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A conformação da medida de segurança


ao sistema de saúde mental brasileiro pela
reforma estrutural

LEONARDO SILVA NUNES


Doutor e Mestre em Direito (UFMG). Professor de Direito Processual Civil e
Coletivo (UFOP).

ANDRÉ DE ABREU COSTA


Doutor em História (UFOP). Mestre em Teoria do Direito (PUC MG).
Professor (UFOP).

JOSILENE NASCIMENTO OLIVEIRA


Mestra em Direito (UFOP). Professora do UNIPAC.

Artigo recebido em 11/3/2022 e aprovado em 14/9/2022.

SUMÁRIO: 1 Introdução • 2 A medida de segurança no Sistema de Justiça Criminal Brasileiro


• 3 Manicômio judiciário e a violação massiva de direitos fundamentais • 4 O processo estrutural
como possibilidade de conformação da medida de segurança • 5 Conclusão • 6 Referências.

RESUMO: A medida de segurança no Sistema de Justiça Criminal, como regra,


implica internação compulsória em manicômios judiciários, o que viola os direitos
fundamentais, visto o descompasso com a Lei no 10.216, de 2001, que trata do
modelo assistencial em saúde mental; com a Convenção das Nações Unidas
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e com a Lei no 13.146, de 2015, que
institui o Estatuto da Pessoa com deficiência, portanto com a legislação brasileira
no âmbito da abordagem social da deficiência. Sob a vertente metodológica
jurídico-sociológica, analisa-se, com o enfoque dos direitos fundamentais, a
possibilidade de conformação da medida de segurança ao sistema de saúde mental
por meio da reforma estrutural e da via processual, para verificar se a promoção de
uma mudança possibilita a efetivação dos direitos fundamentais desses sujeitos. Pelo
método dedutivo, busca-se refletir sobre a sistemática das medidas de segurança
como forma de responsabilização penal do infrator com transtorno mental.

PALAVRAS-CHAVE: Medida de Segurança • Sistema de Saúde Mental • Direitos


Fundamentais • Reforma Estrutural.

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The conformation of the security measure to the Brazilian mental health system
through the structural reform

CONTENTS: 1 Introduction • 2 The security measure in the Brazilian Criminal Justice System
• 3 Judicial asylum and the massive violation of fundamental rights • 4 The structural process as
a possibility of shaping the security measure • 5 Conclusion • 6 References.

ABSTRACT: The security measure in the Criminal Justice System, as a rule, implies
compulsory internment in judiciary asylums. This has resulted in substantial
violation of fundamental rights as it is in discordance with: Law number 10,216/2001
(which deals with the mental health care model), the United Nations Convention
on the Rights of Persons with Disabilities, and Law number 13,146/2015, which
adopted the social model of addressing disability. The possibility of shaping
the security measure to the mental health system through structural reform is
analyzed under the legal-sociological methodological approach, with a focus on
Fundamental Rights. Using the deductive method, the research seeks to reflect
on the systematic of security measures as a form of criminal liability for the
offender with a mental disorder, to verify whether the structural reform, through
the procedure, could promote a change that enables the realization of these
people’s Fundamental Rights.

KEYWORDS: Security Measure • Mental Health System • Fundamental Rights


• Structural Reform.

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La conformación de la medida de seguridad al sistema brasileño de salud mental


mediante reforma estructural

CONTENIDO: 1 Introducción • 2 La medida de seguridad en el sistema de justicia penal brasileño


• 3 El asilo judicial y la violación massiva de derechos fundamentales • 4 El proceso estructural
como posibilidad de dar forma a la medida de seguridad • 5 Conclusión • 6 Referencias.

RESUMEN: La medida de seguridad en el Sistema de Justicia Penal, por regla,


implica el internamiento obligatorio en manicomios judiciales. Esto ha resultado
en una violación masiva de los derechos fundamentales, ya que contradice
con la Ley 10.216/2001 (que trata sobre el modelo de atención a la salud
mental), con la Convención de las Naciones Unidas sobre los Derechos de las
Personas con Discapacidad y con la Ley 13.146/2015, que adoptó el modelo
social para el abordaje de la discapacidad. En el área metodológico jurídico-
sociológico, se analiza, con enfoque de derechos fundamentales, la posibilidad de
conformar la medida de seguridad al sistema de salud mental, mediante reforma
estructural. Mediante método deductivo, la investigación busca reflexionar sobre
la sistemática de las medidas de seguridad como forma de responsabilidad
penal del infractor con trastorno mental, para verificar si la reforma estructural, a
través del procedimiento, podría promover un cambio que posibilite la realización
de derechos fundamentales de estas personas.

PALABRAS CLAVE: Medida de Seguridad • Sistema de Salud Mental • Derechos


Fundamentales • Reforma Estructural.

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1 Introdução

O sistema contemporâneo de justiça criminal no Brasil admite a medida de


segurança como -solução estatal dirigida à pessoa que praticou um ilícito penal,
mas que, em razão de doença mental, do desenvolvimento mental incompleto ou
retardado ou da perturbação da saúde mental, possui a capacidade de compreensão
suprimida ou reduzida sobre a ilicitude do fato ou para autogovernar-se de acordo
com esse entendimento, nos termos do art. 26 do Código Penal (Brasil, 1940).
Com o fim de tratar o transtorno mental e evitar que outros episódios delitivos
sejam praticados, a medida de segurança, como regra, consiste na imposição de
internação compulsória em manicômio judiciário, consoante art. 97 do Código
Penal (Brasil, 1940). Ocorre que essa prática está em frontal descompasso com a Lei
no 10.216, de 6 de abril de 2001 (Brasil, 2001b), que dispõe sobre a proteção e os
direitos das pessoas com transtornos mentais e sobre o redirecionamento do modelo
assistencial de saúde mental, ao estabelecer que a internação deve ser adotada para
situações excepcionais, como última medida terapêutica, e é vedada em instituições
com características asilares.
A dinâmica legal das medidas de segurança também está em desconformidade
com o microssistema jurídico de proteção e promoção da pessoa com deficiência
que, a contar da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência (Brasil, 2009), cujas diretrizes foram estabelecidas na Lei no 13.146, de
6 de julho de 2015 - Estatuto da Pessoa com Deficiência (Brasil, 2015), conferiu
normatividade ao modelo social de abordagem da deficiência. Por esse modelo, a
deficiência é entendida como um fenômeno complexo, que não pode ficar adstrita
a uma visão médica e individual da pessoa. É preciso uma adaptação da sociedade
para que todas as pessoas exerçam sua cidadania, participando da vida em
comunidade.
Além disso, a execução da medida de segurança, por força da Lei no 7.210, de
11 de julho de 1984 – Lei de Execução Penal (Brasil, 1984) – insere-se na estrutura
do sistema prisional, com a lógica penitenciária, sob a fiscalização do Juízo da
Execução Penal, e aparta-se da incidência de políticas públicas de saúde mental,
com raríssimas exceções em programas pontuais que buscam a implementação da
reforma psiquiátrica como o Programa de Atenção Integral ao Paciente Judiciário
Portador de Sofrimento Mental – PAI-PJ, em Minas Gerais e o Programa de Atenção
Integral ao Louco Infrator – PAILI, em Goiás.

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Assim, havendo falhas na aplicação e na execução da medida de segurança, com


violação massiva e sistemática de direitos fundamentais, a questão a ser investigada
é se o processo estrutural se revela mecanismo adequado para a implementação
de mudanças na medida de segurança para conformá-la ao sistema de saúde
mental. A hipótese da pesquisa é que a transformação da medida de segurança, por
meio do processo estrutural, possibilitará uma tutela jurisdicional adequada para
a efetivação dos direitos fundamentais da pessoa portadora de transtorno mental
autora de ilícito penal, para que haja o reconhecimento desse grupo no contexto de
sujeito de direitos.
Sob a vertente metodológica jurídico-dogmática (Gustin; Dias, 2013, p. 28),
objetiva-se investigar o processo estrutural, com análise de seus elementos e
características, com vistas a constatar se essa nova forma de atuação processual
é uma via adequada à superação desse estado de desconformidade, que consiste
numa desorganização estrutural, acarretada, ou não, por atos ilícitos, mas que causa
um rompimento com o estado ideal de coisas (Didier Junior; Zaneti Junior; Oliveira,
2020, p. 104-105). Para tanto, apresenta-se um panorama da medida de segurança
no Brasil, e a forma de atuação do Poder Judiciário, por meio do processo estrutural,
para aferir a sua adequabilidade, ou não, à efetivação de direitos fundamentais.

2 A medida de segurança no sistema de justiça criminal brasileiro


A medida de segurança é uma providência de natureza penal, fixada pelo
juiz, em razão do cometimento de um ilícito penal por agente inimputável ou
semi-imputável, tido como perigoso (Costa, 2021, p. 393-394).
Segundo o art. 26 do Código Penal (Brasil, 1940), considera-se inimputável o agente
que tenha realizado uma conduta descrita no ordenamento jurídico como infração
penal, mas em razão de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento e, por
isso, ele é isento de pena. A contrario sensu, será considerado imputável aquele que tem
capacidade de discernimento e de agir em conformidade com a norma jurídico penal.
De acordo com Costa (2021, p. 404-405), para a identificação dessa incapacidade
de culpabilidade têm-se duas referências: a higidez mental e o desenvolvimento
mental e elas significam “[...] o atingimento ou não da capacidade racional-prática
de converter razões em ações, no universo valorativo e simbólico social-jurídico”.

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Entre o imputável e o inimputável existe, ainda, a previsão legal do semi-imputável


– art. 26, parágrafo único, do Código Penal (Brasil, 1940) – que é aquele que, no momento
em que realiza o ilícito penal, não é totalmente capaz de compreender a ilicitude do fato
ou de se autogovernar conforme esse entendimento, em razão de perturbação de saúde
mental, ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
A escolha política-criminal que resultou nessa classificação dos
infratores foi legitimada pela dogmática penal, que estabeleceu o sistema de
responsabilidade criminal com dois fundamentos diferentes: a culpabilidade e a
periculosidade (Carvalho; Weigert, 2013, p. 57).
Dessa forma, se o autor do ilícito penal for considerado imputável, em outros
termos, possuidor de livre-arbítrio no momento do fato, contudo agiu contrariamente
ao direito, será a ele atribuída culpabilidade e poderá ser imposta uma pena, cujo
caráter é eminentemente retributivo.
Em contrapartida, se inimputável, por ser essa uma causa de exclusão da
culpabilidade, em razão da ausência da capacidade de autodeterminar-se, por ser
doente, não poderá ser aplicada a pena, devendo ser fixada a medida de segurança,
cuja finalidade é preventiva e terapêutica, visto que ele é tido como perigoso
(Weigert, 2017, p. 96).
Para o semi-imputável, o juiz aplicará a pena, reduzida de um a dois terços,
podendo substituí-la por medida de segurança, se entender que o infrator necessita
de especial tratamento curativo, conforme previsto no parágrafo único do art. 26 e
no art. 98 do Código Penal (Brasil, 1940).
Essa periculosidade fundamenta-se na probabilidade de que a pessoa
com transtorno mental, movida por apetites e impulsos, voltará a delinquir,
sendo a medida de segurança usada para dispensar a ela tratamento ou para
neutralizá-la, considerada a ideia de defesa social, de modo que indivíduos
perigosos sejam afastados do convívio em sociedade (Ferrari, 2001, p. 157).
Trata-se de um conceito que não está definido no sistema normativo e é utilizado
de forma flexível, suscetível a considerações secundárias como motivos, forma e
grau do delito (Bravo, 2007, p. 39).
O instrumento adotado pela legislação para estabelecer se o infrator é
imputável, semi-imputável ou inimputável é o incidente de insanidade mental,
que está previsto no art. 149, e artigos seguintes, do Código de Processo Penal
(Brasil, 1941).

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Embora o referido incidente admita a produção de qualquer espécie de prova,


a pericial será indispensável e terá prevalência, sob a justificativa de que somente
aquele que detém o saber médico possui conhecimento científico para avaliar
o deficiente em razão da saúde mental (Weigert, 2017, p. 92). Assim, ela será
realizada por um perito psiquiatra, a quem caberá definir a existência e o tipo de
patologia, bem como o grau de periculosidade, e elaborar um laudo, sugerindo, ou
não, a fixação da medida de segurança, de acordo com o diagnóstico psiquiátrico
(Bravo, 2007, p. 34).
De acordo com Foucault (2001, p. 21), “o psiquiatra se torna efetivamente um juiz;
ele instrui efetivamente o processo, e não no nível da responsabilidade jurídica dos
indivíduos, mas no de sua culpa real. E, inversamente, o juiz vai se desdobrar diante
do médico”. É neste momento que ocorre o entrelaçamento entre o discurso jurídico
e a psiquiatria, cuja função é formar um instrumento de normalização dos anormais
(Foucault, 2001, p. 51-52), o que é possibilitado pelo dispositivo da periculosidade.
No censo sobre os manicômios judiciários, realizado em 2011, foi constatado
que não existem evidências científicas de que a periculosidade do agente esteja
relacionada à classificação psiquiátrica da deficiência mental, haja vista que indivíduos
com diferentes diagnósticos cometem os mesmos crimes. Assim, foi concluído que
a periculosidade é um mecanismo de poder e de controle dos indivíduos, conceito
disputado constantemente entre o saber jurídico e o psiquiátrico, o que gera um
sistema violador de direitos fundamentais (Diniz, 2013, p. 15).
Uma vez apresentado o laudo pericial acerca da imputabilidade, o juiz não está
adstrito a ele para proferir sua decisão, inclusive deve submetê-lo ao princípio do
contraditório. Contudo, em regra, o magistrado prepondera uma só versão para o caso,
na medida em que as informações técnico-científicas dificultam o questionamento
pelos interessados, que, por sua vez, aceitam, em geral, de forma acrítica o resultado,
o qual também é homologado pelo juiz (Weigert, 2017, p. 87).
Esse critério adotado para aferir o fundamento da periculosidade como
dispositivo que possibilita a imposição da medida de segurança está em
desconformidade com a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência (Brasil, 2009) e com o Estatuto da Pessoa com Deficiência
- Lei no 13.146, de 2015 (Brasil, 2015), que conferiram normatividade ao modelo
social de abordagem da deficiência ao dispor sobre o conceito de deficiência em
seu art. 1o e art. 2o, respectivamente.
Por esse modelo, houve a modificação da perspectiva da deficiência, que foi
transferida de uma visão médica e individual da pessoa, para uma que abarca a

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integração na sociedade e a substituição da institucionalização – que é marcada


pela ideia da normalização –, pela inclusão na vida em comunidade (Oliveira, 2020,
p. 32). Nesse sentido:

A CDPD1 é o primeiro tratado de consenso universal que concretamente


especifica os direitos das pessoas com deficiência pelo viés dos direitos
humanos, adotando um modelo social de deficiência que importa em um
giro transcendente na sua condição. Por esse modelo, a deficiência não
pode se justificar pelas limitações pessoais decorrentes de uma patologia.
Não é mais possível efetuar qualificações jurídicas nem sanitárias fundadas
exclusivamente em diagnósticos ou antecedentes de saúde mental.
Redireciona-se o problema para o cenário social, que gera entraves, exclui
e discrimina, sendo necessária uma estratégia social que promova o
pleno desenvolvimento da pessoa com deficiência. O objetivo da CDPD
é o de permutar o paternalismo do atual modelo médico – que deseja
reabilitar o “paciente” para se adequar à sociedade –, por um modelo social
de direitos humanos cujo desiderato é o de reabilitar a sociedade para
eliminar os muros de exclusão comunitária. Não se trata de abandonar a
perspectiva clínica, mas a de a ela acrescer as dimensões biológica e social,
para que se compreenda a saúde de uma pessoa em uma visão holística
(“biopsicossocial”). (Rosenvald, 2016, p. 137).

Vale lembrar que o Sistema de Justiça Criminal limita o âmbito da saúde


mental, centralizando-o na análise da patologia, que é realizada exclusivamente
pelo psiquiatra, sem a atuação de uma equipe multidisciplinar, que possibilite
uma avaliação psicossocial, com a análise de fatores ambientais, além dos
impedimentos corporais de natureza mental ou intelectual de que, acometido o
infrator, incorre a violação ao microssistema jurídico de proteção e promoção da
pessoa com deficiência.
Reconhecido o infrator como inimputável, caberá ao juiz a imposição de
uma medida de segurança. O art. 96 do Código Penal (Brasil, 1940) prevê duas
espécies de medida de segurança, que se diferenciam pela sua forma de execução:
a detentiva, que é a internação em manicômio judiciário ou em estabelecimento
similar; e a restritiva, que consiste no tratamento ambulatorial, cabendo ao
sentenciado comparecer, nos dias determinados, ao manicômio judiciário ou a
outro local com dependência médica adequada – art. 101, da Lei no 7.210, de 11
de julho de 1984 (Brasil, 1984), onde serão dispensados os cuidados terapêuticos
necessários, todavia sem a reclusão na instituição.

1 CPDP: Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

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A possibilidade de medida de segurança, na modalidade tratamento


ambulatorial, apenas quando for cominada pena de detenção para a infração penal,
foi estabelecida no art. 97 do Código Penal (Brasil, 1940) e, assim, foi adotada como
regra a internação, considerada a gravidade do crime, o que é contraditório com a
finalidade de tratamento da medida de segurança. Essa opção política potencializa
a exclusão social desses infratores, porque a internação compulsória não favorece
mudanças positivas para eles, nem para o contexto em que estão inseridos, mas
enseja um processo de desculturação, de perda de identidade e de desadaptação à
vida em liberdade (Prado; Schindler, 2017, p. 633-634).
A legislação penal ainda dispõe que o prazo mínimo da medida de segurança
é de um a três anos, contudo o prazo máximo é indeterminado, mantido até que
cesse a periculosidade (art. 97, § 1o, do Código Penal). Quanto ao prazo mínimo,
ele se revela incompatível com sua finalidade terapêutica, na medida em que não
é possível exigir um prazo para o restabelecimento da pessoa acometida por uma
doença mental (Carrara, 1998, p. 31), o que evidencia um traço retributivo, como
uma garantia de punição mínima em decorrência da violação do bem jurídico.
Relativamente ao prazo máximo, conforme Peres e Nery Filho (2002, p. 353)
destacam, “os limites continuam elásticos, a lógica mantém-se: o doente mental
delinquente é englobado por uma estratégia que se centra na periculosidade
– futuro, risco, probabilidade –, à qual cabe uma sanção indeterminada”, dado que a
medida de segurança será mantida enquanto persistir a periculosidade.
Em razão da proibição constitucional de penas de caráter perpétuo, o Supremo
Tribunal Federal dispõe de um posicionamento no sentido de que o prazo máximo
para cumprimento da medida de segurança, por ser uma espécie de sanção penal,
é o limite geral para o cumprimento da pena privativa de liberdade estabelecida
pelo Código Penal (hoje quarenta anos, nos termos do art. 75 do Código Penal); e o
Superior Tribunal de Justiça (Súmula 527) entende esse limite como o máximo da
pena cominada no preceito secundário do tipo penal (Branco, 2019, p. 131-132).
Apesar de esses entendimentos representarem um avanço em relação à
indeterminação do prazo para cumprimento da medida de segurança, nenhum
deles se mostra adequado ao sistema constitucional, na medida em que ainda
subsiste uma ofensa à isonomia, quando se observam os critérios para fixação
das penas. Para o imputável, é improvável que o tempo de pena fixado seja o
máximo previsto para o crime, sendo que a fixação da pena também produz outras
consequências como a definição do prazo prescricional pela pena em concreto e a

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orientação de direitos como detração, remição, comutação, indulto, progressão de


regime e livramento condicional (Carvalho, 2020, p. 564-565).
Uma vez imposta a medida de segurança, será expedida a guia para a execução,
nos termos do art. 171, da Lei no 7.210, de 1984 (Brasil, 1984) e o infrator será
encaminhado para o manicômio judiciário, a fim de iniciar seu cumprimento, o que
será objeto de análise a seguir.

3 O manicômio judiciário e a violação massiva de direitos fundamentais


Ao ser fixada para o sentenciado a medida de segurança, sua execução será
realizada no manicômio judiciário. De acordo com Goffman (2015, p. 16-17) trata-se
de uma instituição total, já que ela é fechada, cria obstáculos para impedir as relações
sociais com o mundo exterior, predominando a vigilância e com acentuado caráter
custodial, de forma que, ao nela adentrar, o internado é despido das concepções de
si mesmo, ocorrendo a mortificação do seu eu.
Shecaira destaca que:

[...] Esse mecanismo mortificador inicia-se com processo de recepção


do condenado. Ele passa a ser desaculturado, inicialmente, pela perda
do nome e com atribuição do número de prontuário que passará a ser
sua nova identidade. Ele será privado de seus pertences pessoais
(roupas, documentos, dinheiro etc.) e lhe será dado um uniforme padrão,
exatamente igual ao de todos os outros condenados. A partir daí ele é
medido, identificado, fotografado, examinado por um médico para depois
ser lavado, o que simboliza o despir-se de sua velha identidade para então
assumir a nova. [...] (Shecaira, 2011, p. 316-317).

Desta forma, o ingresso no manicômio judiciário, para cumprimento da


medida de segurança de internação, viola os direitos da personalidade da pessoa
considerada inimputável ou semi-imputável, posto que ela perde a integridade
moral, a autonomia e o próprio nome, bem como é privada de seus objetos pessoais.
Cria-se uma padronização no modo de viver dessas pessoas que acarreta a perda
de sua identidade e singularidade, descaracterizando-as enquanto sujeitos e
tornando-as um objeto (Tagliari, 2020, p. 59).
De outro norte, apesar de a finalidade da medida de segurança ser terapêutica, o
manicômio judiciário é integrante dos estabelecimentos penais, sob a fiscalização do
poder público, nos termos do § 1o, do art. 83-A, da Lei no 7.210, de 1984 (Brasil, 1984).
Embora seja categorizado pelo Código Penal como um hospital,
encontra-se vinculado, no âmbito do Poder Executivo, às Secretarias incumbidas

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da administração do sistema prisional e não às Secretarias de Saúde (Correia, 2017,


p. 15). Por conseguinte, o processo orçamentário será orientado prioritariamente
para a segurança pública em detrimento da saúde, que será apenas um ponto
secundário das políticas públicas, da mesma forma que para as penitenciárias onde
são cumpridas penas privativas de liberdade.
Segundo Mamede:

A literatura especializada em MJs2, ainda escassa no Brasil, é unânime


emmostrar os maiores problemas desse tipo de hospital: a ambiguidade de
sua existência (prisão versus hospital), a ineficácia e a impossibilidade, até
então, de um consenso e de um diálogo profundo entre o direito, a medicina,
a psicologia e outros saberes que se debruçam sobre as pessoas para lá
encaminhadas. Questiona-se: onde devem estar os doentes que cometeram
crimes? Se são doentes, por que permanecem em um hospital que prioriza a
ideologia carcerária e tem um funcionamento muito mais próximo de uma
penitenciária do que de um hospital? (Mamed, 2006, p. 28-29).

Essa natureza ambígua do manicômio judiciário (prisão – hospital e hospital


– prisão) torna-o um espaço social paradoxal, porque ele é resultado da união de
dois conjuntos de representações e práticas sociais que se fundam em concepções
distintas e opostas sobre a pessoa humana, não havendo predominância plena de
nenhuma delas (Carrara, 1998, p. 46).
Em decorrência dessa natureza, de um lado existem os policiais penais,
encarregados da segurança pública, e, de outro, os profissionais da saúde
(psiquiatras e psicólogos), havendo um conflito institucional sobre a quem caberia
a condução do cumprimento da medida de segurança, refletindo em práticas e
rotinas contraditórias que causam violações sistemáticas aos direitos dos internos.
Isto porque, diferentemente da pena, a Constituição Federal (Brasil, 1988), o Código
Penal (Brasil, 1940) e a Lei de Execução Penal (Brasil, 1984) não estabeleceram
diretrizes para a execução da medida de segurança e a reinserção social do
internado (Tagliari, 2020, p. 92).
Essa centralidade do manicômio judiciário encontra-se em desconformidade com
a política nacional de saúde mental estabelecida pela Lei no 10.216, de 6 de abril de
2001 (Brasil, 2001b), que estabeleceu a internação como último recurso terapêutico,
a qual deverá ocorrer em hospitais gerais, quando necessária. Essa política também
vedou que a internação aconteça em instituições com características asilares, como

2 A abreviatura MJs adotada no texto pela autora, como ela esclarece, significa manicômios judiciários.

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as instituições totais da natureza dos manicômios judiciários – artigo 4o, da Lei


no 10.216, de 2001 (Brasil, 2001b).
O modelo assistencial em saúde mental foi reformulado por referida legislação
para assegurar a proteção aos direitos das pessoas com transtorno mental, para
retratar os princípios da reforma psiquiátrica, e para transferir o foco do tratamento
para uma rede de atenção psicossocial, estruturada em unidade de serviços
comunitários e abertos, baseada no paradigma da corresponsabilidade da sociedade,
da família e do Estado (Correia, Lima e Alves, 2007, p. 1998-1999).
Por meio da Resolução no 5, de 4 de maio de 2004 (Brasil, 2004) e da Resolução
no 4, de 30 de julho de 2010 (Brasil, 2010b), o Conselho Nacional de Política Criminal
e Penitenciária traçou diretrizes para o cumprimento das medidas de segurança,
visando adequá-las à previsão da Lei no 10.216, de 2001 (Brasil, 2001b). O Conselho
Nacional de Justiça, por meio da Resolução no 113, de 20 de aril de 2010 (Brasil,
2010a) e da Recomendação no 35, de 12 de julho de 2011 (Brasil, 2011a), também
estabeleceu parâmetros a serem adotados em relação aos pacientes judiciários e à
execução da medida de segurança, com o escopo de proporcionar adequações ao
novo modelo de assistência à saúde mental.
No mesmo sentido, foi instituída, por meio da Portaria Interministerial
n 1/MS/MJ, de 2 de janeiro de 2014, a Política Nacional de Atenção Integral à
o

Saúde das Pessoas Privadas da Liberdade no Sistema Prisional - PNAISP no âmbito


do SUS. Relativamente à pessoa com deficiência mental ou intelectual autora de
ilícito penal, com a finalidade de reorientar o modelo de atenção, visando evitar
o tratamento em meio fechado e garantir o retorno à liberdade no menor tempo
possível, foi criado o serviço de avaliação e de acompanhamento de medidas
terapêuticas aplicáveis à pessoa com transtorno mental em conflito com a
lei – EAP, vinculado ao PNAISP, pela Portaria no 94/MS/GB, de 14 de janeiro de 2014.
A regulamentação desse serviço foi substituída pelo Capítulo III, e pelos anexos 3
e 4 ao anexo XVIII, da Portaria de Consolidação do Ministério da Saúde no 2/GB, de
28 de setembro de 2017. Contudo, conforme Parecer Técnico no 4/2019-COPRIS/
CGGAP/DESF/SAPS/MS (Brasil, 2019), nos anos compreendidos entre 2014 e 2019,
foram implantadas apenas 11 EAP’s.
Apesar da publicação dos referidos atos normativos e desse novo modelo de
assistência em saúde mental, que tem como premissa a desconstrução das relações
de tutela, da subordinação ao poder institucional e preconiza a possibilidade da
existência da diferença em contraposição à normatização social (Oscar; Costa;

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732 A conformação da medida de segurança ao sistema de saúde mental brasileiro pela reforma estrutural

Vianna, 2005, p. 65), alguns manicômios judiciários foram até inaugurados depois
da Lei no 10.216, de 2001 (Diniz, 2013, p. 13). Ademais, não se constata a existência
de uma atuação do movimento social em saúde mental e da reforma psiquiátrica
em favor dos direitos das pessoas com deficiência mental autoras de ilícito penal.
Isto evidencia que a pessoa com transtorno mental, que tenha praticado delito,
somente seria incluída no Estado através de sua exclusão, o que constitui um total
descompasso entre o direito à saúde mental, a legislação sanitária e a medida de
segurança (Weigert, 2017, p. 118).
Embora o Conselho Nacional de Justiça – CNJ, por meio da Resolução no 487, de
15 de fevereiro de 2023 (Brasil, 2023), tenha instituído a política antimanicomial do
Poder Judiciário e estabelecido procedimentos e diretrizes para a implementação
da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
– Carta de Nova York e da Lei no 10.216, de 2001, no âmbito do processo penal e da
execução das medidas de segurança, ainda não é possível dimensionar os impactos
e a efetividade das providências nela estabelecidas.
Os dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias – Infopen
(Brasil, 2021), de dezembro de 2021, demonstram que, à época, havia um total de
2.932 (dois mil, novecentos e trinta e duas) pessoas em cumprimento de medida
de segurança, sendo 2.032 (duas mil e trinta e duas) internadas e 900 (novecentos)
em tratamento ambulatorial.
Contudo, alerta Branco (2019, p. 147) que, nos estados sem Hospitais de
Custódia de Tratamento e Alas de Tratamento Psiquiátrico, não há registros de dados
oficiais nem de estudos sobre o quantitativo de pacientes, nem de como ocorria
a execução das medidas de segurança, o que demonstra a invisibilidade desse
grupo, que não foi rompida com os avanços da reforma psiquiátrica, mantendo-se
às margens dos processos políticos e sociais fundamentais ao Estado Democrático
de Direito (Diniz, 2013, p. 13).
Essa sistemática da medida de segurança também viola os princípios do
respeito à dignidade, à autonomia, à liberdade e à independência das pessoas
com deficiência, estabelecidos no art. 3o da Convenção das Nações Unidades sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência (Brasil, 2009), os quais, segundo Oliveira
(2020, p. 94), evidenciam um objetivo implícito que é o de ruptura com práticas de
segregação subjacentes ao modelo médico de abordagem da deficiência.
Soma-se a isso o afrontamento ao princípio do respeito pela aceitação das
pessoas com deficiência como parte da diversidade humana e da humanidade,

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previsto no art. 3o da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das


Pessoas com Deficiência (Brasil, 2009), porque não é sua deficiência que deve ser
neutralizada, com base em práticas da ideologia da normalização, mas, sim, os
obstáculos que podem impedir sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdade de condições (Oliveira, 2020, p. 95).
Assim, na ausência de políticas públicas de saúde nos manicômios judiciários,
cujas práticas institucionais encontram-se em descompasso com as diretrizes
estabelecidas pela Lei no 10.216, de 2001 (Brasil, 2001b), pela Convenção das
Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Brasil, 2009) e pela
Lei no 13.146, de 2015 (Brasil, 2015), não resta alternativa a não ser a atuação do
Poder Judiciário para transformar essa realidade e garantir a concretização de
direitos fundamentais.

4 O processo estrutural como uma possibilidade de conformação da medida


de segurança

Apesar dos avanços trazidos pela reforma psiquiátrica e da edição de normas com
vistas a incluir o inimputável e o semi-imputável na nova política de saúde mental,
observa-se que essa política pública não é efetiva para esses sujeitos, que ainda são
assistidos sob a ótica de periculosidade social, com manutenção de internações em
instituições hospitalares com características asilares (Correia, 2017, p. 88).
Diante desse contexto, o processo jurisdicional revela-se o mecanismo
adequado para promover a reforma estrutural dessas instituições, possibilitando a
concretização de políticas de saúde mental e a tutela de direitos fundamentais que
compreendem esse grupo social.
Nesse sentido, deve ser adotada uma nova forma de atuação processual para
fazer frente a essa demanda, com utilização de nova metodologia, na medida em
que a provocação do Judiciário em casos desta natureza tende a exigir uma atuação
coordenada das três esferas do poder político, num diálogo interinstitucional e
comprometido com o tratamento do problema, a fim de que sejam alcançadas soluções
adequadas e em consonância com o ordenamento constitucional (Nunes, 2021, p. 690).
Essa nova forma de atuação constitui o processo estrutural, cuja origem está
vinculada ao direito norte-americano, a partir do processamento e do julgamento

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734 A conformação da medida de segurança ao sistema de saúde mental brasileiro pela reforma estrutural

pela Suprema Corte Norte Americana do caso Brown v. Board of Education of Topeka3,
em 17 de maio de 1954, que tratou da dessegregação racial nas escolas americanas.
Segundo Fiss (2004, p. 50), o foco da reforma estrutural é “uma condição social que
ameaça importantes valores constitucionais e a dinâmica organizacional que cria e
perpetua tal condição”. Advirta-se, todavia, que, embora o problema estrutural aqui
evidenciado esteja bem enquadrado segundo as delimitações teóricas definidas
quanto ao seu objeto, ainda no século passado, pela doutrina norte-americana, o
método das reformas estruturais encontra-se em franca expansão, dada a pródiga
realidade brasileira (Nunes; Cota, 2020, p. 376).
Essa espécie de processo reconhece que a atuação de grandes instituições4
tem afetado a vida em sociedade e que o processo tradicional (Chayes, 2017, p. 2-3),
criado para solucionar disputas privadas, não é suficiente para adequar a conduta
dessas instituições a um parâmetro mínimo de conformidade. Isso ocorre porque
a estrutura tradicional do processo, ao destacar o conflito do contexto social,
descomplica a resolução da causa, mas despreza elementos fundamentais para
a decisão, numa perspectiva de tutela de direitos (Violin, 2019, p. 2). A fisionomia
tradicional do processo descola o conflito do contexto social em que está inserido
e, ao fazê-lo, produz decisões que muitas vezes desconsideram elementos
importantes do tecido social, bem como, frequentemente, as consequências de
suas decisões na sociedade.
A situação delineada neste ensaio revela a existência de um importante
problema estrutural que, segundo Didier Junior, Zaneti Junior e Oliveira (2020,
p. 104-105) é “[...] um estado de desconformidade estruturada – uma situação de
ilicitude contínua e permanente ou uma situação de desconformidade, ainda que
não propriamente ilícita, no sentido de ser uma situação que não corresponde ao
estado de coisas ideal.”
Esse problema pode se desdobrar num litígio estrutural que possui
características, ou elementos típicos, que permitem diferenciá-los dos conflitos
clássicos, individuais ou coletivos, que são resolvidos pelas regras do processo civil
tradicional (Chayes, 2017, p. 2-3). São eles a complexidade, a policentria, e a causação

3 Esta é uma denominação do caso paradigma julgado na Suprema Corte dos Estados Unidos. Esta é a
referência usual, logo não há tradução. Acrescenta-se que a explicação sobre o caso está no próprio texto.

4 Aqui compreendidas tanto no sentido da instituição manicomial enquanto uma instituição total, como
do sistema instituído para responsabilização da pessoa com transtorno mental autora de delito, com a
aplicação das medidas de segurança.

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de violações sistêmicas de direitos, caracteres determinantes na conformação de um


modelo processual cujas sentenças supõem a implementação de diversas ordens
prospectivas, de maneira contínua e prolongada, visando reestruturar instituições
para fazer cessar essas violações (Nunes, 2019, p. 326-328; Cota, 2019, p. 55-70).
Da forma como se apresenta, a medida de segurança é um problema estrutural
complexo, em razão da multiplicidade de opções possíveis para buscar uma solução,
o que não requer apenasum enquadramento dos fatos à norma jurídica. Além
disso, demanda a análise de questões relacionadas à eficiência, economicidade,
proporcionalidade e desejabilidade para toda a sociedade (Vitorelli, 2020, p. 31-32),
pois sabe-se que é insuficiente, ou mesmo ilusória, a simples imposição de uma ordem
para a derrubada de muros, portões e grades dos manicômios judiciários, visando a
cessação das violações aos direitos e a solução do problema (Caetano, 2019, p. 119).
Trata-se de uma prática jurídica e de saúde mental decorrente de relações
histórico-políticas que perduram por quatrocentos anos, determinantes das
relações sociais, da mídia e da opinião popular que ainda sustentam que o lugar
da pessoa com transtorno mental autora de ilícito penal é o manicômio judiciário.
Por isso, a resolução do problema deverá perpassar instrumentos que possibilitem
a abertura dos campos do saber e a mudança no próprio arranjo histórico cultural
(Caetano, 2019, p. 119). Assim, abre-se a possibilidade de inúmeras formas de
tutela, mesmo sem a certeza de quais efeitos elas produzirão e se proporcionarão
a transformação objetivada.
Tem-se, ademais, um problema policêntrico, com uma grande interligação de
interesses, interdependentes e divergentes. De um lado, a população manicomial
demanda ações que possibilitem o seu reconhecimento como sujeito de direitos,
fazendo jus a um tratamento não institucionalizador, que lhe proporcione o
resgate da cidadania (Prado; Schindler, 2017, p. 629-630). De outro, é indispensável
uma articulação entre a Justiça e a Saúde, bem como o envolvimento do Poder
Executivo e do Poder Legislativo, em todos os níveis da federação, com redefinição
de competências e uma atuação conjunta em prol da mudança na política criminal,
visando resguardar os direitos da pessoa com transtorno mental autora de delito
(Tagliari, 2020, p. 120).
Essa integração possibilitará a implementação de políticas públicas de saúde,
de forma conciliada com o espectro de políticas econômicas e sociais (Correia;
Lima; Alves, 2007, p. 2000); injustificável, pois, a realização de investimentos na
segurança pública destinados aos manicômios judiciários, além disso, deve-se

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736 A conformação da medida de segurança ao sistema de saúde mental brasileiro pela reforma estrutural

também considerar a reação da própria sociedade, que necessita compreender


que esse grupo é detentor de iguais condições de dignidade, devendo ser extintos
os muros da exclusão comunitária, de modo que o Estado de Direito comece a
resgatar a dívida histórica diante da segregação das pessoas com deficiência
(Oliveira, 2020, p. 93).
Esta é, ainda, uma importante questão que envolve a família da pessoa com
transtorno mental, já que, por ser o ambiente residencial o principal espaço de
manifestação da loucura, com o cometimento de crimes graves, há grande dificuldade
de aceitação e de acolhimento da pessoa com transtorno mental em conflito com a
lei, devendo o Estado assumir essa responsabilidade (Diniz, 2013, p. 16).
Todos esses interesses estão ligados a um mesmo centro, que consiste na
necessidade de mudanças no tratamento dispensado à pessoa com transtorno
mental autora de delito, sendo que a implementação de qualquer solução para o
problema repercutirá em relação aos demais eixos interessados. Contudo, como
alertam Arenhart, Jobim e Osna (2021, p. 85), em problemas desta natureza, não é
possível uma superação imediata, sob pena de poder ocasionar o efeito blacklash.
No problema em questão, há a necessidade de promover uma reforma estrutural,
que vise à conformação da medida de segurança, à política de saúde mental e à
reorganização do funcionamento da estrutura dos manicômios judiciários, para que
possam ser eliminadas as condições que causam violações sistemáticas aos direitos
fundamentais das pessoas com transtorno mental que praticaram ilícitos penais.
Neste particular, considerada concebível a extinção da institucionalização, com base
nas diretrizes da nova assistência em saúde mental preconizada pela Lei no 10.216,
de 2001, o fechamento dos manicômios judiciários é uma opção viável (Fiss, 2004,
p. 63), o que deverá ocorrer de forma gradativa.
Para tal, as medidas a serem implementadas deverão ter caráter prospectivo e
possibilitar a reestruturação da dinâmica social geradora da violação sistemática de
direitos, a fim de que o problema não seja apenas aparentemente solucionado, sem
implicar resultados empíricos significativos, ou que seja somente momentaneamente
resolvido, ressurgindo de novo no futuro (Vitorelli, 2020, p. 52 e 57).
Diante desse panorama, o processo estrutural é um instrumento adequado
para propiciar uma discussão satisfatória, com legitimidade democrática, acerca das
medidas necessárias que proporcionem a cessação desse estado de desconformidade
da medida de segurança.

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Nele o magistrado assumirá um papel proativo, e não de mero observador


do diálogo das partes, com uma atuação de caráter gerencial, identificando
constantemente as necessidades geradas em razão do problema veiculado no
processo, adotando medidas para a consolidação dos direitos fundamentais de
acordo com a realidade subjacente ao debate (Nunes, 2018, p 369). Por exercer
a função judicial para julgar conflitos que envolvem a reforma estrutural do
Estado ou a alocação de recursos públicos, deve o magistrado atuar de maneira
consequencialista, estratégica e mediadora, não podendo fazê-lo da mesma forma
com que decide conflitos subjetivos privados (Costa, 2017, p. 342).
Também haverá uma releitura do princípio do contraditório, possibilitando a
ampla participação dos envolvidos, por meio de institutos como a audiência pública,
as consultas e a intervenção de amicus curiae5. Isso promove a ampliação do debate, de
forma horizontalizada e plural, com um ótimo dimensionamento do problema, a fim
de que as diversas visões, inclusive interdisciplinares, bem como os vários interesses,
sejam considerados na solução do conflito, o que confere maior legitimidade à
decisão, possibilitando uma melhor solução para o equacionamento do conflito
(Nunes, 2019, p. 330). Pelo fato de abarcar o processo estrutural, as políticas públicas
ou questões complexas no âmbito econômico, social ou cultural, esse processo deve
possibilitar um ambiente democrático de participação, semelhante a uma arena de
debate no parlamento, para que a atividade judicial seja dotada de legitimidade
(Arenhart; Jobim; Osna, 2021, p. 332).
Neste processo se exigirá a construção de uma ampla estrutura representativa,
com o controle sobre a aderência de sua atuação em relação aos interesses
representados, na medida em que os legitimados não atuam somente para defender
seu próprio interesse; ao contrário, eles representam um grupo (ou grupos), devendo
fazê-lo de forma material e concretamente eficaz (Arenhart, 2021, p. 1092-1095).
Como o conflito apresenta condições altamente mutáveis e fluidas, o que
implica um objeto do processo dinâmico (Cota, 2019, p.142), a relação processual
se desenvolverá baseada num forte diálogo entre as partes, o que contribui para
melhor solução do litígio, considerado o grande número de pessoas que serão

5 O amicus curiae é um colaborador da Corte, e não das partes, e seu compromisso é com o objeto
do litígio, levando informações relevantes que possam aprimorar o debate, ampliando o contraditório,
potencializando a participação democrática no processo e contribuindo para formação de uma decisão
mais justa para o caso.

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738 A conformação da medida de segurança ao sistema de saúde mental brasileiro pela reforma estrutural

impactadas pela decisão e as diferentes situações fáticas em que elas se encontram


(Vitorelli, 2020, p. 72).
Além disso, a sentença deverá adequar o comportamento futuro da instituição,
sem focalizar os danos gerados no passado, para concentrar-se na reestruturação da
realidade institucional e para coibir novas condutas que possam causar violações
sistemáticas e massivas a direitos fundamentais (Chayes, 2017, p. 13).
Conforme pontuam Didier Junior, Zaneti Junior e Oliveira (2020, p. 53-54),
o processo estrutural será composto de duas fases. Na primeira, constata-se a
existência do problema estrutural, da qual resulta uma decisão com conteúdo
programático, com vistas a, por sua vez, estabelecer uma meta a ser atingida, que
é o estado ideal de coisas. A sentença não esgota a função jurisdicional, apenas
estabelece o termo inicial de uma nova fase do processo. Na segunda fase,
executam-se as medidas necessárias para alcançar o resultado estabelecido na
decisão. No entanto, nessa fase ainda haverá cognição, com efetiva participação
das partes, do juiz e de outros sujeitos responsáveis pela reestruturação, de modo
a atingir um novo estado de coisas.
O comando contido na sentença estabelecerá a meta a ser alcançada, mas não
fixará cada uma das atividades a serem realizadas pelo demandado. A decisão se
limitará a apontar os resultados que a execução deve produzir e os critérios gerais
que devem ser observados para tanto, caberá ao demandado a escolha dos meios, de
acordo com sua discricionariedade, para que ele cumpra a decisão. Por conseguinte,
a implementação das medidas estruturais demanda ações diferidas no tempo, a
serem conduzidas pelo juiz e pelas partes em cooperação, numa relação contínua.
Nesse sentido, segundo Fiss (2004):

[...] a fase de execução no processo judicial estrutural está muito longe


de ser esporádica. Ela tem um começo, talvez um meio, porém não tem
um fim – bem, quase não tem fim. Envolve uma relação longa e contínua
entre o juiz e a instituição. [...] A tarefa consiste na eliminação da condição
que ameaça os valores constitucionais. [...] Consequentemente, a medida
judicial envolve a Corte em nada menos que a reorganização de uma
instituição existente, de forma a remover a ameaça que ela representa para
os valores constitucionais. A jurisdição da corte durará enquanto a ameaça
persistir. (Fiss, 2004, p. 63-64).

Diante do problema estrutural evidenciado, o processo estrutural revela-se


um meio adequado para promover a mudança social relevante quanto à realidade
da medida de segurança no Sistema de Justiça Criminal. Por meio de medidas

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estruturais a serem implementadas de forma gradativa, ele pode ser o instrumento


capaz de proporcionar a implantação das políticas de saúde de acordo com o novo
modelo assistencial. Isso possibilitará a reformulação da estrutura dos manicômios
judiciários, com o fim de propiciar as desinternações daqueles que se encontram
nessas instituições, e de impedir novas internações. Todas essas mudanças
poderão: cessar as violações massivas e sistemáticas dos direitos das pessoas com
transtorno mental autoras de ilícito penal, e, eventualmente, implicar a extinção de
estabelecimentos prisionais dessa natureza.

5 Conclusão
A aplicação e a execução da medida de segurança no Sistema de Justiça Criminal
Brasileiro apontam para uma realidade de graves, generalizadas e institucionalizadas
violações aos direitos fundamentais das pessoas com transtorno mental que
praticaram infrações penais. Sua imposição, que tem como regra a internação em
manicômios judiciários, fundamenta-se na periculosidade, conceito indeterminado,
fruto do entrelaçamento entre o Direito e a Psiquiatria, baseado na ideia de defesa
social, com o propósito de afastar da sociedade aqueles que não se enquadram no
conceito estabelecido de normalidade, o que desconsidera a diversidade humana.
Sua execução é realizada em instituições totais, que aniquilam qualquer contato
com a sociedade, acarretam a perda da singularidade da pessoa e desconsideram
o sujeito de direitos, o qual é tratado como mero objeto, situação em manifesta
desconformidade com a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência e com o Estatuto da Pessoa com Deficiência. Essas instituições
estão vinculadas ao sistema prisional e não às secretarias de saúde, o que enseja
a priorização de políticas de segurança em detrimento de políticas de saúde e
inviabiliza a implementação do modelo assistencial de saúde mental estabelecido
pela Lei no 10.216, de 2001.
Todo esse encadeamento de ações evidencia um sério problema estrutural, que
requer a alteração do funcionamento de toda uma engrenagem social, com a criação
de mecanismos que possibilitem a superação do estado de desconformidade instalado.
É preciso colocar um fim a essa política criminal. No entanto, não basta
uma mera desospitalização em massa do grupo envolvido, pois deve haver uma
reestruturação construída no âmbito de um plano de ações, com fixação de
metas e de responsabilidades, em que toda a coletividade possa ter um papel
protagonista e proativo.

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740 A conformação da medida de segurança ao sistema de saúde mental brasileiro pela reforma estrutural

Deverá, ainda, compreender diversos atores públicos e privados, com atuação


efetiva dos órgãos do sistema de justiça (Judiciário, Ministério Público e Defensoria
Pública), em constante diálogo com a área de saúde, com vistas a garantir a
existência de outras alternativas de assistência na rede de atenção extra-hospitalar,
com capacidade suficiente para atender esse grupo social, tais como a ampliação do
atendimento no Centro de Atenção Psicossocial – CAPS, organizados em modalidades
para atender às necessidades da pessoa em sua diversidade e com estratégias de
desinstitucionalização, por meio de serviços residenciais terapêuticos.
Para concretizar esta mudança desafiadora, o processo estrutural revela-se um
instrumento valioso, já que dotado de mecanismos que possibilitam o debate da
questão com maior amplitude e constituído de meio adequado para promover uma
reforma estrutural que confira à sistemática da medida de segurança uma nova
roupagem, conformada ao ordenamento jurídico brasileiro.

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