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SAÚDE DO HOMEM

PROJETO DE PREVENÇÃO AO CÂNCER DE


PRÓSTATA

Grupo: Caio, Lara, Rachel e Tatianne


INTRODUÇÃO

O Câncer de Próstata (CAP) é o segundo tipo de neoplasia com maior incidência na


população de homens no Brasil e no mundo. Em 94% dos casos, se manifesta como
Adenocarcinoma Acinar. Os principais fatores de risco incluem a mutação HPC-1, obesidade
e o sedentarismo, a hereditariedade familiar, idade - em 75% dos casos incluem homens
acima da faixa etária de 65 anos e a etnia, visto que os homens negros possuem duas vezes
mais chances de desenvolver o câncer de próstata que os homens brancos. O
Adenocarcinoma pode ser detectado a partir de exames.
O exame de rastreio é composto pela dosagem do nível sérico de (PSA) através de
exame de sangue e toque retal (TR) e tem ganhado cada vez mais força com o passar dos
anos, decorrente do incentivo ao diagnóstico precoce. Reflexo disso, atualmente, a grande
maioria dos casos diagnosticados de CAP é precoce, em fase inicial. Sendo assim, 60 a 75%
dos tumores diagnosticados são assintomáticos, impalpáveis no TR e restritos à próstata.Na
maioria das vezes, o exame de TR se faz positivo quando a lesão se encontra em estágio mais
avançado. A partir daí, faz-se uma biópsia de próstata guiada por ultrassom transretal para
confirmação do diagnóstico. Os exames que são realizados após a confirmação do
diagnóstico são a ressonância magnética com sonda endorretal, a tomografia
computadorizada de abdome e a cintilografia óssea. Esses exames são utilizados para
estadiamento do CAP de acordo com determinadas indicações, ou seja, eles apontam a
localização exata e a dimensão desse tumor. Isso permite a organização em grupos de risco:
Baixo (Tumor confinado na próstata e presente em até meio lobo); Intermediário (Tumor
confinado na próstata e presente em mais de meio lobo); Alto (Tumor confinado na próstata,
mas presente em ambos os lobos, Tumor com extensão extraprostática ou Tumor
metastático).Tumores metastáticos são presentes em poucos casos, mas quando
diagnosticados, o tratamento se mostra pouco eficaz ou ineficaz. Os tratamentos disponíveis
contra a doença são a hormonioterapia, radioterapia, prostatectomia radical e a quimioterapia
e recidiva bioquímica. Entretanto, o tratamento possui alguns efeitos colaterais durante e após
o período de tratamentos, como a incontinência urinária, a disfunção erétil e a perda de libido
e orgasmo sem ejaculação.
Portanto, por ser um processo extremamente difícil para o homem diagnosticado
com câncer de próstata, a intervenção psicoterapêutica tem fundamental importância para
lidar com esse processo. O homem sobrevivente ao CAP apresenta efeitos colaterais crônicos
exclusivos deste tipo de câncer, com desafios na conquista do bem-estar físico e social, e da
satisfação com a vida, em geral, que está relacionada com a função sexual, fator essencial
para manutenção da qualidade de vida do paciente. A falta de satisfação com a vida sexual,
pela inabilidade de funcionar fisicamente, reflete na autoestima e insatisfação com a vida em
geral, levando ao aparecimento de tensões emocionais e conjugais. Frente a isso, a
psicoterapia se apresenta como uma importante ferramenta e aliada ao tratamento de
pacientes com CAP, tendo como meta a melhora da qualidade de vida. Além disso, é possível
promover benefícios e o aumento do crescimento pessoal desses pacientes oncológicos na
experiência com o câncer, sendo eficazes na redução de estressores emocionais, interagindo
nos danos provocados pela doença e tratamento.

OBJETIVOS

 Conscientização e incentivo para o cuidado em saúde dos homens na instituição


escolhida para desenvolvimento da ação.
 Adesão dos homens acima de 50 anos ao exame de rotina
 Mobilização e conscientização sobre o tema na instituição
 Participação dos homens no grupo terapêutico proposto

JUSTIFICATIVA

Tendo em vista a seriedade da doença e seus dados alarmantes, um projeto é proposto


na instituição Unilasalle, com o intuito de levar informação e psicoeducar professores, alunos
e funcionários do sexo masculino, sobretudo aqueles com mais de 50 anos de idade. Com
isso, buscamos a conscientização e o incentivo ao cuidado da saúde masculina.
O objetivo da ação é a adesão de homens acima de 50 anos aos exames rotineiros, a
mobilização e conscientização sobre o tema para a instituição, promovendo palestras e
encontros para falar sobre a doença e também a participação de homens no grupo terapêutico
proposto.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

De acordo com Moscheta e Santos (2012), “apesar de ser o tipo mais comum de
câncer entre os homens, é também o mais difícil de ser discutido”. Os autores apontam como
maiores obstáculos ao tratamento, fatores socioculturais – incluindo os estereótipos de
gênero, crenças e valores que definem o que é ser masculino – sendo o exame de toque retal
ainda encarado de maneira relacionada a preconceitos e estereótipos de gênero.
Os autores apontam que as redes de apoio social têm um papel importante nesse
processo de enfrentamento da doença que, além dos fatores normalmente associados ao
câncer – como a morte, por exemplo – ainda atravessa questões de impotência, perda de
libido e incontinência urinária, o que resulta em mudanças drásticas na vida dos pacientes.
Os grupos de apoio entendidos como “uma estratégia complementar de cuidado, cuja
principal característica é oferecer um contexto de socialização e compartilhamento de
sentimentos e emoções, ambos necessários para o enfrentamento de uma doença grave, que
carrega o estigma de ser potencialmente fatal”.
A partir do acompanhamento de 11 estudos publicados, Moscheta e Santos (2012),
procuraram investigar alguns fatores que favorecem a participação de homens nos grupos de
apoio, bem como potenciais benefícios dessa participação, as principais preocupações que
eles manifestam e a influência da identidade de gênero no processo de enfrentamento da
doença.
Como resultado, os autores pontuaram como fatores que contribuem para a adesão aos
grupos terapêuticos: as doenças que determinam maior estigma social, como o câncer e a
AIDS, favorecem a adesão aos grupos de apoio; o isolamento social, a deficiência da rede de
apoio social e níveis mais baixos de escolaridade.
Dentre os principais benefícios dos grupos de apoio, é destacada “a possibilidade de
manutenção e/ou criação de uma rede de apoio psicossocial, que é considerada fundamental
para o bom enfrentamento da doença”. Dado o fato de que os homens tendem a buscar os
grupos de apoio em momentos mais críticos da doença – na ocasião do diagnóstico e no
agravamento da enfermidade – destaca-se “o papel do grupo como espaço de amparo às
angústias despertadas ao longo dos diferentes estágios de enfrentamento da doença, do
diagnóstico ao tratamento e reabilitação psicossocial”.
Além dos benefícios apontados, o texto traz ainda: “o aumento no nível geral de
informação sobre a doença, melhor adaptação às sequelas físicas do câncer e do tratamento,
atitudes mais positivas frente aos cuidados com a saúde, maior nível de ajustamento sexual,
maior adesão ao tratamento, melhor relacionamento com o cônjuge e menor preocupação
com a incontinência urinária”.
Para finalizar, o estudo aponta ainda que os grupos considerados “ideais” são aqueles
que “valorizam o aspecto homogêneo do grupo, a afetividade do coordenador e a
possibilidade de obter informação sobre a doença”. Sobretudo aqueles em que o coordenador
também esteja passando/tenha passado pela experiência do câncer:

Os participantes do estudo demonstraram apreço em ter um


coordenador que também enfrentava o câncer de próstata e
consideravam indispensável que ele tivesse algum treinamento prévio
na condução e na coordenação de grupos. A participação de homens
em diferentes momentos do enfrentamento da doença e com
diferentes prognósticos foi positivamente considerada pelos
participantes. Assim, o estudo sugere que os grupos de apoio a
homens com câncer de próstata devem considerar: as necessidades
específicas da população atendida, a avaliação contínua do nível de
satisfação dos participantes, a inclusão de pacientes com diferentes
prognósticos, o modelo de coordenação participativa, o treino
contínuo e a supervisão dos coordenadores, a oferta ativa de
informações, bem como a inclusão e o intercâmbio com diferentes
profissionais de saúde. De modo geral, a literatura sugere ainda que o
coordenador do grupo seja sensível e treinado para abordar questões
de sexualidade com os participantes, uma vez que tais preocupações
podem ficar encobertas se o coordenador não tiver uma postura
aberta e não-preconceituosa (Moscheta, Santos, 2012, p. 1231).

Assim, nossas intervenções procuraram considerar os apontamentos realizados.

INTERVENÇÕES PROPOSTAS

Público-alvo: Professores, funcionários e estudantes do sexo masculino, sobretudo aqueles


com mais de 50 anos

Local: UNILASALLE – RJ

01 - Roda de Conversa

A Roda de Conversa consiste em uma ferramenta menos formal e mais acolhedora do


que as palestras tradicionais. Pensada com o tema “Você tem medo de quê?” , consistiria em
um momento de troca de experiências, relatos, dúvidas e informações entre homens,
conduzida/mediada por um médico proctologista e um psicólogo.

02 - Panfletagem informativa

A divulgação de panfletos informativos baseados em memes e humor da internet pode


gerar interesse e servir como um “quebra-gelo” para aproximação dos temas considerados
tabu. Seguindo a mesma temática do “Você tem medo de quê?” , a ação contará também com
distribuição de fitas azuis convidando os homens para ida ao médico.

03 - Incentivo para ida ao médico

Nada melhor do que um bom reforço positivo para incentivar um comportamento


desejado, certo? E então que tal oferecer um incentivo para os funcionários e alunos que
trouxerem, durante o mês de novembro, um atestado de comparecimento ao médico para
checagem de rotina?

04 - Grupo terapêutico para homens

“O grupo terapêutico potencializa as trocas dialógicas, o compartilhamento de


experiências e a melhoria na adaptação ao modo de vida individual e coletivo”. Para Cardoso
e Seminotti (2006), o grupo é entendido pelos usuários como um lugar onde ocorre o debate
sobre a necessidade de ajuda de todos. No desenvolvimento das atividades, os participantes
fazem questionamentos sobre as alternativas de apoio e suporte emocional.
Nessa estratégia de promoção do sujeito, estão incluídos os grupos terapêuticos. Ao
tomarem parte desses grupos, os participantes relatam: melhora nas relações sociais, nos
níveis de conhecimento sobre questões discutidas no grupo, na capacidade para lidar com
situações inerentes ao transtorno sofrido, na confiança, além de alívio emocional.
“Quando o paciente tem melhor compreensão da própria subjetividade, sua
autoimagem pode ser remodelada. Desse modo, ele pode obter uma melhor relação consigo
mesmo e, consequentemente, com a sociedade (Bechelli, Santos, 2006)”.

CONCLUSÃO

Diante dos pontos aqui expostos, acreditamos que as intervenções propostas são
adequadas e podem contribuir significativamente para alcance dos objetivos elencados.
BIBLIOGRAFIA

ALAGBE, O. A., WESTPHALEN, A. C., & MUGLIA, V. F.. (2021). O papel da ressonância
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