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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
RELATÓRIO
fls.1/4
É o relatório.
VOTO
Em que pese a irresignação demonstrada pelo MPF nas suas razões de recorrer,
levando-se em conta a fragilidade do conjunto probatório presente no feito, entendo estar bem
fundamentada a decisão do magistrado a quo em não receber a denúncia em face de JAMES
ISAAC RAMOS e XAVIER NICOLAS MEHA (fls. 13/18).
A denúncia imputa a XAVIER NICOLAS MEHA o delito de corrupção ativa (CP, art.
333) e a JAMES ISAAC RAMOS (servidor público do INCRA) o crime de corrupção passiva (CP,
art. 317)
De fato, como bem ressaltado pelo juízo a quo, não há qualquer prova de que
James tenha recebido a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) que Xavier alega que entregou
(fl. 15) ao réu Antonio Carlos da Penha para que ele repassasse a James, servidor público do
INCRA em Belém/PA, com o alegado intuito de que este confeccionasse Certificado de Cadastro
de Imóvel Rural e Memorial Descritivo.
Não há qualquer outra referência aos delitos de corrupção ativa e passiva e James
sequer foi indiciado ao fim do inquérito policial. Não há, portanto, elementos que confirmem a
alegação de oferta e/ou pagamento dinheiro ao servidor publico.
A Procuradoria Regional da República na 1ª Região se manifestou pelo
desprovimento do recurso, asseverando que, in verbis (fls. 65 e seguintes):
Conforme consta na denúncia, Xavier Meha era proprietário da
Madereira Maracanã Ltda e tinha interesse em adquirir plano de manejo
para explorar madeira da espécie jacarandá. Diante de tal interesse,
Antônio Penha declarou-se arrendatário de 400 mil há no Município de
Aveiro/PA, área essa que adquirira em parceria com o então prefeito do
Município, Adalberto da Silva. A partir disso, Xavier e Antônio formalizaram
o negócio, sendo que o primeiro pagaria R$ 150.000,00 (cento e cinquenta
mil reais) por 10.000 há (dez mil hectares), consoante recibo de fl. 05.
Tem-se ainda, que a área negociada situava-se no interior da Gleba
Arraia, incorrendo os acusados Antônio e Adalberto no crime de
estelionato, já que enganaram o corréu Xavier.
Ainda sendo a inicial acusatória, o corréu ADALBERTO VIANA,
então prefeito do Município de Aveiro/PA, requereu junto a Xavier ( fl. 05)
(...)
Ocorre que, a declaração de que ANTÔNIO PENHA informou que
XAVIER MEHA deveria pagar R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a JAMES
RAMOS, servidor do INCRA para viabilizar a confecção de Certificado
de Cadastro de Imóvel Rural e Memorial Descritivo, não encontra
substrato nas provas angariadas.
Antônio Penha e James Ramos não confirmaram esta informação.
Tampouco há mínimos indícios de que o pagamento realmente ocorreu ou
pode ter ocorrido. A única fonte probatória do possível cometimento destes
ilícitos é o depoimento do investigado Xavier Meha, o que não é índico
suficiente para sustentas uma instrução criminal.
Portanto, conclui-se que a denúncia não reuniu elementos
informativos mínimos para que fosse perfectibilizada a necessária justa
causa para deflagração da ação penal correspondente aos crimes de
corrupção ativa e passiva, razão pela qual o recurso em sentido estrito não
fls.2/4
fls.3/4
fls.4/4