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Preservação e acessibilidade:
Rousso também enfatiza a importância da preservação e acessibilidade dos arquivos. Para que
os historiadores possam usá-los de maneira eficaz, os arquivos devem ser mantidos em boas
condições e ser acessíveis. A gestão apropriada de arquivos é crucial para garantir que as
informações históricas não se percam ao longo do tempo. Além disso, a acessibilidade dos
arquivos é crucial para a aprendizagem, permitindo que estudantes, pesquisadores e o público
em geral tenham acesso a essas fontes.
Interdisciplinaridade e diálogo:
Rousso também destaca a importância do diálogo entre historiadores e outras disciplinas,
como arquivologia, biblioteconomia e tecnologia da informação. Essa colaboração
interdisciplinar é fundamental para a gestão eficaz de arquivos, a digitalização e a disseminação
de materiais históricos. Além disso, a interdisciplinaridade pode enriquecer a pesquisa
histórica, trazendo diferentes perspectivas e métodos para o estudo do passado.
Em resumo, Henry Rousso destaca a importância dos arquivos como fontes primárias para a
pesquisa e aprendizagem histórica. Ele enfatiza a necessidade de preservar e tornar acessíveis
os arquivos, bem como o uso crítico das fontes. Além disso, ele promove a interdisciplinaridade
e o diálogo entre diferentes campos acadêmicos para melhorar a gestão e o uso de arquivos.
Estas dimensões pragmáticas desempenham um papel crucial no desenvolvimento do
conhecimento histórico contemporâneo.
discute a evolução da historiografia desde o século XIX, com ênfase na questão do “arquivo”.
Com o surgimento do método crítico e do historiador profissional, o arquivo tornou-se central
nos debates historiográficos. A história evoluiu para uma disciplina que utiliza métodos das
ciências sociais, especialmente a entrevista, e surgiu a “história do tempo presente”, que
envolve a confrontação direta e o diálogo contínuo com os vestígios vivos do passado - a
memória dos atores. Isso modificou o debate clássico sobre a noção de “arquivo”. Além disso,
houve uma mudança radical no plano epistemológico, com o surgimento de paradigmas que
negam à história sua pretensão de captar o real, definindo-a como uma narrativa subjetiva, na
qual o estabelecimento da prova, portanto o uso do arquivo, não constitui mais a base na qual
ela pode legitimamente se apoiar. No entanto, ao mesmo tempo, o desejo cada vez mais
explícito na opinião pública de uma história “positiva”, baseada em provas irrefutáveis,
especialmente para períodos ou acontecimentos trágicos do século XX, tem incessantemente
acuado os historiadores, obrigando-os a uma abordagem cada vez mais prudente dos arquivos,
remetendo-os mais uma vez a uma pergunta ancestral e contudo incontornável: como chegar à
verdade do passado, se é que isso é possível? O vigor dos debates recentes, seu caráter
irracional, carregado de ideologia, ou até mesmo de fantasias, sobre os arquivos
contemporâneos, sua inacessibilidade real ou presumida, a expectativa em relação a eles, para
compreender que o problema ultrapassa o meio dos arquivistas, dos conservadores ou dos
historiadores e tem a ver hoje em dia com o espaço público mais amplo.
Uma das mudanças mais notáveis é a transformação epistemológica que ocorreu nas últimas
décadas. Paradigmas recentes negam à história a pretensão de captar o real de forma objetiva
e, em vez disso, a veem como uma narrativa subjetiva. Nesse contexto, o estabelecimento de
provas, e, portanto, o uso de arquivos, não é mais a base legítima na qual a história se apoia.
Isso levanta questões sobre como os historiadores podem chegar à verdade do passado, se é
que isso é possível, quando a própria natureza da pesquisa histórica é vista como subjetiva.
Ao mesmo tempo, a demanda pública por uma história "positiva," baseada em provas
irrefutáveis, é crescente, especialmente quando se trata de eventos trágicos do século XX. Essa
pressão coloca os historiadores em uma situação delicada, forçando-os a abordar os arquivos
com cada vez mais cautela. Isso reacende a pergunta perene sobre como alcançar a verdade
histórica, dada a complexidade e a subjetividade inerentes ao estudo do passado.
Além disso, a discussão em torno dos arquivos contemporâneos vai além do círculo dos
historiadores, arquivistas e conservadores. A opinião pública demonstra interesse, expectativas
e até mesmo fantasias em relação aos arquivos contemporâneos, muitas vezes percebidos
como inacessíveis ou secretos. Isso torna o debate sobre arquivos um problema que envolve
um espaço público mais amplo, e não apenas os especialistas.
A evolução da história como disciplina, que incorporou métodos das ciências sociais, como a
entrevista, e o surgimento da "história do tempo presente", que envolve a interação direta com
a memória dos atores, transformaram o debate sobre a noção de "arquivo" (Rousso, 2023, p.
2). Isso indica uma mudança na forma como os historiadores abordam o passado,
reconhecendo a importância de fontes mais vivas e contemporâneas.
No entanto, Rousso aponta que o contexto epistemológico também se modificou nos últimos
trinta anos, com paradigmas que questionam a capacidade da história de captar a realidade,
muitas vezes definindo-a como uma narrativa subjetiva, na qual a prova, e portanto o uso do
arquivo, já não serve como sua base legítima (Rousso, 2023, p. 2). Isso ressalta a crescente
complexidade na relação entre arquivos e construção do conhecimento histórico.
Ao mesmo tempo, Rousso observa um desejo público por uma história "positiva" baseada em
provas irrefutáveis, especialmente quando se trata de eventos trágicos do século XX. Isso
coloca os historiadores em uma posição delicada, forçando-os a abordar os arquivos com
cautela e levantando a pergunta fundamental sobre como alcançar a verdade do passado
(Rousso, 2023, p. 2).