Você está na página 1de 3

Henry Rousso é um historiador francês conhecido por suas contribuições para o estudo da

história contemporânea, em particular, a história da Segunda Guerra Mundial e do período


pós-guerra na França. Ele também é reconhecido por seu trabalho sobre a questão dos
arquivos e sua importância no conhecimento histórico. Para contextualizar o lugar
contemporâneo dos arquivos para o conhecimento histórico, nos domínios da investigação e da
sua aprendizagem, e calibrar suas dimensões mais pragmáticas, podemos considerar as ideias
de Rousso.

Arquivos como fontes primárias:


Rousso destaca a importância dos arquivos como fontes primárias para a pesquisa histórica. Os
arquivos contêm documentos, registros e materiais que são essenciais para entender o
passado. Eles oferecem aos historiadores acesso a evidências tangíveis e autênticas que
ajudam a construir narrativas históricas sólidas. Portanto, os arquivos desempenham um papel
fundamental na investigação histórica, fornecendo uma base sólida para a construção do
conhecimento histórico.

Preservação e acessibilidade:
Rousso também enfatiza a importância da preservação e acessibilidade dos arquivos. Para que
os historiadores possam usá-los de maneira eficaz, os arquivos devem ser mantidos em boas
condições e ser acessíveis. A gestão apropriada de arquivos é crucial para garantir que as
informações históricas não se percam ao longo do tempo. Além disso, a acessibilidade dos
arquivos é crucial para a aprendizagem, permitindo que estudantes, pesquisadores e o público
em geral tenham acesso a essas fontes.

Uso crítico dos arquivos:


Rousso argumenta que o uso dos arquivos deve ser feito de maneira crítica. Isso implica que os
historiadores devem analisar cuidadosamente as fontes, considerar seu contexto e possíveis
viéses, e questionar a autenticidade e confiabilidade das informações contidas nos arquivos. A
crítica é essencial para garantir que o conhecimento histórico seja construído com base em
evidências sólidas.

Interdisciplinaridade e diálogo:
Rousso também destaca a importância do diálogo entre historiadores e outras disciplinas,
como arquivologia, biblioteconomia e tecnologia da informação. Essa colaboração
interdisciplinar é fundamental para a gestão eficaz de arquivos, a digitalização e a disseminação
de materiais históricos. Além disso, a interdisciplinaridade pode enriquecer a pesquisa
histórica, trazendo diferentes perspectivas e métodos para o estudo do passado.

Em resumo, Henry Rousso destaca a importância dos arquivos como fontes primárias para a
pesquisa e aprendizagem histórica. Ele enfatiza a necessidade de preservar e tornar acessíveis
os arquivos, bem como o uso crítico das fontes. Além disso, ele promove a interdisciplinaridade
e o diálogo entre diferentes campos acadêmicos para melhorar a gestão e o uso de arquivos.
Estas dimensões pragmáticas desempenham um papel crucial no desenvolvimento do
conhecimento histórico contemporâneo.

discute a evolução da historiografia desde o século XIX, com ênfase na questão do “arquivo”.
Com o surgimento do método crítico e do historiador profissional, o arquivo tornou-se central
nos debates historiográficos. A história evoluiu para uma disciplina que utiliza métodos das
ciências sociais, especialmente a entrevista, e surgiu a “história do tempo presente”, que
envolve a confrontação direta e o diálogo contínuo com os vestígios vivos do passado - a
memória dos atores. Isso modificou o debate clássico sobre a noção de “arquivo”. Além disso,
houve uma mudança radical no plano epistemológico, com o surgimento de paradigmas que
negam à história sua pretensão de captar o real, definindo-a como uma narrativa subjetiva, na
qual o estabelecimento da prova, portanto o uso do arquivo, não constitui mais a base na qual
ela pode legitimamente se apoiar. No entanto, ao mesmo tempo, o desejo cada vez mais
explícito na opinião pública de uma história “positiva”, baseada em provas irrefutáveis,
especialmente para períodos ou acontecimentos trágicos do século XX, tem incessantemente
acuado os historiadores, obrigando-os a uma abordagem cada vez mais prudente dos arquivos,
remetendo-os mais uma vez a uma pergunta ancestral e contudo incontornável: como chegar à
verdade do passado, se é que isso é possível? O vigor dos debates recentes, seu caráter
irracional, carregado de ideologia, ou até mesmo de fantasias, sobre os arquivos
contemporâneos, sua inacessibilidade real ou presumida, a expectativa em relação a eles, para
compreender que o problema ultrapassa o meio dos arquivistas, dos conservadores ou dos
historiadores e tem a ver hoje em dia com o espaço público mais amplo.

O lugar contemporâneo dos arquivos no conhecimento histórico, à luz das considerações de


Henry Rousso, é profundamente influenciado por uma série de mudanças no campo da
história, tanto em termos de pesquisa como de aprendizagem, e isso requer uma calibração de
suas dimensões mais pragmáticas. Desde o surgimento do método crítico e do historiador
profissional no século XIX, a questão do "arquivo" se tornou central nos debates
historiográficos. No entanto, a evolução da disciplina histórica, que incorporou métodos das
ciências sociais, como a entrevista, e o advento da "história do tempo presente", que envolve o
diálogo com a memória viva dos atores históricos, trouxeram mudanças significativas na
concepção e uso dos arquivos.

Uma das mudanças mais notáveis é a transformação epistemológica que ocorreu nas últimas
décadas. Paradigmas recentes negam à história a pretensão de captar o real de forma objetiva
e, em vez disso, a veem como uma narrativa subjetiva. Nesse contexto, o estabelecimento de
provas, e, portanto, o uso de arquivos, não é mais a base legítima na qual a história se apoia.
Isso levanta questões sobre como os historiadores podem chegar à verdade do passado, se é
que isso é possível, quando a própria natureza da pesquisa histórica é vista como subjetiva.

Ao mesmo tempo, a demanda pública por uma história "positiva," baseada em provas
irrefutáveis, é crescente, especialmente quando se trata de eventos trágicos do século XX. Essa
pressão coloca os historiadores em uma situação delicada, forçando-os a abordar os arquivos
com cada vez mais cautela. Isso reacende a pergunta perene sobre como alcançar a verdade
histórica, dada a complexidade e a subjetividade inerentes ao estudo do passado.

Além disso, a discussão em torno dos arquivos contemporâneos vai além do círculo dos
historiadores, arquivistas e conservadores. A opinião pública demonstra interesse, expectativas
e até mesmo fantasias em relação aos arquivos contemporâneos, muitas vezes percebidos
como inacessíveis ou secretos. Isso torna o debate sobre arquivos um problema que envolve
um espaço público mais amplo, e não apenas os especialistas.

Em resumo, o lugar dos arquivos no conhecimento histórico contemporâneo é moldado pela


evolução da disciplina, pela mudança de paradigmas epistemológicos, pela pressão por uma
história "positiva" baseada em provas, e pela crescente atenção do público para com os
arquivos. Isso cria um contexto complexo e desafiador para historiadores, arquivistas e
pesquisadores, que devem navegar entre a subjetividade inerente à construção da narrativa
histórica e a necessidade de basear suas análises em fontes e evidências sólidas.
Henry Rousso, historiador e autor, contextualiza de maneira fascinante o lugar contemporâneo
dos arquivos no campo do conhecimento histórico, considerando as dimensões mais
pragmáticas desta questão. Segundo Rousso, desde o século XIX, com o advento do método
crítico e da profissionalização da história, o "arquivo" se tornou um elemento central nos
debates historiográficos (Rousso, 2023, p. 1).

A evolução da história como disciplina, que incorporou métodos das ciências sociais, como a
entrevista, e o surgimento da "história do tempo presente", que envolve a interação direta com
a memória dos atores, transformaram o debate sobre a noção de "arquivo" (Rousso, 2023, p.
2). Isso indica uma mudança na forma como os historiadores abordam o passado,
reconhecendo a importância de fontes mais vivas e contemporâneas.

No entanto, Rousso aponta que o contexto epistemológico também se modificou nos últimos
trinta anos, com paradigmas que questionam a capacidade da história de captar a realidade,
muitas vezes definindo-a como uma narrativa subjetiva, na qual a prova, e portanto o uso do
arquivo, já não serve como sua base legítima (Rousso, 2023, p. 2). Isso ressalta a crescente
complexidade na relação entre arquivos e construção do conhecimento histórico.

Ao mesmo tempo, Rousso observa um desejo público por uma história "positiva" baseada em
provas irrefutáveis, especialmente quando se trata de eventos trágicos do século XX. Isso
coloca os historiadores em uma posição delicada, forçando-os a abordar os arquivos com
cautela e levantando a pergunta fundamental sobre como alcançar a verdade do passado
(Rousso, 2023, p. 2).

Rousso destaca que os debates sobre arquivos contemporâneos são frequentemente


carregados de ideologia e fantasias, indicando que o problema transcende a esfera dos
historiadores, arquivistas e conservadores, alcançando o espaço público mais amplo (Rousso,
2023, p. 2).

Portanto, a abordagem contemporânea dos arquivos no conhecimento histórico, de acordo


com Henry Rousso, é caracterizada por uma interação dinâmica entre a evolução da disciplina
histórica, mudanças epistemológicas, a busca pela verdade do passado e a influência da
opinião pública.

Você também pode gostar