i) Pré-Flop: Ação do vilão - raise de 4x. Ação do herói:
call, fora de posição.
Avaliação: Vilão aparentemente agressivo, com um
raise um pouco acima do standard (2,5 x ou 3 x).
Se o vilão constantemente dá raise usando esse size,
vale a pena 3bertamos (entre R$ 12 e R$ 14, 3x ou um pouco mais), entre 60 a 75% das vezes, pois temos blocker do nuts (AA) e o dead money que coletaríamos é considerável (5 BBs – 4x do vilão mas 1 BB que investimos por estarmos no Big).
Se o vilão normalmente joga de limp, ou folda muito
pré-flop, preferível jogar de call 70% a 80% das vezes, afinal, A4s flopa bem, com possibilidade de nuts absoluto tanto em flush quanto em sequência.
Parecer final: call ok, mas preferível 3bet,
consideradas as condições acima. ii) Flop: 4d 2d 10s
Considerações iniciais: board relativamente seco,
temos um segundo par, com melhor kicker possível. Estamos na frente da maioria do range do vilão. Como estamos em posição, é mais confortável jogarmos vendo qual será a action adotada por ele.
Action: Herói dá check (standard), afinal, não foi o
inicial raiser.
Vilão c-beta R$ 5,33 em um pote de R$ 8,00, entre ½
e 2/3 do pote. Bet size ok.
Herói dá raise para R$ 12,66 no, um pouco mais de 2x
da aposta do vilão (ficando com um stack de R$ 33,57 pra trás).
Vilão dá call. Pote vai para R$ 33,32
Considerações iniciais:
Possíveis combos de valor: over pairs (JJ, QQ, KK e
AA); A10; K10; Q10; 9 10; 22; 44 e 10 10. Value bet mais thin: 99, 88, 77, 66 e 55.
Possíveis combos de blefe: flush draws, AQ, AK, AJ,
KQ, KJ, etc... Enfim, com essa c-bet do vilão, não temos definir, ainda, se ele tem ou não valor ou está dando c-bet normal (recomendável se tiver VIP ver a taxa de c-bet e infos de outras mãos que jogaram antes na sessão quando foram pro showdown de como ele toma as decisões).
Análise da action: O c-bet do vilão é ok. Como
estamos em heads up, a chance de estarmos na frente é enorme. O raise de um pouco mais de 2x no flop é ok, pois temos uma mão frágil, onde quase qualquer turn (com exceção de um 4 ou A vai ser ruim para nós), então é natural buscar proteção. O size de raise foi bom, porque, se você toma um re-raise alto, pode até largar a mão, pois ainda não está comprometido com o pote. Gostei da play. Jogar apenas de call e reavaliar no turn é ok também, mas é preferível jogar a mão de forma mais agressiva, buscando proteção.
iii) Turn: Qs – board 4d 2d 10s Qs
Considerações iniciais: O bordo ficou molhado, com
dois possíveis flush draws (ouros e espadas), além de straight draws. A Q não atinge tão bem o range do vilão.
Action: Herói check. Vilão beta R$ 8,71 em um pote
de R$ 33,32. Cerca de 1/4 do pote.
Herói só da call.
Pote vai para R$ 50,74. Stack restante do herói: R$
24,86
Análise da action: O bet do vilão é ridículo. Ele pode
estar jogando de trap (armadilha) pra induzir ao raise, mas, mais me parece um blocker bet do qualquer outra coisa. O call é ok, pra reavaliarmos river, pois podermos estar atrás de um 88 ou 99, algum 10X, etc, e dependendo do que bater, podemos transformar nossa mão em blefe (caso completem alguns draws, por exemplo). Contudo, também não seria absurdo dar raise, o que, pelo stack restante do herói, implicaria em um all in seu, para negar equidade aos draws, e possivelmente, fazê-lo foldar pares médios maiores que o nosso, já que a Q é um scary card também.
Lembrando que nosso all in é 50% do pote, então
ainda temos fold equity.
Sem info do vilão, recomendo jogar de raise aqui 55%
das vezes e de call 45%. Lembrando que, isso levando em consideração que é uma situação de Heads Up. Esse tipo de estratégia se chama merged: fazer o adversário foldar mãos médias melhores que a nossa, e pagar com draws, onde estamos na frente no momento, ou mesmo induzir hero calls errados.
iv) River: 10d – board 4d 2d 10s Qs 10d
Considerações iniciais: Ok, completou um flush.
Contudo, o 10 é uma carta que está bem no range do vilão, além de alguns flush draws.
Action: Herói shova e vilão dá call. Hand do vilão:
Q10o, full house.
Análise da action: O flush completado era uma boa
carta pra usarmos pra blefar (embora alguns flush draws também estivessem no range do vilão, mas, no poker, é difícil fazer flushes), contudo, o 10 estava muito no range do vilão, e, dificilmente, ele faria um hero fold com trinca por um bet de 50% do pote (nosso all in). A menos que ele já tivesse info nossa de que blefamos raramente.
Ainda, nosso 4 com kicker A tinha valor de showdown
suficiente, estávamos na frente de algumas mãos dele, como outros 4 (45, 43, etc), AKd, AKs AJd, AJs, etc. Então, a jogada mais indicada seria o check, e avaliar no river o que fazer de acordo com a action adotada pelo vilão conforme as infos que temos dele. Na dúvida, tight (ex: se ele shova, e não temos info suficiente, fold).
Conclusão: A mão foi jogada de forma ok até o
turn, já, no river, a ação mais indicada seria o check e fold caso o vilão shovasse (o que poderia ser o contrário caso estivéssemos em posição e o vilão desse check mostrando fraqueza – importância de jogar em posição.) Se ele estivesse fulado, como estava, perderíamos tudo se optássemos por transformar nossa mão em blefe (o que eu recomendo fazer naquele spot em 50% das vezes, já que, apesar de termos valor de showdown, podemos estar atrás de pocket pair médios).
Recomendo, também, entrar mais deep pra jogar 0,50
/ 1, com stack inicial de 80 a 120 BB´s deep. Isso nos deixa com um jogo mais confortável, tanto para maximizarmos os lucros, quanto para fazermos plays agressivas blefando.