Você está na página 1de 13

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA

CAMPUS BACABAL

FABRÍCIA DE SOUZA PINHEIRO

O SUJEITO PSÍQUICO DA PERSONAGEM MADALENA

BACABAL-MA
2018
FABRÍCIA DE SOUZA PINEIRO

UMA INTERPRETAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DA ESTRUTURA DO SUJEITO


PSÍQUICO DA PERSONAGEM MADALENA

Projeto de pesquisa apresentado ao Curso de


Licenciatura Plena em Letras-Português da
Universidade Federal do Maranhão - UFMA,
como pré-requisito para a aprovação na
disciplina Projeto de Pesquisa I.

Orientador (a): Prof.ª. Me (a) Lucélia Almeida

BACABAL
2018
SUMÁRIO

1 TÍTULO, TEMA E JUSTIFICATIVA........................................................... 04


2 PERGUNTAS DE PESQUISA.......................................................................... 06
3 OBJETIVOS ........................................................................... ........................ 07
3.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 07
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 07
4 METODOLOGIA ............................................................................................ 08
5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 09
6 CRONOGRAMA .............................................................................................. 12
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 13
4

1 TEMA E JUSTIFICATIVA

O projeto de pesquisa traz como proposta fazer uma interpretação da personagem


Madalena do grande clássico da Literatura Brasileira São Bernardo, romance elaborado por
Graciliano Ramos em 1934, a obra possui uma riqueza de interpretações devido às várias
temáticas utilizadas pelo autor para compor o enredo, é considerada também como uma obra
marcante pelo teor psicológico e pela complexidade que o autor desenvolve os personagens. A
narrativa do texto literário é feita em primeira pessoa por um narrador autodiegético, ou seja,
ele relata suas experiências e todos os acontecimentos mediante sua perspectiva.
Paulo Honório, o narrador, é apresentado como um personagem perturbado pelo
desejo de conquistar seus objetivos, que usa de todos os métodos para consegui-los, possuindo
também vários conflitos psicológicos. Ao decorrer do enredo a personagem casa-se com
Madalena, uma professora que se recusa a aceitar o comportamento agressivo do marido,
pressionada pelo ciúme de Paulo Honório e por todos seus conflitos psicopatológicos,
encontra como saída o suicídio.
O enfoque do trabalho se baseia na análise de Madalena, através das conexões entre a
literatura e a psicanálise, possibilitando a ampliação do olhar sobre as escolhas da personagem
e a descrição da formação de sua personalidade, por meio dos conceitos e leituras de Freud e
Lacan. Evidentemente, não se trata de esgotar as possibilidades de análises e interpretações
dela, mas apresentar uma das formas de fazer uma leitura sobre Madalena, pelo viés de outra
área de conhecimento, a psicanálise, que sempre se utilizou da literatura desde Sigmund Freud
e a literatura por sua vez também estreita esses laços, pois faz uso da psicanálise para
construir e interpretar seus textos, por meio da crítica literária, que envolverá a obra através de
seus conceitos e vai se expor por meio do enredo ficcional.
O projeto foi pensado mediante ao desejo de aprofundar uma interpretação sobre a
personagem Madalena, pois ao longo da leitura do romance a personagem despertou-me
curiosidade devido à descrição feita pelo autor e principalmente o seu desfecho na obra. No
aprofundamento da análise de São Bernardo foi possível perceber que entre as pesquisas
Madalena por diversas vezes ficou num segundo plano, pois num primeiro sempre esteve a
personagem Paulo Honório, a pesquisa possibilitará uma visão sobre Madalena com o papel
de protagonista de sua própria história. A análise tem como pano de fundo os conceitos
psicanalíticos que tornará possível a associação das características da estrutura do
inconsciente da personagem, com a formação da sua personalidade.
5

A pesquisa tem relevância, pois apresentará mais uma forma de interpretação da


personagem, de fato a obra já é bastante estudada, mas como foi mencionado inicialmente ela
possui uma riqueza de interpretações e apresentar novas pesquisas sobre uma das personagens
reforçará o quanto a obra é plausível de leituras e análises. Nossa intenção é abrir novos
caminhos e visões sobre a personagem por meio da abordagem utilizada. Isso agregará
conhecimento tanto no meio acadêmico e suas pesquisas quanto para o meio social, pois
apresentará a ligação entre duas áreas do conhecimento, possibilitando reflexões sobre à
pratica da crítica literária por meio da leitura da personagem Madalena
6

2 PERGUNTAS DE PESQUISA

Madalena é descrita pelo olhar de Paulo Honório, seu marido e narrador do enredo,
mas quais características foram encobertas na obra para que fossem apresentadas aquelas que
eram viáveis ao narrador explanar. A personagem feminina por diversas vezes foi analisada
em várias pesquisas com um papel secundário na obra, e isso é o que gera curiosidade e
questionamentos sobre o que se passava realmente no íntimo dela, quais conflitos a
personagem possuía para ser descrita com tais atitudes.
Para Lacan, a voz do narrador é uma confidência, um testamento e um testemunho. É
uma prática (honesta, mas mentirosa), de fazer-se, e fazer-nos enganar por uma história, uma
ficção. Partindo desse pressuposto proponho a partir da leitura da obra São Bernardo procurar
responder aos seguintes questionamentos: como a formação do aparelho psíquico se
apresentava nas atitudes da personagem? Que neuroses e sintomas estavam presentes na
personalidade de Madalena que a levaram ao seu trágico fim? Como seu sofrimento psíquico
a afetou causando a rejeição a maternidade?
7

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL:

 Analisar a personagem Madalena, utilizando da abordagem psicanalítica para entender a


formação do seu sujeito psíquico

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:


 Entender como se deu a formação do sujeito psíquico da personagem Madalena.
 Apresentar características da personalidade da personagem para associá-las ao
inconsciente através do produto da linguagem.
 Compreender...(...)
8

4 METODOLOGIA

Para alcançarmos os objetivos propostos, os passos iniciais serão a leitura da obra e


seleção do material bibliográfico. Por meio da leitura mais aprofundada do texto literário São
Bernardo, sendo possível viabilizar a interpretação do objeto a ser estudado, no caso a
personagem Madalena.
Trata-se de um projeto eminentemente de análise, pesquisa e interpretação de
material bibliográfico, um estudo apoiado em textos teóricos e obras de referências. Através
do método de leituras sistemáticas, tomando como ponto de partida a leitura da obra literária
(São Bernardo), para buscar o levantamento de traços, associações aos conceitos,
instrumentos e outros elementos empregados pelos autores na abordagem da psicanálise da
literatura. A crítica literária exercerá papel fundamental neste processo para indicar sua
validade e necessidade e outras reflexões para que as questões norteadoras sejam devidamente
esclarecidas.
9

5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A abordagem proposta entre a psicanálise e a literatura, existe devido ao conceito


fundador da psicanálise, o inconsciente. Para Laplanche e Pontalis (2001) se fosse preciso
concentrar numa palavra a descoberta freudiana, essa palavra seria incontestavelmente
inconsciente, pois foi a partir dele que foram descobertos todos os outros conceitos
subsequentes. Segundo Freud todo o conteúdo mental que não é acessível a consciência,
acumulado devido as experiências vividas encontra-se no inconsciente, e consiste num
enigma, pois é através dessa área mental que será possível a interpretação do comportamento
e da personalidade do ser humano. Sendo composta por três instâncias mentais, que formam o
sujeito psíquico, o id, ego e superego, ou seja, o princípio do prazer, princípio da realidade e
o princípio da repressão. Utilizando dos conceitos elaborados inicialmente por Freud e
revistos por Lacan, será possível a interpretação da formação do inconsciente da personagem
Madalena e das atitudes que se relacionavam a eles. Segundo (SOUZA apud MENESES E
DACORSO, 2010) a psicanálise é uma metodologia clínica e terapêutica e não uma prática
literária. No entanto a literatura faz uso dos conceitos psicanalíticos para interpretar seus
textos, pois para Lacan (1901-1981) o inconsciente é estruturado como uma linguagem,
possibilitando a análise de textos culturais, literários e outros.
Jorge (1952) afirma sobre a leitura lacaniana de Freud, que a pulsão é o conceito
psicanalítico que mais se revela inseparável da questão sobre o que é o inconsciente, para ele
houve um equívoco ao limitar o conceito de pulsão apenas com a tradução de instinto, pois:

O elemento central da concepção freudiana da pulsão é seu caráter


eminentemente parcial, especificado por uma fonte pulsional (oral, anal etc.)
e por um alvo (a resolução de uma tensão interna). Através da formulação da
parcialidade da pulsão, Freud indica o erro inerente ao fato de se restringir a
sexualidade humana ao aspecto da reprodução. (JORGE,1952, p.47)

Sendo assim, associaremos o conceito de pulsão proposto por Freud às atitudes tomadas pela
personagem, especificamente a pulsão de morte, que foi proposta por Freud inicialmente com
um teor especulativo, a partir do princípio do prazer, que regia todo o aparelho psíquico ele
se questionava como era possível que situações que causasse desprazer para o sujeito podia se
repetir de modo continuado. A partir disso é destacado por Freud um elemento novo que
contraria o princípio do prazer, e o conceituou como pulsão de morte.
10

Segundo Lacan (1957-1958) a pulsão de morte está vinculada para além do princípio
do prazer, fundamentada na concepção do núcleo real de gozo, impossível de ser simbolizado,
situado na parte interna do sintoma. Os trabalhos iniciais da psicanálise começaram pelo
estudo da neurose e dos sintomas. Foi percorrido o caminho, do sintoma ao inconsciente, à
pulsa e à sexualidade. As neuroses são compreendidas como expressões de conflitos entre o
eu e as pulsões devido a incompatibilidade ou com os padrões éticos do eu, são repelidos
(recalcados), ou seja, são impedidos de se tornar conscientes, e são afastados da possibilidade
de satisfação. De modo que haja o fracasso do recalcamento e a libido irá procurar outras
saídas do inconsciente. Regredindo a fases anteriores do desenvolvimento infantil e a atitudes
anteriores para com os objetos, pontos de fixações infantis e irrompe na consciência obtendo
satisfação. O resultado é um sintoma.

O sintoma é concebido, de início, como a expressão do recalcado. O trauma é a base


real do sintoma e o real derradeiro é, em Freud, a castração (DESTARTE apud DIAS, 2006).
Lacan avançou no sentido de conceber que o sintoma não é regido somente pela rede
simbólica, pois algo resta após desvendar da ligação com o significante. Consiste em uma
produção quer seja um comportamento ou um pensamento, resultante de um conflito psíquico
entre o desejo e os mecanismos de defesa, por sua vez ao mesmo tempo que sinaliza, busca
encobrir um conflito, substituir a satisfação do desejo. Possibilitando a investigação da
formação dos processos psíquicos.

Freud também propõe um estudo sobre as diferenças psicológicas entre homem e


mulher, pois inicialmente não existia essa distinção, para ele não existia senão meninos, ao
decorrer de suas pesquisas pode fazer análises para os diferenciar. A partir desses conceitos
compreenderemos a relação de Madalena com o marido pelo viés psicológico da personagem.
Sobre a condição feminina Mitchell considera:

Nós consideramos também as mulheres como mais fracas em seus interesses


sociais, e como tendo menor capacidade de sublimação de seus instintos do
que os homens. A primeira afirmação deriva-se, sem dúvida, da qualidade
dissocial que questionavelmente caracteriza todas as relações sexuais. Os
amantes descobrem a suficiência de um no outro, e as famílias também à
inclusão em associações mais abrangentes. Existe uma ligação evidente entre
a segurança do amor edipiano pelo pai e o lar feliz dos e o lar feliz dos anos
posteriores. Mas, antes e depois, o caminho é longo e difícil. (MITCHELL,
1979, p.134-135)

Dentre os críticos que analisaram São Bernardo, as pesquisas de Maria Sólis (2006)
serão utilizadas como apoio para este trabalho, pois ela desenvolveu uma pesquisa voltada
11

para análise da personagem Madalena, na abordagem psicanalítica, propôs um trabalho que


busca para o centro de interesse de discussões a personagem, com ênfase na opacidade dessa
mulher configurada por um narrador ressentido e os confrontos e desejos masculinos e
femininos encontrados na obra.

FUDAMENTAÇÃO MUITO CURTA -

FALAR RESUMIDAMENTE SOBRE A OBRA...,


12

6 CRONOGRAMA

ETAPAS JAN FEV MAR ABR MAI JUN

Escolha do tema da pesquisa X

Revisão de Literatura (Bibliografia) X X

Definição dos capítulos X

Justificativa, objetivos, problematização, X X


metodologia

Fundamentação Teórica X X

Coleta de dados X

Análise de dados X X

Elaboração de síntese e conclusão de X X


análise dos resultados

Ajustes metodológicos: conceituais X

Resultado final; formatação conforme X


normas ABNT

Entrega do trabalho X

Preparação para apresentação X

Apresentação do trabalho final X


13

REFERÊNCIA

DACORSO, S. T . M. Psicanálise e crítica literária. 2010.147-154. Tese (Trabalho de pesquisa no


Mestrado em Letras CES-JF) - Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, 2010.

DIAS, M. O sintoma: De Freud a Lacan. Minas Gerais- FAPEMIG, 2006.

DUARTE, F. MESQUITA, R. Dicionário de Psicologia. 1. ed, Plátano Editora S.A, abril, 1996.

JORGE, M. A.C. Fundamentação da Psicanálise de Freud a Lacan. 5.ed. Rio de Janeiro, 2008.

LAPLANCHE, J; PONTALIS, J. B. Vocabulário de Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1979.

LAZARO, M. S. C. A linguagem do Corpo em São Bernardo de Graciliano Ramos. 2006, 123 f. Tese
(Dissertação apresentada ao Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada) - Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2006.

MITCHELL, J. et al. Psicanálise e feminismo. Belo Horizonte, Interlivros, 1979. Trad. de Ricardo
Brito.

RAMOS, Graciliano. São Bernardo. 92º.ed. Rio de Janeiro, 2012.

SOUZA, Adalberto. O. L, Crítica Psicanalítica, In: BONNICI, T, ZOLIN (Org.) Teoria literária:
abordagens históricas e tendências contemporâneas. Maringá: 2.ed. rev. 2005. p. 205-216.

Você também pode gostar