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Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra

INTRODUÇÃO AO DIREITO I (3ª Turma Teórica)


CRITÉRIOS DE CORREÇÃO DO EXAME FINAL DE ÉPOCA DE RECURSO
23/01/2019

Observação preliminar: A bibliografia não deve servir à tentativa de repetição mecânica, mas sim ao estudo
criticamente autónomo e consciente; devendo ser mobilizada, portanto, como o ponto de partida essencial
para a compreensão dos quadros dogmáticos necessários ao complementar desenvolvimento de um discurso
próprio e fundamentado acerca dos temas abordados. Nas respostas apresentadas, os Senhores Estudantes
devem sempre partir das perguntas propostas, concentrando-se em resolver os problemas que as mesmas
especificamente introduzem - mobilizando, para este fim (e não simplesmente em abstrato), os
conhecimentos adquiridos. O eixo argumentativo, portanto, deve ser o do tratamento dos problemas
concretos. O ponto de partida do jurista é o caso.

I
6 valores
Comentário objetivo, crítico e fundamentado (inclusive em termos históricos) acerca
da pertinência das duas afirmações introduzidas no trecho proposto (a primeira verdadeira e
a segunda falsa), a abordar, fundamentalmente, os seguintes aspetos: 1 – a alteração da
compreensão do pressuposto fundamentante da ideia de um direito natural com a passagem
para o Jusnaturalismo Racionalista, comparando o referido pressuposto com aquele
sustentado pela Segunda Escolástica (a razão humana versus a razão divina que se externaliza
na lex aeterna); 2 – os diferentes tipos de referência à razão humana sustentados no contexto
do Jusnaturalismo Racionalista, acentuando o contraponto essencial entre a razão fenoménica,
que desdobra o conteúdo daquele direito a partir de dados-axiomas empíricos (extraídos da
observação da natureza humana), e a razão a priori da experiência ou “pura”, da qual se deduz
o conceito de direito (a peculiaridade do jusnaturalismo de Kant).

II
6 valores
Exposição objetiva dos temas-conceitos propostos, estes devidamente
contextualizados (inclusive em termos históricos, se for o caso) nos quadros dogmáticos nos
quais se integram.

III
8 valores
Reflexão fundamentada (a englobar um posicionamento crítico) acerca dos trechos
propostos, contrapondo-os no que se refere aos diferentes tratamentos-respostas que estes
dirigem ao problema da fundamentação do direito e da ordem jurídica: o primeiro trecho a
trazer à tona a perspectiva de Hans Kelsen [e, assim, a compreensão de um pressuposto de
validade puramente formal («uma norma básica») que desconecta o direito positivo da ideia
de justiça] e o segundo trecho a perspetivar aquele mesmo problema em termos materiais,
pela referência a um quadro normativo de valores (liberdade, igualdade, solidariedade,
segurança) que, ao remeterem o fundamento do direito a uma dimensão humano-social de
autorreconhecimento axiológico (a «dignidade humana»), dão sentido a uma específica
compreensão da justiça (a “terceira via” e a adequação da ordem jurídica aos valores que
fundamentam os direitos humanos).

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