor" (Ap 1.10), kyriakos
"concernente ao Senhor"9 e hêmera "dia".10 Jerônimo traduziu por
dominica die, na Vulgata. Todavia, Inácio de Antioquia, um dos pais
da igreja que viveu na primeira metade do século II, interpretou essa
passagem bíblica como o domingo:

“Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram


à nova esperança, e não observavam mais o sábado, mas o
dia do Senhor, em que a nossa vida se levantou por meio dele
e da sua morte"11

Inácio usou a mesma palavra de Apocalipse 1. 10, kuriakos, e faz


menção da ressurreição de Jesus. Isso pode representar o pensa­
mento dos cristãos de sua geração.
O Ensino dos Doze Apóstolos, conhecido, também, como Didaqui,
datado entre 70 e 120 d.C„ documento com informações da vida
eclesiástica e crenças dos antigos cristãos, apresenta o domingo
como dia de culto:
O CRISTIANISMO IUDAIZANTE 301

*Reúnam-se no dia do Senhor para partir o pão e agrade­


cer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacrificio
de vocês seja puro".12

Justino, Mártir, apologista da igreja, morto em Roma. por volta


de 160 d.C , também, fez menção do domingo como dia de cultos
dos cristãos de sua época:

"Celebramos essa reunião geral no dia do sol, porquefoi o


primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a maté­
ria, fez o mundo, e também o dia em que Jesus Cristo, nosso
Salvador, ressuscitou dos mortos. Com efeito, sabe-se que o
crucificaram um dia antes do dia de Saturno e no dia seguin­
te ao de Saturno, que é o dia do Sol, ele apareceu a seus
apóstolos e discípulos, e nos ensinou essas mesmas doutri­
nas que estamos expondo para vosso exame".

Veja que Justino refere-se ao domingo como o dia do Sol. na


verdade, Jesus é o "Sol da Justiça" (Ml 4.2). Mas. ele aplica, também,
ao sábado, como o dia de Saturno, Saturday, em inglês, uma divin­
dade pagã. Essas amostras são suficientes para demonstrar a traje­
tória do domingo na vida da igreja, como algo natural e espontâ­
neo, pois nesse dia Jesus ressuscitou.
Assim, essa prática foi se tornando comum, sem decreto e sem
imposição. Foi algo espontâneo. Constantino apenas confirmou
prática antiga dos cristãos, e isso não faz do domingo um dia pa­
gão. O problema é que, depois de 321 d C , o domingo foi colocado
como sábado cristão, e isso não combina com a lé cristã Se o após­
tolo Paulo reprova os gálatas por causa da guarda de dias. como
estes querem estabelecer a observância do domingo’ Isso é, tam­
bém, legalismo.
302 HERESIAS E MODISMOS

O problema dos judaizantes é colocar a observância da lei como


complemento à obra de Cristo para a salvação. Foi justamente isso
que a Sra. Ellen Gould White fez, estabelecendo o sábado como con­
dição para a salvação:

"O sábado será a pedra de toque da lealdade: pois è o


ponto da verdade especialmente controvertido. Quando so-
brevier aos homens a prova final, traçar-se-á a linha divisória
entre os que servem a Deus e os que não o servem".N

Em outras palavras, a fé em Jesus, sem a guarda do sábado, não


é suficiente para a salvação. A lei é colocada como elemento com­
plementar para a salvação. Isso constitui-se heresia, pois, segundo
o ensino bíblico, o homem é justificado sem as obras da lei: "Con­
cluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da
lei" (Rm 3.28).
Os principais judaizantes da atualidade são os adventistas do séti­
mo dia. Há, porém, outros grupos que, também, entraram pelo mes­
mo caminho e são até exóticos. Estes não somente ensinam a guar­
dar o sábado, mas também outras práticas judaicas, como a festa dos
Tabernáculos, usos e costumes dos judeus (barbas, vestimentas, to­
cam o shophar, etc ). O Ministério Casa de Davi, liderado por Mike
Shea, com sede em Londrina, PR, é um desses grupos.

CONCLUSÃO

O cristianismo é religião de liberdade no Espírito e não um con­


junto de regras ou ritos, antes, dá muita ênfase ao relacionamento
individual do cristão com o Cristo ressuscitado (Gl 2.20). Devemos,
portanto, tomar muito cuidado, pois as aparências, formalismos,
fanatismos, ritos e práticas legalistas não são características do cris-
O CRISTIANISMO JUDAIZANTE 309

tianismo do Novo Testamento. Cristianismo é religião de liberdade


no espirito e não religião de ritos.
Por mais sincero que sejam os legalistas da Igreja da atualidade,
devemos lembrar que os opositores contemporâneos do apóstolo
Paulo, como muitos adeptos de seitas, vêm lutando contra a verda­
de do evangelho. O cristianismo judaizante é remendo novo em
vestidos velhos (Mt 9.16).
A salvação é pela fé em Jesus (Gl 2.16; Ef 2.2-10; Tt 3.5).

Notas
I B a lz A S c h e n e id e r. v o l. i. p 2011
* B a lz & S c h r x k fe r . v o l. II. p . 6 7 3 .
* B a lz & S c h n e id e r. v o l. I. p 2 2 5 7
* Ib id e in . v o l. II. p . 9 0 $
4 Nisto Crem os, p 3 3 0
4 Nisto Crem os, p . 3 4 6
' f a r i a . E r n e s to q p . c n . p . 174
* Ib k fe ffl. p IS 4
* B a lz A S c h n e id e r. v o l l. p 2 4 3 7
M B id e m , p v o l. l. p . l 7 8 6
II Padres Apostólicos. 2• ed Paulus. S Paulo. 1995. p 94 inacto ao** Magnésios 9 1
" Ibidem. p 357 Didaqut. 14 l
,J JUSTINO. M ártir justtno dc Roma. pp 83. 84 Apologu 1. 07 7
'* WHITE, Ellen G O Grande Conflito, p 0 11
* ■ "N
' * :J >
L
CAPÍTULO 10

A TEOLOGIA DA
PROSPERIDADE


tysagçm dos profetas da Prosperidade está centrada na
ie.e' riaÇppsperidade, e não na salvação, sendo um desvio
do verdadeiro evangelho de Cristo.
O movimento Confissão Positiva não é denominação e nem
seita, mas um movimento no seio das igrejas pentecostais e
neopentecostais, que enfatiza o poder do crente em adquirir
tudo o que quiser. É, também, conhecido como Teologia da
Prosperidade, Palavra da Fé" ou "Movimento da fé". Sua ori­
gem está no ocultismo, suas crenças e práticas, algumas vezes,
são aberrações doutrinárias e outras heresias
306 HERESIAS E MODISMOS

I. HISTÓRICO

1. Sua origem . A Confissão Positiva é uma adaptação, com apa­


rência cristã, das idéias do hipnotizador e curandeiro Finéias Parkhurst
Quimby (1802-1866), conhecido como Pai das Ciências da Mente
Quimby era praticante da saúde mental e acreditava que o pecado, a
enfermidade e a perturbação só existem na mente das pessoas, e
não, na realidade. Chamava seu sistema metafísico de cura de "Ciên­
cia do Cristo", e, em 1863, chamou-o de "Ciência Cristã".
Os quimbistas criam no poder da mente, negavam a existência
da matéria, do sofrimento, do pecado e da enfermidade. Deles, sur­
giram vários movimentos ocultistas como o Novo Pensamento, as
seitas Ciência da Mente e Ciência Cristã, de M ary Baker Eddy.
Seus promotores querem, ainda hoje, passar-se por cristãos evan­
gélicos.

"Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até


vós vestidos como ovelhas, mas interiormente sâo lobos
devoradores" (Ml 7.15).

2. Essek W illiam Kenyon. o movimento Confissão Positiva sur­


giu de forma gradual a partir dos ensinos e escritos de Essek William
Kenyon (1867-1948), cujo ensino era inspirado na seita Ciência Cristã.
Em 1891, Kenyon ingressou na Emerson School o f Oralory (Escola
Emerson de Oratória), em Boston, EUA, escola eclética fundada e
dirigida por Charles Emerson:

"AUseencontroucom o Novo Pensamento de Finéias Quimby


sobre o poder da mente e os ensinos da Ciência Cristã".'

McConnell. em sua obra A Different Cospel, declarou:


A TEOLOGIA OA PROSPERIDADE 307

"Em seus 40 anos de ministério, a teologia de Emerson


evoluiu do congregacionalismo para o universalismo, para o
unitarismo, para o transcendentalismo, para o Novo Pensa­
mento (Nova Idéia), e terminou, Jinalmente, nas mais rígidas
e dogmáticas de todas as seitas metafísicas, a Ciência Cristã.
Emerson uniu-se à Ciência Cristã em 1903 e nela permane­
ceu envolvido até sua morte, em 1908. Sua conversão à Ciên­
cia Cristã fo i a última progressão lógica na sua evolução
metafísica do ortodoxo para o sectário"1

Kenyon empenhou-se nas campanhas, pregando salvação e


cura em Jesus Cristo, dando ênfase aos textos bíblicos que falam
de saúde e prosperidade. Aplicava a técnica do poder do pensa­
mento positivo. Não era pentecostal, pastoreou várias igrejas e
fundou outras.3 Ele foi influenciado pelas seitas Ciência da Men­
te, Ciência Cristã e a Metafísica do Novo Pensamento. Escreveu
16 livros, e, depois de sua morte, em 1948, sua (ilha encarregou-
se de publicar suas obras que "tiveram grande influência na Pa­
lavra da Fé'".4 Hoje, ele é reconhecido como o Pai do movimento
Confissão Positiva:

"Seus escritos tomaram-se, também, embrionário para o


ministério de Kennetrí Hagin, Kenneth Copeland. Don Gossett.
Charles Capps, e outros nos movimentos Palavra da Fé e Con -
fissão Positiva".5

3. C iência Cristã. É movimento religioso heterodoxo conheci­


do, tam bém , como Igreja de Cristo Cientifica, fundado em
Charlestown, estado de Massachusseits, EUA, em 1892, por Mary
Ann Morse Baker Glover Patterson Eddy. Ela foi paciente de Quimby,
num tratamento de enfermidade na coluna A origem de suas cren-
308 HERESIAS E MODISMOS

ças não é Bíblica. Muitas delas, como por exemplo, a que nega a
realidade do pecado, do mal e da enfermidade vieram de Quimby.
Ela foi além de Quimby, pois não só negava a existência da en­
fermidade mas também a existência da própria matéria. O conteú­
do teológico de seu movimento tem vínculos com a experiência
pessoal, adquirida nas práticas ocultistas que aprendeu de Quimby.
Sua religião é plágio dele,6 mas ela e seus adeptos, ainda hoje, afir­
mam que seus princípios vieram de Deus para restabelecer o cristi­
anismo primitivo e seu elemento de cura.
A Ciência Cristã traz em seu bojo as mesmas características dou­
trinárias dos demais movimentos religiosos heterodoxos. Sua fonte
de autoridade é a própria fundadora, cuja doutrina está registrada
na obra Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, publicada em
1875. Nega os pontos principais da fé cristã: ensina que Deus é um
Princípio impessoal,' nega a Trindade,® a divindade de Jesus, sua
morte e sua ressurreição.9
O problema começa logo pelo nome do movimento:

“No ano de 1866, descobri a Ciência do Cristo, ou as leis


divinas da Vida. da Verdade e do Amor, e dei à minha desco­
berta o nome de Christian Science".10

Trata-se de nomenclatura inadequada, pois. na verdade, não é


ciência e muito menos cristã. Não é ciência porque nega a realidade
da matéria; não pode ser cristã porque nega as doutrinas cardeais
do cristianismo.
A Ciência Cristã fundamenta suas crenças na interpretação metafísica
da Bíblia Esse método é falso, pois dá o direito a cada um fazer o que
quiser com o texto sagrado. Isso é porta aberta para a eisegese. ou seja.
introduzir crenças peculiares e subjetivas no texto Bíblico, para dar
embasamento a sua doutrina, como fazem as demais seitas. Isso permi-
A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE 30 9

te o movimento atribuir significados exóticos, dando sentido diferente


aquilo que o autor sagrado diz no texto. A hermenêutica tem regras
classificadas num sistema ordenado e metódico.
Apresentamos pequena amostra sobre a realidade da Ciência
Cristã, e Kenyon, no entanto, disse que muito se poderia aproveitar
da idéia de Mary Baker Eddy,

4. Kenneth Hagin. É reconhecido como mestre, prolixo autor e


advogado da mensagem da "Palavra da Fé”. Nasceu prematuramente,
em 1917, com problema de coração e ficou inválido durante 15 anos.
Ele converteu-se ao evangelho em 22 de abril de 1933, e, no ano
seguinte, o Senhor Jesus o curou. Ele recebeu o batismo no Espirito
Santo em 1937, ano em que ele tomou-se ministro penlecoslal, de­
pois pastoreou seis igrejas no estado do Texas."
Hagin foi o principal expositor das idéias de Kenyon:

“Hagin estudava os ensinamentos de Kenyon e começou


a divulgá-los em seus próprios livros, cassetes e seminários
Dava muita ênfase à palavrafé, o confessar por fe a realiza­
ção atual de certas promessas bíblicassobrea saude e a pros­
peridade“. 12

Em 1974, fundou o Centro Rhema de Adestramento Bíblico, em


Oklahoma. Em 1988, mais de 10 000 estudantes já haviam se for
mado nessa escola.13 Muitos pastores e movimentos foram inlluen
ciados por Hagin.

II. FONTES DE AUTORIDADE

I . Revelação ou inspiração de seus lideres. Hagin lai di­


ferença entre as palavras gregas pf)|aa trhémat. palavra, coisa"."
310 HERESIAS E MODISMOS

e Xóyoç (logos), "palavra, discurso, razão, pregação, logos".15Ainda


hoje, os seguidores da Confissão Positiva afirmam ser logos a pa­
lavra de Deus escrita, a Bíblia, e rhêma, a palavra falada por Deus
em revelação ou inspiração a uma pessoa em qualquer época,
Desse modo, o crente pode repetir com fé qualquer promessa bí­
blica, aplicando à sua necessidade pessoal e exigir o seu cumpri­
mento.16
Os adeptos da Confissão Positiva crêem ser a Bíblia a inerrante e
inspirada Palavra de Deus, mas não única, pois admitem a palavra
do crente ter a mesma autoridade. As fontes de autoridade são a
Bíblia, as revelações de seus líderes e a palavra da fé. O crente deve
declarar que já tem o prometido por Deus nos textos bíblicos, e tal
confissão confirmar-se-á. A confissão negativa é reconhecer a pre­
sença das condições indesejáveis. Basta negar a existência da en­
fermidade, e ela simplesmente deixará de existir. É a doutrina de
Quimby, da seita Ciência Cristã e do Movimento Nova Era.

2. Aautoridade para a vida do cristão. Atribuir tanta autorida­


de assim às palavras de uma pessoa extrapola os limites bíblicos. A
emoção caiu, também, com a natureza humana no Éden e, por isso,
a fé cristã não pode ser fundamentada na experiência humana.

“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e


perverso; quem o conhecerá?~ (Jr 17.9).

As experiências pessoais são marcas importantes na vida dos


penlecostais, cremos em um Deus que se comunica com os seus
filhos por sonhos, visões, profecias, mas essas experiências são para
a edificação pessoal e não para se estabelecer doutrinas. O cristia­
nismo autêntico não deve ir além das Escrituras Sagradas. A Biblia
é a única autoridade para a vida do cristão.
A TEOLOGIA DA PROSPERIOADt »11

"A lei e ao testemunho’ Se eles nãofalarem segundo esta


palavra, nunca verão a alva" (Is 8.20).

"E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Es­
pírito derramarei sobre toda a carne; e os vossosfilhos e as
vossasfilhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os
vossos velhos sonharão sonhos; e também do meu Espirito
derramarei sobre os meus servos e minhas servas, naqueles
dias, e profetizarão" (At 2.17, 18).

“E eu, irmãos, apliquei essas coisas, por semelhança, a


mim e a Apoio, por amor de vós, para que. em nós, aprendais
a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo o
favor de um contra outro" (I Co 4.6).

III. RHEMA E LOGOS

1. Termos que se coincidem. O vocábulo rhêma aparece 68


vezes, e logos, 330, no texto grego do Novo Testamento, Como nào
existem sinônimos perfeitos, exatamente iguais, aqui. também, nào
é diferente. O termo rhêma significa "palavra, coisa", quanto a logos.
os léxicos, no entanto, apresentam extensa variedade de significa­
dos como: "palavra, discurso, pregação, relato etc": no entanto,
ambos os termos coincidem-se:
0éo0e úpclç ciç m cita úpwi’ touç Aáyouç toutouç-
ó yàp ulòç toú àvSpúiTou ptAAti irapa6i6oaQai. ti;
Xelpa; àvôpiómjv. oi ãt rjyiúoui’ tò pí|ia touro
Ktci V napaKtKoAuppti’01' iin' aútúji- 'iva pq
aio0(i>vrai aütó, xai tiJiopoCpvTo tputqoai autòv
TTtpi TOÜ ptfiatoç tOÚTOU (U 9 44. 45)
312 HERESIAS E MODISMOS

"Ponde vós estas palavras em vossos ouvidos, porque o


Filho do Homem será entregue nas mãos dos homens. Mas
eles não entendiam essa palavra, que lhes era encoberta, para
que a não compreendessem; e temiam interrogá-lo acerca
dessa palavra" (Lc 9.44, 45).

O primeiro termo para "palavra" é iogos e os outros dois, rhêma


(rhêmatos é forma flexionada de rhêma). Os conceitos de rhêma e de
Iogos, inventados por Hagin não resistem à exegese bíblica. Não é
verdade que haja a tal diferença entre as referidas palavras gregas,

2. Termos usados para designar as Escrituras. Ambos os ter­


mos são igualmente usados para identificar as Escrituras Sagradas:

'Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas


da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece
para sempre. 24 Porque toda came é como erva, e toda a glória
do homem, como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua
flor; 25 mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E
esta é a palavra que entre vósfoi evangelizada" (1 Pe 1.23-25).

Os W- 24 e 25 foram tirados do Antigo Testamento (Is 40.6-8). O


termo "palavra" aparece três vezes nessa passagem. No v. 23, afir­
ma que fomos gerados de semente incorruptível "pela palavra de
Deus". A "palavra", no texto grego, aqui, é Iogos. No v. 25, o referido
termo aparece duas vezes: "a palavra do Senhor" e "a palavra que
entre vós foi evangelizada". O termo usado para ambas é rhêma:

Aóyou Çüjvtoç Oeoü


"Palavra viva de Deus"(l Pe 1.23).
A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE 3 1 1

TÒ 6'« ^fftltX TOÛ 0EOÛ T||i(âl/ péw i í l ç TOV aiÛl/Œ


(Is 40.8 - LXX).
“Mas a palavra de nosso Deus subsiste etemamenteC.

TÒ ÔÈ p f|ia Kupíou (lÉVíl ÍLÇ TOV aíÚ M t(l Pe 125)


“Mas a .palavra do Senhor-permanece para sempre

O apóstolo Pedro registrou, nessa passagem, sua própria tradu­


ção do texto hebraico (Is 40 8), não se trata, pois, de citação ipsis
litteris da Septuaginta. Mas, de qualquer forma, fica provado que os
dois termos, rhëma e logos, são usados, indistintamente, para de­
signar as Escrituras.
A mesma coisa acontece no evangelho de Marcos, onde encon­
tramos, também, xòv kóyov toü 0eoü (logon lou theou), "palavra de
Deus" para designar as Escrituras Sagradas:

“Invalidando, assim, a palavra de Deus pela vossa tradi­


ção, que vós ordenastes. E muitas coisasfazeis semelhantes
a estas" (Mc 7.13).

Esses exemplos provam, por si só, que o conceito de Hagin é


falacioso, portanto, sem base bíblica.3

3. Falácias da Confissão Positiva, a visão deles de confissão


positiva, ou mesmo negativa, é conceito falso que não se confirma
na Bíblia e nem na prática. Deus é Senhor e soberano, e nós, os seus
servos. O Senhor Jesus ensinou-nos Seja feita a tua vontade, tanto
na terra como no céu" (Mt 6.10). O cristão submete-se á vontade de
Oeus, isso revela a falácia dos promotores da Confissão Positiva A
Biblia ensina, ainda, que devemos confessar nossas culpas para ser­
mos sarados, e isso não parece ser confissão positiva
314 HERESIAS E M ODISM OS

"Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pe­


los outros, para que sareis; a oraçãofeita por um justo pode
muito em seus efeitos" (Tg 5.16).

IV. CRENÇAS E PRÁTICAS

I . Teologia. Com exceção da fonte de autoridade, a maioria


segue a linha ortodoxa no que diz respeito aos pontos cardeais da
fé cristã. Há ampla diversificação entre eles, por não se tratar de
uma seita, mas de um movimento que permeia as igrejas. Sobre
Deus. há, até, os ortodoxos como nós, mas há, também, desvios.
Uns são unicistas, Hagin envolveu-se com W illiam Branham ,1' fun­
dador do movimento Tabernáculo da Fé; outros deificam o homem,
como Hagin:

'Você é tanto uma encarnação de Deus quanto )esus Cris­


to ofoi. Cada homem que nasceu de Deus é uma encarnação
tanto quanto ofoi Jesus de Nazaré".18

Há mais declarações de Kenneth Hagin e de outros líderes do


movimento, catalogados por Hank Hannegraaf, em seu livro Cristia­
nismo em Crise, e por Paulo Romeiro, no livro Super Crentes. No en­
tanto, não são todos que pregam a deificação do homem. Essa falta
de padrão doutrinário existe, também, sobre a identidade e obra do
Senhor Jesus.
Essa crença parece-se com as idéias hindus da deificação huma­
na, discutida no capítulo sete sobre as seitas orientais. Os mórmons,
diante desses disparates da Confissão Positiva, tomaram-se con­
servadores, pois, aqueles acreditam que ainda vão ser deuses, e es­
ses pregam que já são deuses. Veja a refutação biblica nos capitulos
três e sete.
A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE 3 IS

2. Sua marca. A marca distintiva deles são saúde e prosperida­


de financeira. Não é fiel o cristão que apresentar problemas de saú­
de ou não Tor rico. Assim, distorcem a mensagem do evangelho de
Jesus Cristo. Glória Copeland escreveu:

'Tens um título de propriedade para a prosperidade. Jesus


comprou e pagou por tua prosperidade tal como pagou por
tua salvação... Esta propriedade já te pertence". ”

Isso não tem base bíblica. Se é verdade que "Jesus comprou e


pagou por tua prosperidade tal como pagou por tua salvação", vale
dizer que todos os salvos devem ter propriedades, quem não tem
não é salvo. São mensagens como essa que trazem sérios proble­
mas para a igreja, pois nem todos os crentes em Jesus possuem
propriedade; muitos vieram para as igrejas em busca de saúde e
riqueza, hoje, eles estão decepcionados

"Duas coisas te pedi; não mas negues, antes que mor­


ra: afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa, ndo
me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do
pão da minha porção acostumada, para que. porventura,
defarto te não negue e diga; Quem é o SENHOR?Ou que.
empobrecendo, venha a furtar e lance mão do nome de
Deus" (Pv 30.7-9).

"E disse-lhes: Acautelai-vos eguardai vos dj avareza, por


que a vida de qualquer não consiste na abundância do que
possui" (Lc 12.15).

O apóstolo Paulo aprendeu a se contentar na abundância e na


necessidade:
316 HERESIAS E MODISMOS

"Nâo digo isto como por necessidade, porque já apren­


di a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido e
sei também ter abundância; em toda a maneira e em to­
das as coisas, estou instruído, tanto a ler fartura como a
ter fome, tanto a ter abundância como a padecer neces­
sidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece”
(Fp 4.11-13).

Parece que o evangelho dos profetas da p ro s p e rid a d e não serve


para os ricos e os saudáveis fisicam ente. O S e n h o r Jesus, no entan­
to, m andou pregar a toda a criatura:

"E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a


toda criatura" (Mc 16.15).

"Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em


nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a
guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado, e eis que
eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos sécu­
los. Amém!" (Ml 28.19, 20).

O objetivo principal da vinda de Jesus a o m u n d o foi para salvar


os pecadores e nâo para trazer riquezas m a te ria is aos pobres e saú­
de para os enfermos. É verdade que seu m in is té rio foi coroado de
êxito no campo da cura divina e da lib ertação , m as esses atos sào
conseqüências do perdão, da nova vida em Cristo

"Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espirito


Santo e com virtude: o qual andou fazendo o bem e curan­
do a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com
ele" (At 10.38).
A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE 311

"Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação: que


Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos
quais eu sou o principal" (I Tm 1.15).

A mensagem dos profetas da prosperidade pode fazer sentido nos


países ricos onde as oportunidades são mais amplas, mas não nas
tribos e aldeias das regiões mais pobres do planeta. Isso é mais uma
prova de que se trata de evangelho humano, contrário à Bíblia, pois
as boas novas de Jesus Cristo são para todos os povos e para todas as
épocas, são as boas novas de salvação para todos os seres humanos.

"Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo sal­


vação a todos os homens" (Tt 2.11).

CONCLUSÃO

Nós somos pentecostais e cremos na atualidade dos dons espiri­


tuais, mas discernimos muito bem quando a manifestação é de Deus
ou de fogo estranho. Temos promessas de Deus, e a história, desde
os textos bíblicos, registra inúmeros testemunhos de sinais, prodí­
gios e maravilhas:

"E eles, tendo partido, pregaram fxv todas as piirtes, c<v


perando com eles o Senhor e confirmando a paUn ra com os
sinais que se seguiram Amém'" (Mc 16 20)

Esses pregadores, no entanto, a começar pela origem, estão fora


do padrão bíblico Devemos, portanto, combater abusos e aberra­
ções doutrinárias desses pregadores, tendo o cuidado de não ser­
mos levados ao ceticismo e ao indiferenlismo religioso Religião sem
sobrenatural é mera filosofia
d l« HERESIASE MODISMOS

Notas
' WALKER. Luisa Jeter de. C ual Cam ino ?. p 184.
• MCCONNELL. D R. a Different Gospel, pp. 3 6.37. Citado por Paulo Romeiro, S u p e r Crentes, p. 8
3 BURGESS. Stanley M.; MCGEE. Gary B ; ALEXANDER. Patrick H D ic tio n a ry o f Pentecostal a n d
Charismatic Movements, p Si 7
♦Ibidem. p S I7
'Ibidem ,p S i7
• EHRENBORG. Todd M in d Sciences, p 8
’ Ciência e Saúde, p 473
* Ibidem, pp 256.331
* Ibidem, pp 44**•4 6.361
"Ibidem, p 107
"BURCESS. Stanley M ; MCGEE. Gary B . ALEXANDER. Patrick H O p a t ,p . 34$
'»WALKER, Luisa Jeter de op. c ri.p >85.
13 BURGESS, Stanley M., MCGEE. Gary B.; ALEXANDER. Patrick H. Op. a t . p 34$
14 Balz & Scheneider. vol n, p ■.307.
'* Ibidem, vol li. p 1.307.
** WALKER. Luisa Jeter de Op crt .p 188
" ROMEIRO. Paulo Super Crentes, p 1 3 .
•• HAGIN, Kenneth Word o f Förth, p. 14 Cilado por Paulo Romeiro, op.cit., p 50
" ANKERBERG. John e WELDON. John. The Facts o n th e False Teaching in the C hu rc h , p 37 Citado
por Luisa Jeter de walker, o p tit., p. 191.
CAPITULO 11

O TRIUNFALISMO

Os (riun/alistas são os mercadores da Palavra de Deus. que des­


prezando os princípios básicos da hermenêutica e da exegese bí­
blica, aplicam de forma errônea os textos bíblicos em beneficio
própiio. Seu objetivo é, basicamente, mercadológico, porissousam
os mesmos recursos de marketing para persuadir o povo a rece­
ber suas crenças e práticas.
Seus líderes inventam campanhas, tentando realçá-las em tex­
tos e personagens do Antigo Testamento, empregandofiguras
e símbolos, completamentefora do contexto bíblico, comoponto
de contato paia estimular a fé e, também, para arrecadarfun
dos. Alguns deles usam os meios de comunicação para criticar
e atacar a teologia e o estudo sistemático da Palavra de Deus
320 HERESIAS E M 0 U S M 0 S

I. OS MERCADORES DA PALAVRA DE DEUS

1. Falsificadores e mercadores. Desde muito cedo na história


do cristianismo, já havia aproveitadores, que usavam a Palavra de
Deus visando lucros pessoais.

"Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da


palavra de Deus. antes, falamos de Cristo com sinceridade,
como de Deus na presença de Deus" (2 Co 2 .17).

O termo grego para "falsificadores" é KanqXéuw (kapêleuõ). "ne­


gociar com. comerciar no varejo, colocar à venda";1 "traficar, co­
merciar em pequena escala... falsificar, adulterar"2*, "negociar,
mercadejar, buscar lucro"'

O substantivo Káwr|Ào<; (kapêlos), "comerciante de varejo, de coi­


sas usadas, traficante"5, aparece na S ep tuag inta com o sentido de
mistura: "A tua prata se tornou em escórias, o teu vinho se misturou
com água" (ls l .22). O vinho não se m istura sozinh o, isso é trabalho
do kapêlos,

O verbo kapêleuõ só aparece um a vez no N ovo Testamento. 0


apóstolo está referindo-se tanto aos m ercadores, aqueles que usam
a Palavra de Deus, visando interesses pessoais, c om o aos falsifica­
dores, que adulteram e sofismam a Palavra para ag rad ar as pessoas
e delas tirar vantagens. É a prática da sim onia

2 . 0 que é simonia? Tom ás de A quin o d e fin iu a sim onia como


"a deliberada vontade de co m p rar ou v e n d e r alg o espiritual".5 A
palavra vem de Sim ão m ágico, de S am a ria , que pretendeu com­
prar com dinheiro as coisas espirituais (At 8 .1 8 -2 1 ). Hoje, é aplí-
0 TRIUNFAUSMO 321

cada aos mercadores da fé que oferecem por dinheiro as bênçãos


divinas. A sua presença é constante em algumas igrejas
neopentecostais:

"Em várias seitas praticantes da cura... e nos


televangelistas... Talvez a igreja universal (sic) do Reino de
Deus (cfl seja o modelo de simonia... Em seus ritos de cura
atuam convencidos de que, quanto mais dinheiro se entrego,
consegue-se mais e melhor cura das enfermidades e o bem-
estar material, o êxito profissional, etc.".6

O apóstolo Paulo via, em seus dias, essa tendência mercadológica


e, para co m b atê-la, usou uma palavra com o significado de falsifi­
car ou mercadejar a Palavra de Deus, Isso envolve práticas da
simonia, adulterar a Palavra de Deus, fazer da religião comércio e
faltar com a sinceridade diante de Deus, visando interesses pesso­
ais. O apóstolo rebate os simoniacos e. ao mesmo tempo, reafirma
a sua sinceridade, quando diz: "antes, falamos de Cristo com since­
ridade, como de Deus na presença de Deus" (2 Co 2.171. Ê essa sin­
ceridade que falta em muitos tríunfalistas.

3. Forma bíblica de levantar recursos financeiros, obra a


de Deus faz-se com milagres e recursos financeiros. A Biblia
estabelece regras para levantar recursos financeiros, como
dízimos e ofertas:

Trazei todos os dízimos á casa do tesouro, fxira que ha/o


mantimento na minha casa. e depois fazei prcna de mim, di/
o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos ahnr as ianelas do
céu e náo derramar sobre vós uma benção tal, que dela vos
advenha a maior abastança" (Ml 3 10)
322 HERESIAS E MODISMOS

O apóstolo Paulo baseava o método de levantar fundos no siste­


ma sacerdotal, estabelecido na Lei de Moisés e nas palavras do pró­
prio Senhor Jesus.

"Quem jamais milita à sua própria custai’ Quem planta a


vinha e não come do seuJfuto? Ou quem apascenta o gado e
não come do leite do gado7Digo eu isso segundo os homens?
Ou não diz a lei também o mesmo? Porque na lei de Moisés
está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão.
Porventura, tem Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certa­
mente por nós? Certamente que por nós está escrito, porque
o que lavra deve lavrar com esperança, e o que debulha deve
debulhar com esperança de ser participante.. Assim ordenou
também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam
do evangelho" d Co 9.7-10).

Há, todavia, abusos, muitos confundem fé cristã com negóciose


colocam a igreja nessa esfera, isso banaliza o sagrado e reduz as
coisas de Deus à categoria de mero produto comercial. Profanação
é considerar comum tudo o que é sagrado O tema do culto cristão
é o Senhor Jesus, e não as ofertas.

4. Os neopentecostais. Nome dado aos grupos que surgiram a


partir da década de 70 e multiplicaram-se rapidamente, trazendo
em seu bojo inovações teológica e litúrgica O termo surgiu nos Es­
tados Unidos:

"O prefixo neo mostra-se apropriado para designá-la tan­


to por remeterá sua formação recente quanto ao caráter ino­
vador do neopeniecostalismo Embora recente entre nós, o
termo neopentecostaf foi cunhado há vários anos nos EUA
0TR1UNFAUSM0 323

Lá, na década de 70, ele designou as dissidênciaspentecostais


das igrejas protestantes, movimento que posteriormente foi
designado de carismático".'

A Igreja Nova Vida, fundada pelo bispo canadense Roberto


McAlister, “foi o agente catalisador do neopentecostalismo no Bra­
sil".* As principais igrejas neopentecostais brasileiras são:
• Igreja Universal do Reino de Deus. fundada em 1977 por Edir
Macedo juntamente com R. R. Soares, no Rio de Janeiro. Nos últi­
mos anos vem despertando curiosidade do povo por causa de sua
inovação e criatividade na liturgia, como a Sessão Descarrego e a
forma de levantar recursos financeiros.
• Igreja Internacional da Graça de Deus, fundada por R. R. Soares,
em 1980, quando se desligou da Igreja Universal do Reino de Deus.
Sua liturgia também é inovadora nas reuniões do Show da Fé.
• Igreja Apostólica Renascer, fundada pelo casal Estevam e Sônia
Hernandes em São Paulo, em 1986, chamam-se a si mesmos por
"apóstolo" e "bispa".
• Comunidade Sara Nossa Terra, fundada por Robson Rodovalho,
em 1976, sua sede é em Brasília, DF.
• Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo, fundada por Valnice
Milhomens, em 1994, recebeu o titulo de "apóstola" em 1999.
• Igreja Cristo Vive, fundada por Miguel Ângelo em 1986.

A marca distintiva delasé a Confissão Positiva*Os triunfalistas


são neopentecostais que trouxeram elementos da Confissão Positi­
va: doutrina da saúde e prosperidade.
Roberto McAlister, no seu livro intitulado Dinheiro um Assunto
Altamente Espiritual, publicado em 1981, fala da prosperidade finan­
ceira. Ele critica alguns hinos do hinário da Assembléia de Deus. a
Harpa Cristã, citando a primeira estrofe de alguns deles:
324 HERESIAS E MODISMOS

Quão glorioso, cristão, é pensares


Na cidade que não tem igual,
Onde os muros são de puro jaspe,
E as ruas de ouro e cristal;
Pensa como será glorioso
Ver-se a triunfal multidão,
Que cantando, aguarda a chegada
Dos que vencem a tribulação. (Hino 26)

Quando a luta desta vida


Trabalhosa se findar,
O adeus a este mundo vamos dar;
Para o céu então iremos,
Com Jesus nos encontrar
Na Jerusalém de Deus. (Hino 94)

Quando esta vida de lutas cessar,


Vou para o céu meu descanso gozar
Com meu Jesus, lá na glória sem fim;
Oh! Que ventura será para mim! (Hino 357)

Usando esses hinos como amostragem McAlister conclui:

"O que acabamos de citar é teologia pura, ensinada atra­


vés de hinos cantados por literalmente milhões de brasileiros,
crentes em Jesus Cristo, os quais acreditam cabalmente que
neste mundo não há senão tribulações, lutas, além de tesou­
ros impossíveis de segurar.10

Que erro há nesses hinos? Nenhum. Eles têm conteúdo teológico


fundamentado na Bíblia. A pátria celestial que lemos na Bíblia e
0 TRIUNFAUSMO S I S

cantamos em nosso hinário não desvia o foco dos crentes com rela­
ção às coisas terrenas. Há equilíbrio, não deve haver nenhum extre­
mo nem outro. A Bíblia fala contra aquele que só pensam nas coi­
sas terrenas:

"O fim deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a


glória deles é para confusão deles mesmos, que só pensam
nas coisas terrenas. Mas a nossa cidade está nos céus, donde
também esperamos o Salvador, o Senhor fesus Cristo, que
transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu
corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar tam­
bém a si todas as coisas" (Fp 3.19-21).

Os cristãos expressam por meio dos hinos seus anseios, suas


esperanças, aquilo que acreditam, o que McAlister chama de “teo­
logia do hinário". Nossos hinários, no entanto, não pregam tribula­
ções e lutas. Esses e outros hinos expressam os encantos e maravi­
lhas do nosso lar no céu e, de fato, lá, terminarão as nossas preocu­
pações e labuta. A questão de prosperidade e saúde não está no
contexto desses hinos.
Qual personagem biblico não teve seus momentos de dificulda­
des e luta? O cristão nunca foi bem recebido no mundo:

“Se o mundo vos aborrece, sabei que, primeiro do que a


vós, me aborreceu a mim. Se vásfôsseis do mundo, o mundo
amaria o que era seu, mas, porque não sois do mundo, antes
eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos aborre­
ce" (Jo 15.18, 19).

"E também todos os quepiamente querem viverem Cristo


Jesus padecerão perseguições“(2 Tm 3.12).
326 HERESIAS E MODISMOS

No relatório do apóstolo Paulo aos anciãos de Éfeso, ele fala que


servia ao Senhor com "humildade e muitas lágrimas e tentações...
ciladas" (At 20.19). Acrescentou que ia para Jerusalém sem saber o
que esperava: "senão o que o Espírito Santo, de cidade em cidade,
me revela, dizendo que me esperam prisões e tribulações" (Al
20.23) Todas essas lutas e tribulações um dia terão fim:

“E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá


mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as
primeiras coisas são passadas" (Ap 214)

Temos, aqui, promessas de Deus de que na glória não haverá


"lágrima, morte, pranto, dor", pois existem enquanto estivermos no
mundo: "no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci
o mundo" (Jo 16.33).
Nossos hinos têm fundamentos bíblicos e nenhum deles está
falando de riqueza ou pobreza, saúde ou enfermidade, mas das
lulas do dia-a-dia do cristão. Os triunfalistas, porém, a partir de
McAlister, desviram o foco da mensagem cristã. Mais adiante
McAlister escreveu:

"Durante mais de vinte e cinco anos de ministério, sem


falhar uma única vez o hábito, tenho assumido o púlpito com
duas coisas preparadas: minha mensagem bíblica e o apelo
para as ofertas"."

Todos os crisLãos sabem que a oferta é parle da adoração a Deus


e que isso é algo natural nos cultos. Colocá-la como objetivo do culto
é desvio do verdadeiro culto cristão Os principais líderes
neopentecosiais, como Edir Macedo, R. R Soares e Miguel Ângelo,
vieram dessa escola, pois saíram da Igreja Nova Vida.1' Esses herdei-
O TRJUNFAUSMO 3 2 7

ros de McAlister inovaram na mensagem do dinheiro, estabeleceram


métodos não bíblicos e estranhos aos evangélicos pentecostais.
Eles não têm escatologia e nem manifestam o interesse pelo céu.
Imagine alguém cantando o hino Jesus é Melhor, na Sessão Descar­
rego ou no Show da Fé:

Jesus é melhor, sim, que ouro e bens.


Jesus é melhor do que tudo que tens,
Melhor que riquezas e posições,
Melhor muito mais do que milhões

O hino é um poema de RheaF. Millerde 1922, que George Beverly


Shea, da Igreja Metodista Wesleyana, encontrou sobre o piano, quan­
do compôs a música,13
Nas reuniões dos triunfalistas, não pregam ser Jesus melhor
que ouro e bens. mas o contrário. Não pregam o céu, mas rique­
zas e posições.

II. OS HERÓIS DA FÉ

I . A rtifício s dos tríunialistas. Os triunfalistas dão, aleatoria­


mente, nomes às suas campanhas dos feitos grandiosos registrados
no Antigo Testamento, prometendo solução imediata aos proble­
mas financeiro e de saúde. Para isso. inventam as campanhas do
jejum de Gideão, do jejum de Calebe. Campanha dos 318 pastores,
etc. Inventaram o culto dos empresários e convida os endividados,
falidos, às vezes, com famílias à beira da ruina.
A retórica baseada na fisiologia do é "dando que se recebe" apre­
senta um Deus corretor de imóvel ou negociante, visão distorcida
que até mesmo McAlister criticou. A mensagem de salvação é es­
quecida O estilo estereotipado "meu amigo! minha amiga!" identi­
32S HERESIAS E MODISMOS

fica. facilmente, um desses grupos. Seus pastores são peritos em


arrecadar fundos nos cultos. Sua escola é mais para ensinar essas
técnicas do que mesmo teologia.

2. Os que fizeram proezas. Encontramos na Bíblia que muitos


fizeram proezas pelo poder de Deus, como Cideão, Baraque, Sansão,
Jefté, Davi, Samuel, entre outros.

“E que mais direi?Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão,


e de Baraque, e de Sansâo, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel, e
dos profetas, os quais, pelafé, venceram reinos, praticaram a
justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões,
apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da
fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram
emfugida os exércitos dos estranhos" (Hb 11.32-34).

Deus tinha propósitos específicos com esses homens no seu proje­


to da redenção humana. Essas conquistas foram para o povo de Deus
e não para deleites pessoais (Tg 4.3). É lastimável alguém usar essas
passagens bíblicas para prometer ao povo carros importados, man­
sões e outras prosperidades materiais. É assassinar a exegese bíblica,
no entanto, há os que já estabeleceram essa prática como doutrina.

3. Os mártires e perseguidos, a lista dos heróis da fé, regis­


trada em Hebreus 11, mostra, por si só, as falácias dos triunfalistas.
Nela. encontramos os que fizeram sucesso em nome do Deus de
Israel, mas também, os que padeceram:

“E outros experimentaram escárnios e açoites, e até ca­


deias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mor­
tos a fio de espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e
O TR1UNFAUSM0 329

de cabras, desamparadas, aflitos e maltratados (homens dos


quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e
montes, e pelas covas e cavernas da terra" (Hb 11.36-38)

isso mostra que. para cada crente. Deus tem propósito especifi­
co, um plano para cada um, portanto, nem todos receberam cha­
madas para sucesso financeiro.

III. A HERMENÊUTICA DOS TRIUNFAUSTAS

1. Exegese, o vocábulo "exegese" vem do grego t£t|Y>loiç


(exêgésis), "exposição, explicação".MO termo não aparece no Novo
Testam ento, m as está presente na Septuaginta (Jz 7.15). A preposi­
ção €K (ek) "de, desde, por causa de. por meio de".14cuja idéia é de
dentro para fora; o verbo hêgeomai, "conduzir, crer, opinar, consi­
derar como".16 O sentido de exegese é extrair, conduzir para fora. e
não, simples comentário ou mera exposição, mas comentário criti­
co, ou seja. interpretação, analisando o texto no seu contexto origi­
nal histórico e literário e o seu significado na atualidade (Ne 8 8) Os
princípios da exegese são conhecidos como hermenêutica, a ciên­
cia da inteipretação. A interpretação correta vem de dentro da Bí­
blia para fora dela.2

2. Eisegese. a interpretação peculiar e tendenciosa vem de fora


para dentro As seitas são especialistas nisso, é o oposto da exegese,
chama-se eisegese. A preposição grega t iç (eis), "a. para dentro, para.
em direção a".'; indica movimento de fora para dentro Trata-se de
uma maneira de contrabandear para o texto das Escrituras Sagra­
das suas crenças e práticas peculiares
A serpente, no Éden. argumentou com Eva algo que Deus não
havia falado
330 HERESIAS E MODISMOS

“E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda


árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciên­
cia do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em
que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2.16, 17).

"Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do


campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mu­
lher. É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do
jardim?" (Gn 3 .1).

Ora, Deus disse: "De toda árvore do ja rd im c o m e rá s livremente".


A proibição era, apenas, com relação à "árvore da ciência do bem e
do mal". A serpente, no entanto, in verteu os fatos e aproximou-se
de Eva, perguntando: "É assim que D eus disse: N ã o comereis de
toda árvore do jardim?", A intenção da pergunta distorcida é atingir
o seu objetivo e não o compromisso com a verdade.
Satanás citou fora do contexto o salmo 91.

"Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te


guardarem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão
nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pe­
dra" (SI 91.11. 12).

“Então o diabo o transportou à Cidade Santa, e colocou-o


sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de
Deus, lança-te daqui abaixo, porque está escrito: Aos seus
anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos,
para que nunca tropeces em alguma pedra" (Mt 4.5, 6).

Satanás falou para o Senhor lançar-se do pináculo do templo


para baixo, citando a promessa divina, de guardar os seus servos,
0 TWUNFAUSMO 331

registrada no livro dos Salmos. Deus prometeu guardar o crente de


todo o mal. no entanto, o salmo não descreve isso. Isso é diferente
de uma pessoa provocar, conscientemente, o acidente. Essa arti­
manha de Satanás parece-se muito com os argumentos dos sofistas
e dos líderes de seitas.
Hoje, muitos triunfalistas são campeões na aplicação da eisegese

"Porque o SENHOR, teu Deus, te abençoará, como te tem


dito; assim, emprestarás a muitas nações, mas não tomarás
empréstimos; e dominarás sobre muitas nações, mas elas não
dominarão sobre ti" (Dt 25.6).

"E o SENHOR te porá por cabeça e não por cauda; e só


estarás em cima e não debaixo, quandoobedeceresaosman-
damentos do SENHOR, teu Deus, que hoje te ordeno, para os
g u a rd ar e fa z e r" (D t 28.13).

Muitos usam passagens bíblicas como essas, que são promessas


divinas para um povo. Israel, e aplica de maneira individual na vida
das pessoas A condição para o povo de Israel ser abençoado é obe­
decer "aos mandamentos do SENHOR... para os guardar e fazer"

IV. O ESTUDO DA PALAVRA DE DEUS

I . Interesse pela ignorância, a igreja Católica proibiu a lei­


tura da Bíblia aos leigos no Concilio de Toulouse. França, em 1222
Isso facilitou ao clero romano a manipulação do rebanho duran­
te séculos. Hoje, a história parece repetir-se, pois há campanha
sistemática de alguns desses triunfalistas contra o estudo da Pa­
lavra de Deus, pois querem ensinar algo que não está de acordo
com a Bíblia
332 HERESIAS E MODISMOS

Eles não nos respeitam e nem os demais irmãos das igrejas co­
irmãs. Proferem seus ataques contra todos nós, que amamos e es­
tudamos a Palavra de Deus, porque representamos uma ameaça a
eles, pois sabem que, dificilmente, ficarão com eles os que desco­
brirem a verdade na leitura e no estudo da Bíblia.

'Todas asformas e todos os ramos da teologia sàofúteis,


não passam de emaranhados de idéias que nada dizem ao
inculto, confundem os simples e iludem os sábios. Nada acres­
centam à fée nadafazem pelos homens, a não ser aumentar
sua capacidade de discutir e discordar entre si". '*

A primeira contradição é que suas crenças são, também teolo­


gia, a diferença é que a deles não apresenta sustentação bíblica.
Observe, ainda, que a Bíblia é vista como livro de experiência:

"Poder-se -ia dizer que vemos, no Antigo Testamento, a


experiência religiosa de um povo, Israel; nos evangelhos, a
experiência de Jesus, nos Atos, a experiência religiosa dos
apóstolos, e nas epístolas, a experiência religiosa da Igreja. O
livro de Apocalipse seria, então, o último capítulo da experi­
ência religiosa da humanidade".

Doutrina muito estranha, pois a vontade de Deus é que seus fi­


lhos leiam, meditem e examinem as Escrituras Sagradas:

"Não se aparte da tua boca o livro desta Lei, antes, me­


dita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer con -
form e tudo quanto nele está escrito , porque, então, farás
prosperar o teu caminho e, então, prudentemente te con­
duzirás“ (Js 18).
0 TRIUNFAUSMO 3 3 3

“Bem-aventurado o varão que não anda segundo o con­


selho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores,
nem se assenta na roda dos escamecedores. Antes, tem o seu
prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de
noite’(SI i.i. 2).

"Ora, estesforam mais nobres do que os que estavam em


TessalÔnica, porque de bom grado receberam a palavra, exa­
minando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim'
(At 17.11).

2 . 0 cuidado com o formalismo. Alguns de nossos pionei­


ros, nos primeiros anos de nossa história, posicionavam-se contra
o curso formal de teologia, mas nenhum deles jamais manifestou
ojeriza pelo estudo da Palavra de Deus, antes, o contrário, eram os
maiores incentivadores do conhecimento bíblico Eles criaram as
nossas conhecidas escolas bíblicas de obreiros para oferecer a to­
dos os interessados o conhecimento mais aprofundado das Escri­
turas Sagradas:

"Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro


que não tem de que se envergonhar, que maneia bem a pala
vra da verdade" (2 Tm 2.15).

A preocupação deles, com justiça, era a de evitar o formalismo e a


ordenação de ministros simplesmente pelo fato de eles possuírem di­
ploma de teologia, pois o ministério quem dá e o Senhor lesus Cristo:

~E ele mesmo deu uns para apostolas, e outros para pro


fetas. e outros para evangelistas, e outros para /xistores e dou
tores"tEf 4.11)
334 HERESIAS E MODISMOS

3. O poder da Palavra de Deus. os que freqüentam esses


movimentos nem sempre o fazem com o propósito de servir a Deus.
é verdade que se converteram a Cristo mediante o trabalho dos
triunfalistas, isso ninguém deve negar, pois a Palavra é a semente
(Mt 13.19), uma mão enferma ou infeccionada que semeia a se­
mente não compromete a germinação e nem o seu nascimento. De
fato, muitos estão lá, porque receberam a promessa de ficar ricos e
de ter seus problemas resolvidos, e não como resultado do novo
nascimento em Cristo Jesus. Quem segue um evangelho errado pode.
também, terminar num céu errado.

CONCLUSÃO

A mensagem sensacionalista que pregam não tem consistência


bíblica O centro da adoração cristã é Jesus, no entanto, nessas reu­
niões invocam os demônios, para depois "amarrá-los". O que pare­
cia simples desvio, oriundo da transição da lei para a graça de al­
guns que confundiam sinagoga com igreja, era de fato algo muito
sério O apóstolo Paulo amaldiçoou os legalistas da Galácia porque
estavam privando os cristãos da liberdade, e comprometia o cerne
do evangelho, como foi estudado no capítulo 10. Da mesma forma,
as manipulações dos promotores triunfalistas, cujo discurso destoa
do de Jesus e de seus apóstolos, registrados no Novo Testamento,
mantém o povo sem conhecer o verdadeiro Jesus.
Trata-se de evangelho nào-crislocêntrico, de um sistema que priva
o povo de ouvir a verdadeira mensagem de salvação pela graça,
mediante a lé em Jesus isso é, também, muito sério, e são fatos que
vão além de mera aberração doutrinária. Por isso, hoje, muitos es­
tão decepcionados e, até, revoltados, pois sentem-se enganados. A
tal decepção não é com Deus e nem com a sua Palavra, mas com os
promotores do triunfalismo, falsificadores da Santa Palavra
0 TRIUNFAUSMO 335

Notas1*5
1Balz 6 Schenekfer. vol I. p. 2 194.
1URBINA. José M PabOn S de Dicaonano Manual Gnego-Espimol.p 324
’ Gingrich & Danker, p 403
* URBINA, José M Pabón S de. O p d t.. p. 324
vS um m a T h e o lo g ia n 2 2 9 Citado por GUERRA. Manuel. Op. a t . p 804
‘ GUERRA. Manuel O p C il. pp. 884.885
' MARIANO. Ricardo Neopeniecastats: SodotogudoNowhnuecastiibsmonoita&l.p 33
* ROMEIRO. Paulo D ecepcionados Com a Graça, p 44
' ROMEIRO. Paulo O p a t . , pp. 88.89.
^ MCALISTER. Roberto D tn h m ro u m Assunto A to m a re Cspmtual. p 29
" MCALISTER. Roberio O p c i t . p 210
ROMEIRO. Paulo O p at, p 46
5MORGAN. Robert J Then Sings M y Soul, p 2$0
*Liddell & Seen, p 593
v Balz & Schneider, vol I. p I 225
"ibidem, vol I. p I 766
' ibidem, vol I. p i 2 to
* MACEDO. Edir. A überiaçdo da Teoiigu p 17
' Ibidem, p 69
CAPÍTULO 12

A SUPERSTIÇÃO RELIGIOSA

.Superstição religiosa é um conjunto de crendices sem bases


Jactuàis, apoiado na ignorância, no desconhecido e no medo.
presente em todas as religiões novas e velhas. São crendices
nocivas à fé cristã, pois levam a pessoa a temer coisas inócuas
e depositar sua fé em absurdos. Quem já não viu alguém pro­
curar se proteger com um galho de amida. com ferradura de
cavalo na porta de casa. ou usar uma jiga, esperando obter
sucesso com os amuletos? Os supersticiosos eslão inclinados a
acreditar em tudo. menos na Palavra de Deus
338 HERESIAS E MODISMOS

I. ETIMOLOGIA

1. O termo grego. O substantivo õcLOLÔcupoina (deisiclaimonia),


"temor de Deus, superstição, religião",1aparece só uma vez no Novo
Testamento:

‘Tinham, porém, contra ele algumas questões acerca de


sua supeistiçâo e de um tal Jesus, defunto, que Paulo afirma­
va viver (At 25.19).

O adjetivo ôc loiôaíptov (deisidaimõn), "piedoso, religioso"/ apa­


rece, também, só uma vez no Novo Testamento:

"E, estando Paulo no meio do Areópago, disse. Varões


atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos"
(At 17.22).

Nenhuma dessas palavras aparece na Septuaginta O termo vem


do verbo grego õeíõu (deidõ), "temer"3 e õaípcjv (d a im õ n ), "demô­
nio, espírito maligno"." Assim, o sentido literal é de temer aos de­
mônios ou aos deuses.

2. O termo em nossas versões, a a r a e a TB traduziram


esses vocábulos por "religião" e "religioso". Agripa, na qualidade
de judeu, embora desconhecendo a natureza da questão sobre a
ressurreição de Jesus, jamais chamaria isso de mera superstição
(At 25.19). O apóstolo Paulo, no Areópago, em Atenas, empregou
o termo com "amável ambiguidade", como sugeriu Thayer.5 Os
gregos empregavam-no com sentido positivo, como piedoso ou
religioso, com sentido negativo com o supersticioso O Dr
Robertson afirma:
A SUPERSTIÇÃO RELIGIOSA 339

"Parece improvável que Paulo tenha dado um bofetão em


seus ouvintes ao começar seu discuiso. Aforma em que usou
este adjetivo, aqui, colori o discurso de Paulo diante do Con­
selho do Areópago“ 6

3. O term o latino. Jerônimo, na Vulgata Latina, traduziu os re­


feridos termos por superstitio (At 25.19). que significa "superstição,
excessivo receio dos deuses, religião, culto, veneração",’ e su-
perstitiosus, "supersticioso” (At 17.22).
Havia diferença entre religião e superstição no mundo roma­
no, que o cristianismo, mais tarde, terminou adotando. Segundo
Agostinho de Hipona, o homem supersticioso distingue-se do re­
ligioso, citando Varrão, autor romano (116-27 a.C ), afirma que o
supersticioso teme os deuses como inimigos, e o religioso reve­
rencia-os como pais:

"Que significação merece o parecer que do homem su­


persticioso distingue o religioso, dizendo que o supersticioso
teme os deuses e o religioso somente os respeita como a pais.
não os teme como inimigos?''.“

A idéia dessa palavra no mundo romano é de forma arcaica


de culto, como deterioração ou algo ultrapassado, rejeitado pela
religião oficial. Podemos resumir superstição como a crendice
do medo:

"Assim diz o SENHOR: Não aprendais o caminho das na


ções, nem vos espanteis com os sinais dos cens. porque com
eles se atemorizam as nações "(Ir 10 2i
340 HERESIAS E MODISMOS

II. CARACTERÍSTICAS ANIMISTAS

1 . Animismo. Apesar de a superstição estar presente em to­


das as religiões, porém, é no animismo que ela, praticamente,
confunde-se. A palavra "animismo" vem do latim anim us. "espíri­
to, alma".9 É a crença que atribui vida espiritual ou alm a a coisas
inanimadas. Os animistas acreditam que plantas e animais pos­
suem alma, que a natureza está carregada de seres espirituais e,
mais, que o espírito dos mortos vagueia pelos lugares onde as
pessoas viviam ou costumavam freqüentar. É o resultado da que­
da do Éden:

"E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhan­


ça da imagem de homem corruptível, e de aves, e de
quadrúpedes, e de répteis... pois mudaram a verdade de Deus
em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o
Cnador, que é bendito elernamenle. Amém! E, como eles
se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus
os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas
que não convém" (Rm 123. 25, 28).

2. Fetiches. O termo, segundo Kurl E. Koch, vem da língua por­


tuguesa Os ídolos representam divindades, ao passo que o
fetichismo caracteriza-se por atribuir propriedades mágicas ou di­
vinas a certos objetos, "é o culto supersticioso aos fetiches, amuletos
e talismãs"11 Em muitos casos, os fetichistas dispensam a tais obje­
tos reverência, adoração, gratidão e oferendas, esperando receber
graças ou vinganças das divindades ou espíritos:

N a história d a religião entendem os p o r fetiche u m objeto


artijicial qu e se adora o u venera o u q u e é lew ido e m a m a
A SUPERSTIÇÃO RELIGIOSA M l

para a segurança pessoal. Crê-se que osfetiches estão dota­


dos ou animados de certo poder.11

3. Amuletos. O termo vem do latim amuletum, cuja idéia é "meio


de defesa"13 Segundo o Dicionário Latino-Português de F.R. Santos
Saraiva, significa: "amuleto, remédio supersticioso, que preservava
contra feitiços, veneno, etc. preservativo, lalismào"'* É a crença no
afastamento dos maus espíritos, apenas pelo uso de certos objetos
como galho de arruda, ferradura de cavalo na porta de casa. pé-de-
coelho. Os supersticiosos acreditam que:

“Um amuleto è um objeto carregado de uma força que


protege contra perigos mágicos ou satânicos".,s

Muitas vezes, são usados como objetos de adorno Oprofeta Isaias


incluiu os amuletos na lista de adornos femininos, traduzido por
“arrecadas” na ARC:

“Os diademas, e os enfeites dos braços, e as cadeias, e as


caixinhas de perfumes e as arrecadas" (Is 3.20).

A palavra hebraica, aqui, é mb(lahash), "cochicho, encantamento,


talismã" 16 É usada tanto para ornamento como para práticas
ocultistas, pois m uitos enfeites revelam, também, crendices, supers­
tições e outras práticas ocultistas:

"Se a cobra morder antes de estar encantada, então, re­


médio nenhum haverá no mais hábil encantador (Ec 10 l lt

"Porque eis que enviarei entre vós serpentes e basiliscos,


contra os quais não ha encantamento, e ins morderão, du o
SENHOR" tlr S 17)
342 HERESIAS E MODISMOS

4. Talismãs. Consiste em letras, símbolos ou palavras sagradas,


nomes de anjos ou demônios com o objetivo de proteger-se do mal.
Segundo Koch, o termo:

“Vem do árabe talismun e do grego telesma e quer dizer


em primeiro termo consumação, consagração, mas também
encantamento".

III. SUPERSTIÇÕES DO COTIDIANO

1. Rogos do espirro. " S a ú d e 1" , -Deus te crie1", ou expressão


mais erudita como Dominus caetum!, "o Senhor te crie!", hayim!,
"vida!", em Israel, gesundheith!, "boa saúde pra você", em alemão,
são expressões que ouvimos no nosso dia-a-dia quando alguém
espirra. Por que não acontece o mesmo quando alguém tosse? Os
antigos acreditavam que o espírito do homem residia na cabeça, e
um bom espirro era o suficiente para sua fuga e, ao fazer uma pe­
quena prece, ele permanecia na pessoa que espirrou 18 Hoje, isso já
virou etiqueta social.

2. Sexta-feira 13. O número 13 é tido, por alguns, como


bom agouro, e para outros, como infortúnio. Há, até, edifícios
em que passam do 12°. para o 14° andar, tem endo azar. A sex­
ta-feira 13 é considerada como dia de azar Uns atribuem a
origem da superstição do 13 azarado aos vikings ou outros
normandos; outros, ao cristianismo Sexta-feira foi o dia em
que Jesus morreu e 13 é referência a Judas Iscariotes, que, se­
gundo os supersticiosos, era o décim o terceiro homem da reu­
nião da Última Ceia ” Não há, portanto, indicio algum para
confirmar essa versão.
A SUPERSTIÇÃO RELIGIOSA 343

IV. SUPERSTIÇÕES SUPOSTAMENTE BÍBLICAS

1. S e g u n d a -fe ira azarad a. Os judeus não consideram a se­


gunda-feira bom dia para negócios, porque no relato da criação,
em Gênesis 1. não consta o registro "e viu Deus que era bom", como
aparece nos demais dias. Mas. no dia terceiro, aparece duas vezes a
expressão "e viu Deus que era bom" (Gn 1.10. 12). por isso é o dia
tradicional de cerimônia de casamentos e. também, o dia em que se
celebram grandes negócios em Israel O costume baseia-se na in­
terpretação incorreta de uma passagem bíblica, mas a bênção divi­
na para o sucesso não depende do dia em que o evento for realiza­
do, mas da confiança em Deus:

"Confia no SENHOR efaze o bemhabitarás na terra e. ier-


dadeiramente, serás alimentado. Delata-te também no SENHOR
e ele te concederá o que deseja o teu coração Entrega o teu
caminho ao SENHOR; confia nele, e ele tudo fará 'tSI 37 3-5).

2 . M e zu zá . Palavra hebraica que significa "portal, umbral, om­


breira" (Êx 12 7). Esse termo é usado, hoje, para identificar o peque­
no tubo metálico que os judeus usam no umbral direito da porta,
seguindo o prescrito na Lei de Moisés: "E as escreverás nos umbrais
de tua casa e nas tuas portas" (Dt 6.9; 11.20).
Isso não deve ser considerado superstição, pois tem fundamento
bíblico, como não é superstição um cristão colocar em seu lar qua­
dros com versículos bíblicos e outros motivos cristãos como identi­
ficação de sua fé. Os judeus cabalísticos da Idade Média, no entan­
to, transformaram a mezuzá em amuletos e talismãs, como objetos
d e p ro te ç ã o .A in d a hoje. o judeu, beija a mezuzá ao sair de casa e
ao chegar, pois em sua tradição, serve de lembrete ao homem para
q u e n ã o peque, e, também, para garantir lar feliz e vida longa 11
344 HERESIAS E MODISMOS

3. Superstição de origem lendária. A lenda de U lith. Palavra


hebraica de difícil tradução para as línguas modernas, pois nem sem­
pre é precisa. O termo aparece só uma vez na Bíblia, contado com
os cães bravos, com os gatos bravos e com os sátiros:

"E os cães bravos se encontrarão com os gatos bravos; e o


sátiro clamará ao seu companheiro; e os animais noturnos
ali pousarão e acharão lugar de repouso para si" (Is 3 4.14).

"Asferas do deserto se encontrarão com as hienas, e os


sátiros clamarão uns para os outros, fantasmas ali pousarão
e acharão para si lugar de repouso" (Is 34.14 - ARA).

"Asferas do deserto se encontrarão com as hienas, e os


sátiros clamarão uns para os outros; a bruxa se pousará ali e
achará para si um lugar de descanso" (Is 34 14 - TB).

Há, porém, expositores que acreditam não haver correlação com


"animais noturnos", como o morcego, a idéia é de "fantasma", como
encontramos na ARA. A TB traduziu por "bruxa".
Segundo a lenda judaica, Lilith foi a primeira esposa de Adão que
teria se desviado e transformou-se num demônio feminino e sensu­
al, figura sedutora de cabelos longos, que voa como coruja noturna
para atacar os que dormem sozinhos. O objetivo é ter filhos demô­
nios dos homens por meio de suas poluções noturnas. Para se pro­
teger dela, as famílias judaicas usavam um amuleto, com os dize­
res: "Adão e Eva excluindo Lilith".^4

4. O perigo da inversão de valores. Não confundir o Cristo da


cruz com a cruz de Cristo Os hebreus consideravam a simples pre­
sença da arca da aliança na guerra como garantia de vitória (I Sm
A SUPERSTIÇÃO RELIGIOSA »49

4 .4 -II) . Ainda hoje, alguns crentes crêem estar protegidos de infor­


túnios e mau augúrios só pelo fato de manter a Bíblia aberta no
salmo 91 numa das dependências da casa. Isso significa transfor­
mar a fé viva num Deus todo-poderoso em mera superstição ou
amuleto. A proteção vem da confiança em Deus e em obediência à
sua Palavra (Js l .8; l Jo 5.4).

5. Fé Cristã não é superstição. Os filhos de Ceva confundi­


ram-se, visto que a cidade de Éfeso era exlremamente mistica, en­
volvida com toda a sorte de superstição, interpretaram o apóstolo
Paulo como mais um mágico, com uma nova fórmula: o nome de
Jesus (At 19.13). Eles, no entanto, equivocaram-se, e. ainda hoje. há
os que transformam elementos cristãos em superstição. Baseado
em lendas de vampiros, muitos acreditam que só pelo falo de exibir
uma cruz podem expulsar os espíritos. Jesus disse: "em meu nome
expulsarão demônios" (Mc 16 17). Ele conferiu essa autoridade aos
seus servos (Mt 10.8) . Todos os que usarem o nome de Jesus como
amuletos terão a mesma decepção dos filhos de Ceva (At 19.16)

CONCLUSÃO

Há costumes na sociedade que, embora se baseiem em textos bí­


blicos, não passam de superstição, pois não há relação entre a tal
crendice e a passagem bíblica. Trata-se de interpretação aleatória,
sem consistência escrituristica e, completamente. fora dos princípios
da hermenêutica, nociva a fé cristã. Muitas superstições são de ou­
tras fontes, assim sendo, são uma forma de religião, e isso é idolatria,
pois essas pessoas respeitam detalhes vinculados ao oculto e ao so­
brenatural-' Crer nas coisas triviais ou nas aparentemente bíblicas è
rejeitara leem Deus ou acrescentar algo mais além dele Nós cremos
num Deus que pode nos guardar de todas as coisas (I Tm I 12
346 HERESIAS E MODISMOS
CAPÍTULO 13

O DISCERNIMENTO
ESPIRITUAL DO CRENTE

Discernimento é a habilidade conferida pelo Espinto Santo ao


cristão para distinguir o real do aparente e a verdade da menti­
ra Até aqui, aprendemos a precaver-nos das sutileias de Sata­
nás e dos perigos a nossa volta. Há heresias e aberrações dou­
trinárias internas e doutrinas, que separecem cristás. Por meio
de suas doutrinas é possivel o cristão reconhecer afonte. mas.
às vezes, são apresentadas de maneira tão sutil, tomando im­
possível seu discernimento sem a ajuda do Espinto Santo
34« HERESIAS E MODISMOS

I. DEFININDO OS TERMOS

1. Discernimento. Do grego ô ic tK p u ju ; (diakrísis), "distinção, dis­


puta, interpretação".1Aparece apenas três vezes no Novo Testamento:

"Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não


em contendas sobre dúvidas" (Rm 14.1).

"£ a outro, a operação de m aravilhase a outro, a profe­


cia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a
variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas"
(1 Co 12.10).

“Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais,


em razão do costume, têm os sentidos exercitados para
discernir tanto o bem como o m al" (Hb 5.14).

Com o sentido de contenda, disputa (Rm 14.1), capacidade de


escolher entre o bem e o mal, em virtude do crescimento espiritual
(Hb 5.14), e capacidade sobrenatural para distinguir a fonte da ma­
nifestação espiritual, se é de fato do Espírito Santo, ou espírito es­
tranho, demônio, ou, ainda, se é, simplesmente, um espírito huma­
no (1 Co 12.10).

2. Sinais e prodígios. O discernimento espiritual permite ao


cristão identificar a fonte das operações de maravilhas ou os supos­
tos milagres.

"Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no


meio de ti e te der um sinal ou prodígio, 2 e suceder o tal sinal
ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após
O DISCERNIMENTO ESPIRITUAL DO CRENTE 34 9

outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, 3 não ou­


virás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos,
porquanto o SENHOR, vosso Deus, vos prova, para saber se
amais o SENHOR, vosso Deus, com todo o vosso coração e
com toda a vossa alma” (Dt 13.1-3).

A palavra hebraica niR fôth), traduzida, aqui, por "sinal", é termo


genérico que significa: "sinal, marca, insignia, indício, estandarte, si­
nal miraculoso, prova, advertência".2 Quando o sentido é de sinais
miraculosos, 'ôth vem geralmente acompanhado do termo hebraico
n?1n (môphêth), "maravilha, milagre, sinal, feito"5(ê x 7.3; Dt 4.34; 6.22)
A Septuaginta usa o termo grego otiuiov (sêmeion), "nota carac­
terística, sinal que prediz, milagre que dá testemunho"2para os mi­
lagres operados por Jesus (At 2.22). A luz do texto sagrado, é perfei­
tamente possivel alguém manifestar tais sinais e maravilhas sem
ser enviado por Deus.

3. E spírito de adivinhação. Adivinhação consiste na revela­


ção de segredos do passado, do presente e do futuro Essa prática
associa-se à feitiçaria, que é o intento de usar poderes do mundo
espiritual para influenciar as pessoas ou até eventos, como mágico
num circo.

"E aconteceu que. indo nós d oração, nos saiu ao encon­


tro uma jovem que tinha espírito de adninhação. a qual. adi­
vinhando, dava grande lucro aos seus senhores. 17 Esta. se­
guindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que
nos anunciam o caminho da salvação, são senos do Deus
Altíssimo. 18 E istofez ela por muitos dias Mas Puulo. per
turbado, voltou-se e disse ao espirito: Em nome de lesus Cns
to. te mando que saias dela. £, na mesma hora. saiu.
350 HERESIAS E MODISMOS

19 E, vendo xus xnhores que a esperança do seu lucro


estava perdida, prenderam Paulo e Silas e os levaram à pra­
ça, à prexnça dos magistrados" (At 16.16-19).

A palavra grega usada para "adivinhação" é irúGwv (pythõn), "adi­


vinho, ventríloco, píton"5, nome de um dragão, que, segundo a mi­
tologia clássica, era guardião do templo de Apoio e o oráculo de
Delfos, no monte Parnasso.'>Acreditava-se que Apoio se encarnava
nessa serpente para inspirar as pitonissas. Na época dos apóstolos,
píton era um ventríloco. no grego éyYaoTpípuGoç (engastrimythos),
"ventriloquismo, espírito familiar"7, a mesma palavra usada na
Septuaginta para a pitonissa de Saul (I Sm 28.7).

II. AS ARMAS ESPIRITUAIS

1. Sentidos aguçados. O Senhor Jesus colocou à disposição de


cada crente as condições necessárias, habilitando-o, para fazer a
obra de Deus. Ele disse: "Eis que vos envio como ovelhas ao meio
d e lobos" (Mt 10.16) e para isso nos equipou com armas espirituais
d e defesa e de ataque ao reino das trevas. O discernimento espiritu­
al é importante arma do arsenal do Espirito Santo.

"Porque, andando na carne, não m ilitam os segundo a car­


ne. Porque as arm as da nossa m ilicia não são carnais, mas,
sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas; des­
truindo os conselhos e toda altivez que se levanta contra o
conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendim ento
á obediência de Cristo"(2 Co 10.3-5), 2

2. O dom do Espírito Santo. A experiência pentecostal é intimi­


dade c o m o Espirito Santo O Senhor Jesus proveu sua igreja com os
O DISCERNIMENTO ESPIRTTUAL DO CRENTE 131

dons espirituais, como recursos, para que possamos realizar as obras


de Deus. O discernimento de espíritos é um dos dons espirituais.
Não confundir com telepatia, nem com a arte de ler a mente de
outras pessoas e, muito menos, de "detetives espirituais". Não é
monopólio de nenhum crente, é dado à igreja, conforme a vontade
do Espírito Santo "repartindo a cada um como quer" (I Co 12.11) e
"para o que for útil" (I Co 12.7).
A área de atuação na vida cristã é muito abrangente. Muitos pen­
sam que o dom é restrito às profecias. Apesar de aparecer logo em
seguida do dom de profecia e da exortação paulina: "E falem dois
ou três profetas, e os outros julguem" (1 Co 14.29), discernir os espí­
ritos, no contexto do Novo Testamento, abrange muitos aspectos
da vida cristã. A advertência do apóstolo João: "Amados, não creiais
em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus" (1 lo 4.1)
serve para confirmar essa abrangência.
Visto que as manifestações podem vir de três fontes: Deus. Sata­
nás e do próprio homem, o Senhor conferiu à sua igreja a capacida­
de de identificar essas fontes com o dom de discernir os espíritos. É
correto, pois, afirmar ser esse dom a capacidade dada ao crente
pelo Espírito Santo para discernir com segurança a origem ou a fon­
te da manifestação do sobrenatural, na vida de uma determinada
pessoa, de modo que não seria possível por outros meios3

3. O discernim ento apostólico (V. 18). Há duas maneiras pra­


ticas para discernir a fonte da mensagem ou dos milagres: pelo con­
teúdo doutrinário (Hb 5.14; l lo 4.1) ou pela revelação do Espirito
Santo (At 5 .1-5). O apóstolo Pedro não teria como saber o propósito
de Ananias e Safira sem a intervenção do Espirito de Deus Em Filipos,
diz o lexto sagrado, "isto fez ela por muitos dias" (v 18). e o elogio
"Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são ser­
vos do Deus Altíssimo" (v 17) Isso parece mostrar que o discerni
»5 2 HERESIAS E MODISMOS

mento foi tanto pelo conteúdo doutrinário como também pela reve­
lação do Espírito Santo.

III. AS ASTÚCIAS MALIGNAS

1 . Uma mensagem embaraçosa, a jovem estava possessa,


tomada pelo espírito das trevas, logo a mensagem não vinha dela,
mas do espírito que a oprimia. Satanás é o pai da mentira (Jo 8 44) e
o principal opositor da obra de Deus (At 13.10). Vendo pela ótica
humana, dificilmente, alguém recusaria um elogio dessa maneira.
Satanás age, muitas vezes, de maneira sutil, que não é possível de­
tectar apenas com os recursos dos órgãos sensoriais.
O simples fato de uma profecia ou previsão cumprir-se, ou
m esm o de um a operação de maravilhas ocorrer, não são sufici­
entes para reconhecer a le g itim id a d e dessas manifestações, e
nem saber a origem da m en s a g e m ou do m e n s a g e iro . Os m agos
do Egito im ita ra m a M oisés d ia n te de F a ra ó , (Êx 7 .1 1 , 22; 8.7),
Jesus a d vertiu a firm a n d o que o a n tic ris to v irá fa z e n d o sinais,
prodígios e m aravilh as (M t 24,4), O a p ó s to lo P au lo a firm a que
os falsos profetas e os o breiros fra u d u le n to s tra n s fig u ra m -s e em
apóstolos de C risto, e S atanás, em a n jo de lu z (2 Co 1 1.13-15).
Em A pocalipse 13.2-4, lem os que a besta será a d o ra d a e a d m i­
rada por todos os m oradores da te rra em v irtu d e dos seus sinais
s o b ren atu rais
Nào é som ente a operação de m aravilh as que vai autenticar a
m anifestação, A chave principal para descobrir se é de Deus é saber
se está de acordo com a Palavra de Deus M as, co m o nem só de
teologia vive o cristão, é necessária a c o m u n h ã o com Espírito San­
to, pois a vida cristã apresenta seu lado prático, O apóstolo Paulo
era teólogo por excelência, profundo conhecedor da Palavra de Deus,
mas, no exercício do seu m inistério, o Espirito S anto estava sempre
O DISCERNIMENTO ESPIRITUAL 0 0 CREMTE 3S3

atuante. A adivinha Talava a verdade: Paulo e Silas eram servos do


Deus Altíssimo, anunciavam aos homens a salvação. Só com os
recursos espirituais é possivel identificar esse paradoxo, de fonte
estranha vir mensagem verdadeira.
No contexto deles, a salvação, não é a mesma pregada pelos
apóstolos. O texto não esclarece a que salvação o espirito imundo
referia-se, considerando ser termo comum entre os pagãos Essa
técnica é usada, ainda hoje. pelas seitas, a salvação dos mórmons.
por exemplo, apresenta sentido diferente daquela pregada pelo cris­
tianismo bíblico: como libertação dos pecados (Mt 1.21) e livramen­
to da condenação eterna (Rm 8 1). transformação pelo poder do
Espirito Santo (Tt 3.5).

2. Qual a intenção do espírito de adivinhação? Por que. en­


tão, o espírito adivinho elogiou os dois mensageiros de Deus ao
declará-los com o anunciadores do caminho da salvação e "servos
do Deus Altíssimo"? Porque era uma estratégia demoníaca para con­
fundir o povo. O propósito diabólico era transmitir ao povo a falsa
im agem de que a mensagem que Paulo e Silas pregavam seria a
m esm a da jovem adivinhadora. Ainda hoje, Satanás usa essa estra­
tégia para fazer o povo acreditar na falsa idéia de que todas as reli­
giões levam a Deus Essa mensagem é. diametralrnente. oposta á
Biblia; lesus é singular, o cristianismo é exclusivo, somente lesus
conduz o hom em a Deus (Jo 14.6; At 4.12)3

3 . O perigo do elogio. Sem dúvida alguma, aquele espírito


ad ivin h o esperava retribuição apostólica, ou seja. elogio sem elhan­
te D ificilm en te, repreendemos aqueles que nos elogiam ou falam
bem de nós. ainda mais. quando o fazem em público Os agentes
de S atanás fizeram o mesmo com o Senhor lesus. mas eles foram
desm ascarados:
384 HERESIAS E MODISMOS

"E, irazendo-o debaixo de olho. mandaram espias que se


fingiam de justos, para o apanharem e m a lg u m a palavra e o
entregarem à jurisdição e poder do governador. E pergunta­
ram-lhe, dizendo: Mestre, nós sabemos que falas e ensinas
bem e retamente e que não consideras a ap arên cia da pes­
soa. mas ensinas com verdade o caminho de Deus. É-nos
lícilo dar tributo a César ou não? E, entendendo ele a sua
astúcia, disse-lhes: Por que me tentais?" (Lc 20.20-23).

IV. DISCERNIMENTO

1 .0 falso e o verdadeiro. D eu s d e u a Is ra e l p ro fe ta s legítimos,


que falaram inspirados p elo E sp írito S a n to . M e s m o n o reino dos
profetas, Deus perm itiu o s u rg im e n to d e falsos p ro fe ta s (2 Pe 1.19-
21; 2.1). Como identificar o falso d o v e rd a d e iro ? O texto sagrado
diz: "profeta ou sonhador... te d e r u m s in a l o u prodígio" (Dt 13.1).
isso fala de sinais grandiosos, que p o d e m im p re s s io n a r os incautos.
0 termo: "Vamos após outros deuses" (Dt 13.2) m o s tra tratar-se de
milagres estranhos. Q ualquer u m , p o rta n to , m e s m o com o mínimo
de discernimento, tem condições de d is c e rn ir a fonte desses apa­
rentes milagres.
Quem realmente experim entou o p o d e r de D eus na vida não pode
ser levado por impostores. D eus p e rm ite o s o b re n a tu ra l de fontes
estranhas para provar a fé do c ie n te e a e x p e riê n c ia espiritual (Dl
13.3). O cristão nào deve ir atrás do s o b re n a tu ra l e nem de vanta­
gens, mas ficar na Palavra.2

2. A necessid ade d o d is c e r n im e n to , já vim os em capítulos


anteriores a possibilidade de m anifestaçõ es sobrenaturais por meio
de hom ens não com prom etidos com a v erd ad e Jesus disse que o
anlicrislo virá fazendo sinais, prodigios e m a ra v ilh a s , de maneira
O OISCERNIMEWTO ESPIRITUAL 0 0 CRENTE 9SS

tal que, se possível fora, enganaria, até, os escolhidos (Mt 24 24) Os


agentes de Satanás transformam-se em anjos de luz, e seus mensa­
geiros, em ministros de justiça (2 Co 11.13-15). O crente depende da
ajuda do Espírito Santo para discernir a verdade, e, para isso, é ne­
cessário estar em comunhão com ele.

CONCLUSÃO

Essa experiência do apóstolo Paulo é vista, ainda hoje. na vida


da igreja. Longe de ser fé teórica, a crença pentecostal é fundamen­
tada na Palavra, e cada crente vive essa experiência O dom de
discernir os espíritos é um dos dons espirituais que continua sendo
uma necessidade indispensável para a igreja nos dias atuais, e nâo,
meramente, para os dias apostólicos. Se a igreja é a mesma, se ser­
vi mos ao mesmo Deus, se somos discípulos do mesmo lesus e vive­
mos na mesma dispensação, é óbvio que essas bênçãos são para
nossos dias. Basta descobrir a finalidade desses dons para o cristão
conscientizar-se dessa realidade. A Bíblia revela que os dons espiri­
tuais vão desaparecer na vinda de Cristo:

"Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo lín­


guas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá, quando
vier o que é perfeito, então, o que é em parle será aniqui ■
lado" (I Co 13.8-10)

É dever do cristão nâo se levar pela manifestação de sinais so­


brenaturais sem antes ter certeza de sua origem Há quem defen­
da a ortodoxia cristã, mas nâo tem qualidade ética, não vive o que
prega e nem prega o que vive. Por outro lado. há quem viva uma
vida exemplar, mas cuja doutrina é heresia Que Deus nos aben
çoe e ajude-nos!
356 HERESIAS E MODISMOS

Notas 12*4
1 Balz & Schneider, vol 1, p 92S.
2 HARRIS, R Laird; ARCHER JR , Gleason L . WALTKE, Bruce K O p cit . p 27
J Ibidem, 112
4 Balz & Scheneider. vol II, p I 389
s Ibidem, vol II, 1 268
* GRJMAL. Pierre Dicionário da Mitologia Grega e Rom ana, p 37 9
’ LUST, J , EYN IKEL E . HAUSPIE, K A G reek-English Lexicon o f the Septuagint, vol I, p. 125
APÊNDICE FILOSÓFICO

f filosofia" pode ser definido como "amor de conheci-


fyehto-e sabedoria, busca daquilo, especulação, estudo".' vem
de duas palavras gregas <t>ÍA.oç (philos), "amigo", e oojiía
(sophia), "sabedoria".2 Uteralmente, é "amante da sabedoria"
Pitágoras/oi o primeiro a usar o termo na acepção dafilosofia
clássica. Ele aplicou o termo filósofo" a si mesmo. ■'Segundo
Diógenes Laércio <200 - 250 d.C.), 0 rei Leontes, numa conver­
safamiliar, perguntou se Pitágoras era sábio, 0 qual respondeu
que não era sábio, mas 4>iXía tfjç oocfiíai; (philia tês sophias),
"amante da sabedoria". •
Afilosofia grega combinava a religião, a moral e a metafísica e
empenhava-se “em entender e ensinar a maneira de viver bem
e sabiamente, que consistia em sustentar opiniões corretas a
respeito de Deus, do mundo, do homem e da virtude' 1 £ a
busca da sabedoria. A filosofia mais antiga manifestava sua
preocupação, basicamente, com especulações quanto à causa
do universo. Sua história pode ser dividida em três períodos
pré-socrático, clássico, e pós-socráãco
358 HERESIAS E MODISMOS

PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO

Nos séculos VI e V a.C, com as seguintes escolas filosóficas:


jónica, representada por três filósofos de Mileto, Tales, Anaximandro,
Anaxímenes e um de Éfeso, Heráclito; itálica, por Pitágoras; eleática,
por Xenófanes, Parmênides e Zenão; a alomista, por Leucipo,
Demócrito, Anaxágoras e Empédocles.

I. ESCOLA JÓNICA

1. Tales de M ileto. A Jônia era a região com 12 cidades na faixa


cosleira da Ásia Menor, na atual Turquia. A filosofia começou com a
escola jónica, e, assim, inicia-se o processo de ruptura entre a filo­
sofia e o pensamento mítico. Foi fundada p or Tales de Mileto (aprox.
640 -546 a.C). Ele deu início à filosofia ocidental. Inspirado na anti­
ga doutrina expressa em Homero e até nos povos orientais, defen­
dia a teoria de que tudo provém da água. Segundo Heródoto, Tales
previu um eclipse solar ocorrido na Jônia em 28 de maio de 585
a.C..6 Atribui-se também a ele os teoremas geométricos que levam
o seu nome.

2. Anaximandro. Seu discípulo e sucessor Anaximandro (610 -


547) buscava o princípio de tudo no ãncipon (apeiron), "indetermi­
nado, infinito"/ O elemento básico da natureza não é material, dife­
rente de Tales, que afirmava ser a água. Foi considerado salto teóri­
co importante na cosmologia. Anaximandro foi. também, o autor
do primeiro mapa-múndi e inventou o relógio do sol.“3

3. Anaxímenes. Foi discípulo e sucessor de Anaximandro (588


- 524 a.C ). Em sua opinião, o àf|p (aèr), "ar ou atmosfera",'* seria a
base de tudo no universo, ou seja, produz tudo o que existe.
APÊNDICE FILOSÓFICO 3 5 »

4. Heráclito. Foi contemporâneo de Parmênides e escreveu de­


pois de Pitágoras. Discordou de Tales e seus sucessores, e, ao con­
trário deles, afirmava que todas as coisas estavam em continuo flu­
xo, ram a pel (panta rei), "tudo flui'1, A matéria está em continua
mudança, e essa realidade é a mutação do devir, do "vir a ser. É
dele o dito: "Não se entra duas vezes no mesmo rio". Segundo
Heráclito, o Logos é a substância ou causa do mundo, a própria lei
cósmica. Dizia que o fogo seria o elemento básico do universo.

II. ESCOLA ITÁLICA

Seu principal representante foi Pitágoras, nascido em Samos por


volta de 580 a.C„ mas transferiu-se para Crótona, na Magna Grécia,
atual sul da Itália, e depois, em Metaponlo. fugindo à tirania de
Policrates Em Crótona. fundou uma escola filosófica e religiosa. Na
época, a religiosidade na Magna Grécia estava em transformação
com a presença dos orfistas. que tinham Orfeu como patrono. Na
Jônia. predominava a religião homérica, racionalizada em mitos so­
fisticados. Trata-se de uma religião de mistérios, calcada na prática
de rituais, e seus adeptos acreditavam na reencamaçáo e trans­
migração da alma:

*Baseavam na crença na imortalidadeda alma, conseguida


após muitas reencamações ou transmigrações, e o finalidade
riiualística era purificar a alma do iniciado para Inra-lo da
roda dos nascimentos’".“’

Pitágoras reafirmou a doutrina da reencarnaçào ou da transmi­


gração da alma. ensinada pelos orfitas. O conhecimento ou a vida
contemplativa era. segundo Pitágoras. a única maneira para liber-
tar-se da "roda dos nascimentos" Era defensor da abstinência se-
360 HERESIAS E MODISMOS

xual e, também, de certos alimentos, como carne e bebidas fortes,


frugalidades.
Ele via nos números e em suas relações o fundamento do uni­
verso. Ele explorou a geometria dos sólidos perfeitos e descobriu o
teorema que, ainda hoje, leva o seu nome. Segundo Aristóteles, os
pitagóricos foram os primeiros a tratar da matemática," e que eles
"constroem todo o universo a partir dos números".12

III. ESCOLA ELEÁTICA

1. Xenófanes. O nome da escola vem da cidade costeira grega


Eléia. Xenófanes é o filósofo mais antigo dessa escola, mas não o seu
fundador. Nascido em 570 a.C, em Colofão, cidade da Jônia, é reco­
nhecido como o geólogo mais antigo e fundador da paleontologia. Cri­
ticou o antropomorfismo e a ausência de Religião e ética em Homeroe
Hesíodo Nele, veio à tona, pela primeira vez, o pensamento monoteísta,
mas monoteísmo panteístico, pois confundia Deus com as coisas; para
ele DeusélÉv kou ttáv (hen kaipan), "um e tudo". Xenófanes tomou-se
interessante para a história da ciência e da religião.2

2. Parmênides. A escola eleálica foi fundada por Parmênides,


discípulo de Xenófanes. nascido em 540 a.C., em Eléia. Expôs sua
doutrina num poema em versos hexãmetros, apenas 160 versos so­
breviveram. A primeira parte trata da realidade, ou seja. da ãA.rj9ei.a
taletheio). "verdade, realidade";” a segunda, da aparência, õóÇcc (doxa).
"expectação, noção, opinião, julgamento, mera opinião, conjectura,
boa reputação, honra, glória".1-1
Segundo Parmênides, o "universo real é lodo único, individual,
eterno e imutável, e é objeto exclusivo do conhecimento; as coisas
mutáveis e perecíveis e os fenômenos (como o movimento, p. ex. )
são aparências e sobre tais coisas e fenômenos podemos somente
APÊNDICE FILOSÓFICO 361

fazer conjecturas".15 Nada mais existe além do Ser e do Uno. Essa


doutrina conduz ao monismo e ao panteísmo. A razão, a que
Parmênides chama A.0yo; (logos), conduz à realidade; os dados dos
sentidos, à aparência. Reconhecido como astrônomo e geômetra,
atribui-se, também, a ele, a "doutrina da esfericidade da terra e a
descoberta de que a luz da Lua é refletida do Sol".15

3. Zenão. Discípulo de Parmênides (490-430 a.C) - não confun­


dir com outro filósofo de mesmo nome que fundou a escola estóica
(354-260 a.C.) - escreveu em prosa defesa racional e habilidosa de
seu mestre. Seus paradoxos tornaram-se célebres entre os filóso­
fos. O mundo do bom-senso está repleto de contradições, dizia
Segundo Aristóteles, Zenão foi o criador da dialética

IV. ESCOLA ATOMISTA

1. Anaxágoras. A escola é chamada de "atomista". porque


Leucipo e Demócrito reduziram tudo a ãropov (àtomo/v. 'não cor­
tado, aquilo que não pode ser cortado, indivisível".Nasceu em
Clazômenas, na Jônia, em 499 a.C. e foi discípulo de Anaximenes.
Transferiu-se para Atenas por volta de 460 a.C , onde se estabele­
ceu Sustentava a teoria de que tudo provém de sementes ou par­
tículas, organizadas, acima de tudo, pelo voGç (nous>, "mente, in­
telecto, espírito, pensamento",1* um principio organizador, não in­
teiramente espiritual. Foi, também, astrônomo e dedicou-se ao
estudo da embriologia. Formulou explicação correta sobre os eclip­
ses e as fases da lua. Afirmava que a lua era uma terra, e o sol, um
bloco incandescente.2

2. Em pédocles. Nasceu em Agrigenio, na ilha da Sicilia, filóso­


fo controvertido e lendário, um misto de cientista e visionário Ex-
362 HERESIAS E MODISMOS

plicava que tudo se deriva de quatro elementos: terra, água, fogo e


ar; de dois princípios: amor e discórdia, pois unem e desunem.

3. Leucipo e D em ócrito. Leucipo de Mileto (450-420), foi o pri­


meiro filósofo grego a elaborar uma cosmologia atomista, depois
preservada por Demócrito de Abdera (460-370), discípulo de Leucipo.
Segundo Demócrito, tudo se reduz a átomos "infinitos em número,
iguais em qualidade, mas diferentes na forma, ordem e posição,
indivisíveis e eternos, que se movem no vácuo".19 Essas partículas
flutuavam ao acaso, minúsculas, de tal maneira que eram invisí­
veis. Essa teoria atômica foi defendida pelos filósofos epicureus,
atravessou os séculos, até 1800, essa teoria não evoluiu.
Cada escola ou cada filósofo estão em conexão com seus
antecessores ou sucessores, ora contrariando suas teorias e espe­
culações, ora concordando e ampliando essas linhas de pensa­
mento. O caráter inicial da filosofia era essencialmente físico. A
questão fundamental para os primeiros filósofos era a natureza,
antes de tornam-se metafísica e ramificar-se para a ética, estética
e antropologia.
Os pré-socráticos esforçaram-se para estabelecer qual era o princí­
pio (àpxf|. arché) das coisas, o principio pelo qual as coisas se originam
e de como os seres constituem-se Quanto a sua visão da natureza,
alguns desses filósofos eram monistas, e outros, pluralistas. Os monistas
afirmavam que existe um único gênero de substância; os pluralistas,
doutrina que admite pluralidade de substâncias no mundo.

PERÍODO SOCRÁTICO

O Período Socrático ou Clássico é o período áureo da filosofia


grega, quando chega ao seu clímax, abrange a escola dos sofistas,
Sócrates, Platão e Aristóteles.
APÊNDICE FILOSÓFICO 3 6 »

I. OS SOFISTAS

1. Significado do termo. O oajuoníç (sofistês) era um profes­


sor, por isso essa palavra era aplicada, também, aos poetas e edu­
cadores da Grécia como Homero, Hesiodo. Píndaro e outros Os so­
fistas são filósofos que se apresentavam como técnicos e professo­
res de técnicas, eram os mestres de retórica e cultura geral Seu
interesse era voltado para o homem e seus problemas, para o
relativismo da verdade e dos valores morais e a habilidade de sus­
tentar e refutar, ao mesmo tempo, teses contraditórias. O termo
adquiriu sentido pejorativo posteriormente, de onde a palavra sofis­
ma passou a significar habilidade de aduzir argumentos capciosos
ou enganosos, falsos raciocínios. Seus principais representantes são
Górgias e Protágoras.

2. G órgias. Nasceu em Leontini, na Magna Grécia por volta de


484 a C. Foi discípulo de Empédocles e conheceu as idéias pitagó-
ricas Ensinou primeiro na Sicília e transferiu-se para Atenas em
427, depois, estabeleceu-se em Larissa, na Tessália, onde viveu os
últimos anos de sua vida. Platão dedicou a Górgias um de seus diá­
logos. Sua tríplice tese: 1) o ser não é ou nada existe, 2) o ser não
pode ser pensado, 3) o ser não pode ser dito3

3. Protágoras. Natural de Abdera, nasceu em 481 a C Viajou por


cidades da Grécia e em Atenas, onde conviveu no circulo de
m u ita s
Péricles. Dele vem a marca fundamental do antropocentrismo dos
solistas: "o homem é a medida de todas as coisas, das que são, en­
quanto existem, e das que não são, enquanto não existem". Com isso.
afirma que tudo é relativo, e esse pensamento |á está em voga na
pós-modemidade A verdade e os valores morais são relativos Mas.
Platão discordou disso "Ora, para nós. é Deus que deverá ser a medi-
964 HERESIAS E MODISMOS

da de todas as coisas, muito mais do que o homem, conforme para aí


se afirma". Um dos diálogos de Platão é sobre Protágoras.20

II. SÓCRATES

1. Histórico. Vivia maltrapilho e descalço, era de feiura ini­


gualável: "rosto chato, nariz grande e aberto, olhos de boi saltados,
baixo, lábios grossos, malvestido, sempre enrolado num manto muito
pouco limpo e gasto, sempre apoiado num bordão"21, ia, todos os
dias, polemizar na praça do mercado. Nasceu por volta de 470 a.C.
em Atenas, filho de Sofronisco, escultor, e de Fenarete, parteira. Não
deixou nada escrito, o que se sabe de sua vida e de suas idéias pro­
vém de todos os diálogos Platão, seu discípulo, exceto As Leis. de
Xenofonte, de Aristófanes e de Aristóteles.
Interessou-se pela geometria e pela astronomia, que estudou com
um pitagórico e, também, pela cosmologia de Anaxágoras, no en­
tanto, não se deu por satisfeito, perdendo seu entusiasmo por ques­
tões da física, da natureza. Os relatos mostram que Sócrates foi ao
templo de Apoio, onde teria ouvido uma voz interior, do oráculo de
Delfos, a expressão: "Conhece-te a ti mesmo".
Sócrates indispôs-se contra os poderosos de Atenas, foi acusado
de não crer nos deuses da cidade, e de corromper os jovens. Por
causa disso, o tribunal condenou-o à morte, foi sentenciado a to­
mar cicuta, aos 70 anos, em 399 a.C.2

2. Fundador da ciência m orai. Sua preocupação concentra­


va-se no culto à virtude, no dominio próprio, no raciocínio indutivo
e na definição de conceitos Opondo-se frontalmente, aos sofistas,
às vezes, era considerado um deles, recusava-se ser identificado
com eles. É reconhecido como o fundador da ciência moral. Formu­
lava perguntas de ordem moral, sobre temas como em que consiste
APÊNDICE FILOSÓFICO 165

a justiça, a coragem, a covardia, a piedade, e assim por diante. Ele


separou a ciência moral da ciência da natureza. Considerava esté­
reis as especulações cosmológicas dos pré-socráticos.

3. Modus operandi. Tomou-se famoso porque fazia perguntas


que levavam as pessoas à reflexão. Partia do principio: "só sei que
nada sei". Iniciava as discussões afirmando nada saber diante do
oponente que julgava saber tudo. Com perguntas hábeis, desmon­
tava a certeza do oponente, levando-o a reconhecer sua ignorân­
cia. A primeira parte, destrutiva, é a chamada ironia, do grego
eipcoL/ç ía (árõneia), "simulação, ironia, pretexto, emprego de pre­
texto". A segunda etapa é a maiêuüca, do grego pniíunxn tÉxvri
(maieulichè tekhnê), "arte da parteira", pois compara os seus ensi­
nos a essa arte, que consiste em dar à luz conhecimentos que se
formam na mente de seus discípulos.“ Para Sócrates, a verdade não
vem de fora, mas de dentro. Assim, destruía o conhecimento con­
vencional dos seus dias para reconstrui-lo na procura da definição
dos conceitos.
III. PLATÃO

Foi discípulo de Sócrates, nasceu em Atenas em 427 a C . des­


cendente de Sólon. por parte de mãe. do rei Codro. fundador de
Atenas, por parte de pai.1

1. Obras. Suas grandes obras são os diálogos e a Academia


Seus escritos são os diálogos, forma de expressão filosófica ori­
ginada nele. Os primeiros diálogos, na ordem alfabética são; Apo­
logia. Criton. Càrmides. Crátilo. Euudemo, Euufron. Oorgias. Hipias
menor. Hipias maior. Laques. lon. Lisis. Mene.xeno. Mênon e
Proiagoras Os seis diálogos, considerados como produzidos na
sua maturidade, são: Fedão, Fedro. Republica. Ptirmêmdes. Simposio
366 HERESIAS E MODISMOS

(ou Banquete), Teeteto; os da sua velhice são: Leis, Filebo, Político,


Sofista e Timeu.

2. A Academia. A Academia de Atenas foi fundada e mantida


por Platão, considerado como o primeiro instituto de investigação
niosófica do Ocidente. Os discípulos eram cuidadosamente selecio­
nados e eram instruídos em todas as questões vinculadas à filoso­
fia. Nela, políticos, matemáticos e astrônomos formaram-se, e
Aristóteles foi seu aluno durante 20 anos. Imbuída no espírito
socrático da autonomia da razão a Academia ensinava o aluno a
pensar em lugar de transmitir doutrina. Rivalizava com a Escola de
Retórica do sofista Isóclates, fundada na mesma época, por causa
da heteronomia, ou seja, de sua submissão à norma de outrem. Isso
era contra o livre espírito de pesquisa, da criação de propostas, a
partir da teoria e da reflexão, e a busca daquilo que ainda desco­
nheciam. A Academia de Atenas foi o protótipo de todas as univer­
sidades e durou até o primeiro século a.C.3

3. A Alegoria da Caverna. Platão soube combinar o que consi­


derou importante no pensamento pré-socrático, que influenciou
Sócrates. Segundo Aristóteles“ e Diógenes Laércio,2,1 Platão expli­
cou o sensível, segundo Heráclito; o inteligível, segundo Pitágoras;
a política, segundo Sócrates.
A Alegoria da Caverna, em seu diálogo A República,25 num diálo­
go com Glauco, Platão ilustra o mundo da idéias. Imagine que todo
mundo está acorrentado, desde a sua infância, numa caverna, de
modo que, não podem se voltar para a entrada, podendo apenas
enxergar o fundo da caverna, onde são projetadas as sombras de
tudo que se passa às suas costas, onde há uma fogueira. Os prisio­
neiros julgam que essas sombras são realidade. Um dos prisionei­
ros solta-se e vai para fora da caverna, onde vê o mundo real. Ao
APÊNDICE FILOSÓFICO 3 6 7

retomar à caverna, ainda ofuscado pela realidade, é considerado


louco por seus companheiros, que o mataram.
Essa alegoria pretende mostrar que a condição do homem no
mundo é semelhante a de escravos numa caverna, só conseguem
enxergar sombras da realidade. A filosofia e a observação das coi­
sas reais são a saída da caverna. Não seria exagero concluir que a
alegoria afirma, indiretamente, que os habitantes da caverna mata­
ram seu mestre Sócrates.26
Segundo Platão, o mundo sensível, ou seja, tudo o que pode ser
tocado e sentido, flui; o mundo dos sentidos foi feito de matéria que
se corrói com o tempo. É a caverna, pois seus moradores têm as
sombras como realidade. O mundo inteligível é eterno e imutável,
espiritual ou abstrato, é o mundo real, o mundo das idéias. As coi­
sas do mundo sensível não passam de sombras ou representações
do mundo do inteligível. Um cavalo, por exemplo, existem raças
diferentes, cores e tamanhos, mas ninguém terá dificuldade em re­
conhecer um cavalo, ele nasce, cresce, reproduz, fica velho, adoece
e morre. Esse é o cavalo do mundo sensível, mas sua forma é eterna
e imutável, ele existe no mundo das idéias.

4. O dem iurgo. O conceito de divindade em Platão foi-se evolu­


indo com o passar do tempo. Nos primeiros diálogos está presente o
conceito tradicional dos deuses gregos. Na idade madura, contudo:

"Aparece o conceito de uma divindadepessoai. dinâmica,


inteligente. Ordenadoru e distinta das idàas'.-’-

A doutrina do demiurgo teve sua origem em Platão, no diálogo


Timeu. O termo é ãqpioupYÓç (démtourgos). "o artífice do mundo".“
Em Timeu. o demiurgo aparece como divindade artífice, que cria o
mundo e outras divindades com a função de gerar os seres vivos.“
368 HERESIAS E MODISMOS

O termo aparece apenas uma vez no Novo Testamento grego, em


Hebreus 11.10, traduzido por "construtor"; na ARC, com o sentido
de arquiteto. A teoria de Platão quanto à criação era análoga ao
artesão humano.
A noção platônica de demiurgo foi retomada várias vezes na his­
tória da filosofia. O gnosticismo ensinava que, entre Deus e os ho­
mens, havia série interminável de emanações, formada por pode­
res superiores, sendo cada uma dessas emanações imediatamente
inferior à anterior. O Deus de Israel, revelado no Antigo Testamen­
to, seria a 30a emanação, chamado pelos gnóstícos de demiurgo.“
No Timeu.é apresentado um mito que procura explicar a criação
do mundo ou a fabricação artesanal do mundo sensível pelo
demiurgo. O KÓopoç (kosmos), "o mundo enquanto ordem",31 é o "bom
andamento de coisas e pessoas; boa ordem; arranjo conveniente e
adequado".’2 Segundo Diógenes Laerte, os pitagóricos atribuiram o
termo ao mundo, mas eles mesmos já atribuíam isso a Parmênides.
Platão mostra o mundo como um cosmo, pois é um organismo vivo
e animado, possuindo, portanto, alma e animado por ela.
No Timeu, o demiurgo teria fabricado a alma humana e a colo­
cou num coipo. Essa alma leria sido fabricada com os mesmos ele­
mentos da alma do mundo, a fonte do conhecimento. A ijiuxií
(psykhê), "alma", cuja idéia é "o princípio da vida, da sensibilidade e
das atividades espirituais (como quer que sejam entendidas e clas­
sificadas), enquanto constitui uma entidade em si, ou substância".”
Platão admitia, também, transmigração da alma com reencarna-
ções sucessivas, como os orfistas e pitagóricos w
Segundo Sócrates, havia no princípio uma só alma universal da
qual vieram as almas dos deuses e dos homens No princípio, frag­
mentos da alma do mundo permaneciam junto à abóbada do uni­
verso. O movimento circular e rotatório do universo desprendeu os
fragmentos que, em sua queda, encontraram fragmentos materiais,
APÊNDICE FUjOSÓflCO >69

onde fizeram moradas, é o conjunto de uma alma e de um corpo


que se chama homem.
A alma é a natureza intermediária entre o mundo sensível e o
inteligível, entre o divino e o mundo, destinada ao conhecimento. A
encarnação da alma faz dela a sede dos apetites, dos desejos e das
afetividades. Assim, a alma, como participante do mundo inteligí­
vel, é eterna, portanto, imortal.

IV. ARISTÓTELES

1. Histórico. Nasceu em 384 a.C, na pequena cidade grega de


Estagira. Aos 18 anos de idade, transferiu-se para Atenas, quando
passou a frequentar a Academia de Platão. Era feio e gaguejava para
os padrões vigentes do mundo grego, principalmente. Atenas, que
enaltecia a beleza, valorizava os atletas e admirava a eloquência
dos oradores e a retórica. As condições aparentemente desfavorá­
veis de Aristóteles foram superadas, e ele surpreendeu a Grécia e o
mundo.
Estudou na Academia de Platão durante 20 anos, até á morte de
seu mestre. Depois disso, Espeusipo assumiu a liderança da Acade­
mia, transformando-a num importante centro matemático e astro­
nômico. Discordando das idéias da Academia e mais o clima
antimacedônico que pairava sobre Atenas, por volta de 348 a C .
Aristóteles transferiu-se para Assôs, cidade fundada pelos gregos
eólidos, onde havia uma escola platônica sob o patrocínio de
Hermias, príncipe de Atameu, cidade vizinha de Assôs, de quem
Aristóteles tornou-se genro, casando-se com sua filha adotiva. Pítia
Lecionou três anos nessa escola, onde estudou Teofrasto, seu mais
brilhante discípulo. Aristóteles esteve, três anos. ensinando nessa
escola, depois, foi estabelecer-se em Mitilene Assôs e Mitilene apa­
recem no Novo Testamento (At 20.13. 14)
370 HERESIAS E MODISMOS

2. O Liceu. Em Mitilene, escreveu suas primeiras obras de bio­


logia, e quando ainda eslava nessa cidade, em 342 a .C . Filipe II. rei
da Macedonia, chamou-o a Pela, para ser preceptor de seu filho
Alexandre, na época com 14 anos, e, depois, veio a ser Alexandre, o
Grande. Algum tempo depois que Alexandre subiu ao trono,
Aristóteles voltou para Atenas, onde fundou sua própria escola, o
Liceu, em 335 a. C.
Como centro de pesquisa sistemática, tornou-se superior a Aca­
demia Nessa escola, Aristóteles ensinava os seus discípulos enquan­
to caminhava, por isso tornaram-se conhecidos como peripatéticos,
do verbo grego n e p u ra T fii' (peripatein), "cam inhar, circular,
circunvagar"36 Há, porém, os que alirmam ser o termo proveniente
da alameda para passeio, no Liceu, em grego perípatos. por onde se
anda conversando.36
Os cursos de Aristóteles eram acromáticos e exotéricos. Os pri­
meiros cursos eram assuntos filosóficos, como lógica, física, mate­
mática, dirigidos para alunos internos mais avançados, os exotéricos
eram sobre retórica e dialética, para um público mais aberto, cujos
requisitos eram menos rigorosos, tendo como monitores Teofrasto
e Eudemo. As obras mais importantes de Aristóteles foram produzi­
das nesse periodo.
Em 323 a.C , depois da morte de Alexandre, os sentimentos
antimacedônicos voltaram a população ateniense. Na época, a Acade­
mia e a escola de retórica de Isócrates consideram-se como legitima
representante do pensamento grego, o Liceu não era bem-visto por
elas Por causa do seu vínculo com os macedônios, Aristóteles corria o
risco de ser considerado traidor. Diante dessa situação, deixou Atenas
e transferiu-se para Cálcis, na Eubeia, onde morreu em 3 2 1 a. C.

3. Pensam ento aristotélico. Aristóteles rejeitou a teoria do


mundo das idéias de seu mestre, Platão:
APÊNDICE FILOSÓFICO 371

"Desmontou completamente o sistema de seu mestre, conse­


guindo desta forma ajustar ao real os princípios formais que Platão
descobrira, mas que erroneamente aplicara".”

É considerado como o verdadeiro fundador da filosofia. Com ele.


"se salvou o que havia de certo e de bom, não somente em Platão
mas em todos os antigos pensadores da Grécia".“

o) Deus. Aristóteles desconhecia o conceito judaico-cristão de cria­


ção. Seu conceito é que Deus e o mundo existem desde toda a eterni­
dade, distintos um do outro. Seu argumento para provar a existência
de Deus está no movimento dos seres, na ordem existente no mundo,
nos graus de perfeição e na experiência psicológica. Pela lógica, qual­
quer movimento supõe uma força externa atuando sobre o ser, o que
Aristóteles chamou de "motor, que, por sua vez. recebe o movimento
de outro ou é imóvel, que seria o primeiro motor, a Perfeição Absoluta.
Deus. É o princípio da primeira causa. Segundo Aristóteles:

"Deus é ser, espirito e vida. Deus é o Ser por excelência, o


que significa que nâo possui o ser. mas é o Ser. Todos os
seres dependem de Deus como sua causa. Deus éforma pura.
ato puro, por si mesmo existente, eterno, necessário e. por
isso, isento de qualquer potencialidade. Deus é espírito, isto
é, caracteriza-se pela incorporeidade, pois seres corpóreos
implicam em potencialidade. Pela mesma razão é imutável
e eterno:"'

b) Alma. Aristóteles evitou o assunto da transmigração da alma.


defendida também por Platão, e divergem quanto ao conceito
dualista de corpo e alma. No início, trazia, ainda, a influência de
Platão e considerava:
372 HERESIAS E MODISMOS

“Corpo e alma como substâncias distintas e até opostas: a


alma preexiste ao corpo e a este se une não apenas acidental­
mente mas até mesmo violentamente''.'10

Depois, o assunto foi revisto, a alma e o corpo passaram a cons­


tituir uma unidade substancial, "une ao corpo como a forma à ma­
téria" O termo "forma", para Aristóteles, é o elem ento inteligível
e imaterial existente nas coisas, que resulta na natureza ou na es­
sência delas:

"Este principio, porém, não se acha separado das coisas,


está nas próprias coisas, entra na constituição de sua subs­
tância. Por conseguinte, as coisas individuais, mutáveis e pe­
recíveis deixam de ser sombras ilusórias: são a realidade“.“2

Não está claro em Aristóteles sobre a imortalidade da alma. Há


muitas opiniões sobre o assunto.

4. Obras. Suas obras abrangem muitas áreas do saber humano.


Seus tratados são bem fundamentados. Fixou uma classificação das
ciências por ordem de complexidade, por exemplo, sua classifica­
ção dos animais em vertebrados e invertebrados é mantida ainda
hoje. Por volta de 50 a.C, Andrônico de Rhodes colocou esses trata­
dos em ordem, como se seguem: lógica, categorias, biologia, física,
metafísica, ética, política e poética.

PERÍODO PÓS-SOCRÁTICO

Esse período caracteriza-se. na história da filosofia, pelo surgi­


mento de duas escolas filosóficas que terão importância extraordi­
nária no mundo grego e no mundo romano: estoicismo e epicurismo
APÊNDICE FILOSÓFICO 3 7 3

O apóstolo Paulo pregou para os filósofos epicureus e estóicos, em


50 d.C , por ocasião de sua visita a Atenas, durante a segunda via­
gem missionária (At 17.18).

I. O ESTOICISMO

1. Etimologia. O nome vem das palavras gregas q noiKÍXi) oroó


(hè poikilê stoá), "pórtico de cores variadas" ou "pintado".'5 uma
referência à Colunata Pintada na ágora de Atenas, adornada com
afrescos de artistas famosos, pois nesse local, Zenão de Cicio, fun­
dador dessa escola, começou por volta de 315 a.C. a ensinar sua
filosofia. O pensamento estóico consistia na tríplice divisão desde
a sua origem: a lógica, a fisica e a moral. Essa escola passou por
três fases. " 2

2 . A Stoa Primitiva. A primeira é a fase de formação e seus


principais representantes são o próprio Zenão. seu discípulo
Cleantes de Assôs, que assumiu a liderança depois da sua morte
em 263 a.C. A outra figura importante dessa fase foi Crisipo de
Solo (280-204), a quem se atribui a exposição sistemática do
estoicismo e o interesse pela lógica e pela linguagem. Essa fase
abrange os séculos iv e lll a.C.
Crisipo ressaltou a questão da liberdade humana, usando o exem­
plo "comportamento" do cone e do cilindro. Segundo ele. o estoi­
cismo salvaguarda a liberdade humana. Os gregos acreditavam na
àpáyKr| (anakè) "o que tem de ser, destino, fatalidade, sina"*1 e na
polpa (moira) "destino".“ Não havia vislumbres de liberdade huma­
na. Um cilindro e um cone se movimentam em virtude de uma força
externa que atua sobre esses objetos, mas depende só deles o modo
como um cilindro rola e um cone gira Com isso, Crisipo dizia que a
liberdade consiste em agir segundo o inevitável, ou seja, consiste
374 HERESIAS E MODISMOS

em querer ou escolher o inevitável, é com a relação de destino e


necessidade que ele distinguia uma coisa da outra.

3. Stoa Média. É a segunda fase Os destaques são Diógenes de


Babilônia, Antípatro de Tarso, Panécio de Rodes e Posidônio de
Apaméia. Essa fase abrange os século II e 1 a.C.

4. Stoa Posterior. Ê a terceira fase, coincide com os dois primei­


ros séculos da Era Cristã, os destaques são Sêneca (3 a C - 65 d.C ),
Epicteto (55-135) e o imperador Marco Aurélio (121-1 SO).47
A filosofia estóica, no mundo romano, fundamentava-se na éti­
ca, e Sêneca foi um dos seus principais expoentes. É a moral que se
sobressai em Roma. "Ao lado do aristotelismo, o estoicismo foi a
doutrina que maior influência exerceu na história do pensamento
ocidental" (Abbagnano, pp. 375, 376).
Sêneca viveu numa época que poderíamos cham ar de transi­
ção, não só para o mundo romano, mas para a história, pois nes­
se período, o cristianismo expandia-se. O apóstolo Paulo, natural
de Tarso, terra de Antípatro, era o principal inovador do pensa­
mento religioso de sua geração, trazia em sua mensagem a fé em
Jesus de Nazaré e, também, uma ética muito parecida com a de
Sêneca Segundo o estoicismo, "o sábio não pode realizar-se ple­
namente a não ser em sua natureza de ser s o c ia l.S ê n e c a era o
principal expoente dessa doutrina e, baseado nela, escreveu seu
tratado De dementia. Aqui, como em suas tragédias, Sêneca aceita
o poder absoluto do governante, mas distingue entre o governante
bom e o tirano
Ser estóico era saber enfrentar o destino com coragem e dig­
nidade. O bem supremo do estoicismo era temperança, a pru­
dência, a justiça e a coragem. Essas conduziam os estóicos à vir­
tude. A alaraxia é um termo usado a principio por Demócrito e,
APÊNDICE FILOSÓFICO 3 7 5

depois, pelos epicureus, era o ideal moral da serenidade da alma


ou a imperturbabilidade, em decorrência do dominio sobre as
paixões. A apatia, do grego áiráBeia (apatheia), significa "insensi­
bilidade", é a indiferença, o desprezo pelas emoções. Os estóicos
viam na ataraxia e na apatia a verdadeira felicidade, alcançada
mediante o exercício da virtude.

II. O EPICURISMO

1 . Histórico. O epicurismo foi fundado por Epicuro de Samos


(321 a.C, - 270 a.C.), filho de pais atenienses. Estabeleceu-se em
Atenas, em 306, ano em que fundou sua escola filosófica.
Foi filósofo materialista, seguiu, em muitos pontos as idéias de
Demócrito. A escola epicurista era a grande rival da escola estóica.
apesar das idéias em comum. Distinguia-se dos estóicos. pois sua
consistência era outra, o bem supremo era o prazer e rejeitava a
idéia do destino. Considerava a filosofia como a medicina da alma,
e inúteis, as ciências e a matemática. Epicuro dizia que a fisica era
importante apenas para se conhecer as causas naturais, para liber­
tar o homem do medo dos deuses, achava importante combater a
religião, o medo e o medo da morte, advogava a paz interior2

2. Lucrécio. Poeta e filósofo romano (99 a.C. - 55 a O . suici-


dou-se aos 44 anos de idade. Propagou a doutrina de Epicuro em
sua obra De Rerum Natuca,"Sobre as Coisas da Natureza', onde. tam­
bém, esforça-se para convencer seus leitores de que a alma morre
com o corpo. Afirma, ainda, nessa obra, que o universo e tudo o que
nele há comportam-se de conformidade com uma lei natural, e não
há espaço nele para divindade alguma, "do nada. nada se cria"
O estoicismo e o epicurismo foram as principais escolas filosófi­
cas do período helenistico.
376 HERESIAS E MODISMOS

A ERA CRISTÃ

Apesar de haver muito em comum entre a filosofia grega e o


cristianismo, todavia, filosofia e cristianismo devem manter sua dis­
tinção. Muito cedo na história da igreja, houve tentativa de se con­
ciliar os dois. Os pensadores cristãos entraram numa área em que
os apóstolos evitaram.
Justino, o Mártir, apologista da Igreja (100 - 165 d C ), achava que
a verdade de Cristo estava presente na filosofia clássica. Afirmava
que as sementes da sabedoria divina foram semeadas por todo o
mundo, portanto, os cristãos podiam encontrar lampejos da verda­
de divina por toda parte, ou seja, na filosofia secular da Grécia. É a
doutrina do Logos Spermatikos, "palavra germinadora", isso signifi­
ca que cada homem recebeu em seu intelecto um germe do Logos.

"Nós recebemos o ensinamento de que Cristo é o


primogênito de Deus e indicamos que ele é o Verbo, do qual
todo o gênero humano participou. Portanto, aqueles que vi­
veram conforme o Verbo são cristãos, quando foram consi­
derados ateus, como sucedeu entre os gregos com Sócrates.
Heráclito e outros semelhantes"."

"Com efeito, tudo o que os filósofos e legisladores disse­


ram e encontraram de bom, foi elaborado por eles pela in­
vestigação e intuição natural, conforme a parle do Verbo
que lhe coube. Todavia, como eles não conheceram o Verbo
inteiro, que é Cristo, eles frequentemente se contradisseram
uns aos outros".™

"Portanto, tudo o que de bom foi duo por cies. pertence a


nós, cristãos, porque nós adoramos e amamos depois de Deus,
APÊNDICE FILOSÓFICO 3 7 7

o Verbo, que procede do mesmo Deus ingênito e inefável.


Todos os escritores só puderam obscuramente ver a realida­
de, graças à semente do Verbo neles ingênita".s‘

Justino acreditava que "todo o gênero humano participou" do


Unigénito de Deus, e que os filósofos como Sócrates e Herácrito
"viveram conforme o Verbo, (Logos, em grego)".
Na segunda passagem, afirma que pontos da filosofia considera­
dos bons são provenientes, indiretamente, de Deus, por vias natu­
rais. "pela investigação e intuição natural". Acrescenta, ainda, que
os filósofos tiveram acesso restrito à verdade divina, pois "não co­
nheceram o Verbo inteiro".
A filosofia é a busca da verdade, suas especulações são pensa­
mentos humanos, muitos filósofos contradis$eram-se o número
de erros teológicos, analisados à luz da Bíblia, e de erros científicos,
à luz da ciência moderna, é muito grande.
A tentativa de relacionar o evangelho à filosofia era pisar em
terreno minado, e houve reação contrária, mesmo do discípulo de
Justino, Taciano. Tertuliano verberou contra: "Que relação há entre
Atenas e Jerusalém? Que acordo há entre a Academia e a Igreja’ " *■’
Tertuliano acrescentou, ainda, que o sistema de crenças do cristia­
nismo veio do Pórtico de Salomão.
A cultura clássica abrangia literatura, retórica, filosofia, e outros
muitos ramos do saber eram neutros em si mesmos. Mas, como acei­
tar a cultura do povo opressor da Igreja, que escarnecia dos cnstãos’
Aceitar as idéias de Justino parecia, na época, traição, isso podia gerar
crise de consciência, sensação de estar do lado do inimigo da Igreja
O neoplatonismo foi uma escola filosófica fundada por Amónio
Saccas. em Alexandria. Egito, no século II. mas desenvolvida por
Plotino (204-270). Trata-se da filosofia platónica filtrada pelo
neopitagorismo do platonismo médio e de Ftlon de Alexandria '*
37« HERESIAS E M ODISM OS

Era um misto de quase todas as tendências filosóficas em defesa da


verdade religiosa, que exerceu influência na teologia cristã, princi­
palmente em Agostinho de Hipona.
Agostinho de Hipona (354 - 430), nasceu em Tagaste, cidade na
atual Argélia, estudou filosofia e dirigiu uma escola de retórica em
Cartago e, depois, em Roma. Aderiu ao maniqueísmo, mas, depois,
tornou-se cético. Converteu-se à fé cristã. Apesar da influência da
mãe, Mônica, piedosa cristã, e do amigo, Simpliciano, sua decisão
aconteceu na leitura da epístola aos Romanos (13.13, 14). Por volta
de 395, tornou-se bispo auxiliar de Hipona, pouco tempo depois
assumiu a liderança da região.
Agostinho comparou a questão sobre filosofia e cristianismo com
a saída dos filhos de Israel do Egito, embora deixassem para trás os
ídolos, os hebreus souberam fazer uso proveitoso dos vasos de ouro
e de prata (Êx 3.22; 12.35,36). Assim, Agostinho defendia o uso se­
letivo de elementos da cultura clássica.5" Agostinho foi influenciado
pelo pensamento de Platão.
O pensamento aristotélico exerceu forte influência na Idade Mé­
dia, tanto no cristianismo como no islamismo Tomás de Aquino,
na sua obra Summa Contra Gentiles usou argumentos aristotélicos
com a esperança de atrair leitores muçulmanos, a fim de conduzi-
los a Cristo, pois levavam a filosofia de Aristóteles muito a sério. A
teologia cristã, durante a Idade Média, foi sistematizada no modelo
de classificação de Aristóteles, Tomás de Aquino organizou e clas­
sificou, de forma metódica, os dados levantados das Escrituras Sa­
gradas, numa obra, a obra Summa Theologiae, é bom exemplo.
Hoje, podemos considerar a teologia, sem comprometer o lado
espiritual e prático, uma disciplina teórica e acadêmica, como disse
Karl Rahner; "A teologia é a ciência da fé. É a explanação e a expli­
cação consciente e metódica da revelação divina, recebida e com­
preendida pela fé".M
APÊNDICE FIUKÚFICO 37 9

Notas
I Liddell & SCO«, p I 940.
' ibidem, pp. 1.939 e i 621
»ibidem & Scou, pp I 940.
* LAERCIO, Oiôgenes. VMas de Filósofas Ilustres, p. 7 (Primeiro Livro. 8)
' HARVEY, Paul Dicionário Oxford de Literatura Clássica Grega e Latina 235.
- HERÔDOTO, História, 1,74.
' Liddell & Scou. p. 184.
1CHAUI, Marilena. Dos Pré-Socráticos a Aristóteles, p 58.
4 Bailly, p 33
’“CHAUI. Marilena. Op cil . p 65
" ARISTÓTELES, Metafísica. 15 985b
•' Ibidem, xii.ó.iosob
II Liddell & Scou, p 63
M Ibidem, p. 444
,s HARVEY, Paul Op. cit., p. 380.
,n PEREIRA, M H. Rocha Estudo de História da Cultura Clássica, vol, l, p 262
” Liddell & Scou. p. 270.
’* Ibidem, p 1.180.
PEREIRA, M. H Rocha Op. Cit., pp. 265, 266
w PEREIRA, M. H Rocha, Op. CiL, p. 423
21 CHAUI, Marilena. Op ciL. p. 181.
“ ABBACNANO, Dicionário de Filosofia, p. 637
« ARISTÓTELES. Op. cit., I 6 997.
LAERCIO, Diogenes Op cit , pp, 107,108 (LivroTerceiro. 6)
IS PLATÃO. A República. Livro VII
» CHAUI, Marilena. Op. ciL. p. 261
ClORDANI, Mário Curiis. Historio da Grécio •AnQgwdade CUssko t. p 372
•- ABBACNANO. op. OL, p. 239.
** PLATÃO. Timeu. 4lc; 51a.
*’ CHAMPUN. R. N Ph D ; BENTES. I M FfKidopcdiade BibbO. Teotogu e FéOSOfia vt4 2 p «20
" PLATÃO. Górgias. 508a.
*■*c h a u i . Marilena Op a t . p S04
ABBAGNANO, Op Cit, p 27.
“ PLATÃO, Timeu 49SS
*' Liddell & Scou. p. I 382
k C h a u i . Marilena Op. cri., p. 336.
MARITAIN. lacques. introdução Geral à Filosofia, p $7
M Ibidem, p 57
w ClORDANI. Mário Curtis. Op cif.. p 390
"• Ibidem, p 388
11 Ibidem, p 366.
MARITAIN. lacques O p cu. p. 58
“ ABBACNANO. O p o i. p 37S
11BRUN, J O ESKMOSmo EdrçOes 70. Lisboa. 1986, pp 12. A3
,s URBINA, losé M PabónS de DúCHWtirio Manual GnegoEspaM. p 38
ln Ibidem, p 400
•'BRUN, I O p O t . pp 15-28
•• ALMEIDA. Zélia Cardoso de Artigo Política e Poder nas Obras dr Sêneca revtsu Rwlntx 200.
p 364
11lUSTINO. Mártir fustmo de Roma. p Apologia 1.462.3
'*■ Ibidem. f\pologia n. io 2.3
'■ Ibidem. ApoÃKjw II. 13 4. S
380 HERESIAS E MODISMOS

TERTUUANO. Prescrição Contra os Hereges. 7 22.


ABBAGNANO, O p O p 710.
AGOSTINHO. Sanlo Doutnno Cristã. II 4 1 60
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Heresias e Modismos
O que são as seitas’ Com o elas surgem’ I
seus seguidores acreditam cegamente em <
líderes ou fundadores, agindo como se eles fossem os
portadores da verdade absoluta’ Desde quando as
religiões e seitas existem e por quê?

Heresias e Modismos — uma análise crítica das


sutilezas de Satanás é um minucioso trabalho
apologético que tem por objetivo refutar as falsas
ideologias dos movimentos religiosos
heterodoxos, juntamente com as suas sutilezas,
no seu proselitismo sectário e desleal

O renomado autor, Esequias Soares, explica


com clareza e imparcialidade a origem das
falsas doutrinas — evitando ao máximo expor
os movimentos que as propagam — , bem
com o estabelece semelhanças e diferenças
entre as diversas falsas ideologias, refutando
biblicamente, de m odo exegético, as doutrinas
inadequadas da atualidade,

Todo salvo que deseja estar preparado "para


responder com mansidão e temor a qualquer que
vos pedir a razão da esperança que há em vós" (I
Pe 3 15) deve ler e estudar este
livro, seguindo o exemplo
do apologista por
excelência, o Senhor
Jesus Cristo (Mc 7 9-13)

O autor é
pastor d a A D
em Jundiai-SP.
professor de
Hebraico. G rego
e A pologia
Cristà. bem
co m o
com entarista d c
Lições Bíblicas
e autor d o livro
Apologética
Cnstã. editado
pela C P A D

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