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EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA – Araken de Assis.

Procedimento da Execução do Título Judicial Para Entrega de Coisa


- Individualização da coisa
Em princípio, a execução para entrega de coisa (corpus) abrange coisas certas, porque individualizadas
por sinais característicos, e coisas incertas, identificadas apenas pelo gênero e quantidade. Nesse último
caso, antes de se passar ao desapossamento, mister empregar o incidente de concentração ou de
individualização (art. 811).
Inevitável que seja na execução fundada em título extrajudicial, esse penoso incidente inspirou o NCPC,
outorgando caráter impositivo ao conteúdo da sentença. Cuidando-se de sentença cuja força traduza a
necessidade de o vencido entregar coisa, o dispositivo da sentença impositiva fixará prazo de
cumprimento (art. 498, caput). Em geral, os mecanismos sub-rogatórios da busca e apreensão, quanto às
coisas móveis, e da imissão na posse, quanto aos imóveis, mostram-se efetivos; porém, nada exclui a
adoção de outras providências indutivas do cumprimento voluntário (v.g., a proibição de atividade ou a
imposição de multa). A obrigação genérica - coisas incertas - reclama individualização do objeto da
petição inicial, incumbindo a escolha ao autor, ou a ordem para o réu prestar a coisa, tocando-lhe a
escolha, "no prazo fixado pelo juiz" (art. 498, parágrafo único).
- Prazo de entrega da coisa
O prazo de entrega da coisa já individualizada é o fixado na sentença (art. 498, caput). Omisso que seja o
título judicial, o prazo é de quinze dias, a teor do art. 806, caput, c/c art. 513, caput.
O prazo conta-se ordinariamente (art. 219, caput, c/c art. 224).
- Depósito do valor das benfeitorias indenizáveis
Segundo o art. 810, caput, havendo na coisa benfeitorias indenizáveis, feitas pelo executado ou por
terceiro, obrigatória se afigura a liquidação prévia do respectivo valor. Essa disposição aplica-se, em
termos, ao cumprimento da sentença do art. 538.
A incidência do art. 810, caput, pressupõe oportuna alegação da exceção de retenção - defesa de mérito
indireta - na contestação, reza o art. 538, § 2.º, no processo tendente à formulação da regra jurídica
concreta, obsequioso o réu ao princípio da eventualidade (art. 336). Concebem-se dois termos de
alternativa: (a) o réu não alega a exceção de retenção, e, nesse caso, reputar-se-á rejeitada, em virtude
da eficácia preclusiva da coisa julgada (art. 508), conforme julgado do STJ,22 na linha do art. 860, § 3.º,
do NCPC português; (b) o réu alega a exceção de retenção e, nesse caso, há de discriminar as
benfeitorias, atribuindo-lhes, "sempre que possível e justificadamente", o respectivo valor (art. 538, § 1.º).
Deduzida essa exceção, oportunamente, as questões relativas à existência, à natureza, ao cabimento do
direito de retenção, e assim por diante, encontrar-se-ão resolvidas na sentença e, conseguintemente, o
título executivo definirá o valor do contracrédito do vencido na forma do art. 491. Eis o objetivo da
especificação do valor das benfeitorias na contestação (art. 538, § 1.º). Seja como for, omisso o título a
esse respeito, não é possível controverter a retenção na execução do art. 538, ou através de demanda
autônoma para essa finalidade, porque "o mesmo resultado não pode ser vedado quando perseguido por
uma via processual, e aceito por outra via". O obstáculo decorre, convém acrescentar, da eficácia
preclusiva da coisa julgada (art. 508).
É indispensável, portanto, uma disposição expressa no provimento que constituirá o título judicial (art. 515,
I).
- Prosseguimento da execução
Formulado o requerimento da execução para entrega de coisa, ou ordenada a execução per officium
judicis, oportunidade em que o órgão judiciário cominará multa pecuniária (art. 538, § 3.º, c/c art. 536, §
1.º), as variantes da atitude do executado, no prazo de cumprimento, são idênticas às asseguradas na
execução do título extrajudicial (infra, 202).
- Procedimento da Execução do Título Extrajudicial
Liquidação das benfeitorias
Retoma-se o art. 810 do NCPC, anteriormente examinado (retro, 197), porque, havendo benfeitorias
indenizáveis na coisa objeto de obrigação em título extrajudicial, impõe-se sua prévia liquidação para o
credor iniciar a execução para entrega de coisa. Por esse motivo, a análise do procedimento começará,
justamente, pela liquidação prévia das benfeitorias.
- Abrangência da liquidação prévia
Equiparam-se às benfeitorias, mencionadas no art. 810, caput, as acessões, em relação às quais,
eventualmente, há direito de retenção. É a orientação do STJ. Em síntese, se o possuidor se encontra de
boa-fé, o proprietário indeniza-lhe as acessões (art. 1.255, caput, 2.ª parte, do CC); se, porém, o possuidor
está de má-fé, perde o valor das construções em proveito do proprietário.
- Forma da liquidação prévia
Em princípio, liquidam-se títulos judiciais, mas oportunamente já se advertiu quanto à existência de
pretensão à liquidação de quaisquer obrigações, contempladas ou não em título extrajudicial.
Desincumbindo-se do ônus instituído no art. 810, caput, a exigir liquidação prévia - apurado saldo a favor
do devedor o exercício da pretensão a executar subordina-se ao depósito do respectivo valor, a teor do
art. 810, parágrafo único, I -, urge exercer a pretensão à liquidação por uma das modalidades admissíveis
(art. 509, I e II). Em princípio, há necessidade de provar fato novo: a existência das benfeitorias. No
entanto, o meio de prova hábil para esse efeito e, por igual, à quantificação das benfeitorias, acessões e
plantações (retro, 171.1), é a perícia, razão por que a liquidação, pelo procedimento comum, assumirá
vestes de arbitramento. É o que se infere, ademais, do art. 917, § 5.º, no caso de executado opor
embargos de retenção e o exequente requerer a compensação do respectivo valor com o dos frutos e dos
prejuízos decorrentes do inadimplemento do executado da obrigação de entrega.
Apurado o valor das benfeitorias, acessões e plantações, o art. 810, parágrafo único erige dois termos de
alternativa: (a) favorecendo o executado, o exequente deverá depositar o valor respetivo, ao requerer a
execução; (b) favorecendo o exequente, este poderá cobrar o valor no mesmo processo, sucessivamente.
O problema se verifica na hipótese de o exequente deduzir a pretensão a executar do art. 809 sem essa
liquidação.
- Petição Inicial de Execução Para Entrega de Coisa de Título Extrajudicial.
A execução para entrega de coisa fundada em título extrajudicial iniciará por meio de petição inicial
endereçada ao órgão judiciário competente. Cumpre ao exequente observar os requisitos gerais,
especiais e formais do seu ato postulatório principal. A petição inicial será registrada e distribuída, se na
comarca ou na seção judiciária houver dois ou mais juízes com idêntica competência material.
Verificando o juiz encontrar-se a petição inicial incompleta, ou não se achando instruída como os
documentos indispensáveis (art. 798, I), abrirá o prazo de quinze dias para correções, sob pena de
deferimento (art. 801 c/c art. 924, I).
Revelando-se apta a petição inicial, nesse primeiro contato, cumpre ao órgão judiciário proferir o
provimento liminar.
Provimento liminar (fixação de honorários e de multa pecuniária)
A aparente aptidão da petição inicial induz o órgão judiciário a proferir provimento liminar positivo,
ordenando a citação do executado. Esse ato interrompe a prescrição, embora incompetente o juízo, a teor
do art. 801, mas o exequente tomará as providências necessárias à realização do ato (v.g., antecipação
das despesas de citação do oficial de justiça), em dez dias (art. 240, § 2.º), e, uma vez feita a convocação
do executado a juízo, o efeito interruptivo da prescrição retroagirá à data da propositura (art. 802,
parágrafo único).
Em princípio, no provimento liminar o juiz não delibera, a rigor, acerca do prazo de cumprimento. O prazo
é fixo e os quinze dias decorrem ope legis (art. 806, caput). Limita-se o órgão judiciário, no seu despacho,
à enunciação do prazo legal, porque do mandado constará a "finalidade da citação" (art. 250, II) e esta,
mais de que abrir prazo para embargos (art. 915, caput, c/c art. 231), objetiva assinar ao executado o
prazo de cumprimento.
Em dois aspectos o provimento liminar assume a natureza de autêntica decisão interlocutória (art. 203, §
2.º): (a) fixação de honorários advocatícios do advogado do exequente; (b) fixação de multa pecuniária.
É no provimento liminar positivo que incumbe ao juiz fixar os honorários cabíveis na execução fundada em
título extrajudicial (art. 85, § 1.º). Inexiste disposição no mesmo sentido do art. 827, caput, mas o primeiro
ato decisório proferido pelo órgão judicial é a única oportunidade conveniente e, ao nosso ver, não se
aplicando a fixação de honorários por juízo de equidade (art. 85, § 8.º), também aplicável o percentual fixo
de dez por cento sobre o valor da coisa, por sua vez o valor da causa (retro, 134.4), sem prejuízo da
iliquidez dos frutos e das perdas e danos (art. 807, in fine).
Ao despachar a petição inicial, o juiz também pode fixar multa pecuniária por dia de atraso na entrega,
induzindo o executado ao cumprimento (art. 806, § 1.º). Essa providência pode ser tomada ex officio,
cumulativamente com o desapossamento;39 porém, constitui faculdade do órgão judiciário ("... poderá
fixar..."), haja ou não pedido do exequente. É cabível a fixação da multa figurando a Fazenda Pública
como executada,40 obrigando-se a entregar coisa certa em título executivo extrajudicial. Seja como for, o
valor da multa comporta modificações ulteriores, "caso se revele insuficiente ou excessivo" (art. 806, § 1.º,
in fine). O que mais importa é o termo inicial da multa. Para atingir seus objetivos, compelindo o executado
à entrega espontânea, deverá fluir do termo final do prazo de quinze dias ou de outro prazo porventura
fixado.
Por fim, o art. 806, § 2.º, manda consignar no mandado executivo a ordem de imissão na posse ou de
busca e apreensão, cuidando-se, respectivamente, de coisa imóvel ou de coisa móvel, se inexistir entrega
no prazo assinado ao executado.
- Atitudes do executado na execução para entrega de coisa
Uma vez citado, o executado possui três opções perante o prazo:
(a) permanecer inerte, e, neste caso, o oficial de justiça cumprirá o mandado de imissão na posse, se a
coisa for imóvel, ou de busca e apreensão, se for móvel (art. 806, § 2.º);
(b) entregar a coisa, o que equivale a aquiescência, cumprimento voluntário ou reconhecimento do pedido,
pelo que se lavrará termo de entrega (art. 807). Em tal caso, a execução chega ao êxito e, enquanto
desapossamento, também chega ao fim, ressalvado crédito pecuniário remanescente (v.g., despesas do
processo, honorários de advogado, frutos ou ressarcimentos dos prejuízos, consoante previu o art. 807, in
fine), cuja realização forçada exigirá a conversão do procedimento a partir do art. 827; e
(c) embargar a execução, no prazo de quinze dias (art. 915, caput), depositando ou não coisa, para se
forrar aos riscos de destruição e de deterioração e obter efeito suspensivo aos embargos (art. 919, § 1.º).
- Frustração da execução específica
O art. 809, caput, do coleciona quatro hipóteses de frustração do meio executório do desapossamento.
Transforma-se a execução em natura na prestação pecuniária substitutiva sempre que a coisa: (a) não for
encontrada; (b) não for entregue; (c) sofreu deterioração, tornando-a inútil; ou (d) não for reclamada do
terceiro adquirente. Frustra-se o meio executório perante dificuldades físicas. Opera-se a conversão do
procedimento in executivis e executar-se-á, mediante expropriação, obrigação pecuniária. Nos casos
previstos no art. 809, caput, cabe ao exequente optar pela prestação pecuniária. É certo, rigorosamente
certo que a liquidação das perdas e danos ocorrerá incidentalmente, mostrando-se desnecessária
demanda autônoma para essa finalidade.
É necessário apurar o quantum debeatur para pôr em marcha a execução expropriativa. Tal valor abrange
o da coisa, mais perdas e danos resultantes da frustração da entrega, quiçá contempladas no próprio
título, conforme a expressa previsão do § 2.º do art. 809.
- Desapossamento da coisa litigiosa
O art. 809, caput, possibilita ao credor não reclamar a coisa em "poder de terceiro adquirente".
Subentende-se que houve alienação de coisa litigiosa. A faculdade do dispositivo comentado se aplica,
por identidade de motivos, tratando-se da execução fundada em título judicial (art. 538), bem como o
regime a seguir explicado.
Em sentido oposto ao do art. 809, caput, o art. 808 estabelece que, constatada a alienação da coisa
quando já litigiosa, expedir-se-á mandado de imissão de posse ou de busca e apreensão, nos termos do
art. 806, § 2.º, contra o adquirente. Este "somente será ouvido após depositá-la", reza o art. 808, in fine,
ou seja, excepcionalmente haverá necessidade de segurança do juízo para embargar. A subsistência
dessa disposição no NCPC indica ser essa a solução técnica adotada, excepcionando o art. 914, caput,
por óbvio segundo o entendimento de que o terceiro adquirente, uma vez desapossado
compulsoriamente, tornou-se parte na execução.
Evidentemente, constitui inconcussa faculdade do exequente não investir contra o adquirente. Tal o
princípio consagrado no art. 809, que inclui, entre as causas de frustração do desapossamento, a falta de
"reclamação" da coisa. Mas, as vantagens da execução específica podem induzir a opção contrária,
regulada no art. 808.
Ora, ao terceiro também se afigura lícito simplesmente entregar a coisa (art. 807), livrando-se de
quaisquer incômodos e, contra ele, encerrada a atuação do meio executório. Desejando opor a aquisição
da coisa ao credor, o adquirente reagirá através de embargos. Este o sentido da "audiência" lembrada na
parte final do art. 808.
- Execução para Entrega de Coisa Incerta.
Noções Gerais da Execução para Entrega de Coisa Incerta
Objeto do desapossamento na execução para entrega de coisa incerta
A coisa "determinada pelo gênero e quantidade", a que alude o art. 811, caput, não se confunde com algo
indeterminado e duvidoso. Sempre haverá meio de individualizar coisas determináveis pelo gênero e
quantidade, ou, então, o procedimento executivo se tornaria infrutífero.
Esta é a diferença frisante dos procedimentos regidos pelas Subseções I e II da execução para entrega de
coisa, através do desapossamento: impende equacionar a controvérsia porventura instalada entre as
partes no incidente de individualização.
- Procedimento da Execução de Entrega de Coisa Incerta
- Incidente de individualização da coisa
Nas obrigações de gênero, a escolha pertence ao obrigado, ressalvada a hipótese de o título estipular o
contrário (art. 244, 1.ª parte, do CC). O incidente de individualização inicia com a identificação do parceiro
que deverá realizar a escolha; se o título omitiu referência ao sujeito, vigora a regra apontada.
- Diferenças procedimentais segundo a titularidade da escolha
Competindo a escolha ao credor (art. 811, parágrafo único), o exequente a realizará já na petição inicial,
sob pena de preclusão.
Segundo dispõe o art. 811, recaindo a execução sobre coisa incerta, "o executado será citado para
entregá-la individualizada, se lhe couber a escolha", negligenciando alusão explícita quanto ao prazo. No
entanto, a escolha se dará na entrega, razão por que o prazo é de quinze dias contados da juntada do
mandado de citação ao processo.
Não realizando o executado a escolha que lhe compete, incidirá o art. 800, § 1.º, por analogia, e a escolha
reverte em benefício do exequente.
Incumbindo a escolha a terceiro, ele será intimado para realizá-la. Ausente qualquer manifestação, a
escolha passa ao executado.
- Impugnação à escolha
O art. 812 autoriza a qualquer das partes impugnar a escolha da outra no prazo de quinze dias. A
disposição se aplica, subsidiariamente, à execução fundada em título judicial, se o título já não procedeu à
individualização.
O silêncio das partes no prazo de quinze dias do art. 812 traduz anuência tácita e a execução prosseguirá.
O incidente receberá solução sumária, conforme sugere o art. 812, segunda parte, apregoando que "o juiz
decidirá de plano ou, se necessário, ouvindo perito de sua nomeação".

PERGUNTAS:
1) Quando se utilizará a execução para entrega de coisa?
Após o ajuizamento da ação autônoma para a execução do título extrajudicial, o executado será citado
para cumprir a obrigação no prazo de 15 dias, sob pena de imissão na posse (caso se trate de um bem
imóvel) ou de busca e apreensão (se for um bem móvel).

2) O que abrange a execução para entrega de coisa?


Abrange coisas certas, porque individualizadas por sinais característicos, e coisas incertas, identificadas
apenas pelo gênero e quantidade. Nesse último caso, antes de se passar ao desapossamento, mister
empregar o incidente de concentração ou de individualização (art. 811).

3) Quando a execução é de título judicial, qual o prazo para a entrega da coisa?


O prazo de entrega da coisa já individualizada é o fixado na sentença (art. 498, caput)

4) Quando a execução é judicial de entrega de coisa, como ficam as benfeitorias efetivadas no bem?
Segundo o art. 810, caput, havendo na coisa benfeitorias indenizáveis, feitas pelo executado ou por
terceiro, obrigatória se afigura a liquidação prévia do respectivo valor. Essa disposição aplica-se, em
termos, ao cumprimento da sentença do art. 538.
5) E na execução de título extrajudicial, como ficam as benfeitorias realizadas no bem a ser entregue?
Havendo benfeitorias indenizáveis na coisa objeto de obrigação em título extrajudicial, impõe-se sua
prévia liquidação para o credor iniciar a execução para entrega de coisa. Por esse motivo, a análise do
procedimento começará, justamente, pela liquidação prévia das benfeitorias.

6) Quais os requisitos que o exequente tem que cumprir na execução para entrega de coisa, de título
extrajudicial?

7) Quais as três atitudes que pode o executado tomar ao ser citado na execução para entrega de coisa?
Pode permanecer inerte, e, neste caso, o oficial de justiça cumprirá o mandado de imissão na posse, se a
coisa for imóvel, ou de busca e apreensão, se for móvel (art. 806, § 2.º), entregar a coisa, o que equivale a
aquiescência, cumprimento voluntário ou reconhecimento do pedido, pelo que se lavrará termo de entrega
(art. 807). Em tal caso, a execução chega ao êxito e, enquanto desapossamento, também chega ao fim,
ressalvado crédito pecuniário remanescente (v.g., despesas do processo, honorários de advogado, frutos
ou ressarcimentos dos prejuízos, consoante previu o art. 807, in fine), cuja realização forçada exigirá a
conversão do procedimento a partir do art. 827 e embargar a execução, no prazo de quinze dias (art. 915,
caput), depositando ou não coisa, para se forrar aos riscos de destruição e de deterioração e obter efeito
suspensivo aos embargos (art. 919, § 1.º).

8) Como deve se proceder quando fica frustrada execução de entrega de coisa?


Nos casos previstos no art. 809, caput, cabe ao exequente optar pela prestação pecuniária. É certo,
rigorosamente certo que a liquidação das perdas e danos ocorrerá incidentalmente, mostrando-se
desnecessária demanda autônoma para essa finalidade. É necessário apurar o quantum debeatur para
pôr em marcha a execução expropriativa. Tal valor abrange o da coisa, mais perdas e danos resultantes
da frustração da entrega, quiçá contempladas no próprio título, conforme a expressa previsão do § 2.º do
art. 809.

9) É possível o credor abandonar a entrega de coisa se ela estiver em poder de terceiro? Como procede
nesta situação?
Sim, é possível, o artigo 809, caput, possibilita ao credor não reclamar a coisa em "poder de terceiro
adquirente". Subentende-se que houve alienação de coisa litigiosa. A faculdade do dispositivo comentado
se aplica, por identidade de motivos, tratando-se da execução fundada em título judicial (art. 538), bem
como o regime a seguir explicado.

10) Qual o procedimento para liquidação de coisa incerta?


Nas obrigações de gênero, a escolha pertence ao obrigado, ressalvada a hipótese de o título estipular o
contrário (art. 244, 1.ª parte, do CC). O incidente de individualização inicia com a identificação do parceiro
que deverá realizar a escolha; se o título omitiu referência ao sujeito, vigora a regra apontada.

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