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Universidade de São Paulo

Faculdade de Odontologia de Bauru


Motricidade Orofacial II
Aspectos Sensoriais e Funcionais do SE
Objetivo: Buscar possíveis alterações na condição muscular para
justificar a queixa e as disfunções apresentadas
 Sensibilidade
 Mobilidade/Motricidade (praxias)
 Estado de contração muscular (tônus)
SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO
SENSIBILIDADE - Movimento muscular
 Disfunção sensorial pode levar a problema motor
 Controle sensorial em terapia (pistas facilitadoras)
FUNÇÃO MOTORA FUNÇÃO SENSITIVA
Estomatoponia Estomatognose Capacidade de detectar e
Atividades musculares da cavidade oral reconhecer
• Informações
(ativação de grupos musculares) • Modificações
OCORREM AS FUNÇÕES ORAIS • Estímulos da boca
(Douglas 2002) (Douglas 2002, Douglas e Oncins 2011)

Vias sensorias (receptores) aferentes


Recebem inf ormações do meio externo/interno (são estimuladas), enviando a
informação ao SNC.

São interpretadas e geram respostas motoras

Receptores Sensoriais (Douglas 2002, Guyton e Hall 2002)

 Interoceptores  Exteroceptores
Sensação provém das vísceras Sensação provém de E extracorpóreo
• Temperatura corporal  Luz (visual – retina)
• Pressão arterial  Som (auditivo - órgão de corte)
 Calor e frio (tátil – pele/mucosa)
 Proprioceptores  Químico (gustativo e olfativo)
Sensação provém de uma parte do corpo
Fundamental ao controle da motricidade  Nocioceptores
(postura e coordenação motora) Detectar/Reconhecer E prejudicial
Receptores Sensoriais
(Douglas 2002, Guyton e Hall 2002)
 Exteroceptores
Temperatura (termorreceptores para frio e calor)
Tato (mecanorreceptores – pele/mucosa)
Pressão (mecanorreceptores – pele/mucosa)
Químico (quimiorreceptores – gustação e olfato)

 Proprioceptores
 Captam variações de funções somáticas (do próprio tecido/órgão)
compreendem a participação dos músculos, articulações.
Na boca há grande número de receptores
Diferem-se dependendo do tipo de estimulo que os excitam
Origem interna ou externa / físicos ou químicos

Alterações transitórias na sensibilidade após a cirurgia ortognática (mandíbula)


- proximidade do nervo mandibular
- Influencia sobre as funções orofaciais

Nascimento et al.
Avaliação da sensibilidade na região mentual e labial inferior (uma semana e 3m)
após a cirurgia na mandíbula: -17 indivíduos (média de idade de 25 anos)
-Sem alteração na sensibilidade antes da cirurgia
Conclusão: alterações presentes 1 semana após a cirurgia que persistiram após 3
meses.

Oliveira- Paula Santos et al (2008)


 Verificação da ocorrência de alterações de sensibilidade no pós-operatório de
cirurgia ortognática (mandíbula): - Levantamento de 79 avaliações
- Sem alteração da sensibilidade prévia.
Conclusão: Presença de alteração na sensibilidade após a cirurgia, independente da
técnica cirúrgica empregada.

Cardoso (2010)
 Caracterização das funções do sistema estomatognático em um grupo de idosos,
a partir do estabelecimento do padrão orofacial miofuncional e a sua associação
aos hábitos alimentares: - 47 idosos de ambos os sexos.
- Média de idade média = 74,72 anos
Conclusão: Sensibilidade preservada nessa população
Avaliação da Sensibilidade
Térmica Gustativa Tátil

Temperaturas Sabores Toques


• Quente • Doce • Face
• Salgado
• Frio • Região Intraoral
• Azedo
• Amargo

Temperatura: Colher de metal em água quente e fria e tocar a pele


 Quente
ATENÇÃO
 Frio
Excluir o visual e o Tato

Orientações ao Paciente
 Fechar os olhos
 Informar quando sentir o toque e a temperatura

Paladar
 Doce: açúcar
 Salgado: sal
 Azedo: gota de limão
 Amargo: grão de café solúvel, gota de chá de boldo.

Orientações ao Paciente
 Fechar os olhos ATENÇÃO
 Informar o sabor que percebeu Excluir o visual e o olfato

 Hipogeusia: diminuição do paladar


 Pode alterar o hábito alimentar e desencadear problemas nutricionais, perda do prazer.
 Na respiração oral a alteração na corrente aérea, com o uso maior da boca que nariz, afeta o
olfato pela combinação dos sentidos.
Azedo (ácido cítrico): 0,3 g/ml; 0,165 g/ml; 0,09 g/ml; 0,05 g/ml.
Amargo (sulfato de quinino): 0,006 g/ml; 0,0024 g/ml; 0,0009 g/ml; 0,0004 g/ml.
Doce (sacarose): 0,4 g/ml, 0,2 g/ml, 0,1 g/ml e 0,05 g/ml
Salgado (cloreto de sódio): 0,25 g/ml, 0,1 g/ml, 0,04 g/ml e 0,016 g/ml.
Sem sabor (água destilada)

 Tiras colocadas no meio da língua (±1,5cm do ápice)


 Inicia na concentração mais baixa do sabor
 Fecha a boca e assinala uma opção: salgado, doce, amargo, azedo e sem sabor.
Antes do teste (1h) não comer ou beber (só água), não fumar/escovar dentes.
Muller et al. (2003)

Olfato
Avaliação objetiva da função olfatória
Brief Smell Identification Test – BRIEF
(Doty; Marcus; Lee, 1996; Doty, 2001; Kjelvik et al., 2007)
Modified Brief Smell Identification Test – MBSIT(Sensonics, Inc)
Identificação de 12 cheiros (odores mais fortes e familiares)
 Hiposmia/Anosmia: perda do olfato
 Queixa na respiração oral
 O respirador oral utiliza mais a boca como via
respiratória e estimula pouco os receptores

Texturas (áspero, liso)

Orientações ao Paciente
 Fechar os olhos
 Informar quando sentir um toque (mesmo que leve), o local, a textura.
Estesiômetro
Permite avaliar a sensibilidade tátil
das estruturas orais
Conjunto de seis monofilamentos de nylon
Igual comprimento
Cores distintas http://www.sorri.com.br/bauruProdutos.asp
Diâmetro diferente

Interpretação dos resultados

 Retirar o 1º filamento (verde) do tubo protetor


 Encaixar com cuidado no orifício lateral do mesmo
 Segurar o cabo deixando o filamento perpendicular à superfície a ser tocada
 Pressionar suavemente até curvar o filamento
 Deixar alguns segundo
 Não deixar o filamento deslizar sobre a pele ou mucosa
Não realizar sobre cicatrizes (em área próxima à região específica)

 Estimular aleatoriamente os pontos


 Variar o intervalo de tempo entre cada toque
 Uma única resposta é suficiente para considerar +
 Pode ser aplicado até 3 vezes em cada local testado
 Iniciar o teste estimulando a língua
 A seguir os lábios (superior e inferior) e demais regiões
 Iniciar com o filamento verde (mais leve), caso não haja resposta até a 3ª tentativa,
testar com o filamento mais pesado e assim por diante até obter a resposta
Realização do teste
Orientações ao Paciente
 Fechar os olhos
 Abrir da boca
 Informar quando sentir um toque (mesmo que leve)
Face
Lábio Bochecha Mento
 Superior
 Filtro
 Superior  Centro
 Laterais  Média
 Comissuras
 Inferior
 Inferior
 Centro
 Laterais
 Comissuras

Região Intraoral
Vermelhão Labial Bochecha Interna Língua Véu palatino e Pilares
 Superior  Superior  Ápice  Centro
 Centro  Média  Laterais  Laterais
 Laterais  Inferior  Dorso
 Comissuras

 Inferior
 Centro
 Laterais
 Comissuras

SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO
Dentre todos os tecidos que compõem o SE Tecido Muscular

 Viabilizam as Funções Orofaciais por meio de MOVIMENTOS de vários músculos


 Possui a capacidade de se encurtar sob comando do SN, gerando o movimento de estruturas
moles e ossos
 Ligamentos limita o movimento e estabiliza a articulação

MOBILIDADE - Movimento muscular


Ato de movimentar as estruturas orofaciais para a realização das funções orais

Essencial para a realização das funções orais


Fundamental par a analisar os órgãos que realizam as funções orofaciais:
- LÁBIOS, LÍNGUA, VÉU PALATINO, BOCHECHAS E MANDÍBULA.
A falta de movimento pode levar a diminuição de tônus (Marchesan 1993)
Condições que pode alterar o movimento (Medeiros e Medeiros 2006)
Falta de uso
Frênulos labial e lingual
Problemas neurológicos

ESTADO DE CONTRAÇÃO MUSCULAR - (tonicidade, tônus)


Grau de tensão mesmo quando o músculo está em repouso, que lhe permite iniciar
a contração rapidamente após o impulso dos centros nervosos.

O tônus alterado pode levar a movimentos alterados (Marchesan 1993)


Há condições que modificam esse estado parcial de contração no repouso, como a
tensão emocional.
Assim como o pouco uso

Aumentada Diminuída
(músculo mais tenso) (músculo mais relaxado)

HIPERTONIA HIPOTONIA

TÔNUS ALTERADO
 Lábios abertos e hipotônicos
 Mentual hipertônico
 Língua hipotônica
 Bochechas hipotônicas

Má-Oclusão
Lábio Superior: hipotônico
Lábio Inferior: hipertônico
Classe II Mentual: hipertônico

Lábio Superior: hipotônico


Classe III Mentual: hipertônico
Medeiros e Medeiros, 2006
 Encefalopatia Crônica não Progressiva
 Síndromes
 Acidente Vascular Encefálico

Hipotonia ou Hipertonia generalizada


Sanvito, 2002
AVALIAR A TONICIDADE
Por meio de palpação muscular
• Posição habitual de repouso
• Resistência ao movimento
Marchesan, 2005

Protocolo de Exame Miofuncional (disciplina MO/FOB-USP)

TÔNUS [ ] Somar as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 6) Realizar observação visual e palpação
Observação: ___________________________________________________________________________

AVALIAR A MOBILIDADE
Filmar a realização de movimentos
Fornecer pista visual se necessário
Observar as estruturas em ação

 Lábios
• Amplitude e simetria;
 Língua
 Bochechas • Movimentos involuntários e associados.
 Véu Palatino “Avaliação do movimento isolado é de pouco valor”
 Mandíbula Marchesan, 1993; Medeiros e Medeiros.

• A partir da execução de tarefas motoras após ordem verbal ou modelo fornecido pelo
avaliador (se necessário)
• Essa prova inteira deve ser registrada (filmadora) e depois armazenada em HD ou DVD
para análise detalhada posteriormente
• Na análise atribuir escores de acordo com o desempenho em cada movimento testado
 Executar três vezes cada movimento em velocidade regular, após orientar.
 Cada movimento deve partir da posição de repouso, portanto, sempre
retornar à posição de repouso antes de iniciar o próximo.
 Solicitar que cada movimento seja executado o mais amplo possível.
 Orientar o paciente a manter a posição solicitada até o final da testagem.
 Exemplo: manter os dentes encostados até o final da testagem dos lábios e
manter a boca aberta até o final da investigação da língua.

Adequado: movimento realizado com precisão, ritmo e coordenação, sem movimento


associado;
Alterado: pode ocorrer em duas condições:
Aproximado do adequado, mas há algum comprometimento na precisão, ritmo e
coordenação ou além de movimento associado;
Tenta realizar, quando não realiza o movimento solicitado, mas o tenta realizar
algum tipo de movimento;
Ausente: o movimento não é realizado e nem esboça qualquer outro

Protocolo de Exame Miofuncional (disciplina MO/FOB-USP)

MOBILIDADE [ ] Somar as pontuações de lábios, língua, véu palatino e mandíbula


(melhor resultado = 0 e pior = 49)
Lábios [ ] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 16) *Executar com os dentes ocluídos
Observação: __________________________________________________________________________

Véu Palatino [ ] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 4)


Observação: ___________________________________________________________________________
Língua [ ] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 16)
Observação: ___________________________________________________________________________

Mandíbula [ ] Somar todas as pontuações (melhor resultado = 0 e pior = 13)


Observação: ___________________________________________________________________________

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