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RESUMO PLANO INICIAL

Insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER) é uma síndrome grave e
complexa e com aumento substancial do risco de mortalidade a cada internação por
descompensação. É de extrema importância, portanto, conhecer marcadores durante
a admissão hospitalar e ao longo do tempo que possam se associar a maior gravidade
durante a hospitalização desses pacientes. Objetivo do projeto foi avaliar marcadores
clínicos, laboratoriais e ecocardiográficos associados a desfecho desfavorável (óbito,
necessidade de terapia intensiva (UTI) ou revascularização de emergência) durante a
internação por ICFER. Para tal foi realizado um estudo prospectivo longitudinal de
pacientes consecutivos internados na enfermaria de clínica médica de um hospital
universitário por agudização da IC no período de junho de 2019 a dezembro de 2022.
Os pacientes foram submetidos, no primeiro dia de admissão, à avaliação clínica e
exame físico para detecção de sinais de IC, exames laboratoriais e ecocardiograma
transtorácico. Foram acompanhados até a alta hospitalar ou óbito, quanto à presença
de desfechos desfavoráveis: óbito, necessidade de UTI ou revascularização
(angioplastia ou cirurgia cardíaca de emergência).

INTRODUÇÃO

A insuficiência cardíaca (IC) é definida como uma síndrome no qual o coração é


incapaz de bombear sangue em proporção adequada para atender as necessidades
metabólicas dos tecidos ou é capaz disso apenas sob elevadas pressões de
enchimento. Tal síndrome costuma ser o estágio final de várias formas de cardiopatias
crônicas onde as alterações estruturais e ou funcionais do coração resultam em
redução de débito cardíaco e ou elevadas pressões de enchimento no repouso ou
esforço.
Estima-se que a síndrome da Insuficiência cardíaca afete mais de 23 milhões de
pessoas no mundo, com o aumento da prevalência proporcional ao aumento da faixa
etária, chegando a 17,4 % naqueles com idade igual ou superior a 85 anos. No Brasil, é
a principal causa de internação por doença cardiovascular, responsável pela internação
de cerca de 300 mil pessoas por ano. (4,5)
Várias podem ser as etiologias que causam as alterações cardíacas precursoras
da IC. Basicamente, qualquer condição que leve à alteração na estrutura ou função do
ventrículo esquerdo pode predispor o paciente a desenvolver IC. As etiologias mais
comuns são: a doença arterial coronariana (DAC), responsável por cerca de 60 a 75%
dos casos de IC; seguidas pele hipertensão arterial e a diabetes mellitus que,
juntamente com a DAC, interagem para aumentar o risco de IC; além de valvulopatias,
cardiomiopatias e doença de chagas. Outros fatores de risco que podem contribuir
para a instalação da doença são: obesidade, dislipidemia, infecção viral, tabagismo,
etilismo, doença renal, entre outros.
A classificação da IC pode ser realizada levando em consideração vários
aspectos da doença, como a fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) podendo
ser dividida entre preservada quando a FEVE é superior a 50% ou reduzida quando a
mesma for inferior a 40% e intermediaria quando for entre 40% e 50%. Outro
parâmetro a ser considerado é o NYHA (New York Heart Association) que leva em
consideração o grau de tolerância ao exercício do paciente sendo graduado de I a IV.
Existe também a classificação da American College of Cardiology/American Heart
Association (ACC/AHA) leva em consideração os estágios de desenvolvimento e
progressão da IC, sendo classificado entre A, B, C ou D, de acordo com a presença de
sintomas e dano estrutural cardíaco.
Para o diagnóstico de IC deve ser levado em consideração os aspectos da
história clínica do paciente, que pode apresentar os sintomas clássicos de congestão
pulmonar ou sistêmica, além dos achados do exame físico como desvio de ictus para a
esquerda, sopros, edema de membros inferiores, hepatomegalia, refluxo
hepatojugular, ascite, estertores pulmonares, taquicardia ou taquipneia, pulso
alternante, terceira ou quarta bulha, entre outros.
Os exames complementares como hemograma completo, perfil dos eletrólitos,
dosagem de ureia e creatinina e de enzimas hepáticas, são importantes durante o
curso da investigação, pois além de confirmar o diagnóstico, podem fornecer dados
sobre o grau de remodelamento cardíaco, ativação neuro-hormonal, prognóstico,
etiologia, comorbidades associadas, estratificação de risco e presença de função
sistólica e ou diastólica. O Ecocardiograma transtorácico é o exame de imagem de
escolha para diagnóstico e avaliação do paciente com suspeita de IC. Ele permite
avaliar a função ventricular sistólica e diastólica, tanto direita como esquerda, além
das espessuras parietais, tamanho das cavidades, função valvar e doenças pericárdicas.
Outro exame de imagem que também apresenta informações importantes é a
radiografia de tórax, que é recomendada na avaliação inicial do paciente para
investigação de cardiomegalia e congestão pulmonar.
Considerando o exposto a cima, levanta-se a hipótese de que o conhecimento de
preditores de mal prognóstico durante a internação desses pacientes com a análise do
perfil clínico, dados laboratoriais e ecocardiográficos, podem ajudar no planejamento
ambulatorial com o intuito de evitar novas internações e otimizar o tratamento pós
alta hospitalar.

METODOLOGIA

O estudo teve uma amostra de 50 pacientes com insuficiência cardíaca de fração de


ejeção reduzida internados na enfermaria de clínica médica de um hospital
universitário no período de junho de 2019 a dezembro de 2022. Os pacientes foram
submetidos, no primeiro dia de admissão, à avaliação clínica e exame físico para
detecção de sinais de IC, exames laboratoriais e ecocardiograma transtorácico. Foram
acompanhados até a alta hospitalar ou óbito, quanto à presença de desfechos
desfavoráveis: óbito, necessidade de UTI ou revascularização (angioplastia ou cirurgia
cardíaca de emergência).

Critérios de inclusão

 Concordância com o termo de consentimento livre e esclarecido


 Pacientes internados com ou sem diagnóstico prévio de insuficiência cardíaca e
que após a internação deu continuidade no ambulatório de insuficiência
cardíaca do hospital HU-UFSCar.
 Pacientes com faixa etária XXX de ambos os sexos.

Critérios de exclusão:
 Pacientes que apresentarem insuficiência cardíaca com fator de ejeção superior
a 50%.
 Pacientes que não apresentem as informações relevantes para o estudo em
prontuário.

Avaliação Clínica

A avaliação clínica incluirá anamnese detalhada, fatores de risco associados,


medicações usadas durante a internação, exame físico geral e especial, exames
laboratoriais e ecocardiográficos.

Exames laboratoriais: Exames laboratoriais como uréia, creatinina, hemograma, sódio,


potássio, glicemia, perfil lipídico, TSH, PCR, troponina, TGO, TGP .

Fatores de risco e comorbidades associadas : HAS, DM, DAC, IAM, FA, DPOC,
tabagismo, etilismo, obesidade, cirurgia cardiovascular, angioplastia, marcapasso,
valvopatias, COVID-19.

Sinais clínicos de IC : estase jugular, estertores pulmonares, presença da terceira


bulha, pressão venosa jugular superior a 16 cm de água, refluxo hepatojugular; edema
de membros inferiores, hepatomegalia, derrame pleural, frequência cardíaca igual ou
maior do que 120 batimentos por minuto.

Dados de sinais vitais: Frequência cardíaca, frequência respiratória, pressão arterial


sistêmica, saturação de oxigênio, Indice de massa corporal (IMC)

Dados ecocardiográficos: fração de ejeção do ventrículo esquerdo, diâmetro sistólico


do ventrículo esquerdo, diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo, presença de
valvopatias e alterações de relaxamento do ventrículo esquerdo.

RESULTADOS

No trabalho foi permitido avaliar o perfil de internação de 50 pacientes


internados no HU- UFScar com IC com fração de ejeção reduzidas, e como os fatores
clínicos e de internação dos pacientes como: sinais vitais e clínicos , dados
laboratoriais e ecocardiográficos, fatores de risco e comorbidades associados,
puderam se relacionar ao desfechos desfavoráveis da internação. Foram observados
10 desfechos desfavoráveis sendo eles: 5 necessidades de UTI, 2 transferências de
emergência, 1 angioplastia de emergência e 2 óbitos. ( Tabela x ).

Na tabela 1 e 2 é possível observar a prevalência das etiologias da ICFER e as


comorbidades associadas dos pacientes internados no HU-UFSCar.

TABELA 1- ETIOLOGIAS, N (%)


Isquêmica 18 36%
Hipertensiva 11 22%
Chagásica 6 12%
Valvar 4 8%
Outros 11 11%

ETIOLOGIAS

22%

36%

8%

12%

22%

ISQUEMICA HIPERTENSIVA CHAGASICA VALVAR OUTROS

GRAFICO 1- PRINCIPAIS ETIOLOGIAS DOS PACIENTES HOSPITALIZADOS


COM INSUFCIÊNCIA CARDÍACA

TABELA 2 - COMORBIDADES N (%)


HAS 37 74%
DM 25 50%
DAC 20 40%
AIM 19 38%
FA 12 24%
DPOC 10 20%
Cirurgia cardíaca 6 12%
Angioplastia 12 24%
Marcapasso 6 12%
Valvopatia 10 20%
Obesidade 12 24%
Tabagismo 23 46%
Etilismo 19 38%
COVID-19 9 18%
(LEGENDAS)
GRAFICO -2 COMORBIDADES

COMORBIDADES
40

35

30

25

20

15

10

0
HA
S
DM DA
C
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Ci

O perfil clinico do paciente considerando os fatores com o NYHA e sintomas


apresentados durante a internação além dos medicamentos utilizados são
demonstrados nas tabelas 3, 4 e 5 respectivamente.

TABELA 3 - NYHA, N (%)


I 3 6%
II 14 28%
III 25 50%
IV 8 16%

TABELA 4- SINTOMAS APRESENTADOS NA INTERNAÇÃO, N (%)


DPN 15 30%
Ortopneia 16 32%
Estase jugular 21 42%
Estertor pulmonar 26 52%
Pressão venosa jugular 12 24%
Refluxo hepatojugular 10 20%
Edema MMII 30 60%
Perfusão periférica > 3 seg. 5 10%
Hepatomegalia 7 14%
Derrame pleural 19 38%
Taquicardia 19 38%
Terceira bulha 2 4%

TABELA -5 MEDICAMENTOS USADOS NA INTERNAÇÃO, N (%)


BRA 20 40%
IECA 28 56%
BB 44 88%
Vasodilatador 12 24%
Diurético 44 88%
Ant. Aldosterona 28 56%
INRA 6 12%
Antiarrítmico 6 12%
Inotrópico 5 10%
Digital EV 12 24%
Antidiabético oral 11 22%
Corticoides 7 14%
Estatina 30 60%
Antiagregante 12 24%
Antibiótico 31 62%

A tabela 6 e 7 evidenciam os resultados dos exames laboratoriais e ecocardiográfico


dos pacientes internados

TABELA 6- DADOS LABORATORIAIS


Hb 13,1 ± 2
Ureia 57 ± 39,9
Creatinina 1,1 ± 0,84
Sódio 136 ± 4,9
Potássio 4,5 ± 0,65
TGO 29 ± 35,3
TGP 35 ± 81,2
PCR 1,3 ± 3,5
Glicemia de jejum 125,5 ± 82,5

TABELA 7 – DADOS ECOCARDIOGRAFICOS

DDVE, mm 59 ± 8,98
DBVD, mm 43 ± 11,15
Espessura Relativa Parede 0,33 ± 0,14
IMVE, g/m2
VAE indexado, ml/m²
E/A Mitral
E’ Septal Mitral, cm/s
E/E’ Mitral
S Tricuspide, cm/s
TAPSE, mm
FEVE, %

DESFECHOS DESFAVORAVEIS, N (%)


Necessidade de UTI 5 10%
Necessidade de transferência 2 4%
Angioplastia na internação 1 2%
Óbito 2 4%

PRINCIPAIS FATORES NA INTERNAÇÃO DE PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA


CARDÍACA QUE SE CORRELACIONARAM COM DESFECHOS DESFAVORÁVEIS
FATORES P
Hiperglicemia 0,015
COVID-19 (história prévia) 0,048
Ortopneia 0,038
Estase jugular 0,013
Estertor pulmonar 0,025
Perfusão periférica >3s 0,008
Hepatomegalia 0,00
Derrame pleural 0,034

Dados apresentandos dos fatores que se correlacionaram significantemente com


desfechos desfavoráveis

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