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Faculdade Intercultural da Amazônia

Disciplina: Unidade de Terapia Intensiva – UTI


Prof. Enf. Charles Carvalho

Cuidados de Enfermagem
Balanço Hídrico
O QUE É BALANÇO
HÍDRICO?
Balanço Hídrico
Balanço Hídrico é a monitorização de líquidos infundidos
e eliminados por um cliente num determinado período.

A diferença GANHO ou PERDA pode resultar em


balanço positivo onde há retenção de líquido ou negativo
onde há perda de líquidos.

Para facilitar a mensuração nas 24 horas dos líquidos


introduzidos e eliminados existe um formulário que é
anexado ao prontuário do paciente que chamamos de folha
de balanço hídrico.
 É o registro diário de líquidos infundidos paciente. Este
registro é realizado em papel padronizado que possui
espaço também para, sinais vitais, PVC e hemoderivados.

 O peso corporal e o Balanço Hídrico.

 Peso corporal tornou-se uma medida bastante importante


porque as alterações AGUDAS refletem o aumento ou
diminuições na água total do organismo.

 Uma única medida do peso corporal, geralmente tem


pouco valor no cálculo da água total, porém no contexto
das UTI’s as mudanças no peso a curto prazo devem-se,
em grande parte, mais as alterações na água total do
organismo.
Objetivo
 Verificar perdas e/ou ganhos de líquidos e eletrólitos
nas 24 horas.

 Avaliar o equilíbrio hídrico e detectar possíveis


alterações.

 Obter dados para calcular a reposição hídrica e


eletrolítica a ser administrada em 24 horas, conforme a
necessidade.
Objetivo
 Realizar rígido controle sobre infusões x eliminações
para avaliação da evolução clínica do paciente.

 Observar juntamente com exames laboratoriais, o


início de alguma patologias;

 Compete ao enfermeiro, técnico e/ou auxiliar de


enfermagem registrar todas as entradas e perdas
líquidas do paciente e fazer o cálculo de balanço final,
porém é de competência somente do enfermeiro
identificar a necessidade ou não em prescrever balanço
hídrico aos paciente.
Finalidade
 Controlar rigorosamente a entrada e saída de líquido do
organismo.
Profissionais Responsáveis Pelo Procedimento
 Equipe de Enfermagem
Material a Ser Utilizado
 Caneta azul ou preta;
 Impresso próprio (balanço hídrico);
 Frasco graduado para medição de volume;
 Calculadora;
 Fraldas (escrever o peso da fralda seca na parte plástica,
com caneta esferográfica);
 Coletor de urina;
 Balança para pesagem diferencial.
Procedimento Detalhado
 Higienizar as mãos;
 Pesar diariamente o paciente e registrar no Impresso
Próprio;
 Medir os líquidos a serem administrados VO, ou por
sonda (dieta líquida, água para lavar a sonda,
medicamentos VO) antes de oferecê-los ao paciente.
Anotar a quantidade ingerida/administrada no
formulário de Balanço Hídrico (BH);
Procedimento Detalhado
 Medir e anotar os volumes de líquidos administrados
por via parenteral (IV, IM, SC,) no formulário de BH;
 Anotar a cada seis horas os volumes de soro,
hemocomponentes, medicações contínuas e NPT;
 Anotar no horário da instalação do medicamento os
volumes totais das medicações administradas (somando
o volume da dose + a diluição + o soro para lavar o
equipo);
 Medir e anotar no formulário de BH, os líquidos
administrados em irrigações (p.ex. diálise peritoneal);
Procedimento Detalhado
 Pesar fraldas secas de pacientes que as utilizam
(anotando o peso da fralda seca na parte plástica das
mesmas);
 Medir o volume de cada micção realizando a pesagem
diferencial de fraldas. Se for utilizado saco coletor
(acoplado a uma sonda para a drenagem do conteúdo)
retirar a urina com uma seringa, medir e anotar o
volume. Se o paciente estiver com sistema coletor de
diurese, anotar os volumes ao final de cada turno ou
sempre que for esvaziado;
Procedimento Detalhado
 Medir e anotar o volume de vômitos e fezes líquidas
MEDIDAS na linha correspondente, do formulário de
BH. Caso não seja possível medir (nem por pesagem
diferencial), anotar: + para pouco, ++ para média
quantidade e +++ para grande quantidade;
 Medir e anotar os volumes das drenagens (de sonda,
drenos) na linha correspondente;
 Medir e anotar volume drenado de curativos ou
sangramentos (pesagem diferencial);
Procedimento Detalhado
 Calcular o balanço hídrico a cada 6 horas (às 12, 18, 24
e 6h) e anotar no formulário de Balanço Hídrico;
 As bombas de infusão são todas zeradas e os volumes
infundidos são somados. A esse valor são adicionadas
as medicações endovenosas administradas e que não
precisam ser infundidas com tanta cautela como as das
bombas de infusão, totalizando a quantidade de
líquidos infundidos por via parenteral;
 O resultado final das seis horas é somado resultando no
total de líquido acumulado/ eliminado pelo paciente.
Com isso, pode-se apreciar o seu estado hídrico;
Pontos Importantes e Possíveis Riscos
1. Todo paciente em balanço hídrico, deve ser pesado em
jejum (no mesmo horário, com a mesma vestimenta,
esvaziamento intestinal e vesical).
2. Não estão incluídas no cálculo, as perdas insensíveis
dos pacientes neonatais.
3. Utilizar os sinais + (positivo) e – (negativo) para os
valores de Balanço Hídrico em parciais e totais.
4. O somatório dos valores por turno deverá ser realizado
pelo profissional de enfermagem (Auxiliar ou Técnico)
responsável pelo paciente e conferido pelo Enfermeiro.
Ambos devem assinar e carimbar o resultado.
Pontos Importantes e Possíveis Riscos
5. Caso não seja possível medir a quantidade de algum
líquido eliminado, relatar este fato na evolução e
marcar +, ++ ou +++ no formulário, conforme
indicado.
6. Comunicar alterações no equilíbrio hídrico ao
enfermeiro/médico assistente.
Pontos Importantes e Possíveis Riscos
7. Quando for percebido que o paciente recebeu ou
perdeu líquidos em áreas/setores diferentes de seu
destino/origem (situações de transporte, cirurgias,
exames, ...) estas observações deverão ser evoluídas no
formulário de Balanço Hídrico.
8. Se o paciente ingerir ou eliminar líquidos sem que
tenham sido medidos ou visualizados pela
enfermagem, relatar este fato como observação.
Resultados Esperados
 Aferição fidedigna dos líquidos administrados ao
paciente e eliminados por ele.
Ganho e Perda

Considerar como ganho/entrada


• Dieta por SNG, SNE, Ostomias
• Ingestão de água, sucos, chás
• Terapia medicamentosa: soros, medicações com
diluição, sangue, NPP

Considerar como perda/saída


• Eliminações vesico-intestinais (diurese e fezes
liquidas, semi liquidas
• Vômitos, drenagens, secreções, sudorese
Ganho e Perda
A diferença entre ganho e perda pode
resultar em:

Balanço Positivo (+) Balanço Negativo (-)

Retenção de Líquido Perda de Líquido


Paciente que necessitam do Balanço Hídrico
 Pacientes em uso de nutrição parenteral e enteral;

 Pacientes de pós-operatório de grandes cirurgias,


principalmente dos sistemas geniturinário, digestivo e
respiratório;

 Portadores de enfermidades cardíacas, edemas, drenos,


ascite, entre outras;

 Pacientes com restrição hídrica;

 Pacientes com queimaduras de grande extensão;


Paciente que necessitam do Balanço Hídrico
 Patologias que caracterizam inclusão nos protocolos de
BH, ICC, IAM, HAS descompensada Insuficiência
Renal Aguda (IRA, IRC) cirrose e ou Hepatopatias
descompensadas DM descompensadas;

 Uso de fármacos que desenvolvam efeitos colaterais a


função renal, instabilidade Hemodinâmica, ATB que
desenvolvam distúrbios eletrolítico (Hipocalemia,
Hiponatremia, Acidose e Alcalose Metabólica débito
urinário (30ml/kg/h em 24hs);

 Uso de medicamentos eliminados pelo RIM


Particularidades do Balanço Hídrico
 Em casos de SNE deve ser anotado o volume
administrado, incluindo em caso de ser desprezado parte
desse volume o valor entre parêntesis;
Ex: 200 (-50 ml) estavam prescritos 200 ml, foi
infundido 150 ml e desprezado 50 ml

 Todo paciente em BH deverá ser pesado em jejum


(mesmo horário, mesma vestimenta, esvaziamento
vesical e intestinal) e ou ter seu peso corporal estimado
pela nutrição (prega cutâneo e ou plicometro)
Particularidades do Balanço Hídrico
 Anotar no impresso o volume infundido de NPP quando
a mesma estiver presente, no espaço destinado.

 Anotar no campo EV, todas as infusões em bolsa de


soro; medicações EV;

 Anotar a administração de dieta enteral separadamente


no campo específico (SNE) diurese: desprezar volume
urinário de acordo com o intervalo estabelecido pela
rotina (Padrões Assistenciais Mínimos) uropen, cateter
vesical de demora.
Particularidades do Balanço Hídrico
 Registrar volume de perdas, caso esteja usando fraldas
pesá-las descontando seu peso;

 Aos valores de ingesta deve-se acrescentar para fins de


fechamento do BH nas 24hs o seguinte:
1.Água Endógena (AE) = 400ml
2.Perdas Insensíveis (PI) = 800ml

 Caso não sejam acrescidos os respectivos valores ao


fechamento do BH documentar. As alterações da FR,
TA, GI e outras devem servir de parâmetros de
avaliação para reposição hídrica para PI e ou restrição
(RH).
Documentação do Balanço Hídrico
 Preencher com o mesmo padrão de anotação;

 Anotar em espaços em branco outras formas de perdas


como: ileostomia, gastrostomias, colostomias, etc...
(poderá ser regra anotar com caneta vermelha ou de
outra cor)

 Os horários para realização dos lançamentos no BH na


folha de controles de sinais vitais da unidade. Em UTI’s
a cada 2 horas demais de 6/6h.
Como Deve Ser Feito o Registro
 Identificação do paciente;

 Data (Dia em que o balanço foi realizado);

 Hora (Momento em que foram registrados os dados do


balanço);
Como Deve Ser Feito o Registro
 Todo líquido deve ser medido antes de se oferecer ao
cliente e o volume registrado no impresso de controle
hídrico, na coluna correspondente a líquidos ingeridos,
com respectivo horário;

 Fechar o balanço parcial obedecendo os horários


padrões 6/12/18 e nas 24 horas, sob a responsabilidade
do enfermeiro do noturno;

 Encerrar o BH às 06 horas fazendo a soma de cada item


separadamente (VO, Soro, Diurese, etc...)
Como Deve Ser Feito o Registro
 O BH final será o total de líquidos administrados
subtraídos do total de líquidos dos eliminados;

 O fechamento do BH poderá ser feito pela equipe do


noturno ou da manhã, conforme rotina a ser
estabelecida, porém sempre considerando o total até as
06 horas;

 Distribuir o volume hídrico destinado pela nutrição para


administração de medicamentos nas 24 horas, calculo
de líquidos administrados ao paciente.
Como Deve Ser Feito o Registro
1. Anotar por via parenteral:
- Soluções venosas como Ringer, SG 5%, 10% e 50%; SF
0,9%; nutrição parenteral, entre outros, medicações
endovenosas e intramuscular.

2. Anotar por via oral:


- Pela Boca: suco, água, sopa, etc..
- Pela Sonda Gástrica: Alimentação em geral, hidratação
em geral, medicações...
- Pela Sonda Nasoenteral: soluções infundidas
Como Deve Ser Feito o Registro
3. As infusões parenterais recebidas pelo paciente:
- Devem ser anotadas na coluna correspondente a infusões
venosa.

4. Todo líquido eliminado pelo paciente deve ser medido e


anotado na coluna correspondente.
- Os líquidos eliminados correspondem a diurese, vômitos,
líquidos de drenagem, diarreia.
Como Deve Ser Feito o Registro
5. Os fluidos que não puderem ser medidos poderão ser
avaliados utilizando-se símbolos como:
- Pequena Quantidade (+), Média Quantidade (++) e Grande
Quantidade (+++)

6. O fechamento do BH pode ser parcial, ao final de cada


turno de trabalho com cálculos totais efeituados de 6/6hs de
12/12hs, de acordo com a necessidade do paciente;

7. O registro acontece de meia em meia horas em diante,


arredonda-se hora a mais, ou seja, aconteceu às 15:30 ou
15:40, registra-se 16hs. Caso seja de meia hora atrás,
registra-se para menos, ou seja, aconteceu 13:10h ou 13:25h,
registra-se 12:00hs.
Exemplo

O cliente recebeu 1.000 ml entre dieta e medicações e


eliminou 500 ml entre diurese e drenagens.

1.000 ml - 500 ml = +500 ml

R: o balanço hídrico das 24 horas é positivo pois o


cliente teve mais ganho do que perdas.
EXEMPLO
Exemplo 1
O cliente recebeu 1.900 ml entre dieta e medicações e
eliminou 2.150 ml entre diurese e drenagens.

1.900 – 2.150 = - 250

R: o balanço hídrico das 24 horas e negativo pois o


cliente teve mais perda do que ganho
0
“Determinação, coragem e autoconfiança são fatores
decisivos para o sucesso. Se estamos possuídos por
uma inabalável determinação, conseguiremos superá-
los. Independentemente das circunstâncias, devemos
ser sempre humildes, recatados e despidos de orgulho.”
Dalai Lama

Enf. Charles Carvalho


Referências Bibliográficas
Évora PRB, Reis CL, Ferez MA, Conte DA, Garcia LV. Distúrbios do
equilíbrio hidroeletrolítico e do equilíbrio acidobásico: uma revisão
prática. Medicina. 1999; 32: 451-69

Potter PA, Perry AG. Equilíbrio hidreletrolítico e ácido-básico. In: Potter


PA, Perry AG, editores. Grande tratado de enfermagem prática. São Paulo:
Santos; 2004. p. 801-46.

Smeltzer SC, Bare BG. Líquidos e eletrólitos: equilíbrio e distúrbios. In:


Brunner & Suddarth. Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan; 2009. p. 192-232.

Tamez, R.N., Silva, M.J.P. Enfermagem na UTI-neonatal : assistência ao


recém-nascido de alto risco. Rio de Janeiro :Guanabara Koogan, 2013.
OBRIGADO
Charles Carvalho
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Charles Carvalho
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