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FUNDAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA

DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

AMANDA POEYS BORGES MORAIS

A EQUOTERAPIA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO MOTOR DA


CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA VISUAL.

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ


2022
A EQUOTERAPIA NO DESENVOLVIMENTO MOTOR DA CRIANÇA COM
DEFICIÊNCIA VISUAL.

AMANDA POEYS BORGES MORAIS

Monografia apresentada à banca


examinadora da Universidade Estadual do
Norte Fluminense Darcy Ribeiro – Campos
dos Goytacazes, como requisito parcial para
a obtenção do título de Licenciatura em
Pedagogia.

Orientador: Marcelo Bustamante


Chillingue

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ


2022
A EQUOTERAPIA NO DESENVOLVIMENTO MOTOR DA CRIANÇA COM
DEFICIÊNCIA VISUAL.

AMANDA POEYS BORGES MORAIS

Monografia apresentada à banca


examinadora da Universidade Estadual do
Norte Fluminense Darcy Ribeiro – Campos
dos Goytacazes, como requisito parcial para
a obtenção do título de Licenciatura em
Pedagogia.

Orientador: Marcelo Bustamante


Chillingue

APROVADA EM: ____/____/______.

Comissão examinadora:
Dedico este trabalho de conclusão de curso
aos meus pais, Carlos Ney e Joelma e a
minha irmã Carla que me apoiaram durante
essa etapa, ao meu orientador Marcelo
Bustamante Chillingue, por toda dedicação e
disponibilidade em me ajudar.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente, por me capacitar nesta longa jornada,


agradeço ao meu pai, Carlos Ney Gomes Morais, a minha mãe Joelma Poeys
Borges Morais, a minha irmã Carla Poeys Borges Morais e aos demais familiares
por todo encorajamento, disponibilidade e compreensão nesta jornada, a minha
amiga Claudia Cristina Nunes Barbosa, por nunca me abandonar ao longo das
jornadas malucas da vida, na qual planejamos e traçamos juntas.
Extremamente agradecida a Universidade Estadual Norte Fluminense Darcy
Ribeiro, por me proporcionar uma ótima formação com professores super
capacitados e dedicados a passar seus conhecimentos com tamanha destreza
e bondade.
Agradeço infinitamente ao meu coordenador Marcelo Bustamante Chillingue por
toda dedicação, paciência, puxões de orelhas, observações para que este
trabalho pudesse ser desenvolvido e apresentado.
“Se você não se arriscar para conseguir o
que deseja, o mundo passa em sua frente
sem que nada aconteça. Só quem encara o
medo é capaz de desfrutar da alegria de
uma grande conquista.”
(autor desconhecido)
RESUMO

Equoterapia, conhecida também como Terapia Assistidas por Animais- TAA, é


um método terapêutico e consequentemente educacional. Por envolver uma grande
proporção de estímulos, está terapia tem sido utilizada para a reabilitação e
desenvolvimento, não só de pessoas com deficiência ou com alguma sequela, mas
para aqueles pacientes cujo, o médico prescrever o método terapêutico como
reabilitação. Visando tais benefícios proporcionados por esta terapia, diga-se de
passagem, que a mesma é fundamental para o desenvolvimento de uma
criança/pessoa com deficiência visual. Através dos estímulos constantes que o
praticante recebe, a equoterapia tem papel fundamental no desenvolvimento motor da
criança cuja, capacidade motora, seja comprometida, pois, a pratica correta consiste
na utilização da força, musculatura, articulações, concentração, assim como também
o corpo inteiro. Portanto, considerando todos os benefícios é evidente que a pessoa
deficiente visual que é praticante da equoterapia terá o seu desenvolvimento mais
amplo e uma melhor qualidade de vida.

Palavras chaves: Equoterapia, desenvolvimento motor, deficiência visual.


ABSTRACT

Equine therapy, also known as Animal-Assisted Therapy (AAT), is a therapeutic and


educational method. By involving a large proportion of stimuli, this therapy has been
used for the rehabilitation and development, not only of people with disabilities or with
some sequelae, but for those patients whose doctor prescribes the therapeutic method
as rehabilitation. In view of these benefits provided by this therapy, it must be said, in
passing, that it is fundamental to the development of a child/people with visual
impairment. Through constant stimuli that the practitioner receives, equine therapy
plays a key role in the motor development of the child whose motor skills are
compromised, because the correct practice consists in the use of strength, muscles,
joints, concentration, as well as the whole body. Therefore, considering all the benefits,
it is evident that the visually impaired person who practices horseback riding will have
a broader development and a better quality of life.

Keywords: Equotherapy, motor development, visual impairment.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

D.V.......................................................... Deficiente Visual


TA............................................................Terapia Assistida
TAA..........................................................Terapia Assistida por Animais
ANDE....................................................... Associação Nacional de Equoterapia
ACSM.......................................................American College of Sports Medicine
CID...........................................................Código Internacional de Doenças
TON..........................................................Triagem Ocular Neonatal
TRV...........................................................Teste do Reflexo Vermelho
APAE:.......................................................Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais
ABAE........................................................Associação Bahiana de Equoterapia
LISTAS DE FIGURAS

Figura 1: De ponta a ponta- Alimentando o Cavalo. ......................................página 25


Figura 2: Praticante deficiente visual, na sessão de equoterapia...................página 26
Figura 3: O trote que trata...............................................................................página 27
Figura 4: Movimentos tridimensionais no dorso do cavalo..............................página 28
Figura 5: Benefícios da equoterapia para a vida do praticante......................página 29
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................... 12

1. DEFICIÊNCIA VISUAL ................................................................... Erro! Indicador não definido.14

1.1. Conceito de deficiencia visual .......................................................................... 14

1.2. Tipos de deficiencia visual .......................................................................... 15

1.3. Inclusão do deficiente visual ....................................................................... 16

2. DESENVOLVIMENTO MOTOR ........................................................................ 18

2.1. Estimulação precoce ......................................................................................... 20

2.2. Mobilidade................................................................................................... 21

2.3. O deficiente visual e seus sentidos ........................................................................... 22

3. EQUOTERAPIA ................................................................................................ 22

3.1. O que é a equoterapia ................................................................................................... 23

3.2. A importância da equoterapia na vida de quem a utiliza ..................................... 25

3.3. Qualidade de vida do deficiente visual ..................................................................... 28

4. CAMINHOS METODOLÓGICOS ...................................................................... 30

5. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 30

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 33

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 34
12

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo apresentar a equoterapia no processo de


desenvolvimento motor da criança com deficiência visual.
A equoterapia é utilizada há vários anos desde a antiguidade 458-370 a.C, mas
para fins terapêuticos em crianças com necessidades especiais, foi utilizada pela
primeira vez em 1967, pela fisioterapeuta Eilset Bodtker na Noruega. Esta técnica
consiste na utilização de animais equinos, de uma equipe multiprofissional e
interdisciplinar, nela é englobado os aspectos que envolvem a afetividade, o
relacionamento, os sentidos motores e a cognição.
A pessoa com deficiência visual congênita ou adquirida, possui uma perda
sensorial bastante expressiva, quando comparado às pessoas típicas.
Esta perda influencia diretamente em sua qualidade de vida e com o passar
dos anos se torna mais evidente no cotidiano destas pessoas e faz com que eles
deixem de realizar atividades simples do dia a dia por conta da sua limitação sensorial,
na qual varia de criança para criança e pode ocasionar lentidão, atraso no
desenvolvimento psicossocial e no seu ajustamento sensorial.
A equoterapia visa proporcionar um bom desenvolvimento biopsicossocial no
seu praticante, pois trabalha diretamente com os movimentos tridimensionais do dorso
do cavalo, nos aspectos motores do praticante e no relacionamento entre sujeito-
cavalo-terapia.
Esta pesquisa foi desenvolvida em volta da um questionamento sobre como a
equoterapia atua no desenvolvimento motor da criança com deficiência visual e como
esta terapia influencia no seu processo?

• QUESTÃO PROBLEMA
Como a equoterapia atua e influencia no desenvolvimento motor da criança
com deficiência visual?

• HIPÓTESE
Por ser uma terapia que envolve constantemente estímulos ao seu praticante,
a equoterapia atua diretamente no desenvolvimento motor, consequentemente no
ajustamento sensorial, assim como também no desenvolvimento biopsicossocial, e
13

até no relacionamento intrapessoal. Tornando eficaz a prática da terapia associada


ao desenvolvimento motor da criança com deficiência visual.

JUSTIFICATIVA

Este trabalho se justifica devido à esta prática terapêutica ser pouco utilizada
nos dias atuais, considerando seus benefícios para a pessoa que a pratica, mesmo
sendo um método utilizado desde a antiguidade com fins terapêuticos comprovados,
a equoterapia ainda é uma técnica pouco utilizada na recuperação e desenvolvimento
das pessoas com alguma deficiência e, principalmente, pelos deficientes visuais,
devido a insegurança gerada pela falta de percepção em relação ao ambiente.
A equoterapia proporciona ao praticante uma qualidade de vida melhor e um
bom desenvolvimento em sua relação social, em seu aspecto motor e até mesmo no
relacionamento interpessoal.
O deficiente visual de cegueira congênita ou adquirida, demonstra uma perda
sensorial significativa e que afeta diretamente no seu processo de percepção. Visando
ampliar a perceptividade do indivíduo no seu processo intrapessoal e interpessoal, a
terapia com animais tem sido uma aliada de sucesso. Ao se ter contato com o animal,
a pessoa automaticamente passa a ter que confiar no cavalo que está montado e no
seu terapeuta, criando segurança e autonomia.
A equoterapia pode causar em seus praticantes quatro efeitos terapêuticos
positivos, como: melhora na relação pessoal, psicomotricidade, natureza técnica e na
socialização. Considerando que a cada movimento que o cavalo faz o praticante o
recebe imediatamente, estes são considerados ajustes tônicos.
Portanto, está terapia tem ganhado espaço maior na atualidade, visando
sempre a reabilitação e o desenvolvimento global da pessoa com deficiência. Mas
para que a equoterapia aconteça de forma correta e tenha valor é necessário ter uma
equipe interdisciplinar, uma vez que uma completa a outra, os profissionais vão desde
o terapeuta, psicólogo, pedagogo, assistente social, fonoaudiólogo, educadores
físicos, equitadores, entre outros, que juntos proporcionam ao praticante o seu
desenvolvimento.

OBJETIVOS
14

• OBJETIVO GERAL

Analisar como a equoterapia auxilia no desenvolvimento motor e cognitivo da


criança com deficiência visual.

• OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1- Analisar os diferentes benefícios da equoterapia.
2- Apontar quais os efeitos positivos da prática constante desta terapia.
3- Mencionar que a equoterapia traz uma melhora na qualidade de vida do seu
praticante.

1. DEFICIÊNCIA VISUAL

A deficiência visual é caracterizada pela perda parcial ou total de um ou ambos


olhos, sendo esta perda definitiva ou irreversível. Na deficiência visual não há melhora
na visão mesmo quando é utilizado lentes de contato ou cirurgia para melhora da
visão.
Para uma pessoa ser considera deficiente visual, está deve apresentar um quadro
clinico irreversível, ou seja, uma pessoa com um grau elevado de miopia, não é
considerada deficiente visual, pois é possível reverter o quadro com inúmeras
alternativas.
Segundo Maria Amélia, em 2020, em seu blog relatou que;
Há quem diga que baixa visão é apenas decorrente de casos
patológicos, que não inclui nesse rol a deficiência visual decorrentes de erros
refrativos. No entanto, o “grau” não corrigido com uso de óculos ou lentes é
atualmente a primeira causa mundial de deficiência visual e a segunda, de
cegueira. Nesse quadro, inclui-se a ambliopia, que é a perda visual sem
causas orgânicas. Acontece que a distorção óptica, comum a quem tem
hipermetropia, miopia e astigmatismo, prejudica o desenvolvimento visual.
Neste contexto é de suma importância saber e entender os diferentes tipos de
deficiência visual. Sendo está dividida em duas vertentes, cegueira e baixa visão.

1.1 Conceito de deficiência visual

A deficiência visual, no Código Internacional de Doença- CID10, está associado


ao código H53, no qual relata os distúrbios visuais, que são H53.0 ambliopia por
anopsia, H53.1-distúrbios visuais subjetivos, H53.2-diplopia, H52.3-outros transtornos
15

da visão binocular, H53.4-defeitos do campo visual, H53.5-deficiências da visão


cromática, H53.6-cegueira noturna, H53.8-outros distúrbios visuais, H53.9-distúrbios
visual não especifico.
De modo geral o termo deficiência visual é um nome genérico destinado a um
certo grau de deficiência que abrange uma área da acuidade visual, sendo ela a
cegueira legal com uma visão parcial e a cegueira total.
Há diversificadas variações para a deficiência visual e elas são diferenciadas
conforme as limitações e fins que as destinam. Munster e Almeida (2005), cita que a
deficiência visual surgiu para que as desvantagens decorrentes da visão funcional de
cada indivíduo fossem minimizadas, porque apesar da sua deficiência demonstrar que
o comprometimento do órgão da visão é algo comum entre os seus, há também as
alterações estruturais e anatômicas que juntas promovem modificações acentuadas
nos indivíduos e faz com que estes tenham um desempenho diferenciado.
Portanto, faz-se necessário o entendimento da classificação da deficiência
visual bem como as suas funções. A acuidade visual abrange a capacidade de
distinguir detalhes, relação entre tamanhos e a distância. A binocularidade é a fusão
de imagens de ambos os olhos, promovendo a convergência ideal, proporcionando a
ideia de profundidade. O campo visual é determinado a partir da fixação do olhar, a
visão de cores é a capacidade de distinguir os diferentes tipos e cores e tonalidades.
A sensibilidade a luz, é dada pela capacidade de adaptação a diferentes tipos de
luminosidades, assim, como, a sensibilidade a contraste é a habilidade de diferenciar
pequenas partes luminosas de um todo.
Sendo deste modo definição das classificações visuais definidas em aspectos:
Legais, médicos, educacionais e esportivos. Mas ao longo deste, serão observados
os aspectos educacionais, legais e médicos de forma mais geral. No mais a deficiência
visual e determinada por alguns fatores.

1.2 Tipos de deficiências visual

Os fatores que determinam a deficiência visual podem ser de causa congênitas


ou adquiridas.
Segundo o texto de ACSM- American College of Sports Medicine (1997),Fugita
(2003) faz a compreensão de que a cegueira legal corresponde à:
16

Cegueira por acuidade- significa que a pessoa possui uma visão de 20/200 ou inferior
com a melhora na correção (uso de óculos). É a habilidade de ver em 20 pés ou 6.096
metros o que o olho normal consegue ver em 200 pés ou 60,96 metros, ou seja, 1/10
ou menos que a visão normal.
Cegueira por campo visual- o indivíduo possui um campo de visão menor que 10º de
visão central, ou seja, sua visão é igualada a um túnel.
Cegueira total (não há percepção de luz) - neste caso há a ausência da percepção
visual ou a inabilidade de reconhecer uma luz intensa exposta diretamente nos olhos.
A deficiência de causa congênita, é determinada pelo fator de nascença, são
estas: albinismos, anirídia, atrofia ótica, catarata, corriorrentinite macular, estrabismo,
glaucoma, hipermetropia, miopia, retinose pigmentar, rubéola materna, sífilis e
toxoplasmose.
Já nas deficiências visuais adquiridas estão: ambliopia, ansiometropia,
astigmatismo, catarata, conjuntivite, descolamento da retina, diabetes, glaucoma,
presbiopia, retinoblastoma, retinopatia da prematuridade, sarampo, subluxação do
cristalino, toxoplasmose e traumatismos diversificados.
No contexto educacional a deficiência visual é definida por cegueira ou baixa
visão, na cegueira a pessoa possui a perda total ou um resíduo mínimo de visão,
enquanto na baixa visão a pessoa possui um grau mais elevado de resíduo visual,
sendo este insuficiente ainda para uma visão cem por cento.

1.3 Inclusão do deficiente visual

A inclusão de uma pessoa com deficiência vai muito além de inseri-la no meio
da sociedade, pois existe uma diferença enorme entre a inclusão e a educação
especial. Quando se reporta uma pessoa com deficiência de modo especial, está
pessoa não está sendo tratada da forma devida, pois ela sempre será segundo ao
fator determinante, uma pessoa especial, onde as suas incapacidades são maiores
que as suas capacidades, limitando sempre a sua vida em uma determinada função,
depender sempre de alguém para realizar algo.
Uma sociedade segregada é pertinente aos dias atuais, uma vez que a divisão
entre inclusão e especial existe de modo tão acentuado e poucos estão dispostos a
adquirir o novo. Apesar de tal tema já ser alvo de inúmeras palestras, conflitos,
estudos, há ainda aqueles que acham que esse tipo de pessoa não fará parte do seu
17

dia a dia. A cada ano que passa o número de pessoas com algum tipo de deficiência
aumenta e isso causa um impacto profundo no meio da sociedade.
Os que antigamente eram considerados loucos, débeis, aleijado, nos dias
atuais tem tido um olhar diferenciado dentro da sociedade. Leis, estatutos, decretos,
tem sido criado a fim de incluírem e garantirem os direitos deste a uma vida com
dignidade e respeito.
Lugares especializados que antigamente eram conhecidos como manicômios,
nos quais manteriam pessoa deficientes alojadas e dopadas de remédios longe dos
familiares para não causarem mal a sociedade, atualmente fora sido eliminado boa
parte, uma vez que o reconhecimento desta pessoa, passou a ser como o de qualquer
ser humano, digno de respeito, afeto, amor, humanidade.
Helena Antipoof, foi ícone na Educação Especial no Brasil. As ideias delas
resultaram na fundação da Sociedade Pestalozzi, na cidade de Belo Horizonte, Minas
Gerais, no ano de 1930. Partindo deste ponto, houveram inúmeras iniciativas que
geraram uns desapontamentos para a sociedade civil, institutos, associações e
sociedades, estas tinham o objetivo de atender as necessidades especiais de
escolaridades de uma pessoa com deficiência. Portanto, acreditam-se que houve
negligência por parte dos governantes do país acerca dos serviços prestados à está
parte da população.
Nascida de um movimento pioneiro no Brasil, a Associação de Pais e Amigos
dos Excepcionais- APAE, surgiu para proporcionar assistência médico-terapêuticas
as pessoas com deficiência.
Mas ainda assim, numa visão geral, não era possível ver inclusão destas
pessoas na sociedade. Foi então que foram criadas leis que garantissem o direito a
uma educação de qualidade e permanência em uma escola de ensino regular, sendo
estes colocados em classe prioritariamente que só possuía pessoas com deficiências,
anos depois, após estudos, ficou determinado que as pessoas deveriam estar
incluídas em uma sala de aula com pessoas típicas. A inclusão era e continua sendo
algo desafiador a todos, cada vez mais vemos a necessidade de incluir esta pessoa
no meio da sociedade.
Considerando que cada tipo de deficiência tem suas limitações, pedagogos,
mestres, qualquer pessoa que faça parte do crescimento global de um indivíduo, deve-
se estar sempre atento ao assunto. Há deficiências que necessitam de um suporte
maior e são visivelmente notadas como no caso da deficiência visual e há outras que
18

não são evidentemente visíveis, mas afetam o cognitivo da pessoa, gerando graves
perdas em seu desenvolvimento global.
A inclusão de uma pessoa com deficiência visual, vai muito além de inclui-la na
sala de aula e ensinar o método Braille. É necessário que além dos aspectos
educacionais principais, está pessoa aprenda também a desenvolver suas
necessidades básicas, como: varrer, andar, correr, equilibrar, sentar, rir, conversar, se
banhar e alimentar-se.
Como pedagogo o foco é voltado somente para a educação global, mas como
um pedagogo humanizado o pensamento e os objetivos vão além de ensinar o básico,
o professor/pedagogo inclusivo, ensina a pessoa a viver no mundo, aceitando e
convivendo com suas limitações.
Segundo Rhuana Barreto (2022) em uma entrevista para o jornal da cidade diz
que: “todos nós podemos ir além e alcançar nossos objetivos, independente da nossa
deficiência”. Rhuana é deficiente visual, desde o seu primeiro mês de vida, ex-
moradora da cidade de Rio das Ostras e amiga em particular da autora deste, ela foi
alfabetizada de um modo inclusivo, não fora imposto nenhum limite a sua deficiência,
apenas apontados os pontos eficientes e capazes em sua vida. Rhuana não fez uso
da Terapia Assistida por Animais- TAA, mas fez uso da Terapia Assistida- TA, o
trabalho de inclusão desenvolvido garantiu que atualmente ela pudesse adquirir
autonomia para tudo.
Como incluir uma pessoa com cegueira? Parece difícil, considerando que a
mesma nunca teve contato visual com o mudo exterior e tudo o que se desenvolve
nela é com base no achismo. A imaginação de uma pessoa DV, deve ser aguçada e
explorada, para que esta tenha uma percepção imaginaria do mundo que o cerca.
Andar uma atividade simples para um vidente, mas extremamente difícil para um DV,
utilizar a bengala como suporte ajuda, mas não garante que este tenha segurança em
seu andar.
Portanto, incluir uma pessoa com DV, é necessariamente um dos métodos mais
desafiadores, não impossível, mas extremamente desafiador em toda a esfera,
governamental, municipal, estadual, educacional e familiar, vendo que um eixo é
dependente do outro.

2- DESENVOLVIMENTO MOTOR
19

O termo desenvolvimento motor é designado ao processo de mudança que


envolve o comportamento, postura e movimento do indivíduo ao decorrer da sua vida.
Este processo engloba influencias do conjunto genético, relacionadas à predisposição
para os movimentos e as experiências de cada indivíduo.
No corpo humano, o desenvolvimento motor é dependente das interações
complexas entre diferentes componentes do seu sistema, sendo os neurofisiológicos
e psicológicos os principais sistema para o desenvolvimento do movimento.
Os movimentos são determinados a partir das demandas intrínsecas, próprias
de cada indivíduo e extrínsecas, estas são externas, do ambiente em que vive. O
desenvolvimento é relacionado a dois mecanismos principais e que estão interligados,
são eles: o aprendizado motor e o controle motor.
O aprendizado motor representa a capacidade que o indivíduo tem de realizar
determinadas tarefas que envolva a sua habilidade motora, sendo ela desenvolvida
em prática extensiva ou recorrente. Neste processo sistemático, pode ocorrer
mudanças permanentes em seu comportamento motor, portanto faz-se necessário a
aprendizagem das habilidades relacionadas aos movimentos de tocar um instrumento,
praticar exercícios físicos/ esportes ou até mesmo em dirigir um carro.
No controle motor há uma interação de informações sensíveis, nos sentidos da
visão, tato, olfato, paladar, audição e no sistema nervoso central, pois o controle motor
designar comandos aos músculos para desenvolver a sua função, ele direciona os
movimentos dos músculos a cada sistema e o faz realizar o movimento. Movimento
de reflexo, piscar o olho, levantar os braços, mastigar, correr.
O desenvolvimento motor é divido por fases ao longo da vida, sendo elas
dividas em 4 etapas, quando uma dessas etapas são ultrapassadas, as etapas
seguintes serão comprometidas. Por isso é de suma importância a estimulação do
indivíduo, para que este possa se desenvolver dentro do esperado.
Pessoas com algum tipo de deficiência é de extrema importância a estimulação
precoce dos movimentos e desenvolvimentos, uma vez que dependendo da
deficiência tais desenvolvimentos já serão prejudicados desde o seu nascimento.
Um DV de nascença, já possui o seu desenvolvimento motor comprometido,
visto que o mesmo nunca visualizou as coisas, para poder determinar quais
movimentos fazer. Neste caso é necessário a estimulação precoce, e com isso a
equoterapia, trará um desenvolvimento global maior em sua vida.
20

Por ser uma terapia que envolve constantemente estímulos ao seu praticante,
a equoterapia atua diretamente no desenvolvimento motor, consequentemente no
ajustamento sensorial, assim como também no desenvolvimento biopsicossocial, e
até no relacionamento intrapessoal. Tornando eficaz a prática da terapia associada
ao desenvolvimento motor da criança com deficiência visual.

2.1 Estimulação precoce

A estimulação nos primeiros anos de vida de uma criança é essencial para a


sua saúde, prevenção de agravos e ajuda na identificação de atrasos posteriores em
seu desenvolvimento neuropsicomotor.
O desenvolvimento é um processo dinâmico e continuo desde o nascimento. O
desenvolvimento da visão tem início ainda na vida intrauterina e continua após o
nascimento, sendo que os fatores neurológicos e ambientais influenciam diretamente
em seu desenvolvimento.
É importante ressaltar que todo recém-nascido, nasce com baixa visão, mas
conforme os estímulos feitos, sua visão é ampliada, mas quando isto não ocorre e já
é diagnosticado alguma incidência em sua visão, a estimulação começa desde a fase
intrauterina, de forma a minimizar a perda do seu desenvolvimento nas etapas certas.
Há nos dias atuais a Triagem Ocular Neonatal (TON), que consiste na
realização de procedimentos simples e rápidos para detectar ainda no período do
neonatal alguma possível alteração visual, sendo assim, possibilitando a reabilitação
precoce da criança. Dentre todas os tipos de doenças oculares existentes, a TON é
capaz de identificar situações de riscos como: fatores hereditários, que são a catarata,
retinoblastoma, glaucoma e outros problemas familiares, infecções, exposição a
drogas, medicações, fatores nutricionais, radiação e malformação congênita. Dentro
dos fatores infecções, há um que consequentemente é responsável por grande parte
das doenças oculares nos últimos anos, o Vírus Zika e/ ou infecções sistêmicas e
locais. Tal vírus, há alguns anos, atingiu vastamente uma grande porção de mulheres
gravidas e consequentemente acarretou em inúmeras pessoas com algum tipo de
deficiência.
É importante que após o nascimento a criança seja submetida ao teste do
reflexo vermelho (TRV), neste é detectado qualquer tipo de anormalidade no globo
ocular tratável.
21

A estimulação precoce, consiste em proporcionar atividades que se destinam


ao desenvolvimento mental da criança com deficiência, portanto, nos primeiros anos
de vida, é fundamental que a criança com deficiência receba uma estimulação
precoce, para que ela obtenha um pleno desenvolvimento no seu processo evolutivo,
minimizando assim danos e consequências graves que sua deficiência trará ao longo
da vida. É necessário que nos primeiros anos de vida a criança receba um
atendimento especifico e voltado para a sua deficiência, fazendo com que o bebe se
exercite o máximo possível suas capacidades mentais, motoras e outras, antes que
estas sejam prejudicadas.
Em um DV, uma das funções mais prejudicadas é a da mobilidade, visto que
um DV de nascença nunca enxergou o mundo ao seu redor e tudo que ele sabe é
deduzido pelo toque das suas mãos, logo, como trabalhar a mobilidade em uma
pessoa que não sabe ao certo como é uma rua. Como as coisas são de verdade, está
pessoa obviamente possui uma insegurança em seus passos, levando em
consideração uma pessoa que ficou cega, na qual sabe como são as coisas.
Portanto, é necessário um DV de nascença tenha desde o nascimento os
estímulos necessários para poder desenvolver a sua segurança. Visando essa
segurança, a equoterapia tem ganhado espaço cada vez maior neste contexto.
De acordo com Ruth Maria e Isabella Carolina (dezembro/2019, nº33, p. 240)
nas quais citam em seu artigo,
“A intervenção precoce é um processo que se estabelece com a parceria
entre médicos, terapeutas e família. A relação de confiança estabelecida
desde os primeiros contatos firma base para a habilitação da criança. Intervir
precocemente requer profundo conhecimento sobre o processo de
desenvolvimento humano, mais especificamente sobre o processo de
desenvolvimento da criança e dos fatores que nele interferem. Além disso, a
habilitação de crianças deficientes visuais requer compreensão das
limitações visuais e, sobretudo, das capacidades visuais dessas crianças e
possibilidades de desenvolvimento da eficiência da visão.” (apud, GALIARDO
& NOBRE, 2001, p. 16-17)

2.2 Mobilidade

Sabe-se que relacionada a visão encontra-se o desenvolvimento, ou seja, a


falta da visão prejudica fortemente a mobilidade do deficiente visual.
Uma criança vidente que tem o seu desenvolvimento normal, a sua visão lhe
proporciona a junção das atividades motoras, mentais e perceptivas. Ao ver um
obstáculo na rua, está será possível visualizar, pensar e agir. Quando se trata de um
DV o visualizar não existe teoricamente e o pensar não se encontra junto ao agir. O
22

uso da bengala como apoio é fundamental para um DV, ela permite que este detecte
obstáculos, desníveis, escadas, entre outros, mas, quando o obstáculo por exemplo
for um orelhão telefônico, mesmo com a bengala não é possível “visualiza-lo” sem
encostar o rosto no orelhão.
Logo é necessário o estimulo precoce da sua mobilidade. Considerando que as
cidades não são totalmente adaptadas aos deficientes. Crescer sabendo a realidade,
sendo exposto aos desafios desde novo, faz com que o seu desenvolvimento e
habilidade não sejam prejudicados posteriormente.

2.3 O deficiente visual e seus sentidos

Uma pessoa tipicamente normal, tem o seu desenvolvimento desde o


nascimento, pois, tudo que o cerca a pessoa consegue enxergar, com isso o seu
desenvolvimento global e sensorial avança seguindo a ordem cronológica do
crescimento infantil. Suas habilidades são exploradas e constantemente utilizada, o
seu desenvolvimento cresce gradativamente cada vez mais.
Mas quando um dos sentidos é comprometido, o desenvolvimento da pessoa
fica deliberadamente prejudicado. Na deficiência visual, sem o sentido da visão, todo
o resto dos sentidos são comprometidos, pois um depende do outro. Não é possível
que a pessoa tenha uma locomoção adequada, o tato é mais apurado, a audição
depende da patologia do deficiente visual, caso ele seja um cego-surdo, a perda
sensorial é maior.
O sensorial do ser humano é responsável pelo andar, falar, reflexo, sentidos,
comunicação, controle das ações, bem como suas percepções, mas o deficiente
visual perde partes essenciais dos sentidos sensoriais.
Devido a essa perda sensorial a criança DV, tem um atraso significativo em seu
desenvolvimento global, portanto, a intervenção e estimulação dessa criança, deve-
se começar nos primeiros meses de vida, para que seu desenvolvimento,
principalmente o motor e sensorial não sejam extremamente prejudicados, para e está
pessoa obtenha uma qualidade de vida melhor.

3- EQUOTERAPIA
23

A equoterapia teve com pioneiro, Hipócrates de Loo (458-370 a.C), no qual faz
menção da equoterapia em seu Livro das dietas, ele sugere a equoterapia deveria ser
utilizada para os transtornos da insônia, bem como melhoria na postura corporal de
uma pessoa.

Segundo Dr. Hubert Lallery- 2007, p. 14-


“A equoterapia é um dos raros métodos, talvez o único, que permite vivenciar-
se tantos acontecimentos ao mesmo tempo, simultaneamente, e nos quais
as informações e reações são também numerosas.” (apud- Silva, Fernanda
C. Toledo-2010, Bauru-Sp, p. 3)

Seguindo o ensinamento do médico fisiatra Zander, no qual diz que para


estimular o sistema nervoso simpático era necessário que fosse transmitida vibrações
ao cérebro com um total de 180 oscilações por minutos. Entretanto somente 100 anos
depois que o médico Rieder comprovou o método de Zander, era aplicável ao dorso
do cavalo, onde era possível obter todas as vibrações em um minuto e dessa forma
era obtido o valor necessário de oscilações para estimulação do sistema nervoso
simpático.
Sendo o sistema nervoso simpático componente do sistema nervoso autônomo
e responsável pelo controle involuntário de outros órgãos, além de ser responsável
pela reação provocada através medo, stress, excitação e outros sentimentos, ele
transmite um retorno rapidamente ao tratamento da terapia com a prática da
equoterapia. O primeiro grupo a fazer uso da equoterapia, foram os soldados da
Primeira Guerra Mundial no ano de 1917, no qual possuíam graves sequelas devido
as guerras. Com a proposta de amenizar as sequelas e proporcionar uma qualidade
de vida melhor para estes soldados, a equoterapia foi utilizada e consequentemente
obteve sucesso na recuperação dos soldados.
No Brasil, somente no ano de 1971 que as fisioterapeutas Kogler e Walter
começaram a realizar experiencias com a equoterapia, mas esta terapia só se
formalizou no ano de 1989 com a fundação da Associação Nacional de Equoterapia
(ANDE-Brasil).

3.1 Como surgiu a equoterapia

Visando a necessidade de terapias mais especificas para os deficientes ou


reabilitados, surge a equoterapia com uma proposta terapêutica e educacional. Desde
24

os séculos XVI e XIX está terapia tem sido utilizada para beneficiar pessoas em seus
aspectos físicos e psíquicos.
O fisiatra Zander, afirma que uma pessoa para ter uma boa reabilitação/
estimulação do seu sistema nervoso simpático era preciso de 180 oscilações
transmitidas ao cérebro de uma só vez. Apenas 100 anos depois da descoberta de
Zander, o médico Rieder constatou que o dorso do cavalo em passos, provocavam
tais oscilações de uma só vez. Logo a equoterapia passou a ser uma terapia
certificada e funcional no Brasil.
Na equoterapia o paciente é considerado um praticante e não paciente. Essa
terapia no consiste apenas no estar sobre o dorso do cavalo, ela utiliza a
disciplinaridade da pessoa e uma abordagem multiprofissional dos terapeutas. É
necessário que a equipe formada a equoterapia seja composta por: pedagogo,
fisioterapeuta, equitador, profissionais da área de educação física, fonoaudiólogos,
psicólogos e assistentes sociais, além da presença de um cavalo com algumas
características especificas para estar apto a ser um cavalo terapeuta.
O atendimento na equoterapia é planejado e montado com base nas
peculiaridades dos seus praticantes. O psicólogo juntamente com o fisioterapeuta e o
instrutor de equitação, desenvolve um planejamento com base nas necessidades
daquele praticante, proporcionando lhe um bom desempenho, são feitas avaliações
para que possa ter objetivos a serem alcançados. O atendimento só é viável após
recomendação e avaliação médica e educacional. A prática é desenvolvida com o
auxílio de uma equipe multiprofissional atuando de forma interdisciplinar, buscando
um único objetivo, o desenvolvimento global do praticante. Consequentemente a
agregação de profissionais de diversas áreas e de conhecimentos distintos e múltiplas
especialidades promovem um desempenho maior na saúde mental e física do
praticante.
O psicólogo deve estar sempre atento as distintas fases que se desenvolvem
ao longo da equoterapia. Na primeira fase, a de aproximação, o praticante faz contato
com o animal, fazendo atividades básicas como: alimenta-lo, escova-lo, dar cainho e
a encilhar (apertar o cavalo/ colocar arreios). A segunda fase é a montaria, a prática
da equoterapia, está fase é a central do tratamento, o praticante durante as sessões
desenvolve atividades de equilíbrio, coordenação motora e outras atividades
propostas sobre o dorso do animal. Na terceira fase o psicólogo é indispensável, já
25

que nesta fase a de separação, é considerada o termino do tratamento sobre o dorso


do cavalo, posteriormente a conclusão do tratamento é proposto atividades no solo.

3.2 A importância da equoterapia na vida do praticante

É importante destacar que o cavalo desempenha um papel fundamental de


grande importância na equoterapia e proporciona benefícios motores, psicológicos,
cognitivos e afetivos aos seus praticantes. A atuação dos multiprofissionais de forma
interdisciplinar é um diferencial decisivo, além de unir diversos profissionais de
diversas áreas com um só objetivo no processo de reabilitação, comprovam que a
equoterapia é eficiente em seu processo. A união do animal, praticante, ambiente
lúdico e agradável, multiprofissionais, evidencia que a equoterapia é ponto de união
familiar entre o praticante/familiar/terapeutas e no desenvolvimento interpessoal e
intrapessoal do seu praticante. Abaixo na figura 1- registrada durante uma entrevista
para o gshow1, no quadro de ponta a ponta, é possível observar a primeira etapa do
tratamento da equoterapia, ela consiste na aproximação do praticante com o animal;

Figura 6: De ponta a ponta- Alimentando o Cavalo.

1
Disponível em: <http://gshow.globo.com/TV-Tem/De-Ponta-a-Ponta/noticia/2015/07/de-ponta-
mostra-os-beneficios-da-equoterapia-para-pacientes.html>. Acesso em: 20 jun. 2022.
26

Uma pessoa que faz a prática da equoterapia, apresenta equilíbrio motor


melhor, ajuste sensorial capaz de detectar a mínima mudança em seu andar.
Desenvolve maior concentração e autonomia no seu dia a dia, bem como as tarefas
diárias passam a ser algo simples na sua rotina do dia a dia. A relação com o meio
onde vive se torna algo prazeroso e dinâmico. Uma vez que o desenvolvimento global
do praticante é explorado em diversos sentidos e contextos.
A noção espacial e lateralidade é uma das habilidades que se desenvolve
constantemente na prática assídua da equoterapia.

Figura 7: Praticante deficiente visual, na sessão de equoterapia.

Na imagem acima capturada durante uma sessão de equoterapia no projeto


ABAE- Associação Bahiana de Equoterapia2, acontece o processo da montaria sobre
o dorso do cavalo, o praticante é estimulado e desenvolve diversas atividades sobre
o cavalo. Cada praticante possui o seu plano de ação, elaborado por uma equipe
interdisciplinar de acordo com as suas necessidades e especificidades.
A equoterapia é um apanhado de estímulos motores que o corpo desenvolve
ao mesmo tempo, além estimular a parte cerebral, estimula-se também a parte motora
global da pessoa. A cada passada do cavalo, a pessoa montada no dorso do cavalo,
recebe um total de 180 oscilações de uma só vez, ativando o seu sistema cerebral por
completo. A coluna sofre impactos deveras importante para que a pessoa tenha um

2
Disponível em: <https://www.abaebahia.org.br/portfolio_item/nocoes-basicas-de-equoterapia/>.
Acesso em: 20 jun. 2022.
27

equilíbrio mais amplo e consequentemente a sua estabilidade. Cada movimento


realizado pelo animal, o corpo da pessoa que está montada em seu dorso se ajusta
automaticamente para uma melhor amplitude do seu desenvolvimento, além dos
desenvolvimentos motores, a equoterapia potencializa o desenvolvimento o
psicológico dos seus praticantes. O contato direto com um animal aguça o psicológico
da pessoa, com isso, a importância de saber e conhecer o animal na qual fará o
tratamento, o vinculo entre animal e praticante é fundamental para que o
desenvolvimento possa ocorrer de forma prazerosa e satisfatória.
Pode-se dizer que o trote, tipo de passos realizado pelo cavalo é fundamental
e indispensável para que a terapia chegue ao seu ápice de desenvolvimento. Visto
que é através do trote do cavalo que se baseia a equoterapia e com os movimentos
transmitidos pelo animal, a terapia se faz eficaz, conforme retrata as imagens retirada
no site equoterapia word press3.

Figura 8: O trote que trata.

3
Disponível em: <https://equoterapia.wordpress.com/2012/10/22/o-trote-que-trata/>. Acesso
em: 24 jun. 2022.
28

Acima é possível observar os movimentos tridimensionais realizados pelo corpo


através do contato com cavalo. Tais movimentos estimulam o sistema simpático e
proporcionam impulsos e sinapses por todo o corpo do praticante.

Figura 9: Movimentos tridimensionais 4 no dorso do cavalo.

Na figura acima é representado o esquema de rotação e translação que o praticante


recebe durante o trote no dorso do cavalo. O contato do praticante e movimentos
realizados sobre o dorso do cavalo, são movimentos tridimensionais, para cima e para
baixo, para um lado e para o outro e para frente e para trás, são reconhecidos também
como movimentos x,y e z. Cada estimulo/movimento é fundamental para a reabilitação
do praticante, os movimentos complexos gerado sobre o dorso do animal, promove
as propriocepções existente em diversas partes do corpo humano, sejam elas
conscientes ou inconscientes.

3.3 Qualidade de vida do deficiente visual

A equoterapia proporciona ao praticante uma qualidade de vida melhor e um


bom desenvolvimento em sua relação social, em seu aspecto motor e até mesmo no
relacionamento interpessoal.
A equoterapia pode causar em seus praticantes quatro efeitos terapêuticos
positivos, como: melhora na relação pessoal, psicomotricidade, natureza técnica e na

4
Disponível em: <http://equitacaoespecial.blogspot.com/2009/08/rotacao-e-translacao-derivados-
do.html>. Acesso em: 23 jun. 2022.
29

socialização. Considerando que a cada movimento que o cavalo faz o praticante o


recebe imediatamente, estes são considerados ajustes tônicos.
Portanto, está terapia tem ganhado espaço maior na atualidade, visando
sempre a reabilitação e o desenvolvimento global da pessoa com deficiência. Mas
para que a equoterapia aconteça de forma correta e tenha valor é necessário ter uma
equipe interdisciplinar, uma vez que uma completa a outra, os profissionais vão desde
o terapeuta, psicólogo, pedagogo, assistente social, fonoaudiólogo, educadores
físicos, equitadores, entre outros, que juntos proporcionam ao praticante o seu
desenvolvimento.
A qualidade de vida de um praticante da equoterapia é de efeito positivo, há
relatos de que a melhora em seu desenvolvimento motor, desenvolvimento global e
desenvolvimento sensorial, o equilíbrio, os ajustes tônicos. Eleva a autoconfiança e
autoestima da criança, aumentando o seu nível de participação, funcionalidade e
aprimoramento. Além dos aspectos socioafetivos serem evidentemente afetados,
repercutindo positivamente no convívio familiar e social. Abaixo é possível observar
os benefícios da equoterapia na vida de quem é praticante segunda a página da web
Cotidiano5.

Figura 10: Benefícios da equoterapia para a vida do praticante.

4- CAMINHOS METODOLÓGICOS

5
Equoterapia: tratamento alternativo com o auxílio de cavalos – Cotidiano UFSC. Disponível
em: <https://cotidiano.sites.ufsc.br/equoterapia-tratamento-alternativo-com-o-auxilio-de-cavalos/>.
Acesso em: 20 jun. 2022.
30

Partindo uma abordagem de cunho bibliográfico, a presente pesquisa foi


desenvolvida para um melhor entendimento sobre a importância da equoterapia na
vida da criança com deficiência visual e como esta faz a diferença na qualidade de
vida dos seus praticantes.
Foi feita uma observação entre artigos, monografias e livros que abordam o
tema, de forma a apontar os principais pontos de cada pesquisa e consequentemente
desenvolvendo este trabalho. Na cidade de Macaé, local de início de uma pesquisa
de campo, há um centro de reabilitação terapêutico com pessoas de diferentes
deficiências incluindo a deficiência visual, mas devido a um processo de reforma no
local, o trabalho de reabilitação está suspenso até maiores informações das
autoridades responsáveis. Tornando difícil a exploração em campo.
Ao longo do trabalho foram utilizadas fotografias disponíveis em determinados
sites, blogs disponíveis na internet.
Com base nas informações coletadas bibliograficamente, foi possível
identificar se houve um bom desenvolvimento motor no praticante da equoterapia,
quando comparado a um deficiente visual que não faz uso da equoterapia e quais
são os benefícios visíveis que os praticantes obtiveram ao longo do seu tratamento
com a equoterapia.

5- REVISÃO DA LITERATURA

Equoterapia e Deficiência Visual.

O presente trabalho discorre a respeito da equoterapia que, de acordo com


Fernanda Carolina Toledo da Silva (apud- Associação Nacional de Equoterapia-
ANDE, 2007, p. 11)

“É um método terapêutico que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem


interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o
desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ou com
necessidades especiais.”

Segundo Dr. Hubert Lallery- 2007, p. 14-

“A equoterapia é um dos raros métodos, talvez o único, que permite vivenciar-


se tantos acontecimentos ao mesmo tempo, simultaneamente, e nos quais
31

as informações e reações são também numerosas.” (apud- Silva, Fernanda


C. Toledo-2010, Bauru-Sp, p. 3)

Com isso, faz-se necessário saber que, conforme aponta CUNHA (2016)

“Durante uma terapia, a cada passo do cavalo são produzidos de 1 a 1,25


movimentos por segundos. Assim, durante 30 minutos sobre o cavalo em
passo, o praticante realizará de 1.800 a 2.250 ajustes tônicos.”.

Esses ajustes são grandes aliados na reabilitação e no desenvolvimento do


praticante, pois “Esses movimentos causam deslocamento da cintura pélvica, que
produzem vibrações nas regiões osteoarticulares transmitidas ao cérebro, via medula,
com frequência de 180 oscilações por minutos. Dessa forma, o tipo de cavalo,
andadura, frequência e amplitude da passada são escolhidos conforme cada caso, e
a variação do passo do cavalo, velocidade, estimulação de direção e equilíbrio
interferem como resposta ao deslocamento do centro de gravidade do praticante. “.
(CUNHA et al., 2016).
Entende-se por” deficiência – “perda ou anormalidade de uma estrutura ou
função psicológica, fisiológica ou anatômica. (...) se caracteriza por perdas ou
anormalidades que podem ser temporais ou permanentes.” (MOSQUERA, 2000, p.17)
– é classificada como “mental, auditiva, visual, motora e múltipla” (CIDADE e
FREITAS, 2002, p.21). (apud- Silva, Fernanda C. Toledo-2010, Bauru-Sp, p. 13).
A deficiência visual é caracterizada pela perda total ou parcial da visão, sendo
ela congênita ou adquirida, com isso, os deficientes visuais necessitam de métodos
não visuais para se relacionar com o mundo exterior, de acordo com Mansini, (1994):

“O que não se pode desconhecer é que o deficiente visual tem uma dialética
diferente, por causa do conteúdo que não é visual e da sua organização cuja
especificidade é a de referir-se ao tátil, auditivo, olfativo, cinestésico. Dispor
de todos os órgãos dos sentidos é diferente de contar com a ausência de um
deles: muda o modo próprio de estar no mundo e de se relacionar.” (apud-
Silva,Carlos H. Grubits, Sonia- 2004.).

Mansini, 1994, Freire (1999) diz que:

Levando-se em conta a psicologia evolutiva e diferenças individuais no


estudo da personalidade, torna-se necessário formular para cada deficiente,
um programa personalizado e que leve em consideração as exigências
colocadas para aquele indivíduo, naquela determinada fase de seu processo
evolutivo. Tais indicações podem derivar de um balanço global e funcional
das aptidões relacionais, cognitivas, motoras e mesmo em termos de
adaptações.” (p.38 apud- Silva,Carlos H. Grubits, Sonia- 2004.).
32

Simultaneamente

“podemos dizer que a equoterapia é um recurso terapêutico que proporciona,


aos indivíduos com cegueira congênita ou adquirida, benefícios que
conduzem a uma melhor qualidade de vida. (Silva,Carlos H. Grubits, Sonia-
2004.).

Finalmente em relação a qualidade de vida,

“pode-se inferir que a equoterapia é um importante método para favorecer a


autoconfiança e a autoestima, aumentando o nível de participação e
aprimorando a funcionalidade.” (CUNHA et al., 2016, p. 189).
33

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conceituando o deficiente visual, como uma pessoa com limitações visíveis, a


e inclusão desta, por parte é considerada mais difícil. Mas nada impossível, com um
bom processo de adaptação rotineira é possível que a vida desta melhore um pouco.
Pensando que os sentidos de uma pessoa típica são desenvolvidos desde a
sua vida intrauterina, uma pessoa deficiente terá uma perda considerável de algum
dos seus sentidos, no caso do DV, o sentido da visão, sentido este, importante para
todo o seu desenvolvimento desde o nascimento. Diferente da pessoa que teve sua
perda de visão gradativamente, a pessoa cega desde o seu nascimento não
pressupõe de nenhuma noção do mundo que a cerca.
Analisando suas perdas ao longo da vida é essencial que um deficiente visual
obtenha estímulos desde os seus primeiros meses de vida, a sua mobilidade será
evidentemente afeta ao longo dos anos, logo a estimulação e a prática de terapias
assistidas com animais são importantes para lhe garantir uma boa qualidade de vida.
Considerando que a equoterapia é um tratamento terapêutico e educacional,
eficaz e essencial para o desenvolvimento motor de uma pessoa com deficiência
visual ou no processo de reabilitação. Está terapia tem ganhado um espaço maior
nos âmbitos terapêuticos, bem como sua utilização tem sido benéfica em vários
aspectos pessoais.
Portanto, a prática da equoterapia no desenvolvimento motor de uma criança
com deficiência visual, se faz necessária, pois, além da garantia de uma vida melhor,
a equoterapia proporciona um bom desenvolvimento motor em seu praticante.
Benefícios como autoestima elevada, autoconfiança, relacionamento social, entre
outros aspectos, são indispensáveis para um excelente desenvolvimento psicológico
do seu praticante.
34

REFERÊNCIAS

ANDE- Associação Nacional de Equoterapia- Brasília- DF.

CID 10 H53 Distúrbios visuais – Doenças CID-10. Disponível em:


<https://www.medicinanet.com.br/cid10/1688/h53_disturbios_visuais.htm>. Acesso
em: 20 jun. 2022.

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educacionais, médicos e legais. Disponível em:
<https://efdeportes.com/efd93/defic.htm>. Acesso em: 20 jun. 2022.

CUNHA, Andréa Beraldi et al. Terapia assistida por animais: equoterapia. Barueri-
Sp: Manole, 2016. p. 177-194

De Ponta mostra os benefícios da “Equoterapia” para pacientes. Disponível em:


<http://gshow.globo.com/TV-Tem/De-Ponta-a-Ponta/noticia/2015/07/de-ponta-
mostra-os-beneficios-da-equoterapia-para-pacientes.html>. Acesso em: 20 jun. 2022.

Equoterapia: tratamento alternativo com o auxílio de cavalos – Cotidiano UFSC.


Disponível em: <https://cotidiano.sites.ufsc.br/equoterapia-tratamento-alternativo-
com-o-auxilio-de-cavalos/>. Acesso em: 20 jun. 2022.

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videntes. Revista Mackenzie De Educação Física E Esporte, 11 ago. 2009.

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35

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