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O Prólogo da Nossa Redenção

Êxodo 20.1-2

Introdução:

- Antes de adentramos no nosso texto, gostaria explicar o que é um prólogo.

- Um prólogo é uma seção introdutória encontrada em muitas formas de escrita,


incluindo obras literárias, peças teatrais, filmes, e até mesmo textos religiosos, como
a Bíblia.

- A função principal é preparar o leitor, espectador ou ouvinte para o que está por
vir, estabelecendo o contexto, introduzindo personagens ou conceitos importantes e
estabelecendo o tom ou a atmosfera da obra.

- Na literatura, por exemplo, um prólogo pode fornecer informações essenciais sobre


a trama, apresentar personagens-chave ou explicar o contexto histórico em que a
história se desenrola.

- Em peças teatrais, o prólogo muitas vezes estabelece o cenário ou fornece um


resumo do enredo. Em filmes, pode apresentar a ambientação, os personagens
principais ou até mesmo estabelecer o clima emocional da narrativa.

- No contexto religioso, como na Bíblia, o prólogo muitas vezes serve como uma
introdução aos temas centrais do texto, estabelecendo a autoridade divina por trás
da escrita e preparando o leitor para as mensagens e lições espirituais que se
seguirão.

- A importância do prólogo reside em sua capacidade de situar o público na história


ou no tema tratado, criando expectativas e fornecendo o contexto necessário para
uma compreensão mais profunda e significativa da obra. Ele ajuda a estabelecer
uma conexão inicial entre o criador da obra e seu público-alvo, pavimentando o
caminho para uma experiência mais envolvente e gratificante.

- Certo, mas o que tem a ver isto com a nossa mensagem está noite?
- Êxodo é um conto épico de fogo, areia, vento e água. A aventura transcorre sob o
ardente sol do deserto, quase às sombras das grandes pirâmides.

- Há duas nações poderosas – Israel e Egito – lideradas por dois grandes homens –
Moisés, o herói libertador, e Faraó, o vilão escravizador.

- Quase todas as cenas são obras-primas: o bebê no cesto, a sarça ardente, o rio de
sangue e as outras pragas, o anjo da morte, a travessia do mar Vermelho, o maná
no deserto, a água da rocha, os trovões e relâmpagos na montanha, os Dez
Mandamentos, a coluna de nuvem durante o dia e a coluna de fogo durante a noite,
o bezerro de ouro e a glória no tabernáculo.

- Uma vez que ouvimos a história nunca mais a esquecemos. Para os judeus, é a
história que define a própria existência deles, o resgate que fez deles o povo de Deus.

- Para os cristãos, é o evangelho do Antigo Testamento, o primeiro grande ato de


redenção de Deus.

- Não nos cansamos de voltar para o êxodo, porque percebemos que, de algum modo,
ele é significativo para toda a raça humana. É a história que dá a todo cativo a
esperança da liberdade.

- O êxodo mostra que existe um Deus que salva, que liberta seu povo da escravidão.

- A palavra êxodo significa “saída” ou “partida”. Ela ocorre pela primeira vez no
início do capítulo 19: “No terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do
Egito” (v. 1).

- E justamente no capitulo 20 temos o prólogo da nossa redenção.

- Êxodo 20 vai tratar especificamente da entrega dos dez mandamentos.

- Todos nós sabemos da importância de Estudar e Obedecer aos Dez Mandamentos.


- Um certo autor americano chamado James Petterson junto com seu amigo Peter
Kim, escreveram um livro chamado o Dia Em Que a América disse a Verdade. Neste
livro eles expõe a lei para os tempos pós-modernos.

- Eles observam que, hoje, não existe “absolutamente nenhum consenso moral [...]
Cada um estabelece seu próprio código moral pessoal – seus próprios Dez
Mandamentos”.

- Patterson e Kim apresentam, então, uma lista daquilo que chamam de os “dez
verdadeiros mandamentos”, as regras que, segundo as suas pesquisas, as pessoas
seguem em sua vida. Essas regras incluem as seguintes:

• Não vejo sentido em observar o sábado.


• Roubarei daqueles que não sentirão falta daquilo.
• Mentirei quando me convier, contanto que não cause danos reais.
• Trairei meu marido/minha esposa – afinal de contas, se ele/ela tiver chance,
fará o mesmo.
• Cruzarei os braços e não farei absolutamente nada no trabalho em um dia
da semana.

- Esperaríamos encontrar uma situação um pouco melhor na igreja. Certamente, o


próprio povo de Deus honraria o padrão permanente e objetivo da lei de Deus! Mas
a igreja está cheia de adoradores que nem mesmo conhecem os Dez Mandamentos,
muito menos sabem como observá-los.

- Como isso é possível? Como as pessoas podem estar mais interessadas em Deus e,
ao mesmo tempo, estar menos dispostas a fazer o que ele diz? A única explicação é
que as pessoas não conhecem o Deus da Bíblia, pois se conhecessem reconheceriam
a autoridade absoluta de sua lei.

- Respeito por Deus sempre exige respeito por sua lei. E sempre que as pessoas têm
pouca consideração pela lei de Deus, como acontece na nossa cultura, isso se deve à
baixa estima que elas têm de Deus.
- Se a lei vem de Deus, então é melhor começar entendê-la pelo próprio Deus. E é
exatamente aqui que o livro de Êxodo inicia sua apresentação dos Dez
Mandamentos. Por isto, antes de iniciar a lista das ordens, Moises escreve uma
introdução para os dez mandamentos.

- Os Judeus ortodoxos deram tanto valor a esta parte que acabaram tornando ele o
primeiro mandamento. Porém, não há ordem alguma nesta parte. Deus começa seus
mandamentos no verso 3 de Êxodo 20.

- Então, o prologo não é um mandamento, porém, requer uma atenção especial


nossa, pois contém verdades que nos ajudam a compreender quem Deus é e o que
Ele fez por nós.

- O prefácio dos Dez Mandamentos nos ensina que temos a obrigação de guardar
todos os mandamentos de Deus, por ser ele o Senhor nosso Deus e Redentor.

- Mas sobre que direito Deus faz isto? E o que podemos aprender sobre Deus e sobre
a nossa redenção com o prólogo dos Dez Mandamentos? Vejamos:

1. O prólogo nos ensina que há uma relação especial de Deus para com seu povo
– “Eu sou o Senhor teu Deus”.

- Para obtermos uma noção de quem Deus é, ajuda nos lembrarmos do cenário. Deus
estava falando aos israelitas reunidos ao pé do monte Sinai. Êxodo 19 descreve como
Deus desceu sobre a montanha em grande poder e glória, com trovão e relâmpago,
fogo e fumaça.

- Os israelitas não podiam se aproximar mais, caso contrário morreriam. Eles


haviam entrado na presença do Deus terrível e Todo-Poderoso, que vive em
santidade inacessível. Evidentemente, tudo o que esse Deus tem a dizer exige a nossa
atenção mais plena e cautelosa.
- O que recebemos do monte Sinai não foi simplesmente a lei de Moisés, mas a lei de
Deus, expressa na revelação de sua glória. Como escreveria Isaías mais tarde: “Foi
do agrado do Senhor, por amor da sua própria justiça, engrandecer a lei e fazê-la
gloriosa” (Is 42.21).

- Veja, Deus mostra ser aquele que tem direito de ditar ordens, ser aquele a quem se
deve obediência através não de uma ação tirânica, mas de uma forma doce
pronunciando ser o Deus do seus Povo.

- Apesar de Deus ter revelado sua glória no fogo e na fumaça da montanha, ele
ofereceu uma manifestação mais plena de sua divindade quando começou a falar.
Disse: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”
(20.2).

- Em outras palavras, Deus está dizendo o seguinte para o povo: Eu vos escolhi para
mim por povo, para que vocês não apenas desfrutem deste benefício na vida
presente, mas também na vida futura.

- Deus é o Senhor. Aqui, ele usa seu nome especial da aliança, Yahweh. Ele é o grande
Eu Sou, o Senhor soberano e Todo-Poderoso. Ele é o Deus supremo, autoexistente,
eterno e imutável que se vinculou a Abraão, Isaque e Jacó por meio da promessa
inviolável de sua aliança.

- Além disso, ele é nosso Deus pessoal. “Eu sou o Senhor, teu Deus”, ele diz. De modo
um tanto surpreendente, ele usa a segunda pessoa no singular, indicando, assim, que
tem um relacionamento pessoal com cada indivíduo do seu povo.

- Esse relacionamento pessoal também é um relacionamento salvador, pois Deus


continua e diz: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da
servidão” (20.2). Esse é um resumo de tudo o que havia acontecido até agora em
Êxodo.

- Temos uma relação especial com o nosso Deus. Uma relação pessoal. Não é com
qualquer pessoa, é com Ele.
- Sua revelação no Sinai foi acompanhada de relâmpagos e trovões (Ex 19.16). Os
israelistas estavam lá ao redor do monte. Eles ouviram as palavras de Deus repetidas
em Dt 4.10. Isto é um reconhecimento da Gloria e da Majestade de Deus.

- Eles deveriam honrar a esse Deus. A honra de um filho em relação ao pai e a de


um servo em relação ao filho.

- O prologo serve de memorial para esta verdade.

2. O prólogo nos ensina como Deus quer que vivamos.

- Pode ser surpreendente descobrir que Êxodo 20 começa não com a lei, mas com o
evangelho: “Então, falou Deus todas estas palavras: Eu sou o Senhor, teu Deus, que
te tirei da terra do Egito, da casa da servidão” (20.1-2).

- Como vimos, esses versículos ensinam que a lei vem de Deus – do grande Deus da
aliança que revelou a sua glória na montanha. E esse grande Deus é um Deus que
salva!

- No início do capítulo 20, Deus resume toda a aventura épica do êxodo em duas
expressões sucintas: “que te tirei da terra do Egito” e “da casa da servidão”. Deus
estava lembrando ao seu povo as boas-novas da sua salvação. Durante séculos, o
povo havia sofrido na prisão de Faraó.

- Mas, ao enviar 10 pragas terríveis, ao salvá-lo por meio do sangue de um cordeiro,


ao represar o mar e ao fornecer pão no deserto, Deus libertou seu povo. Sua
libertação foi o grande evento salvador do Antigo Testamento. Quase imediatamente
após libertar o seu povo, Deus lhe deu a sua lei. A ordem é significativa: primeiro o
evangelho, depois a lei.

- Muitos cristãos acreditam que, de alguma forma, a lei se opõe ao evangelho.


Supõem que, no Antigo Testamento, a salvação vinha por meio da lei; no Novo
Testamento, por meio da graça.
- Mas a verdade é que a salvação sempre veio por meio da graça e que a lei e o
evangelho cooperam para a salvação em ambos os Testamentos. A graça do
evangelho jamais se opôs ao uso correto da lei.

- Vemos a lei e o evangelho trabalhando juntos em Êxodo, que contém o exemplo


mais claro de salvação e a apresentação mais plena da lei de Deus no Antigo
Testamento.

- É importante observar que Deus só deu os Dez Mandamentos a Israel no capítulo


20. Antes vêm os capítulos 1 a 19, que contam a história da salvação pela graça – em
que Deus cumpre a promessa de sua aliança ao tirar Israel do Egito. Depois vem o
capítulo 20, no qual Deus dá ao seu povo uma lei pela qual ele deve viver.

- Note que, primeiro Deus liberta, depois entrega a Lei. Ou seja, liberdade e limites
convergem aqui.

- Veja, Deus pretendia que sua lei tivesse esse efeito limitador sobre Israel. Quando
o povo recebeu os Dez Mandamentos, as pessoas responderam com temor e tremor.
Ficaram aterrorizadas com Deus e o poder de sua voz.

- Mas Moisés lhes garantiu que a lei de Deus era para o seu próprio benefício. Disse:
“Não temais; Deus veio para vos provar e para que o seu temor esteja diante de vós,
a fim de que não pequeis” (20.20). A lei era, em parte, um impedimento. Tinha o
propósito preventivo de manter o povo de Deus longe do pecado. A ameaça da
penalidade da lei mantinha sua depravação sob controle.

- A razão pela qual a lei é capaz de impedir que as pessoas pequem é que ela expressa
muitos dos atributos divinos do Deus Todo-Poderoso, como, por exemplo, sua
soberania e justiça. Por isso, a lei tem o poder de encorajar o temor de Deus e, ao
mesmo tempo, desencorajar qualquer desejo pecaminoso contra ele. A lei ensina que
existe um Deus grande e poderoso que pune as pessoas por seus pecados. Isso,
inevitavelmente, tem o efeito de nos advertir a não pecar contra ele.
- A lei de Deus informa a consciência para que quem venha a ler os Dez
Mandamentos tenha uma percepção mais clara daquilo que Deus exige e daquilo
que Deus proíbe. Esse conhecimento de Deus e de sua lei pode afastar as pessoas do
pecado.

- Veja, para sua existência, um peixe permanece limitado à água, é um elemento que
lhe é próprio. Porém este limite não tira a liberdade que o peixe tem de viver na
água. Caso se aventure a ir para fora dos limites que lhe foram impostos, ele
morrerá. Semelhantemente, os homens são livres como os peixes na água e as aves
no ar, apenas quando atendem à lei de Deus (Tg 1.25).

- Então, Deus estipula sua Lei não para prender, mas para libertar. Um tema
recorrente no pentateuco é que aquele que guardar a Lei viverá.

- A lei é a melodia cujas notas consistem de viver em alegria diante do Senhor.

- Na Lei, à uma ênfase, não a restrição, mas sim a preocupação de impedir que
alguém que tenha sido liberto caia novamente em escravidão.

- Isto porque a vida segundo a Lei é santa. O livro de levítico mostra claramente que
essa vida santa está intimamente ligada à libertação da escravidão no Egito.
Inclusive, em Levítico, vemos o prologo dos dez mandamentos sendo repetido
regularmente atrelado a ordem de Sede Santos (Lv 14.45; 19.2; 23.31-33).

- Isto indica que Deus diz ao povo que eles não podem se comportar como o povo do
Egito, nem muito menos como os povos de Canaã para onde estavam sendo
conduzidos.

- Deus separou Israel das nações para esta fosse sua propriedade (Lv 20.26).

- Ele é santo, o que significa que ele é completamente diferente de todos os outros
deuses, de outra forma, seu povo não mais poderia viver segundo o estilo de vida do
Egito.
- Israel deveria viver de modo diferente em todas as dimensões da vida, um estilo
diferente do encontrado no Egito ou entre os povos pagãos de Canaã.

- Desfrutar de liberdade significa viver a antítese. A um Deus separado pertence um


povo separado.

- Isto nos mostra uma coisa, o fato de pertencermos a Ele significa que devemos viver
como Ele.

- Parafraseando as palavras de Paulo ao Jovem Timoteo em 2 Tm 3.14, Tu, Porém.


As demais nações podem seguir a outros deuses, vocês não. As demais nações podem
se entregar as orgias, vocês não. As demais nações podem fazer alianças com o
mundo, vocês.

- Para nós, igreja, as palavras de Êxodo 20.1-2 soam da mesma forma. Eu sou teu
Deus, tu Porém, vive de acordo com minha lei, pois tenho uma relação especial
contigo.

- Veja que a regra que proíbe alguma coisa em particular ainda permite muitas
outras. No Éden, era proibido comer do fruto de uma árvore, mas era permitido
comer do fruto de todas as outras, incluindo, a árvore da vida.

3. O prólogo nos ensina que necessitamos de um Salvador

- Veja, no prólogo, Deus estava lembrando aos israelitas que ele não era apenas seu
Senhor e seu Deus, mas também seu Redentor. E foi este o fundamento no qual ele
estabeleceu a lei para a vida do povo.

- Ele ensina ao povo remido de Deus como viver para a glória de Deus e restringe o
pecado na sociedade.
- Mas existe uma coisa que a lei é incapaz de fazer, a saber, trazer a salvação plena
e final. A lei é impotente nesse sentido porque é enfraquecida pela natureza
pecaminosa (veja Rm 8.3). Mas até mesmo em sua impotência a lei se revela útil,
pois demonstra que precisamos de alguém para nos salvar. Este é, talvez, o uso mais
importante da lei: mostrar ao pecador que ele precisa de um Salvador.

- Era o privilégio singular de Israel receber a lei diretamente de Deus. O que Deus
disse a Israel é essencialmente a mesma coisa que ele diz a cada pessoa que crê em
Cristo: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirou do Egito do teu pecado, da tua
escravidão a Satanás”.

- Por meio da obra salvadora de Jesus Cristo crucificado e ressurreto, Deus é o nosso
Senhor soberano e nosso Salvador pessoal e, por isso, ele tem o direito de reivindicar
autoridade legal sobre nós. A lei vem de Deus, que é nosso Salvador e nosso Senhor.

- No prologo, Deus se apresenta como o Senhor, YAHWEH, que tirou Israel do Egito
e da casa da servidão.

- O que temos aqui é uma rememoração do benefício feito ao povo. Isto nos alerta
para algo muito sério, quando não cumprimos os mandamentos do Senhor. Quando
não andamos de acordo com sua lei, estamos agindo de ingratidão para com Ele e
Sua salvação.

- Para entender como a lei faz isso, é preciso compreender que Israel era obrigado a
observar a lei perfeitamente. Existem vários indícios disso em Êxodo. Encontramos
um no capítulo 24, em que os israelitas prometem obedecer a lei de Deus. Após
Moisés ter lido o livro da aliança, o povo disse: “Tudo o que falou o Senhor faremos
e obedeceremos” (24.7).

- Os israelitas estavam comprometidos em virtude de sua própria promessa de


guardar a aliança de Deus. Mais tarde, Moisés lhes disse: “Então, vos anunciou ele
[Deus] a sua aliança, que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em
duas tábuas de pedra” (Dt 4.13).
- Os israelitas eram obrigados a observar a lei de Deus, não simplesmente porque
foi isso que eles prometeram, mas porque era isso que sua salvação exigia:
obediência perfeita à vontade revelada de Deus.

- Em certo sentido, é claro, os israelitas já estavam salvos. Eles haviam sido libertos
do Egito. No entanto, esta não era a sua salvação plena e final. Era apenas uma
libertação terrena, e Deus estava planejando uma eternidade para eles com ele no
céu.

- Mas, para que alcançassem seu destino, eles teriam de satisfazer as exigências
justas da lei de Deus. Como Moisés os lembrou mais tarde, “o Senhor nos ordenou
cumpríssemos todos estes estatutos [...] Será por nós justiça, quando tivermos
cuidado de cumprir todos estes mandamentos perante o Senhor, nosso Deus, como
nos tem ordenado” (Dt 6.24a-25). E repetiu: “Portanto, os meus estatutos e os meus
juízos guardareis; cumprindo-os, o homem viverá por eles” (Lv 18.5).

- Mais tarde, Jesus fez uma declaração praticamente idêntica: “Se queres, porém,
entrar na vida, guarda os mandamentos” (Mt 19.17b). A fim de serem justos perante
Deus, os israelitas precisavam obedecer a sua lei; se o fizessem, seriam salvos para
sempre.

- O problema é que eles não conseguiram cumpri-la! Na verdade, assim que Deus
lhes dissera que eles não deveriam ter outros deuses, eles foram e fizeram um
bezerro de ouro (Êx 32). Isso mostra que, a despeito de toda a sua utilidade para nos
ensinar como viver, a lei não tem o poder de transformar a nossa natureza
pecaminosa.

- Em vez disso, ela, como um espelho que revela cada mancha no rosto de uma
pessoa, revela quão pecaminosos realmente somos. Pior ainda, a lei pode até
provocar o nosso pecado.

- O apóstolo Paulo discutiu isso em Romanos 7.


- Primeiro, ele revelou o que acabamos de discutir, ou seja, que a lei revela o nosso
pecado: “Eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei” (Rm 7.7b).
Então, usando o décimo mandamento como exemplo, ele explicou que, de várias
maneiras, a lei serve para estimular o pecado: “não teria eu conhecido a cobiça, se a
lei não dissera: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento,
despertou em mim toda sorte de concupiscência” (Rm 7.7c,8a).

- Já é ruim que a lei provoque o pecado, mas a situação fica ainda pior, pois o pecado
leva à morte. Paulo continuou: “Porque, sem lei, está morto o pecado. Outrora, sem
a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri. E o
mandamento que me fora para vida, verifiquei que este mesmo se me tornou para
morte. Porque o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo mesmo
mandamento, me enganou e me matou” (Rm 7.8b-11).

- Violar a lei leva à morte. Isso já seria ruim o bastante, mas, acredite ou não, a
situação fica ainda pior, pois aqueles que pecam e morrem se encontram sob a
maldição de Deus. Como dizem as Escrituras: “Maldito todo aquele que não
permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las” (Gl 3.10).
Esta, então, era a situação: o povo de Deus era obrigado a obedecer a uma lei à qual
não podia obedecer.

- Em vez de trazer-lhe salvação plena e final, a lei expôs seu pecado, sujeitando o
povo à morte e à ira e maldição de Deus.

- João Calvino escreveu que, ao mesmo tempo em que a lei “demonstra a justiça de
Deus, i.e., a única justiça aceitável a Deus, ela adverte, informa, julga e condena cada
homem por sua própria injustiça”.

- Por que, então, Deus deu a lei ao seu povo? Por que ele lhe deu algo que não apenas
lhe daria ordens, mas também o condenaria?

- A resposta é que ele lhe deu sua lei para que o povo cresse em seu evangelho. Todos
os grandes teólogos entenderam isso. Agostinho disse: “A utilidade da lei está em
sua capacidade de convencer o homem de sua enfermidade e incentivá-lo a clamar
pelo remédio da graça, que está em Cristo”.

- Martinho Lutero explicou assim: “[...] não abolimos a lei; antes mostramos sua
função e seu uso verdadeiros, ou seja, que ela é um servo útil que nos impele em
direção a Cristo. Agora que a lei o humilhou, o aterrorizou e o esmagou
completamente, de modo que você se encontra à beira do desespero, cuide para que
saiba como usar a lei corretamente, pois sua função e utilidade não é apenas revelar
o pecado e a ira de Deus, mas também levar-nos a Cristo”.

- João Calvino expressou isso com palavras mais simples: “Moisés não tinha outra
intenção senão convidar todos os homens a irem diretamente para Cristo”.

- E Charles Spurgeon disse: “Assim como a agulha afiada prepara o caminho para
o fio, assim a lei afiada abre o caminho para o brilhante fio de prata da graça
divina”.

- O plano de Deus era enviar um Salvador para o seu povo. Mas, antes, ele lhe deu
a lei na forma de uma aliança de obras – uma aliança que o povo não conseguiria
cumprir. Ao revelar seu pecado, essa lei mostrou que eles precisavam de um
Salvador eterno, e isso os fez desejar a vinda de Cristo. Como nós, os israelitas foram
salvos pela graça por meio da fé.

- A diferença primária é que a sua fé se firmava no Salvador que estava por vir,
enquanto a nossa se firma no Salvador que Deus já enviou.

- Mas como os israelitas poderiam ter reconhecido a sua necessidade de um Salvador


se o seu pecado não tivesse sido primeiramente exposto e amaldiçoado pela lei de
Deus? É por isso que eles precisavam da lei. Precisavam dela para ajudá-los a crer
no evangelho, e, assim, a lei de Deus acabou servindo para glorificar a graça de Deus.

- Paulo explicou assim: “Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde
abundou o pecado, superabundou a graça, a fim de que, como o pecado reinou pela
morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante
Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 5.20-21).

4. Conclusão:

- Aqui no prologo vemos que Deus é aquele que salva e liberta, que cumpre as
promessas feitas aos pais Abraão, Isaque e Jacó.

- Deus se comprometeu mediante um pacto com Abraão, de que dele faria uma
grande nação e que todas as nações da Terra seriam abençoadas. Quando ele se
apresentou a Moises, trouxe de volta este pacto à memória. Esse Deus agora, se
compadece dos descendentes de Abraão. Então Deus mostra quem ele era. O pacto
feito com os patriarcas agora era renovado no Sinai. A nação tinha sido libertada do
Egito e sabia que o Deus que havia libertado era o EU SOU, aquele que cumpre as
promessas.

- Isto nos dá uma lição de Esperança. Ele virá cumprir sua promessa.

- Considere outra coisa, tudo isto que acontece com Israel tem haver conosco. A
servidão do povo no Egito é a representação de um tipo de cativeiro espiritual no
qual todos estamos retidos, até que, libertados pelo poder do Senhor.

- O pacto, do qual os Dez Mandamentos são o conteúdo, é o pacto da graça, e a


libertação da escravidão do Egito. É um livramento imerecido.

- A qual a relação do prólogo da Lei e o prólogo da nova aliança?

- Alguns elementos do prologo se tornam mais evidentes a luz do Novo Testamento.

- A lei continua em vigor hoje? É claro que sim! Como a Bíblia demonstra do início
ao fim, os Dez Mandamentos nos mostram a maneira correta de viver. São baseados
na justiça de Deus, o que explica por que até mesmo o Novo Testamento tem tantas
coisas positivas a dizer sobre a lei de Deus. “Anulamos, pois, a lei pela fé?”, pergunta
Paulo. “Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei” (Rm 3.31). Mais
adiante, ele descreve o mandamento como “santo, e justo, e bom” (Rm 7.12) e insiste
que ele não está “sem lei para com Deus”, mas permanece “debaixo da lei de Cristo”
(1Co 9.21).

- Tudo isso diz respeito à lei. E quanto ao evangelho? A resposta é basicamente esta:
é a nossa violação da lei que nos ajuda a reconhecer a nossa necessidade do
evangelho. Quanto mais clara for a nossa visão daquilo que exige a lei de Deus, mais
óbvio se torna que não somos capazes de observar os seus mandamentos, o que é
exatamente a razão pela qual precisamos do evangelho.

- Não podemos ser salvos por nossa observância da lei porque não a observamos.

- Mas Jesus a observou! Ele observou toda a lei em nosso lugar. Perfeitamente. E em
sua morte na cruz ele sofreu a penalidade que nós merecíamos por nossa
incapacidade de observar a lei de Deus.

- Agora, todos os que creem em Jesus Cristo serão salvos graças à sua observância
da lei e por causa do seu sofrimento de sua maldição. Como crentes em Jesus Cristo,
precisamos continuar a observar a lei de Deus? Sim. A lei moral expressa a vontade
justa e perfeita de Deus para a nossa vida. Assim, Jesus ordena que a observemos
não como uma maneira de acertar as contas com Deus, mas como a maneira de
agradar ao Deus que acertou as nossas contas com ele.

- Na lei nós temos um espelho no qual vemos a nós mesmos como realmente somos:
Não mate, porque você é um assassino; não adultere, porque você realmente é um
adúltero.

- A lei tem função reveladora (Usus elenchticus). Isto serve para nos livrar do engano
da autojustiça.

- Mas separada de Cristo, a Lei nos condena; e nas mãos de Cristo, porém, ela
permanece sendo a nossa carta de liberdade. Isto funciona para reconhecimento da
nossa miséria que nos conduz a Cristo e como regra de gratidão, que nos ensina a
viver de forma correta, como Deus projetou no Éden.

• Reflexão:

• O que faremos diante desta liberdade?


• Entendemos que somos um povo diferente?
• Entendemos que obedecer a Lei do Senhor é o caminho para a liberdade?
• O que fazermos amanhã com estas verdades?

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