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Resumo
Quando Dani Swift coloca seu uniforme de
motorista com o cabelo enfiado embaixo do seu
chapéu e com o rosto sem maquiagem, ela se
parece com um jovem barbeado. Como poderia
ter sabido que o seu pequeno disfarce a levaria
a um grande mal-entendido e a uma decepção
ainda maior, uma que ameaçaria o seu coração?

Storm Hunter adora motocicletas e carros


velozes, mas agora ele tem que adicionar mais
um item à sua lista - Dani Swift. Ousada e
independente, ela não é como qualquer mulher
que ele já conheceu. Mas quando o pequeno
jogo deles termina em desastre é quando ele
percebe que o amor pode ser muito perigoso.

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Capítulo Um

— Mas Dani...

— Nada de “mas”. Apenas guarde isto para um dia chuvoso.


— Dani enfiou as notas de dinheiro no bolso de seu irmão.

— Mas onde você arranjou...

— O que foi que eu te disse, Brian? — Ela empurrou-o em


direção à porta. — Agora vai. Eu já estou indo. Só quero ter certeza
de que não esquecemos nada.

Assim que Brian saiu pela porta, puxando a mala grande atrás
de si, Dani se virou para olhar para as caixas restantes no corredor.
Ela sacudiu a cabeça. Ela não tinha ideia de como tudo aquilo ia
caber em seu Chevrolet Blazer. Ela havia advertido seu irmão para
não empacotar muitas coisas, mas ele estava levando tanta coisa que
ela quase se sentiu como se ele estivesse se mudando para melhor e
não apenas deixando Chicago para seguir para o seu primeiro
semestre na Universidade de Notre Dame. Ela foi para sala e, em
seguida, para a cozinha, olhando em volta para ver se ele havia
esquecido algo. Finalmente, ela foi para o quarto dele.

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Assim que abriu a porta, uma enxurrada de emoções a
invadiu e ela piscou rapidamente, lutando contra as lágrimas. Este
quarto tinha sido o refúgio de Brian nos últimos quatro anos, desde
que ela os tinha mudado para este apartamento quando o pai deles
morreu de um ataque cardíaco. Ela tinha apenas 18 anos de idade,
mas felizmente já era legalmente qualificada para ser a guardiã de
Brian. Sua mãe sucumbiu ao câncer de mama, quando Brian tinha
apenas oito anos e, em seguida, eles perderam o pai quando ele tinha
quatorze. Ela jurou que, enquanto ela respirasse, ele não iria perdê-la
também. Ele nunca seria colocado em um orfanato. E ela manteve
sua promessa.

Dani fechou a porta e foi para a sala de estar onde pegou sua
bolsa e atirou-a por cima do ombro. Conforme passava pela porta,
colocou um sorriso corajoso em seu rosto. Não havia nenhuma
maneira dela deixar Brian saber o quão profundamente afetada
estava pela saída dele. Ele estava pronto para começar sua nova vida
como um estudante universitário e ela não queria nada para distraí-
lo. Ela tinha sido uma mãe galinha nos últimos quatro anos, mas
agora só tinha que aprender a deixá-lo ir.

Ela pegou o elevador para o térreo, então seguiu para o carro


e sentou no banco do motorista. Ela se virou para o irmão.

— Pronto para ir?

Ele deu de ombros.

— Tão pronto quanto possa estar.

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Ela estendeu a mão e despenteou o cabelo dele como
costumava fazer quando ele tinha seis anos de idade.

— Então vamos pegá-los, tigre.

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A primeira semana de Dani sem Brian foi atribulada, o que


foi uma bênção para ela. Seu novo calendário não permitiu a ela o
luxo de ficar sentada em casa se sentindo só. Todos os dias ela corria
para casa, do seu emprego como professora na Pré-escola
Applewood, trocava o uniforme para seu novo trabalho à noite
como motorista na Companhia de Limusines Apex, e batia cartão
para o trabalho às cinco horas em ponto.

Já estava no trabalho há cinco noites e até agora tinha


sobrevivido, apesar de alguns pontos ásperos. Esta noite, porém,
algo estava diferente. Ela havia sido convocada para o escritório do
chefe e através da porta de vidro ela podia ver Tony Martino, o
proprietário e gerente. Ele estava andando de um lado para outro.
Conforme ela abriu a porta e entrou no seu escritório, ele acenou
para ela.

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— Nós precisamos conversar. — Disse ele e sacudiu a cabeça
em direção a única cadeira que não tinha papéis empilhados em
cima dela.

O coração de Dani caiu. Tony não parecia nada satisfeito. O


que tinha feito para aborrecê-lo? Ela não podia se dar ao luxo de
perder este emprego, não agora. Só tinha trabalhado na empresa
durante uma semana e já havia sido capaz de enviar dinheiro ao
Brian para seus livros. Ela estava contando com o pagamento da
próxima semana para cobrir o custo de seu uniforme de hóquei.

Ele deixou-se cair na cadeira atrás de sua mesa, em seguida,


seu olhar suavizou quando olhou para ela.

— Não fique tão preocupada. — disse ele. — Eu não vou te


demitir.

Dani deixou escapar o fôlego lentamente e se amaldiçoou por


ter um rosto tão expressivo.

— Eu sei que você está se perguntando sobre o que tudo isto


se trata — disse ele e se inclinou para frente — Eu ouvi sobre o
incidente na noite passada.

Ela prendeu a respiração de novo, com certeza seria


repreendida por literalmente despejar um de seus passageiros em sua
própria garagem. O homem estava bêbado e tentou apalpá-la
enquanto ela segurava a porta aberta para deixá-lo sair. Ela o
empurrou e, instável como estava, ele caiu sobre seu traseiro. Agora

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ela estava com problemas por causa disso. Ela olhou de volta para
seu chefe, mas permaneceu em silêncio.

O rosto de Tony ficou sério.

— Eu soube sobre o incidente por uma terceira pessoa e não


estou satisfeito. Por que você não me contou o que aconteceu?

O olhar de Dani vacilou e ela olhou para suas mãos. Quando


não disse nada Tony falou de novo, ainda mais severamente:

— Desde o dia em que te entrevistei pude ver que você é


uma garota durona, mas você não pode manter coisas como esta em
segredo. Você tem que lembrar que é uma mulher e você tem que
ser cuidadosa. — Ele se inclinou para trás e cruzou as mãos sobre
sua barriga. — E eu tenho que lembrar disso também. Eu não me
orgulho do fato de tê-la colocado nessa situação.

Os olhos dela voaram para o rosto dele.

— Mas você não...

—Sim, eu fiz. — Ele a cortou — Eu deveria ter pensado


melhor antes de dar-lhe um cliente aleatório.

Ele juntou os dedos e olhou-a com o cenho franzido.

— A partir de agora você vai ser atribuída apenas aos clientes


confiáveis. Vou dar-lhe um cliente muito importante. Seu pai foi
meu cliente por muitos anos e agora ele usa os meus serviços,
também.

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Tony fez uma pausa, como se para o efeito.

— O nome dele é Hunter Storm.

Dani fez uma careta.

— “O” Hunter Storm? Da linha de roupas Hunter’s Run?

Tony assentiu com a cabeça e deu um sorriso satisfeito.

— Ele mesmo. Eu tenho servido a sua família há mais de 23


anos. Conheço Storm desde que era criança.

Então seu rosto ficou sério.

— Como eu disse, ele é um cliente importante. Os Hunters


têm sido bons para mim. Não é como se eles precisassem de meus
serviços, mas eles sempre me dão trabalho. Esse é o tipo de pessoas
que são.

— Eu entendo e eu vou cuidar bem dele. Disse ela, ainda um


pouco atordoada. Imagine isso. Seria motorista de um membro da
família Hunter, um das mais ricas na área de Chicago. Eles eram “da
velha guarda” e todos conheciam eles. E mesmo com todo aquele
dinheiro, o filho mais velho, Storm, havia se distanciado do negócio
da família e iniciado sua própria linha de roupas, tornando-se mais
que um bilionário com apenas vinte e sete anos.

— Estou vendo que você já fez alguns ajustes em sua


aparência, e eu quero que continue assim. — Ele deu-lhe um aceno
de aprovação. — Eu não posso responder por todos os meus outros

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clientes, então eu não quero necessariamente espalhar que tenho
uma mulher na equipe. Não se sabe quem você pode atrair uma vez
que esse tipo de informação fica disponível. — Ele se levantou e se
aproximou para verificar o computador localizado na mesa no canto
mais distante. — Hoje à noite você irá pegar o Sr. Hunter em uma
festa e levá-lo para casa em segurança. Se ele planejar sair para
beber, ele sempre nos pede para ir buscá-lo. Você pode verificar o
local em seu computador no carro.

Esta era a deixa para Dani ir embora. Ela levantou-se e deu a


seu chefe um aceno rápido.

— Obrigado, senhor. Eu agradeço por se preocupar comigo.

— Não tem problema, Swift. Agora apenas cultive um pouco


de barba em seu rosto de bebê e pareça durão. — Tony estava rindo
quando Dani saiu do escritório e se dirigiu para a garagem.

As coisas tinham acabado muito melhor do que ela esperava.


Lá estava ela, pensando que estava prestes a ser demitida, e em vez
disso tinha sido atribuída a um homem que seria, provavelmente, o
mais prestigiado cliente da empresa de limusine.

Agora, se apenas as gorjetas dele forem tão grandes como o


seu nome, ela estaria feita.

Naquela noite, Dani chegou ao local cerca de quinze minutos


antes da hora marcada. Não havia como ela se arriscar a chegar
atrasada. E ela se preparou bem também, certificando-se de
acumular cada último fio de seu cabelo espesso e escuro debaixo da

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borda do chapéu de motorista. Ela estava fazendo isso desde o
incidente com o apalpador. Ela abandonou os brincos e tinha
deixado o rosto desprovido de qualquer tipo de maquiagem. Ela até
mesmo praticou o seu andar, tentando eliminar o balançado
feminino de seus quadris e adotando, ao invés disso, os longos
passos de um homem. Graças a Deus era mais alta do que a maioria
de seu sexo. Com um metro e setenta e quatro, ela poderia
facilmente passar por um homem. Agora, se ela apenas pudesse
fazer crescer um pouco de barba no queixo. Ela riu com o
pensamento. Ela estava disposta a ir longe, mas não tão longe.

Aos cinco minutos depois das dez, as pessoas começaram a


deixar a imponente mansão. Os carros que saiam da garagem
incluíam Porsches, Jaguares e um Bentley. E então havia outros que
optaram por partir em limusines. Hunter Storm seria um deles.

Dani o reconheceu imediatamente. Mais de um metro e


oitenta e três de altura e perigosamente bonito, ele estava vestido
com um terno de grife preto meia-noite, seu cabelo escuro
enrolando deliciosamente no colarinho. Ele caminhou pela calçada
em direção a ela com um ar de suprema confiança que quase a
deixou sem fôlego. Ele tinha bilionário estampado por todo ele.

Percebendo que ela o estava encarando, ela imediatamente se


endireitou em toda sua altura e mascarou o rosto com uma
expressão pétrea. A última coisa que ela queria era que esse homem
pensasse que ela o estava admirando. Embora, se alguma vez houve
um homem que se encaixasse na descrição de “doce para os olhos”,

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esse era ele. Mas ela não podia ser pega olhando. Ela tinha que se
lembrar que era uma profissional, estava a trabalho, e neste trabalho
ela era um homem. Mais ou menos.

Storm Hunter estava a meio caminho para o carro, quando


uma loira alta e esbelta correu pela calçada em direção a ele.

—Storm, espere por mim — ela chamou com uma voz leve e
delicada. — Eu quero ir com você.

Por uma fração de segundos, a sobrancelha de Storm caiu e


um olhar de aborrecimento passou por seu rosto. Em seguida, a
expressão ficou em branco e ele se virou para encontrar a mulher
que agora estava quase em cima dele.

— Lola — disse ele, sua voz profunda, calma e fria — Eu


pensei que você estava indo para casa.

— Eu estou — disse ela com uma risada quando pegou em


seu braço e se agarrou a ele. — Papai não veio me buscar como
prometeu, então estou pegando uma carona com você. — Ela olhou
para ele com olhos enormes cheios de adoração, em seguida, ela
acrescentou o toque final, quando ela colocou seus lábios carmim
num beicinho de provocação.

Dani quase engasgou. Cristo, as coisas que algumas mulheres


fazem para chamar a atenção de um homem. Então, percebendo a
direção de seus pensamentos, ela fez sua expressão abrandar. Não
era o seu dever julgar ou se envolver nos casos dessas pessoas.
Melhor apenas focar em fazer o seu trabalho.

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— O prazer é meu. — Storm disse, mas sua voz era qualquer
coisa além de agradável. Ele tinha falado com uma formalidade que
deixou claro que ele preferia viajar sozinho.

A mulher a que ele tinha chamado de Lola pareceu não notar


sua reticência.

— Muito obrigada, querido — ela agradeceu. — Agora nós


podemos ter a chance de conversar um pouco mais. Você sabe que o
papai adora quando conversamos. — Então ela piscou os olhos de
forma que ela deve ter pensado que era uma maneira
irresistivelmente sedutora.

Dani apertou os dentes para se manter sem emitir um som.


Tão tentada como estava em soltar um gemido de desgosto, que era
um luxo que não podia se dar. Mas, honestamente, o sorriso
insinuante da mulher era mais do que irritante. Ela não sabia como
Storm Hunter podia suportar.

Ele parecia estar lidando com isso muito bem, no entanto.


Eles começaram a andar em direção ao carro e lá estava um leve
sorriso nos lábios dele, reconhecidamente um sorriso um tanto
sarcástico, mas um sorriso, de qualquer forma. A mulher escorregou
uma mão para a curva do braço dele e ele não pareceu se importar.
Eles pareciam bastante confortáveis agora enquanto caminhavam
em direção a ela.

Mas as coisas nem sempre são o que parecem, como Dani


logo percebeu. Para sua surpresa, quando o casal se aproximou ela

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viu o brilho de irritação nos olhos do homem e, em seguida, ele deu
a ela um olhar compreensivo. Por aquele nanossegundo o coração
de Dani congelou. Storm Hunter havia apenas trocado um olhar
com ela, um olhar que disse que estava irritado e que ele não se
importava de deixá-la saber, porque ela iria entender. Era um
daqueles olhares compartilhados entre os homens. Exceto, que ela
não era um homem.

Mas ele não sabia disso.

Ele estava de pé na frente dela agora. Dani deu um rápido


aceno de saudação, a desculpa perfeita para quebrar o contato visual
com ele.

— Boa noite, Sr. Hunter. — disse ela em voz baixa, e em


seguida, inclinou-se e abriu a porta da limusine. Storm ajudou a
Lola, em seguida, inclinou seu corpo alto e entrou, deixando Dani
para fechar a porta atrás deles. Um momento se passou antes que ela
pudesse se mover. Ele tinha estado tão perto que a fragrância
inebriante de sua colônia encheu as narinas dela. Isso, combinado
com a proximidade dele, fez o coração dela acelerar como se tivesse
acabado de fazer uma corrida de cem metros. Cristo, o que no
mundo havia de errado com ela?

O homem era apenas um homem, depois de tudo. É verdade,


mas aquele era um belo pedaço de homem, com sobrancelhas
espessas, queixo quadrado e aqueles profundos olhos escuros que
pareciam abrir um buraco em sua alma. Ele era o primeiro homem a

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fazer sua respiração parar na garganta. Ela tinha ido através de seu
quinhão de romances e tinha lido sobre heróis que roubavam o seu
fôlego, mas nunca tinha acontecido com ela, nunca tinha acreditado
nisso. Até agora.

Ela deu uma rápida sacudida na cabeça. Volta para a


realidade, Dani. Você não pode se dar ao luxo de dar mole para um
cara agora. Ele é o cliente, lembra-se? Com suas emoções
novamente sob controle, ela caminhou de volta para o banco do
motorista e deslizou para trás do volante. Ela estava calma agora,
quase capaz de rir de si mesma. E tinha a sensação de que precisaria
de senso de humor.

Se os últimos minutos foram qualquer indício, esta ia ser uma


viagem interessante.

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Capítulo Dois

Eles estavam a menos de dez minutos no caminho, quando


Dani ouviu uma batida no vidro fumê separando a cabine do
motorista da parte traseira. Assim que apertou o botão para baixar o
vidro ela ouviu a voz petulante de Lola.

— Chofer, você não tem qualquer champanhe neste carro?


Eu não gosto do que você tem aqui. Vodca, gin, eles não são o meu
tipo de bebida.

— Você pode se servir de um pouco de vinho, madame —


disse Dani, nunca tirando os olhos da estrada. — Temos vinho
branco e tinto.

— Eu não quero vinho — Lola emburrou. — Eu quero


champanhe.

— Você já bebeu o suficiente, Lola. — A voz de Storm era


autoritária. — Você não precisa de nada além de uma cama agora.

—Oh — ela ronronou — isso soa bem.

Dani não conseguiu decifrar a resposta do Storm. Soou como


um cruzamento entre um gemido e um grunhido. Ela estava
morrendo de vontade de ver a expressão em seu rosto. A
curiosidade levou a melhor e ela olhou para o espelho retrovisor

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interno. Ele escolheu aquele exato momento para olhar para cima e
seus olhos se encontraram, os castanhos escuros misteriosos dele e
os arregalados e assustados dela. Ela baixou os olhos e o
constrangimento tomou conta de si. Por favor, não o deixe ficar
olhando para mim. Ela sabia que provavelmente estava vermelha
como uma lagosta.

Danielle Swift mantenha seus olhos na estrada e cuide de sua


própria vida. Grande conselho, exceto que não era tão fácil de fazer
quando você continuava ouvindo sussurros atrás de você, sussurros
que se dissolviam em risos de menina e, em seguida, em suspiros. O
que diabos eles estavam fazendo lá atrás? Não olhe, Dani, não olhe.
Desejou que pudesse pressionar o botão e colocar o vidro matizado
de volta. Pelo menos seria capaz de bloquear a visão e os sons. Mas
sabia que não podia fazer isso. Seria óbvio demais e, além disso, ela
não podia simplesmente fechar a janela sem a permissão deles. Não
era escolha dela. Ela estava lá para servi-los, depois de tudo.

Ela deu um suspiro de alívio quando os risos cessaram e ela


ouviu o tilintar de líquido sendo derramado em um vidro.
Aparentemente Storm tinha decidido deixar Lola tomar uma bebida,
depois de tudo. Ela não o culpava. Pelo menos isso iria calá-la, o que
era muito mais suportável do que ouvir suas risadas irritantes o
tempo todo.

O breve silêncio foi quebrado quando Storm falou.

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— Faça um desvio para a Avenida Kenilworth para que eu
possa deixar Lola.

Antes que Dani pudesse responder a voz da mulher saiu em


um gemido.

— Mas Storm, eu pensei que estávamos indo para a sua casa.

— Não, Lola, eu estou indo para minha casa. — Seu tom


brusco deveria ter sido suficiente para arrefecer o ardor de qualquer
mulher, mas aparentemente não o de Lola. Dani a ouviu se mexer
no assento, o tecido de seu vestido agitando como se estivesse
deslizando mais perto de seu companheiro de viagem.

— Storm, a noite ainda é uma criança e eu não estou pronta


para ir para casa ainda. Não me faça ir para casa. Por favor. — Ela
arrastou para fora a última palavra como uma criança tentando
conseguir um deleite de sua mãe. Vindo dela, uma mulher adulta,
soava como desespero.

Dani apertou os dentes. Deus, ela sentiu vontade de dar um


tapa na cabeça da mulher. Tudo o que podia pensar era: Tenha um
pouco de orgulho, mulher. Não vá implorar para um homem por
sua companhia. Mas, novamente, ela teve que se segurar. Isto não
era absolutamente da sua conta e era melhor ela aprender a
permanecer indiferente e a não se envolver. Só porque ela nunca iria
ser um capacho para qualquer homem não significava que outras
mulheres não gostavam desse tipo de coisa. Apesar de, por que elas
gostavam, Dani nunca poderia entender.

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Storm ignorou totalmente o pedido da mulher. Ele deu a
Dani o endereço e permaneceu em silêncio, mesmo quando Lola
começou a suspirar pesadamente e a lamentar o quão solitária ela
estaria sem a sua companhia. Foi só quando ela se dissolveu em
soluços suaves que ele falou.

— Poupe-me o drama — disse ele friamente. — Estou


cansado e vou sair em um voo amanhã cedo. Você sabe que eu
tenho uma agenda cheia esta semana, então pare de agir como
vítima.

— Mas eu sou, eu sou — disse ela entre soluços. — Você me


trata tão duramente mesmo sabendo que eu te amo. Por que você
me tortura tanto?

— Poupe suas baboseiras para alguém que realmente acredite


nelas — ele respondeu, seu tom de voz sem remorso. — Você está
bêbada. Agora, fique quieta e descanse a cabeça no meu ombro. Eu
vou acordá-la quando chegarmos em sua casa.

—Você... você não me odeia, odeia, Storm? — Lola disse,


sua voz tremendo e depois terminando em um soluço.

Ele deu um suspiro profundo soando cansado.

— Eu não te odeio, Lola. Eu só preciso que você chegue em


casa com segurança. Agora venha.

Dani não pode resistir a dar uma olhada e desta vez,


felizmente, os seus dois passageiros estavam preocupados demais

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para olhar em sua direção. Ela viu Lola enrolar-se perto de Storm e
então ele colocou uma mão suave e apertou a cabeça em seu ombro.
A mulher suspirou e fechou os olhos e pareceu adormecer em
segundos.

A suavidade de Storm a surpreendeu. Foi este o mesmo


homem que tinha sido tão impassível há poucos minutos? Ela
pensou que ele fosse um bruto egoísta e tinha silenciosamente
amaldiçoado a mulher por ser tão fraca. Agora, porém, seu sussurro
abafado no ouvido de Lola e sua mão suave apoiando-a contra seu
ombro fez Dani se questionar.

Não demorou muito para chegar à casa de Lola. Dani seguiu


pela via sinuosa e passou em torno de um jardim circular para parar
na frente da imponente mansão. O lugar parecia e cheirava a
dinheiro. Dani podia ver que Lola não era uma mulher qualquer, o
que tornou tudo ainda mais confuso a respeito do por que ela
parecia ter tão pouca autoestima. Storm Hunter pode ser rico, claro,
mas esta mulher, obviamente, tinha dinheiro escorrendo de seus
poros, também. Então, por que ela agia como se tivesse que tomar
qualquer coisa que Storm estivesse oferecendo? Ok, então ele era
bonito. Não apenas bonito, bonito de tirar o fôlego, com aqueles
olhares enigmáticos e escuros. Mas isso não faz dele um deus na
terra, não é?

Tudo o que Dani sabia era que ela nunca aceitaria esse tipo de
tratamento de qualquer homem, não importa o quão rico ele fosse.

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Se isso fosse o que era necessário para satisfazer um homem, ele
teria um inferno de uma longa espera.

Ela pulou para fora do carro e deu a volta para abrir a porta
para Storm. Ele colocou Lola de volta contra o assento e deslizou
para fora, em seguida, sem mais do que uma flexão de seus
músculos, ele deslizou os braços sob os ombros e as pernas dela e
levantou-a como se não fosse o peso morto que Dani sabia que ela
era em seu estado de embriaguez.

Storm virou e subiu os degraus da ampla varanda, em


seguida, chegou debaixo dela e apertou a campainha com o polegar.
Alguém deveria estar perto, pois segundos se passaram antes que a
porta se abrisse e Storm pudesse entrar. Ele desapareceu lá dentro
por uns bons 15 minutos, deixando Dani ainda de pé perto da
limusine, se perguntando se ele mudara de ideia e decidiu deitar-se
com Lola.

Ela voltou para o banco do motorista e estava pronta para


ligar e pedir permissão para sair quando o viu caminhando pela
varanda, em seguida, descendo as escadas em direção ao carro que o
esperava. Dani descansou o telefone celular de volta e saiu do carro.
Era melhor ela se apressar para abrir a porta para a Sua Alteza Real,
pensou ela descaradamente, então sorriu para sua própria piada
privada.

Ela chegou à porta ao mesmo tempo em que Storm e ele teve


que esperar que ela pegasse a maçaneta e a abrisse.

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— Você parece estar de bom humor. — ele disse secamente,
em seguida, subiu na limusine.

Foi quando ela percebeu que ainda tinha um sorriso bobo no


rosto. Por conta de suas piadas privadas. O homem deve ter pensado
que ela estava enchendo a cara, enquanto ele tinha ido colocar a Bela
Adormecida na cama. Ela limpou o sorriso do rosto bem rápido. A
última coisa que ela precisava era de um relatório sendo entregue
para o Tony dizendo que ele tem um esquisito em sua equipe.

A viagem para a casa de Storm levaria outros vinte minutos e


Dani começou a suar. Tinha esquecido de levantar o vidro enquanto
Storm estava longe e ela estava morrendo de vontade de fazê-lo
agora, mas isso não seria óbvio demais? E se ele se opusesse? Nesse
meio tempo ele tinha tido uma perfeita visão da parte de trás de sua
cabeça e ela podia sentir algo pinicando em sua nuca. Cristo, teria
uma mecha de cabelo escorregado de debaixo de seu chapéu e agora
estava pendurado para baixo, acabando com seu disfarce? Ela queria
colocar a mão para cima para verificar, mas não podia, não enquanto
ele estava olhando.

E ela podia senti-lo olhando-a. O peso de seus olhos na parte


de trás de seu pescoço. Ele não estava olhando para fora da janela,
não estava relaxando com os olhos fechados. Não, ele estava
olhando para ela. Não tinha que olhar em qualquer espelho
retrovisor para saber disso. Ela podia sentir isso.

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Silenciosamente, com raiva, Dani começou a ranger os
dentes. O que este homem encontrou de tão fascinante sobre a
parte de trás do pescoço dela? Desejou que ele pegasse um copo de
gin e bebesse até cair no esquecimento como qualquer homem
normal faria. Então ela poderia dirigir em paz e não ficar suando
baldes como um porco em uma cabine de bronzeamento.

Ela estava tão envolvida em seus pensamentos raivosos que


ela pulou quando ouviu a voz de Storm.

— Então, há quanto tempo você está com Tony? Eu nunca te


vi antes.

— Uh, apenas uma semana ou algo assim. — ela murmurou.


Ela tinha que se lembrar de manter sua voz profunda e baixa. Ela
deveria ser um homem, depois de tudo.

Embora, pensando nisso agora, parecia quase tolo manter


esta farsa. Ela tinha feito isso para se proteger de caras estranhos,
mas agora que ela teria um cliente bastante regular em Storm seria
isto ainda necessário? E se ela apenas dissesse a ele quem ela
realmente era?

Mas então ela descartou o pensamento tão rápido quanto ele


veio. Storm Hunter provavelmente seria um regular, mas certamente
não seria o seu único cliente. E de qualquer maneira, seu chefe lhe
disse para manter as coisas em segredo para sua própria segurança.
É melhor deixar as coisas como estavam.

— Então do que você gosta? Futebol, beisebol ou basquete?

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Não o deixe me fazer perguntas sobre esportes. Eu não sei
coisa nenhuma sobre isso.

— Hóquei — ela deixou escapar.

— Hóquei? — Ele parecia incrédulo. — Você é canadense?

Ela deu uma pequena risada pelo comentário, mas saiu num
tom meio algo e ela teve que cortá-la.

— Não, mas o meu irmão joga hóquei. Ele foi recrutado


para um time da Universidade de Notre Dame.

—Oh. — Ele não parecia convencido, mas Dani estava feliz


que pelo menos nisso não havia mentira.

Outra coisa boa era que o Sr. Sports parecia estar fora de seu
elemento, no que se referia a hóquei. Bom. Ele não deveria ter
quaisquer perguntas para lhe fazer sobre isso. Agora tomara que ele
apenas ficasse quieto e a deixasse dirigir.

— Então por qual time você está torcendo no hóquei?

Dani gemeu. Agora, por que ele tinha que fazer uma
pergunta como essa? O que ela sabia sobre o hóquei fora do pouco
que ela pegou de Brian?

Ela começou a procurar por uma saída.

— Para aquele que Wayne Gretzky faz parte.

— Aquele que Wayne... ei, ele não está aposentado?

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Ok, então resposta errada. Hora de mudar o assunto.

— Bom tempo hoje à noite, não é? Uma noite estrelada,


também.

— O que? — Agora Storm parecia realmente confuso.

Dani suspirou. Ela não estava fazendo um bom trabalho com


o negócio do disfarce masculino. Que homem fala sobre as estrelas à
noite? Não era exatamente o tema mais viril para uma conversa. A
partir daí ela fechou a boca e, graças a Deus, ele também o fez.

Quando eles finalmente entraram na garagem da casa


palaciana de Storm, Dani deu um suspiro de alívio. Liberdade
finalmente. Ela parou em frente da mansão e correu ao redor para
abrir a porta.

E, assim como da última vez, a proximidade dele a tirou do


equilíbrio. Quando Storm saiu do carro, ele deu um passo muito
perto dela, tão perto que ela se perguntou se foi de propósito. A
invasão dele em seu espaço a fez dar um passo para trás
involuntário. Ela olhou para cima e, tão alta quanto ela era, ele era
uns bons doze ou quinze centímetros mais alto. E ele estava olhando
para ela.

— Quantos anos você tem, garoto?

—Vinte e dois. — A questão veio tão de repente que ela só


podia pôr para fora a verdade.

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— Você? — Disse ele com uma risada. — Você não parece
ter um dia a mais que dezessete anos. Eu aposto que você ainda está
no segundo grau.

Ela olhou para ele.

— Tenho vinte e dois e eu já terminei a faculdade. Eu sou


um professor pré-escolar.

Storm riu.

— Diga isso para o seu rosto. Ele tem muito que envelhecer.
Meu Deus, nem mesmo uma penugem no seu queixo. Sua pele é tão
suave quanto à de um bebê.

Isso fez com que ela se afastasse um pouco mais. Ele estava
vendo demais. Em um minuto ele descobriria que ela não era quem
ela parecia.

Ele estava olhando-a com curiosidade agora e mesmo que ela


tenha deliberadamente se colocado na sombra parcial, o olhar dele
estava começando a enervá-la.

— É estranho, mas há simplesmente algo sobre você... — ele


começou, mas sua voz sumiu. Então ele sacudiu a cabeça. — Não,
não é nada. Devo estar vendo coisas. — Ele virou-se e com a
arrogância de um macho superconfiante se afastou. — Diga ao
Tony que vou precisar de você novamente no próximo fim de
semana. Vejo você por aí, garoto.

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Ele não esperou por uma resposta. Subiu os degraus de dois
em dois e então destrancou a porta e se foi, deixando Dani ali de pé
olhando para ele.

Por um momento ela simplesmente ficou ali contemplando o


que ele acabara de dizer. Finalmente, ela fechou a porta da limusine
e caminhou de volta ao redor para o lugar do motorista. Conforme
ela colocou o cinto de segurança e deu a partida, sacudiu lentamente
a cabeça.

Ela não sabia se vê-lo novamente era uma boa ideia. De


repente, o pensamento deixou-a apreensiva. Ela estava desejando
isso um pouco demais... e isso era realmente assustador.


— É tempo de você se assentar, meu rapaz. Você não está
ficando mais jovem. — Edgar Hunter recostou-se na cadeira e
olhou para seu filho mais velho.

Storm fez uma careta para seu pai e enfiou as mãos no fundo
dos bolsos.

— Pai, eu tenho vinte e sete anos. Não é como se eu estivesse


no final da carreira. Há muito tempo para isso.

O homem mais velho acenou com a cabeça.

31
— Sim, você é jovem, mas com a condição do meu coração
eu poderia me ir a qualquer momento. Eu quero ver pelo menos um
neto antes de partir.

Storm deixou-se cair na cadeira em frente à mesa de seu pai.

— Você pode ter netos da Vanessa ou da Kathy. Por que


você não vai atormentá-las?

— Pare de falar besteira, Storm. Você é o meu único filho,


aquele que vai dar continuidade ao nome Hunter. É você que eu
quero que me dê netos. — Então ele encolheu os ombros e sorriu.
— Além disso, você é o mais velho.

Storm só podia olhar para o pai. Era absolutamente inútil


discutir. Ele tentou muitas vezes antes e o Hunter mais velho
sempre voltava à mesma questão — quando é que você vai se
assentar?

O problema era, Edgar Hunter tinha estado tão ocupado


fazendo dinheiro em seus anos mais jovem que ele não constituiu
família até que estava em seus quarenta e tantos anos. No momento
em que seu primeiro filho nasceu, ele já tinha cinquenta e um. Na
época em que ele deveria estar pensando em netos ele tinha acabado
de produzir seu primeiro filho. Agora que ele estava no final dos
setenta, estava cada vez mais consciente de sua mortalidade. Ele
estava determinado a ver o rosto de seu primeiro neto antes de
deixar a terra e Storm era o entregador designado.

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— E que tal Lola? — Perguntou Edgar, seu rosto enrugado
brilhando. — Ela realmente gosta de você. Ela deixa isso bem claro.
E é de uma boa família.

Storm gemeu e passou os dedos pelo cabelo. Não a conversa


sobre a Lola novamente. Ele precisava sair do escritório de seu pai
antes que o homem o deixasse totalmente insano. Levantou-se e
sacou seu Iphone.

— Pai, eu tenho que ir.

— Como sempre — Edgar bufou. — Assim que começamos


a falar de assuntos sérios você foge. É sobre o seu futuro que
estamos falando, Storm. O meu futuro. O futuro da família.

Mesmo quando seu pai se enfureceu Storm virou-se e


começou a caminhar em direção à porta.

— Você não pode continuar pilotando motocicletas e carros


de corrida por aí. Você é o meu único herdeiro homem, Storm.
Lembre-se disso. E é melhor você se casar e ter um filho antes de
tentar essas suas loucuras novamente. — Por esta altura Storm
estava abrindo a porta, com a intenção de fazer uma saída apressada.

— Eu vou falar com a sua mãe sobre isso. Você não pode
continuar a se recusar...

— Tchau, pai. — Storm fechou a porta atrás de si e até


mesmo enquanto ele se afastava, ainda podia ouvir seu pai
reclamando sobre tudo o que ele ia dizer à sua mãe.

33
Storm só podia estremecer enquanto se dirigia para o
corredor em direção ao elevador. Ele conhecia bem essa estratégia.
Seu pai ia soltar o bulldog em cima dele. Se havia alguém que
poderia vencer uma pessoa, era sua mãe.

Storm passou o resto da tarde em seu próprio escritório na


sede da Hunter's Run. Ele estava se preparando para lançar uma
nova linha de jaquetas de couro para homens e mulheres. Feitas na
Itália, eram de alta qualidade, assim como todas as suas linhas de
produtos. As roupas da Hunter's Run tinham uma reputação de alto
estilo, qualidade e durabilidade. E elas não eram baratas.

Ele teria uma reunião com a agência de publicidade em dois


dias e precisava ter todas as informações relevantes prontas. Ele
estava no meio do trabalho, quando houve uma leve batida na porta
e sua assistente executiva, Marisol, espiou para dentro.

— Você tem uma visitante especial. — disse ela com um


sorriso brilhante. Marisol só sorria assim quando alguém de sua
família vinha vê-lo.

O humor de Storm mudou imediatamente. Ele podia


adivinhar quem estava do outro lado da porta. Sua mãe.

— Deixe-a entrar. — ele disse, sua voz pouco mais que um


resmungo. Ele não estava ansioso pelo sermão que ele sabia que
viria. Por que permaneceu na mesma cidade, no mesmo estado, que
seus pais? Ele deveria ter se mudado para centenas de quilômetros
de distância, enquanto teve a chance. Então eles não seriam capazes

34
de simplesmente aparecer quando tivessem vontade. Mas já era tarde
demais agora. Já tinha comprado uma casa na Rodovia Earlston e a
adorava. Não estava planejando se mudar por um longo tempo.

— Hey, irmãozão. Como estão as coisas? — Uma garota com


cabelo loiro avermelhado entrou na sala, com o rosto todo sorrisos.

— Vanessa — Storm disse, e seu rosto abriu-se num sorriso.


— Eu pensei que era a mãe que vinha para me assediar, como de
costume.

— Só eu — ela disse com uma risada e então caiu na cadeira


em frente a ele. — Eu fui designada para fazer o assédio hoje.

— O quê? Você também, não. — Storm franziu o cenho para


sua irmã. — Eu nunca esperaria que você virasse uma traidora.

Ela encolheu os ombros.

— Eu não tive escolha. Era vir aqui incomodar você ou tê-


los chateando-me dia e noite sobre Buster. É bom ter os holofotes
fora de mim às vezes.

— Eu não posso imaginar por que — disse ele secamente. —


Quero dizer, com um namorado chamado Buster, que parece não
ter objetivo maior na vida do que ficar sentado dedilhando seu
violão fingindo ser um cantor de música country e western, por que
você não ia querer os holofotes sobre você?

— Pela centésima vez, Buster não é um vagabundo — ela


disparou de volta.

35
— Eu não disse isso. É você quem está dizendo.

—Você insinuou e isso é tão ruim quanto. — Vanessa estava


olhando para ele agora. — Quando ele se tornar grande no mundo
da música vocês todos vão ver.

— Sim, sim — Storm disse com um aceno de mão. — Então,


sobre o que você foi instruída a vir me atormentar?

— O de sempre. Casamento e coisas do gênero. O pai te


falou sobre o susto que ele teve no outro dia?

Storm franziu o cenho para sua irmã.

— Que tipo de susto?

— Dores no peito, falta de ar. Ele pensou que ia morrer.

Storm sentiu seu coração apertar no peito. Não importava


que ele estivesse sempre discutindo com seu pai, ele o amava. O
pensamento de que ele poderia tê-lo perdido tão de repente o
encheu de apreensão.

— Por que ninguém me chamou? O que aconteceu?

— Corremos com ele para a sala de emergência, mas eram


apenas gazes. — Vanessa deu-lhe um olhar sério. — Tivemos sorte
dessa vez, mas poderia ter sido pior. Muito pior. — Por um
momento, ela permaneceu em silêncio, apenas olhando para ele, o
riso não mais em seus olhos. — Você sabe o que ele quer, Storm.
Você poderia dar isso a ele.

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Storm fixou sua irmã com um olhar sombrio. Ela sabia como
bater nele exatamente onde iria doer. E desta vez doeu.

— Então, o que há de novo com Lola nos dias de hoje? —


ela perguntou, mudando de assunto tão abruptamente como o
introduziu. — Você vai levá-la para a festa dos Vanderbilt, no
sábado?

— Não, eu provavelmente vou sozinho. Ou — ele disse,


pensando em voz alta — talvez eu convide a Stephanie.

— Por quê? Ela é tão... artificial.

—Ok, então ela é uma loura oxigenada. Então o quê? Ela


ainda é uma boa companhia.

— Eu não sei... — Vanessa parecia perdida em pensamentos.


— Não é exatamente alguém para se casar.

—Eu não estou procurando uma esposa — Storm rosnou.


— Deus, você pode dar nos nervos de um homem às vezes.

— Isso é para o que as irmãs servem — disse ela com uma


risadinha e pulou da cadeira. — De qualquer forma, eu tenho que ir.
Buster e eu vamos sair hoje à noite.

—E Buster é alguém para se casar? — Ele levantou uma


sobrancelha para ela.

— Quem disse que eu estava procurando um marido? Eu só


tenho vinte e três. Eu tenho muitos anos antes de ter que me

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preocupar com isso. — Ela se dirigiu para a porta, em seguida,
virou-se para sorrir para ele. — Não se esqueça do que falamos. —
disse com um aceno de sua mão. Então se foi.

Após a conversa Storm perdeu totalmente a capacidade para


se concentrar em qualquer campanha publicitária. Toda a sua família
havia pulado em cima dele. Falando sobre pressão.

Por um longo tempo ele ficou lá em sua mesa só pensando.


Ele não tinha a menor intenção de entregar os pontos. Assim como
Vanessa, ele estava muito longe de estar pronto para se estabelecer.
Nesse meio tempo, porém, tinha que fazer algo para ter a sua família
e, especialmente, seu pai, fora de suas costas. Mas o quê?

Com um suspiro, ele se levantou e pegou as chaves da sua


motocicleta MV customizada. Ele pegou sua jaqueta de couro e
colocou seus óculos de sol. Havia apenas uma coisa garantida para
clarear sua cabeça. Ele tinha que sair para um passeio. Ele cairia na
estrada em sua moto e ia deixar algum vapor sair.


— Você está se comportando por aí? — Dani riu ao telefone.
— Lembre-se, eu não estou aí cuidando de você, então estou
contando com você para ser responsável.

38
— Vamos lá, Dani. Eu sou um homem crescido. Eu sei o que
estou fazendo. — A voz de Brian estava com certo divertimento. —
Você pode parar de ser uma mãe galinha agora.

— Jamais — ela respondeu. — Enquanto eu for sua irmã


mais velha você vai ter que aturar isso. Mesmo quando você estiver
casado.

Brian gemeu então os dois riram.

Desde que ele foi embora para a universidade Dani não tinha
deixado passar um dia sem falar com ele. Ela sabia que teria de
soltar as rédeas e deixá-lo encontrar o seu próprio caminho, mas ela
não estava pronta. Ainda não. Depois de ser a única responsável por
ele pelos últimos quatro anos, era difícil deixar ir seu irmão mais
novo.

— Obrigado pelo dinheiro que você colocou na minha conta


ontem — disse Brian. — Ele veio na hora certa para pagar o meu
uniforme. Nós teremos o nosso primeiro jogo amanhã.

— Legal. Gostaria de poder estar lá para ver você fazer


creme deles.

— Irmãzinha, quanta violência. — Brian a repreendeu com


uma risada.

— É assim que eu consigo seguir a vida — disse ela sem


pedir desculpas. — Você faz o que tem que fazer. — Essa sempre

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foi a filosofia de Dani. Ela era prática e focada e lidava com as
questões da vida de cabeça erguida.

Eles conversaram por mais alguns minutos, em seguida, ela


olhou para o relógio.

— Escute Brian, eu tenho que ir. Eu tenho que estar em


outro lugar às cinco.

— Como é que você está sempre com compromissos à noite?


Você tem outro emprego? — Brian soou preocupado.

— Não preocupe a sua cabeça com isso — ela disse a seu


irmão. — Você apenas tem de se concentrar em obter boas notas e
ser o melhor jogador de hóquei que puder ser.

— Mas Dani, eu não...

— Deixa quieto, Brian.

— Ok, mas tem mais uma coisa que eu queria te dizer.

— Tudo bem, mas faça isso rápido. — Ela olhou para o


relógio novamente. Ela poderia dar a ele mais três minutos.

— Eu estou começando um trabalho de meio período fora


do campus.

— Você o quê? Por que você iria querer fazer isso?

— Ouvi falar de um programa de intercâmbio estudantil e eu


quero ir. Preciso conseguir um emprego para pagar a taxa. Você
pode imaginar passar um ano inteiro na Europa? — Brian falou com

40
entusiasmo. — Tem um cara que me ofereceu um emprego de meio
período com vendas. Vou começar na próxima semana.

— Nada de emprego de meio período fora do campus —


Dani disse com seu tom de “irmã no comando” mais forte. — Você
está na escola para estudar, não para pegar empregos por fora.
Algumas poucas horas de trabalho dentro do campus está bem, mas
nada de trabalhos que irão te tirar dos seus estudos.

— Mas o depósito terá que ser feito no mês que vem. Eu


realmente quero ir.

— Eu vou cuidar disso — disse ela com mais confiança do


que sentia. — Basta enviar-me os detalhes.

— Você tem certeza?

— Eu tenho certeza que não quero que você trabalhe,


quando você deveria estar estudando. Agora se comporte. Eu tenho
que ir.

Ela desligou o telefone e pegou o seu chapéu de chofer.


Quando ela enfiou seu cabelo espesso sob ele sua mente disparou.
Outra conta para o Brian e esta seria na casa dos milhares. Onde
diabos ela iria conseguir o dinheiro até o próximo mês? Toda vez
que ela pensava que finalmente tinha as coisas sob controle algo
novo aparecia e, em seguida, ela estava de volta no buraco.

Não havia tempo para pensar nisso agora, no entanto. Ela


tinha que pegar um cliente em meia hora e ela não podia se dar ao

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luxo de se atrasar. Quando voltasse, ela pensaria nas possibilidades.
Sua prioridade — como ganhar mais dinheiro. Rápido.

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Capítulo Três

A semana passou voando muito rápido para Dani. Talvez


porque suas responsabilidades de três e quatro anos estavam
particularmente agitadas naquela semana, ou talvez fosse porque
Tony a tinha sobrecarregado com atendimentos até tarde da noite.
Antes que ela percebesse, sábado tinha chegado de novo e ela estava
a caminho de pegar seu bilionário, Storm Hunter.

Enquanto dirigia pela estrada sua mente voltou para a


conversa com Brian. Fazia quatro dias desde que eles falaram e ela
não estava mais perto de uma ideia de como fazer dinheiro do que
estava antes. Ela não podia pegar outro emprego. Havia apenas
tantas horas durante o dia e não era como se ela pudesse ficar sem
dormir.

Se ela não podia aumentar sua renda, então teria que cortar
suas despesas. Ela não gastava muito em roupas e muito menos em
entretenimento. Quem tinha tempo para sair de qualquer jeito? Isso
só deixou uma coisa — a habitação. Tanto quanto ela amava seu
apartamento em Hyde Park, ela teria que abrir mão dele e ir para um
lugar mais barato. Ela fez uma careta. Não estava ansiosa em se

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mudar para mais longe da Escola Applewood. Odiava ter que
enfrentar o trânsito para chegar ao trabalho.

Dani foi forçada a arrastar seus pensamentos de volta ao


presente. Estava agora no portão da residência Vanderbilt e teria que
se identificar antes de ser autorizada a entrar na propriedade. Ela
colocou o câmbio no ponto morto, pulou fora e foi pressionar o
botão do intercomunicador, e quando o portão se abriu, correu de
volta para o carro, e então, dirigiu lentamente até a calçada. Um par
de limusines já estava parado à sua frente então ela estacionou na
área ao lado delas e esperou.

E esperou.

Dani olhou para o relógio pelo o que deveria ser a décima vez
e então inclinou a cabeça para trás e gemeu. Dez e quarenta e dois.
Tinha sido agendada para pegar Storm Hunter, às dez horas, mas ele
não estava em nenhum lugar à vista. Mais algumas limusines tinham
chegado nos últimos 45 minutos e todas elas permaneceram lá
esperando.

Finalmente, quando eram quase onze horas as pessoas


começaram a sair e se dirigir aos seus carros ou suas limusines que
esperavam. Dani acabou esperando mais dez minutos antes de ver
Storm saindo pela porta da frente com uma loira voluptuosa em seu
braço.

44
A essa altura, ela não era uma campista feliz. Ele estava quase
uma hora atrasado o que significava que ela ia acabar saindo do
trabalho além da meia-noite.

Quando Storm e a mulher se aproximaram, Dani tentou ser


profissional e colocar um sorriso educado nos lábios. Não
funcionou. Seus lábios esticaram sobre seus dentes, devia estar
parecendo mais com uma careta do que um sorriso. Ela não podia
evitar. Ela nunca tinha sido boa em jogar de hipócrita.

— Ei, garoto. Pronto para rolar? — Storm estava rindo com


a mulher, provavelmente de alguma piada particular, e parecia que
tinha acabado de ter o tempo de sua vida. Ou estava prestes a ter.

Eu estive pronta para rolar por mais de uma hora, ela pensou
amargamente. Ainda assim, ela não deu voz ao seu pensamento.
Com um aceno rápido ela abriu bem ampla a porta da limusine e
segurou para o casal sorridente.

Storm ajudou a mulher a entrar e logo antes de também


entrar olhou diretamente nos olhos de Dani.

— Qual é o seu nome? Está ficando meio chato ficar


chamando você de garoto.

— Dani — disse ela, desviando os olhos do olhar dele.

— Danny. Legal. Vamos indo, então.

Ele deslizou para dentro e Dani fechou a porta com um


clique.

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Vamos indo, disse ele. Nem mesmo um pedido de desculpas
pelo atraso. Essa era provavelmente, uma das vantagens de ser um
bilionário — nunca ter que dizer que você lamenta.

Para esta jornada Dani fez questão de manter o vidro


matizado levantado. Ela não tinha absolutamente nenhum desejo de
jogar de voyeur ou até mesmo ouvir o que seus passageiros estavam
dizendo. Mas, como da última vez, no meio do caminho ela ouviu
uma batida no vidro e foi forçada a baixá-lo.

— Chofer — a loira disse — você pode fazer um desvio, por


favor? Storm precisa fazer uma parada rápida na farmácia mais
próxima.

Dani olhou no espelho retrovisor. Storm estava parecendo


confortável, seu longo corpo estendido ao longo do assento, e ele
estava abafando um bocejo.

— Eu estou bem, Chrystelle — disse ele através do bocejo.


— Nenhum desvio necessário.

A mulher se virou para ele com uma careta.

— Você tem certeza? Achei que você estava sem....

— Não, eu tenho alguns. Nós apenas precisamos chegar em


casa. Tem sido uma longa noite.

— Ok, o que você disser. — Ela encostou-se de volta no


assento com um suspiro.

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Dani não esperou para ver mais. Ela apertou o botão para
fechar a janela e tirá-los fora de sua vista.

O que foi aquilo? Sua mente lhe disse que só podia ser uma
coisa, algo que ela não queria nem pensar. Mas lá estava ele. O
pensamento cruzou sua mente e ela não conseguia se livrar dele.
Eles tinham acabado com os preservativos, ou pelo menos foi o que
pensou a mulher, e ela queria que Dani os levasse para reabastecer
seu estoque. O descaramento dela.

Dani cerrou os dentes, irritada que o casal insensível —


Storm e a mulher — tinham arrastado-a para o seu caso particular.
Mas havia outro motivo para a sua raiva, um muito mais assustador,
se ela ousasse admitir para si mesma. Ela fez uma careta, lutando
contra o pensamento com cada fibra do seu ser. Então, depois de
vários minutos repreendendo a si mesma, deu um suspiro de
resignação. Não tinha por que. A quem ela estava enganando? Storm
Hunter estava com seu encontro para a noite, provavelmente sua
amante, e ela estava com ciúmes.

Ela poderia ter chutado a si mesma, ela estava tão brava.


Quão estúpida ela poderia ser? Ela não tinha absolutamente nenhum
direito de estar com ciúmes. Ela era apenas a motorista, pelo amor
de Deus, e um que era suposto ser um homem. Pelo menos aos
olhos dele. O que deixava isso pior era que mesmo que ele soubesse
que ela era uma mulher, ela sabia sem dúvidas que ele não teria
absolutamente nenhum interesse nela. Por que ele teria? Ele era um
playboy bilionário com mulheres caindo aos seus pés e ela não era

47
nada mais do que uma professora batalhadora com um irmão para
sustentar. Por que ele lhe daria até mesmo uma hora do dia?

Estúpida em até mesmo pensar sobre isso, mas era assim que
a mente funcionava. Seu cérebro louco tinha uma mente própria.

No momento em que puxou para a garagem de Storm, Dani


havia recuperado o controle de seus pensamentos errantes e abafou
suas emoções selvagens. Ela estava de volta ao seu antigo eu –
sólida, prática e calma. Ela abriu a porta e, em seguida, deu um
passo atrás, confiante de que seu rosto era inexpressivo e suave.

Ela teve a difícil tarefa de se manter serena quando Storm


saiu do carro e estendeu a mão à mulher a quem tinha chamado
Chrystelle. Ela riu e se inclinou para ele forçando-o a colocar seu
braço ao redor dela para impedi-la de cair.

— Oh, Storm — ela sussurrou — Você é tão cavalheiro.

Ele apenas deu a ela um sorriso torto, então olhou para Dani.

— Obrigado, garoto... Danny. Você está de plantão no


próximo fim de semana?

— Todos os finais de semana, senhor. — Respondeu Dani


rigidamente.

— Ei, não precisa ser tão formal — Storm disse com uma
risada. —Isso é o que você diria para o meu velho, não para mim.
— Chrystelle começou a ceder e ele passou os braços mais
apertados ao redor dela. — Diga a Tony para agendar você para me

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pegar novamente. — Ele estava se virando para ir quando parou. —
Na verdade, eu estou indo para o aeroporto na segunda-feira cedo.
Eu não quero dirigir de modo que você pode me levar. Eu vou
mandar a minha assistente organizar tudo. — Quando ele se virou
disse — Vejo você então, garoto.

Dani não respondeu. Ele já tinha esquecido o nome dela.


Então, se ela era de tão pouca importância para ele por que insistia
em pedir por ela? Isso não fazia muito sentido. Todos os outros
motoristas estavam na companhia por anos. Ele provavelmente
conhecia todos eles, então por que não pedir por eles? Havia apenas
duas coisas que a faziam única. Ela era uma mulher, o que ele não
sabia e ela era a mais jovem da equipe. Deve ser isso. Ele devia
realmente gostar de chamá-la de “garoto”.

Assim que ela bateu a porta fechada, entrou no carro e ligou


o motor, cuidadosamente mantendo os olhos na estrada à frente.
Ela não tinha nenhum desejo de vê-los ir para casa juntos, nenhum
desejo de prolongar a tortura. Ela tinha tido o suficiente para uma
noite.

Conforme as rodas rangeram na entrada de cascalho ela


respirou uma oração, mas não era uma feliz. Querido Deus, por que
eu tive que conhecer Storm Hunter? Por que eu tenho que estar
atraída por ele, e por que ele continua pedindo por mim?

Ela não obteve resposta, exceto o pensamento de que seria


melhor acabar com esta queda bem rápido ou então ela estaria em

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um inferno de um monte de problemas. Ela tinha estado com medo
por ter desejado ver Storm novamente, mas as coisas estavam piores
agora. O fato de que ela admitiu para si mesma que estava realmente
atraída pelo homem era positivamente aterrorizante.



— Aqui está, Chrystelle. Basta tomar isto e você vai se sentir


melhor rapidamente. — Storm caminhou até o sofá onde sua
convidada descansava como uma flor delicada murcha. — Você se
manteve muito bem até agora, mas não tem por que continuar se
torturando.

Chrystelle deu um gemido suave e endireitou-se lentamente.

— É tão difícil manter uma aparência corajosa o tempo


todo. É exaustivo.

— Enquanto você estiver aqui, você não precisa — disse ele


e sentou-se ao lado dela. — Agora aqui. Tome isto.

Ela pegou a aspirina da mão dele e colocou na boca. Então


ela estendeu uma mão delicada para o copo de vidro. Quando a
última gota de água se foi ela empurrou o copo na mão de Storm e
descansou a cabeça contra as almofadas de pelúcia.

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— Obrigado, Storm. Eu precisava disso.

—Eu sei — disse ele e deu um tapinha na mão dela. —


Agora feche os olhos e tente descansar um pouco até que Jack
chegue aqui.

As palavras mal tinham deixado a sua boca, antes de um leve


suspiro escapar dos lábios de Chrystelle. Ela tinha caído adormecida.

Storm sorriu e foi até a cozinha, onde ele colocou uma jarra
de café para fazer. Eles tiveram o suficiente para beber por uma
noite. Ele simplesmente iria saborear uma xícara fumegante da
bebida enquanto esperava seu amigo vir e pegar sua esposa.

Ele conhecia Jack e Chrystelle desde a faculdade e, desde o


primeiro ano, ele sempre soube que eles seriam um par. Onde Jack
era um aventureiro espontâneo, Chrystelle era geralmente cabeça no
lugar e calma. Eles eram o complemento perfeito um para o outro.
Quando eles lhe disseram que iam se casar, ele não ficou nem um
pouco surpreso. Era como se tivessem sido feitos um para o outro.

Hoje à noite Jack teve que sair correndo da festa mais cedo
para fazer uma cesariana de emergência no Hospital Chicago Geral,
deixando Chrystelle aos cuidados de Storm. Ela estava acostumada a
esse tipo de coisa. Como um dos melhores cirurgiões de Chicago,
ele era chamado em todas as horas do dia e da noite. Hoje foi
apenas mais do mesmo. Storm tinha concordado prontamente, para
Chrystelle relaxar com ele sabendo que Jack iria passar por lá tão

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logo suas mãos mágicas tivessem feito o seu trabalho. Ele era rápido,
ele era eficiente e ele era o melhor.

Conforme Storm tomou um gole do café preto sua mente


vagou para o jovem motorista que o tinha levado para casa pela
segunda vez no espaço de uma semana. Danny, ele disse que era seu
nome. Franziu a testa enquanto pensava sobre o garoto. Havia algo
sobre ele, algo que não poderia dizer o que exatamente, que o estava
alfinetando, mas o que era ele não podia dizer. E foi por isso que lhe
pediu para levá-lo ao aeroporto na segunda-feira. Ele tinha que
chegar ao fundo do seu interesse inexplicável neste jovem.

Quando criança ele sempre importunou seus pais por um


irmãozinho e ficava mais do que irritado cada vez que eles
produziam uma menina. Mas não podia ser isso, não é? Ele tinha
quase trinta anos de idade. Ele devia ter superado a obsessão por um
“irmão mais novo” por agora.

Ele tomou outro gole de café e então deu de ombros. No


momento em que a segunda-feira chegasse, ele tinha certeza que ia
descobrir. Com sua cara de bebê e enormes olhos escuros, Danny
provavelmente lembrava um de seus primos mais jovens. Tinha que
ser isso.

Storm assentiu com satisfação. Mistério resolvido.


52
Hoje ia ser um grande dia. Dani tinha certeza disso. Como
não poderia, quando ela recebeu uma maravilhosa surpresa no fim
de semana passado?

Depois de deixar a residência de Storm Hunter, Dani tinha


conduzido de volta a limusine para a sede e estava furiosa. Meia-
noite já tinha passado há muito tempo e agora ela tinha que fazer o
seu caminho para casa, mais vinte minutos de carro. Ela não estava
indo para cama antes de uma hora da manhã. Dani gemeu só de
pensar nisso. Se havia uma coisa que ela amava era o seu sono, e ela
estava tendo menos e menos dele a cada dia.

Ela ficou surpresa ao ver Tony ainda no escritório quando foi


para deixar sua chave. Ela tinha esperado ver o gerente da noite de
plantão.

— Ben disse que estava doente. — explicou e em seguida,


entregou-lhe um cheque.

— O que é isto? — Ela perguntou com uma careta. — Não é


o dia do pagamento.

— Não, mas é como se fosse o dia de pagamento para você


— Tony disse com um sorriso. — É de Storm Hunter. Ele me disse
para colocar em sua conta a quantia e escrever-lhe um cheque. É a
sua gorjeta pelas duas vezes que você o deixou em casa.

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Dani olhou para o cheque e, em seguida, para seu chefe. Ela
olhou para ele.

— Isto é uma piada? Porque se for eu não estou achando


graça.

— Não é brincadeira — disse ele, levantando as mãos e


recuando com medo simulado. — O cheque é tão real quanto o que
você recebeu no último dia de pagamento.

— Você está falando sério? — Dani disse com um suspiro.


— Isto é mais do que eu faço em uma semana.

— Eu sei — Tony disse com um sorriso. — Agora você não


está feliz por eu tê-la designado a um grande doador de gorjetas?
Embora ele pareça ter ido além com você. Eu nunca o vi dar
gorjetas tão generosas. — Então, seu sorriso desapareceu e seus
olhos se estreitaram. — Você disse a ele que você é uma mulher?

— Claro que não — respondeu Dani. — Como você pode se


quer pensar isso?

Tony acenou com a mão.

— Esqueça que eu disse isso. Apenas pegue o dinheiro e seja


grata. Eu tenho certeza que ele virá a calhar.

— Virá mesmo — disse ela com um sorriso e colocou-o no


bolso. Esta será a primeira prestação da viagem de Brian para a
Europa.

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E foi por isso que na segunda-feira, apesar de serem apenas
cinco horas da manhã, ela estava de bom humor. Ela estava
começando a ver a luz no fim do seu túnel e foi tudo por causa de
Storm Hunter. Só por isso ela iria tirar sua cara séria e ser
especialmente agradável com ele. Ele mais do que merecia.

Desta vez, quando ela parou em frente a sua porta, ele estava
pronto. Ela iria entregá-lo no aeroporto e ele provavelmente iria
fazer o seu caminho para uma sala de repouso exclusiva e, em
seguida, seguir em um jato particular. Então ela faria um retorno
rápido, levaria a limusine de volta à base, e iria correndo para casa
para se trocar de modo que estaria na escola Applewood às oito e
meia em ponto.

Depois de dar a Storm um alegre bom dia, que lhe deu um


olhar azedo do obviamente ainda sonolento Storm, ela abriu a porta
para ele, em seguida, foi colocar a bagagem dele no porta-malas.
Isso deu trabalho. Havia apenas duas malas de tamanhos grandes e
uma mala de mão, mas a segunda mala parecia como se tivesse
embalada com chumbo ou tinha sido enchida com um cadáver.
Enquanto ele descansava dentro do carro ela empurrou e empurrou
até que ela entrou, quase lhe dando uma hérnia no processo. Ainda
assim, ela fez isso sem um murmúrio de queixa. Qualquer que fosse
o que este homem a fizesse passar, malas com excesso de peso ou
não, valeria a pena.

Storm pareceu acordar em seu caminho para o aeroporto.


Com a divisória de vidro para baixo não havia nada para impedi-lo

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de manter uma conversa com ela e, pela primeira vez desde que se
conheceram, ele parecia ter um interesse genuíno nela.

— Então Danny, você é um professor de escola, né? —


Perguntou Storm.

Ela assentiu com a cabeça, mas não virou a cabeça.

— Sim. Eu ensino na pré-escola.

— Então você ensina durante o dia e como motorista à noite


e nos fins de semana. — Ele resmungou. — Quando você tem
tempo para se divertir? Um jovem garoto como você deveria estar se
divertindo com seus amigos.

Dani quase soltou uma gargalhada. Que amigos? Ela mal


tinha tempo para si mesma e muito menos para se socializar com os
amigos. Ela não disse nada disso, apesar de tudo.

— Eu dou um jeito. — ela disse e deixou ficar assim.

Durante algum tempo houve silêncio e Dani começou a se


perguntar se Storm sucumbiu à sua sonolência, quando ouviu sua
voz novamente.

— Então, você tem namorada?

— Hum, não... não agora. — Ele a tinha pego desprevenida.


Onde no mundo que ele estava indo com isso?

— Eu não culpo você, companheiro. É bom fazer uma pausa


das mulheres às vezes. Elas são um bocado, não são? — Ele riu

56
suavemente, como se fossem conspiradores de algum tipo. — Elas
são as criaturas mais confusas do planeta. Hoje elas te amam como
se você fosse o único homem no mundo e amanhã elas não podem
suportar um osso em seu corpo.

— Sim, eu sei o que você quer dizer. — disse ela, tentando


soar como se ela soubesse o que ele estava falando.

— Confie em mim, não se deixe enganar por todo o brilho e


glamour que algumas delas trazem para a mesa — Storm disse com
um suspiro de desgosto. — A melhor coisa que você pode fazer é
encontrar uma que seja honesta e real. Se você encontrar uma
mulher assim, agarre-se a ela pela sua vida. Esse tipo de mulher é
preciosa e rara.

Dani não tinha uma resposta para isso de modo que não
disse nada. Graças a Deus ele não a pressionou. Ele caiu para trás
em silêncio e um olhar no espelho retrovisor disse a ela que ele
inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos. Para seu alívio, ele
permaneceu assim durante o resto da viagem.

Agora, o que tinha acontecido com o Sr. Bilionário para fazê-


lo confiar nela assim? Ele praticamente apresentou a sua filosofia de
vida sobre o sexo feminino. Ela riu para si mesma. Se ele soubesse...

Storm não abriu os olhos de novo, até que chegaram ao


aeroporto. Ele provavelmente não estava dormindo como ela tinha
pensado, porque ele soube exatamente quando se endireitar e
parecia fresco e alerta. Às suas instruções, ela atravessou um portão

57
separado e, em seguida, foi direcionada para uma rampa no final da
qual repousava um jato particular impressionante. Havia um par de
oficiais da imigração na área prontos para liberar Storm para que
pudesse embarcar.

Ele pulou para fora do carro e enquanto estava falando com


os agentes, Dani abriu o porta-malas para pegar a sua bagagem. A
bagagem de mão e a menor das duas malas saíram com bastante
facilidade. Então era a vez da mala com o corpo morto. Usando
toda sua força, ela puxou-a para perto dela, então dobrou os joelhos
como tinha sido ensinada, agarrou as alças e levantou o enorme
peso para fora do porta-malas.

E foi então que aconteceu.

A mala tombou para fora e caiu no chão com um baque,


arrastando-a para baixo com ela. Ela começou a tombar para frente
e só teve tempo de soltar um grito antes de cair, de cara, em direção
ao asfalto.

Em um microssegundo Storm estava lá, agarrando-a antes de


seu rosto bater no chão. Ele agarrou-a pelo pescoço e pela parte de
trás da jaqueta e conforme ele a puxou de volta na posição vertical o
seu chapéu de motorista caiu e sua massa de cabelo castanho escuro
caiu em suas costas e cobriu o rosto, escondendo-a de vista.

—O que… — o aperto de Storm afrouxou e ela quase caiu


de volta no chão. Então as mãos dele se apertaram sobre ela e ele a
arrastou para seus pés.

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—Quem é você? — Sua voz estava cheia de indignação.

Ela puxou fora de seu agarre e empurrou o cabelo longe de


seu rosto. E encontrou-se olhando para os olhos escuros piscantes
de um homem muito zangado.

— Você não é um cara. Você é uma garota. — disse ele, sua


voz incrédula.

— Eu acho que sei disso. — disse ela, deliberadamente


mantendo sua voz leve. Talvez eles pudessem ambos rir disto. A
situação era realmente muito engraçada.

— Sim, mas eu não — ele mordeu fora conforme olhou para


ela. — Por que você não me contou? Isso era pra ser algum tipo de
brincadeira comigo?

Agora ela percebeu que não havia esperança de que ele fosse
rir. Onde estava seu senso de humor?

— Olha, me desculpe. Eu te enganei, mas foi por uma boa


razão.

— Como? — Ele exigiu, em seguida, olhou para os homens


que estavam olhando para eles. Storm agarrou o cotovelo dela. —
Venha até aqui. Você tem algumas explicações a dar.

Ela a levou até o final da limusine, onde foram parcialmente


escondidos da vista e só então ele a deixou ir.

— Agora fale.

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Ok, então ia ser assim, não é? Ele ia jogar duro. Bem, ela
poderia ser dura, também. Dani cruzou os braços sobre o peito,
levantou o rosto e olhou diretamente nos olhos dele.

— Não há necessidade de você perder as estribeiras. Eu te


disse, eu tinha uma boa razão para esconder a minha verdadeira
identidade.

— Então derrame. — disse em poucas palavras.

— Eu tomei um susto na minha primeira semana no


trabalho. Um dos meus passageiros tentou me apalpar. Eu tive que
lutar com ele. Decidi então que eu não me colocaria em risco
novamente. — Sua voz era ousada e sem remorso. Se Storm Hunter
não entendesse, então que seja. — Desde aquela noite venho
escondendo o fato de que eu sou uma mulher. É muito mais seguro,
especialmente durante a pegada de clientes tarde da noite.

Houve uma centelha nos olhos de Storm e, em seguida, a


tensão em sua mandíbula diminuiu — apenas um pouco.

— Bem, você poderia ter me contado. Eu não estava indo


apalpar você. E eu falei com você como se você fosse um cara.

Então era isso. Não era apenas porque ela o tinha enganado,
era porque ela o tinha enganado tão bem que ele compartilhou
alguns pensamentos particulares com ela, pensamentos que ele
provavelmente só tinha compartilhado com um homem.

60
— Eu sei e eu sinto muito. Mas eu já tinha começado a ser
Danny o cara quando te conheci. — Ela encolheu os ombros. — Eu
não poderia simplesmente abandonar isso. E de qualquer maneira,
Tony me pediu para manter o disfarce. Ele pensou que era mais
seguro para mim e para o seu negócio.

Storm ainda estava franzindo o cenho para ela, não


parecendo convencido com sua linha de raciocínio. Então, ele soltou
o fôlego e balançou a cabeça.

— Então, qual é o seu verdadeiro nome, afinal?

— É Dani.

— Sim, certo.

— Não, é isso. Realmente. Eu sou Dani com um “i”. É


diminutivo para Danielle.

Ele olhou para ela com os olhos apertados.

— E você é realmente uma professora da escola?

Ela assentiu com a cabeça.

— Tudo o que eu disse a você é verdade. Exceto sobre a


parte de ser um cara, o que eu nunca disse. Você foi o único que
assumiu que eu era um cara então eu nunca menti para você.

— Não, mas você me deixou continuar acreditando numa


suposição falsa.

61
— Olha, eu já pedi desculpas a você e não vou fazer isso de
novo. Se você não consegue entender a razão do meu disfarce, então
não posso te ajudar. — Ela colocou em sua boca um beicinho
rebelde e recusou-se a recuar. Bilionário ou não, ela não estava
prestes a deixar qualquer homem intimidá-la.

Isso pareceu tê-lo pego de surpresa. Ele provavelmente não


estava acostumado a uma mulher se impondo sobre ele. Ele olhou
para ela por vários segundos e então lentamente, quase
imperceptivelmente, ele acenou com a cabeça.

— Tudo bem, entendo seu ponto. Mas a partir de agora nem


sequer pense em me enganar de novo.

E com isso ele virou as costas e saiu, deixando Dani olhando


para ele.

62
Capítulo Quatro

Uma hora havia se passado desde a grande revelação e Storm


ainda não conseguia acreditar. Ele tinha sido enganado. Danny ou
Dani como ele agora teria que pensar nela, tinha feito dele um
otário. Caramba, ele era tão facilmente enganado?

Os sinais estavam todos lá, mas ele tinha sido muito estúpido
para vê-los. Agora, em retrospectiva, ele não sabia como pode ter
perdido as pistas — a plenitude de seus lábios, a suavidade de suas
bochechas, a pele suave e sedosa de seu rosto. E cada vez que ele
tinha chegado perto dela tinha sentido a leve fragrância de pétalas de
rosa.

Mais do que tudo, porém, ele deveria saber que algo estava
errado quando os pelos em seus braços se levantavam cada vez que
ela se aproximava dele. Ele tinha notado isso e achou estranho, mas
depois ignorou isso. Mas agora ele sabia por quê.

Dani. Ela era diferente de qualquer mulher que ele conhecia.


Ela era ousada e confiante e na verdade ela tinha se imposto sobre
ele quando tentou intimidá-la. Ele não conseguia se lembrar disso já

63
ter acontecido com ele, exceto nas suas discussões com sua mãe e as
mães não contam.

Ele começou a sorrir enquanto pensava sobre Dani e seu


sorriso se transformou em uma risada. Ele estava realmente
começando a admirar a sua coragem. Ela certamente o tinha levado
para um passeio e ela se recusou a pedir desculpas por isso.

Então um pensamento lhe ocorreu e ele franziu a testa. Ela


era prática, realista e fazia o que tinha que fazer para sobreviver. Ela
podia na verdade ser a resposta para um monte de seus problemas, o
principal deles sendo como conseguir seu pai fora de suas costas.

O que Dani, a chofer, pensaria sobre deixar aquele trabalho e


vir trabalhar para ele — como sua noiva falsa? Seu sorriso se alargou
em um grande sorriso. Tinha certeza de que poderia convencê-la a
embarcar em seu plano. Parecia que ela precisava do dinheiro. Por
que outra razão ela teria tomado o trabalho de motorista em cima de
sua carreira de docente? Esta poderia ser a solução para ambos os
problemas. Ela precisava de dinheiro e ele tinha muito. Ele precisava
de um amortecedor feminino para sua família irritante e ela parecia
o tipo de mulher que, uma vez que o trabalho estivesse concluído,
poderia cortar fora — sem amarras. Ela não lhe parecia o tipo que o
envolveria como uma trepadeira e isso lhe convinha perfeitamente.

Satisfeito, Storm recostou-se para desfrutar o resto da viagem


de avião. Quando ele retorna-se Dani teria notícias suas.

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O que ele lhe ofereceria numa bandeja de prata, seria uma
oferta que ela não seria capaz de recusar.



— Você quer que eu faça o quê? — Dani olhou através da


mesa para Storm, não acreditando no que acabara de ouvir.

— Eu quero que você seja minha noiva de aluguel. — Um


sorriso travesso surgiu nos lábios dele.

— Você está falando sério? — Ela perguntou, e por algum


motivo, o seu batimento cardíaco acelerou enquanto aguardava sua
resposta. — Você está brincando, certo?

— Estou falando muito sério — disse ele com um sorriso. —


Eu me encontro em um dilema. Meu pai insiste em que eu encontre
uma esposa e me estabeleça. Ele decidiu que vai estar morto em um
futuro muito próximo e está determinado a ver o rosto de seu neto
antes que parta. Meu filho.

Dani puxou uma respiração e olhou para ele.

— Você quer me pagar para ter o seu filho?

— Calma aí, não tão rápido — disse ele com uma risada. —
Eu não vou chegar a isso. Sem chance. Tudo que eu quero é dar a

65
minha família a impressão de que estou indo na direção certa. Você
vê, ele tem todos do seu lado. Eu só preciso de uma pausa de toda
essa pressão.

— E você acha que ter uma noiva falsa é a resposta?

— É a solução perfeita — disse ele com um sorriso maroto


— Eu os tiro das minhas costas e você , se você concordar ,
conseguirá dinheiro suficiente para que você não precise estar na
estrada em todas as horas da noite. — Ele recostou-se na cadeira e
deu-lhe um olhar de confiança total, como se ela fosse louca se não
aceitasse.

Dani levantou o copo e tomou um longo gole de sua cerveja


de gengibre. Ele era certamente cheio de si, pensando que ela não
poderia se recusar a ele. Ela tinha vontade de lhe dar um grande não,
só para tirar aquele sorriso de satisfação do rosto dele.

Para sua surpresa, em seu retorno a Chicago ele a convidou


para o almoço, dizendo-lhe que tinha uma proposta para ela, que
seria mutuamente benéfica. Ela tinha ficado mais do que curiosa e
avidamente aceitou o convite, pensando que ele ia oferecer-lhe um
emprego permanente como sua motorista. Ela havia previsto que
ele iria oferecer-lhe um salário que excederia o que ela ganhava com
Tony. Afinal, se ele esperava que ela desistisse de seu emprego atual,
ele teria que lhe oferecer um aumento. Uma posição como essa iria
servir-lhe bem, não só pelo potencial aumento de salário, mas
também pelo fato de que ela não teria que se preocupar com os

66
passageiros lascivos. Ela aguardou ansiosa a reunião com ele para
discutir o novo arranjo.

E então ele tinha surgido com este plano chapeleiro louco


para cima dela. Ele queria pagar-lhe para se envolver em mais um
engano, este muito mais perigoso do que o primeiro.

Mas ela não era nada além de prática. Ela estava quebrando
seu cérebro, tentando encontrar maneiras de ganhar mais dinheiro, e
aqui Storm havia despejado uma solução diretamente em seu colo.
Ela adoraria dar o fora nele apenas pela satisfação de ensiná-lo a não
ter a aceitação dela como certa, mas ela não podia se dar a esse luxo.
Ela precisava do dinheiro.

Ela deu-lhe um olhar desafiador.

— Eu quero, pelo menos, o dobro do que eu estou fazendo


com o Tony.

Ele estava batendo os dedos contra o seu copo, mas quando


ela falou, ele parou e deu-lhe um aceno de cabeça.

— Então você está aceitando. Decisão sábia. Uma que você


não irá se arrepender, tenho certeza.

— E você vai me pagar o que eu pedi? — Ela pressionou.

Storm deu uma risada.

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— Querida, seus serviços valem muito mais para mim do que
essa pequena quantia. Você chegaria mais perto da marca se você
apontasse para dez vezes o seu salário.

O coração de Dani pulou em choque prazeroso. Poderia isso


realmente estar acontecendo? Em seguida, ela estreitou seu olhar.

— Você não está brincando comigo, não é?

Ele parecia estar se divertindo.

— Agora, por que eu faria algo assim? O quê? Você acha que
eu não posso pagar isso?

Dani permaneceu em silêncio. Ele tinha um ponto. Essa


quantia de dinheiro não era nada para um homem como ele.

— Eu quero que você esteja confortável quando sairmos —


ele estava dizendo. — Você vai querer vestir-se bem. E vai precisar
de dinheiro para fazer isso.

Foi então que ela percebeu que ele não estava sendo
excessivamente generoso sem motivo. Ele claramente calculou suas
necessidades e foi assim que ele tinha vindo com a sua proposta.

— Eu vou aceitar — ela jogou para fora antes que pudesse


mudar de ideia. — Quando eu começo?

— Eu gostaria de apresentá-la a minha família nas próximas


semanas — disse ele — por isso a nossa primeira ordem de negócio

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é avisar ao Tony que você não vai voltar, e a sua segunda — ele se
aproximou e pegou a mão dela na sua — é conhecer-me melhor.

Dani quase arrancou sua mão para trás, ela estava tão
surpresa. Ela ainda não estava no trabalho assim, por que ele a
estava segurando?

Ele deve ter visto seu desconforto, porque a deixou deslizar


sua mão da dele.

— Você tem que começar fingindo gostar de mim, Dani. E


isso significa tocar, algumas vezes.

Ela podia sentir o calor subindo em seu rosto. Droga. Ela


quase nunca corou então, por que agora? Tudo o que ele tinha
mencionado era tocar e ela estava ficando vermelha. E se ele tivesse
mencionado sexo? Ela provavelmente pareceria uma lagosta.

Não que ela pretendesse pular na cama com ele. Delicioso


como ele parecia, uma garota teria que definir uma linha em algum
lugar.

— Nós vamos passar os próximos dias na companhia um do


outro. Eu vou te mostrar algumas das coisas que eu gosto de fazer e
você pode me atualizar sobre seus interesses. Nós não podemos ser
totais estranhos quando formos conhecer a minha família.

— Tudo bem — disse ela lentamente — faz sentido.

— E eu só vou monopolizar as suas noites. Eu sei que você


vai estar ocupada na pré-escola, até o que, quatro horas?

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— Eu saio às três — disse ela — mas você pode me pegar às
quatro. Eu moro a apenas cinco minutos de carro da escola.

— Isso é conveniente. Você pode estar pronta às cinco


amanhã? Estarei livre até então e poderei buscá-la.

— Cinco horas está bem. — disse ela com um encolher de


ombros.

— Use jeans e um top confortável. Nós não vamos a


nenhum lugar chique.

— Para onde estamos indo? — Ela perguntou.

Ele balançou a cabeça.

— É uma surpresa.

Na noite seguinte Storm apareceu em seu apartamento na


hora certa. A campainha soou exatamente às cinco horas.

— Eu estou descendo — ela gritou no interfone. Ela estava


vestindo calça jeans e uma camisa branca e pegou uma jaqueta leve
no caminho para a porta. Assim que ela saiu do elevador e entrou
no saguão do prédio viu Storm. Ele estava de costas para ela, seu
telefone celular no ouvido. Despercebida, ela aproveitou a
oportunidade para admirar a sua forte estrutura masculina, a
amplitude de seus ombros em sua jaqueta de couro preta e a firmeza
de sua bunda no jeans desbotado. Falando sobre delicioso. Ela
nunca iria dizer isso a ele, mas ele parecia bom.

70
Naquele momento ele virou-se e quando a viu seus lábios se
curvaram em um sorriso torto. Ele disse algo em seu telefone
terminando efetivamente a chamada, então voltou sua total atenção
para ela.

— Muito bom — disse ele, seu olhar de aprovação. — Bem


melhor do que o uniforme de motorista em qualquer dia.

—E.... você está bem, também. — Ela podia muito bem


praticar elogiando-o. O mais provável era que tivesse que fazê-lo um
monte de vezes em seu futuro papel como noiva. E não era como se
estivesse mentindo. Ele parecia bonito cada vez que ela o tinha visto
em roupa formal, mas agora em jeans e jaqueta de couro, com
apenas toque de sombra no queixo, ele parecia muito mais jovem e
muito mais sexy.

Ele pareceu gostar do elogio, porque jogou-lhe um sorriso


de menino e então deu-lhe o braço.

— Vamos pegar a estrada.

Dani teve a surpresa de sua vida quando saiu para o


estacionamento e se dirigiu em direção a uma motocicleta preta
grande. Quando pararam em frente a ela, ela olhou para Storm na
incerteza.

— Vamos andar nisso?

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— Sim, vamos. Este é o meu bebê — disse ele, sua voz cheia
de orgulho. —Estamos juntos há três anos e ela nunca me deixou na
mão.

— Bem, você pode continuar a ter bons momentos com seu


bebê. Sozinho. Eu não vou nessa coisa. — Dani cruzou os braços
sobre o peito.

— Oh, por favor, não me diga que você é uma gatinha


medrosa — Storm brincou. — Você tem sido um biscoito durão
desde que eu te conheci. Não me diga que você está virando uma
franguinha.

— Eu não sou uma franguinha — ela respondeu. — Mas eu


também não sou estúpida. Motocicletas são perigosas.

— E se eu prometer ir realmente devagar e só na pista local,


nada de autoestradas?

— Ainda assim é perigoso. — ela insistiu.

Ele se aproximou dela, tão perto que ela podia sentir a


fragrância terrosa de sua colônia. Seus olhos vagaram pelo torso
dele e pela largura de seu peito, pelo seu queixo quadrado com sua
quase inexistente barba, até seus olhos que brilharam com diversão
indisfarçada.

— Você viria se eu dissesse que tenho dois capacetes?

Lentamente, ela balançou a cabeça.

72
— Nem mesmo assim — disse ela, mas desta vez ela estava
sorrindo. Ela estava determinada a ser firme com ele, mas quem
poderia resistir àquele sorriso torto e àquela covinha surpreendente,
em sua bochecha esquerda? E o fato de que ele deixou o cabelo
crescer um pouco mais, até que enrolasse na gola do paletó, não
tornava nada mais fácil.

Ela teve que admitir, o homem era lindo. Segunda admissão


— ela queria passar a noite com ele e se a única maneira que
pudesse fazer isso era na parte traseira de uma motocicleta, então
talvez ela pegasse a chance. Contanto que ele prometesse ir muito
devagar.

— Vamos lá — ele a persuadiu. — Você sabe que quer


experimentar.

Ela puxou uma respiração profunda e, em seguida, expulsou-


a em um suspiro de consentimento.

— Tudo bem, você me convenceu. Eu vou. Mas só se você


prometer que será cuidadoso.

Storm levantou a mão em uma saudação rápida.

— Palavra de escoteiro. Você está segura comigo.

Eu não tenho tanta certeza disso, pensou ela, mas não disse
isso em voz alta. Ela podia estar segura com ele em sua moto, mas
quanto mais perto ela chegava dele, mais seu coração estava
descendo a ladeira escorregadia da atração. Ela realmente não podia

73
se dar ao luxo de ser pega no deslizamento de terra. Ela era sua
ajuda contratada e não sua namorada, e a faria bem lembrar-se disso.

Dani estendeu a mão e pegou o capacete das mãos de Storm,


e então seguiu seu exemplo e puxou a cinta sob o queixo e a bateu
fechada. Então eles estavam prontos para ir.

Storm jogou a perna por cima da moto e ligou o motor com


um vroom, fazendo Dani saltar. Ele riu dela.

— Suba — ele gritou por cima do barulho — e segure


firme.

Ela sentou a bunda no banco atrás dele e colocou os braços


ao redor da cintura dele. Mesmo com o medo de estar na garupa de
uma motocicleta, ela podia sentir e apreciar os músculos tensos de
seu abdômen, e a sensação de suas costas fortes contra seu peito era
perversamente deliciosa.

Ela nem sequer tentou jogar de modesta e manter alguma


distância entre seu corpo e o dele. Ela se agarrou a ele como se ele
fosse sua tábua de salvação e ela não planejasse nunca deixá-lo ir.

Storm acelerou o motor e, em seguida, eles estavam fora,


com Dani rindo e gritando todo o caminho para fora do
estacionamento.

Se ela pensou que estar na garupa de uma motocicleta em um


estacionamento foi assustador, o susto de sua vida foi quando eles
pegaram a estrada e um carro passou por eles, tão perto que o

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coração de Dani pulou em sua garganta e ela não podia nem mesmo
gritar.

— Por favor, Storm, por favor — ela choramingou — Isto é


assustador. Eu quero parar. — Esta não foi a Dani prática, a Dani
destemida. Esta foi a Dani covarde, mas ela não se importava se o
mundo inteiro soubesse. Ela só queria sair daquela motocicleta e ir
para terra firme. Agora.

Storm não deve tê-la ouvido falar, porque ele continuou indo,
devagar e sempre em primeiro lugar, em seguida, um pouco mais
rápido até que ele foi mantendo-se com o resto do tráfego e
ultrapassando alguns carros mais lentos na estrada. Para seu crédito,
ele não pegou a rampa que levava à auto-estrada, mesmo que esse
caminho levasse a um passeio muito mais divertido. Em vez disso,
ele saiu da estrada principal e se dirigiu para uma estrada lateral, com
apenas um carro estranho ou uma van passando.

Eles rodaram por mais alguns quilômetros e com cada


minuto que passava a tensão de Dani foi diminuindo, até que ela
estava pressionada contra Storm, não por medo, mas simplesmente
porque ela estava se deleitando com essa chance que ela estava tendo
de segurá-lo perto. Finalmente eles chegaram a um campo aberto
com tiras de estrada asfaltada que se estendiam por quilômetros.
Parecia um aeroporto abandonado com pistas agora expostas. Foi ali
que Storm deixou seu bebê voar.

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Dani gritou, mas desta vez foi pela emoção de correr por
uma pista a toda velocidade, sentindo-se como se estivessem em um
avião pronto para decolar. Com a adrenalina bombando, o coração
acelerando e sua boca ficando seca, tudo o que ela podia fazer era
agarrar-se a Storm e gritar.

Quando ele finalmente diminuiu a super máquina poderosa e


puxou-a para fora da pista, Dani estava ofegante como um cão
sedento. Ela deslizou para fora da parte de trás da moto, soltou o
capacete e cambaleou até o banco de grama onde ela desabou.

Storm riu de sua partida dramática e então ele colocou a


moto em pé, tirou o capacete e foi sentar-se ao lado dela na grama.
Parecia que ele estava tentando parecer casual, mas ele também
estava respirando forte.

Dani olhou para ele quando ele se inclinou sobre ela e ela
explodiu em gargalhadas incontroláveis. Ela nunca se sentira tão
entusiasmada em sua vida. Este homem a tinha assustado até a
morte e, em seguida, ele arrastou-a sobre a borda, passando pelo seu
medo, e para um domínio audacioso que a fez querer mais. Quando
o riso finalmente morreu, ela ainda estava sem fôlego.

— Isso foi o máximo. — ela sussurrou enquanto olhava seus


escuros olhos risonhos.

Mas então, quando ela olhou para ele, algo em seus olhos
mudou. O riso desapareceu e ele estava olhando para ela com uma
intensidade que lhe tirou o fôlego.

76
Quando ele abaixou a cabeça, bloqueando o céu de sua vista,
ela fechou os olhos e ficou imóvel, com medo de se mover e
quebrar o encanto.

E então, ela sentiu a boca dele pressionando contra a dela,


firme mas ao mesmo tempo móvel, exigindo sua resposta.

E ela deu. Ela respondeu com uma ânsia que a surpreendeu.


Ela ainda devia estar alta por causa do passeio, porque, em vez de se
afastar em estado de choque, ela apertou os lábios contra os dele e
suas mãos deslizaram para cima e em torno de suas costas.

Ele deve ter tomado isso como licença para ir mais longe,
porque sua língua provocou e então explorou e então ele estava
saqueando a boca dela com um fervor que falava de paixão
reprimida.

Dani respondeu na mesma moeda, beijando de volta com


ousadia, cedendo ao desejo cru que a inundava. Então ela estava
agarrada a ele, puxando-o para ela, afogando-se na sensação do
peito duro dele contra seus seios.

Quando ele se afastou para olhá-la ela gemeu, querendo mais


do mesmo. Seus mamilos estavam duros como pedras e podia sentir
um traço de umidade entre suas pernas. Mesmo se fosse de uma
maneira diferente, não havia como negar isso. Seu corpo o queria.
Mas agora ele estava se afastando dela, levando seus doces lábios e
corpo duro com ele.

77
Storm saiu de cima dela e sentou-se ao seu lado. Quando ele
olhou para ela, ainda deitada de costas na grama, havia uma
expressão pesarosa em seu rosto.

— Eu não sei o que me deu — ele disse, sua voz um pouco


rouca. — Eu só tinha que beijá-la.

Dani deu a ele um sorriso suave.

— Eu não me importo.

Ele deu- lhe um sorriso verdadeiro e, em seguida, estendeu as


duas mãos para ela.

— Vamos lá, vamos rodar mais um pouco.

Eles ficaram naquele aeroporto abandonado por mais uma


hora inteira, correndo e rindo e curtindo a companhia um do outro.
Não houve mais beijos naquela noite, mas Dani sentiu que havia
uma conexão entre eles que era especial.

Quando Storm finalmente a deixou de volta em seu


apartamento, Dani estava exausta e feliz. Ela não conseguia se
lembrar de quando tinha se divertido tanto. Pelos últimos quatro
anos, sua existência havia sido monótona, com o seu principal foco
sendo o cuidado de seu irmão mais novo. Ela nunca tinha tido
tempo para sair e se divertir. Ela tinha se tornado uma mãe com a
idade de dezoito anos e tinha vivido uma vida de responsabilidades
desde então.

78
Mas esta noite Storm havia lhe dado de volta a adolescência
que ela tinha perdido. Ela tinha sido livre e louca e teve diversão
selvagem, e por isso ela era grata.

Storm caminhou com ela para o saguão do prédio, enfiou as


mãos nos bolsos de sua jaqueta e olhou para ela com um sorriso.

— Agora é a minha vez de conhecer um pouco sobre você


— disse ele. — Amanhã à noite vamos fazer algo que você ama. O
que vai ser?

Isso a pegou desprevenida. O que ela gostava de fazer? O que


ela tinha tido tempo para fazer fora do trabalho? Ela pensou por um
momento e então uma ideia brilhou em sua mente. Ela sorriu para
ele. Ela tinha o plano perfeito.

— Vamos comprar algum tecido e fazer uma colcha de


retalhos.

O sorriso de Storm desapareceu e as sobrancelhas levantaram


no que parecia ser horror.

— Vamos fazer o quê?

— Minha mãe amava fazer colchas — Dani falou — e eu


costumava ajudá-la. Eu sempre amei a paz e a serenidade da costura.
Eu não tenho feito isso há anos. E é isso o que eu quero fazer
amanhã.

Storm franziu a testa, um olhar de dúvida no rosto.

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— De alguma forma, você não me parece o tipo de garota de
costuras. Andadora de patins, talvez. Mesmo jogadora de boliche.
Mas costura?

— Você me perguntou o que eu quero fazer e é isso — disse


ela, dando-lhe um olhar de desafio. — Então tenha o seu dedo de
costura pronto, senhor, porque amanhã vamos fazer uma colcha.

— Bem, se é o que você diz — disse ele, arrastando as


palavras como se fossem as coisas mais difíceis para ele dizer.

Dani deu-lhe um aceno de cabeça firme.

— Eu digo que sim. Vejo você amanhã às cinco. Não se


atrase.

Ela esperou que ele se virasse e viu quando ele atravessou o


saguão e saiu pela porta, ainda resmungando em sofrimento e
confusão. Ela riu para si mesma quando o viu subir em sua moto e ir
embora, e então ela voltou para o elevador, apertou o botão e seguiu
para o seu apartamento.

Ela ainda estava rindo quando entrou. Storm Hunter a tinha


obrigado a explorar um lado selvagem que ela nunca soube que
existia. Agora ela iria forçá-lo a explorar o seu lado mais suave, mais
sensível.

Ia ser divertido vê-lo se contorcer.

80
Capítulo Cinco

—Lola, acalme-se. Não há necessidade de ser tão dramática.


—Storm teve de cerrar os dentes para manter a voz calma e sob
controle. A mulher era impossível.

— Dramática? — ela gritou quando cerrou os punhos e


olhou para ele com os olhos cheios de lágrimas. —É disso que você
chama isso? Não. Isto é dramático. — Ela agarrou um grampeador
de sua mesa e atirou do outro lado da sala em direção a ele, errando
sua cabeça por meros centímetros. Ele teve que se abaixar para não
ser atingido.

— Lola, pare com isso. — ele disse com sua voz mais
autoritária, mas era como falar com uma mulher louca. Ela já estava
alcançando o dispensador pesado de fita adesiva e ele teve que
mergulhar para arrancá-lo do seu alcance.

— Como você pôde fazer isso comigo, Storm Hunter? Como


você pôde? — O rosto de Lola enrugou e ela caiu numa cadeira e
cobriu a face com as mãos. — Eu te amo. Você sabe que sim. Por
que você me tortura desse jeito?

— Lola, por favor. Eu não estou fazendo isso para magoá-la.


— Storm soltou um suspiro pesado. Ele odiava ver uma mulher

81
chorar. —Você não me ama, Lola. É só um entusiasmo. É só porque
nossos pais esperam...

— Não me diga o que eu sinto por você. — Ela levantou o


rosto e cuspiu as palavras para ele, seus olhos brilhando com uma
raiva que a fez parecer louca. — Por anos eu esperei por você. Anos.
E você permitiu, me fazendo pensar que você se sentia da mesma
maneira.

— Mas nós nunca...

— Isso não importa. Eu estava esperando por você até que


nos casássemos. Eu sei que você teve outras mulheres, conquistador
do jeito que você é, e eu deixei você ter seus casos. — Ela puxou sua
respiração, suas narinas dilatadas. — Eu estava te dando tempo para
crescer. Ele vai vir quando for a hora, eu disse a mim mesma. Ele vai
sossegar um dia em breve, e quando ele fizer isso será comigo, a
mulher que o amou fielmente todos esses anos.

Agora Storm estava ficando irritado. Que tipo de sentimento


de culpa Lola estava tentando jogar contra ele, quando ele nunca fez
qualquer compromisso, nem sequer uma promessa, para ela? Apesar
do que seus pais desejavam, no que dizia respeito a ele, não iria ser
forçado a um casamento arranjado.

— Fala sério, Lola — disse ele, sua voz fria. — Nós nunca
iríamos nos casar e você sabe disso. — Ele balançou a cabeça. —
Você apareceu aqui de repente e começou com suas tolices de
costume, agindo como se fossemos amantes... O que não somos. Eu

82
tive que dizer a você, porque este comportamento tem que parar. Eu
não posso mais jogar esses jogos com você.

— Então isso é tudo o que era para você, um jogo? — Sua


voz era amarga e quebrou em um sussurro. — Todo este tempo eu
estava amando você, e você só estava jogando um jogo. Com o meu
coração.

Ela levantou-se e, em seguida, abraçou a bolsa contra o peito


como um escudo protetor.

— E agora você me diz que tem uma noiva. De onde diabos


ela veio eu não sei. Bem, se isso é algo que você inventou para me
humilhar, você pode se dar um tapinha nas costas. Funcionou. —
Com uma fungada ferida ela virou-se e caminhou até a porta. Desta
vez, ao invés de seu habitual “Eu te amo, querido”, ela abriu a porta
e então virou-se e disse — Não pense que isso acabou Storm. Nós
não vamos terminar assim.

Storm soltou sua respiração e sacudiu a cabeça, em seguida,


deixou-se cair no sofá de couro perto da janela. Ele não tinha a
intenção de revelar o noivado , embora falso, até que ele anunciasse
para seus pais, mas Lola tinha sido mais irritante do que o habitual.
Ela sempre tinha sido expressiva com seus sentimentos, mas hoje ela
tinha sido mais física, jogando os braços em volta de sua cintura e
plantando um beijo inesperado em seus lábios.

Não é como se ele tivesse algo contra ela. Ele só estava


cansado de jogar seu jogo, um jogo que seus pais totalmente

83
aprovavam. E foi por isso que ele se prendeu na ideia de Dani como
sua noiva. Ela era a solução perfeita para tirar todos, inclusive Lola,
de suas costas.

O triste era que parecia que ele tinha acabado de criar uma
nova inimiga.



Dani correu em torno do apartamento pela milésima vez,


certificando-se de que tudo estava bem. Seu coração estava batendo
como se ela estivesse à beira de um precipício, pronta para saltar de
bungee jump.

Ela podia bater em si mesma. Ela convidou Storm para se


juntar a ela e fazer uma colcha de retalhos, sem nem mesmo pensar
sobre onde eles estariam executando o projeto. Claro, acabou sendo
determinado que seria em seu apartamento. Ela não poderia colocar
para fora o tecido e colocá-lo para trabalhar no hall de entrada do
prédio. E não era como se ela tivesse qualquer outro lugar em que
pudesse levá-lo para fazer isso. Era muito ruim que ela tivesse posto
para fora sua ideia sem nem ao menos pensar sobre as
consequências.

84
Pergunta número um — o que ele pensaria do seu modesto
apartamento, sendo um bilionário e tudo mais? Dilema número dois
— ela não deveria ter sugerido algo que permitisse estar em um
lugar neutro ao invés de um ambiente íntimo, como o seu
apartamento? Desastre número três — agora que ela teve um gosto
dele como ela seria capaz de manter as mãos longe da
“mercadoria”?

Quando a campainha soou, Dani pulou. Ela estava tão tensa


que teve que respirar profundamente duas vezes antes de pressionar
o botão para responder. Storm estava a caminho do seu
apartamento e ela não estava pronta. Ela sentia como se nunca
estivesse. Olhou no espelho uma última vez e então deslizou as
palmas úmidas pelos lados da calça jeans.

Ela ouviu a porta do elevador abrir e então passos vindo pelo


corredor, os passos pesados de um homem. Eles pararam bem em
frente de sua porta. Ela colocou um sorriso treinado em seu rosto e
abriu.

O rosto que cumprimentou Dani não era aquele que ela


esperava. Em vez de um sorridente e relaxado Storm, ela viu um
homem que parecia como se ele quisesse estar em qualquer lugar,
menos lá. Seus lábios estavam apertados e ele estava quase
carrancudo.

— Você está bem? — Ela olhou para ele, momentaneamente


tomada pela surpresa, e então se afastou para que ele pudesse entrar.

85
— Ah, desculpe — disse ele, como se tivesse saído de seu
transe. Era como se ele só agora percebesse onde estava. As rugas
em sua testa desapareceram e seus lábios relaxaram em um sorriso.
— Me perdoe. Tem sido um longo dia.

Ela assentiu com a cabeça e sorriu, aceitando o pedido de


desculpas, depois estendeu a mão para pegar seu casaco. Ele o
retirou e ela foi pendurá-lo no armário, ele olhou ao redor do
apartamento.

— Agradável — disse ele enquanto seus olhos percorriam a


sala, em seguida, a sala de jantar e a cozinha. Ele podia ver tudo com
um movimento dos olhos.

Ela voltou para ficar ao lado dele.

— Agradável como em organizado ou agradável como legal?


— ela perguntou em tom de provocação, tentando esconder seu
nervosismo.

— Ambos. — disse ele. Um homem típico. Ele estava


jogando pelo seguro.

— Ninguém mais diz agradável para significar legal, então eu


vou entender que você quis dizer organizado.

— Ok — ele disse lentamente e então lhe deu um olhar


interrogativo. — Então, onde está o material para a colcha?

86
— Meu Deus, não estamos impacientes? — Ela riu, então o
dirigiu para um assento na sala de estar. — Eu vou pegar a cesta
com os suprimentos.

Quando ela voltou para a sala, ele estava recostado no sofá,


mas logo que a viu, ele sentou-se e enfiou a mão no bolso. Ele saiu
com algo pequeno e brilhante.

— Eu trouxe o meu dedal — disse ele e o ergueu com


orgulho para ela ver.

Dani teve que rir disso. Ela colocou a cesta na mesa do café e
arrancou o dedal da palma da mão dele.

— Agora, onde você conseguiu isto? — Ela não podia


imaginar um homem como Storm tendo algo tão doméstico como
um dedal perdido em sua casa.

— A governanta — disse ele, e agora ele também estava


rindo. — Eu disse a ela que eu ia aprender a costurar e ela disse para
certificar-me de usar um dedal. Então ela me deu este do seu kit de
costura. Eu nem sabia que ela tinha um kit de costura. As pessoas
ainda usam essas coisas?

—Sim, Storm, elas usam. — Dani revirou os olhos para ele,


então sorriu e balançou a cabeça. O que os bilionários sabem sobre
essas coisas? Ela começou a puxar pedaços de tecido de sua coleção
e colocou cada seção colorida na frente dele. — Eu já lavei o tecido
por isso eles estão prontos para serem usados.

87
Ele pegou um pedaço rosa de bolinhas.

—Por que você faria isso?

—Isso impede que a cor manche e que encolha uma vez que
você termine a colcha. Apenas algumas medidas preventivas.

—Oh — disse ele e então abafou um bocejo.

Dani se inclinou e deu-lhe um soco de brincadeira.

— Ei, você poderia pelo menos fingir estar interessado. Você


não me viu adormecer quando estava na parte de trás da sua
motocicleta. — Ela pegou alguns dos pedaços. — Vamos levar isto
para a mesa de jantar. Nós vamos precisar de um monte de espaço
para este projeto.

Levou um tempo para que eles se organizassem, mas logo


eles estavam ocupados seguindo o padrão simples que Dani tinha
baixado da Internet. Ela ficou surpresa com a rapidez com que
Storm pegou o jeito seguindo suas instruções, passo a passo, e
mesmo quando ele teve que refazer uma seção torta, ela não ouviu
nenhuma reclamação. Ele estava com o pensamento longe, tão
profundo na concentração, que depois de uma hora e meia foi Dani
que teve que pedir uma pausa.

—Você deve estar cansado — disse ela. — Deixe-me pegar


uma bebida para você.

—Não, eu estou bem — disse ele, sem tirar os olhos do seu


trabalho. — Vamos apenas continuar até terminarmos.

88
— Não vamos, não — disse ela e colocou a mão em seu
quadril. — Estou exausta. Você está tentando me fazer trabalhar até
a exaustão?

— Ei, eu estou me divertindo aqui — disse ele com uma


risada. — Faz um longo tempo desde que eu tive a oportunidade de
trabalhar com as mãos.

— Você? Trabalhando com as mãos? — ela perguntou


incrédula. —Quando?

— Meu pai e eu costumávamos consertar motocicletas


quando eu estava crescendo. É por isso que eu gosto tanto das
máquinas.

—Seu pai? O Edgar Hunt? Sujando as mãos com trabalho


mecânico? Acho isso difícil de acreditar.

Ele sorriu para ela.

— Bilionários são pessoas também. Não pense que eu não


tive a minha cota de reclamações por não arrumar o meu quarto.

—Sério? — De alguma forma, ela pensava que crianças ricas


não tinham que levantar um dedo. Eles tinham empregadas para
fazer esse tipo de coisa, não é?

— Meus pais não pegavam leve com a gente — Storm


continuou. — Claro, nós tínhamos empregados para fazer as coisas
pesadas, mas nós tínhamos as nossas tarefas, também. — Ele riu. —

89
Minha mãe até me ensinou a cozinhar e ela é uma defensora da
perfeição na cozinha. Brrr. — Storm teve um arrepio.

Isso fez com que Dani caísse na gargalhada.

— De qualquer forma, filhinho da mamãe, você merece uma


pausa, então largue essa colcha.

— Filhinho da mamãe? — Storm engasgou em um horror


simulado. — Você acabou de me chamar de filhinho da mamãe?
Vou te pegar por isso.

Antes que Dani pudesse se mover ele veio ao redor da mesa e


foi estendendo a mão para pegá-la. Ela deu um grito e correu para o
outro lado. Ela olhou por cima do ombro, pensando que ele tinha
desistido da perseguição boba, mas ele ainda estava vindo. Com um
grito, ela correu novamente.

Ela conseguiu chegar até a sala de estar e foi aí que ele a


pegou, seus braços serpenteando em volta de sua cintura para puxá-
la de volta contra ele. Com as costas pressionadas contra o tronco
dele e os seus braços uma faixa de aço ao seu redor, ela tinha pouca
chance de se soltar, mas ainda assim ela lutou, seu instinto de luta se
levantando, dizendo que ela tinha que se afastar.

Ele estava rindo de seus esforços inúteis enquanto ele a


segurava com facilidade, então ela virou-se em seus braços pegando-
o de surpresa e empurrou-o no peito. Storm cambaleou para trás
caindo sem cerimônia no sofá, mas ele não a soltou e ela veio a
desmoronar diretamente em cima dele.

90
Ele imediatamente aproveitou a vantagem. Rápido como um
gato, ele rolou na suavidade do sofá mudando de posição, assim ela
estava presa debaixo dele. Então, apoiando-se nos cotovelos, ele deu
um sorriso torto.

— Agora eu tenho você exatamente onde eu quero — ele


sussurrou maliciosamente. — Você está em meu poder.

Ele baixou a cabeça e colocou seus lábios perto da orelha


dela.

— Você retira o que você disse sobre eu ser um filhinho da


mamãe?

Dani virou os lábios para o ouvido dele, mas por um segundo


não disse nada, mantendo-o em suspense. Em seguida, seu sussurro
veio forte, ousado e desafiador.

— Nunca.

—Resposta errada. — Com um grunhido, ele capturou


ambos os pulsos dela com uma mão e prendeu-os acima de sua
cabeça, em seguida, ele abaixou a cabeça seus lábios se aproximando
mais e mais até que eles estavam a apenas um milímetro de distância
dos dela — Última chance — ele sussurrou e o seu hálito quente fez
cócegas nos lábios dela.

—Nunca. — ela sussurrou de novo e então gemeu quando a


boca dele desceu sobre a dela, prendendo-a em um beijo apaixonado
do qual não havia escapatória. Ele estava em total controle, os lábios

91
dele mantendo os dela prisioneiros, sua língua tentadora a princípio,
testando-a, provocando-a e então tornando-se mais dominadora até
que ela estava ofegante debaixo dele.

Ainda segurando-a imóvel Storm liberou sua boca para


deslizar os lábios pelo pescoço e sobre sua clavícula. Ali ele encheu a
pele dela com beijos de borboleta que a fizeram se contorcer por um
tipo diferente de libertação.

Dani arqueou as costas, querendo mais dele. A doce tortura


dele estava deixando-a louca. Seus mamilos, agora pontos
endurecidos em seu sutiã, estavam gritando por sua própria
libertação, clamando por sua boca, seus lábios, sua língua para
acariciar e acalmá-los. Ela suspirou quando a boca dele deslizou mais
baixo para beijar o topo de seus seios e, em seguida, ele foi
deslizando a mão livre na frente da blusa dela, soltando botões até
que ele abriu a camisa amplamente, expondo seu sutiã e sua barriga
para o seu olhar aquecido.

Só então Storm libertou seus pulsos.

— Você é tão linda. — ele sussurrou, em seguida, segurou os


seios dela em suas mãos, seus dedões fazendo círculos tentadores
sobre os mamilos enquanto eles pulavam através do sutiã.

Dani estava ofegante agora e ele decidiu ter pena dela e


enfiou os polegares na parte superior de cada concha de seu sutiã e
empurrou-as abaixo dos seios, expondo-os à sua vista.

92
Dani quase gritou quando ele chupou um mamilo enrugado
em sua boca, massageando-o com sua língua, rolando-o até que ela
se contorceu em doce agonia. Então ele moveu os lábios para o
outro e as mãos que ele libertou chegaram até o topo de sua cabeça
e a puxaram para si.

Quando ele levantou a cabeça, ela gemeu e estendeu a mão


para ele, querendo ainda mais.

Com um sorriso ele saiu dos braços dela e então começou a


desabotoar sua camisa. Conforme suas mãos habilmente soltavam
botão após botão ele falou.

— Você tem camisinhas, certo?

As palavras foram como um copo de água fria jogado em seu


rosto. Camisinha? Meu Deus, o que ela estava fazendo? Foram
necessárias as palavras dele para enfiar o senso de volta em seu
cérebro. Era como se ela estivesse estado em transe. Mas agora ela
era ela mesma de novo e ela não estava seguindo com isso.

Dani sentou-se e empurrou Storm para longe, em seguida, ela


disparou para fora do sofá.

— Qual é o problema com você? — Seu rosto registrando


choque e confusão.

— Eu não vou fazer isso — ela murmurou, arrastando o


sutiã de volta no lugar e rapidamente fechando os botões de sua

93
camisa. Assim que terminou, ela levantou a cabeça. — Eu sou sua
noiva falsa lembra? Falsa. Isso significa sem sexo.

— Mas nós...

— Eu sei e eu estava errada em deixar as coisas chegarem a


esse ponto, mas você pode colocar sua camisa de volta. Aqui é onde
isto acaba. — A voz de Dani estava fria. Ela sabia que parecia dura,
mas suas palavras não eram apenas para Storm, eram para ela
também. Como diabos ela tinha deixado as coisas chegarem a esse
ponto? Ela, realista que era, deveria ter pensado melhor.

Storm era um dos homens mais ricos do país. Ele a contratou


para fazer um trabalho e ela tinha caído na empolgação — porque
isso era tudo o que poderia ser — com ele. Ele era perigosamente
bonito, com seus cabelos negros enrolando selvagemente e seus
olhos escuros que pareciam ler sua alma. Ela tinha caído sob seu
feitiço, mas agora era hora de se libertar.

Ela tinha que permanecer profissional. Ela não podia se dar


ao luxo de ser usada e depois descartada assim que ele se cansasse
dela. Porque era isso o que eles faziam, esses magnatas. Para eles,
mulheres como ela eram nada além de brinquedos.

Ela ficou feliz por ter se lembrado disso antes que fosse tarde
demais. As roupas de Storm estavam em ordem novamente e agora
ele estava ali, franzindo o cenho para ela, obviamente irritado com
sua súbita mudança de ideia.

94
— Você quer que eu vá embora? — Perguntou ele com os
dentes cerrados.

Dani suspirou e então assentiu.

— Eu acho que seria melhor.

Sem outra palavra Storm virou e saiu do apartamento,


fechando a porta firmemente atrás dele.

Dani sentiu a luta escoar para fora dela, deixando-a trêmula e


drenada. Ela sentou-se no sofá e colocou as mãos sobre a boca,
quando caiu em uma profunda reflexão. Ela tinha acabado de
arruinar a oportunidade de dar ao seu irmão a ajuda que ele
precisava? Ela tinha apenas estragado duas chances largando seu
trabalho com Tony e, em seguida, praticamente ordenando a Storm
manter as mãos longe dela?

Apoiando os cotovelos nos joelhos, deixou cair o queixo em


suas mãos. Depois do que tinha acontecido Storm iria se quer ligar
para ela de novo?



95
Maldição, maldição dupla. Storm bateu a palma da mão
contra o volante e soltou um suspiro de frustração. Como podia ter
sido tão burro?

Ele deveria ter pensado melhor antes de ceder a sua atração


por Dani. Claro que ela ficaria chateada. Ele provavelmente deveria
ser grato por ela não tê-lo esbofeteado por ter ido para cima dela
daquela forma. Ele a tinha contratado, discutido o valor, e então
tinha ido e praticamente se aproveitado dela. Agora ela estava
provavelmente sentindo-se como se ele a tivesse usado. Caramba, e
se ela pensou que ele tinha assumido que tinha comprado um pacote
com tudo incluso?

Ele sacudiu a cabeça. Honestamente, não sabia o que tinha


dado nele. Foi, provavelmente, porque ele nunca tinha se sentido tão
confortável na companhia de uma mulher como se sentiu na dela.
Ela o tinha feito costurar uma colcha, pelo amor de Cristo, e ele
tinha adorado isso. Ele provavelmente teria gostado da mesma
forma se ela tirasse uma cesta de meias velhas e dito a ele para
começar a remendá-las. Não era a tarefa que o tinha deixado feliz,
era a companhia.

Ele soltou o fôlego em um suspiro. Ele queria Danielle Swift.


Não havia como negar isso. O problema era que ela, obviamente,
não se sentia da mesma maneira.

Ele bateu os dedos no volante e olhou através do para-brisas


da sua Ferrari. Agora ele estava diante de uma pergunta incômoda

96
— depois do que tinha acontecido, ela iria querer continuar com o
seu plano? Ele poderia facilmente pensar em vinte mulheres que
pulariam na oportunidade de jogar essa farsa com ele. Mas a única
que ele queria era ela.

Não era uma tarefa fácil admitir isso para si mesmo, não
depois dela tê-lo expulsado de seu apartamento. Mas era a verdade.
Agora só havia uma coisa a fazer. Ele tinha que se desculpar.

Ele enfiou a mão no bolso e tirou seu telefone celular. Por


algum tempo ele olhou para ele, lutando contra o impulso de ceder
ao seu ego masculino. Qual o homem que gostava de ser rejeitado?
Mas ele tinha que fazer o que era certo. Ele encontrou o número
dela no telefone e apertou o botão verde para ligar.

Ela atendeu no terceiro toque.

— Alô? — Sua voz era suave, hesitante, totalmente diferente


da Dani ousada que ele conheceu.

—É Storm. — disse ele e começou a bater com os dedos no


volante novamente.

—Eu sei. — disse ela e, em seguida, houve um silêncio.

Vamos idiota. Sua vez.

— Dani, eu sinto muito sobre o que aconteceu — disse ele,


com a voz tensa. — Eu passei dos limites chegando até você
daquela forma e eu peço desculpas.

97
— Eu também sinto muito — disse ela em voz baixa. —Não
é como se eu não tivesse culpa.

Mais uma vez houve silêncio e pela primeira vez em sua vida
Storm lutou para encontrar palavras. Finalmente ele falou.

— Então... ainda estamos acertados para aquela visita aos


meus pais nas próximas semanas ou... você quer desistir?

Ele a ouviu suspirar no telefone.

— Eu ainda vou fazer isso, Storm. Mas você sabe que isso é
perigoso, certo? Quero dizer, enganar seus pais dessa maneira? Você
não acha que eles vão perceber?

— Não se fizermos isso direito — disse ele. — Se nós


simplesmente agirmos como um casal normal eles vão acreditar.

— Normal?

— Ou o mais próximo do normal que pudermos. — disse


ele, tentando esclarecer.

— Tudo bem. Eu vou... ver você em algumas semanas então.


— disse ela, efetivamente trazendo a conversa para um fim.

— Certo. Vejo você então.

A linha telefônica ficou muda e ela tinha ido embora.

Storm deixou cair o telefone no assento do motorista e então


virou a chave na ignição. O motor rugiu para a vida.

98
E esse foi o fim de sua noite. Não exatamente aquele que ele
tinha imaginado, mas pelo menos eles estavam de volta em termos
amigáveis.

Ele só esperava que a partir de agora se lembrasse de manter


suas mãos errantes longe dela. Definitivamente não ia ser fácil.



As próximas duas semanas se passaram rápido demais para o


gosto de Dani. Ela não estava pronta. Não mentalmente, de
qualquer maneira. Assim que entrou no elevador ela respirou
profundamente e então exalou lentamente. Acalme-se, ela disse a si
mesma e agarrou a tira de sua bolsa mais apertada. Só porque os
pais de Storm eram super ricos não havia nenhuma razão para ter
medo. Eles eram seres humanos, e não alienígenas.

A porta do elevador se abriu e ela saiu. A conversa


encorajadora que ela tinha dado a si mesma não tinha realmente
funcionado, mas agora ela tinha que colocar uma cara corajosa e um
sorriso. Storm estava bem ali no hall de entrada e estava andando
em sua direção. Seu falso noivo bilionário estava dolorosamente belo
como de costume, em um jeans justo nos quadris e uma camisa
preta justa que se agarrava a cada parte dos seus músculos.

99
Dolorosamente belo era a única maneira que ela podia descrevê-lo,
porque ele parecia tão bom que tinha feito sua boca encher de
água... e ainda assim ela não podia tocá-lo. E era tudo por causa de
suas próprias regras estúpidas. Tudo bem, então talvez as regras
realmente fizessem sentido, mas ela não estava gostando delas neste
momento.

Storm estava bem na frente dela agora. Ele fez-lhe uma


reverência.

—Muito bonita. — disse ele, em voz baixa e quase sedutora.


Mas não exatamente. Ele provavelmente estava sendo muito
cuidadoso, certificando-se de não cruzar nenhuma linha.

—Obrigada. — disse ela com um sorriso e seu coração voou.


Era melhor ela segurar a onda. Tudo o que o homem disse foram
duas palavras, duas bem simples, e ela estava na lua.

Storm estendeu as mãos.

— Depois de você, madame.

Ela caminhou à frente dele e quando ela chegou à porta, a luz


do sol era tão forte que ela recuou com o brilho batendo nos seus
olhos.

Storm foi de encontro às costas dela, quase a derrubando.


Seus braços dispararam para agarrá-la e antes que ela pudesse reagir,
foi arrastada de volta contra o seu corpo duro.

100
Rapidamente os braços dele se soltaram, deixando-a
abandonada.

—Desculpe — ele disse rapidamente. — Só não queria que


você caísse.

—Está tudo bem. — ela murmurou e saiu para a luz do sol.

Ele não tinha que se afastar dela tão rapidamente, retirando-


se como se ela fosse algum tipo de leprosa. Ela queria os braços dele
ao redor dela, queria o cheiro de ar livre e a sensação sólida dele
apenas mais um momento, mas ele saiu correndo. Ela estava sendo
irracional, ela sabia, mas não podia evitar seus sentimentos. Com
regras ou sem regras, seu corpo queria o toque de Storm Hunter.

Quando eles saíram para a luz do sol, ele puxou um par de


óculos do bolso e colocou-os. Se ela achou que ele parecia sexy
antes, não era nada comparado com o que ele se parecia com óculos
escuros. Agora ele parecia ao mesmo tempo quente e misterioso,
fazendo seus mamilos endurecerem em uma fútil antecipação.

Oh Senhor, isto não estava funcionando. Eles ainda não


tinham nem chegado ao carro e seu corpo já estava se preparando
para o amor. Ela quase riu alto. Fale sobre patético.

Storm parou na frente de uma Ferrari conversível vermelho-


fogo, com a capota abaixada. Ele estendeu a mão para abrir a porta
do passageiro para ela.

101
—Muito bonito — disse ela, copiando as palavras dele
conforme ela olhava para o carro com apreciação. — Ela parece
rápida.

—Ela é — ele disse com orgulho. — De zero a cem em


quatro segundos.

Ela deslizou para o banco, em seguida, olhou para ele.

— Eu espero que você não esteja planejando uma


demonstração.

Ele riu.

— Não, não desta vez. Estou trabalhando duro para ficar em


suas graças.

Ela podia ver isso. Ele praticamente fugiu dela há poucos


segundos atrás, quando seus corpos se tocaram. Se isso era o que
significava ficar em suas graças, então ela acabaria com as ditas
graças. Ser uma boa menina estava ficando cansativo.

Storm foi para o lado do motorista e deslizou para o banco,


em seguida, eles saíram, suas mãos de dedos longos segurando o
volante e guiando o carro habilmente. Eles estavam fora do trânsito
da cidade e na rodovia em menos da metade do tempo que ela teria
levado para chegar lá.

—Você dirige como um piloto de corrida. — Dani assistiu


com admiração como ele lidou com as marchas, acelerando e
ultrapassando tantos outros carros na estrada. Ela não tinha visto

102
um carro com câmbio manual em anos, mas se lembrava de quando
costumava dirigir um. Ela realmente gostava da sensação da
embreagem e da mudança das marchas.

— Costumava ser um. — disse ele casualmente, olhando por


cima para dar-lhe um sorriso travesso.

Ela olhou para ele com os olhos apertados.

— Você está brincando.

—Não. — ele disse, e seu sorriso era tão presunçoso que ela
sabia que ele estava dizendo a verdade.

— Você, o primeiro filho de uma das famílias mais ricas da


América e seus pais o deixavam guiar carros de corrida? O que eles
estavam pensando?

Ele soltou uma gargalhada.

— É o que eu amo Dani. Carros velozes, motocicletas


velozes e...

— Mulheres fáceis? — Ela terminou a frase para ele.

— Errou — disse ele com uma risada. —Eu ia dizer rock. Eu


amo rock’n'roll. — Ele estendeu a mão e ligou o rádio e a música de
Hootie and the Blowfish, I Only Want To Be With You1, soou nos
alto-falantes.

1
Eu só quero estar com você

103
Isso pôs fim a qualquer conversa, Dani se recostou e fechou
os olhos para melhor apreciar a música e a sensação da brisa
soprando em seus cabelos.

A essa velocidade, em pouco tempo eles estavam saindo da


rodovia e entrando em uma estrada local. Conforme se
aproximavam de seu destino, Dani segurava mais apertado o lado de
seu assento. Ela não tinha ideia do que esperar. Seriam eles
pretensiosos e malvados, imediatamente farejando seu sangue de
classe trabalhadora comum? Será que eles a interrogariam sobre
coisas que apenas as pessoas ricas sabiam? Ela só podia imaginar
isso — uma discussão sobre vinhos de qualidade, uma em que ela
não seria nem capaz de participar, porque não tinha a menor ideia.

Pouco tempo depois eles viraram outra vez, desta vez para o
que parecia ser uma estrada de terra no fim da qual havia uma
majestosa mansão situada entre árvores enormes que tinham
começado a ostentar as cores do outono – amarelos, dourados e
vermelhos entre as folhas verdes. Storm parou e pulou para vir ao
redor e abrir a porta para ela. Então, como se ele soubesse que ela
precisava de apoio, ele pegou a mão dela e eles subiram os degraus
juntos.

Storm abriu a porta e conforme eles entraram no saguão ele


chamou:

— Mãe, estamos aqui.

104
— Finalmente. Como você está Storm? Você precisa vir para
casa com mais frequência.

Dani se virou para ver uma pequena mulher com cabelo


preto curto vindo pelo corredor, com os braços bem abertos. Storm
se afastou dela e foi direto para o abraço de sua mãe.

— Como você está, mãe? — Ele era mais alto do que a


mulher pequena e teve de curvar-se para abraçá-la.

—Sempre melhor quando te vejo. Você precisa nos visitar


mais vezes. — Ela lhe deu um olhar acusador de brincadeira. —
Você está tentando me evitar por algum motivo?

— Ah, qual é, mãe — Storm disse, parecendo quase culpado.


— Eu venho quando posso.

O olhar da Sra. Hunter disse a ele o que ela pensava disso.


Ela não respondeu a defesa de seu filho. Em vez disso, virou-se para
olhar para Dani.

— E quem temos aqui? Você não vai me apresentar, Storm?

— É claro. — Storm pegou a mão de Dani e puxou-a para


frente. —Mãe, eu gostaria que você conhecesse Danielle Swift, meu
segredo mais bem guardado.

—Segredo é certo — a Sra. Hunter disse suavemente


enquanto ela olhava para Dani. — Bem-vinda a casa dos Hunters,
Dani.

105
—Obrigada. — Dani respondeu, quase sentindo como se
devesse fazer uma reverência. Embora pequena, a Sra. Hunter era
intimidante com seus penetrantes olhos cinzento e postura real.
Parecia que ela devia estar sentada em um trono na Inglaterra ao
invés de dirigindo uma casa em solo americano.

— A Sra. Johnson preparou uma refeição especial para


comemorar por você passar à tarde conosco. — Ela deu a Storm um
olhar aguçado. —Tem sido um longo tempo.

Os lábios de Storm se apertaram, mas ele não disse nada. Ele


simplesmente colocou a mão sob o cotovelo de Dani e a conduziu
pelo corredor atrás de sua mãe.

Dani estava começando a entender o desafio enfrentado por


Storm. Apenas observando sua mãe, que era, obviamente, uma
mulher forte, ela podia sentir que estava sempre exigindo muito dele
e era esperado que ele fizesse a entrega. Ela quase podia imaginar a
Sra. Hunter com uma mãe casamenteira com o objetivo de
selecionar a noiva perfeita para ele.

Tão pequena como era, se a Sra. Hunter era uma força tão
poderosa, como seria o seu marido?

Dani descobriu rapidamente. Antes mesmo de chegar ao final


do corredor uma voz retumbante quebrou o silêncio fresco da casa.

— Storm, meu garoto, que brisa finalmente soprou-lhe em


nosso caminho?

106
Edgar Hunter era um homem grande, tanto em tamanho
quanto em personalidade, e quando ele veio até eles e envolveu
Storm em um enorme abraço de urso, Dani quase temeu pela
segurança dele. Tão alto e musculoso como Storm era, ele era cerca
de metade do tamanho de seu pai. O homem parecia que poderia
facilmente quebrar a espinha de seu filho com aquele abraço.

Quando eles se separaram os dois homens estavam sorrindo,


Dani relaxou e sorriu também, então Storm virou-se para ela.

— Pai, essa é Dani, a amiga de quem lhe falei, a mulher que


roubou meu coração.

—Ah, ha. Então esta é a garota especial que você está


escondendo todo esse tempo. — Seus olhos azuis brilhavam em seu
rosto envelhecido e ele abriu os braços. — Bem-vinda criança.

Os olhos de Dani se arregalaram quando ela olhou para o


homem sorrindo. Não havia nenhuma maneira dela entrar naquele
abraço. Ele ia esmagá-la como um inseto.

Infelizmente, essa decisão foi tomada fora de suas mãos


quando ele deu um passo para frente e a tomou em seus braços. Ele
a soltou um segundo mais tarde, mas ela poderia dizer honestamente
que, por esse momento ele a tinha temendo por sua vida. Ok, talvez
ela estivesse sendo dramática, mas Deus, como é que um duende
como Janet Hunter lidava com um marido gigante como ele?

— Agora venha, vamos jantar e nos conhecer. — Edgar


liderou o caminho até chegarem a uma sala de jantar majestosa, com

107
uma mesa que parecia grande o suficiente para acomodar quarenta
pessoas. A sala lembrava um dos grandes salões nos castelos da
época medieval, era tão grande. Ao contrário daqueles grandes
salões, no entanto, esta sala era iluminada e arejada, e a mesa estava
decorada com vasos cheios de uma variedade de flores que
embelezavam a sala com a sua fragrância.

Para surpresa de Dani o jantar não era o cardápio elegante


que ela estava esperando — salmão cozido ou filé ao vinho, caviar e
outros alimentos dessa natureza. Em vez disso, e muito para o seu
prazer, eles foram servidos de uma salada com frango grelhado,
feijão de corda, broa de milho e salada de macarrão. A sobremesa
era a sua favorita – Torta de morangos.

— Como você sabia? — Dani perguntou quando a bandeja


de sobremesa foi trazida para a mesa. Ela olhou para Janet, como se
agora ela tivesse pensado nela. Após as brincadeiras leves durante o
jantar, ela já não estava intimidada pela pequena rainha da casa dos
Hunters.

— Você pode ler mentes ou algo assim?

Janet riu.

— Não mesmo, querida. Quando Storm nos disse que estava


trazendo uma amiga especial para nos conhecer, ele exigiu que nós
tivéssemos torta de morangos para a sobremesa.

Dani se virou para Storm, ainda confusa.

108
— Mas como você...

— Nossa sessão de costura, lembra? Nós conversamos sobre


nossas coisas favoritas. — Ele lançou lhe um olhar de advertência.

— Oh, sim, tem razão. — Ela pegou seu copo e fingiu tomar
um gole de água, mas fez isso para esconder o rosto, que devia estar
ficando vermelho naquele momento. Ela quase tinha entregado o
jogo. Era suposto que eles se conheciam intimamente, então sua
expressão de surpresa levantaria suspeita, para dizer o mínimo.
Felizmente, os Hunters não pareceram perceber sua gafe.

No momento em que foram servidos chá e café, Dani estava


um pouco mais à vontade, sentindo-se como se já tivesse passado o
pior. A conversa estava fluindo e ela estava realmente desfrutando
da companhia dos pais de Storm. Edgar era tão diferente de sua
imagem mental de um bilionário. De alguma forma, ela o esperava
fechado e sério, alguém que poderia até olhar de cima para ela. Ele
era totalmente o oposto disso. Comunicativo e jovial, em certo
ponto ele a fez gargalhar tanto que havia lágrimas em seus olhos.
Janet também parecia ter amolecido com ela e logo eles foram
entrando em uma animada discussão sobre as técnicas de costura de
colchas de retalhos. Storm sentou observando-os, seus lábios
curvando em uma diversão óbvia. Ele deveria estar pensando o que
ela estava pensando – quem diria que ela encontraria algo em
comum com a mãe dele?

109
As xícaras de chá foram retiradas, Storm se aproximou e
pegou a mão de Dani na sua.

— Mãe e pai, há algo que eu... Dani e eu gostaríamos de lhes


dizer.

Janet endireitou as costas e seus olhos brilharam. Edgar


limpou a garganta.

— Eu acho que vocês já devem ter adivinhado. Dani e eu


estamos noivos. — Ele deu um leve aperto na mão dela,
provavelmente para tranquilizá-la.

Dani segurou a mão dele apertada. Ele provavelmente tinha


visto o nervosismo em seus olhos e sentiu o leve tremor de seus
dedos. O momento do ajuste de contas estava aqui. Os Hunters
foram amigáveis o suficiente quando eles pensaram que ela e Storm
eram amigos, mas como eles iriam reagir ao anúncio de que ela
poderia se tornar uma parte da família deles?

— Isso é maravilhoso querido — Janet disse, sorrindo. Ela


estendeu a mão e pegou a mão de Dani. — Parabéns, querida.

Todos se viraram para olhar para Edgar e ele estava sorrindo


de orelha a orelha.

— Bem, graças a Deus — disse ele em seu vozeirão. —


Milagres acontecem. Vou ver Storm casado e estabelecido em minha
vida. — Ele se inclinou para apertar a mão de Storm. —Parabéns,
filho. Você está dando um grande passo, mas esse é o passo certo.

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Um homem tem que ter uma esposa para ser levado a sério na vida
e nos negócios. Boa jogada.

Dani soltou a respiração com alívio. Bem, tudo tinha ido


bem, muito melhor do que ela esperava. Ela pensou que Storm teria
que defender a sua escolha, fazendo seus pais aceitá-la. Esperava
perguntas, muitas delas — de onde ela era, de onde era sua família,
em que tipo de negócio ela estava envolvida — mas nenhuma delas
vieram. Em vez disso, eles pareciam tão abertos e acolhedores que
Dani relaxou em sua cadeira conforme se virou para olhar para seu
em breve marido.

Storm, no entanto, era outra questão. Onde ela tinha ficado


mais confortável com a situação, ele parecia ter ido na direção
oposta. Ela estava perto o suficiente para ver o suor em seu lábio
superior e o aperto de sua boca falou de uma tensão que ela não
tinha visto nele antes.

O que no mundo estava acontecendo? Será que ele tinha


mudado de ideia? Bem, se ele quisesse voltar atrás com esta comédia
já era tarde demais.

— Obrigado — ele disse, seu tom incomumente sério para


um momento de celebrações. — Obrigado pelas suas
congratulações e por fazer Dani sentir-se bem-vinda.

Bem, essa foi uma maneira formal de agradecer a seus pais.


Ela deu um olhar de soslaio para Storm e apertou a mão dele.
Vamos, Storm, não vá escorregar agora.

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— E qual será a data, filho? Não demore. Com meu coração,
você sabe que o tempo é essencial.

— Data... nós não chegamos a esse ponto ainda. — Nesse


momento o rosto de Storm tinha um leve tom rosado.

— Bem, apresse-se — Edgar disse com uma risada. — O


que você tiver que fazer, faça rapidamente. Eles não dizem isso na
Bíblia?

— Eu concordo — Janet disse enfaticamente. — Estamos


falando com você há bastante tempo sobre levar a sério sua vida e
os negócios da família. Quanto mais cedo você se casar, mais cedo
você poderá tomar as rédeas dos negócios e dar ao seu pai uma
pausa.

— E começar uma família — Edgar não hesitou em


adicionar. — Eu quero passar meus anos de aposentadoria
brincando com os meus netos.

Dani sentiu seu rosto ficar vermelho com esse pedido. Edgar
certamente sabia como pedir o que queria. Talvez fosse por isso que
ele era bom em fazer bilhões.

— No momento certo, pai — Storm disse distraidamente —


no momento certo. — Então ele olhou para Dani — Ei, você quer
ver a casa da árvore que eu construí quando eu era criança? Ela
ainda está lá.

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Sutil mudança de assunto, Storm, realmente sutil. Dani quase
riu. Ele parecia tão desesperado para fugir de qualquer discussão
mais aprofundada de seu noivado. Ela manteve o rosto sereno,
escondendo sua diversão, e disse em sua melhor voz de noiva

— Claro, querido. Eu adoraria.

— Vão em frente, crianças — disse Edgar com um aceno de


sua mão. — Leve-a até o riacho, Storm. É agradável e tranquilo por
lá. Ela vai adorar.

Storm levantou-se e deu a Dani seu braço. Ele parecia normal


novamente, com o rosto relaxado e sorridente.

— Você é uma boa escaladora? Vamos subir e ver quais


animais tem tomado conta da minha antiga casa.

Ela o olhou de soslaio.

— Eu não sei fazer isso.

Ele estava prestes a responder quando a Sra. Johnson entrou


na sala de jantar.

— Com licença — disse ela — mas a senhorita Lola parou


para uma visita. Devo fazê-la esperar na sala de estar ou devo deixá-
la entrar aqui?

Edgar e Janet viraram-se um para o outro e um olhar de


preocupação passou entre eles. Dani olhou para Storm. Seu rosto de
repente perdeu a cor. Isso não era um bom sinal. E, conforme Dani

113
ficou ali, olhando de um para outro, ela poderia dizer que o que
estava por vir não ia ser bom.

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Capítulo Seis

Edgar foi o primeiro a falar.

— Por favor, peça-a para ficar confortável na sala de estar.


Eu logo estarei lá.

A Sra. Johnson balançou a cabeça e voltou pela porta.

Assim que ela saiu, Edgar falou.

— E Lola, está ciente desta mudança em seu status? — Ele


deu para Storm um olhar direto.

Janet assentiu.

— Você sabe como ela se sente sobre você. Acho que ela
estava esperando... — Ela parou de falar de repente e deu a Dani um
olhar pesado de culpa. — Sinto muito, Dani. Eu não quero ser
desrespeitosa com você. É só que... bem, Lola tem estado envolvida
por um tempo, então isso pode ser difícil. Você e Storm falaram
sobre ela, eu presumo?

Dani olhou para Storm, esperando que ele falasse. Ela era a
sua falsa noiva, mas este era o jogo dele. Ele deveria ser o único a
dar explicações.

— Estávamos indo...

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Ele não teve a chance de dizer mais uma palavra. Naquele
instante, a porta da sala de jantar se abriu e Lola irrompeu.

— Janet, Edgar, vocês já ouviram falar? Storm... — Ela parou


e seus olhos se arregalaram de surpresa. — Você. Então você é
aquela que o virou contra mim. — Ela estava olhando para Dani,
seus olhos faiscando de raiva violenta. — Você o roubou de mim.

—Agora, Lola — Edgar disse, começando a levantar-se em


torno da mesa. —Não vamos...

—Não, é verdade. Ela fez algo para ele, o enfeitiçou ou algo


assim. Ele não saiu comigo há apenas algumas semanas atrás? Ele
era para ser meu. — Quando Lola falou, sua voz cresceu mais com
agitação e ela começou a caminhar em direção à mesa.

— Ok, já chega.

A voz de Storm deve ter chocado ela de volta à realidade. Ela


parou abruptamente e olhou para ele, seu rosto contorcido com sua
aflição.

Storm avançou quase bloqueando Dani da visão de Lola e


cruzou os braços sobre o peito.

— Lola, você e eu sabemos que não há nada entre nós. Foi


tudo uma fantasia, uma mentira que você alimentou por tanto
tempo que começou a acreditar nela. E nós não saímos juntos há
duas semanas. Nós nos encontramos na festa, lembre-se, então você
me pediu uma carona para casa. — Ele soltou os braços e enfiou as

116
mãos nos bolsos. Ele balançou a cabeça. — Sinto muito que isso
tenha te machucado, mas você tem que cair na real. Você tem que
desistir desse fingimento.

Dani quase riu. Desistir do fingimento, disse ele. E o que eles


estavam fazendo? Criando uma mentira ainda mais perigosa.

— Não. — Lola deu um soluço quebrado e buscou às cegas a


mesa, parecendo que ela estava à beira do colapso.

— Minha criança. — Edgar estava imediatamente ao seu


lado, apoiando-a e direcionando-a para uma cadeira próxima.

Storm se moveu também, mas quando seu pai a pegou, ele


congelou. Ele ficou para trás, enquanto Edgar afagou-lhe a mão e
falou palavras de conforto para ela.

— Eu vou pegar um copo de água. — Janet levantou-se e


apressou-se para a porta.

Por um momento a mais Storm hesitou e então ele se


aproximou da agora soluçante mulher.

— Lola, por favor. Não chore. — Sua voz era baixa e seu
rosto sombrio e sério. Era óbvio que ele não estava gostando da
angústia de Lola. — Eu odeio que você esteja sofrendo agora e
sabendo que eu sou a causa. Se eu pudesse ter feito qualquer coisa...

— Você podia ter me amado. — Lola levantou o rosto


coberto de lágrimas e olhou para ele com os olhos feridos. — Por

117
que você não pode me amar, Storm? O que é isso sobre mim que
você odeia tanto?

—Lola. — Desta vez a voz de Storm estava cheia de


frustração. —Não vamos voltar lá.

Lola fungou e então agarrou o lenço que Edgar estendeu


para ela. Ela enxugou os olhos, em seguida, olhou para Dani.

— E quem é ela? O que a fez tão especial que você escolheu


a ela e não a mim? — Ela olhou para Dani no outro lado da sala, e
então seu olhar de ódio se transformou em uma carranca. — Onde
eu a vi antes?

O coração de Dani quase alcançou sua garganta. E se ela


fosse descoberta? Ela e Storm teriam muito para responder. Seus
olhos foram para ele, mas ele estava franzindo a sobrancelha para
Lola. A mulher tinha o poder de mandar o seu disfarce para o
espaço.

De repente, as lágrimas secaram e Lola voltou toda a sua


atenção para Dani.

— Eu conheço você... — disse ela, sua voz incerta, mas em


seguida ela repetiu com a voz mais confiante desta vez. — Eu sei
que eu te conheço. Eu só não posso dizer de onde. — Ela olhou de
Dani para Storm e então de volta para Dani.

— Há algo estranho acontecendo aqui — disse ela — e eu


vou chegar ao fundo da questão.

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Seus olhos fixos em Dani, ela levantou-se e devolveu o lenço
agora úmido para Edgar. Então virou-se e endireitando as costas ela
saiu da sala, deixando todos olhando para ela.

Os olhos de Dani voltaram para Storm. E Agora?



— Bom, a coisa boa é que os meus pais te amam. — Storm


tomou um gole de sua cerveja, então relaxou na cadeira e esticou as
pernas. Eles estavam em um café ao ar livre, um que ela nunca tinha
ouvido falar, mas que ele recomendou muito. Ela não se arrependeu
da escolha dele. Escondido em um beco na periferia de um resort
exclusivo, sua clientela incluía muitos dos ricos e famosos da área de
Chicago. Fazia dois dias desde o drama com Lola, e Storm e Dani
estavam aproveitando a oportunidade para enterrar o assunto e
discutir seu plano de ação para o futuro. Depois que Lola foi
embora, eles — principalmente Storm — acabaram tendo que
responder a uma enxurrada de perguntas e no momento em que
deixaram a casa dos Hunters ambos estavam exaustos demais até
mesmo para falar sobre isso por mais tempo. Esta noite, porém, eles
tinham que planejar seu próximo passo. Quem sabia quando Lola
iria atacar novamente e da próxima vez ela poderia dar o golpe fatal
em sua farsa.

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— Você espera que seus pais me amem. — veio a réplica de
Dani.

—Eu sei que eles o fazem — Storm disse sem hesitação. —


Eu pude ver isso na maneira como meu pai se entusiasmou por
você. Até a minha mãe que é um pouco mais reservada, gostou de
você. Você podia ver que ela estava realmente preocupada sobre
como estava se sentindo quando Lola apareceu.

— Eu tenho que admitir, eles foram muito bons para mim —


disse ela enquanto retirava uma mecha de cabelo da testa e colocava
atrás da orelha. A brisa leve do exterior continuava soprando
mechas de cabelo em seu rosto. A desvantagem de refeições ao ar
livre, mas que ela poderia definitivamente viver com isso. O ar
fresco e o cantar dos pássaros nas árvores próximas fez tudo valer a
pena. — Ainda assim, eu não acho que eles vão me dar tão boas-
vindas quando descobrirem quem eu realmente sou.

— Eu conheço os meus pais Dani, e eles não são esnobes. É


claro que eles vão aceitar você por quem você é.

— Não se descobrirem meu papel nesta farsa. Eles vão me


odiar por isso.

Storm balançou a cabeça e havia um olhar de arrependimento


em seus olhos.

— É a mim que eles têm que odiar. Eu sou o filho deles e eu


sou o único a enganá-los. — Ele empurrou a garrafa de cerveja
distante e se inclinou para frente. — Você sabe, quando meu pai me

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felicitou ele parecia tão contente que a culpa me deu um tapa bem
entre os olhos. Eu quase cedi e disse a eles a verdade.

Dani acenou com a cabeça lentamente.

— Eu me lembro. Eu podia ver que você estava incomodado.

— Incomodado é um eufemismo — Storm disse com uma


careta. —Senti-me como um cão por estar os enganando assim. —
Ele se recostou na cadeira e deu a ela um sorriso triste. — Quando
eu primeiramente pensei sobre isso, me pareceu uma ótima ideia. Eu
não sabia que ia virar um fraco quando a hora de pô-la em prática
chegasse.

— Então... você quer desistir? — Dani falou em voz baixa e


calma, não querendo entregar as suas emoções. Com as palavras dele
seu coração apertou em seu peito e esta não tinha sido uma
sensação boa. Era como se ela não pudesse suportar quebrar o
vínculo que eles tinham.

— De jeito nenhum. Nós fomos muito longe para voltar


atrás agora. E, além do mais — ele deu de ombros e ergueu as
sobrancelhas — você viu como Lola se comportou. Se ela ficar
sabendo que tudo isso é falso, ela vai estar atrás de mim novamente
e desta vez eu não vou ser capaz de me livrar dela.

— Eu admiro a sua modéstia — Dani disse, rindo do jeito


que ele ficou lá olhando tão cheio de si. — Deve ser muito difícil ter
mulheres se atirando em você o tempo todo.

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— Na verdade é — disse ele, seu olhar sério. —Tente ser
rico, para não mencionar um homem surpreendentemente bonito
por um dia e você vai ver o que eu estou falando.

— Oh, você. — Ela riu e se inclinou para lhe dar um soco de


brincadeira. Ela estava brincando sobre isso, mas ela podia entender
exatamente o que ele quis dizer. É claro que ele teria mulheres atrás
dele. Ele era um solteirão disponível e muito desejado.

E era por isso que era tão importante para ela manter
distância, pelo menos do ponto de vista emocional. Storm tinha sua
escolha de mulheres e quando ele estivesse realmente pronto para
sossegar ele escolheria a sua parceira de vida a partir de seu próprio
círculo. Ela não podia se dar ao luxo de começar a sentir alguma
coisa por ele. Se assim for, ela iria fazê-lo em seu próprio risco.

— Há uma festa chegando em algumas semanas, uma a qual


eu tenho que participar. E vou precisar ter a minha noiva ao meu
lado. — Ele levantou uma sobrancelha para ela. — Você está
dentro?

Dani deu de ombros.

— Eu estou sempre dentro — disse ela casualmente. — É o


meu trabalho, lembra-se?

— Um aviso importante, a Lola pode estar lá.

122
—Oh. — Dani não se sentia tão confiante, então. A última
coisa que ela precisava era a possibilidade de Lola lançar outro
ataque, desta vez na frente de uma multidão.

—Oh, é certo — Storm disse, com o rosto sério. —Nós


vamos ter que estar preparados para qualquer coisa. Uma coisa que
não podemos fazer é evitar o evento. Isso só levantaria suspeitas.
Lola já começou a questionar a nossa relação. Nós não queremos
que os meus pais comecem a se perguntar também.

—Oh — disse Dani e depois se calou. Ela sabia o que ele


queria dizer. Eles tinham que ficar perto um do outro, de mãos
dadas e parecer com um casal apaixonado. Como no mundo ela ia
lidar com isso?

—Oh, de novo? — Storm riu. — Não se preocupe,


conseguimos passar pelo jantar com os meus pais e nós vamos
passar por isso juntos.

Ela só desejava que ela pudesse ser tão confiante. Precisando


aliviar a tensão, ela decidiu mudar de assunto.

— Eu preciso estar fora da cidade neste fim de semana.


Espero que isso não atrapalhe qualquer um de seus planos.

— De jeito nenhum — disse ele com um gesto magnânimo


de mão. — Você é livre para ir.

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—Obrigada — disse Dani, mais relaxada agora. — Eu não
fui ver Brian desde que eu o deixei na universidade. Eu quero levar
alguns de seus pratos caseiros favoritos.

— Você vai fazer uma viagem pelo país. Parece divertido. —


Storm tinha um olhar ansioso no rosto. — Se importa se eu for
junto?

— Não é pelo país — disse ela, explodindo em uma risada.


—É em Indiana, por isso só vamos cruzar uma linha de estado. Eu
adoraria se você pudesse vir junto. — Então, percebendo que o que
ela disse podia ser interpretado de mais de uma maneira, ela
acrescentou: — Eu gostaria de companhia.

— Eu vou com uma condição.

— Qual? — Ela perguntou desconfiada.

— Você me deixa ser o seu chofer.

— Você ganhou isso, chofer. Contanto que você se lembre


que a estrada não é uma pista de corrida.

Storm fez uma reverência concordando.

— Tudo o que a senhorita quiser.

Dani só poderia sorrir para isso. Ela não se atreveu a divulgar


o que lhe veio à mente quando ele disse essas palavras. Não, ela iria
manter sua reflexão travessa para si mesma.

124
Na manhã de sábado quando Storm a pegou em sua já
familiar Ferrari era um dia perfeito. O sol alegre e brilhante em um
céu azul quase sem nuvens a colocou em humor maravilhoso, o qual
Storm deve ter notado, porque ele lhe deu um largo sorriso, um
abraço rápido e até mesmo um beijo na bochecha, e então ele a
ajudou a entrar no carro e eles partiram.

Dani sorriu. Ela não sabia que tipo de chofer ele era,
cumprimentando sua cliente com abraço e beijo, mas ela não estava
reclamando.

Sob o controle especialista de Storm, a Ferrari correu as


milhas em um tempo rápido e menos de uma hora depois que
deixaram Chicago eles estavam entrando no campus da
universidade. Dani o orientou para a área de estacionamento e então
eles se dirigiram para os dormitórios dos estudantes em busca de
Brian.

— Eu vou ligar e deixá-lo saber que estamos aqui. — Ela


pegou seu celular e discou. Ela nem sequer ouviu o telefone tocar
antes que a voz animada de Brian estivesse na linha. Quando
desligou, ela deu a Storm um largo sorriso. — Ele está vindo ao
nosso encontro.

Ela sabia que provavelmente parecia o gato de Cheshire, de


Alice no País das Maravilhas, mas não podia evitar. Ela tinha sentido
falta do seu irmão mais novo e estava ansiosa para vê-lo novamente,

125
mesmo que fosse só para derrubá-lo no chão e lembrar-lhe quem
era o chefe.

Ela olhou para Storm, então deu uma risadinha secreta.


Talvez essa não fosse uma boa ideia, não na presença de Storm de
qualquer maneira. O que ele pensaria dela, uma mulher com 22 anos
de idade, tomando seu irmão em uma chave de pescoço? Ele
provavelmente iria querer deixá-la no hospital psiquiátrico mais
próximo.

Um minuto depois de ter falado com Brian, ele estava


correndo pelo dormitório Dillon Hall e descendo as escadas em
direção a eles. Ele agarrou Dani em um enorme abraço e a girou em
volta, e então ele a agarrou pelo pescoço e a derrubou no chão,
rindo o tempo todo.

Dani estava rindo também, não apenas pela enorme alegria


de ver Brian novamente, mas do seu plano inútil de parecer digna na
frente do Storm. Brian tinha totalmente destruído esse sonho.

— Eu peguei você, Irmãzinha. — Brian segurou-a para baixo


por um segundo a mais.

— Ok, você venceu, você venceu — ela gritou.

Só então ele a deixou levantar. Ele estava sorrindo quando ela


se endireitou e ajeitou as suas roupas.

126
— Este foi um ataque surpresa — ela o repreendeu e lhe deu
um soco no braço. — Essa foi a única razão pela qual você me
venceu.

—Sim, claro — Brian zombou. — Eu estou na faculdade


agora, Irmãzinha. Não há nenhuma maneira de uma garota me
pegar agora, e muito menos a minha irmã.

—Vamos ver — disse ela em voz baixa, certificando-se de


que sua voz refletia uma ameaça tranquila. — Vamos ver.

Então ela virou-se para Storm.

— Eu acho que você sabe quem ele é.

Storm, que estava sorrindo de suas palhaçadas, assentiu.

— O famoso Brian Swift de quem você tem falado a manhã


toda. — Ele estendeu a mão. — Prazer em conhecê-lo.

Brian pegou e eles apertaram as mãos.

— Sim, igualmente. — Ele deu um passo para trás e olhou


para baixo para Dani. De seu um metro e noventa de altura era fácil.
— Dani me disse que teria um chofer em sua viagem até aqui. —
Ele olhou de volta para Storm. — Você não se parece com qualquer
chofer que eu já tenha visto.

Storm riu disso.

— Culpe a sua irmã. Foi ela quem me contratou.

127
Os caras ainda estavam rindo quando Dani bateu palmas e
disse

— Ok, vamos embora. Eu tenho uma cesta de piquenique


cheia de guloseimas no carro, mas antes de nos alimentar — ela deu
a seu irmão um olhar compreensivo — Eu gostaria de fazer um
passeio pelo Dillon Hall.

— Claro, eu vou te mostrar O Grande Vermelho. Vamos. —


Brian voltou para o prédio, com Dani e Storm logo atrás dele. Ele
os levou através dos salões, começando com o um no porão e dois
no piso principal, e em seguida, até o quarto que dividia com outro
calouro. Como Dani esperava, estava uma bagunça.

Ela suspirou.

— Você não podia pelo menos ter pegado as roupas do


chão? Você sabia que estávamos chegando.

— Ah, é. Eu estava planejando fazer isso — disse Brian, e


então deu de ombros. — Eu acho que me esqueci.

Dani revirou os olhos.

— Deus ajude a mulher que se tornar sua esposa.

Depois disso Brian os levou para seu lugar favorito no


campus, a sala de jantar, que para sua grande alegria era ao lado do
dormitório. Enquanto caminhava à frente de Dani e de Storm
conversando animadamente sobre a variedade de refeições
oferecidas, ela tocou o braço de Storm.

128
— Você pode ver com o que eu tinha que lidar quando ele
estava em casa — ela sussurrou. — Eu estava indo à falência para
mantê-lo alimentado.

— O que foi isso? — Brian gritou de volta para eles.

— Oh, nada — disse Dani, mas ela e Storm trocaram um


olhar divertido e um sorriso.

Após o passeio eles deram uma volta em torno do campus e


encontraram uma colina gramada tranquila com uma perfeita árvore
frondosa toda vermelha, verde e ouro em comemoração ao outono.
Ali Dani espalhou seu cobertor e colocou os pratos descartáveis,
copos e talheres. Depois, um por um, ela tirou as tigelas de plástico
e abriu as tampas para revelar salada, pão de milho, espiga de milho,
salada de batata e a melhor parte, frango frito do sul.

Brian esfregou as mãos em antecipação.

— Quando você fez tudo isso? — Ele perguntou. —Esta


manhã?

— Sim. Eu estava de pé antes dos pássaros. Tudo para você,


garoto. Divirta-se.

Storm balançou a cabeça e havia um sorriso em seus lábios.

— Eu posso ver que você e minha mãe têm algo em comum.


Vocês duas são fãs de frango.

Ela sorriu e estendeu a mão para uma coxa.

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— A minha favorita. — Aquela tarde foi um dos momentos
mais relaxantes que Dani teve em muito tempo. Ela gostou de
assistir os homens devorando a comida, mesmo tendo que lutar para
pegar um pedaço do pão de milho. As pessoas sempre brincam
sobre o apetite dos meninos quando estão crescendo, mas estes
eram homens adultos. Ela maravilhou-se com a facilidade com que
eles acabaram com os quilos de comida que ela trouxe.

Depois do almoço ela encostou-se no tronco da árvore e os


ouviu falar animadamente sobre o time de esportes do Notre Dame,
com Brian dando a Storm o relatório completo sobre as últimas
vitórias no hóquei, futebol e basquete. No momento em que eles
empacotaram a louça e voltaram para o carro já eram quase seis
horas.

Dani suspirou de contentamento, feliz por um dia bem


passado com seu irmão. E, se ela fosse admitir para si mesma, com
sua segunda pessoa favorita do sexo masculino, Storm Hunter.

De volta ao dormitório, Storm esperou por Dani no carro


enquanto ela subia os degraus com Brian.

— Foi ótimo passar o dia com você, garoto. Parece que você
está indo bem aqui.

— Eu estou — disse Brian com um aceno de cabeça. —Eu


acho que fiz a escolha certa, Irmãzinha. Notre Dame é uma grande
escola.

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— Aqui. — Ela cavou no bolso de trás da calça jeans e tirou
um pequeno maço de notas. — É o dinheiro para a sua viagem.

A boca de Brian se abriu enquanto ele olhava para o dinheiro.

—Todo ele?

— Está tudo aqui. Pegue.

— Irmãzinha — disse ele, sua voz suave com admiração —


Como você...

—Não se preocupe com isso. Basta pegar. — Ela sorriu para


o irmão, imaginando se ele sabia o quanto ela o amava. Ela faria
qualquer coisa para fazê-lo feliz.

Brian pegou o dinheiro da mão dela e colocou-o no bolso da


frente da calça jeans. Então ele pegou Dani e abraçou-a.

— Obrigado, Irmãzinha. Eu te amo.

—Eu também te amo, Brian — disse ela, e ficou surpresa


quando seus olhos se encheram de lágrimas. O que estava errado
com ela ultimamente? Por favor, ela pensou, não deixe eu me
transformar em uma molenga.

Eles se afastaram e Dani desceu os degraus e foi em direção


ao carro que a esperava. Ela virou-se e acenou para Brian.

— Comporte-se — ela gritou.

— Eu vou. — Ele acenou de volta.

131
Storm abriu a porta e Dani entrou e então eles foram
embora. Ela se acomodou em seu assento, feliz por relaxar e
desfrutar da companhia de Storm. Tinha sido um dia maravilhoso e
ela não queria que o sentimento de euforia acabasse. Quando Storm
ligou o rádio e colocou em uma estação de rock leve, ela sorriu para
si mesma. Ela sabia que ele teria preferido um rock pesado, mas ele
estava apenas sendo gentil. Ela gostou disso.

No momento em que chegaram a Chicago passava das nove


horas. Estando sem nenhuma grande pressa, eles fizeram algumas
paradas ao longo do caminho e Storm cruzou de volta para Illinois.
Era como um acordo sem palavras entre eles — vamos fazer este
dia durar o quanto for possível.

As nove e quatorze Storm parou o carro no estacionamento


do prédio de Dani e desligou o motor. Ele deu um suspiro, se de
cansaço ou de alívio ela não tinha certeza, então ele se virou para
olhar para ela.

—Obrigado — ele disse suavemente. —Eu tive um ótimo


dia.

—Não. Obrigada você — respondeu Dani. — Você foi


aquele que abriu mão do seu sábado para me levar por todo o
caminho.

Ele deu um sorriso lento.

—O prazer é meu.

132
O modo com que ele disse isso fez a respiração de Dani
pegar na garganta. Por que ele tinha que parecer e soar tão sexy? Ele
era um prato tentador que ela estava achando difícil de resistir.

— Você gostaria de subir... para uma xícara de café? —


Agora, de onde ela tinha tirado essa? Ela não tinha planejado
convidá-lo para subir de forma alguma. Ela teria que colocar a culpa
no fato de que não queria que este dia acabasse.

Ele devia estar se sentindo da mesma maneira, porque seus


olhos brilharam.

— Eu adoraria.

— Ótimo. Eu quero ter certeza que você estará com os olhos


brilhantes e bem abertos quando dirigir de volta para casa. — Ela
saiu do carro e esperou até que ele deu a volta para alcançá-la e
então eles caminharam para o prédio em um silêncio amistoso.

Quando chegaram ela o levou para a sala de estar, deu-lhe o


controle remoto e seguiu para a cozinha. Quando ela voltou com
uma bandeja com o bule de café e canecas ele ainda estava olhando
os canais. Quando ela se aproximou, ele largou o controle remoto e
olhou para ela, seu rosto ansioso.

Aquele olhar de expectativa foi para ela ou para o café? Ela


mordeu o lábio tentando não rir. Oh, por favor, Dani, não pense
bobagens. É o café que o homem quer não você.

133
Ela apoiou a bandeja sobre a mesa do café, e em seguida,
sentou-se na outra ponta do sofá. Ela serviu o café de Storm e
depois o dela, enquanto ele pulava os canais um pouco mais e
finalmente terminou no Discovery Channel. Eles tomavam café
enquanto observavam os arqueólogos desenterrando um corpo que
eles estavam convencidos que era o abominável homem das neves.
Quando o café acabou eles sentaram e assistiram um pouco mais,
até que finalmente Storm colocou as mãos sobre os joelhos e se
levantou.

— Bem, foi um longo dia e eu apreciei cada minuto dele.


Está ficando tarde e eu não quero incomodá-la, então é melhor eu ir.

— Onde você está indo? — A voz de Dani foi ousada e


imperiosa.

Ele olhou para ela e seu rosto registrou sua confusão.

— Para casa?

Ela se levantou e cruzou os braços sobre o peito.

— Você está esquecendo uma coisa. Você está no meu


tempo e você não vai embora até que eu diga.

Storm olhou para ela como se ela tivesse enlouquecido.

—Que diabos você está falando?

— Eu contratei você para o dia, lembra-se... Sr. chofer? O dia


não termina até a meia-noite.

134
Dani não sabia de onde esta personalidade mandona tinha
vindo, mas ela estava gostando. Era como se ela estivesse se
rebelando contra suas próprias regras. Regras estúpidas, se ela fosse
dizer a si mesma. Ela sempre foi o tipo de pessoa que ia atrás do que
ela queria e hoje à noite o que ela queria era Storm Hunter.

Ela estendeu as mãos, agarrou a camisa pólo de Storm e se


jogou sobre o sofá, arrastando-o para baixo com ela. Ela
imediatamente se deitou sobre os travesseiros e colocou as mãos
atrás da cabeça dele e o puxou para baixo de forma que a boca dele
foi pressionada contra a dela.

Dani não sabia quem estava mais surpreso, Storm ou ela. De


onde tinha vindo esta Dani agressiva? Teria um dia ao ar livre
deixado-a louca?

Louca era certo. Era quase muito chocante pensar nisso, mas
no fundo ela sabia... ela tinha caído estupidamente de amor por
Storm e não havia absolutamente nada no mundo que pudesse fazer
sobre isso.

Ele provavelmente diria que ela tinha caído na empolgação


por ele ou que era apenas uma queda por causa de seu vínculo
empregado-empregador. Mas ela sabia. Ela sabia sem sombra de
dúvida que isto era amor. O que mais poderia fazê-la agir
insanamente, fazendo qualquer coisa para chamar a atenção deste
homem, para tê-lo querendo-a?

135
O dia que passaram juntos deve ter sido o ponto de ação para
ela. Os sentimentos foram brotando, mas agora eles tinham
estourado livre da barragem que ela havia construído em torno de
seu coração e eles estavam inundando sua alma.

Storm superou o choque muito rápido, porque antes de Dani


perceber o que estava acontecendo, ela não estava mais no comando.
Ele assumiu o controle daquele beijo, sua boca movendo-se sobre a
dela, ordenando e então subjugando-a até que ela só podia suspirar e
então gemer. Ele acendeu o fogo dentro dela até que ela estava
beijando de volta com um ardor que falava de sua necessidade por
ele. Deus, como ela queria este homem.

Ela puxou a camisa dele até que estava fora da calça jeans e
deslizou os dedos trêmulos sobre seus músculos abdominais
ondulantes até seu peito. Lá ela espalmou as mãos sobre os
músculos rígidos do seu peito e levou os seus mamilos planos entre
o polegar e o indicador, provocando, beliscando, até que eles eram
duras protuberâncias debaixo de suas mãos. Ele tinha feito o mesmo
com os dela, então ela sabia o efeito que o carinho dela deveria ter
sobre ele. Ela foi recompensada quando ele endureceu e gemeu seu
êxtase, mesmo enquanto eles se beijavam.

Dani sabia que para conseguir o que queria ela precisava ser
corajosa e ousada. Ela já tinha rejeitado Storm antes e ele
certamente iria hesitar em ir mais longe do que um beijo. Se algo
estava para acontecer esta noite, seria tudo por conta dela.

136
Sem nenhuma hesitação ela pegou a ponta de sua camisa e
começou a levantá-la, para tirá-la dele.

Storm interrompeu o beijo.

— Dani, você tem certeza? — Ele perguntou em um


sussurro sem fôlego.

Ela sabia qual era a verdadeira questão. Você vai me excitar e


em seguida me expulsar como da última vez? Ela precisava
tranquilizá-lo.

—Eu tenho certeza. — disse ela, e empurrou contra seu


peito até que ele estava reto o suficiente para ela tirar sua camisa por
sobre sua cabeça.

Agora os músculos de seu peito musculoso estavam expostos


em toda a sua glória e isso fez a boca dela encher de água. Com sua
recém-descoberta ousadia, ela se inclinou para frente e cobriu um
mamilo com a boca. Ela chupou aquele bico até que ele pulou em
sua boca e ela não parou até que ele suspirou e estendendo a mão
segurou sua cabeça. Ele gentilmente a puxou daquele mamilo e a
dirigiu para o outro, onde ela deu o mesmo carinho. Ele gemeu em
voz alta.

Dani sabia que Storm estava pronto para ela e tudo o que ela
queria era oferecer. Ele estava ajoelhado e ela estava debaixo dele e
podia sentir sua excitação pressionando a suavidade de sua barriga.
Ela começou a desabotoar a sua blusa.

137
Quando ele olhou para ela, ela olhou em seus olhos com
paixão vidrada.

— Eu te quero tanto — ela sussurrou, seu desejo por ele


fazendo-a tremer. Sua blusa estava fora agora e ela começou a atacar
o fecho do seu sutiã. — Eu tenho tanta certeza disso. Eu quero que
você seja o primeiro e único homem para mim. — O sutiã estava
fora e agora os seus seios estavam nus diante dele, mas ela não
vacilou. Ela não tinha vergonha, não quando era Storm olhando
para ela com os olhos cheios de desejo

Então, inexplicavelmente, algo em seus olhos mudou.

—O que você disse? — Ele perguntou, um franzido na testa


desfigurando seu rosto.

— Eu quero você — ela sussurrou. —Por favor, não me faça


esperar.

— Não, a outra coisa. Você disse... que você quer que eu seja
o primeiro? — Sua carranca estava ficando mais forte, o que
significava que havia algo errado. Algo estava terrivelmente errado.

—S... Sim. — disse ela, hesitante. Seria possível que isso


pudesse fazê-lo ficar com raiva?

Ele pulou do sofá tão rápido, Dani literalmente sentiu a brisa


da sua partida.

— Você é virgem? — Ele quase latiu.

138
Ela sentou-se, o seu corpo ficando frio.

— Sim, isso é um problema?

— Que diabos de tipo de pergunta é essa? É claro que é um


problema. Eu não sou um sedutor de virgens, se é isso que você
pensa.

—Mas... Você não está me seduzindo. Eu estou seduzindo


você. —Dani olhou para ele, confusa. Então ela se lembrou de seus
seios nus e cruzou os braços sobre o peito.

—Pelo amor de Deus, vista-se. — Storm cuspiu, seu rosto


escuro e trovejante. Ele virou-se e pegou sua camisa do chão
colocando-a dentro de suas calças. E então ele olhou para ela.

—Não vamos fazer isso de novo. Eu não tenho tempo para


jogos.

E foi então que ele a matou. Suas palavras tão cheias de


veneno eram como uma flecha envenenada em seu coração. Ela
levantou os olhos para ele com o coração suplicante, mas não
conseguia dizer uma palavra. Ela não conseguia se quer se mexer.

Ele olhou para ela por um momento mais e ela pensou ter
visto um lampejo de... remorso? Muito rápido desapareceu e seu
rosto tornou-se impassível e frio.

— Boa noite, Dani. — Sua voz era calma, sem emoção. Para
ela, era ainda pior do que a sua raiva.

139
Quando Storm saiu, fechando a porta atrás de si, Dani ainda
estava no sofá, sem camisa e com os braços cruzados sobre os seios.
Ela estava olhando para frente com os olhos cegos, seu coração
sentindo como se tivesse morrido dentro dela.

Neste mesmo apartamento em que ela havia rejeitado a


Storm, agora ele havia rejeitado-a. Ela tinha sido ousada... e ela tinha
sido tola. Storm era seu empregador e não o seu noivo. Ela tinha
começado a viver a mentira. Mas hoje parecia tão real.

E assim Dani ficou ali, a mágoa segurando-a imóvel. Ela


queria tanto chorar, mas ela não ia se entregar. Ela era Dani Swift e
ela nunca chorou. Ela sentiu um soluço subindo, mas se recusou a
deixá-lo escapar.

E assim ela sentou-se ali olhando para o nada, enquanto as


lágrimas escorriam pelo seu rosto.

140
Capítulo Sete

Pela primeira vez em sua vida, Storm estava assistindo um


jogo da NBA e não conseguia se concentrar. Se alguém fosse
perguntar a ele o que as duas equipes estavam jogando, ele
provavelmente responderia errado, ele estava tão distraído.
Perguntar-lhe o placar naquele momento seria inútil. Ele ainda
estava fervendo. Por que Dani tinha chegado nele, sabendo que ela
era virgem? Ele sabia que a primeira vez de uma mulher era
geralmente um marco significativo na vida dela, um que ela não iria
esquecer facilmente. Ela se lembraria disso para o resto de sua vida.
E ela se lembraria dele. Como então ele poderia casualmente fazer
sexo com ela? E isso era tudo que ele queria, só sexo. Nada mais.
Mas ela iria querer o “para sempre”.

E não havia nenhuma maneira que ele ia se comprometer


“para sempre”. Não agora, pelo menos. Talvez quando ele tivesse
quarenta anos. Talvez até trinta e cinco. Mas agora? Não iria
acontecer.

Ok, então ele era um covarde. Ele não queria se


comprometer com ninguém, mas era por isso que ele a havia
contratado, não era? Ela deveria estar lá para manter as mulheres
fora de suas costas e seus pais longe dos seus assuntos. Mas ela o

141
traiu. Ela estava tentando complicar a sua vida ainda mais do que já
era. Fale sobre uma virada nos eventos.

Ele esfregou as mãos sobre os olhos e deu um suspiro de


frustração. Ele não precisava deste tipo de estresse em uma tarde de
domingo.

Seu celular tocou e ele deu-lhe um olhar desconfiado. Ele não


queria falar com ninguém agora, menos ainda com a sua mãe ou pai.
Mas não era nem um deles. Era Lola.

Deus, o que era agora? Outro drama? Contra seu melhor


julgamento Storm estendeu a mão e apertou o botão para atender. É
melhor que isto seja rápido. Ele colocou o telefone no ouvido.

—Sim?

— Storm, eu estou tão feliz por encontrar você. Preciso de


sua ajuda. Precisamos da sua ajuda.

—Nós?

—Minha amiga Charlene, ela está começando um novo


negócio e precisamos desesperadamente de seu conselho.

—Nós?

—Bem, ela precisa de seu conselho. Não nós, ela. Mas eu


estava me perguntando, será que podemos ir vê-lo e discutir seu
plano de negócios? Nós só precisamos saber se ele faz sentido.

—Agora não.

142
—Claro que não, Storm. Nós não estávamos planejando ir
agora. Que tal um dia desta semana? Que tal na quarta-feira?

Por um longo tempo Storm não falou. Ele não estava com
humor para lidar com Lola ou com a sua amiga. Ele era um homem
ocupado e em cima de tudo ele tinha muito em sua mente. Mas ele
conhecia Lola. Se ela não conseguisse o que queria, ela era como um
despertador que nunca calava a boca — o tipo que continuava se
movendo e se escondendo até que você a perseguisse por toda a
sala. Por mais que ele odiasse a idéia, a única maneira que ele seria
capaz de se livrar dela seria vendo-a.

— Apareça no escritório às quatro horas — disse ele, sua voz


impassível.

— Quatro horas. Isso é um pouco cedo demais para nós.


Que tal seis?

— Eu Deixo o escritório às cinco. São quatro horas ou nada.

— Eu aceito. Vejo você então, Storm — ela disse em uma


voz cantante.

—Eu? Eu pensei que fosse “nós”.

—Oh, sim. Nós vemos você então. Au revoir2.

Quando Storm desligou o telefone ele desistiu do jogo,


desligou a TV e foi para a cama. Era a primeira vez desde a idade de

2
Tchau

143
três ou quatro anos que ele estaria indo para a cama enquanto o sol
ainda estava no céu, mas ele simplesmente não tinha energia para se
manter de pé por mais tempo. Sentia-se esgotado.

Mas no quarto, o sono não vinha. Ele se deitou de costas e


olhou para o teto. O que estava acontecendo com ele? Em sua
mente, ele continuava revivendo o dia anterior — a viagem para
Indiana, conhecendo o irmão de Dani, a diversão que eles tiveram
no caminho de volta... e então, aquela noite desastrosa quando ela
quase o prendeu em seu sonho virginal. Ela estava procurando um
príncipe encantado, não ele. Não o homem que odiava o próprio
pensamento de ser amarrado.

Storm não tinha ideia de quando ele finalmente adormeceu,


mas obviamente ele tinha, porque na próxima vez que ele abriu os
olhos era segunda-feira de manhã. E ele se sentia péssimo. E tudo o
que ele conseguia pensar era, Danielle Swift, pare de bagunçar com a
minha cabeça.

Quarta-feira veio, mas às quatro horas, nem Lola nem sua


amiga apareceram no escritório de Storm para a reunião. Ele não se
preocupou em ligar para descobrir o porquê. Havia uma coisa que
ele sabia, no entanto. Elas nunca pegariam um espaço em sua
agenda novamente.

Naquela noite Storm estava lendo as notícias do dia em seu


iPad, quando ouviu um carro parar do lado de fora. Ele foi até a

144
porta no momento em que Lola pulou fora de seu carro esportivo
prateado. Ela saltitava, toda sorrisos.

— Storm, você parece tão sombrio. Você não está feliz em


me ver? — Ela caminhou até ele e lhe deu um beijo na bochecha.

— Lola. O que você está fazendo aqui? —Esta mulher estava


se tornando um aborrecimento.

—O plano de negócios, lembra? Nós deveríamos discutir isso


hoje.

—Às quatro horas.

—Oh, isso. Ficamos presas em um evento no centro de


cidade. Não conseguimos chegar.

Ele não se preocupou em discutir. Qual seria o uso?

— Então, onde está o “nós” que você tem falado? Tudo o


que eu vejo é você.

— Oh, Charlene não conseguiu chegar — disse ela, com uma


onda irreverente de sua mão. — Isso não importa. Eu sei tudo sobre
o negócio. Eu posso discutir o plano com você.

Storm duvidava seriamente que ela podia, ou que havia


qualquer plano, mas ele deixou quieto. Ele não vinha sendo ele
mesmo ultimamente e ele não ia discutir com uma mulher teimosa
como Lola.

145
Uma vez dentro da casa, Lola parecia ter esquecido
completamente o plano de negócios. Ela se acomodou no sofá da
sala, em seguida, encontrou uma maneira de cruzar as pernas de
modo que a fenda na saia revelou um longo comprimento da coxa.

Então, ela tinha vindo a sua casa para flertar. Sem ser rude ele
teria que encontrar uma maneira de livrar-se dessa bagunça.

—Storm, querido, você poderia me pegar uma bebida? Estou


com tanta sede — disse ela, abanando-se com a mão.

—Água?

—Vinho branco gelado vai ser ótimo — disse ela. — Muito


obrigada.

Levou toda sua força de vontade para não jogá-la para fora
de sua casa. Gentilmente, Storm. Basta dar-lhe o vinho, em seguida,
dizer-lhe para ir. Ele a deixou descansando no sofá e foi para a
cozinha. Assim que ela tivesse a bebida iria embora. Ela já tinha
esgotado suas boas vindas.



146
Ligar para ele ou não ligar, essa era a questão. Dani olhou
para o celular mais uma vez tentando encontrar a coragem e se
arriscar.

Três dias inteiros haviam se passado desde que ela tinha visto
ou ouvido falar de Storm e hoje, quarta-feira, faria quatro dias.
Desde que concordou em desempenhar o papel de sua noiva falsa
este tinha sido o tempo mais longo que havia se passado sem falar
com ele e ela sentiu como se tivesse perdido um membro. Era isso o
que significava estar apaixonada? Estar tão consumida por outra
pessoa que você não conseguia comer, não conseguia dormir, parar
de pensar sobre ele? Se assim fosse, essa coisa de amor não passava
de um incômodo. Ela tinha sido feliz antes de conhecer Storm e
agora ela estava miserável. Esse tipo de problema, ela poderia ficar
sem.

Ela precisava falar com Storm, no entanto. Ela tinha que


dizer-lhe que não iria à festa com ele, na noite de sábado.

Ela ainda estava olhando para o telefone tentando criar


coragem para fazer a chamada quando o telefone tocou fazendo-a
saltar. Era Storm. Pronta ou não, era hora de começar a falar.

Ela apertou o botão verde. Antes que ele pudesse falar, ela
deixou escapar:

— Storm, eu não posso continuar com isso. Eu não posso ir


à festa com você no sábado à noite.

147
A resposta que obteve foi surpreendente. Silêncio total e
absoluto.

— Storm, você está aí? — Ela perguntou.

A voz que veio de volta para ela não era a de Storm de forma
alguma. Era a voz estridente de uma mulher. Uma voz que ela
conhecia. A de Lola.

— Oh, por favor. Por que Storm iria levá-la para a festa,
quando ele me tem? — Ela deu uma risada zombeteira. — Na
verdade, nós estamos amarrados agora. Não é, querido? — Houve
mais risadas, então a linha ficou muda.

Dani tirou o telefone do ouvido e olhou para ele sem


acreditar no que acabara de acontecer. Storm realmente tinha
discado o número dela e dado o seu telefone celular para Lola para
que a mulher pudesse insultá-la? Como ele podia ter caído tão
baixo? Com os dedos trêmulos ela colocou o celular na mesa de
café, seu coração afundando aos dedos dos pés. Storm deve
realmente odiá-la para fazer algo assim. Se ao menos ela nunca o
tivesse conhecido.



148
Os olhos de Dani se encheram de lágrimas e conforme elas
se espalharam em seu rosto, ela as enxugou com um lenço. Era tão
triste, tão triste. Por que eles até mesmo faziam filmes como este?

E ainda assim, Flores de Aço era um de seus filmes favoritos.


Cada vez que ela o assistia ela se sentia triste, mas ela nunca tinha
realmente chorado até agora. O que havia de errado com ela? Era
como se agora ela pudesse chorar na queda de um chapéu.

Que maneira de passar o sábado — assistindo filmes antigos


e chorando. Ela estava pegando outro lenço, quando ouviu a
campainha. Agora, quem poderia ser, aborrecendo-a às sete horas
em um sábado à noite?

Então ela congelou. Certamente não era Storm Hunter? Ela


rezou para que alguém tivesse simplesmente apertado a campainha
por engano. Ela levantou-se e apertou o botão do interfone.

—Olá.

— Você está pronta? — A voz de Storm lançou-se de volta


para ela.

Seu coração acelerou em seu peito.

— Pronta para quê?

— Para a festa. Eu vou esperar por você no hall de entrada.

— Mas... eu não vou.

149
Isso foi recebido em silêncio. Ela pensou que ele iria gritar,
ela pensou que ele iria se enfurecer. Mas quando ele falou, foi com
uma voz que era calma, firme e gelada.

— Eu vou dar-lhe até as sete e meia. Se você não estiver aqui


até lá, você pode seguir seu próprio caminho e eu sigo o meu. Mas
lembre-se, você vai ter que me pagar de volta cada centavo que eu te
dei no âmbito deste contrato. — Ele não esperou por uma resposta
e Dani ficou segurando o telefone no ouvido, seu corpo congelado
em estado de choque. Em seguida, ela caiu em derrota.

Ela queria desafiar Storm. Ela queria machucá-lo tanto


quanto ele a machucou. Mas era inútil. Ele era muito forte. Ele sabia
que não podia pagá-lo de volta e era por isso que ele tinha jogado
essa carta.

Ela olhou para o relógio. Dois minutos depois das sete. Não
havia tempo para ficar lá pensando. Ela tinha exatamente 28
minutos.

Dani se moveu na velocidade da luz. Ela agarrou um vestido


dourado queimado do armário, vestiu as sandálias douradas e correu
para o banheiro onde escovou os cachos de seu cabelo e fixou-o em
um coque elegante. Em seguida, ela se maquiou. Felizmente ela
nunca tinha sido muito afetada neste departamento, por isso estava
pronta em minutos. Em seguida, cavou em uma caixa em seu
armário e tirou uma bolsa elegante, um presente de um velho amigo

150
da família. Agora ela estava pronta e o relógio marcava sete e vinte e
cinco. Justo a tempo.

Quando Dani saiu do elevador, ela sabia que estava composta


e elegante. Ninguém teria imaginado que ela tinha acabado de estar
freneticamente correndo ao redor do apartamento. Quando Storm
se aproximou para cumprimentá-la, ela deu-lhe um olhar gelado e
um sorriso de boca fechada que iria deixá-lo sem dúvidas sobre a
forma como ela se sentia. Ela não gostava de ser intimidada.

Sua saudação foi tão fria quanto.

—Dani. — disse ele com um aceno de cabeça, em seguida,


deu-lhe o braço.

— Storm. — ela respondeu friamente, e enfiou a mão na


dobra do braço dele.

Eles se viraram juntos e saíram do lobby em direção à


limusine de Storm, não dizendo uma palavra até que eles estavam
sentados no carro de luxo.

Dani tinha pensado que as coisas não poderiam ficar piores


do que estavam. Mas elas ficaram.

No carro não havia necessidade dela esconder seus


verdadeiros sentimentos. Na festa, era outra questão. Lá, Dani foi
apresentada a amigo após amigo de Storm e a cada vez ela teve que
sorrir brilhantemente e agir feliz e apaixonada.

151
Quando eles viram os pais dele, a experiência foi ainda mais
difícil. Onde os amigos apenas a cumprimentaram, Edgar e Janet a
interrogaram longamente, mesmo em questões que deveriam ser
pessoais. Quando eles começariam uma família? Se houvessem
problemas eles iriam considerar medicamentos para a fertilidade?
Eles não eram casados, ainda não tinham tornado o noivado
público, e eles já estavam recebendo o terceiro grau.

Dani podia ver que Storm não estava confortável com a linha
de questionamento. Ela não ficou surpresa quando ele pegou a mão
dela e pediu-lhe para dançar. Ela sabia exatamente o que ele estava
sentindo. Como ele, ela só queria fugir.

Eles se desculparam e saíram para a pista de dança.


Infelizmente, naquele momento o DJ decidiu mudar o ritmo
animado da música de Rihanna “Love In a Hopeless place”, para a
lenta e sensual “Crazy Love”, de Brian McKnight. Quando Storm
chegou para pegá-la em seus braços, ela mal podia resistir, não na
frente de todas essas pessoas. Por mais que ela quisesse ficar longe
dele, ela tinha que fazer o seu trabalho e desempenhar o papel de
noiva amorosa. Ele deixou claro que se esquivar de seu dever não
era uma opção e ela planejava cumprir suas obrigações à risca.

Dani derreteu contra Storm e deu-lhe um olhar tão


apaixonado que ela tinha certeza de que poderia ter ganhado um
Oscar. Seu olhar de surpresa foi o suficiente para dizer-lhe que o ato
era crível. E isso era tudo o que era — um ato. Porque a partir daqui

152
isso era o mais longe que ela estava indo com Storm e nem mais um
passo adiante.

E assim eles dançaram em um estreito abraço, como qualquer


casal apaixonado iria e ninguém poderia duvidar de seu amor.

A canção quase tinha chegado ao fim quando ouviram um


bater de palmas e Dani, Storm e todo mundo se virou para ver
Edgar, parecendo grandioso em seu terno bege com gravata
dourada, pedindo a atenção de todos. O DJ abaixou a música e
Edgar deu um passo à frente, olhando corado e ansioso.

— Amigos, eu gostaria de fazer um anúncio.

Houve um silêncio sobre a multidão e todos pararam para


ouvir.

— Eu tenho boas notícias — disse ele com um largo sorriso.


—Eu não acho que seja segredo que eu estive perseguindo meu
filho para se estabelecer pelo último par de anos. Bem pessoal, eu
estou feliz em dizer que ele finalmente escolheu sua noiva e ela está
ali ao seu lado esta noite, senhorita Danielle Swift.

Um murmúrio atravessou a multidão e todos se viraram para


olhar para o casal que ficou paralisado na pista de dança.

Ninguém estava mais surpreso do que Dani. O que Edgar


fez? Era para ter sido um jogo, nada mais, apenas algo para manter
os pais excessivamente ansiosos felizes por um tempo. Agora Edgar
tinha ido e tornado público a coisa toda... sem a permissão deles.

153
Edgar e Janet estavam olhando radiantes, com orgulho para
eles, enquanto o coração de Dani estava afundando em seus sapatos.
Ela não estava noiva de seu filho e nunca estaria, não nesta vida,
nem nunca. Mesmo se ela uma vez teve a esperança dele vir a amá-
la, ela já sabia que este era um sonho impossível. O homem havia se
envolvido no pior engano de todos — ao mesmo tempo em que ele
estava brincando com ela, ele ainda estava levando Lola adiante.
Obviamente ele tinha feito a mulher pensar que ela ainda estava no
páreo. Que tipo de homem faria isso? A menos que ele realmente
quisesse Lola?

Ela não teve chance de refletir sobre essa pergunta porque,


naquele momento, Storm colocou um dedo firme sob o queixo dela
e ergueu seu rosto para ele e antes que ela pudesse reagir, ele a
estava beijando na frente da multidão agora comemorando.

Era demais. A traição, a esperança destroçada, a dor... e agora


tê-lo beijando-a como se ele estivesse apaixonado por ela quando
ambos sabiam que era uma mentira.

Atormentada e furiosa, Dani saiu de seus braços, deu um


passo para trás e deu-lhe um tapa no rosto. Então ela virou-se,
quente com a humilhação e correu pela pista de dança e para fora da
porta.

154
Capítulo Oito

Dani não tinha para onde ir. Ela não tinha carro e por ter
saído correndo do lugar, ela estava sem a sua bolsa. Ela queria ir
embora. Ela queria ficar longe do alcance de Storm e dos seus
amigos e familiares. Mas como ela poderia escapar?

Ela se apressou a descer à calçada, andando tão rápido


quanto seus saltos altos poderiam levá-la. Ela iria a pé todo o
caminho até sua casa se ela tivesse que fazer.

Ela ouviu passos e não precisava se virar para saber quem a


estava seguindo. Ela podia sentir a presença de Storm de uma
centena de metros de distância.

Ele a alcançou em segundos e agarrou-lhe o braço.

—Que tipo de número foi aquele que você fez lá dentro?


Você me envergonhou na frente de todo mundo.

Dani puxou seu braço livre e virou-se para ele. Mesmo que
ela não tivesse o direito de estar furiosa, ela estava.

— Você mereceu isso, sua besta. Como se atreve a me beijar


como se significasse algo, quando você tem Lola esperando nos
bastidores? Por que não a contratou para ser sua noiva falsa?

155
Ele franziu a testa.

— Lola? Que diabos Lola têm a ver com tudo isso?

—Ah, não se faça de idiota comigo, Storm. Eu te respeitaria


mais se você apenas tivesse sido sincero.

— Sido sincero sobre o quê? — Ele quase gritou. —Você vai


parar de falar em enigmas e me dizer o que você quer dizer?

— Bem, se você insiste — disse ela com sarcasmo. — Você


me telefonou na quarta-feira à noite e deu a Lola o telefone. Sobre o
que você esperava que a gente conversasse? Você? — Ela colocou as
mãos nos quadris. — Ou você estava apenas tentando fazer um
ponto, caso eu não quisesse jogar, você ainda teria Lola para se jogar
em cima? Que tipo de doente...

— Ei, pare. Pode parar bem ai. — Ele ergueu uma mão,
silenciando-a. — Primeiro de tudo, eu não te liguei na quarta-feira.
Desde o último sábado, a primeira vez que eu a procurei foi esta
noite. — Ele cruzou os braços sobre o peito. — E, em segundo
lugar, não há nada acontecendo entre Lola e eu e nunca haverá.

Ele suspirou e soltou os braços. Parecia que ele queria abraçá-


la, mas ao invés disso ele enfiou as mãos nos bolsos.

— Eu acho que sei o que aconteceu. Lola apareceu em minha


casa sem ser convidada quarta-feira à noite. Deixei-a talvez por
cinco minutos e fui para a cozinha. Ela deve ter usado a
oportunidade para encontrar o seu número no meu celular e ligar

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para você. — Ele balançou a cabeça. — Você tem que entender,
Dani. Mesmo que nunca tenha havido nada entre nós, Lola vê a si
mesma como uma mulher desprezada. Ela faria qualquer coisa para
destruir o que temos.

O coração de Dani deu uma guinada.

— O que nós temos? — ela sussurrou, quase com medo de


repetir isso. — Mas... nós não temos nada.

Lentamente Storm sacudiu a cabeça e um sorriso suavizou


seus lábios.

— É aí que você está errada, Dani. Temos tudo. Eu apenas


era muito teimoso para admitir isso.

Dani olhou para ele, confusa.

— Eu... não entendo.

— Eu não te culpo. — disse enigmaticamente. — A verdade


é que eu também não tinha entendido, até hoje à noite. — Ele
tomou as mãos dela nas dele. — Você sabe por que eu fiquei tão
irritado no último sábado, quando você me disse que era virgem?

—Não. — ela disse, franzindo a testa. Ela ainda estava


perdida sobre isso.

— Eu fui um covarde Dani, com medo de


comprometimento, com medo de perder o meu estilo de vida de
solteiro. Quando você me disse que nunca tinha feito amor antes, eu

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percebi que eu não poderia ficar com você e depois ir embora. Você
iria querer mais. E eu estava com medo disso. — Ele deu uma risada
amarga. — Eu fui tão irritantemente estúpido. Demorou o tempo
que passei longe de você, o tempo que passei na miséria, para eu
perceber o quanto eu quero você na minha vida. — Então ele deu-
lhe um olhar tão aberto e honesto que ela não poderia duvidar de
suas palavras. — Estou cansado de fugir, Dani. Eu quero me
comprometer e eu quero que esse compromisso seja com você.

— E... Lola — ela sussurrou, segurando a respiração.

Ele soltou uma gargalhada.

— E Lola. Este é o meu compromisso com a Lola, ficar tão


longe dela quanto eu posso, então que Deus me ajude.

— Oh, Storm — ela disse, com voz embargada. — eu te amo


tanto.

— E eu te amo, minha doce Dani. — respondeu ele, e pôs


um dedo sob o queixo dela para levantar seu rosto para ele, assim
como ele tinha feito antes. Ele colocou os lábios na bochecha dela,
beijando as lágrimas que corriam por seu rosto.

— Eu pensei que você disse que nunca chora. — ele


sussurrou.

— Desta vez — ela disse com uma fungada — é porque eu


sou a garota mais feliz do mundo.

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Ele então beijou-a nos lábios e ela o beijou de volta, com
todo o amor que ela tinha guardado em seu coração.

Passaram-se vários minutos antes que se afastassem e saíssem


um dos braços do outro.

— Venha — Storm disse finalmente — vamos voltar para


dentro antes que enviem a polícia para nos caçar.

Ela riu, pegou a mão dele e caminhou orgulhosamente ao seu


lado. Não havia nada que alguém pudesse fazer ou dizer que faria
com que ela se sentisse envergonhada, não enquanto ela tivesse
Storm, seu homem, ao seu lado.

Quando eles entraram na sala, todos se viraram em direção a


eles, mas eles devem ter visto algo de especial em seus rostos
porque, em seguida, uma pessoa começou a bater palmas, depois
outra, até que a sala inteira estava batendo palmas, recebendo-os de
volta.

Então, como se ela não tivesse tido choque suficiente para


um dia, Storm levou-a para o centro da sala e a multidão se afastou,
abrindo um espaço para eles.

Seu coração saltou em sua garganta quando ali mesmo, na


frente de seus amigos e familiares, ele caiu sobre um joelho e pegou
a mão dela na sua.

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— Danielle Swift — disse ele, olhando para o rosto dela com
uma expressão de tal devoção que seu coração tremeu. — você vai
ser minha esposa?

— Sim. — ela sussurrou — Um milhão de vezes, sim. A


multidão irrompeu em gritos e aplausos e conforme os assobios e
gritos encheram a sala, Storm se levantou, acolheu-a em seus braços
e lhe deu um beijo que compensou por todos os outros beijos que
ela tinha negado a si mesma. Dani sabia que este novo trabalho que
ele estava dando a ela, o trabalho de ser sua esposa, seria um que
duraria uma vida inteira. Ela mal podia esperar para começar.

Fim

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