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ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DO PORTO

Curso De Licenciatura Em Enfermagem

Unidade Curricular De Socioantropologia Da Saúde

Recensão crítica da tese

PERCEÇÕES ACERCA DA VIOLÊNCIA CONTRA PESSOAS IDOSAS: A


PERSPETIVA DO IDOSO

Turno: 4

Integrantes:

Filipa Gouveia - ep11220

Diogo Pinto - ep11295

Jéssica Soares - ep11340

Vanessa Moreira - ep11326

Emilly Ruiz - ep11368

Docente: Cláudia Ribeiro

Porto, 2023

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ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DO PORTO

Curso De Licenciatura Em Enfermagem

PERCEÇÕES ACERCA DA VIOLÊNCIA


CONTRA PESSOAS IDOSAS: A PERSPETIVA
DO IDOSO

Orientadora: Cláudia Ribeiro

Autores: Filipa Gouveia - ep11220, Diogo


Pinto - ep11295, Jéssica Soares - ep11340,
Vanessa Moreira - ep11326, Emilly Ruiz -
ep11368

Porto, 2023

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Índice

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 4
2. SÍNTESE DO ESTUDO .......................................................................................... 6
2.1. Problema inicial e relevância do estudo ..................................................................... 6
2.2. Enquadramento teórico .............................................................................................. 7
2.3. Metodologia ............................................................................................................. 10
2.4. Principais resultados ................................................................................................. 13
3. ANÁLISE CRÍTICA .............................................................................................. 18
3.1. Aspetos positivos ...................................................................................................... 19
3.2. Dúvidas e interrogações ........................................................................................... 20
3.3. Pertinência dos resultados para a saúde e enfermagem.......................................... 22
4. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 24
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 27

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1. INTRODUÇÃO

A tese que nos propomos a analisar neste trabalho tem como título “Perceção acerca da
violência contra pessoas idosas: A perspetiva do idoso”. A autora, Seraphina Ganja Rosa
Cichowsky, pretendia com esta tese, a obtenção do grau de Mestre em Sociologia e o seu
principal foco de estudo foi o “fenómeno da violência cometido contra pessoas idosas, ocorrida
em contexto familiar e/ou institucional” (Cichowsky. S, 2015).

A autora pretendeu investigar as perceções e opiniões que os próprios idosos atribuem à


violência dirigida a pessoas na sua faixa etária. Cichowsky parte da ideia de que a perceção do
conceito de violência para cada indivíduo é variável, tendo uma dependência multifatorial (Gil,
2012), tais como, especificidades culturais, idade, género, contexto residencial, perfis
qualificacionais e última profissão (Cichowsky. S, 2015). Para além disto, ainda é relevante para
a perceção individual de violência, se o idoso já foi vítima de maus-tratos/abusos ao longo da
sua vida (Cichowsky. S, 2015). A população-alvo desta tese é a população idosa com 65 ou mais
anos e, para assegurar uma maior amplitude da amostra, escolheram-se indivíduos do sexo
masculino e feminino.

O envelhecimento é visto como um processo de mudanças física, psicológica e social que


molda o próprio indivíduo e influencia a sua inerente definição social. As transformações físicas
decorrentes deste processo tornam-se mais evidentes quando condicionam as expectativas da
sociedade, associando os “mais velhos” a categorias sociais específicas. Posto isto, o
envelhecimento é complexo e pode ser visto, por cada indivíduo e sociedade, de forma
diferente. É possível, então, compreender que a conceção da ideia do que é o envelhecimento
está intimamente ligada aos ideais da sociedade vigente e, portanto, esta visão social é o que
condiciona as alterações ao estatuto do idoso na sociedade. O envelhecimento é visto como um
processo multifacetado que varia significativamente de uma cultura para outra e ao longo do
tempo. O envelhecimento generalizado das populações humanas é algo relativamente recente
e caracteriza-se pelo aumento do número de idosos, tendo efeitos socioeconómicos
impactantes. O processo de envelhecer é algo orgânico e natural, mas que leva a que se
desenvolva uma fragilidade e vulnerabilidade típica, como a dependência de terceiros. Tal
vulnerabilidade pode impulsionar situações de violência, quer em contextos familiar como
institucional. Podemos, então, descrever o envelhecimento não apenas como o destino

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biológico do ser humano, mas também como um fenómeno profundamente influenciado por
fatores sociais, culturais, económicos e históricos.

A violência contra idosos é, portanto, a outra questão a analisar de um ponto de vista


socioantropológico. A Socioantropologia da saúde foca as dimensões sociais, culturais e
antropológicas da saúde e da doença. Esta abordagem considera como fatores influenciadores
do bem-estar e da saúde dos indivíduos, precisamente fatores socioeconómicos, culturais e
históricos. A violência e o envelhecimento são conceitos que podem ser estudados no âmbito
da Socioantropologia, visto serem fenómenos externos ao indivíduo. A pertinência desta
temática assenta no facto de podermos apreender a realidade de forma abrangente, tal como
é percebida pelo idoso, no contexto da violência dirigida a indivíduos da sua faixa etária em
particular (Gil e Santos, 2012; O’Brien et al, 2011; Estudo ABUEL e AVOW).

A análise crítica desta tese torna-se pertinente, na nossa opinião, uma vez que,
hodiernamente, a população portuguesa está cada vez mais envelhecida. Segundo o Instituto
Nacional de Estatística, dos 10,4 milhões de pessoas residentes em Portugal em 2022, 2,5
milhões têm 65 anos ou mais (INE, 2023). Isto significa que, será uma faixa etária com a qual
iremos contactar muito, no futuro, no exercício da nossa profissão. Para além disto, também é
de salientar que, segundo a OMS (2018), 39% dos idosos em Portugal são vítimas de violência,
sendo que Portugal pertence ao grupo dos cinco piores no tratamento aos mais velhos.
Pensamos ser uma temática a compreender, para melhorar a qualidade de vida dos mais velhos.

A fim de cumprir com a finalidade deste trabalho, seguimos os quatros pontos principais
indicados no índice sugerido pela unidade curricular, sendo estes: Introdução, Síntese do estudo
(com cinco subpontos), onde desenvolvemos o Enquadramento Teórico, que nos permite ter
uma base orientadora para a posterior análise crítica, Análise Crítica (com três subpontos) e
Conclusão.

Iniciamos este trabalho por apresentar a questão central abordada pela autora e por
expor a relevância da temática. A questão da perceção da violência em idosos e a sua perspetiva
nesta matéria, é algo que deve ser explorado para garantir o bem-estar, a segurança e a
qualidade dos cuidados prestados a esta população tão vulnerável. Cada vez mais a população
fica mais envelhecida, sendo, então, fundamental o desenvolvimento de políticas e práticas que
visem a prevenção e a intervenção eficazes contra a violência em idosos.

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No enquadramento teórico a autora decidiu recorrer ao modelo socioecológico, que
organiza os fatores de risco em subsistemas e níveis de análise. Os subsistemas são o macro,
que aborda determinantes estruturais como sistemas de crenças/normas; o exo e o meso que
abordam as relações profissionais e redes de apoio; e o micro que aborda as relações familiares.
Este modelo faz a ponte para a análise crítica da tese em questão, como já foi referido.

Na análise crítica ainda referimos um ponto que achamos de extrema relevância, a


pertinência do tema desta tese para o desenvolvimento da Enfermagem, enquanto profissão,
mas também enquanto área de estudo. Recorremos ao Modelo Biocultural de Bronfenbrenner
para relacionar a temática desta tese com um dos modelos de competência cultural. O Modelo
Biocultural de Bronfenbrenner realça questões direcionadas ao indivíduo, que constitui o ponto
central deste modelo, e questões relacionadas com os diversos grupos que podem interferir na
sua vida.

De forma a concluir este trabalho, ainda referimos uma conclusão, na qual mencionamos
os pontos-chave desta recensão crítica e reforçamos o interesse desta temática, principalmente
quando abordada da perspetiva do idoso.

2. SÍNTESE DO ESTUDO

2.1. Problema inicial e relevância do estudo

O ponto de partida deste artigo é a análise das perceções das pessoas com mais de 65
anos sobre a violência em sua faixa etária. Os autores procuraram investigar as diferentes visões
e opiniões de cada indivíduo sobre a violência, levando em consideração variáveis como sexo,
idade, ambiente de moradia (família ou instituição), escolaridade e se já foi vítima de violência
ou não. Seraphina também teve como objetivo comparar essas perceções dos idosos com
definições e conceitos descritos na literatura científica (Cichowsky, 2015, p. 1).

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O estudo é relevante uma vez que, a violência é um problema social crítico,
independentemente do contexto em que ocorra. Portanto, qualquer nova informação sobre
este tema ajuda no melhor entendimento do problema.

O envelhecimento da população na sociedade contemporânea e a necessidade crescente


de cuidados e atenção especializada realçam, também, a importância desta questão.

Por fim, a autora acredita que esta investigação possa elucidar ideias estereotipadas sobre
violência e envelhecimento, além de incentivar, grandemente, a criação de medidas mais
específicas e bem fundamentadas para prevenção e acompanhamento desta séria situação.

2.2. Enquadramento teórico

De acordo com a autora, o estatuto do indivíduo idoso tem vindo a ser alterado ao longo
do tempo. No século XIX, a velhice era vista, de uma perspetiva social, como uma doença, tendo
sido criadas instituições para a prestação de cuidados a estes indivíduos (Dias, 2005; Dias, 2010;
Vilarinhos, 2010; Marques; 2011). Esta conotação negativa ficou “agarrada” à velhice, sendo
posteriormente agravada nos anos 80, quando também passou a ser associado o
envelhecimento a fatores como pobreza, dependência e exclusão social (Vilarinhos, 2010; São
José e Teixeira, 2014). Mais recentemente, houve a mudança desta conotação para algo um
pouco mais positivo, passou-se a ver o envelhecimento como uma conquista da modernidade
(Capucha, 2014). Contudo, este processo continua a pressupor uma limitação, muitas vezes não
associada à idade per se, mas à visão social que condiciona a participação mais ativa destes
indivíduos na sociedade (Dias, 2005; Mauritti, 2004; Marques, 2011). A conotação mais positiva
que se associa à velhice vincula uma das conquistas fundamentais da evolução técnica e
científica da atualidade – o aumento da esperança média de vida. No entanto, este aspeto
positivo coabita com perceções mais negativas que descrevem o envelhecimento como algo que
impulsiona “conflitos intergeracionais e descalabro da despesa pública em matéria de segurança
social” (Cichowsky. S, 2015).

Na ótica da autora, a diversidade de perspetivas e opiniões relacionadas com o


envelhecimento dificulta a sua operacionalização, devido à falta de informação consensual que

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existe, tornando-se impossível a criação de quadros concetuais. A autora acredita que isto se
deve ao facto de se dar pouca importância aos relatos subjetivos dos indivíduos idosos.

A perceção da violência contra idosos como um problema social e um desafio de saúde


pública é um fenómeno relativamente recente em termos de reconhecimento formal.

Só nos anos 70 e 80 é que foi feito este reconhecimento, principalmente por instituições
médicas e sociais (Dias, 2010; Dias, 2005; Vergueiro e Lima, 2010; Fonseca et. al., 2012;
Gonçalves, 2006).

Em Portugal verifica-se que os abusos mais frequentes que vitimam os idosos são a
violência psicológica, a violência financeira (Gil e Santos, 2012), a violência física e a violência
emocional (dados de 2008 da APAV citado em Marques, 2011; O’Brien et al., 2011). A tendência
que se observa nos estudos é a de as situações de abuso aumentarem proporcionalmente com
o aumento da esperança média de vida (Dias, 2005).

De modo a compreender melhor a dimensão desta temática social, a autora refere dados
do Instituto Nacional de Estatística de 2014 que enunciam que “Em Portugal a população idosa
tem vindo a aumentar em relação à ativa: a proporção era de 24 idosos para cada 100 adultos,
em 2001, porém os dados mais recentes relativos a 2013, mostram que essa proporção é de 30
idosos para cada 100 pessoas com 15 a 64 anos”.

A autora recorre ainda a Harper (2006), que prevê que em 2030 a estrutura demográfica
dos países desenvolvidos vai-se assemelhar a uma pirâmide invertida, em que a base (jovens) é
mais estreita do que o topo (idosos). Esta previsão pode ser explicada pelo declínio das taxas de
mortalidade e natalidade (Vilarinhos, 2010; Marques, 2011; Lopes, 2007). Dados da Organização
Mundial de Saúde também corroboram este facto, indicando que “entre 2006 e 2050 a
população idosa corresponderá a 22% da população mundial e cerca de 20% desta terá uma
idade superior a 80 anos” (Cichowsky. S, 2015) (WHO, 2008 in Gil et al, 2013). Posto isto, a autora
conclui que, no futuro, existirão mais idosos com idade acima dos 85 anos e que terão maior
probabilidade de ficarem em situações de dependência (Dias, 2005; Vilarinhos, 2010; Porto e
Koller, 2006).

De um ponto de vista sociológico, o envelhecimento ainda pode ser abordado de


perspetivas feministas visto que, evocam questões de género, ressalvando que as mulheres
experienciam a velhice de maneira diferente dos homens. Algo que é ainda enfatizado pela
estatística, que evidencia a prevalência de mulheres nos escalões etários mais velhos, um

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processo que se tem vindo a acentuar ao longo dos anos. Desta perspetiva, o envelhecimento,
como processo de género, contribui para o aumento da estratificação social das sociedades
atuais (Dias, 2005:258). Ainda seguindo este pensamento, é provável que se identifiquem
diferenças nas perceções de violência e na incidência de comportamentos violentos conforme
o género dos idosos (Neysmith, 1995:44 in Mears, 2001).

Com o término da sua fase ativa, o indivíduo idoso fica sujeito a uma maior fragilidade
económica e uma maior dependência familiar e social, que pode desencadear sentimentos de
insegurança e exclusão, contribuindo para um aumento da sua vulnerabilidade (Dias, 2010). Um
dos potenciais fatores que pode contribuir para que os idosos vivam situações de múltiplos tipos
de abusos é a dependência (primeiro económica e depois, cognitiva e física) resultado do
envelhecimento.

A autora refere que é consensual, até certo ponto, referir o conceito de violência contra
idosos como um “comportamento destrutivo, dirigido a um adulto idoso, que ocorre num
contexto de confiança e cuja frequência (única ou regular) não só provoca sofrimento físico,
psicológico e emocional, como representa uma séria violação dos direitos humanos e um
problema da saúde pública“ (Dias, 2005, p.262; Ferreira-Alves e Sousa, 2006 in Vilarinhos, 2010,
p.19; Decalmer & Glendenning, 1997, in Vergueiro e Lima, 2010, p.186; Fonseca et. al., 2012,
p.151). Este conceito abrange vários tipos de comportamentos como a agressão física,
psicológica, material, negligência, abandono e agressão sexual. Estes comportamentos podem
ocorrer em diferentes contextos, nomeadamente, familiar e institucional, onde o que varia é a
motivação e a natureza do abuso (Dias, 2005:266 in Dias, 2010; Marques, 2011). Em ambos os
contextos e independentemente da conduta violenta praticada, o débil estado de saúde, o
desconhecimento dos seus direitos legais e o receio de sofrer retaliações com a denúncia são os
principais motivos que intimidam os idosos a não apresentarem queixa. As consequências dos
abusos são semelhantes tanto em contexto familiar como institucional. O idoso sente-se
culpado e com baixa autoestima, o que leva a uma maior tendência para o isolamento social.
Como resultado desta tendência, verificam-se depressões e perturbações psicológicas,
principalmente no género feminino, que também como já foi referido, sofrem mais
frequentemente casos de abuso.

A autora ainda reflete sobre a importância da identificação de fatores que contribuem


para a vulnerabilidade do idoso nos contextos familiar e institucional, ou seja, fatores que se
relacionem mais diretamente com a frequência das práticas de abuso de idosos (experiências,

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comportamentos, fatores contextuais ou características pessoais) (1998 in Vilarinhos, 2010:22-
23; Dias, 2005). Embora o reconhecimento da violência contra idosos como um problema social
tenha progredido consideravelmente, ainda há muito trabalho a ser feito para prevenir e
combater eficazmente a violência contra esta população vulnerável. O aumento da
conscientização e da ação é essencial para garantir que os idosos sejam tratados com respeito,
dignidade e proteção em todas as sociedades.

No sentido de auxiliar a perceção desta temática, a autora menciona ainda o modelo sócio
ecológico que faz um agrupamento dos fatores de risco em diversos subsistemas e níveis de
análise. O macro que aborda determinantes estruturais como sistemas de crenças/normas; o
exo e meso que aborda as relações profissionais e redes de apoio; e o micro que aborda as
relações familiares. Ressalva-se a pertinência de averiguar se os próprios idosos, quer sejam
vítimas de abuso ou não, usam estes possíveis fatores de risco nas suas perceções subjetivas
relativamente à violência ou se, são absortos à etiologia dos perigos a que possam estar sujeitos.

2.3. Metodologia

O objetivo principal deste estudo foi captar e analisar as perceções subjetivas que os
idosos têm sobre a violência que é praticada contra as pessoas da terceira idade, sendo realizada
uma abordagem qualitativa. Para tal, foram analisados vários casos, de forma a construir uma
informação, que se baseasse na visão dos indivíduos idosos, sendo este fenómeno (da violência
na terceira idade) observado a partir de uma perspetiva êmica, para visualizar esse problema da
violência do ponto de vista de quem está a ser estudado. O objetivo era obter conclusões em
profundidade (in-depth), tendo em conta cada caso específico e a posterior comparação dos
resultados que se obtivessem entre si, para ser averiguado se existiam ou não divergências e/ou
congruências que fossem significativas. As características sociais, estruturais e especificidades
culturais e normativas que formam as condições de vida e vivências destas pessoas, são
obviamente fatores que moldam as suas perceções. Por esta razão foi muito importante tê-los
em conta quando se pretendeu explicá-las.

A aplicação de métodos e técnicas a efetuar, como as entrevistas semiestruturadas, que


têm uma certa maleabilidade, permitiram ao idoso desenvolver o seu discurso dentro de

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parâmetros pré-definidos. Estes parâmetros envolviam diversos temas, tais como: o que é
abuso, os fatores de risco, as estratégias pós-abuso, a informação disponibilizada ao indivíduo
para o apoiar e esclarecer a situação vivenciada e a consideração da sua opinião sobre as
medidas vigentes.

As informações secundárias também foram tidas em conta, sendo analisadas tendo por
base a técnica designada como Framework (técnica de análise temática de um conteúdo,
baseando-se no uso de matrizes - aparecendo nas colunas os subtemas e nas linhas os
entrevistados/casos, sintetizando-se em cada célula, a informação recolhida. Numa fase
posterior, olhou-se para a informação sintetizada, identificaram-se os elementos (códigos mais
descritivos) existentes e construíram-se: dimensões, categorias e classes (códigos mais
abstratos).

Na última etapa analítica, foi feita a procura de relações entre categorias, e entre
categorias e perfis dos entrevistados/ casos, e avançou-se para possíveis explicações para as
relações que foram encontradas.

Ao completar esta pesquisa, um dos objetivos extra foi “dar voz” aos idosos. Uma vez que
as suas opiniões e perspetivas não têm sido devidamente tidas em conta, quando é efetuada a
construção da informação oficial.

Figura 1: Modelo de análise

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Critérios de delimitação do corpus empírico

O estudo em questão é de natureza qualitativa e como tal as técnicas de amostragem


utilizadas foram de cariz não probabilístico. Aplicaram-se técnicas de amostragem por
conveniência, que foram articuladas com a amostragem pensada ou intencional (foi feita uma
seleção de sujeitos empíricos e foram tidos como critérios as suas condições de autonomia e
saúde, às quais se sobrepõem as dimensões de caracterização pessoal e de experiências que
passaram como vítimas).

A escolha destas técnicas teve a ver com o carácter qualitativo da investigação e com o
tema escolhido, uma vez que é um assunto interpretado muitas vezes como sendo sensível, não
sendo abertamente discutido.

O processo de delimitação do corpus empírico foi realizado, tendo como base, um contacto
prévio estabelecido entre o coorientador deste estudo, a Santa Casa de Misericórdia de Faro e
também com o Lar Torre de Natal em Olhão. Assim, foi emitido um pedido às instituições, que
referia o interesse de entrevistar os seus idosos. Posteriormente, com a autorização das
referidas instituições e com o consentimento informado dos seus utentes, iniciaram-se as
primeiras entrevistas, no espaço físico do lar. Relativamente aos entrevistados não
institucionalizados, foi contactada a Universidade de Terceira Idade do Algarve (em Faro). Os
entrevistados tiveram conhecimento das entrevistas através de um texto descritivo que
mencionava os objetivos desta pesquisa, quem estava interessado deu o seu contacto e
posteriormente foi contactado. Assim realizaram-se as entrevistas, maioritariamente em locais
públicos (ex.: biblioteca, esplanadas e clube desportivo), à exceção de uma entrevista cuja
entrevistada solicitou a sua realização em sua casa.

Caracterização da amostra

O grupo de entrevistados que participaram efetivamente neste projeto é constituído por


vinte indivíduos, cuja idade média é de 77, 1 anos. Nestes idosos, seis são não institucionalizados
e catorze são institucionalizados: nove residem no lar Torre de Natal (em Olhão) e cinco na Santa
Casa da Misericórdia (em Faro); uma das idosas deste grupo, frequentava apenas o centro de
dia do lar, regressando depois a casa. Nestes entrevistados institucionalizados só foi contada a
participação de dois indivíduos do género masculino (residentes no lar Torre de Natal), pois os

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restantes doze entrevistados são do género feminino. Dos entrevistados não institucionalizados,
três são do género feminino e três são do género masculino.

A amostra é constituída na sua maioria por pessoas do género feminino. Isto não foi
propositado, pois pretendia-se uma relativa proporcionalidade de género no conjunto dos
entrevistados. Contudo durante este estudo verificou-se que as mulheres demonstram maior
interesse em participar. Entrevistaram-se ainda mais seis idosos (homens e mulheres
institucionalizados), mas não foi possível aproveitar os seus discursos, devido à falta de
coerência e à incapacidade de responder às perguntas colocadas.

Os idosos institucionalizados têm poucos ou nenhuns anos de escolaridade e a última


profissão que exerceram foram tarefas ligadas à agricultura (de subsistência ou assalariada e os
restantes eram empregados executantes de serviços (pastelaria, supermercados, restaurantes)
e um operador de indústria (serralheiro). Enquanto os idosos não institucionalizados na sua
maioria completaram mais de cinco anos de escolaridade e um deles possui escolarização de
nível superior. Estes idosos desempenharam profissões ligadas aos serviços, como técnicos de
enquadramento intermédio, na área de telecomunicações e na de contabilidade/ finanças.
Relativamente à situação conjugal dos entrevistados é na maioria viuvez (11/20) e uma pequena
parcela separação/divórcio (4/20).)

Por conseguinte, evidencia-se uma clara segmentação entre os dois grupos de


entrevistados, por um lado, são analisados idosos não institucionalizados, com saúde geral que
não os condiciona na sua participação quotidiana nas diversas áreas da vida social, por outro
lado, opõem-se os idosos institucionalizados com problemas de saúde, o que os impede de
participar ativamente na vida da sociedade. O entendimento destes recursos e/ ou
constrangimentos predefinem as perceções emitidas pelos idosos, sobre o tema da violência e
outros temas.

2.4. Principais resultados

O estudo visa verificar se as perceções subjetivas de violência dos dois grupos distintos
de idosos (não institucionalizados frequentadores da UATI e os idosos institucionalizados ou
dependentes) se alinham com as definições teórico-científicas de violência contra idosos. Visto

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que os participantes dos dois grupos apresentam características sociodemográficas diferentes,
e as perceções sobre violência foram examinadas em relação a esses fatores, as mesmas
acabaram por revelar divergências e congruências. Contudo, o estudo destaca que, apesar de
haver algumas perceções transversais, as opiniões dos idosos variam principalmente de acordo
com o género, escolaridade e condições de autonomia/saúde.

Com base na análise das entrevistas, a autora constatou que os atos considerados
violentos pelos idosos são na sua maioria, semelhantes aos definidos pela literatura, uma vez
que para ambos a violência contra idosos vai além das ofensas físicas. Segundo a Organização
Mundial da Saúde, a Violência contra o Idoso é definida como

“Qualquer ato isolado ou repetido, ou a ausência de ação apropriada,


que ocorre em qualquer relacionamento em que haja uma expectativa de
confiança, e que cause dano, ou incómodo a uma pessoa idosa. Estes atos
podem ser de vários tipos: físico, psicológico/emocional, sexual, financeiro ou,
simplesmente, refletir atos de negligência intencional, ou por omissão “(OMS,
2002, citada por Gil & Santos, 2012; Vilarinhos, 2010, p. 12; Fonseca et al., 2012,
citado por Cichowsky, 2015, p. 7),

não fazendo alusão à “violência societal”.

No entanto, os entrevistados mencionaram categorias que excedem a definição dada


pela OMS, como por exemplo a categoria "Violência Societal" que remete à estruturação,
competências e saberes que são entendidos como comuns pela sociedade em geral, porém
dificultam e/ou impossibilitam a integração da pessoa idosa. A autora menciona ainda, que a
situação socioeconômica atual de crise e austeridade no país se encaixa nessa categoria, dado
que, tal condição reflete-se nos cortes e reduções aplicados às reformas, pensões e subsídios
recebidos pelos idosos.

A análise das entrevistas evidenciou a complexidade das perceções de violência,


influenciadas por fatores individuais e sociais. E a autora destaca a importância de se
compreender as diferentes perspetivas dos idosos, considerando não apenas as definições
teóricas, mas também as experiências e contextos específicos de cada grupo, como por exemplo
a associação da violência verbal à institucionalização.

Assim sendo, a autora organiza os resultados mediante as questões que foram colocadas
aos entrevistados, organizadas segundo temas (Conceções de Violência, Fatores de Risco e

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Estratégias Pós-abuso), e compara as suas respostas tendo em conta os seguintes aspetos:
género, escolaridade e institucionalização/ não institucionalização.

Quanto ao género, no que diz respeito à “perceção de violência”, a violência física e a


verbal são citadas por quase todos os homens e mulheres. Enquanto, o furto é mencionado por
maior parte das mulheres e apenas por dois dos cinco homens entrevistados. E a violência sexual
é somente referida por entrevistados do sexo feminino, sendo que uma das mulheres foi
exposta a esse tipo de violência ao longo de toda a sua vida.

Quanto a não institucionalização/Institucionalização, a violência verbal está mais


associada à institucionalização; a violência física é reconhecida por todos os não
institucionalizados e quase todos os institucionalizados, o que evidencia que esta é uma
categoria que é transversal a ambos os grupos de entrevistados, independente das
particularidades que os caracterizam (Ganja & Cichowsky, 2015, p. 42); e o furto é referido por
grande parte dos idosos de ambos os grupos.

Em relação à escolaridade, as conceções de violência física e violência verbal são


constantes nos discursos de todos os entrevistados, independentemente do nível de
escolaridade. No entanto, a violência societal, o cuidar friamente, negligenciar a necessidade de
cuidados, violência psicológica e quebrar/não estabelecer laços sociais foram mais
frequentemente mencionados por mais escolarizados, enquanto a violência sexual é
exclusivamente mencionada por mulheres menos escolarizadas.

No que concerne à “natureza das relações” em que ocorre violência há um consenso


entre a literatura aqui previamente mobilizada e o discurso dos entrevistados de ambos os
grupos, na medida em que é defendido que o comportamento violento pode ocorrer em
qualquer tipo de relação, não se limitando a relações entre conhecidos ou entre desconhecidos
(Ganja & Cichowsky, 2015, p. 43). No entanto, nas relações afetivas, a intensificação da perceção
da gravidade pode dificultar a denúncia contra o agressor, devido à normalização e/ou aceitação
destes comportamentos e devido ao laço de dependência material e/ou afetiva existente entre
a vítima e o agressor.

No que tange às “razões que levam à violência contra o idoso” são destacados, conforme
a literatura, alguns traços do agressor considerados de risco para a ocorrência de
comportamentos violentos. Estes incluem a existência de problemas mentais/emocionais,
psicopatológicos, comportamentos aditivos e a dependência econômica em relação à vítima. O

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estresse dos cuidadores também foi apontado, especialmente por aqueles que não estão
institucionalizados, como um fator de risco. Além disso, observou-se que os idosos dependentes
de cuidados relacionados à perda de autonomia e sem recursos literários estão mais propensos
ao aproveitamento dos agressores. Os traços de personalidade negativos foram
predominantemente mencionados pelos entrevistados institucionalizados, refletindo uma
perspetiva mais simplista deste fenómeno, frequentemente associada à falta de literacia e
integração social.

Ao serem indagados sobre os “ambientes ou circunstâncias percebidas como violentas",


nove dos vinte entrevistados mencionaram "a rua". Curiosamente, a resposta a seguir foi "em
casa", o que pode parecer contraditório, pois geralmente associamos a casa à segurança.
Entretanto, os idosos não institucionalizados a encaram como um espaço privado mais
suscetível à violência. Dois deles chegam a comparar a violência contra idosos à pedofilia.

Vale ressaltar que todos os entrevistados associaram o envelhecimento a uma crescente


vulnerabilidade, derivada de fatores como o declínio físico, cognitivo e debilidade (referido por
sete idosos - quatro autónomos e três dependentes). Por outro lado, as respostas sobre
envelhecimento revelaram consenso na perceção de vulnerabilidade física, que resulta em
dificuldades para se defender de possíveis agressões. No entanto, os idosos reforçaram que isso
não implica necessariamente que haja um enfraquecimento mental ou cognitivo (referido por
nove idosos – quatro institucionalizados e cinco não institucionalizados).

Relativamente à pergunta “como evitar/prevenir a violência”, as respostas estão


alinhadas com a literatura existente (Dias, 2005). Segundo Dias é crucial implementar projetos
e programas de proteção, garantindo um acompanhamento apropriado e a punição dos
agressores, a fim de sensibilizar a população sobre a gravidade desses atos. Dias também propõe
a implementação de programas de preparação para a velhice, visando uma melhor
compreensão das necessidades dessa faixa etária e a conscientização de seus direitos legais. As
estratégias de prevenção sugeridas pelos entrevistados foram organizadas em três classes
distintas: macrossociológica (remete à necessidade de mudanças de valores e de ação
governamental), mesosociológica (remete às alterações a nível institucional e comunicacional)
e interindividual (remete à aquisição de comportamentos individuais de prevenção). No
entanto, apesar de grande parte dos entrevistados considerar que existem maneiras de prevenir
a ocorrência destes atos, dois entrevistados institucionalizados, expressaram a convicção de que

16
não há solução para melhorar a situação. O que pode refletir a falta de informação sobre direitos
ou a perda de esperança na faixa etária, indicando possível falta de educação e desencanto.

Os media, especialmente a televisão, por ser o meio de comunicação que a maioria dos
idosos tem acesso, são vistos pelos entrevistados, de ambos os grupos, como importante e
principal meio de transmissão de informação. No entanto, as opiniões quanto à quantidade de
informação disponível são distintas, pois quatro idosos institucionalizados dizem existir falta de
informação e outros três acreditam que a informação existente é suficiente.

Quanto a estratégias pós-abuso, os entrevistados apresentaram diversas respostas.


Todos os participantes não institucionalizados mencionaram a categoria “serviços de apoio à
vítima”. Em contraste, sete idosas institucionalizadas declararam não conhecer nenhum apoio
específico nesta área, observando-se assim uma falta de conhecimento, especialmente entre os
idosos institucionalizados, sobre os recursos disponíveis. Os “Serviços de saúde” e “serviços
sociais não direcionados especificamente ao apoio a idosos" foram também algumas das
respostas.

Por fim, a autora destaca os obstáculos que impedem os idosos de buscar ajuda, como a
vergonha, a incapacidade física e mental, e o medo de retaliações por parte do agressor. Uma
vez que, quando questionados se apresentavam queixa formal em caso de abuso, os
entrevistados expressaram dois comportamentos distintos: queixa e ocultação, refletindo a
prevenção de perigos futuros ou o temor dos mesmos. A maioria das respostas foi positiva
(quatorze dos vinte entrevistados), indicando consciência dos direitos dos idosos, e da
importância de agir para punir os agressores e prevenir futuros abusos. Porém, a escassez de
respostas negativas evidencia desafios significativos na efetivação desses direitos, devido à
relação de confiança com o agressor (medo, vergonha, dependência) e à descrença no sistema
policial e judicial, considerando que este não age adequadamente.

17
3. ANÁLISE CRÍTICA

A violência contra os idosos é um problema de grande relevância social, e suas


consequências têm impactos significativos nas vítimas, nas famílias e na sociedade como um
todo.
O modelo biocultural de Bronfenbrenner explica o desenvolvimento como um produto
resultante da interação entre o indivíduo que se encontra em desenvolvimento, e o meio em
que este se insere. Desta forma, uma pessoa é moldada pela maneira como ela interage com os
quatro tipos de sistemas (microssistema, mesossistema, exossistema e macrossistema).

O microssistema refere-se à influência da família e dos cuidadores. No contexto dos


idosos, isso também pode envolver situações em que eles são vítimas de violência por parte de
seus cuidadores, mas ainda assim os perdoam devido à confiança que têm neles. Além disso,
este sistema considera as perceções individuais sobre a violência e as decisões relacionadas a
ela. A autora refere ainda um eixo interindividual, que “alude a comportamentos individuais de
prevenção contra a violência” (Cichowsky, 2015, p.34).

Quanto ao mesossistema são retratadas as interações entre diferentes microssistemas,


como as relações entre famílias e cuidadores/lares. Quando as famílias não têm tempo,
disposição, capacidade de cuidar dos idosos ou até mesmo quando não criam laços afetivos
suficientes para cuidar do mesmo, colocam estes em instituições de cuidados. Quando isto
acontece, ocorre um levantamento de questões sobre a continuidade das relações familiares
com os idosos em instituições, se os familiares têm a preocupação de os visitar ou se
simplesmente “esquecem-se” dos mesmos. Os lares vêem os idosos de duas maneiras, como
alguém que requer atenção e cuidados redobrados ou como um “aproveitamento”,
enriquecendo-se com o dinheiro dos mesmos, esquecendo-se que são seres humanos e que
necessitam de ajuda extra devido a certas impossibilidades causadas pela idade.

Relativamente ao exossistema, este engloba as relações entre ambientes ou contextos


que afetam o indivíduo, mesmo que ele não esteja diretamente presente neles. Isso pode incluir
a dinâmica entre familiares de idosos e seus cuidadores, que pode impactar os mais velhos.

Por fim, o macrossistema centra-se nas crenças, valores e ideologias que prevalecem em
uma determinada sociedade ou época. Isso é importante porque a maneira como a sociedade
observa os idosos e a violência contra os mesmos evolui ao longo do tempo, afetando as

18
perceções e as respostas sociais a essas questões. O macrossistema, adaptando ao contexto da
tese, “remete para alterações de valores e a necessidade de ação por via governamental”
(Cichowsky, 2015, p.34), isto significa que a perspetiva social sobre os idosos se alterou, uma
vez que antes eram associados à pobreza e à dependência, e com o passar do tempo continuam
a ser menosprezados, visto que não contribuem produtivamente para a sociedade.

A violência contra o idoso é um “comportamento destrutivo, dirigido a um adulto idoso,


que ocorre num contexto de confiança e cuja frequência (única ou regular) não só provoca
sofrimento físico, psicológico e emocional, como representa uma séria violação dos direitos
humanos e um problema da saúde pública” (Dias, 2005, p. 262; Ferreira-Alves & Sousa, 2006, in
Vilarinhos, 2010, p. 19; Decalmer & Glendenning, 1997, in Vergueiro & Lima, 2010, p. 186;
Fonseca et al., 2012, p. 151, citado por Cichowsky, 2015, p. 7) abrangendo diversos
comportamentos, tais como a ofensa física, psicológica, material, a negligência (Marques, 2011;
Vergueiro e Lima, 2010; Dias, 2005), o abandono e o abuso sexual (Dias, 2005). “As discussões
causam uma culpabilização no idoso, o qual se sente depreciado, ameaçado e desvalorizado de
forma constante” (Irigaray et al., 2016, citado por Alarcon et al., 2020).

3.1. Aspetos positivos

Após análise da tese da autora, identificamos vários aspetos positivos. Um dos destaques
é a escolha do tema “Perceção dos idosos sobre a violência contra idosos". Embora esta tese
tenha sido desenvolvida em 2015, ainda é um tema atual que muitas vezes não tem a atenção
devida. A autora faz a sua parte para reforçar a importância deste tema.

A introdução apresentada é perspicaz e antecipa bem os fins do estudo, que se centram


em objetivos claros. Adicionalmente, a autora utiliza fontes relevantes como a Organização
Mundial de Saúde e as Nações Unidas para fornecer dados pertinentes, de forma a
contextualizar o artigo. Um exemplo dos dados utilizados foi a dimensão da população idosa de
Portugal.

19
Os métodos qualitativos da autora, especialmente as entrevistas semiestruturadas,
também merecem destaque. Este método permitiu que os idosos expressassem livremente as
suas opiniões dentro dos limites estabelecidos pela autora, atingindo assim o objetivo de
estudar as perceções e opiniões dos idosos sobre a violência contra pessoas da mesma faixa
etária. Este método também foi observado em estudos semelhantes (Alarcon et al., 2020, e
Sousa, 2018) que usam dados brutos para avaliar a compreensão que os idosos têm acerca da
violência, principalmente entre indivíduos da sua faixa etária.

As variáveis consideradas como sexo, idade e escolaridade são de grande interesse e valor
significativo para a pesquisa.

A autora apresenta fala bem estruturada, linguagem clara e organização adequada na


apresentação dos dois grupos de idosos estudados, à semelhança de outros estudos (Silva &
Dias, 2016). O mesmo aplica-se à apresentação dos resultados, que foram preparados
cuidadosamente de forma temática e, ainda, incluíram citações de testemunhos.

O estudo foca-se numa variedade de questões relacionadas à violência como a


compreensão dos idosos sobre a violência; os tipos de violência; as situações em que a violência
ocorre; a consciência dos fatores de risco; as experiências passadas e as estratégias pós-abuso.
Estas questões fornecem uma compreensão mais completa e abrangente das perceções dos
idosos acerca deste tópico.

3.2. Dúvidas e interrogações

Apesar de a autora esforçar-se constantemente para validar as informações e organizar a


tese de maneira coerente, acaba por ser muito longa, o que torna a leitura cansativa para o
leitor. Além disso, identificamos também alguns erros ortográficos.
Adicionalmente, a abordagem da autora sobre os tipos de violência que podem ocorrer na faixa
etária estudada é mencionada, mas, na nossa opinião, não é devidamente explicada, em
comparação com outros artigos, como o artigo “Prevalência da violência contra as pessoas
idosas: Uma revisão crítica da literatura” de Santos et al. (2013). Tendo em conta que, nesse

20
artigo, os autores, além de fazerem menção à estimativa de prevalência de violência contra os
idosos, eles também definem e caracterizam cada um dos tipos de violência, o que permite uma
melhor compreensão do tema. Por essa razão, acreditamos que uma explicação mais detalhada
seria útil, principalmente considerando que o foco da tese é a perceção de violência que os
idosos têm contra a sua faixa etária. Logo, caso Cichowsky definisse cada um dos tipos de
violência e, em seguida, mencionasse a perceção dos idosos sobre a violência, poderíamos fazer
uma comparação entre as definições dadas pela literatura e a dos idosos, percebendo assim se
há ou não discrepâncias entre as mesmas.

Para além disso, consideramos que seria relevante incluir outras perspetivas da
sociedade, em relação à violência contra os idosos, como por exemplo, a perspetiva dos próprios
agressores e a dos profissionais que atendem tais situações, tal como foi sugerido por Silva e
Dias (2016), no artigo “Violência Contra Idosos na Família: Motivações, Sentimentos e
Necessidades do Agressor”, pois “só assim se poderá ter uma visão sisteémica do problema e
enfrentá-lo na sua complexidade" (Silva & Dias, 2016). Ainda dentro dessa temática,
acreditamos que a autora poderia ter mencionado quais são as perspetivas dos meios de
comunicação sobre o assunto, em vez de se concentrar exclusivamente na definição da OMS.
Essa abordagem ampliaria as comparações com as percepções dos idosos e proporcionaria uma
compreensão mais abrangente do tema.

A discrepância no número de participantes do sexo feminino representa também uma


lacuna, uma vez que, dificulta o entendimento das perceções dos diferentes géneros. Por isso,
em futuras pesquisas, seria benéfico procurar um equilíbrio de género entre os entrevistados
para obter uma visão mais homogénea sobre o tema. Tal limitação também se verifica no artigo
“Perceções face ao risco de violência no quotidiano: A perspetiva do idoso” de Sousa (2018).

À semelhança de outras teses, como é o caso da tese “Violência contra pessoas idosas:
um olhar sobre o fenómeno em Portugal” de Dias et al. (2019), consideramos que Cichowsky
também poderia ter abordado a temática da prevalência da violência contra os idosos em
Portugal, dado que, a inclusão dessas informações contribuiria para o destaque da relevância da
tese aos olhos do leitor.

Por fim, acreditamos que um ponto relacionado com a região que deveria ser melhorado
é o facto de se ter realizado uma amostra apenas com a população urbana de Faro. Seria
interessante incluir a opinião da população idosa não institucionalizada residente em meio rural

21
(ou seja, de idosos que se presume serem mais isolados e menos informados) para uma
comparação mais ampla.

3.3. Pertinência dos resultados para a saúde e enfermagem

Após a leitura da tese, foi-nos confrontado qual o contributo desta para a saúde e para a
enfermagem. De forma indireta, mas muito sucinta, percebemos que o principal contributo
atribuído foi a pertinência de uma abordagem mais holística no cuidado aos idosos, levando em
consideração não apenas as necessidades físicas, mas também as sociais e emocionais.

Consequentemente, é importante destacar que o trabalho da enfermagem se


fundamenta na interação com os pacientes, incluindo os idosos. Logo, dada a vulnerabilidade
dessa faixa etária, os idosos procuram frequentemente serviços de saúde com os quais os
enfermeiros estão familiarizados. No entanto, é fundamental abordar o abuso de idosos que
persiste. Os profissionais de saúde têm um papel crucial na identificação e abordagem dessa
violência, auxiliando os clientes a enfrentar essas situações. Assim sendo, para tal, é necessário
que os enfermeiros possuam um conhecimento prévio em áreas como o desenvolvimento
humano e interações sociais, possibilitando uma prática clínica mais personalizada e eficiente.

Os resultados deste estudo, sobre a perspetiva dos idosos acerca da violência contra a sua
faixa etária, revelaram divergências e congruências nas perceções entre os dois grupos de idosos
estudados (institucionalizados e não institucionalizados), ressaltando assim a influência que os
fatores como género, escolaridade e condições de autonomia/saúde têm sobre as perceções.
Visto que esses dados revelam a complexidade das perceções de violência e que o abuso de
idosos é mais comum do que se pensa, e merece ser denunciado como qualquer outra forma de
violência. Os mesmos tornam-se cruciais para que os profissionais de saúde e enfermeiros
adaptem as suas abordagens de cuidado de acordo com as características específicas de cada
grupo de idosos. E, esses resultados, destacam também a importância de uma abordagem
multidisciplinar na área da saúde, envolvendo enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e
outros especialistas para lidar efetivamente com as diferentes perspetivas dos mesmos.

22
Segundo a Associação Portuguesa de Assistência à Vítima (APAV), prevenir a violência
contra os idosos exige que os profissionais de saúde sigam orientações, como a recolha de
histórias dos idosos e dos seus pares, com foco na observação direta e interpretação dos sinais
de alerta. Ao procurar informações, é crucial estar atento a fatores sociais (como o conflito
social, o desemprego, a situação económica, a dependência, a exclusão social, as dependências,
as doenças mentais e a demência), físicos (sinais de desnutrição, desidratação, lesões evidentes,
hematomas, hematomas por falta de higiene ou agressão, fraturas e lesões do trato urinário
que possam indicar violência) e emocionais (depressão, apatia, mutismo, evitação de contato,
medo, tristeza, ansiedade, retraimento e solidão). Nesse contexto de prevenção da violência, os
resultados da tese indicam que estratégias macrossociológicas, mesosociológicas e
interindividuais são consideradas eficazes pelos entrevistados. Portanto, é de extrema
importância que os profissionais de saúde e de enfermagem desempenhem um papel ativo na
implementação e promoção dessas estratégias, colaborando com políticas públicas, instituições
e indivíduos para a criação de ambientes mais seguros, conscientes e de confiança, garantindo
a segurança e o bem-estar dos idosos.

Quanto às perceções relacionadas ao envelhecimento, a análise das entrevistas destaca a


vulnerabilidade física percebida pelos idosos, mas também enfatiza que isso não implica
necessariamente um enfraquecimento mental ou cognitivo. Essa compreensão é vital para os
profissionais de saúde ajustarem as suas intervenções, reconhecendo a necessidade de proteger
os idosos sem subestimar as suas capacidades cognitivas. Além disso, a promoção de práticas
de cuidado que levem em consideração as preocupações físicas, ao mesmo tempo em que
reconhecem e estimulam as capacidades cognitivas, contribui para um envelhecimento mais
saudável e digno (Rebelo, 2019).

A conscientização sobre os direitos dos idosos e a importância de agir para punir os


agressores são também aspetos destacados pelos resultados, indicando a necessidade de
sensibilização e intervenções educativas por parte dos profissionais de saúde, no que diz
respeito aos obstáculos que impedem os idosos de buscar ajuda. A oportunidade de
colaboração entre profissionais de saúde e especialistas em comunicação é de grande
importância à medida em que campanhas educacionais que desmistificam conceções errôneas
sobre a violência na velhice podem ser desenvolvidas para promover uma compreensão mais
informada, promovendo a literacia em saúde, capacitando os idosos com informações precisas

23
sobre violência e informando acerca dos recursos disponíveis, promovendo assim a saúde e
prevenindo a violência.

Em suma, os resultados desta tese têm implicações valiosas para a prática da saúde e
enfermagem, fornecendo uma base para abordagens mais informadas e sensíveis às questões
de violência entre idosos. Os profissionais da área da saúde podem utilizar essas informações
para aprimorar as suas intervenções, promover a conscientização e contribuir para um ambiente
mais seguro e saudável para a população idosa.

4. CONCLUSÃO

A presente tese, conforme mencionado no início, pretende compreender a interpretação


que os próprios idosos atribuem à violência direcionada à sua faixa etária. Após a sua leitura e
análise, é possível concluir que esse objetivo foi alcançado. Por meio de entrevistas com diversos
participantes do estudo, foram consideradas variáveis que poderiam influenciar diferentes
perspetivas em relação ao mesmo problema. Idosos de diferentes sexos, contextos
habitacionais e níveis de escolarização possuem visões distintas sobre o que constitui, para eles,
a violência contra os idosos. A avaliação dessas variáveis proporcionou diferentes abordagens
para compreender esse fenómeno.

Atualmente, a atenção da sociedade tem se desviado um pouco da violência contra os


idosos, dando mais destaque à violência direcionada a outras faixas etárias. No entanto,
considerando que os idosos representam uma parcela significativa da população e enfrentam
uma maior vulnerabilidade, é essencial redobrar o respeito por eles e garantir o cuidado
adequado, visando proporcionar a melhor qualidade de vida possível.

Nas últimas décadas tem-se verificado alterações na estrutura social, no contexto familiar
e nas atitudes e valores. Estes fatores podem estar provavelmente na origem deste problema
da violência contra os idosos (Fernandez 2006; Gonçalves,2006, citado em Vilarinhos, 2020,
p.11-12). Dados mais recentes do relatório anual da APAV de 2021-2022 constam que houve

24
uma diminuição de 4,1% no número de pessoas idosas vítimas apoiadas pela APAV. Esta
diminuição nos casos de violência pode ser explicada pela maior consciencialização da
população em geral para o problema da violência contra pessoas idosas. O reconhecimento da
violência contra pessoas idosas como um problema social e de saúde pública é necessário para
o seu combate eficaz, podendo contribuir para um futuro mais inclusivo, onde todos sejam
respeitados ao longo do ciclo de vida, nomeadamente no contexto de um envelhecimento ativo
e saudável (APAV, 2023). Vários estudos nacionais e internacionais demonstram que a violência
contra pessoas idosas é maioritariamente cometida pela família nuclear, nomeadamente pelos
filhos ou cônjuge. A maioria das situações de vitimação ocorre de forma continuada e na
residência comum da vítima e do/a agressor/a. As vítimas são maioritariamente do sexo
feminino, com idades compreendidas entre os 60 e os 69 anos.

Neste estudo não foi feita uma amostra da população idosa não institucionalizada
residente em meio rural, foi só realizado com população do meio urbano de Faro. Seria
interessante fazê-lo para perceber a opinião desses idosos mais isolados e menos informados,
pois conseguir-se-ia saber se as suas perceções estão em conformidade ou não com as captadas.
Ainda no seguimento da amostra, também concluímos que seria pertinente incluir mais
indivíduos do sexo masculino, uma vez que uma fraca representação amostral dificulta o
entendimento das perceções de géneros diferentes. Seria benéfico estabelecer um equilíbrio
entre os géneros dos indivíduos entrevistados, para que se possa ter uma visão e informação
mais homogéneas sobre este tema.

O envelhecimento da população, com o aumento da esperança média de vida, e a


crescente dependência da população idosa propicia a ocorrência de abusos. Muitas pessoas
idosas estão em situações antecipadas de dependência de terceiros e, como resultado, sujeitam-
se a estarem também mais vulneráveis. Esta é ainda maior se tivermos em conta o isolamento
social, a exclusão e a pobreza, que são fatores que muitas vezes se relacionam com o
envelhecimento da população. Dias defende que, para prevenir ou minimizar situações de abuso
de idosos, seria fulcral desenvolver estratégias de intervenção, como legislação apropriada e
programas de apoio e proteção a idosos.

Os testemunhos que foram analisados realçam também a importância de preparar as


pessoas para a velhice ao longo das suas vidas, através de campanhas (de aconselhamento),
relativamente à planificação da doença ou da reforma e o esclarecimento dos seus direitos

25
legais. Este último fator é de extrema importância para que as pessoas tenham conhecimento
dos seus direitos e reclamem em caso de abuso.

Na nossa visão, o trabalho da autora ao realizar esta tese é de extrema importância social,
pois nenhuma das teses que encontramos abordou o estudo da maneira como a vítima, neste
caso a pessoa idosa, percebe os atos que lhe são direcionados. Os demais estudos encontrados
concediam especial importância à violência contra idosos, ao contexto em que ela ocorre e aos
fatores que podem levar a sua ocorrência. No entanto, a perspetiva do idoso não era abordada,
não apenas em relação à sua conceção de violência, mas também quanto às medidas que
poderiam ser implementadas para prevenir novos casos. Sendo estes os diretamente afetados,
têm um entendimento mais aprofundado sobre quais medidas poderiam ser eficazes e qual é a
verdadeira mentalidade das pessoas da sua faixa etária. Isso não se limita apenas à obtenção de
informações sobre o tema, mas também diz respeito à denúncia e ao apoio social que teriam,
caso decidissem denunciar casos de violência.

26
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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