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Ricardo Reis
A consciência e a encenação da mortalidade: A indiferença perante a morte está
bastante presente na obra de Ricardo Reis, o presente é o mais importante (carpe
diem), vivido quase de forma eterna, pois a vida não tem significado.
O tempo flui de forma imutável, inevitável e incontrolável, contribuindo para uma
indiferença perante a morte. Esta vai chegar um dia, não vale a pena pensar muito
sobre isso. Numa tentativa de encontrar respostas, Reis vira-se para a sabedoria dos
antigos (em particular dos Gregos). A consciência da brevidade da vida, permite que
esta seja desfrutada com maior intensidade, ao mesmo tempo que causa uma
profunda angustia.
Epicurismo:

• Para alcançar a felicidade plena e absoluta, é necessário vencer os nossos


medos e desejos intensos de maneira a conseguir estabilidade e equilíbrio
interiores;
• Tudo aquilo que a vida nos oferecer como prazer deve ser observado com
cautela, para que dai não advenham sofrimentos e perturbações do corpo,
espirito e alma;
• O essencial é manter o corpo saudável e livre das contingências dos desejos,
num espirito esclarecido, tranquilo e sereno;
• Felicidade plena por meio do controlo de exageros corporais e espirituais, dos
medos relativamente ao destino e aos deuses por meio do alcance diário de
serenidade.
Estoicismo:

• É necessário desenvolver no ser humano logico e uma racionalidade tais que o


impeçam de sucumbir a sentimentos destrutivos, negando-os e vencendo-os;
• Só uma pessoa pensadora e esclarecida consegue perceber a logica e as regras
do mundo para as cumprir e assegurar a ética e o bem-estar pessoal e
interpessoal;
• Indiferença em relação as emoções, assim como a aceitação do destino (apatia
– nada podemos fazer, tudo está definido previamente). Este segue uma atitude
de abdicação, pois não vale a pena lutar contra o inevitável.

Carpe diem: Esta defende que se deve aproveitar ao máximo o dia/ momento, pois não
se sabe o que pode acontecer a seguir. Os prazeres são para ser vividos e aproveitados
ao máximo, sem olhar para trás.
Estilo:

• O seu estilo é bastante rigoroso, com a presença de regularidade estrófica e


métrica (ode – versos hexassílabos e decassílabos).
• O vocabulário tem uma componente arcaica, alatinada e erudita, com elevada
complexidade sintática (predominância da subordinação), assim como um estilo
denso (anáforas, hipérbato, perífrases), dando uma linguagem mais culta à sua
obra.
• O tom coloquial (interlocutor), moralista (vocativos, imperativo e conjuntivo,
assim como frases declarativas), assim como o uso da primeira pessoa do plural,
tornam a sua obra mais próxima do seu tempo.
Álvaro de Campos
Tédio; Histeria; Excesso; Sensações vividas febrilmente; Vanguarda; Futurismo;
Angústia existencial
O poeta procura incessantemente “sentir tudo de todas as maneiras”, seja a força
explosiva dos mecanismos, seja a velocidade, seja o próprio desejo de partir. Campos
tanto celebra, em poemas de estilo torrencial, amplo, delirante e até violento, a
civilização industrial e mecânica, como expressão de desencanto do quotidiano
citadino, adotando sempre o ponto de vista do homem da cidade.
Decadentista (fase do "Opiário") - exprime o tédio de viver, o enfado, o cansaço, a
náusea, o abatimento e a necessidade de novas sensações; traduz a falta de um
sentido para a vida e a necessidade de fuga à monotonia; inadaptado ao mundo e à
vida.
Futurista/Sensacionista (civilização moderna/excesso de sensações - "Ode Triunfal") -
Campos celebra o triunfo da máquina, da civilização moderna. Sente-se nos poemas
uma atração quase erótica pelas máquinas, símbolo da vida moderna. Intensidade e
totalização das sensações. A par da paixão pela máquina, há a náusea, provocada pela
poluição física e moral da vida moderna. Nesta fase, a sensação é mais intelectualizada.
Sensacionismo excessivo e conturbado.
Abúlica (pessimista e intimista) - Perante a incapacidade de unificar em si pensamento
e sentimento, mundo exterior e interior, traz de volta o abatimento (o cansaço, o tédio,
solidão). Conflito entre a realidade e o poeta. Este sente-se vazio, um marginal,
incompreendido. Angustiado e cansado. Revela, tal como Pessoa, a mesma angústia
existencial, ceticismo, dor de pensar e nostalgia de infância.
Estilo:

• excesso de expressão - pontuação emotiva (exclamações, interjeições...);


• ritmo rápido e excessivo, repetitivo;
• linguagem marcada por um tom excessivo e intenso (pelo excesso de
expressão);
• recurso a metáforas ousadas, personificações, hipérbatos, oxímoros,
onomatopeias, aliterações, adjetivação abundante, hipérboles, anáforas e
repetições;
• verso livre, geralmente longo;
• uso de neologismos e estrangeirismos;
• estrofes longas e irregulares.

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