Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Perícia Odontológica Trabalhista
1. Aluno de Mestrado (Odontologia Legal), Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto,
Programa de Pós-Graduação em Patologia, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.
2. Aluno de Especialização (Odontologia Legal), Universidade de São Paulo, Faculdade de Odontologia de Ribeirão
Preto, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.
3. Aluno de Mestrado (Odontologia Legal), Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Odontologia de
Piracicaba, Programa de Pós-Graduação em Biologia Buco-Dental, Piracicaba, São Paulo, Brasil.
4. Professor Doutor (Odontologia Legal), Universidade de São Paulo, Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto,
Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.
_______________________________________________________________
Informação sobre o manuscrito Autor para contato:
Prof. Dr. Ricardo Henrique Alves da Silva
Recebido em: 18 Maio 2017
Universidade de São Paulo - Faculdade de Odontologia
Aceito em: 07 Ago 2017 de Ribeirão Preto.
Avenida do Café, s/n, Bairro Monte Alegre, Ribeirão
Preto, SP. CEP: 14040-904.
E-mail: ricardohenrique@usp.br.
_______________________________________________________________
RESUMO
A prática clínica do cirurgião-dentista está constantemente permeada por situações e condições de
insalubridade e periculosidade, ou seja, uma profissão que coloca aqueles que a exercem em situações
de risco. Considerando a importância dos aspectos clínicos e legais sobre os riscos relacionados à prática
odontológica, o objetivo deste trabalho foi discutir em que casos o cirurgião-dentista teria direito a receber
adicionais de insalubridade e periculosidade na sua rotina laborativa e em qual porcentagem. Os fatores
de insalubridade aos quais o cirurgião-dentista está exposto são os riscos físicos, químicos, biológicos e
ergonômicos, e os fatores de periculosidade são as fontes de irradiação ionizante. Desde 2003, com a
o
criação da Portaria n 518 do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), a atividade odontológica passou a
integrar o quadro de atividades e operações perigosas, e os trabalhadores passaram a ter o direito ao
adicional salarial de insalubridade e periculosidade. E, segundo a Constituição Federal do Brasil, em seu
artigo 7º, verifica-se que é direito do trabalhador um adicional para as atividades penosas, insalubres ou
perigosas. Concluiu-se que os profissionais que trabalham em locais insalubres ou com risco de vida
fazem jus ao adicional sobre o seu salário, podendo ser de insalubridade, periculosidade ou ambos. Os
critérios para determinação do percentual de reajuste variam entre os empregados públicos e os regidos
pela CLT. Além disso o cirurgião-dentista que contribui para com a Previdência Social na condição de
segurado do INSS ou que tem regime previdenciário próprio pode requerer a aposentadoria especial.
PALAVRAS-CHAVE
Odontologia legal; Periculosidade total; Riscos ocupacionais; Saúde do trabalhador.
14
acordo com as Normas da Comissão Constituição Federal Brasileira assegura
31
Nacional de Energia Nuclear (CNEN) . como direitos sociais do trabalhador o
Deverá ser considerado no laudo técnico os recebimento de “adicional de remuneração
requisitos de segurança e radioproteção para as atividades penosas, insalubres ou
relativos ao risco potencial envolvidos com perigosas” (art. 7º XXIII), não há menção à
atividades dessa natureza e constituída necessidade de escolha do trabalhador por
especialmente para essa finalidade, os um dos adicionais. Não se pode alegar que
servidores serão submetidos a exames a conjunção “ou” implicaria na necessidade
médicos a cada 6 meses, sempre que de escolha, uma vez que a redação do texto
houver alteração nas condições técnicas constitucional estabelece a possibilidade de
que justificaram a concessão haverá revisão cumulação de direitos com a utilização da
31
do percentual do adicional . conjunção “ou”, como no art. 5º incisos V e
14
Se houver o vencimento do cargo X , nos quais a Carta Magna diz ser
efetivo ou se descaracterizadas as “assegurado o direito a indenização pelo
condições de que resultaram na concessão dano material ou moral”. É evidente que a
14
do adicional cessará o direito a sua Constituição Federal Brasileira não está
31
percepção . O adicional será calculado obrigando o ofendido material e moralmente
tendo por base o valor do vencimento do a fazer a opção por qual destes danos
cargo efetivo do servidor. A gratificação por deseja ser indenizado, logo, a melhor
trabalhos com Raios X ou substâncias interpretação do texto constitucional em
radioativas será calculada com base no relação ao disposto no artigo 7º, inciso XXIII
31
percentual de 10% . é no sentido de ser permitida a cumulação
dos adicionais de periculosidade e
DA POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO insalubridade.
DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E Além disso, a Convenção
PERICULOSIDADE PELO CIRURGIÃO- Internacional nº 148, promulgada pelo
11
DENTISTA Decreto nº 93.413 de 15/10/86 e a
Se considerar os dispositivos Convenção Internacional nº 155,
5 12
normativos da CLT em seu artigo 193, §2º promulgada pelo Decreto nº1.254 de
3
e no item 16.2.1 da NR-16 , ambos 29/09/94 ambas da Organização
informam que “o empregado poderá optar Internacional do Trabalho (OIT), também
pelo adicional de insalubridade que servem de fundamento para o entendimento
porventura lhe seja devido”, entende-se que de possibilidade de cumulação dos
o empregado deve escolher entre receber o adicionais de insalubridade e
adicional de periculosidade ou o de periculosidade, uma vez que determinam
insalubridade. que deverá ser levado em consideração os
Por outro lado, existe uma riscos profissionais decorrentes de
discussão quanto à possibilidade de exposição simultâneas a diversas
cumulação dos adicionais salariais de substâncias ou agentes nocivos no
periculosidade e insalubridade, pois a
Tabela 1: Riscos aos quais o cirurgião-dentista está exposto em decorrência de suas atividades rotineiras,
e os benefícios devidos como consequência dos mesmos.
Servidores civis da
Trabalhador em
União, autarquias e
Riscos Ocupacionais Adicional geral, regido pela
fundações públicas
CLT
federais
ABSTRACT
The dental clinical practice is constantly exposed to insalubrity situations and hazardous work conditions.
This profession puts who practice it in situations of risk. Considering the importance of clinical and legal
aspects of risks related to dental practice, the aim of this article was to discuss in which cases the dentist
would be entitled to receive additional payment for insalubrity and dangerousness in his work routine and
in what percentage. The insalubrity factors the dentist are exposed to are: physical, chemical, biological
and ergonomic risks, and the peculiarity factors are the sources of ionizing radiation. Since 2003, with the
o
creation of Decree n 518, from the Ministry of Labor and Employment (MTE), dental activity has become
part of the framework of dangerous activities and operations. Workers are entitled to the additional salary
o
of insalubrity and hazard, according to article 7 from the Brazilian’s Federal Constitution. It was verified
that it is the right of the worker an additional to the painful, unhealthy or dangerous activities. It was
concluded that professionals who work in unhealthy or life-threatening places are entitled to additional on
their salary, which may be insalubrity, hazardous or both. The percentage increased variability between
public and private employees, in addition, the dentist who contributes to the Social Security (INSS) or who
has a social security regime of his own, may require special retirement.
KEYWORDS
Forensic dentistry; Total hazard; Occupational risks; Occupational health.
REFERÊNCIAS
1. Portela J, Figueira RL. Periculosidade e -lei/Del5452.htm. Acesso em: 05 de
insalubridade. Rio de Janeiro; 2005. p. 14. fevereiro de 2017.
2. Brasil. Conselho Regional de Odontologia 6. Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego.
de Minas Gerais (CROMG). Diretrizes em Portaria No 518, de 4 de abril de 2003.
Odontologia. 2011 p. 55. Disponível em: Disponível em:
http://cromg.org.br/cromg-lanca-manual- http://www.normaslegais.com.br/legislacao/
diretrizes-em-odontologia-3/. Acesso em: trabalhista/portariamte518.htm. Acesso
05 de fevereiro de 2017. em: 05 de fevereiro de 2017.
3. Brasil. Ministério do Trabalho e Previdência 7. Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego.
o
Social. Norma Regulamentadora 16 - Norma Regulamentadora n 09 - Programa
Atividades e Operações Perigosas de prevenção de riscos ambientais.
o
[Internet]. Portaria GM n 3.214, de 08 de Portaria MTb no 3214, de 08 de junho de
junho de 1978. D.O.U 06/07/78. Disponível 1978 DOU 06/07/78. Disponível em:
em: http://trabalho.gov.br/images/Documentos/
http://portal.mte.gov.br/images/Documento SST/NR/NR09/NR-09-2016.pdf. Acesso
s/SST/NR/NR16.pdf. em: 05 de fevereiro de 2017.
4. Brasil. Ministério do Trabalho e Previdência 8. Melo L dos SV de, Radicchi R, Carvalho
Social. Norma Regulamentadora 15 - CM, Rodrigues V. Aspectos odontolegais
Atividades e Operações Insalubres. da insalubridade na odontologia. Rev
Portaria MTb no 3.214, de 08 de junho de Gaucha Odontol. 2008;56(2):143–9.
1978. D.O.U 06/07/78. Disponível em:
http://www.camara.gov.br/sileg/integras/33 9. Nogueira SA, Barros LF, Costa I do CC.
3673.pdf. Acesso em: 05 de fevereiro de Riscos Ocupacionais em Odontologia :
2017. Revisão da Literatura. UNOPAR Científica
Ciências Biológicas e da Saúde.
5. Brasil. Casa Civil. Decreto-Lei no 5.452, de 2010;12(3):11–20.
1o de maio de 1943. Aprova a
Consolidação das Leis do Trabalho. 10. Brasil. Ministério da Saúde. Agência
Disponível em: Nacional de Vigilância Sanitária. Serviços
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto Odontológicos: Prevenção e Controle de