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Material Teórico
Respiração Animal e Músculo e Movimento
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Respiração Animal e
Músculo e Movimento
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Reconhecer os princípios e os mecanismos básicos da fisiologia animal e as adaptações
dos animais que os tornam capazes de existir em tantos ambientes diferentes.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Respiração Animal e Músculo e Movimento
Caracterização Ambiental
Quanto à Disponibilidade de O2
O ar atmosférico apresenta uma proporção de gases extremamente constante,
que permanece a mesma desde o nível do mar até o Monte Everest (8.848m). O ar
atmosférico é composto de: 20,05% de oxigênio, 0,03% de gás carbônico, 78,06%
de nitrogênio e o restante é considerado uma mistura de gases inerte como hélio,
neônio, argônio e outros. Em Fisiologia, para simplificar, consideramos: 21,0% de
oxigênio, 78,0% de nitrogênio e 1,0% outros gases. Os animais aquáticos obtêm
o oxigênio dissolvido na água. Para cada 100mL de água a 0°C, apenas 1mL de
oxigênio encontra-se dissolvido. Com a elevação da temperatura a 15ºC, este valor
cai para 0,7mL e, a 37°C, a solubilidade do oxigênio na água é de apenas 0,5mL
(valores considerados a 1atm). Concluindo, temos que a solubilidade dos gases na
água diminui com o aumento da temperatura.
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aeróbia, a produção de ATP é cerca de dezesseis vezes maior do que na ausência
de O2.
A troca dos gases com o meio ocorre de formas variadas, pela pele nos anelí-
deos e anfíbios, pela traqueia nos insetos, pelas brânquias nos animais aquáticos e
pelos pulmões nos vertebrados.
Pele
Anfíbios e anelídeos realizam uma eficiente troca gasosa pela pele, que é rica-
mente vascularizada e contém muitos capilares sanguíneos espalhados que aumen-
tam muito a superfície das trocas. Esses animais possuem pigmentos respiratórios
especializados no transporte de O2 e CO2 que melhoram a eficiência respiratória.
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Os animais que respiram pela pele precisam manter constantemente a pele úmida
para facilitar a difusão dos gases. Nas rãs, as trocas gasosas entre pele e pulmão
alternam-se durante o ano, devido à temperatura. No inverno, quando a captação
de O2 é menor, a pele realiza mais trocas que o pulmão. No verão, ocorre o inverso.
A serpente marinha Pelamaris platurus, quando fica submersa por muito tempo
atrás de presas, obtém cerca de 33,0% do O2 pela pele. Outros vertebrados tam-
bém realizam trocas gasosas pela pele, a exemplo dos morcegos, que têm a superfí-
cie cutânea bem maior do que a dos outros mamíferos. As membranas de suas asas
são grandes, finas, sem pelo e altamente vascularizada. No entanto, a captação de
O2 pelas asas não é grande o suficiente e os morcegos precisam utilizar os pulmões
para sobreviver. Diversas espécies de vertebrados realizam trocas gasosas pela pele
(Figura 2), porém, em percentuais pequenos que não garantem absorção de O2 e
eliminação de CO2 compatíveis com a sobrevivência e, então, precisam de outro
órgão respiratório.
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Figura 2 – Percentual de troca de O2 e CO2 que ocorrem através da pele de vertebrados
Fonte: Adaptado de HILL, et. al; 2012
Traqueias
Os insetos, assim como outros artrópodes terrestres, respiram por traqueia, que
consiste em um sistema de túbulos que permeia os tecidos celulares, realizando de
forma direta as trocas gasosas por difusão simples, sem a necessidade de integra-
ção com o sistema circulatório.
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Brânquias
As brânquias, também chamadas de guelras, são órgãos encontrados em ani-
mais aquáticos como os peixes, os crustáceos, cefalópodes, bivalves, gastrópodes,
anelídeos poliquetas, larvas de anfíbios (girinos), axolote (anfíbio que não completa
a metamorfose), equinodermos e larvas de insetos.
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Nos moluscos, as brânquias estão localizadas internamente na cavidade do manto.
Os bivalves como as ostras e mariscos apresentam uma evolução, as brânquias-
-foliáceas que são semelhantes a lamelas (os bivalves também são chamados de la-
melibrânquios) e possuem células ciliadas que direcionam o fluxo de água para seu
interior. Vale a pena lembrar que os bivalves são filtradores de alimentos suspensos
na água e as brânquias auxiliam na captação de alimentos. Nos cefalópodes, as
brânquias não são especializadas, mas a ventilação sim. Elas são ventiladas mais
por contração muscular do que batimento ciliar. Para nadar, os cefalópodes sugam
água para a cavidade do manto e depois a conduzem de modo forçado para fora
através de um funil ventral que produz uma força jato-propulsora que ventila as
brânquias. Alguns gastrópodes (caracóis e lesmas) evoluíram e vivem em meio ter-
restre, suas brânquias desapareceram e a cavidade do manto se tornou altamente
vascularizada e adaptada para trocas gasosas com o ar.
Larvas de insetos possuem brânquia anal que absorvem íons da água e está
relacionada com e regulação osmótica, mas não com a respiração. As brânquias
de peixes e crustáceos também auxiliam na regulação osmótica, mas sua principal
função é a respiração. As brânquias dos peixes teleósteos (Figura 4) são formadas
de vários arcos branquiais que possuem um par de filamentos denominado lamela
primária. Esses filamentos possuem pequenas lamelas transversais, chamadas de
secundárias, por onde a água flui em direção oposta à direção do sangue. O fluxo
contracorrente aumenta a eficiência das trocas gasosas.
A maioria dos teleósteos bombeia água para as brânquias por duas bombas, a de
pressão bucal e a de sucção opercular, que possuem válvulas e criam uma corrente
contínua e unidirecional. Alguns teleósteos pelágicos como o atum são incapazes
de bombear água para as brânquias, resolvem esse problema nadando com a boca
parcialmente aberta, permitindo assim que a água flua continuamente sobre as
brânquias, e isso é chamado de ventilação forçada. Os elasmobrânquios também
utilizam a ventilação forçada.
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Pulmões
Vimos nesta unidade que alguns animais como os tatuzinhos (isópodas) e os
caracóis possuem estrutura funcionalmente semelhante aos pulmões. Note que os
dipnoicos são chamados de peixes pulmonados, pois seu órgão respiratório aéreo
é muito semelhante aos pulmões dos anfíbios. Acredita-se que esse órgão é uma
adaptação da bexiga natatória que se tornou tão vascularizada ao ponto de realizar
trocas gasosas diretamente com o ar.
Dipnoico significa respiração dupla e esses peixes respiram pelas brânquias quan-
do a tensão de O2 na água está normal. No entanto, quando a tensão de O2 na água
baixa a nível desfavorável (20mmHg) à respiração branquial, ou em período de seca,
eles utilizam o pulmão. No período de seca, enterram-se na lama e permanecem
dormentes até o período de cheia. Conhecemos três gêneros desses peixes que vi-
vem em lagos ou rios, na América do Sul, o Lepidosiren, na África, o Protopterus
e, na Austrália, o Neoceratodus. Algumas espécies absorvem mais O2 pelo pulmão
e outras pelas brânquias. O Protopterus é considerado peixe de respiração aérea
obrigatória, pois as brânquias não suprem totalmente a demanda de O2 do animal.
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sucção devido à expansão do volume pulmonar. Esse tipo de ventilação representa
uma evolução a partir de pulmões preenchidos por pressão bucal.
Esterno: osso achatado, situado na parte anterior da caixa torácica, e a que estão ligadas
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às costelas.
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Faringe
Laringe
Trato respiratório inferior
Traqueia
Brônquio principal
Pulmão
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passa pelos capilares alveolares, ocorre a difusão de CO2 para o interior do alvéolo
e de O2 do interior do alvéolo para o sangue, que agora se torna arterial.
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Figura 8
Fonte: Moyes & Schulte, 2010
a) Troca gasosa nos tecidos sistêmicos. Note que a AC converte agua e dió-
xido de carbono em bicarbonato que vai para o plasma. b) Troca gasosa nos
tecidos pulmonares (hematose). Note que o bicarbonato retorna ao eritrócito
para novamente ser convertido em gás carbônico.
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Como acabamos que de ver, se houver acúmulo de CO2 no sangue, seu pH bai-
xa, ativando o centro de controle da ventilação no tronco encefálico composto por
neurônios localizados no bulbo e na ponte, que envia impulsos ao diafragma e à
musculatura intercostal, promovendo sua contração e a realização involuntária dos
movimentos respiratórios. De início, ocorre uma hiperventilação, ou seja, o ritmo dos
movimentos respiratórios aumenta na tentativa de expulsar o excesso de gás carbô-
nico. A situação se normaliza lentamente e a respiração volta aos níveis habituais.
Sésseis: são animais que não possuem capacidade de locomoção, vivem fixos, associados a
Explor
um substrato. Nos costões rochosos, são muito comuns, por exemplo, cracas, corais, crinoi-
des, ostras e algas.
Propriedades Fundamentais
das Fibras Musculares
Os movimentos de um animal ou de substâncias no organismo são realizados
por dois tipos de fibras musculares, as estriadas, que possuem um conjunto bem
organizado de filamentos proteicos contráteis (miofibrilas) em seu interior, e as lisas,
com miofibrilas apenas em sua superfície. No entanto, existem três tipos de tecido
muscular, pois as fibras estriadas podem ser esqueléticas ou cardíacas, que com-
põem o miocárdio.
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de sangue e linfa, e os esfíncteres auxiliam no controle de volume dos órgãos a
exemplo do esfíncter pilórico no fluxo alimentar e esfíncter uretral no fluxo urinário.
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Esfíncter: músculo anular, que serve para abrir e fechar ductos, orifícios ou canais naturais.
As fibras esqueléticas podem ser do tipo I ou II. As fibras do tipo I são denomi-
nadas de vermelhas ou oxidativas lentas, sendo seu metabolismo predominante-
mente aeróbio e, portanto, com maior quantidade mitocôndrias e mioglobina, que é
uma proteína fixadora O2, o que vem a contribuir com a cor avermelhada da fibra.
Possuem ciclo de contração e relaxamento mais demorados e são mais resistentes
à fadiga muscular. Estão presentes em quantidades maiores nos músculos que rea-
lizam atividades de resistência e posturais.
A carne branca do peito das aves não voadoras é formada de musculatura es-
triada pobre em mioglobina. Mas os músculos da coxa, que são muito solicitados
nessas aves, são vermelhos e ricos em mioglobina. Compreende-se, portanto, que
a quantidade de mioglobina é proporcional ao grau de atividade de cada músculo.
Assim, você distingue a carne branca (peito) da carne escura (coxa), nas aves.
Os mamíferos apresentam abundância de mioglobina e, portando, carne avermelhada.
Músculo liso
As fibras musculares lisas são fusiformes com citoplasma sem estrias trans-
versais, pois as miofibrilas apresentam-se fixadas na membrana plasmática.
Possuem contração fraca, lenta e involuntária. São responsáveis, por exemplo, pela
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Colabam: ato de comprimir uma estrutura tubular, fazendo com que suas paredes se toquem.
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Figura 10 – O custo mínimo de transporte peso-específico durante o nado
Fonte: Adaptado de HILL, et. al; 2012
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Princípios de Fisiologia Animal
MOYES, C. D.; SCHULTE, P. M. Princípios de Fisiologia Animal. 2. ed. Porto
Alegre (RS): Artmed, 2010. 756p. e-book
Vídeos
O que é Respiração Comparada?
Extensivo Biologia | Descomplica
https://youtu.be/weNZuZkTfsE
Anatomia Comparada – Sistema Respiratório
https://youtu.be/bJT70b1-8TA
Leitura
Locomoção terrestre e demanda metabólica: uma revisão histórica
CHAUI-BERLINCK, J. G. Locomoção terrestre e demanda metabólica: uma revisão
histórica. Revista da Biologia. São Paulo, 2013; 11(1):28-37.
http://bit.ly/30ApcRi
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Referências
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 11. ed. Rio de
Janeiro-RJ: Elsevier, 2011. 1128p.
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