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Instituto Federal do Espírito Santo

Campus Nova Venécia


Renan Lovo Boni – M22
Nova Venécia
12/04/2023

Preconceito linguístico
O preconceito linguístico é um fenômeno que ocorre quando uma determinada forma
de falar ou escrever é depreciada por uma determinada sociedade ou grupo de
pessoas. Esse tipo de preconceito é extremamente comum em todo o mundo e pode
ser observado em diversas situações, desde o ambiente escolar até o mundo
corporativo.

O preconceito linguístico geralmente se manifesta de duas maneiras principais:


através do desprezo ou da desvalorização de determinados sotaques, dialetos ou
formas de falar, e através da imposição de uma "norma culta" considerada "correta"
em vista de outras formas de expressão.

Além disso, o preconceito linguístico tem um fator importantíssimo, o fator


socioeconômico e a desigualdade social. Por motivos econômicos, muitos brasileiros
não possuem acesso à escola, por necessitarem trabalhar desde cedo ou por
morarem em locais onde não possuem escolas nas proximidades e não terem como
se locomoverem até uma escola mais distante. Por esta razão, surgiu um enorme
abismo linguístico entre os falantes das variantes estigmatizadas e os falantes das
variantes que foram normalizadas. Os falantes das variedades normalizadas se
sentem superiores, como se fossem melhores que os falantes das variantes
estigmatizadas, por terem um entendimento mais profundo sobre diversos assuntos
e oportunidades.

No Brasil, por exemplo, é muito comum que as pessoas que falam com sotaque
nordestino ou venham do interior de outras regiões sejam julgadas e tratadas com
preconceito por falantes de outras regiões. Os baianos, são alvos frequentes de
preconceito, muitos são rotulados de preguiçosos, por falarem de maneira mais
arrastada. Os nordestinos em toda a história são taxados sempre como pobres,
analfabetos e que vivem de forma precária.

Assim como no Brasil, o preconceito linguístico é um fenômeno bastante presente


em outros países e culturas ao redor do mundo. Cada país ou região pode ter suas
próprias formas de preconceito linguístico, que são influenciadas por seus costumes,
fatores históricos, sociais e culturais específicos.

Nos Estados Unidos, as pessoas que falam inglês com sotaque estrangeiro, como
os falantes de espanhol, muitas vezes são discriminadas e tratadas com
preconceito. O inglês americano padrão, que é baseado no sotaque dos falantes da
costa leste do país, é muitas vezes considerado a “forma normal” de se falar e as
outras formas de expressão são depreciadas.

Esse tipo de preconceito pode ter consequências extremamente negativas para as


pessoas afetadas. Além de limitar suas oportunidades de trabalho e estudo, o
preconceito linguístico pode também afetar sua autoestima e autoconfiança, fazendo
com que as pessoas comecem a forçar um sotaque que não existe no seu modo de
falar pois se sentem inferiores, incapazes e até com vergonha de falar do jeito que
aprenderam. O preconceito linguístico vem junto a exclusão social, que é mais
comum do que imaginamos. Há muitos serviços que os falantes da variação
estigmatizada não podem usar pelo simples fato de não compreenderem a
linguagem utilizada, a linguagem dos documentos oficiais do governo deveria ser de
fácil compreensão para escolarizados e não escolarizados. Além disso são
excluídos de grupos sociais diminuídos e inferiorizados por grande parte da
sociedade, tirando a visibilidade que o ser humano tem só por causa de seu modo
de fala.

No entanto, é importante lembrar que não existe uma única forma "correta" de falar
ou escrever. A língua é um fenômeno extremamente dinâmico e variável, que se
adapta e evolui constantemente de acordo com as necessidades e experiências dos
falantes, só que essa concepção de certo e errado não funciona, pois o que certo
hoje pode variar com o tempo. Tal preconceito é decorrente do ensino da gramática
normativa que aprendemos, em que nos acostumamos a achar que toda forma
gramatical que é diferente das que nos foram apresentadas estão erradas.

Além disso, é preciso reconhecer que todas as formas de expressão têm valor e
merecem ser respeitadas. O sotaque ou dialeto de uma pessoa pode ser uma parte
importante de sua identidade cultural, assim como a forma como ela se expressa
pode ser influenciada por sua formação e história de vida.
Portanto, é essencial combater o preconceito linguístico em todas as suas formas.
Isso pode ser feito através da promoção de uma educação mais inclusiva e
diversificada, que valorize todas as formas de expressão e ajude a combater
estereótipos e preconceitos. As famílias também precisam fazer a sua parte na
educação dos filhos, abordando o assunto e orientando a não se calarem ao serem
vítimas do preconceito, para que sejam um exemplo a outras pessoas que também
sofrem com tal discriminação. Também é importante criar espaços de diálogo e
intercâmbio entre pessoas de diferentes origens linguísticas, de forma a promover a
compreensão mútua e o respeito pela diversidade.

Em resumo, o preconceito linguístico é um fenômeno que afeta milhões de pessoas


em todo o mundo e pode ter consequências extremamente negativas. No entanto, é
possível combater esse tipo de preconceito através da valorização da diversidade
linguística e cultural, da promoção de uma educação mais inclusiva e diversificada, e
do diálogo e intercâmbio entre pessoas de diferentes origens e experiências.

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