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Francisco de Rezende Lirio - 00343823

Atividade para a disciplina de História e Relações Étnico-raciais - Turma A - Avaliação sobre saída
ao Museu do Percurso do Negro
Prof. Drª. Fernanda Oliveira da Silva

Respostas:

1. O Museu mexeu muito comigo no sentido de me fazer repensar o espaço urbano, seus
prédios, suas estátuas, e olhar para o centro histórico de modo bem menos neutro, conhecendo uma
história de Porto Alegre que eu de outro modo jamais aprenderia, e me fazendo imaginar todas as
histórias ainda não contadas que guarda a cidade. Vim de Sapucaia, uma cidade nova, para estudar
aqui na faculdade, então foi muito impactante conhecer lugares com uma história tão antiga e
dolorosa, além de realizar um percurso vivo que, como no painel de Pelópidas, pinta de colorido o
meio do concreto cinza, com obras que, em vez de retratar heróis, contam histórias de povos.
Durante o percurso me interessei por analisar como se davam as relações des estudantes
e do público em geral com os espaços, como no Assentamento do Bará, que eu já havia visto mas
não entendia o porquê das moedas, além de me marcar muito a percepção de territorialização
concebida naqueles espaços, em especial o desconforto (e talvez outros sentimentos não muito bem
elaborados) que me trouxe a Igreja das Dores, pois não sabia da existência de um pelourinho no
local, e do largo das Quitandeiras como um espaço de pulsão de vida e resistência, marcado em
nosso grupo mais fortemente quando, na volta, vimos a PM estacionada em cima da pegada. Foi
uma finalização intensa que nos relembrou que as feridas históricas estudadas naquela manhã
seguem explicitamente abertas.

2. O racismo interfere em nossas concepções de passado histórico a todo o momento,


seja nos silenciamentos, apagamentos, ou invisibilidades das histórias não-hegemônicas, seja na
escolha das narrativas da história única branca, com a evocação de nobreza das colonizações
europeias, ignorando sua razão ser o branqueamento, ou com a ereção de seus suntuosos
monumentos de homens em cavalos empunhando espadas, que são colocados à vista e no
imaginário popular há séculos, sendo necessárias constantes intervenções como, por exemplo, a
criação do 20 de Novembro pelo MNU ou a criação do próprio Museu do Percurso do Negro, a fim
de trazer contra-narrativas históricas.
Interfere quando nos rouba as histórias de Dandara, da Independência do Haiti, da
Bahia, da Revolta dos Malês, da Chibata, e de incontáveis passados aos quais eu, quando me formei
em 2011, não conheci. Interfere quando cria um mito de democracia, apagando os privilégios
brancos e quão imperativo é que esse grupo trabalhe ativamente na reparação histórico-racial, ou
também, por exemplo, quando tolhe a compreensão da pluralidade étnico-racial do país, causando
etno e epistemicídio dos povos originários, bem como de toda sua história oral.

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