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Tradução: MeG B.

, AshShadow, Cacau, Mayu


Revisão Inicial: Silvie P., Nikinha, Dynha, Nandinha21
Revisão Final: Suélem
Leitura Final: Suélem
Formatação: Vivi
No dia em que minha vida tomou um desvio inevitável, as coisas ficaram
um pouco loucas.
Meu nome é Essalin Brant, mas todo mundo me chama de Essa. Eu
frequento uma modesta faculdade em uma pequena cidade, e em meus
vinte e dois anos de vida nunca viajei para fora do estado da Pensilvânia.
Você poderia dizer que minha vida é muito chata. Eu vivo pelas regras. Eu
sou uma boa menina e nada excitante nunca acontece.
Mas isso está prestes a mudar.

Entra Farren Shaw. Como se só não bastasse ele ser mais velho e muito
intimidador, também é mais seguro de si mesmo do que qualquer outro
homem de 29 anos que tem direito a ser. Eu mencionei que ele é lindo de
morrer? Bem, ele é. Ele também é o irmão da minha melhor amiga Haven.
E eu ficaria satisfeita com apenas fantasiar com Farren de longe, mas
quando Haven de repente desaparece, seu irmão lindo é o único que
acredita em mim quando eu digo que ela foi seqüestrada, embora todos os
sinais parecem sugerir que Haven deixou a cidade de boa vontade.
Eu sei melhor, no entanto. Assim como Farren. Então, quando ele me pede
para acompanhá-lo para procurar sua irmã e eu aceito.
É quando a verdadeira aventura começa.

Livro # 1
Duologia Inevitabilidade
Romântico gêneros Suspense New Adulto
* conteúdo adulto *
Estou olhando para a tela do computador. É o meu
último teste do primeiro semestre e faltam somente cinco
perguntas de Gestão Estratégica. Meus olhos estão colados às
palavras, formando uma única pergunta. Eu sei a resposta. Sim,
eu sei. Mas então, minha visão borra e acho que... Aff, de quem
foi a ideia de se formar em Negócios? Minha que não foi. O cursor
na tela pisca sobre a alternativa B. Como eu disse, eu sei a
resposta correta e com toda certeza não é B.
O que fazer o que fazer…
Com um sorriso malicioso, eu escolho B e aperto o botão
para a próxima pergunta. Estou me sentindo particularmente
desafiadora hoje. Meus pais me deixaram uma mensagem de voz
esta manhã, dizendo- me em termos incertos, que quaisquer
pensamentos de ir para Nova York este verão com minha melhor
amiga e companheira de quarto Haven Shaw, estão fora de
questão. Isso depois de tanto tempo dedicado a pensar sobre o
quão divertido seria sair na Big Apple com Haven, enquanto ela
procurasse um agente, fazia contatos e tudo o que geralmente
uma pessoa precisa fazer atualmente quando se prepara para
conseguir um papel em uma peça um dia desses.
E não apenas qualquer peça. Broadway, aqui vou eu —
disse Haven no outro dia quando estávamos discutindo seus
sonhos para a cidade grande. Ela é um pouco teatral, mas isso é
de se esperar, já que ela cursa teatro. Seu objetivo é,
eventualmente, tornar-se atriz no Great White Way1.
Meus sonhos, por outro lado, são muito menores. Meu
desejo principal ultimamente é que alguma coisa — qualquer
coisa aconteça na minha vida entediante. Pensei que New York
seria um começo promissor. Acho que não. Graças aos meus pais
e à sua aversão a qualquer coisa divertida que possa surgir para
mim, não haverá nenhuma emoção na minha vida neste verão.
Nada.
Assim como os dois últimos verões, eu vou enlouquecer
aqui em Oakwood College. A melhor parte do meu dia será ficar
me deprimindo na cafeteria nos arredores da pequena cidade da
Pensilvânia onde minha pequena faculdade está localizada.
Minhas tardes depois das aulas irão incluir atividades
emocionantes como encarar as vacas e as fazendas, beber cefé e
ficar desejando e esperando por algo mais. E isso não está certo.
Eu sou uma estudante nota A, pelo amor de Deus. Eu
não preciso passar o verão em Oakwood, tendo aulas de verão
estúpidas. Infelizmente, meus pais não se preocupam com os
meus desejos e necessidades. Eles acreditam que sua única filha
deve aplicar-se durante todo o ano. Esqueça que eu já sou uma
filha modelo. Bem, mais ou menos. Mas isso é algo discutível.

1 Uma forma de se referir à Brodway


A questão é que os meus pais não vão, como eles
destacaram em sua mensagem, aceitar que eu me desvie do meu
curso.
Sério? Então, eles não aceitarão...
Minha provocação atinge o limite e eu propositadamente
escolho as respostas erradas para as próximas quatro perguntas.
Eu chego a pensar: toma Essa, Sr. e Sra Brant. Apesar de minhas
ações, eu ainda vou receber um A nessa cadeira e o meu GPA2
não vai sofrer nem um pouco. Ainda assim, me senti bem em ser
má.
Isso é triste, Essa, que a escolha de algumas respostas
erradas em uma final é o melhor ato provocante que você possa
pensar. Suspirando, eu clico no botão para indicar que acabei
com o exame. Então, pego minha bolsa na parte de trás da
cadeira e vou para a porta.
— Você é patética — murmuro para mim mesma quando
eu saio para um corredor quente, abafado que tem cheiro de
verniz e de livros.
Eu meio que gosto do cheiro, uma vez que me envolve. É
o cheiro de estudantes que procuram o conhecimento; é o cheiro
da juventude. Apesar de todos os meus protestos contrários, eu
gosto da faculdade. Só preferia estar estudando algo da minha
própria escolha. Eu paro e reflito. Não só o cheiro de escola me
envolve, mas também o calor do dia. O corredor do segundo
andar que estou está cerca de dez graus mais quente do que a
sala de aula. Deixo cair a minha bolsa no chão, tiro minha

2 Média de Notas. Para os brasileiros, é algo ocmo coeficiente de


rendimentos.
jaqueta estilo exército verde-oliva. Estou com mais duas regatas,
uma azul e uma branca,3 mas ainda estou assando.
— Aff — eu me abano enquanto me abaixo para pegar
minha bolsa. O botão da minha calça ameaça abrir e deixo
escapar uma maldição. Realmente deveria ter usado um belo par
de shorts soltos em vez de apertar a minha bunda em um
excessivamente elegante jeans skinny esta manhã.
Talvez se o jeans fosse um pouco mais folgado, eu ficaria
mais confortável. Faço uma dança engraçada na área felizmente
vazia fora da sala de aula. Infelizmente, o jeans não alarga uma
polegada. Malditos designers. Eles não percebem que nem todos
nós temos o corpo com as medidas perfeitas? Quando eu expiro, o
botão aperta no meio da minha barriga mais uma vez e me
lembro de que preciso parar e me despedir dos doces.
Okay, certo. Uma garota tem que ter algum tipo de
satisfação, certo? E como eu não sou exceção, guloseimas são
para mim. E outra, eu sou certinha e limitada. Eu não uso
drogas, não fumo. Eu mal bebo e duas bebidas são o meu limite
quando bebo. Além disso, não sou promíscua.
— Longe disso — murmuro.
Eu só fiz sexo uma vez, na verdade. E que desastre que
acabou sendo. A memória sozinha, a partir de uma das poucas
noites que eu me desviei da minha política de duas bebidas, na
festa do Dia de Saint Patrick há dois meses, me faz sentir
náuseas. Sim, os trinta segundos gastos com o sênior — que foi

3
coautor comigo de um artigo para o jornal on-line de Oakwood
College — simplesmente não valeram a pena, nem o tempo que
levou para tirar a minha roupa. Muito claramente, uma memória
confusa dele grunhindo em cima de mim, suado e duro, vem à
mente. Eu ficava lamentando que era desse jeito que estava
perdendo minha virgindade. Eu ainda me arrependo. Mas o que
você pode fazer? Da última vez que verifiquei, ainda não havia
máquinas do tempo.
Então, sim, esqueça o sexo. Esse é o meu lema. Eu vou
ficar com as guloseimas carregadas de açúcar por agora. Como
cupcakes. Haven fez um lote para celebrar nossa semana de
finais. Sua cobertura de manteiga caseira era muito melhor do
que o sexo em qualquer dia. Para não falar que induz um
orgasmo muito mais facilmente do que os trinta segundos
durante os quais fiquei me perguntando: — O que? É isso? Por
que tanto alarde?
Eu suspiro. Preciso voltar para o apartamento e cair em
cima daqueles maravilhosos Cupcakes, mas meus pés estão longe
de se moverem. Eu não posso acreditar que sonhei acordada
durante cinco minutos. Ou talvez tenham sido dez. Recuperando
meu telefone da minha bolsa, mando a Haven uma mensagem
rápida:
— Saindo de Byers Hall. Não coma todos os cupcakes.
Alguns segundos depois, ela responde:
— Oops. Eu estava com fome e comi o resto do jantar,
desculpa.
— Cadela, eu respondo.
— Vaca, é sua resposta.
Eu a chamo de cadela novamente e rio. Ela está rindo
também, estou certa disso. Haven sabe que meus textos são
enviados com amor. Ela não é uma cadela e eu nunca pensaria
tal coisa, de verdade. Nem acho que ela me veja como uma vaca.
Longe disso, como já disse antes. Bem, a menos que nós
estejamos falando de açúcar. Então, eu sou uma completa
vagabunda.
Haven envia um outro texto.
— Brincadeira, Es. Eu não comi todos os cupcakes. Eu sei
que você os ama, então eu deixei o resto para você.
Aww, Haven é a melhor.
— Você é super doce.
Eu mando de volta, e então começo a descer o corredor.
Finalmente. Enquanto ando, penso em como Haven é
definitivamente uma das melhores partes da minha vida. Durante
o curso dos últimos três anos, nos tornamos melhores
amigas. Nós nos conhecemos em uma orientação de calouro. Foi
no início, realizada durante a primavera antes da
matrícula. Sentamos ao lado da outra e a amizade surgiu
imediatamente, o que é meio divertido, uma vez que somos tão
diferentes uma da outra. De alguma forma, porém, nós nos
encaixamos. Resumindo, eu amo Haven e faria qualquer coisa por
ela. Ela certamente fez algumas coisas altruístas por mim, não há
dúvida sobre isso. Como resultado, estamos juntas, mais
próximas do que ladrões4, como alguns falam. Eu provoco Haven
todo o tempo; digo que ela é minha irmã de outra mãe. Desde que
sua própria mãe faleceu anos atrás, ela geralmente responde que

4 Equivalente ao nosso ―grudadas como carne e unha ‖


deixou a minha mãe adotá-la. Mas então ela adiciona — Isto é, se
ela não fosse tão extremamente arrogante.
Eufemismo do ano.
Outro dia, depois de ter recebido um telefonema da
minha mãe — ela estava checando meu estudo — Haven brincou:
— Se sua mãe me adotasse, ela provavelmente iria
insistir que eu mudasse o curdo de teatro para negócios.
— Ela provavelmente iria — eu concordei. É
verdade. Minha mãe quer o meu bem, assim como o meu pai,
mas os meus pais têm uma tendência a se concentrarem em
praticidade. E para o Sr. e Sra Brant, praticidade significa
especialização em negócios.
— É sempre inteligente se formar em algo comercializável
— Papai gosta de dizer.
— Como negócio, Querida — Mamãe sempre acrescenta
com um sorriso. Você está fazendo escolhas inteligentes, Essa.
Pena que não são minhas escolhas.
Desejava ser mais como Haven, que não responde a
ninguém. Viro a esquina e trombo em um dos professores de
atuação de Haven. Para meu espanto, é o professor de merda que
quebrou o coração da minha amiga há duas semanas.
— Oi, Essa. Professor Walsh diz cordialmente fingindo
sair do meu caminho.
Ele permanece no caminho, é claro. Ainda assim, eu
consigo desviar. Ele, no entanto, fica comigo, virando-se e
olhando- me o tempo todo.
Aff. É tão difícil não dizer
— Sai da minha frente, seu babaca do caralho. Como
não tenho a coragem de dizer uma coisa assim, seguro minha
língua. Mas quando o Professor Walsh estende a mão e toca no
meu braço, parando meu progresso, eu saio de seu toque e estalo
— Sério?
Levanto ambas as sobrancelhas e dou um passo para
trás.
— Por favor, diga que não colocou sua mão em mim.
— Agora, agora. Babaca Walsh diz em um tom
paternalista doentio.
— Não há necessidade de uma represália venenosa. Eu
não sei o que Haven disse a você.
— Tente tudo. Eu interrompo.
Haven e seu professor de trinta e cinco anos de idade
tiveram um caso de três meses. Era tudo quente e pesado, para
não mencionar ilícito como o inferno, até que ele terminou de
uma forma não tão agradável. Preocupação enche os olhos
castanho-claros do professor enquanto ele bate o pé e olha para
mim. Não é preocupação com a menina cujo coração está
quebrado. É puramente preocupação com o próprio rabo. Oh, os
problemas que ele poderia conseguir por foder uma de suas
alunas.
— Não se preocupe. Eu digo só para ele parar de me
encarar e, esperançosamente, ir embora.
— Haven não vai me deixar ir ao Conselho Disciplinar e
Deus sabe que ela nunca irá fazer isso, assim seu segredo está
seguro.
O professor, mais confiante logo que ouve que pretendo
manter minha boca fechada, preguiçosamente coloca para trás
uma mecha de cabelo louro-sujo ralo que está caído na testa. Ele
é como um menino bonito e este é um movimento que ele está,
obviamente, aperfeiçoando.
Pena que não faz sentir absolutamente nada. Indiferente,
ele diz em voz baixa:
— Tudo o que aconteceu entre mim e Haven Shaw foi
consensual. Ela tem vinte e dois anos de idade, Senhorita Brant,
da última vez que verifiquei isso a torna uma adulta.
Eu sinto vontade de gritar em seu rosto presunçoso: —
Você foi seu professor, idiota. Não só violou a política da escola,
mas você a violou quando a deixou cair de amor por você e, em
seguida, insensivelmente foi embora! — Mas não há nenhum
ponto em atacar. Haven ainda gosta do cara, mesmo ele sendo
um verdadeiro escroto. Ela não quer que ele entre em qualquer
confusão. E alguém pode me ouvir se eu começar a sair em
defesa da minha amiga. As salas da redondeza estão vazias, mas
muitas das salas de aula estão cheias.
Então, não digo nada, entretanto, encaro-o de cara feia. E
vou embora, deixando-o em pé no meio do salão. Eu sinto seus
olhos em mim, provavelmente examinando minha bunda. Sua
ligação com Haven não foi uma raridade. É de conhecimento
comum que o Professor Walsh tem uma coisa para meninas em
idade universitária. Até Haven sabia que ele era desse tipo de
cara. Mas ele estava realmente comprometido com Haven, por um
tempo... Até que ele não estava mais. Não foi nenhuma surpresa
ele se gostar dela nos primeiros dias de sua aventura. Os homens
acham Haven irresistível. E por que não? A menina é
maravilhosa. Ela é muito mais bonita do que eu sou. Haven é
alta, com um corpo de modelo. Eu sou pequena e não sou do tipo
super magra. Haven tem grandes olhos azuis esverdeadas
expressivos e cabelo brilhante, lustroso e negro. Eu tenho um
cabelo chato que não decide que cor ele quer ter. Alguns dias
parece castanho claro, outros dias é mais de um tom loiro
escuro. Não que eu preste muita atenção. Normalmente só coloco
as longas madeixas rebeldes em um coque desleixado ou resolvo
torcer a bagunça em um rabo de cavalo.
Eu não estou dizendo que não sou atraente. Eu só não
me destaco na multidão. Não como Haven faz. Apesar de tudo,
Haven está longe de ser convencida. Ela é despretensiosa e
genuína, leal até o âmago. É por isso que eu afirmo que ela não
merece ser tratada da maneira como o Professor Walsh a
tratava. Ele a usou para sexo, amarrando-a e em seguida, sem a
menor cerimônia, nenhuma explicação, há duas semanas a
largou.
Minha ira pelo professor babaca aumentou. Até o
momento em que alcancei as escadas, eu estava batendo minha
mão no corrimão de madeira escura com raiva. Rapidamente girei
com a intenção voltar e ter uma última palavra com o cara. Mas
ele estava muito longe.
— Cagão. Murmuro.
Suspirando, eu passo por uma parede e me inclino para
trás contra ela. Há uma sala alguns metros de distância, em
aula. Inclinando a cabeça para trás, eu escuto o murmúrio suave
das vozes, permitindo- me assim, alguns minutos para me
acalmar.
Logo estou relaxada. Eu também acho que estou
plenamente empenhada em ouvir a palestra. Não é de estranhar
uma vez que o instrutor tem a voz leve e feminina e está falando
sobre um assunto que eu acho fascinante: o papel do destino em
nossas vidas. Vou até a porta e pressiono minha orelha contra
ela.
— Maravilhoso. Diz ela. Vocês todos já compartilharam
algumas grandes revelações. Mas agora que já dissecamos o uso
do destino de Shakespeare em Romeu e Julieta e Macbeth, eu
tenho uma pergunta para vocês, uma pergunta a respeito de suas
vidas.
A classe reclama, ela ri e dou um passo para trás para
onde sou capaz de me inclinar contra a parede. Após um minuto
ou dois, deslizo para uma posição sentada.
— O que eu quero saber — a instrutora continua — é
quem aqui acredita que vidas, nossas vidas reais, são
influenciadss pelo destino?
— Eu — eu sussurro. Pelo menos eu acho que eu faço.
A professora convida alguém na classe, uma
menina. Ela responde:
— Eu acredito que todas as nossas vidas são
influenciadas pela sorte ou sina. E eu acredito firmemente no
destino.
— Existe uma diferença? a instrutora pergunta.
A menina responde:
— Sim, acho que sim. Sempre ouvi dizer que a sina ou a
sorte se refere às coisas ruins que acontecem em nossas vidas.
— E o destino? -a instrutora pede.
— São as coisas boas.
— Isso é uma crença comumente aceita-a instrutora
concorda.
Há algum arrastar de papéis.
— Tudo isso quer dizer que — ela continua — a vida de
cada pessoa é destinada para certo caminho. Podemos não
perceber, especialmente quando se está acontecendo, mas vamos
acabar onde supostamente devemos estar.
Uau. Eu penso sobre a minha própria vida. Acredito em
conceitos como sorte e destino. Mas, para meu desgosto, não me
sinto como se eles já tivessem sequer tocado na minha vida. Em
alguns aspectos, acho que meus pais têm impedido que as coisas
aconteçam pela forma como eles têm estruturado tudo para
mim. Ainda assim, eu mantenho a esperança de que algo que é —
destinado a ser — ocorrerá eventualmente. Se isso não acontecer,
o que será de mim? Meu maior medo é de me formar na faculdade
no próximo ano, com o meu novo brilhante, diploma em negócios
e voltar para minha cidade natal, Filadélfia. Talvez eu me torne
uma contadora, como a minha mãe e meu pai. E talvez, como
mamãe e papai, eu nunca realmente viva.
— Ugh. Coloco meu rosto em minhas mãos. Eu não
quero ser uma contadora. Prefiro comer fiapos, juro. Se eu fizesse
as coisas do meu jeito, preferiria trabalhar como escritora,
jornalista de algum tipo. Eu adoro escrever artigos para o jornal
da escola. Mas, realmente, se me atrever a sonhar grande, eu me
vejo como um jornalista investigativa. O tipo que procura
histórias emocionantes, histórias com um elemento de perigo.
Quem diabos eu quero enganar? Eu sou Essa Brant que
sempre segue as regras.
— Vamos ser sincera. Eu sussurro.
Suspirando, volto a minha atenção para a instrutora e
suas grandes palavras sobre o destino.
— Lembre-se — diz ela. Seu tom é tão grave e muito
ameaçador.
— Só porque você acha que a sorte ou o destino ainda
não tem guiado a sua vida de alguma forma perceptível, não
significa que não vá acontecer. Eu prometo a vocês, meus amigos,
você vai acabar onde você deveria estar. E como eu posso dizer
que com tanta certeza? A resposta é simples: Você não pode
escapar de seu destino.
Ok, então onde é que o destino me leva? Qual é o meu
destino?
Em um instante, ela continua. As coisas que acontecem
em nossas vidas são pré-determinadas, quer percebamos ou
não. Muitas vezes é uma série de pequenos eventos que
lentamente e metodicamente nos levam aonde deveríamos
estar. Mas às vezes é um grande evento cataclísmico que muda o
curso de tudo. Mesmo assim, você pode não perceber que sua
vida está mudando no momento. Algo pode acontecer com alguém
que você conhece talvez alguém próximo a você. Seu 'algo' acaba
afetando você. Sua vida é alterada a partir daquele momento e
você muda para um caminho diferente. A Instrutora para, e
então ela diz: — Pense neste caminho como um desvio inevitável
das sortes.
A sala de aula está tão silenciosa que você conseguiria
ouvir um alfinete cair isso se alguém estivesse inclinado a deixar
cair um. Acho que todo mundo está imerso em seus
pensamentos, imaginando o — inevitável desvio — que está na
vida para eles. E como este — desvio — irá alterar suas
vidas. Deus sabe que é o que eu estou pensando.
— Temos cerca de dez minutos ainda — ela anuncia,
quebrando o transe que ela estava segurando todo mundo,
inclusive eu.
— Existem dúvidas, classe?
Uma animada rodada de Perguntas e Respostas segue e
eu sei que é hora de levantar minha bunda e ir para casa. Mas
não posso, ainda não. Preciso de um minuto para assimilar tudo
o que ouvi. É como quando alguém coloca alguma coisa na sua
cabeça e isso é tudo no que você consegue pensar. Agora, eu não
posso deixar de imaginar um desvio inevitável para mim
mesma. Talvez eu deva assumir a responsabilidade e fazer uma
acontecer na próxima semana. Eu poderia desafiar meus pais e ir
para Nova Iorque com Haven. Pode valer a pena a ira dos meus
pais para finalmente me aventurar fora do único estado que já
conheci. Não só eu viajaria com a minha melhor amiga e teria um
grande momento conhecendo a cidade, mas ficaria com Haven no
apartamento de seu irmão mais velho. E há uma boa chance de
que embora Farren Shaw viaje muito para algum trabalho
supersecreto que tem, eu finalmente tenha a oportunidade de
conhecê-lo. Possivelmente, eu poderia até mesmo passar algum
tempo com ele.
Aff. A emoção atravessa através de mim com o
pensamento de passar até mesmo apenas um minuto com
Farren. Agora, esse seria um desvio inevitável que eu gostaria de
tomar. Muito parecido com sua irmã, Farren é lindo. Ele tem o
mesmo cabelo lustroso preto, mesmas características modelo
perfeito, como lábios e maçãs do rosto salientes. Seus olhos, no
entanto, não são esverdeados. Eles são melhores; são um tom
único e deslumbrante de verde. Não que eu tenha tido o prazer de
ver esses olhos verdes deslumbrantes em pessoa. Apenas em
imagens, uma vez que, infelizmente, eu nunca realmente conheci
Farren. Ele não para muito. Ele esteve no exército durante anos,
uma unidade secreta de acordo com Haven. E embora tenha sido
desligado mais de um ano atrás, ainda gasta uma boa parte do
tempo em outros países com o seu — trabalho.
Consequentemente, ele nunca visitou o campus Oakwood
College. É por isso que eu nunca o conheci. E é por isso que
estou tão incrivelmente chateada por Nova York. Essa teria sido a
minha chance. Viajando ou não, ele teria que parar em casa em
algum ponto.
Ok. Acho que vou ter de continuar a contar com imagens
e vídeos curtos do irmão incrivelmente bonito de Haven para dar
combustível à minha libido. E por combustível, quero dizer em
todos os cilindros. Posso não ter muito interesse em sexo, mas eu
ainda sou uma mulher. E, como mulher, sinto que um homem
como Farren poderia mudar minha mente sobre o sexo. Ele é
como um sonho alto, moreno e bonito demais para palavras.
Então, sim, eu estou na dele. É basicamente um segredo,
embora. No entanto, devo confessar que, uma vez há vários
meses atrás, Haven me pegou fazendo um upload de fotos de
Farren de seu computador para o meu telefone.
— Perseguindo virtualmente meu irmão, eu vejo —
brincou enquanto ela ia até onde eu estava sentada, nesse
momento eu já estava incomodada, no sofá na sala de estar, com
seu laptop em minhas mãos.
— Não, não — gaguejei tentando fechar todas as janelas
abertas ... De Farren de uniforme, Farren de pé ao lado de Haven
e a mais recente, Farren em um terno finamente costurado.
— Ele está lindo nessa — disse ela, tocando na tela antes
que a foto de seu irmão em um terno escuro desaparecesse.
Ela estava certa. Farren de terno era quente, então eu
tive que concordar. Então, me virei do computador e perguntei:
— Será que ele tem de usar ternos para seu novo
emprego?
Ela encolheu os ombros.
— Eu não sei Essa. Eu acho.
— O que exatamente é o seu novo trabalho? — Eu
pressionei. Você disse que ele é algum tipo de segurança pessoal,
certo? O que isso significa, exatamente? —
— Eu realmente não sei — Haven admitiu. Então, com
uma risada, ela disse:
— Tudo o que sei é o que quer que Farren faça, é pago
em um monte de dinheiro.
— Eu espero que não seja nada ilegal — eu murmurei
sob a minha respiração.
Hey, não é tão improvável para pensar uma coisa
dEssas. Não só Farren financia a educação, como a faculdade de
sua irmã assim como todas as suas despesas, mas ele também
tem abundância de dinheiro para si. Ele é dono de alguns dos
melhores imóveis no mundo, incluindo um luxuoso apartamento
em Nova York. O lugar é encantador, muito encantador,
localizado no Upper West Side em Manhattan, em um prédio ao
lado de Central Park. Já vi fotos e parece o tipo de lugar que uma
celebridade moraria. Não que eu me importe com o dinheiro de
Farren, mas o fato de que ele tem muito me deixou curiosa.
Veja Farren e Haven Shaw não nasceram com qualquer
tipo de dinheiro, não com o nível de riqueza Farren possui
atualmente. Sua infância estava longe de ser ideal e longe de
qualquer lugar perto de gama alta. O pai deles, um homem
chamado Alan Shaw, desapareceu, aparentemente no ar, quando
eles eram muito jovens. Na época, Farren tinha dez anos e Haven
tinha apenas três anos. Sua mãe foi deixada para lutar por conta
própria para apoiar seus dois filhos pequenos. E ela estava indo
bem, até que foi morta em um acidente de carro. Um Farren de
dezessete anos de idade e uma Haven de dez foram enviados para
viver com sua tia, alguém que absolutamente não queria a carga
de cuidar de duas crianças filhas de sua irmã. Sua tia era fria e
indiferente. Haven tinha dito muitas vezes que a tia estava longe
de ser agradável. É por isso que Farren se juntou ao exército no
dia em que completou dezoito anos. Ele foi e começou a enviar a
Haven dinheiro imediatamente. Sua tia sempre foi barata com
eles, comprando para as crianças apenas o essencial.
Apesar de todas Essas coisas, até hoje, Haven ainda
anseia pela família. Ela se esforça para manter um
relacionamento com sua tia. Mas a mulher raramente retorna as
chamadas de Haven.
Meu telefone vibra, trazendo- me de volta ao presente. É
um outro texto de Haven.
— Onde está você? É melhor sua bunda chegar em casa
logo. Ainda vamos sair hoje à noite, certo?
— Claro. Eu escrevi de volta. Eu não me esqueci que
estamos celebrando o fato de que sobrevivemos ao nosso terceiro
ano de faculdade.
— Nós sobrevivemos, não foi?
— Caralho, sim. Eu escrevi de volta. Seniors próximo
ano. Woohoo.
— Eu vou beber a isso, Haven responde.
— Eu também.
— Ei, a propósito, espero que você esteja pensando em
tomar mais de duas cervejas hoje à noite. As regras foram para
fora da janela.
— Ha- ha. E, sim, as regras foram para fora da janela.
— Bom, ela escreve. Quem sabe, Essa, talvez você fique
tão solta que vai acabar encontrando o homem das suas fantasias.
Como se ela soubesse que é seu irmão quem protagoniza
minhas fantasias. Só de pensar sobre o homem, e ele é um
homem, não algum carinha todo trabalhado da faculdade. Mas é
ridículo continuar assim. Eu certamente nunca conhecerei
Farren, assim como New York City está fora da jogada. Resignada
a viver a minha vida dirigida pelos meus pais, que certamente
não incluirão caras quentes, empurro todos os pensamentos da
minha fantasia secreta, Farren Shaw, para o fundo da minha
mente. Recolho minha bolsa e levanto. Mas antes de eu sair,
penso sobre a palestra que ouviu antes.
Sorte…
Destino…
O que está reservado para mim? Para onde esses eventos
pré-determinados me levariam? Em algum lugar, em todos os
lugares, em nenhum lugar. As possibilidades são infinitas. Ainda
assim, eu tenho que saber se algum dia haverá um desvio
inevitável na minha vida.
— Sim, certo — eu calmamente zombo.
A única inevitabilidade no meu futuro é que a minha vida
vai continuar como planejado. Mas as palavras da instrutora
ressoam na minha cabeça, lembrando- me de que não podemos
escapar do nosso destino e que acabamos sempre por onde
supostamente devemos estar. Claro que, para que isso aconteça,
pode ser exigido um pouco mais de desafio da minha parte.
Especialmente quando se trata de meus pais e onde eles esperam
que eu passe este verão.
Bom, tudo bem. Isso está bom para mim. Porque eu acho
que estou finalmente pronta para começar a escolher a
alternativa B sempre que puder.
O bar mexicano, localizado a poucos quarteirões da
pequena casa de madeira onde Haven e eu alugamos um
apartamento no segundo andar, está completamente lotado. Eu
não deveria estar surpresa. O solitário bar localizado num local
tranquilo, sereno e arborizado fora do campus está sempre
ocupado. Mas com esta noite tendo a distinção de ser uma sexta-
feira e o fim das provas finais, Señor Frog está totalmente louco.
— Parece que todo mundo decidiu comemorar aqui esta
noite — Eu grito para Haven.
Está quente e úmido no bar e a pequena pista de dança é
embalada por uma batida pesada que está praticamente
balançando todo o edifício.
Haven gira em sua banqueta para me encarar, seus olhos
azuis esverdeadas de acordo. Ela balança a cabeça e toma um
gole de sua espumosa margarita. Abaixando o vidro cujas bordas
estão cobertas de sal, ela gritou de volta:
— Eu sei certo?
A música muda para algo menos pesado e sou finalmente
capaz de falar sem ter de gritar. Assim que estou prestes a dizer
algo para Haven em um tom agradável, normal, algum idiota
passeia mais e oooh, tão obviamente, esbarra em seu ombro. Ela
quase derrama sua bebida, mas ainda consegue sorrir. Não
flertando, ela está apenas sendo gentil.
O idiota diz:
— Oh, hey, desculpe sobre isso.
Ele estende a mão para tocar seu braço, mas Haven
suavemente se esquiva e evita seu toque.
— Não se preocupe — diz ela com força, ainda sorrindo.
O atleta entende finalmente a dica e segue em frente com
um encolher de ombros. Haven revira os olhos pra mim e
gesticula com a boca — Homens.
Eu apenas aceno de volta, desde que estou acostumada a
caras que esbarram na minha amiga. É quase sempre assim
quando saímos. Haven é bonita e sexy, especialmente esta noite
em sua minissaia denim, botas de combate pretas e um suéter
vermelho pegajoso com um ombro caído. Seu sutiã está exposto,
preto, uma combinação perfeita com as meias arrastão. Apenas
Haven poderia se vestir assim com sucesso, tão urbana e quente,
em uma cidade tão rural e conservadora.
Eu, por outro lado, estou vestida como a maioria das
outras garotas no bar. Um jeans skinny escuro, uma camisa
preta rendada sobre um casaco branco e um par de rasteirinhas
que coloquei antes de sair de casa. Como uma concessão à
Haven, eu a deixei fazer o meu cabelo e maquiagem. É por isso
que os meus cabelos aloirados estão para baixo, todo ondulado e
saltitante e meus olhos cor de uísque estão esfumaçados.
Isto me lembra…
Deslizo um dedo sob meus cílios, esfregando duas vezes,
apenas no caso de estar borrado. Com seus olhos também
esfumaçados, ela se vira para mim e diz:
— Então, vamos rever. Diga- me outra vez o raciocínio
louco dos seus pais sobre o porquê de você não poder ir para
Nova York neste verão.
— Ugh, Haven. Cubro o rosto com as mãos e falo através
dos meus dedos. O que você acha? É o mesmo de sempre. Eles
querem que eu fique por perto do campus e tenha aulas de verão.
Haven puxa minhas mãos longe do meu rosto. Quando
eu aceito, vejo que está franzindo a testa. Ela balança a cabeça
devagar e uma mecha de cabelos negros cai para sua
bochecha. Ela os coloca atrás da orelha.
— Isso é besteira, Es — diz ela. Você, de todas as
pessoas, não precisa de aulas de verão.
— Eu sei — eu lamento, uma vez que a imposição dos
meus pais é incrivelmente ridícula para mim, também.
Haven suspira.
— Você é uma mulher de vinte e dois anos de idade. Você
precisa tomar uma posição em algum ponto. Você deve dizer a
seus pais para irem se foder.
Eu estava no meio de um gole da minha Corona Light
então praticamente cuspo tudo no balcão de madeira do bar.
— Hum, certo — murmuro. Eu aceno para sua margarita
e digo: — Quanto de tequila tem nisso aí, só para saber?
Eu estava parcialmente brincando, mas Haven responde
sem perder uma batida. Três doses de Patron.
— Nossa, que bom que viemos andando — murmuro.
Haven não discorda. Com certeza — diz ela com a taça a
meio caminho da sua boca.
Depois de tomar um gole, ela acrescenta: — Então, quais
são seus planos? Você vai aceitar ou desafiar o Sr. e a Sra.
Brant?
Deixei escapar um longo suspiro. Eu gostaria de desafiá-
los — Eu admito. Mas você sabe que eles cortariam tudo ao que
tenho acesso. Isso significaria não mais escola, não ter mais a
minha parte do aluguel para o nosso bonito apartamento
— Eles não iriam parar de pagar por suas aulas — Haven
interrompe sua voz suave, apesar de estar me cortando.
— Isso provavelmente é verdade — eu digo. Mas eu
definitivamente estaria de volta nos dormitórios.
Haven estremece. Eu sei, querida. Seus pais
provavelmente iriam cortar qualquer coisa que eles considerariam
desnecessárias .
— O que significaria quase tudo — eu digo, suspirando.
Com um tom realmente apologético, Haven diz — Eu não
deveria ter dito nada, Essa. Além disso, nem tudo está
perdido. Você pode sempre se dirigir para a Big Apple e visitar por
alguns dias.
Eu não disse nada, mas duvidava que uma visita a Nova
York iria realmente acontecer. Sou muito covarde para ter uma
chance como Essa. E se alguma coisa desse errada? Meus pais
iriam pirar.
Por amor a Haven, no entanto, eu sorrio e aceno.
Haven sorri de volta e, em seguida manda para o
barman.
— Hey, vamos tomar uma dose — diz ela para mim.
Precisamos aliviar o clima. Nós deveríamos estar celebrando esta
noite, certo? —
— Certo — eu concordo, antes de me inclinar para trás
com a minha garrafa e acabar com o que sobrou da minha
cerveja.
Haven me olha com curiosidade.
Uma vez que parece, que de fato, estou abandonando
minha regra de duas bebidas esta noite, eu declaro: — Vamos
ficar doidas.
Ela responde:
— Opa. Eu concordo com isso.
Um minuto depois, nós estamos engolindo doses de
tequila. Outra rodada segue, e em seguida, Haven e eu estamos
na pista de dança. Estou oficialmente bêbada, por isso, quando
Haven começa a dançar comigo, eu sigo com ela. Em breve,
metade do bar está nos observando, a metade masculina. Haven
se inclina e sussurra em meu ouvido:
— Ei, vamos dar-lhes um show.
Antes de eu saber o que um ―show‖ envolve, os lábios de
Haven estão nos meus. Não há, entretanto, nada de romântico ou
erótico sobre o beijo. Os lábios da minha melhor amiga são
quentes e suaves enquanto pressionam contra a minha. Eu sei
que a intenção por trás da sua ação nasce puramente de carinho,
então eu retribuo. Logo, porém, há gente gritando e berrando
coisas como — toquem os seios uma da outra.
— Ok, isso é o suficiente — murmuro, sem fôlego e tonta
dando um passo atrás.
Haven ri e continuamos a dançar, embora com menor
agitação, até que a música acaba. Quando a próxima música
começa e não é nada que nós gostamos, ela agarra meu braço.
Vamos, Essa — diz ela. Acho que precisamos de mais doses.
Minha cabeça está girando, está tudo meio confuso. Mas
quem sou eu para estragar o momento? Com a intenção de ser
uma boa amiga, eu concordo plenamente que mais doses é o que
precisamos. No nosso caminho para o bar, porém, uma sensação
de mal-estar se apodera de mim. Mesmo em meu estado
embriagado, sinto como se Haven e eu estivéssemos sendo
observadas. Alguma profunda intuição me avisa que estes não
são olhares de universitários.
Olhando para cima em uma parte elevada do bar com
vista para a pista de dança, vejo dois homens em ternos
sofisticados que prestam atenção como Haven e eu fazemos o
nosso caminho através da multidão. Os homens, que são
claramente mais velhos do que nós, tentam não serem evidentes
demais. Quando me pegam olhando para eles, se afastam
rapidamente e se envolvem em uma conversa. Eu os
avalio. Talvez eles não sejam tão ruins. Ambos são de boa
aparência e em comparação com o resto dos caras no clube, estes
homens exalam suavidade e sofisticação.
Sentindo-me corajosa por causa do álcool, e com o
julgamento claramente prejudicado, me inclino para perto de
Haven e sussurro alto em seu ouvido
— Dois gatos às três horas.
Seus olhos miram para onde os homens estão sentados
em uma mesa alta, dando-lhes sua presença dominante.
— Oh, inferno, Essa — Haven diz pra mim por cima do
ombro. Boa escolha. Hmm me pergunto o que dois caras como
estes estão fazendo aqui. Eles não são crianças — ela continua
afirmando o óbvio. Eles devem ter pelo menos trinta anos.
— Sim, eu tenho certeza — penso.
Parando no meio da multidão, ela gira para mim, salta na
ponta dos pés e diz animadamente: — Devemos ir falar com
eles. Esta poderia ser a sua chance, Essa. Talvez você goste de
um deles.
— Whoa, devagar — eu digo.
Este é um nível de entusiasmo que eu não sei o que
fazer. Pessoalmente, estou nervosa pra caramba com o
pensamento de realmente conhecer esses homens estranhos. De
repente, desejo ter ficado com minha boca fechada, eu passo por
Haven. Sobre o meu ombro, digo levemente — Puxa, Haven, você
não teve o suficiente com homens mais velhos com a Porra do
Professor Babaca?
Ela me alcança, se inclina e diz em voz baixa
— Ahhh, você está apenas nervosa.
— Claro que sim — eu respondo.
— Confie em mim, Essa — Haven continua. Se você tiver
a sorte de experimentar um homem mais velho que sabe o que
está fazendo, então você vai entender.
Eu faço um barulho de escárnio. Não, obrigada. Mais
velho, mais novo, da mesma idade, eu não estou realmente
interessada. Você sabe que desisti de sexo.
Haven para e me dá uma expressão de você está
brincando. Eu nunca pensei que você estivesse falando sério —
ela diz.
Nós chegamos no bar e nos esprememos entre dois
clientes que estão em pé. Haven está de frente para mim, a
centímetros de distância, quando sussurra:
— Você precisa esquecer que o Deus— terrível,e a
experiência de três impulsos que você teve com o seu parceiro de
estudo.
— Ele não era um parceiro de estudo — murmuro, assim
que a música em segundo plano está mudando. Ele foi co-autor
de um artigo para o jornal da escola comigo.
— O quê? — Ela grita por cima da música, que agora está
muito alto.
Eu grito de volta:
— Ele não era meu parceiro de estudo.
— Que seja — Haven diz, dando de ombros. Em todo
caso, você precisa limpar a poeira e voltar para o cavalo. Ela
cutuca meu braço. Literalmente, Essa.
— Eu não sei... Estou feliz que está escuro e ela não
pode ver corar. … Talvez.
Apesar da minha vergonha, eu não posso negar que
Haven tem um ponto válido. Às vezes penso a mesma
coisa. Talvez por isso eu ainda esteja tomando pílulas
anticoncepcionais, mesmo após o sexo ruim do Dia de Saint
Patrick. Eu minto para mim mesma. Digo a mim mesma que
tomo a pílula para a pele ficar mais clara. Mas, na verdade, há
um cara com quem eu quero acabar o plano de sem sexo para
sempre. Farren, o irmão de Haven. E talvez isso estaria em jogo,
se eu fosse para Nova York fosse.
Mas não irei, infelizmente ...
Meu olhar vai para os dois homens no bar. Ambos são
mais velhos, como Farren. Um deles tem cabelo escuro, o outro é
loiro. De longe como estou e com minha embriaguez borrando
minha visão, eu começo a pensar que talvez o homem de cabelos
escuros poderia se passar por Farren. Talvez.
O homem de cabelos escuros me pega olhando. Ele acena
com a cabeça e levanta sua bebida, algo que se parece com
uísque com gelo no copo.
Bêbada ou não, enquanto estou a olhar o Farren sósia,
eu murmuro sonhadora para Haven
— Hmm, talvez você tenha razão. Talvez eu devesse, uh,
como você disse? Voltar para o cavalo, certo?
Não ouso acrescentar que estou bêbada o suficiente de
achar que o que o meu admirador de cabelos escuros é
Farren. Eu nunca disse a minha amiga que agora está olhando
para mim, de boca aberta, que cobiço fortemente seu irmão. Ela
provavelmente iria me achar louca, considerando que eu nunca
sequer conheci Farren.
Perdendo a expressão de choque, Haven limpa a garganta
e diz:
— Quer saber, Essa? Estou orgulhosa de você. Você está
sendo ousada. Ela me estuda, olha para os caras e depois volta o
olhar para mim e diz: — Você gostou daquele com o cabelo
escuro, não é?
— Ele é Ok — eu digo, encolhendo os ombros.
Jesus, eu espero que ela não perceba a semelhança do
homem com seu irmão. Mas não acho que ela tenha visto a
conexão, uma vez que começa a me puxar na direção dos
homens.
— Vamos lá — diz ela, rindo. Vamos fazer você ter sexo.
Eu faço uma careta. Eu posso ter bebido muito, mas será
que o suficiente para fazer sexo com um estranho?
Haven, percebendo que eu ando mais devagar e minha
expressão preocupada, recua rapidamente. Em um tom de
compreensão diz:
— Você não tem que fazer nada que você não
queira. Você sabe disso, certo?
Eu concordo.
— Você quer, pelo menos, ir falar com eles? Eu acho que
o de cabelo escuro gosta de você. Podemos tomar uma bebida
com eles e ver como as coisas vão.
— E você? — Eu digo. Você está bem em ficar com o
loiro?
Eu não quero que Haven perca seu tempo falando com
alguém que ela não queira apenas por minha causa.
— Claro — diz ela, balançando a cabeça em sua direção.
Olhe para ele. Ele é muito bonito. Além disso, Deus sabe que eu
preciso de uma distração. Preciso de algo para me ajudar a
esquecer o professor.
Estou prestes a dizer brincando que estou chocada que
minha dança e meu beijo na pista de dança não a fizeram
esquecer o seu coração partido. Mas então eu vejo como ela está
triste e não digo absolutamente nada. Pobre Haven. O Professor
Walsh realmente mexeu com a cabeça dela.
Naquele momento, eu decidi ser uma boa amiga e deixar
rolar com o que acontecer hoje à noite. Afinal de contas, esta
noite é sobre diversão e bons momentos. Então, nós andamos do
nosso jeito passando por duas meninas conversando nos degraus
que levam à área acima da pista de dança e indo até onde os
homens mais velhos estão.
É como se eles fossem a nossa presa, penso eu, rindo
com o pensamento. Mas então eu vejo a maneira que o homem
loiro olha para Haven, com fome e frio e me preocupo com quem,
neste cenário, é presa.
Mas com certeza não é um dos homens.
Só então, percebo que estou sendo observada também. O
homem com o cabelo escuro está me avaliando. Não de qualquer
maneira com fome ou frio, mas sim de uma forma aparentemente
pensativa.
— Hey. Haven bate seu ombro no meu ombro. Veja as
características quentes escandinavas do loiro. Eu não percebi
isso de longe, mas ele poderia totalmente se passar por Eric em
True Blood.
Haven e eu somos viciados em True Blood. Nós
assistimos às temporadas passadas quando estamos
entediadas. Hmm, talvez por isso o homem loiro inicialmente
parecia um predador para mim. Toda a coisa de vampiro e tudo.
— Merda, Hav — eu respondo. Ele realmente se parece
com Eric.
E ele parece. O loirinho é alto como um Viking e muito
loiro obviamente. Seu corpo tonificado se move com fluidez em
seu terno inteligentemente adaptado.
— Eu acho que eu quero ele. Haven suspira sonhadora.
Basta olhar para o seu jeito suave e confiante. É como se ele
realmente fosse Eric.
— Ok — murmuro. Ele provavelmente vai acabar
querendo beber o seu sangue ou algo igualmente perverso.
— Ooh, vamos esperar que ele seja pervertido — ronrona
Haven. Irei deixar ele fazer o que quiser.
Haven, apesar de sua aventura mal sucedida com o
professor e seu comportamento esta noite de garota selvagem,
não é promíscua. Ela é apenas uma menina que quer consertar
seu quebrado e pisoteado coração. Aliás, se beber e fazer sexo é o
que ela precisa para se sentir melhor, eu posso jogar junto.
Quando estamos aproximadamente próximas dos
homens que eu batizei temporariamente — Eric e Quase Farren
— eu, infelizmente, chego à conclusão de que o homem de cabelo
escuro está muito longe do real Farren. Ele não é tão bonito, nem
tão construído como irmão musculoso de Haven. Seu rosto nem
se compara ao de Farren. Suas maçãs do rosto e da mandíbula
não são tão finamente esculpidas, os lábios são muito finos e
seus olhos parecem ser marrom, certamente não verdes. O cara é
um homem de boa aparência, não me interpretem mal. Ele só não
é Farren Shaw.
Com Haven na liderança, nós chegamos até a mesa
alta. Depois de uma saudação de paquera, o homem de cabelos
escuros me pergunta, com um aceno de sua mão, se eu gostaria
de me sentar.
— Eric — pergunta a Haven a mesma coisa, só que ele é
mais cavalheiro e pega uma das cadeiras altas para ela. Haven se
senta, ajeita a saia e passa a conversar com os homens.
— Esta é Essa — gesticula ela para mim e eu me sento —
E eu sou Haven.
O homem louro fala primeiro.
— Prazer em conhecê-las senhoritas — diz ele.
— Notamos vocês dançando ali. Seus olhos azuis gelo
vão para a pista de dança.
— Bons passos, aliás — acrescenta com um sorriso.
Claramente, ele está se referindo ao beijo que trocamos
ou sobre toda a dança.
Haven ri e depois de uma pausa, o homem de cabelos
loiros estende a mão e diz:
— Eu sou Eric.
— De jeito nenhum! — exclama Haven, tocando sua mão
estendida.
Seus olhos encontram os meus e embora nós tentamos
como o inferno não rir, algumas risadinhas escapam. Quero dizer,
vamos lá. Qual é a chance de — Eric — realmente ser Eric? Eu
quase lhe pergunto se ele não é confundido com o ator que
interpreta Eric Northman na série, mas o homem de cabelos
escuros fala pela primeira vez:
— O que é tão engraçado?
Seu tom é desprovido de humor, assim concluo
provavelmente que é melhor não compartilhar. Remexo no meu
lugar até que eu estou de frente para ele, e respondo
despreocupadamente:
— Oh, nada.
Ele sorri, seus olhos profundos enrugando nos
cantos. Seu sorriso suaviza sua aparência, fazendo-o parecer
muito mais amigável do que alguns segundos atrás. Ainda
sorrindo, ele diz:
— Eu sou Vincent, alias.
— Prazer em conhecê-lo — eu respondo.
Depois de conversar por alguns minutos, eu me sinto
excitada com Vincent. Mas talvez, como tudo esta noite, meus
sentimentos são devido ao álcool. Assim quando eu estou
pensando que provavelmente deveria mudar para água, uma
garçonete vem e Eric pede uma rodada de doses para todos.
— Patrón para as duas? Ele levanta uma sobrancelha
loira, dirigindo sua pergunta para Haven.
Huh, interessante. Para Eric saber que tipo de doses
estávamos tomando anteriormente, ele deveria estar nos
observando cuidadosamente. Eu posso entender ele perceber o
beijo e a dança na pista de dança, afinal, ele é um homem, mas
isto é um pouco demais.
Vincent terá sido igualmente atento? Eu me
pergunto. Aparentemente sim, concluo quando ele se inclina para
perto de mim e pergunta:
— Você gostaria de uma Corona Light com a sua dose?
— Sim, claro... Eu paro, sem saber mais o que
pensar. Claro, eu posso ter bebido, mas, como no início, tenho
um sentimento inquietante sobre estes dois homens. Suas
idades, a maneira como eles estão vestidos... Eles simplesmente
não se encaixam. Por que eles iriam estar saindo no bar da
faculdade nesta cidade rural? Claramente eles não são daqui.
Incentivada pela cerveja e tequila, eu pergunto: — Então,
uma vez que vocês dois não estão na idade de ir para a faculdade,
eu sinceramente duvido que vocês são de Oakwood. De onde você
são?
Vincent olha para Eric, como se ele estivesse esperando
por algum tipo de orientação.
— Não é tão difícil a pergunta — minha bunda bêbada
acrescenta.
Eu imediatamente me arrependo de minhas palavras
quando Eric me lança um olhar que me deixa gelada. Eu tremo e
não de um bom jeito.
— New York — ele responde, seu tom calmo.
Haven, não percebe nada está errado, diz animadamente:
— A cidade?
Eric coloca a mão possessivamente e firmemente no
joelho coberto pela meia arrastão preta da minha amiga. Ele me
dá um sorriso de satisfação e responde:
— Sim, a cidade.
Haven não toma conhecimento de sua mão ou o fato de
que seus dedos estão contornando o padrão de rede.
— Meu irmão vive em Manhattan — ela diz a Eric. Eu
vou ficar no apartamento neste verão. Talvez pudéssemos nos
encontrar depois que me instalar.
Uh-oh, ela já está afetada.
— Sim, eu acho que poderia ser arranjado — Eric
responde sorrindo como um lobo para Haven.
Eu tremo de novo e Vincent, percebendo isso, coloca a
mão no meu ombro. Você está bem, Essa?
Eu aceno para ele. Sim, sim, eu estou bem.
Eric e Vincent compram outra rodada de doses, além de
mais bebidas, e em pouco tempo, estou além de bêbada. Quando
finalmente tropeçamos para fora do bar, bem, Haven e eu
tropeçamos; nossos companheiros masculinos parecem mais ou
menos bem. Vincent pergunta como pretendemos chegar em
casa.
— Você está bêbada demais para dirigir. Ele afirma com
firmeza.
— Um, nós moramos apenas a alguns quarteirões daqui.
Eu falo de volta, enrolando minhas palavras. Girando no lugar,
eu aponto a direção em que acho que possa ser o sentido da
nossa rua. Nós caminhamos do nosso apartamento. Onde quer
que seja — murmuro, sem foco.
— Eu não quero andar todo o caminho de volta — Haven
protesta, fazendo beicinho. Talvez esses homens agradáveis
possam nos levar para casa. Sorrindo para um Eric muito alto,
ela acrescenta baixinho: — Isso seria bom, certo?
— Absolutamente — Eric diz, satisfeito, como se isto
fosse de acordo com algum plano.
Que plano, afinal? Seduzir Haven? É a única coisa na
mente de Eric seduzir uma jovem mulher? Eu não sei. Mas sei
que há algo nele que me incomoda. Pena que estou muito
embriagada para descobrir o que poderia ser.
Vincent coloca o braço em volta do meu ombro, me
tirando dos meus pensamentos retrógrados. Olhando para a
frente, eu vejo Haven e Eric já a vários metros na nossa frente.
— Nosso carro está ali — Vincent diz enquanto ele guia
os meus passos.
Estou um pouco instável, mas ele me ajuda a ficar em pé.
— Eu não queria ficar tão bêbada — eu sussurro.
— Está tudo bem — ele responde. Você vai ficar bem.
Ele aperta o braço em volta do meu ombro e eu recebo
um cheiro de colônia e de homem... E que homem. Eu não posso
negar que me sinto um pouco excitada. Com minhas inibições
reduzidas, deslizo minha mão sob a borda traseira do paletó de
Vincent e agarro sua camisa para obter mais vantagem.
Suponho que seria uma luz verde para ele. Quando
entramos no banco traseiro de seu carro, algum superluxuoso
sedan, Vincent não perde tempo me puxando para o seu colo. Ele
é forte. Eu não resisto. Eu faço exatamente o oposto, na
verdade. Estou certa que estou bêbada e solitária quando me
movo até nossos rostos estrem a centímetros de distância. NEssa
posição, se eu apertar os olhos e criar mais manchas do que eu já
estou vendo, posso fingir que Vincent é Farren.
— Você parece um pouco como alguém que eu conheço
— eu digo.
— E quem seria esse? Os lábios de Vincent trilham ao
longo da minha mandíbula e até meu ouvido. Um namorado? —
Ele sussurra suavemente.
Eu queria. Hum, não, apenas um cara. Um cara que eu
queria que estivesse aqui agora.
Balanço a cabeça ligeiramente para limpar meus
pensamentos loucos. O movimento não impede Vincent.Seus
lábios continuam a sua agressão, viajando no meu pescoço e
sobre minha clavícula.
— Eu realmente não conheço o cara com quem você se
parece — Eu continuo tagarelando.
As mãos de Vincent se movem para baixo para a minha
bunda e, em seguida, para a parte de trás da minha camisa.
— Não importa, de qualquer maneira — Eu suspiro,
sucumbindo aos sentimentos luxuriosos esse estranho desperto.
Ele não está aqui.
— Não, ele não está — Vincent diz suavemente enquanto
seus lábios passam sobre os meus. Mas eu estou aqui.
— Sim, sim, você está...
Então continuo os amassos com um homem cujo
sobrenome eu nem sequer me preocupei em perguntar. Quando
arrisco um rápido olhar para o banco da frente, vejo que Eric está
dirigindo. Haven está esparramada por cima de seu ombro, sua
mão se movendo ritmicamente em seu colo. Ela está batendo uma
para ele. Seus olhos estão meio fechados e ele está avançando na
rua onde a nossa casa está localizada no ritmo de uma
lesma. Felizmente, chegamos à pequena casa de madeira em que
vivemos antes que ele terminasse.
Eric tira a mão de Haven, fecha as calças e abre a
porta. Mas ele não sai imediatamente. Ele pergunta a Haven, com
sua voz normal:
— Você alugou a casa inteira?
Que pergunta estranha.
Haven parece estar tão confusa como eu.
— Hum, não, moramos no segundo andar — ela
responde:
— Ninguém mora no primeiro andar? Eric quer saber.
— Não — diz Haven. O estudante que mora lá durante o
ano escolar se mudou, ahm, dias atrás.
Isso parece satisfazer Eric.
— Ok — ele diz, balançando a cabeça. Ele então sai do
carro, Haven também.
Quando Vincent e eu ficamos parados, Eric vira sua
cabeça e pergunta
— Vocês vêm5?
Bêbada como eu estou, acho a pergunta de Eric
hilariante.
— Não, mas certamente parecia como se você estivesse
prestes gozar — retruco.
Eu ainda estou sentada no colo de Vincent e eu sinto seu
peito mexer. Ele está tentando não rir. Ok, talvez esse cara cujo o
rosto passei os últimos dez minutos chupando, pode não ser tão
ruim. Talvez eu deva jogar a precaução ao vento e dormir com ele.
Essas são as minhas intenções, mas pelo tempo que
Vincent e eu chegamos ao meu quarto, tudo está girando.
— Eu não me sinto muito bem — murmuro enquanto eu
caio na cama.
Vincent se atrapalha com as tiras sobre minhas
sandálias e suavemente as desliza para fora dos meus pés. Tento
sentar para remover o meu top laçado, mas caio para
5Trocadilho com o verbo ―come‖ que em inglês pode ser usado tanto como o
verbo vir, quanto como atingir o clímax sexual
trás. Vincent me levanta e puxa o material preto sobre a minha
cabeça, me deixando em apenas um top e jeans skinny.
— Vamos transar agora? — Eu pergunto sem rodeios.
Vincent ri.
— Eu acho que não, Essa. Ele olha ao redor do quarto.
— Você tem um balde? Você não me parece bem.
Calúnia — Sim, há um balde no banheiro.
Nosso apartamento é pequeno o suficiente para que eu
me sinta confiante de que ele não terá problemas para encontrar
o banheiro. Ele está localizado entre o meu quarto e quarto de
Haven.
— Eu já volto — ele me diz quando está perto da porta.
Minha cabeça está batendo, por isso peço-lhe para pegar
uma aspirina também. Claro que sim — ele responde.
Presumo que Haven esteja na cama com Eric. Ele
provavelmente está tirando todos os pensamentos de Professor
Walsh para fora de seu corpo agora. Mas, curiosamente, juro que
ouvi Vincent conversando com Eric do lado de fora minha porta
do quarto. Eu não posso ouvir o que estão dizendo, porque eles
estão falando muito baixo, mas leva- me a considerar que Haven
pode estar tão ruim como eu. Talvez ela precise de um balde,
também.
Eu entro e saio da minha consciência. Quando Vincent
retorna, ele tem que me levantar para que eu possa engolir a
pílula ele me dá. Tem um gosto amargo, muito mais do que a
aspirina, mas não tenho chance de questionar o porquê.
Um minuto depois, eu perco a consciência.
Acordei com uma dor de cabeça ofuscante. Oh, Deus —
murmuro, estremecendo com a dor. Suponho que é de manhã,
mas quando olho para o despertador ao lado da minha cama,
grandes números vermelhos em LED me informam que são duas
horas da tarde.
— Merda.
Tento me sentar, mas tudo ao redor oscila e se inclina,
obrigando- me a deitar novamente.
— Ugh — murmuro, quando os eventos da noite passada
retornam. Vincent?
Olho em volta do quarto. Onde ele está?
Bem, ele não está aqui, concluo. Não posso imaginar que
ele tenha ficado muito tempo depois que desmaiei. Só para ter
certeza, faço uma avaliação rápida de mim e do que me rodeia. A
cama onde estou deitada parece ter sido onde dormi. Deve ter
sido a posição na qual desmaiei. Ergo- me ligeiramente. Há a
marca de apenas um corpo, o meu. É um alívio saber que não fui
violada de maneira nenhuma noite passada. Porque, vamos
encarar, foi muito estúpido trazer para casa dois homens
estranhos. Outra indicação de que Vincent não me tocou de
forma inadequada é que ainda visto as mesmas roupas.
E, Jesus, elas fedem. O cheiro de suor da dança, bem
como o amasso no carro em cima de Vincent, revira meu
estômago inquieto. Inclino- me sobre a borda da cama e
prontamente vomito no balde que Vincent deixou lá para mim.
Quando meu estômago se acalma um pouco, caio de
volta na cama, limpando a boca com as costas da mão. Estou tão
feliz que Vincent não esteja aqui. Seria embaraçoso me ver assim.
Em seguida... De repente percebo que ele pode muito
bem estar por perto. E se teve que esperar por
Eric? Porcaria. Uma imagem dele na sala, ouvindo- me resmungar
e dando uma boa risada sobre quão idiota sua aparente — coisa
certa— acabou por ser, enche minha mente.
Então me lembro da pílula que Vincent me deu antes de
tudo ficar preto. Era realmente apenas uma aspirina? O
comprimido tinha um gosto diferente. E com certeza me fez
dormir por um longo tempo. As poucas outras vezes que bebi
demais, experimentei um sono inquieto, agitada e acordando
muito. Na noite passada eu estava morta para o mundo.
Lentamente, me forço a ficar de pé. Quando estou mais
ou menos na vertical, vacilo para a esquerda, depois para a
direita. Ainda estou longe de estar sóbria. Consequentemente,
leva mais tempo do que o habitual para alcançar a porta. Quando
consigo, tenho que inclinar minha testa contra a madeira por
alguns segundos. Isso ajuda a aliviar minha cabeça batendo.
— Eu nunca mais vou beber de novo, juro.
Finalmente, abro a porta e dou um passo cauteloso para
a sala de estar. Felizmente, está vazia. Não há Vincent rindo,
como eu temia.
Nosso apartamento é composto por uma sala modesta,
uma cozinha de navio, de onde se pode ver a sala de estar, um
banheiro minúsculo, meu quarto e quarto de Haven. Olho em
volta e observo que a cozinha está vazia. Penso, três cômodos já
foram, faltam dois.
Nos pés instáveis, vou até o banheiro, que está entre meu
quarto e o de Haven.
Balanço a porta para abrir.
— Vazio — sussurro, enquanto respiro aliviada.
É quando que percebo que tenho que fazer xixi
desesperadamente. Depois que alivio minha bexiga, lavo meu
rosto e as mãos, em seguida, fico em frente à pia. A aspirina é
guardada no armário de remédios, bem na minha frente. A última
vez que verifiquei, havia apenas quatro pílulas na garrafa. Tenho
certeza disso porque me lembro claramente de Haven dizendo que
precisávamos reabastecer.
Timidamente, descanso uma mão na borda da
pia. Usando minha outra mão, abro o armário de remédios.
O vidro de aspirina está no seu lugar habitual. E há
quatro comprimidos brancos redondos no fundo. Quatro, não
três.
Ah não.
Agora, entro em pânico. Foda-se o mal-estar e a dor de
cabeça. Corro para fora do banheiro como se a casa estivesse em
chamas e derrapo até a frente da porta fechada de Haven. Com
uma série de batidas frenéticas, grito
— Haven, você está acordada? Posso entrar?
Silêncio.
— Hav, eu vou entrar — anuncio em voz alta.
Espero não encontrar ela e Eric em alguma posição
comprometedora. Mas não preciso me preocupar. Quando abro a
porta, não há nenhum sinal de Eric. Na verdade, a cama está
como se ninguém tivesse dormido nela, muito menos feito outras
coisas. Uma pesquisa rápida da sala – limpa e arrumada, como
sempre — me leva a supor que tudo está no lugar. Mas a única
coisa me afrontando é que não há Haven.
Sei, então, que minha melhor amiga foi levada.
Uma hora mais tarde, estou discutindo com um policial
corpulento chamado Oficial Knowles.
Ele esfrega a mão robusta sobre sua cabeça calva,
enquanto me ouve dizer:
— Haven não iria embora simplesmente. Eu conheço
minha melhor amiga e ela nunca partiria sem me dizer. Além
disso, liguei para seu celular, tipo, cem vezes, e continua indo
direto para o correio de voz. Ela não desliga o telefone assim. E,
de novo, ela não arrumaria as malas e deixaria o apartamento
sem me dizer.
Eu sou inflexível, mas, infelizmente, todos os sinais
parecem indicar que Haven fez exatamente isso. Não só o carro
dela está desaparecido, mas quando o parceiro do oficial Knowles
retorna para a sala depois de procurar pelo apartamento, ele
relata que nada está errado.
— Com certeza não existem indicações de que Haven
Shaw foi sequestrada — ele declara com firmeza, seu olhar
deslizando para mim incisivamente.
— O que você achou? — Pergunta o grande Knowles.
— Absolutamente nenhum sinal de luta — diz o colega.
Na verdade, não há nada indicando que alguém esteve em seu
quarto com ela. Tudo parece estar em perfeita ordem. Ele faz
uma pausa, em seguida, fala exclusivamente para mim. Apenas
por ter algumas roupas faltando, senhorita Brant, não significa
que sua companheira de quarto foi sequestrada.
Sua referência às roupas que eu lhe disse que faltavam
não me abala. É mais do que apenas algumas — Afirmo
veementemente. Um monte de roupas de Haven se foram e seus
sapatos, também. E sua mala, a grande, não está no seu
armário. Metade da maquiagem que estava em sua penteadeira
não está mais lá. Além disso, o celular e a bolsa sumiram.
Suspeito que se Eric e Vincent sequestraram minha
amiga — e tenho certeza que eles sequestraram — levaram tempo
para fazer parecer que ela foi por vontade própria. Mas não tenho
a chance de acrescentar Essa teoria à mistura, quando Oficial
Knowles, antes que eu possa falar, diz gentilmente — Eu sinto
muito que sua amiga fugiu sem dizer para onde estava indo. Mas
Essas coisas acontecem o tempo todo. O semestre é longo, finais
são completadas, as pessoas estão ansiosas para partir.
— Haven não partiria assim, no meio do período —
interrompo, minha voz nada além de um sussurro.
Eles não acreditam em mim, eu acho. E nada vai fazê-los
mudar de ideia.
Oficial Knowles pigarreia. O negócio, senhorita Brant, é
que não há absolutamente nenhum sinal de jogo sujo. Não há
nada mais que possamos fazer.
Eles vão sair. Eles vão sair por aquela porta e você nunca
vai encontrar Haven.
— E os homens que trouxemos para casa ontem à noite?
Deixo escapar. Talvez você devesse falar com eles. Um deles
poderia ter levado o carro de Haven. Talvez seja por isso que está
faltando. O outro cara, provavelmente, levou-a no carro eles
estavam dirigindo. Eu dei-lhe a descrição do veículo, certo?
— Sim — Oficial Knowles responde, suspirando. Ele está
parecendo irritado agora.
Ainda assim, continuo. Só porque suas roupas e
pertences foram embalados não significa que ela os embalou. E
mesmo se tivesse, talvez tenha sido forçado, tipo à mão armada.
Isso, eu tinha Essa teoria. Mas todos os oficiais reviraram
os olhos.
Apressadamente acrescentei:
— E sobre a aspirina que o Vincent me deu? Eu acho que
poderia ter sido outra coisa. Quer dizer, eu desmaiei
imediatamente. E então dormi tipo, para sempre.
Diretor Knowles balança a cabeça. Senhorita, você nos
disse tudo isso. E preciso lembrar que também disse que você e
sua amiga foram beber na noite passada. Talvez seja por isso que
desmaiou e dormiu tanto. Ele me olha com cautela, suspira, e
em seguida, admite:
— Mas podemos falar com esses dois homens, se vai
fazer você se sentir melhor. Quem sabe... Talvez sua amiga tenha
mencionado para um desses caras para onde ela estava indo.
Diretor Knowles tira do bolso da camisa do pequeno
tablet e caneta que usou para tomar notas anteriormente. Quais
são os nomes desses dois caras? — Pergunta, bufando.
— Eric e Vincent — digo. Começo a fornecer uma breve
descrição de cada um, mas percebo que não havia nada diferente
sobre qualquer um deles. Claro, eles eram gostosos e Eric se
parecia com Eric de True Blood. Mas ainda assim, quando tudo
estiver dito e feito, minhas descrições soarão muito genéricas.
Diretor Knowles obedientemente anota a informação, e
então ele pede
— Últimos nomes?
— Uh... Mordo meu lábio e arranho o rosto.
— Senhorita Brant?
— Eu não sei seus sobrenomes — Admito.
Ele balança a cabeça e fecha seu tablet. Você disse que
eles eram de fora da cidade, no entanto. Isso está certo?
— Sim — respondo. Eles disseram que eram de Nova
York.
— Por acaso você sabe onde no Oakwood eles ficam?
— Eles não disseram.
— Talvez em nenhuma parte — medita o parceiro de
Knowles.
— O que quer dizer? — Pergunta Oficial Knowles.
— Eles poderiam ter apenas chegado e voltado.
— Hmm — diz Knowles. Essa é uma possibilidade. Nova
York não é tão longe. Eles poderiam ter chegado ontem e voltaram
noite passada.
— Sim, com Haven! — grito.
Ambos os homens abanam a cabeça e depois Oficial
Knowles diz:
— Sinto muito, mas não há nenhuma prova de que
qualquer coisa tenha acontecido. Nenhuma prova.
— Eu sinto isso — sussurro.
Ao que ele responde:
— Operamos com evidências, senhorita Brant, não
pressentimentos.
Ao longo do fim de semana descubro, para meu desgosto,
que estou sozinha na busca por Haven. Ligo para alguns dos
nossos amigos em comum, mas ninguém ouviu nada de
Haven. Todos soavam apressados, e por que não estariam? Estão
todos fazendo as malas e partindo para o verão. Não ajuda que a
estranheza e espontaneidade de Haven são bem
conhecidas. Ninguém parece muito preocupado em saber que ela
está desaparecida. Eles acreditam no mesmo que a polícia: Haven
Shaw apenas acordou e se mandou.
De jeito nenhum.
Penso em entrar em contato com a tia de Haven, mas sei
em meu coração que ela não liga para o que acontece com Haven,
não realmente. Ela provavelmente só se sentiria incomodada se
eu ligasse. É triste, mas verdade.
Descarto o plano imediatamente e, em vez disso, tento
entrar em contato com Farren. O único problema é que o número
que Haven me deu para emergências está fora de serviço.
— O que mais? Pergunto- me na segunda— feira de
manhã.
Passaram-se quarenta e oito horas desde que Haven
desapareceu. Eu sempre ouvi dizer que quanto mais o tempo
passa, menos chances há de encontrar a pessoa desaparecida.
Bem, isso não é uma opção.
Com a cidade de Oakwood mais ou menos vazia, subo em
meu pequeno balde de ferrugem chamado de carro e embarco em
minha própria investigação. No interesse de autoproteção, no
caso de Eric e Vincent decidirem voltar para me levar também,
minha primeira parada é em uma loja de conveniência. Lá,
compro um spray de pimenta para colocar no meu
chaveiro. Prefiro prevenir do que remediar.
A próxima parada é no Señor Frog. Infelizmente, não
tenho sorte em encontrar as respostas lá. Nenhum dos
funcionários que estavam trabalhando na noite de sexta
recordavam dos dois homens estranhos. Eles nem sequer se
lembravam de mim e Haven.
— Obrigado, de qualquer maneira — digo desanimada ao
sair.
Desanimada, mas determinada, vou até a parte da cidade
onde todos os hotéis e motéis estão localizados. Estou esperando
para saber se Eric e Vincent ficaram em qualquer um deles. Mas,
mais uma vez, ninguém sabe nada. Talvez os dois homens se
limitaram a dirigir na sexta-feira. Mas por que se preocuparam
em chegar a um lugar como Oakwood? Estavam esperando pegar
duas meninas da faculdade? Recordando seus olhares, questiono
se eles especificamente planejaram nos encontrar. Ou, mais
especificamente, o plano era encontrar Haven?
Eu tremo.
Porque Haven Shaw seria um alvo?
No caminho de volta para o apartamento, considero que
os homens podem ter se preparado para muitas coisas. Talvez
não fossem mesmo de Nova York. Por que, no entanto, Eric diria
tal coisa se não fosse verdade? Olhando para trás, a nossa
interação com eles sexta à noite foi claramente estranha. Como
quando Nova York foi tão facilmente inserida na conversa. É
como se soubessem o tempo todo que dizendo que eram de Nova
York atrairia Haven. Era a intenção de Eric fazê-la confiar neles,
criando um vínculo com ela? Eric certamente teve sua atenção e a
menção de Nova York pareceu selar o negócio.
— Oh, Haven, onde está você? — sussurro quando
estaciono em frente ao nosso apartamento.
Para onde é que Eric e Vincent levariam Haven? E por que
eles iriam raptá-la, em primeiro lugar? Estes são os meus
pensamentos quando tranco o carro e depois subo lentamente as
escadas que levam ao segundo andar. Quando chego à porta do
apartamento, pego minha chave e deslizo-a na fechadura.
Assim que entro, sei que algo está errado. Sinto que não
estou sozinha. Lentamente, viro a chave de segurança no meu
spray de pimenta recém-adquirido. Anexá-lo ao meu chaveiro logo
após a compra foi uma bela jogada.
Mas não tenho tempo para me parabenizar, pois ouço
ruídos fracos vindos do quarto de Haven. Soa como se gavetas
estivessem sendo abertas e fechadas. Silenciosamente, vou na
ponta dos pés até a porta de seu quarto. Por um minuto, me sinto
eufórica. Talvez Haven tenha voltado. Talvez seja ela abrindo e
fechando as gavetas. Quero tanto que isso seja verdade que
começo a chamar o nome dela. Mas, então, um suspiro do quarto,
um suspiro claramente masculino.
Minha boca se fecha. A esperança se transforma em
medo.
Meu coração começa a bater enquanto pondero se corro
ou enfrento quem quer que tenha invadido. Cada instinto me diz
para sair, dar o fora do apartamento. Porém, se eu correr,
provavelmente nunca descobrirei quem estava do outro lado da
porta. Por outro lado, se eu ficar, estou potencialmente me
colocando em perigo. E se Eric ou Vincent voltou? Pior ainda, e se
os dois estão atrás da porta? Mesmo se esse for o caso, esta pode
ser minha única chance de descobrir onde minha amiga está.
Então, eu fico.
Dou um passo mais perto da porta e descubro que não
está completamente fechada. Está um pouco aberta, mas a fenda
é muito estreita para espreitar e ver quem está do outro
lado. Merda.
Incerta, fico completamente imóvel e apenas ouço.
Há mais movimento na sala, alguém andando por
aí. Concluo a partir do único conjunto de passos que só há um
homem na sala. Desde que eu ainda não tenha sido descoberta,
parece que o elemento surpresa está do meu lado. Talvez eu
possa derrubar esse cara com a minha nova arma.
Encorajada, empurro a porta lentamente. Muito, muito
lentamente. Ao mesmo tempo, ergo a lata de spray para o que
assumo ser o nível dos olhos desse filho da puta
arrombador. Quando há espaço suficiente para deslizar pela
abertura, rápida e silenciosamente entro no quarto.
No mesmo instante, uma mão, uma mão muito forte,
cobre a mão que segurava a lata de spray. Uh-oh, eu estou
ferrada.
Ouch! Um aperto e eu deixo cair minha única arma.
O intruso está de pé atrás de mim. Como é que ele foi de
uma extremidade do quarto a outra tão rápido? Juro, seus passos
não pareciam estar perto da porta.
Tiro meu pulso de seu aperto e começo a gritar
— Socorro — mas o homem cobre rapidamente minha
boca.
Atrás de mim, ele se inclina e sussurra em meu ouvido:
— Acalmem-se, Essalin.
Hã? Este homem – que surpreendentemente cheira muito
bem – me conhece?
Lentamente, meu atacante cheiroso retira a mão da
minha boca. Viro- me para encará-lo. E quando reconheço a face
— um rosto muito mais bonito do que nas fotos — guincho —
Farren?
Puta merda!
Rapidamente esqueço de ter medo.
Oh, meu coração ainda bate. Porém isso é causado por
algo totalmente diferente de medo. As fotos e vídeos não fizeram
justiça ao irmão deslumbrante de Haven. Em pessoa, Farren
Shaw é além de impressionante. Ele é a perfeição masculina. Sua
altura, a estatura imponente, a forma como sua presença enche a
sala, faz com que o espaço que está compartilhando parecer
pequeno, muito pequeno. De repente, é só eu e ele, homem e
mulher. Nunca me senti tão cheia de luxúria antes. Quer dizer,
acho que é o que estou sentindo. Tudo o que sei é que estou sem
fôlego e incomodada de uma forma que me impele a empurrar o
peito, abrir a boca e arquear as costas. Meu corpo me diz para
estar disponível a este homem.
Claro, não sou louca. Meu cérebro para e me impede de
fazer qualquer uma dEssas coisas malucas. Ainda assim, não
pude escapar totalmente das reações viscerais, materiais e
primordiais do meu corpo para Farren Shaw. Porra, o homem
personifica o sexo. Não admira que eu tenha fantasias com
ele. Mas fantasias não são nada em comparação com a realidade
diante de mim. Meu olhar descaradamente viaja por suas fortes
pernas, vestidas de jeans até seus ombros largos, em seguida,
para seus braços musculosos. Porra, seus bíceps são
proeminentes, forçando das mangas curtas da confortável camisa
preta que ele está usando. Farren é todo homem, tonificado e
duro. E agora, diante de mim, sua beleza carnal me deixa a seus
pés. Eu quero mais. Gostaria de poder ter mais. Meu cérebro
finalmente concorda com o meu corpo e imagino o que seria a
sensação de se contorcer debaixo de seu corpo duro, pedindo-lhe
para to.....
— Essalin?
Suas palavras suaves, com a cabeça inclinada e um
sorriso sabichão, controlam minha imaginação alimentada pelo
desejo.
— Huh? Respondi tão eloquentemente. Olhando para
seu rosto, vejo para os mais belos olhos verdes que já vi. Eu sabia
que eram deslumbrantes, mas oh meu.
Farren limpa a garganta, e rapidamente desvio o olhar.
— Eu só estava dizendo... Ele começa.
Ele estava falando? Huh perdi isso.
— Sinto muito por entrar no apartamento — continua.
Eu deveria ter esperado você voltar, mas não tinha ideia de
quanto tempo você iria demorar. Em todo o caso, eu não queria
assustá-la.
Minha raiva sobe um pouco. Isso mesmo – Farren
invadiu o apartamento. É o que digo a mim mesma, mas,
sinceramente, estou envergonhada por ele ter me deixado tão
nervosa. Para esconder minha fraqueza carnal, acuso.
— Você não apenas entrou — digo. Você arrombou!
Farren sorri como estivesse disposto a jogar. Ele está
plenamente consciente de que eu estava secando-o dois minutos
atrás. E certamente sabe o quão incrivelmente bonito é. Ele é
abençoado e sabe disso. Provavelmente acha que vai vencer esta
batalha e pode. Provavelmente vai trucidar minha raiva com seus
poderes de sedução.
Mas levanto meu queixo desafiadoramente. Que comecem
os jogos, a minha expressão desafia-o.
Suavemente, ele contrapõe
— Tecnicamente, eu não arrombei. Segurando uma
chave, ele acrescenta, com ar satisfeito — Haven enviou-me uma
chave do apartamento no dia em que se mudaram.
— Oh.
Hesito. Farren sabe que me pegou.
Com um sorriso certamente projetado para molhar
calcinhas, ele diz suavemente:
— Se você estivesse em casa, Essalin, eu certamente teria
batido primeiro.
Minha calcinha acabou de molhar, caralho. Para salvar a
situação, estalo
— Pare de me chamar Essalin. Todo mundo só me chama
Essa.
Farren responde. Bem, eu não sou todo mundo. Sou,
Essalin?
Você com certeza não é, penso. Mas não me atrevo a
deixá-lo saber o quanto me afeta. O homem já é muito arrogante.
Ainda assim, gosto dele. Ele tem um ar fresco e divertido.
Tenho que admitir que estou gostando das brincadeiras
envolventes. É uma fuga de tudo o que aconteceu neste fim de
semana.
Mas a realidade cai em mim quando Farren diz
suavemente:
— O que aconteceu com minha irmã, Essalin?
— Você sabe que ela está desaparecida? — sussurro.
— Sim, eu sei.
— Quem te contou?
Ele esfrega a mão pelo rosto. Não importa como
descobri. O que importa é que preciso encontrá-la. E
rapidamente.
Não posso discutir com Essa lógica. Além disso, sou
inteligente o suficiente para reconhecer que Farren é o meu único
aliado. Ele acredita que Haven está desaparecida, assim como
eu. E, realmente, isso é tudo que importa. Sinto- me confiante de
que este homem claramente macho-alfa não vai parar até
encontrar sua irmã. Ele tem recursos, dinheiro, fundo de
operações especiais. Para não mencionar, competências
adquiridas em qualquer negócio escuso que ele esteja envolvido
recentemente. Sim, Farren Shaw é a minha melhor aposta para
encontrar Haven.
Respirando fundo, dispenso qualquer outro
comportamento espertinho. Em vez disso, partilho com ele os
detalhes da minha última noite com Haven. Digo a Farren que
depois que as finais terminaram, fomos para fora na cidade para
comemorar. Explico que estávamos muito bêbadas e encontramos
dois homens que não eram daqui. Farren levanta a mão quando
conto a última parte.
— Whoa, espere — diz ele. Vamos recapitular um
pouco. Dê- me uma descrição do homem que estava com a minha
irmã. Não deixe nada de fora. Nenhum detalhe é insignificante,
Essalin.
Suspiro.
— OK…
Continuo contando a Farren. Até mesmo compartilho
com ele como nós pensamos que Eric parecia o Eric de True
Blood. Esse detalhe em particular não pareceu divertir Farren de
qualquer maneira.
— Acho que você tinha que estar lá — murmuro.
— E o homem que você trouxe para casa? Farren quer
saber. Ele cruza os braços sobre o peito, fazendo com que seus
braços parecessem enormes. Como ele era?
Eu coro, não só porque Farren é gostoso para caralho
com seus bíceps definidos e proeminentes, mas também devido
ao fato de que não quero dizer a ele porque eu estava atraída por
Vincent.
Mas quando ele insiste
— Essalin — sei que não tenho escolha além de
responder sua pergunta.
Com uma voz um pouco acima de um sussurro e com os
olhos baixos, digo:
— Hum, ele parecia um pouco como você.
Sou recompensada com um sorriso sabichão, quando
olho para ele novamente.
— E você dormiu com esse homem que se parecia
comigo? — Diz ele.
Arrogante, soberbo, homem arrogante. Há tantas palavras
em meus lábios, mas fico com um. Não.
Farren me lança um olhar de incredulidade e lanço
— É realmente da sua conta o que aconteceu?
— Nada é insignificante — ele me lembra, uma
sobrancelha levantada.
Abaixo meu olhar e murmuro
— Ok, ok. Sinceramente, eu provavelmente teria dormido
com ele. Mas não dormi, porque eu, uh, apaguei.
Espero uma resposta inteligente, mas quando eu olho
para cima, em vez de rir ou sorrir, Farren está me olhando com
preocupação. O que quer dizer com ‗apagou‘?
Conto-lhe sobre a aspirina que Vincent me deu e como
ainda havia quatro na garrafa quando verifiquei no dia seguinte.
— Você acha que eu estava drogada? — Pergunto.
Farren respondeu sombriamente:
— O mais provável.
Engulo em seco.
— Quem são Essas pessoas, Farren? Você tem alguma
ideia? Quero dizer, por que eles sequestram Haven?
Sinto que Farren sabe mais do que deixa transparecer,
especialmente quando a sua resposta ao meu questionamento é
um encolher de ombros.
Quando a minha história está completa, Farren se
afasta. Ele fica na cômoda de Haven durante vários minutos e
recomeça a pesquisa através das gavetas como se eu não
estivesse aqui.
Eu vou até a porta e me inclino. Então, o que acontece
depois? Pergunto.
Farren olha por cima do ombro, mas, em seguida,
continua procurando, enquanto fala
— Eu vou para a estrada assim que terminar aqui. Quem
quer que tenha levado minha irmã está usando seu cartão de
crédito, fazendo parecer que ela está parando para reabastecer,
ficando em motéis. Quem pegou ela está indo para o oeste.
Eu sei que Farren paga as contas de Haven, então não é
nenhuma surpresa que tenha esta informação.
— Onde o cartão foi usado pela última vez? — Pergunto.
— Indiana — responde — perto de Indianapolis.
— Isso é algumas centenas de milhas de distância —
comento. Nós provavelmente devemos ir logo.
Farren gira lentamente, até que está de frente para
mim. Ele levanta uma sobrancelha. Nós, Essalin?
— É isso mesmo -afirmo. Eu quero ir com você.
Dizendo em voz alta, percebo que a minha declaração é
verdadeira. Na verdade, não só quero ir com Farren, como tenho
que ir. Foda-se os desejos de meus pais, fodam-se as aulas de
verão. Vou lidar com as consequências mais tarde. Nesse meio
tempo, tenho dinheiro suficiente no banco para pagar minha
própria viagem. Não é muito, mas é o suficiente para pagar a
gasolina, comer na estrada e alugar o meu próprio quarto de
hotel quando pararmos. Em meu coração, sei que isso é que
estou destinada a fazer. Encontrar a minha melhor amiga é o
meu destino. O destino me colocou neste caminho. Um desvio
inevitável me trouxe até aqui, a este ponto, e este é o momento
em que escolho como responder.
Com renovada convicção, digo:
— Eu quero ajudar, Farren. Não posso simplesmente
sentar aqui e não fazer nada. Eu amo Haven, também. Ela não é
só minha companheira de quarto; ela é minha melhor amiga.
Ao ouvir minha voz falhar, a expressão de Farren
amolece. Seus lábios estão pressionados juntos, formando uma
linha sombria e sou levada a acreditar que ele está realmente
considerando.
Prestativamente, ofereço:
— Eu vou estar mais segura com você do que se ficar
aqui. E se Eric e Vincent voltarem? Eles podem, você sabe. Afinal
de contas, vi seus rostos.
Só estou tentando fazer Farren concordar em me
acompanhá-lo. Mas o olhar sério que ele lança diz que tudo que
eu disse é uma possibilidade distinta.
— Merda — murmuro.
— Você pode vir comigo sob algumas condições — diz ele
finalmente.
— Ok, eu vou concordar com qualquer coisa.
Essa observação faz com que ele levante uma
sobrancelha, mas Farren se abstém de qualquer comentário
engraçadinho. Ele apenas estabelece os parâmetros. Primeiro,
nós vamos no meu carro. Seu carro fica aqui.
Concordo com a cabeça. Isso é bom.
Ele continua. Em segundo lugar, vamos fazer isso do
meu jeito. Há coisas que só eu sei — – aha, Farren sabe mais do
que está dizendo –— e se eu lhe disser para fazer alguma coisa ou
não fazer, acredite em mim, será por um motivo muito bom.
Com minha própria sobrancelha levantada, pergunto: —
Isso é tudo?
— Por enquanto — ele responde.
— Posso viver com Essas regras — declaro. E então
acrescento — O que devo fazer agora?
Farren sorri de uma forma que, sem que ele soubesse,
derrete e não apenas minha calcinha, mas eu também em mil
pedaços.
— Faça uma mala — diz ele. Precisamos sair o mais
rápido possível.
Balançando a cabeça, concluo que, apesar das terríveis
circunstâncias, estou indo para um passeio selvagem do caralho
com o Sr. Farren Shaw.
— O tempo é essencial, Essalin. Os sequestradores têm
mais de dois dias de vantagem sobre nós.
As palavras de Farren antes de eu deixar o quarto de
Haven para que ele pudesse continuar a procurar pistas ressoam
em minha cabeça. Estou no meu próprio quarto, jogando uma
variedade de roupas de verão em uma mala aberta que tirei do
meu armário e coloquei no chão.
Trabalho rápido, especialmente quando ouço Farren sair
do apartamento. Minutos mais tarde, estou descendo as escadas
que conduzem à porta da frente. Farren gira de sua posição na
base das escadas. Sua mão continua na maçaneta da porta, mas
ele me observa divertidamente enquanto desço minha mala
pesada um degrau de cada vez.
Com um sorriso reprimido, ele finalmente larga a
maçaneta e anda até o degrau mais baixo.
— Aqui, deixe-me ajudá-la com isso — diz ele,
estendendo a mão.
Seu braço é longo, me alcançando com facilidade, mesmo
que eu esteja a poucos passos de distância. De bom grado largo a
mala pesada e sigo Farren até a porta.
Mas quando paro, Farren pergunta:
— O que houve? Você se esqueceu de alguma coisa? —
Ele ergue a mala e sarcasticamente acrescenta: — Parece
improvável, considerando o peso dEssa coisa.
— Muito engraçado — retruco. E, não, eu não esqueci de
nada. É só que eu estava pensando sobre coisas que deveria fazer
antes de sair da cidade. Não tenho muito dinheiro comigo, mas
tenho uma pequena poupança no banco — Farren limpa a
garganta, interrompendo- me. Suavemente, diz: — Você não
precisa tirar dinheiro. Vou cobrir todas as despesas.
Começo a protestar, mas ele me cala.
— Não discuta comigo, Essalin. Só porque você estará
mais segura na estrada comigo do que aqui, sozinha, não
significa que a viagem não tenha riscos. Isso não são
férias. Podemos encontrar encrenca. Encrenca de verdade... Ele
sai não me dando mais atenção.
Arqueio uma sobrancelha, esperando-o continuar, mas
tudo o que recebo é um silêncio sepulcral. Como eu suspeitava
quando estávamos lá em cima no apartamento, sinto que Farren
sabe mais sobre o que está acontecendo com Haven do que está
dizendo. Mas desde que não posso fazê-lo falar, suspiro e
concordo em deixá-lo pagar por tudo.
— Mas se nos excedermos nas despesas, vou te pagar de
volta — declaro resolutamente.
— Pode ser, Essalin — Farren responde, rindo. Acho que
posso lidar com isso.
É verdade, Farren pode ser tendencioso, mas me recuso a
tirar proveito.
Com a viagem ao banco sendo desnecessária, começo a
passar por ele. Mas, em seguida, a mão toca meu braço
levemente, enviando uma deliciosa onda de calor através de
mim. Vacilo e paro. Ele retira a mão, para meu desgosto e recua.
Apesar de ter sido apenas o mais leve dos toques, eu
gostava de mão de Farren em mim. Assim como quando ele
cobriu minha boca no quarto de Haven, depois que pegou minha
mão e deixei cair o spray de pimenta, seu toque era gentil, mas
firme. Era uma promEssa, promEssa de como sempre sonhei ser
tocada. Tocada por um homem, não um menino.
— Há mais uma coisa que eu deveria mencionar — diz
Farren.
Cruzo os braços para parecer indiferente. Não há
necessidade de ele perceber que está me afetando novamente sem
sequer tentar. O que é? Casualmente pergunto.
— Se há alguém que você gostaria de falar antes de sair,
deve ligar agora.
— Por quê?
— Não posso permitir que use seu telefone celular na
estrada, então não haverá nenhuma chamada daqui em
diante. Na verdade, você precisa me dar o seu celular antes de
partir.
— O... O quê? Engasgo. Por quê?
Farren arrasta a mão pelo cabelo escuro bem
aparado. Embora seja curto, os fios aparecem sedosos e macios,
fazendo-me perguntar como seria passar meus dedos através dos
cabelos negros.
— O telefone pode ser rastreado, Essalin — Farren diz
como explicação para a minha pergunta.
E de repente não aguento mais.
— Eu lhe disse para me chamar Essa — rosno. Eu era
puro estresse, claramente. Sinto falta da minha amiga e quero
respostas. Sem mencionar que tenho medo desta jornada
desconhecida na qual estou prestes a embarcar. Droga. Mas o
que me deixa tão nervosa e agressiva é que estou muito atraída
por esse homem de quem tenho que ser parceira,
profissionalmente.
Começo a me desculpar, mas antes que consiga, Farren
morde
— Ok, Essa.
Acho que ele, assim como qualquer um, não é imune ao
estresse da situação.
— Vou entregar meu telefone — cedo, em tom de
desculpas. Mas posso te perguntar uma coisa?
Farren permanece em silêncio, mas não está dizendo que
não, então continuo. O que não está me dizendo? Você conhece
Eric e Vincent? Só não entendo porque eles fariam algo tão ... tão
... sinistro. Meus olhos imploram para os seus belos olhos
verdes. Sabe de alguma coisa, não é? Pessoalmente, acho que
Essa coisa toda tem algo a ver com você. Ele levanta uma
sobrancelha e eu acrescento:
— Eu estou lhe dizendo, Farren, eu pensei sobre todo o
fim de semana, e não posso imaginar uma única razão pela qual
minha melhor amiga seria sequestrada.
Friamente, segurando meu olhar, ele pergunta em voz
baixa: — E como, Essa, seu sequestro estaria ligado a mim?
— Eu não sei — admito.
E então ele me toca de novo, de forma diferente de
antes. Seus dedos passam por minha mandíbula e descansam em
minha bochecha. Porra, isso é sedução. Sua mão no meu braço
não era nada, apenas um prelúdio. Fecho os olhos e me permito
desfrutar como um homem que, obviamente, sabe como tocar
uma mulher pode me fazer sentir. Não me importo se Farren está
apenas fazendo isso para me acalmar.
Sua sedução funciona – toques suaves, palavras mais
suaves. Quando ele sussurra:
— Basta esquecer, Essalin — Eu aceno em sua mão.
— Vou esquecer — murmuro.
— Sem mais perguntas — diz ele.
Concordo com a cabeça novamente. Sem mais
perguntas. Oh, por favor, continue me tocando.
Mas ele tira a mão do meu rosto e como um feitiço
quebrado, abro meus olhos. Após um longo silêncio de ambas as
partes, a maior do tempo, para mim, é gasto recuperando, Farren
diz:
— Então, o que acontece com as chamadas? Você tem
alguma que gostaria de fazer? —
— Hum, sim — sussurro – — Eu deveria ligar para os
meus pais.
Farren acena em assentimento, mas adverte:
— Não mencione nada sobre Haven ter desaparecido.
Franzo a testa. Não estava nos meus planos.
— E não diga a seus pais o para quão longe vai viajar.
Meus olhos encontram os dele. Você não acha que nós
vamos encontrar Haven, em Indianápolis, não é?
Dor brilha nos olhos vibrantes e verdes como esmeraldas,
e tenho a minha resposta
— Indianapolis é apenas um ponto de partida, um lugar
para procurar pistas.
Tiro meu telefone e sento no primeiro degrau. Farren se
afasta para me dar alguma privacidade, e em seguida ligo para os
meus pais.
Independentemente do seu aviso, nunca tive a intenção
de divulgar tudo o que aconteceu. Mas, porque sou adulta – como
Haven me lembrou durante a nossa última noite juntas,
finalmente tomo uma posição.
Quando informo minha mãe que não vou ficar no campus
este verão, o que significa que não há aulas de verão, ela grita.
Que diabos, Essa? Seu pai e eu já lhe dissemos para não ir a
Nova York.
— Eu não estou indo para Nova York — calmamente
respondo. É verdade.
Parecendo confusa, minha mãe diz
— Onde é que você está pensando em passar o verão, se
não na escola?
Como não existem outras opções, penso comigo mesma
rolando os olhos.
Meu silêncio resulta em minha mãe continuar falando.
Nem sequer pense em voltar para casa para o verão.
Eu não faria isso.
— Seu pai e eu não aceitaremos você largada pela casa.
Como se eu fizesse isso.
— Não quando você poderia estar fazendo algo muito
mais produtivo.
Produtivo? Pergunto-me se procurar minha melhor amiga
desaparecida é qualificado como produtivo? Até onde estou
sabendo, é com certeza muito mais significativo do que ter aulas
que nem sequer preciso. Para fechar, Haven está em perigo e
resgatá-la supera tudo, incluindo as prioridades dos meus pais.
— Eu vou ajudar um amigo neste verão — digo a minha
mãe. Outra verdade.
Ela não pede elaboração. Tudo que recebo é um suspiro e
isto:
— Faça o que quiser Essa. Mas saiba que haverá
repercussões depois.
O aluguel é pago em cima do apartamento até setembro,
mas eu suspeito qe repercussões irão incluir um movimento de
volta para os dormitórios para mim, assim como eu disse Haven.
— Que seja — digo, suspirando. E então acrescento —
Tenho que ir. Uma verdade final proferida.
Eu tenho que ir. Tenho mesmo.
Falar com a minha mãe me deixa para baixo, então não
tenho muito a dizer a Farren e vou até onde ele estacionou seu
carro, a poucos quarteirões de distância. Passo o tempo tentando
me distrair, imaginando que tipo de carro de luxo ele pode ter
trazido para Oakwood. Haven está sempre falando sobre como
Farren ama carros esporte caros. Ele supostamente possui mais
de um.
Quando Farren para, ao lado há um sedan branco de
médio porte chato, estou decepcionada. Ele ri quando me pega
franzindo a testa.
— Esperando algo diferente? — pergunta. Farren se
afasta e abre o porta-malas.
— Sim — admito, inclinada para trás. Eu meio que
estou.
Seu corpo musculoso bloqueia a visão do que quer que
ele esteja mexendo no caminhão, mas estou bem com isso. Deus,
sua bunda parece incrível no jeans. Prefiro Essa visão à que está
no caminhão.
— Tipo o quê? — Pergunta ele, ainda de costas e alheio
ao fato de que eu estava comendo com os olhos.
— Hum, não sei — Limpo minha garganta e tentar focar
— Talvez algo um pouco mais esportivo.
— Mais esportivo?
— Sim, você sabe, como uma Ferrari ou algo assim.
Farren tosse uma risada divertida enquanto coloca minha
mala no porta-malas com facilidade. Tomo nota enquanto assisto
seus impressionantes braços flexionarem.
Ele fecha o porta-malas e se vira para mim.
— Este é alugado — explica, apontando para o carro.
Nós vamos mudar de veículos a cada poucas centenas de milhas.
Vai em direção a porta do motorista e joga por cima do ombro —
Mas, hey, eu vou trabalhar para conseguir a Ferrari.
Parto do princípio de que ele está brincando e reviro os
olhos. Mas, caramba, gosto de suas retrucadas espirituosas.
— Sim, você pode dizer que Farren está superando tudo o
que sempre sonhei que ele seria. Mesmo quando é um espertinho
arrogante — e ele é muitas vezes – gosto dele. Na verdade, gosto
que ele não seja influenciável ou algum menino grosso de
faculdade. Que o rosto dele seja impressionante e que tenha um
corpo de babar. Gosto de sua confiança; de seu estilo. E, a
verdade é gosto que seja um pouco perigoso... E muito misterioso.
Eu só queria que as circunstâncias que nos puseram
juntos fossem ser diferentes.
Meu braço está fora da janela, balançando no ar. Pode
não ser um carro esportivo, mas, caramba, estamos cobrindo a
maioria das milhas no sedan branco chato. Estamos na estrada
por algumas horas e, recentemente, passamos por uma placa
indicando que já cruzamos o estado de Ohio.
— Ooh — aponto para um exuberante campo verde
salpicado de gado — Olhe Essas vacas. Aquelas duas ao lado do
carvalho estão transando.
Farren aperta os olhos para olhar através do para— brisa
para onde estou apontando.
— Sim — ele concorda — com certeza estão.
E, em seguida, ambos começamos a rir da idiotice de
tudo.
— Arranjem um quarto! — grito para fora da janela.
Sim, é estúpido e bobo, mas estou me divertindo. Até
agora, gosto de viajar com Farren. Ele é surpreendentemente fácil
de conviver. Ou talvez seja apenas como ele é comigo. Parece que
estamos conectados. Não conversamos muito, mas isso é
bom. Farren estava ocupado dirigindo, então aproveito e desfruto
do sol e ar fresco que entra pelas janelas. Meu braço fica mais na
janela do passageiro do que no carro. Agora puxo de volta e olho
para meus shorts pretos e parte superior da regata rosa sobre um
sutiã preto. Coloco meus braços diante de mim, lado a lado. Meu
braço direito está claramente mais bronzeado do que o esquerdo.
No interesse de um bronzeado uniforme, pergunto a
Farren.
— Tenho de dirigir em algum momento?
Farren encolhe os ombros largos.
— Vou pensar sobre isso — responde.
Seu tom é leve e provocante, então murmuro
— Espertinho — e em seguida, dou um tapa brincalhão
na sua mão no volante. Ele é muito rápido, entretanto, e acabo
tocando a roda e não ele.
Quando ele ri, eu, brincando, o advirto:
— Eu vou acertar você da próxima vez.
Ele responde:
— Boa sorte com isso.
Tenho a sensação de que ele está certo. Seus reflexos são
rápidos, muito mais rápidos do que os meus.
Poucos minutos depois, começamos a passar por uma
longa fila de caminhões. O ruído da estrada torna-se insuportável
com as janelas abertas então fecho-as. Sem tirar os olhos da
estrada, Farren liga o ar condicionado. Sorrio para ele e quando
Farren sente o meu olhar, retribui e sorri de volta. É muito
quente no carro quando as janelas estão fechadas, por isso temos
elaborando esta rotina alternando entre ar fresco e ar
condicionado, eu abrindo a janela e Farren encarregado do ar
condicionado.
— Temos um bom sistema — comento, só para ver o que
Farren dirá.
Ele não olha para mim de novo, mas seus lábios curvam-
se em um sorriso, e, em seguida, responde:
— Nós temos.
Poucos minutos depois, levanto a perna esquerda e
descanso a bochecha no joelho. Esta posição me dá uma visão
confortável de toda a estrada e do campo pelo qual estamos
passando.
— Você está realmente se divertindo, Essa — disse
Farren.
Ergo minha cabeça e olho para ele. Estou me divertindo.
Então explico o porquê. É porque eu nunca viajei para outro
lugar.
— Nem mesmo para Ohio?
— Não, esta é a primeira vez que deixo o estado da
Pensilvânia.
— Você está brincando. — Farren soa surpreso.
— E por que não estaria? Sou uma mulher de vinte e dois
anos de idade, não uma criança. Tenho certeza que ele pensou
que eu tivesse viajado, pelo menos um pouco, antes de hoje.
Mas não viajei. Esta é a primeira vez.
Tento explicar
— Sim, meus pais nunca viajaram.
— Não tem férias em família? — Pergunta ele.
— Não. Suspiro. Eles estavam sempre muito ocupados
trabalhando e quando tinham folga preferiam ficar em casa.
— E você? — Pergunta Farren. Você sempre pode viajar
com os amigos, ou sozinha.
— Acho que sempre tive medo de sair sozinha — admito.
E nenhum dos meus amigos me convidou para ir a qualquer
lugar. Exceto quando Haven me pediu para ir a Nova York neste
verão, acho, mas não falo.
— Bem, você está viajando agora — Farren diz
calmamente.
— Verdade. E posso totalmente contar isso como viajando
com um amigo, certo? Faço uma pausa, e rapidamente adiciono
— Eu não quero assumir nada, Farren.
Ele olha para mim. Claro que sou seu amigo, Essa.
Gravo esse momento – este é o momento em que minha
amizade com Farren Shaw começa oficialmente.
Um pouco mais tarde o assunto de família surge quando
Farren pergunta:
— Você tem irmãos ou irmãs?
— Não, é só eu.
Eu quase acrescento que Haven é como uma irmã, mas
hesito de dizer algo tão presunçoso a seu único irmão. Não quero
me intrometer no seu relacionamento. Farren e Haven são
excepcionalmente próximos, graças à sua infância difícil. Não
posso sequer imaginar o que era ver seu pai desaparecer para
sempre. Foi um dia e no outro ele se foi. E então, alguns anos se
passaram e perderam a mãe em um acidente de carro. Que
terrível. Meus pais são um saco, sim, mas eu os amo. Claro, eles
são duros comigo, mas é apenas seu jeito. Sei que realmente
querem o melhor para mim. Infelizmente, eles simplesmente não
sabem sempre o que isso significa. Não é que eu tenha muita
certeza, mas estou tentando descobrir isso.
De repente, algo mais à frente me chama a atenção, um
edifício muito estranho na forma de um cesto gigante. E quando
digo gigante, quero dizer enorme. Ele domina a paisagem
circundante.
— Droga, eu gostaria de ter o meu telefone — digo com
saudade quando passamos a construção cesta. Isso teria dado
um grande foto.
O Farren não dá sinal de reconhecer meu comentário
sobre o celular, mas sorri para mim.
— O quê? — Pergunto.
Ele balança a cabeça. Não é nada.
— Oh, para — insisto.
— Ok, ok. Ele ri. É apenas o seu entusiasmo me
lembrando que preciso me esforçar mais para saborear as
pequenas coisas quando viajo. Ele franze a testa, embora ainda
consiga parecer lindo, mesmo quando acrescenta amargamente
— Não que os lugares que eu vá valham a pena lembrar.
— Será que é porque Essas viagens são para o trabalho?
Arrisco.
— Sim — murmura Farren, — algo assim.
Limpo minha garganta e suavemente pergunto:
— Para onde você já viajou?
— Para todo lugar — diz ele. Diga qualquer nome e
provavelmente já estive lá.
— E recentemente? Onde você foi?
— Bem — diz lentamente. Passei algum tempo na
América do Sul no mês passado. E antes estava na Tailândia.
Torço em meu assento, esticando o cinto de segurança
para que possa enfrentar Farren mais diretamente. Uau, sempre
ouvi que esses lugares são lindos.
Olhando para a frente, e em um tom baixo, ele responde:
— As partes desses países em que eu estava são longe de
serem bonitos, Essalin.
Hmm...
Eu resolvo voltar para meu lugar. Se não estava
convencida antes, estou convencida agora que qualquer que seja
o trabalho de Farren, ele é sombrio. Porra, ele não fez nada para
dissipar minhas afirmações anteriores de que o desaparecimento
de sua irmã está de alguma forma ligado ao seu trabalho. Esse
comentário estava longe de ser reconfortante.
Ambos ficamos quietos, e como a súbita mudança de
humor no carro, coisas lá fora de começaram a nublar-se.
— Vai chover -observo.
— Sim — responde Farren, parecendo distraído. Com
certeza.
Grandes gotas de chuva começam a pingar no para—
brisa e, então escorrer.
Com a chuva ameaçadoramente batendo no fundo,
Farren pergunta:
— Então, os dois homens no bar – Eric e Vincent — como
é que se aproximaram de vocês?
— Hum, eles não se aproximaram — admito. Nós fomos
para onde eles estavam sentados.
O olhar de Farren desliza bruscamente para mim, seus
olhos verdes piscando. O que fez você ir até eles? Vocês devem
ter percebido que não eram estudantes.
— Hum, foi o que nos atraiu. Com bochechas aquecidas
e um encolher de ombros, explico para Farren como sua irmã
estava me pedindo para — experimentar— um homem mais
velho.
— E o que faria ela incentivá-la a fazer algo assim? — Ele
quer saber.
— Hum, talvez porque ela teve experiência com um —
ofereço.
Farren sacode a cabeça e revira os olhos. Por favor, me
diga que isso não era algo que ela fazia regularmente.
— Bem ... Torço meu rosto. Por isso não quero ter esta
discussão.
Mas quando Farren diz:
— Essa— em tom de reprimenda, confesso. Está bem,
está bem. Haven gosta de homens mais velhos. Falei. Está feliz
agora?
Ele balança a cabeça. Não particularmente.
Apresso-me a acrescentar
— Há uma razão, apesar de tudo.
— Razão para o quê? — Ele pergunta, sem rodeios.
— Uma razão por que ela estava tão disposta a se
aproximar de Eric e Vincent sexta à noite no bar.
— Isso, não posso esperar para ouvir — Farren murmura
sarcasticamente.
Suspirando, tento explicar:
— É porque ela estava sofrendo. O professor de atuação
quebrou seu coração recentemente. Naquela noite, no bar, ela
estava esperando que alguém curasse, ajudasse a esquecê-lo.
Farren está em silêncio e arrisco uma olhadinha para ele.
Merda. Sua postura é tensa e um músculo está se
contraindo em sua mandíbula.
— Quantos anos tem este professor? — Pergunta ele, seu
tom inescrutável. E qual é o nome dele?
— Um... Hesito. Quer dizer, desprezo Professor Walsh,
sim. Mas não quero vê-lo morto ou qualquer coisa. E a expressão
no rosto bonito de Farren — brutalmente bonita a esse ponto –
me dá uma ideia sobre compartilhar o que sei.
Presumo, no entanto, que Farren tem outras maneiras de
descobrir o que quer saber, então vou em frente e derramo. Seu
nome é Professor Walsh. Ele tem cerca de trinta e cinco anos.
A única resposta de Farren é um aceno rápido, como se
estivesse armazenando a informação para outro dia.
As próximas poucas milhas são gastas em silêncio, até
que Farren liga o rádio. Ele sintoniza uma estação de rock indie,
e, eventualmente – Graças a Deus – as coisas começam a
iluminar-se.
Com o passar do tempo, descobrimos que gostamos de
muitas das mesmas músicas. Quando uma música da Heather
Nova toca, uma que amo, não posso deixar de cantar
junto. Algumas das frases são provocantes e Farren ri e balança a
cabeça enquanto canto.
Quando a música termina, ele abaixa o volume e
pergunta:
— Qual era o nome dessa música?
— Walk This World6 — digo a ele.
Então, percebo quantas das frases poderiam se aplicar a
mim... E ele... e ele e eu juntos. A próxima coisa que sei é estou
corando profusamente. E juro que o homem deve ter escutado
cada frase e letra — ou então ele conhecia a canção já — o olhar
complacente em seu rosto me diz que ele sabe exatamente porque
estou corando.
Felizmente, porém, Farren parece sentir que estou
realmente envergonhada e muda de assunto.
— Então, Essa — começa — por que a faculdade de
Oakwood para você? Haven me disse que foi atraída pelo seu
programa de teatro estelar, mas você quer algo maior, certo? —
— O programa de negócios no Oakwood é muito
respeitado — Digo com uma voz monótona. É a mesma
lengalenga que repeti uma centena de vezes antes. Aprendi bem
dos meus pais.
Farren olha por cima. Hmm, isso não soou nadinha
ensaiado.
Deixo escapar uma risada sem humor. Eu sei tá? Vamos
apenas dizer que a carreira de negócios é o sonho dos meus pais,
não o meu.
Suavemente, Farren pergunta:
— Qual é o seu sonho, Essa? O que você quer fazer?
Olho para a chuva que está diminuindo a um garoar
suave.

6
Algo como “Andando pelo mundo/ viajando o mundo”
— Ninguém nunca me perguntou isso — digo tão
suavemente quanto a chuva que cai — Então realmente não sei
com certeza.
— Você deve ter uma ideia — diz ele.
Suspiro. Devo me atrever a partilhar meu sonho com
Farren? Desde que não tenho nada a perder, conto a ele.
— Se fosse por mim — digo. Eu escolheria algo voltado
para a escrita. Escrevo para o jornal da escola e contribuo com
artigos para uma revisão mensal de negócios. Depois de uma
batida, suavemente acrescento: — E realmente gosto dEssas
coisas.
— Tenho certeza de Oakwood tem um programa de
jornalismo — Farren responde com naturalidade. Você sempre
pode mudar de curso.
Caindo em meu lugar, digo:
— Não, eu não posso.
— Por que não?
— Você não entenderia — murmuro.
— Experimente.
Farren soa sincero, então digo a verdade. Eu só tenho
mais um ano para concluir o curso. É tarde demais para mudar.
— Hey — diz ele, seu tom sério. Nunca é tarde demais
para fazer qualquer coisa, Essa. Você pode mudar de curso,
começar de novo, fazer o que quiser. Apenas tem que ser corajosa
o suficiente para dar o primeiro passo.
As palavras de Farren são apaixonadas e me fazem
reconsiderar. Estou sempre fazendo o que meus pais querem que
eu faça. Sempre seguindo suas instruções, nunca me
manifestando. Se isso continuar, como é que vou encontrar
minha verdadeira vocação?
Fico em silêncio e Farren diz:
— Você quer saber o que aprendi depois que sobrevivi ao
meu primeiro dia de combate ativo?
Assinto. Sim.
Com os olhos na estrada à nossa frente, ele diz
— Se você ainda está respirando, pode mudar a sua
vida. Sempre pode alterar sua direção, embarcar em um caminho
diferente. Apenas tem que ser corajoso o suficiente para fazê-lo.
Ele olha para mim. Você decidiu se juntar a mim nesta viagem,
certo? Isso foi muito corajoso.
— Eu tive que fazer isso, Farren — respondo. Tive que
fazer por Haven.
Mas é mais do que isso. Este é o meu primeiro desvio
inevitável. O destino me trouxe até aqui. Talvez eu precise deixar
nas mãos do destino, deixá-lo me colocar onde preciso
estar. Quando voltar para a faculdade no outono, acho que vou
mudar minha especialização. Então, novamente, talvez realmente
agite as coisas e mude para uma faculdade diferente, talvez uma
fora do estado.
Com estes pensamentos em mente, digo:
— Acho que posso mudar as coisas, fazer algumas coisas
diferentes.
— Você deveria — responde Farren. As pessoas
estabelecem limites sobre si mesmos o tempo todo. Todo mundo
dá desculpas. A mudança é assustadora, eu sei. É difícil. Mas não
deixe que nada, nem ninguém destrua seus sonhos .
Farren é tão apaixonado que enquanto saímos de Ohio e
entramos em Indiana, não consigo pensar em nada além de para
onde minha vida está indo. Gosto desta mudança crescente no
meu pensamento. Já tomei uma posição ao entrar nesta
viagem. Eu não fiquei em Oakwood. Não estou matriculada em
cursos de verão, e não planejo me matricular. Na verdade, não
vou voltar para o modo como as coisas eram. Não acho que
posso.
Compartilho meus pensamentos com Farren, dizendo-lhe
todos esses fatos.
Ele diz suavemente
— Haven me disse que convidou você para ir a Nova York
neste verão. Você vai chegar à cidade com ela depois que a
resgatarmos e as coisas voltarem ao normal? —
Gosto de confiança de Farren que Haven vai certamente
ser resgatada. E gosto de seu tom amolecido quando menciona eu
e Nova York.
— Eu acho que sim — digo a ele.
— Bom — diz ele, balançando a cabeça.
Olho para a frente, sorrindo e sentindo-me fortalecida. Ao
longe, através de acres de terras agrícolas, o sol está derretendo
no horizonte. O céu parece como se alguém tivesse pegado um
pincel e o pintado com vermelhos impetuosos, laranjas afiados e
os roxos silenciosos. A beleza diante de mim me faz desejar que
pudesse de alguma forma capturar este momento, este momento
com Farren, neste momento da minha vida. Se eu tivesse meu
telefone, poderia tirar uma foto do belo pôr do sol e relembrar
esta conversa, o dia de hoje, estas decisões – minhas decisões.
— Eu gostaria de ter uma câmera — murmuro.
Farren lança- me um olhar contemplativo e, em seguida,
retorna o foco na estrada. Alguns segundos depois estamos em
uma pista de saída.
— Por que estamos parando? — Pergunto.
— Nós precisamos de gasolina — diz Farren. E não
temos comida por um tempo. Vamos pegar algo enquanto
estamos aqui.
Meu estômago ronca com a menção de comida. Lembro-
me de que a barra energética que peguei antes, quando paramos
para ir ao banheiro.
— Bom plano — digo.
Minutos depois, estacionamos em uma vaga no
estacionamento de restaurante. Farren e eu vamos por caminhos
separados quando alcançamos os banheiros, mas me junto a ele
na fila do fast food poucos minutos mais tarde.
— Não há um monte de opções aqui — diz ele quando o
alcanço.
— Tá bom — respondo. Leio o menu. Eu acho que vou
pedir o combo número três.
— Hambúrgueres e batatas fritas — diz Farren. Eu
estava pensando a mesma coisa.
Eu olho ao redor e vejo uma pequena farmácia algumas
portas para baixo. Isso me dá uma ideia.
— Talvez eu devesse pegar dois bottle pops em vez de
comprar bebidas com as refeições. Aponto para a farmácia.
Tenho certeza que eles vendem bottle pop7 lá. Aí podemos
guardar as garrafas e reabastecer com água em nossa próxima
parada.
— Ótima ideia — responde Farren. As garrafas vão
funcionar melhor do que copos de papel. Ele pega a carteira
para me dar dinheiro, mas o impeço.
— Acho que posso lidar com isso — digo de brincadeira,
ecoando as palavras que ele me disse quando falei que pagaria de
volta se as despesas se excedessem.
Ele ri e diz:
— Touché, essa, touché.
Voltamos para o carro dez minutos depois. Bem, na
verdade tenho que esperar alguns minutos por Farren. Minha
parada na farmácia foi rápida, então fui mais rápida. É uma noite
agradável — deixamos a chuva para atrás há muito tempo – por
isso, quando Farren anda com a comida, sugiro comer em uma
mesa de piquenique em um local gramado nas proximidades.
Minutos depois, no meio do lanche, apreciando nossos
fast-food noto um pequeno saco marrom no banco ao lado
Farren.
— O que você comprou? — Pergunto.
— Umas coisas — diz ele. Ele morde uma batata— frita e
puxa dois telefones celulares do saco. Entregando um para mim,
ele diz — Telefones descartáveis. Comprei um para cada um de
nós.

7
— Obrigado — Murmuro. Olho o, muito básico, telefone
em minhas mãos. Eu acho.
— Utilize-o apenas se houver uma emergência — Farren
continua. Tipo — seus olhos grudam nos meus — se tivermos
que ficar separados por algum motivo.
Tremo. Nós estamos apenas dois estados de distância da
Pensilvânia, mas já estou plenamente consciente de quão grande
esse país realmente é. Odeio admitir isso, mas eu estaria perdida
sem Farren. Tipo, literalmente. Ele não precisa de GPS, e mal
olha para os mapas que observei no banco de trás. Na verdade,
quando perguntei sobre o GPS no carro, ele me disse que o
desativou. Como com meu celular, ele não quer que nos
rastreiem.
Então, sim, se eu fosse me separar de Farren, mesmo
sem a ameaça de perigo, as coisas ficariam muito, muito
assustadoras rápido. Mas para encontrar eles sozinha, tendo que
enfrentar Eric ou Vincent — que me drogou – eu morreria de
medo sozinha.
Enquanto tiro o telefone da embalagem, asseguro Farren
— Acho que vou ficar muito bem ao seu lado durante
toda esta viagem.
Não há um pingo de humor em sua voz quando ele
responde
— Isso seria sábio.
Nós voltamos a comer nossos hambúrgueres e batatas
fritas e encontro-me avaliando meu parceiro de viagem. Sua
altura de altura e corpo musculoso me fazem sentir segura. Além
disso, estou bem ciente de que ele sabe como cuidar não só de si
mesmo, mas de mim, também. Enquanto permanecer perto dele,
nada de ruim vai acontecer. Farren vai me proteger. Porra, ele
provavelmente poderia proteger dez de mim, se fosse preciso.
Exalo um suspiro de alívio, feliz que – por agora – não
estou em perigo.
— O que mais tem no saco? — Pergunto. Aceno para o
saco. É claro que não está vazio.
— Oh — Farren responde indiferente. Eu comprei outra
coisa para você.
Seja o que for, está fazendo-o sorrir. E um sorriso Farren
Shaw é inestimável. Seus olhos verdes amolecem. Wow! aquece-
me ver que, o que quer que ele tenha comprado, o está fazendo
feliz.
Fios invisíveis puxam meu coração. Gosto de Farren
Shaw como pessoa e como homem. Gosto dele além de seus
grandes olhares e seu físico fodão. Ele realmente está se tornando
meu amigo.
Mas, menino, se meu coração estava batendo forte antes,
agora batia em abandono quando ele me dá o presente que
comprou.
— É uma câmera descartável — digo, olhando para a
câmera de plástico em reverência. Não é a própria câmera em si
que estou analisando. É o fato de Farren se importa o suficiente
para escolher uma para mim.
— Não é muito, eu sei. Ele dá de ombros um ombro,
como se não tivesse certeza se gostei de seu presente.
Mas ele não precisa se preocupar.
— Eu amei — digo, apoiando as minhas palavras com um
enorme sorriso.
O sorriso que ele me dá em troca, francamente, me deixa
louca, mais ainda do que das outras vezes. Deus, ele é
impressionante.
— Achei que você poderia querer tirar algumas fotos de
todo o cenário que está desfrutando tanto. Você disse que quando
vimos o pôr do sol mais cedo que queria ter uma câmera. E já que
não tem o seu telefone... Ele não continua.
Sinto que apesar de toda a confiança e arrogância de
Farren, ele é inseguro em áreas do coração. Então, depois de
agradecer a ele de novo, digo: — Este é um grande presente,
Farren. Realmente. Mal posso esperar para começar a tirar fotos.
Infelizmente, já que está quase escuro, tenho que
guardar a câmera na minha bolsa.
— Tirar fotos vai ficar para amanhã — digo, brincando,
batendo no lado da minha bolsa.
Farren ri então nós limpamos nossos sacos e embalagens
de fast-food e abastecemos antes de deixar a parada de descanso,
para pegarmos a estrada mais uma vez.
Algumas horas depois de nossa última parada, Farren me
acorda.
— O quê? Eu pulo do banco assustada. O cinto de
segurança me puxa para trás e eu reclamo de dor — Ai.
Farren inclina-se e procura o botão para soltar o cinto de
segurança, evitando que eu fosse puxada uma segunda vez.
— Onde estamos? — Pergunto. Minha voz está rouca por
conta do sono. Indianapolis?
— Ao redor de... Estamos em uma cidade chamada Avon.
Farren responde. Vamos ficar aqui esta noite.
Então eu noto que estamos no estacionamento de um
motel. Eu provavelmente teria notado há mais tempo, mas com
Farren tão perto de mim, estava difícil me concentrar em
qualquer outra coisa. Ele não faz idéia de como sua proximidade
me abala. Quando ele soltou meu cinto de segurança e encostou
seu peito duro no meu, senti todo meu corpo aquecer.
Ele também não percebeu meu abalo, quando eu disse
aprEssada:
— Oh, ok. Avon, Indiana. Huh, isso é ótimo.
Eu inspiro. Deus, esse homem tem que ter um cheiro tão
bom, tão... Masculino? Felizmente, para o meu pulso agora
acelerado e a pequena dor no meu estômago, Farren libera o cinto
de segurança e volta ao seu assento.
— Enquanto você dormia — Diz ele, apontando para o
prédio de três andares à nossa frente. Eu fiz o check— in de dois
quartos um ao lado do outro. Se você precisar de alguma coisa,
eu estarei por perto.
Se eu precisar de alguma coisa? Eu penso em como seria
bom ter os braços fortes de Farren em torno de mim. Como seria
se ele me segurasse, me beijasse, me tocasse? Passar o dia
juntos, conversando, ouvindo música e viajando, Essas coisas me
fizeram feliz. Para não mencionar o seu gesto atencioso. Me dar
um presente, mesmo sendo apenas uma câmera descartável, me
tocou.
Farren me entrega um cartão— chave, me tirando do
meu sono estado sonolento, carregado de emoção e devaneios.
— Bom, é o seguinte — Diz ele. O cartão de crédito de
Haven foi utilizado neste motel sábado á noite.
Olho para o edifício. Há um sinal de neon ao lado; um
oito preto bem no centro. Haven esteve aqui, neste mesmo local,
apenas 48 horas atrás. Agora, em vez de acelerar, meu coração
dói. Tenho saudades da minha melhor amiga. Passar o dia na
estrada manteve a minha mente ocupada, mas agora, todas as
lembranças voltaram com força total.
— Será que Vincent e Eric usaram o cartão dela para
fazer parecer que ela está viajando sozinha? Pergunto.
— Provavelmente.
Farren suspira. Percebo que ele parece cansado. O
sumiço de sua irmã está cobrando seu pedágio sobre ele, mesmo
que tente esconder. Mas, tarde da noite como agora, as defesas
caem e eu posso ver.
— É o que espero. Continua ele, recuperando sua
habitual postura despreocupada. Saberei mais depois que eu
verificar as coisas.
Isso tudo é tão triste. Eu estou triste por Farren e estou
triste por minha própria perda. Eu posso fingir tudo que quiser,
mas esta viagem é muito séria.
Farren me pega enxugando uma lágrima que escorre pelo
meu rosto e segura minha mão.
— Ei, ei. Ele me consola. Vamos encontrá-la. Tudo
ficará bem.
Eu mordo meu lábio e aperto sua mão.
— Promete?
— Eu prometo. Farren diz em tom mais sério, um que
eu nunca ouvi ele usar. A qualquer custo, Essa, teremos a minha
irmã de volta. Eu trocarei minha vida pela dela se for preciso.
— Eu sei. Eu sussurro, minha voz aflita. Espero que
não chegue a isso, no entanto.
— Eu também — diz ele.
Eu queria poder abraçar Farren. Tudo dentro de mim
estava me empurrando para o conforto dos braços dele. Eu me
pergunto se ele deseja o mesmo de mim. Se ele faz, não
demonstra isso.
Liberando a minha mão e apertando a ponte de seu nariz,
ele diz:
— Vamos, vou te levar para o seu quarto. Eu quero que
você fique lá dentro enquanto dou uma olhada ao redor da
propriedade.
Eu concordo. Claro, tudo bem, é claro.
Ele continua:
— Tem câmera de vigilância também, eu preciso verificar.
— Como você planeja acEssa-las? Eu pergunto, curiosa.
Com uma arrogância típica dele, ele me olha e responde:
— Oh, Essa, confie em mim. Eu tenho os meus meios.
Não duvido por um minuto que ele tenha.
Esperava passar apenas uma noite em Indianapolis. Mas
quando Farren surgiu com uma pista do cartão e com as imagens
de vigilância de do posto de gasolina onde o cartão foi usado,
ficamos uma noite extra. Infelizmente, no entanto, nada de
substancial veio da investigação e decidimos sair bem cedo no dia
seguinte.
Na parte da manhã quando acordei, a primeira coisa que
fiz foi verificar a hora. — 8:10. Merda. — Farren me esperaria no
carro por volta de oito e meia.
Eu levanto em um salto e corro ao redor da sala,
recolhendo roupas, dobrando e embalando. Mas antes de ir para
o chuveiro, me certifico se tudo o que tirei da mala está guardado
novamente. Quando levanto e olho sob a cama, percebo que
deixei uma bagunça. Desculpa arrumadeira.
Pego um murmúrio através da parede fina que separa o
meu quarto do quarto de Farren. Eu paro para ouvir. Parece que
Farren está falando em seu telefone descartável. Sua voz é baixa,
embora, e, para mim, incoerente.
— Espero que ele esteja recebendo notícias sobre Haven
— eu sussurro para mim mesma, eternamente esperançosa. E
então, com um suspiro, saio da cama, fecho a minha mala e entro
no banheiro para me preparar para o dia.
Depois de um banho rápido, eu fico na frente de um
pequeno espelho pendurado em uma parede acima da pia. Tento
decidir se deveria prender meu cabelo em um coque frouxo ou
tentar algo diferente com as longas madeixas. Meu cabelo ainda
está úmido do banho, então opto por trançá-lo. Sempre gostei do
jeito que meu cabelo parece ondulado e saltitante, quando tiro a
trança.
— Pergunto-me se Farren gosta do meu cabelo solto ou
preso. Digo ao meu reflexo quando termino de trançar. E então
rolo os olhos para mim mesma. Ugh, Essa, você está se tornando
uma daquelas meninas superficiais.
Enfim, quando saio do quarto, realmente não me importo
se estou me tornando uma daquelas meninas. Por Farren Shaw,
vale a pena. Eu costumava pensar que eram ridículas, mas
quando o vejo no carro, colocando a mala no porta-malas, acho
que estou definitivamente certa. Eu paro de andar para poder
verificar o quanto gostoso ele é. Impecável, isso é o que ele é,
mesmo vestido casualmente. Ando praticamente na ponta dos pés
em sua direção. Querendo um tempo extra para desfrutar da
vista. Infelizmente, Farren me ouve, é claro. Ele vira. Mesmo
estando de frente para mim ele não parece notar que estou
admirando seus peitorais definidos e seus músculos do braço,
ambos exibidos lindamente em uma confortável blusa verde—
escuro. Ele não percebe nada, o porquê para minha alegria, seus
olhos estão focados em mim. Especificamente, ele está olhando
para minhas pernas nuas, toda a mostra em um 8Daisy Dukes
branco.
Eu limpo minha garganta.
Sem me dar atenção, seus olhos se arrastam para cima,
para minha camiseta amarela justa. Quando ele finalmente
encontra o meu olhar interrogativo, não há absolutamente
nenhum pedido de desculpas em seus ardentes olhos verdes.
Nem por estar descaradamente olhando para minhas pernas ou
pelo olhar faminto cheio de luxúria que ele me dá.
De repente parece que Farren pode estar tão atraído por
mim como eu estou por ele. Obrigado, Jesus. Mas antes de eu ter
a chance de pensar sobre isso, ou dizer algo espirituoso e
insinuante, Farren pergunta em um tom uniforme
— Você está pronta para voltar a estrada, Essalin?
Rapidamente, eu respondo:
— Sim, com certeza.
Eu entrego a minha mala para ele e enquanto ele está
jogando-a no porta-malas, atrevo- me:
— Você achou alguma coisa útil nas câmeras de
vigilância?
Ele se vira para mim. Não. Se Haven esteve realmente
aqui, ou no posto de gasolina, ela foi mantida fora de vista. O
garoto que estava trabalhando na recepção sábado à noite não foi
de grande ajuda.
— Você mostrou-lhe uma foto dela?

8
— Sim, Essa. Ele responde secamente.
Eu me sinto uma boba, por fazer uma pergunta tão
estúpida. Claro que Farren cobriu todas as bases.
— Então, para onde vamos agora? Eu perguntei
hesitante.
— St. Louis.
— É onde você acha que eles levaram Haven?
— Não. Farren começa a caminhar para a porta do
motorista e eu para o lado do passageiro. Ele coloca a mão na
maçaneta da porta e olha para mim através do telhado. Eu
preciso me encontrar com alguém em St. Louis, alguém que pode
nos ajudar. Ele tem me ajudado a descobrir os movimentos de
Haven até agora.
— Quem é Essa pessoa? Eu quero saber. Você trabalha
com ele? No seu trabalho misterioso? Eu silenciosamente
adiciono na minha cabeça.
— Sim. Farren, para minha surpresa, responde. Seu
nome é Rick Martinez. Ele é um cara bom. Você vai gostar dele.
— Irei conhecê-lo? Pergunto surpresa.
— Você irá. Vamos nos encontrar com ele para jantar
esta noite.
Dentro do carro, eu olho para Farren. Para onde Haven
foi? Eu sussurro. Seu cartão de crédito foi usado em algum
outro lugar?
Ele esfrega a mão pelo rosto. Esse é o problema,
Essa. Eu não sei. Ela parou de usar.
Meu peito aperta. Meu Deus.
Eu sei que as coisas estão ruins quando Farren não tem
palavras para me confortar.
Eu logo descobri que coisas engraçadas, às vezes
acontecem quando você se encontra em uma situação
terrível. Pelo menos no meu caso é assim, para mim a única
maneira de manter a sanidade é pensar em qualquer coisa que
não seja a gravidade da situação em que estou.
Então, muito parecido com o nosso primeiro dia de
viagem, eu prestei atenção na paisagem enquanto Farren e eu
dirigíamos através do estado de Indiana. Tirei umas fotos com a
câmera descartável que ele me comprou. Mas a maior parte da
vista é de terras agrícolas, como na Pensilvânia e Ohio. Neste
caso, encontrar paisagens interEssantes dignas de fotografar são
raras.
Isto é, até chegar à St. Louis. Conforme nos aproximamos
da cidade, vejo o Gateway Arch9. É a primeira grande atração dos
Estados Unidos que eu vejo, e em poucos segundos, estou
inclinada para fora da janela do carro tirando fotos como louca.
— Uau, como isso é legal! — Comento quando finalmente
volto ao meu lugar.
— Muito legal. Farren responde. Ele me dá um pequeno
sorriso quando olha para mim. É muito legal, na verdade.
Eu não acho que Farren está tão impressionados com o
arco como eu estou, mas ele parece bastante satisfeito com o meu
entusiasmo.

9
O Gateway Arch ou Gateway to the West é um arco memorial estadunidense, localizado
em St. Louis, Missouri. Projetado pelo arquiteto finlandês Eero Saarinen em 1947 para homenagear a Expansão
para o Oeste durante o século XIX.
— Quer chegar um pouco mais perto? Ele pergunta.
Eu aceno entusiasticamente, com um sorriso
borbulhante em meus lábios.
Farren permanece na estrada, mas o caminho que pega
oferece vários ângulos bons. Eu tiro um monte de fotos
surpreendentes, até o arco desaparecer de vista.
Quando eu abaixo a câmera para o meu colo, Farren diz:
— Então, eu acho que você vai gostar de onde vamos
ficar. É no coração de St. Louis. E, eu estou feliz de informar que
este hotel é muito mais agradável do que o motel que ficamos nas
últimas duas noites.
Eu viro para ele, puxando o cinto de segurança, para
acomodar o meu movimento. Ah, é? Eu digo, intrigada. Qual é o
nome do lugar?
— Union Station.
— Esse é legal?
— Definitivamente — Ele responde. Union Station é um
marco de St. Louis, assim como o Gateway Arch. Era uma
estação ferroviária ocupada, mas há muito tempo já foi
renovada. Há um hotel lá agora, aonde vamos ficar e alguns
restaurantes e lojas.
— Parece legal — Eu digo.
Farren acena para a câmera que eu estou segurando no
meu colo. Traga com você quando fizermos o check— in. Você
pode tirar algumas fotos do Grand Hall. Você vai adorar, tenho
certeza.
— Oh, me conhece, hein? Eu provoco.
Ele vira o seu olhar em minha direção.
— Eu estou começando a conhecê-la, Essa — Diz ele em
voz baixa, sexy. Oh meu.
Eu sou grata por estar escuro enquanto nos dirigimos
para o estacionamento. Isso me dá tempo para me recompor,
perder a vermelhidão das minhas bochechas. Quando sairmos da
garagem, estarei recuperada. Eu tiro uma foto de uma torre de
relógio que parece que pertenceu a uma aldeia europeia
pitoresca. Quando entramos no lugar que Farren me disse que foi
a estação ferroviária mais movimentada do mundo, eu descobri
que ele estava certo sobre o lugar ser incrível. Eu olho para o teto,
que é majestoso, abobadado e alto.
— Isso é lindo. Eu sussurro.
Eu tiro algumas fotos e em seguida, Farren e eu andamos
em direção a um balcão de check— in ricamente envernizado.
— Eu sabia que você ia gostar daqui— Diz ele. Então,
com um sorriso, ele diz — Um pouco melhor do que o Motel,
hein?
— Ha— ha. Eu ri. Eu diria que é muito mais agradável.
É surpreendente que, apesar das circunstâncias, Farren
levou em consideração o que eu poderia ou não gostar. Acho que
ele meio que gosta de mim. Pensando bem, talvez Farren seja
apenas naturalmente atento às mulheres. De repente, o
pensamento das muitas maneiras em que Farren poderiam ser
atentos a uma mulher me invade, com uma série de sentimentos
luxuriosos, sentimentos que aquecem o meu corpo e aquecem
meu rosto.
Começo a me abanar, quando Farren termina o nosso
check in. Ele se vira para mim com vinco na testa. Você está
bem, Essa?
— Sim, sim, eu estou bem. Eu aceno com as mãos, o
que atrai inadvertidamente um carregador para nós.
— Posso levar as suas malas para o seu quarto? O
carregador pede a Farren.
Fui salva pelo carregador, o que, por algum motivo, me
faz rir.
Após Farren entregar as malas para o jovem, pegamos
um elevador antigo até o nosso andar. Os nossos quartos são
naquela direção. Diz ele, apontando para a direita quando as
portas do elevador se abrem. Nós viramos e seguimos por um
longo corredor para os dois quartos que ele reservou.
Quando paramos na penúltima porta quase perto do final
do corredor, Farren me entrega um cartão— chave.
— Este é o seu quarto — diz ele. Ele então mostra a
próxima porta mais a frente. Eu estarei ao lado.
— Ótimo muito obrigado.
Eu olho em volta, como se nossas malas pudessem
aparecer de repente, e Farren me lembra que podem demorar
alguns minutos antes do carregador trazê-las ao nosso quarto.
— Oh, sim, lembrei. Eu digo. A que horas vamos nos
encontrar com seu amigo? Eu olho para a minha blusa amarela e
o Daisy Dukes. Eu deveria me trocar.
Farren ri enquanto seus olhos percorrem meu corpo
rapidamente.
— Sim, Essa roupa é definitivamente bonita. Ele
murmura. Mas trocá-la provavelmente seria uma boa idéia.
— O que devo vestir? Pergunto.
Eu só sabia que estaríamos encontrando o colega de
trabalho de Farren, em um restaurante esta noite. Eu não tenho
idéia se vamos a um lugar chique ou um local mais casual. Eu
gostaria de vestir- me apropriadamente. Acrescento.
— Para responder à sua primeira pergunta— Responde
Farren. Você pode estar pronta em cerca de uma hora e meia?
Eu concordo. Sim, não há problema.
— Perfeito. Quanto à roupa, vista algo agradável.
— Uh... Eu troquei de um pé para o outro. Podemos ter
um problema.
Ele levanta uma sobrancelha de questionamento, e eu
explico: — Eu não trouxe roupas elegantes. Alguns vestidos de
verão, mas nada sofisticado.
— Isso não é problema— Farren me garante, o lado de
sua boca curvando-se em diversão. Há uma boutique nas
proximidades. Vou pedir para enviar alguma coisa.
— Sapatos também? Eu deixo escapar quando me
lembro que eu trouxe nada além de tênis e sandálias.
Ele ri. Sim, Essa, sapatos também.
Farren vira para o seu quarto e eu o vejo ir
embora. Exatamente quando ele está prestes a inserir seu
cartão— chave na porta, de repente, eu me lembro de algo.
— Ei — Eu o chamo — Você não precisa dos meus
tamanhos?
Fazendo uma pausa, ele diz com confiança
— Não se preocupe, ESSA. O que a loja enviar para você,
eu garanto que vai caber.
Farren, em seguida, entra em seu quarto, deixando- me
incrivelmente curiosa para saber como ele pode olhar para o
corpo de uma mulher, neste caso, o meu, e saber minhas
medidas. Ele parece confiante. Eu acho que vamos ver.
Trinta minutos mais tarde, depois de eu ter tomado
banho em um banheiro do tamanho de todo o meu quarto no
motel, meu vestido e os sapatos chegam. Eu descobri
rapidamente que Farren tinha todos os motivos para estar
confiante. Sua avaliação do meu corpo foi certeira.
Sorrindo, eu vesti o pequeno vestido preto sobre minha
cabeça e ajeitei o material de seda sobre meus quadris. O vestido
é curto e sem mangas, com um recorte que expõe minhas
costas. Eu girei em frente ao espelho. Parece bom, sexy,
elegante. Eu tirei um par de sapatos de couro preto da caixa que
chegou com o vestido e descobrir que eles, também, são meu
número.
— Isso Farren — murmuro para mim mesma.
Estando pronta para ir, eu saio para o corredor. Farren
está saindo de seu quarto ao mesmo tempo. E ... wow! Ele parece
delicioso todos os dias, mas ele está excepcionalmente gostoso
agora. Eu suspiro. Farren é um modelo do sexo masculino muito
bonito, mas seu lado escuro e perigoso faz com que ele pareça
pecaminosamente quente. Eu não consigo parar de olhar. Ele
está vestindo um terno preto que se encaixa perfeitamente, uma
camisa branca e uma gravata marrom escura. Seu cabelo negro
está penteado para trás e ele está barbeado. Eu quero tocar seu
rosto liso, traçar a linha de seu maxilar forte.
— Essalin? Farren dá um passo em minha direção,
enquanto eu continuo a olhar para ele como uma tola demente.
Alguma coisa errada?
Deus, não. A menos que você queira me levar de volta
para o meu quarto e tirar todas as roupas que você acabou de me
comprar. Eu não poderia dizer algo assim.
Eu aceno minha mão tentando ganhar tempo para me
aprumar.
— Eu estou bem — eu respondo estando de volta nos
trilhos.
Ele dá um passo mais para perto, a luz do corredor
brilhando em seus sapatos bem lustrados. Tem certeza? Ele
pergunta baixinho.
— Não se incomode — eu respondo. Eu só estava tendo
um momento.
Merda. Será que eu realmente admiti isso? Eu não estava
tão no controle como esperava.
As sobrancelhas de Farren subiram, e ele indagou:
— Um momento?
Eu vi um brilho de divertimento em seus olhos, olhos que
eu poderia ficar perdida. Mas agora não era o momento.
Envergonhada, eu murmuro
— Pare, por favor. E evito o olhar dele.
Rindo, ele diz:
— Eu estou apenas dando-lhe um momento difícil,
querida.
Ooh, querida. Eu gosto deste novo termo carinhoso,
mesmo que esteja ligado a um comentário que confirma que este
homem lindo sabe muito bem o efeito que ele tem sobre mim. O
único aspecto positivo para a minha dignidade, é que, quando eu
olho para ele por debaixo dos meus cílios, noto que ele está me
admirando também. E se o seu sorriso reprimido é uma
indicação, ele parece bastante satisfeito com o que a loja enviou
para mim.
Ou talvez, eu só tenha Essa esperança e ele apenas está
satisfeito comigo.
— Vamos? Pergunta ele, após sua varredura do meu
corpo.
Quando ele galantemente oferece seu braço, eu digo
— Um cavalheiro.
— Dificilmente. Ele zomba.
Eu não o pressiono por uma explicação, embora eu me
pergunte o que isso significa. Com a outra mão que não está na
dobra do seu braço, eu ajusto uma mecha de cabelo que desliza
do penteado.
— Você está muito bonita esta noite, Essalin— Farren diz
enquanto andamos para a garagem.
Eu olho para ele. Obrigado. Você também.
Farren sorri com ternura para mim, e eu me derreto.
Os flertes, são na maioria em forma de olhares roubados
e lábios apertados para não sorrir demais, continuam por todo o
caminho até o carro. Mas, no caminho para o restaurante, as
coisas ficam sérias quando eu digo:
— Então, me diga sobre o seu amigo, Rick. Há quanto
tempo vocês dois se conhecem?
Farren respira profundamente, exala lentamente. Há
muito tempo. Diz ele finalmente. Mais de dez anos. Rick e eu
servimos no exército juntos. Nós nos conhecemos na minha
primeira missão e depois ficamos amigos. Depois de uma longa
pausa, ele acrescenta:
— Essa parte do nosso passado já faz muito tempo,
entretanto. Mais recentemente, fomos destacados para um monte
de lugares juntos ... Antes de sermos dispensados, é claro.
— Então ele era das forças especiais também? Arrisquei.
Farren olha para mim. Eu deveria ter adivinhado que
Haven diria tudo sobre isso.
Ela falou
— Eu confirmo. E então eu pergunto: — Tudo bem?
Ele balança a cabeça, mas quando ele não respondeu, eu
tentei preencher o silêncio, dizendo:
— Eu imagino que algumas de suas missões nas forças
especiais não eram secretas, mas todas eram muito ... Eu
procurei por uma palavra: — perigosas.
Farren ri, mas sem humor. Sim, Essa, todas as missões
eram muito, como você diz, 'perigosas'.
Ok, então, obviamente, perigosa não é um adjetivo forte o
suficiente para descrever o que Farren fazia.
Ele parece perder-se em seus pensamentos, então eu
perguntei:
— Então Rick estava em sua equipe ou o que quer que
fosse o tempo todo?
— Não o tempo todo. Ele esclarece, suspirando. Mas
muitas vezes, sim.
— E vocês ainda trabalham em conjunto no setor
privado?
— Sim.
Eu quero voltar para o assunto das forças especiais,
perguntar a Farren que tipo de coisas que ele e Rick
fizeram. Estou curiosa sobre tudo o que eles viram, que eu
imagino seja muito. Mas o suficiente que eu sei sobre as Forças
Especiais é que Farren, provavelmente, não pode divulgar muito,
especialmente sobre os lugares onde ele esteve ou as coisas que
ele fez. Ainda assim, tenho tempo para aprender mais sobre esse
homem com que estou viajando, especialmente no que diz
respeito à vida que viveu até agora. Farren não é apenas
misterioso; ele é fascinante. Eu não posso imaginar as coisas que
ele viu ou fez ... Em um passado distante e em um passado não
tão distante.
E isso me traz de volta para o aqui e agora, com as
mesmas malditas perguntas. O que é que Farren faz atualmente
para ganhar a vida, que resultou no sequestro de Haven? Tenho
certeza de que as duas coisas estão ligadas. Mas como é que ele
está conectado a Eric e Vincent? É tudo potencialmente
perturbador, mas eu me conforto com a possibilidade de que eu
possa saber mais quando conhecer seu amigo Rick.
Um pouco mais tarde, no último andar de um arranha—
céu do centro de St. Louis, eu efetivamente conheci o Rick
Martinez. Ele é um homem muito bonito, quase tão atraente
quanto Farren. Quando os dois homens se cumprimentaram no
átrio mal iluminado com painéis de mogno do restaurante que
vamos comer, eles mostram uma camaradagem fácil. É claro que
confiam um pouco um no outro.
Antes de Farren nos apresentar, tenho a oportunidade de
olhar para Rick. Parece que ele tem cerca de trinta anos. Seu
cabelo é preto e ligeiramente comprido na parte de trás, os fios
tocando no colarinho de seu paletó de aparência cara. Rick tem
uma aparência exótica, com as maçãs do rosto salientes, pele
morena e olhos de amendoados. O cara é quente, também. Ele
pega a minha mão e encosta os lábios sobre os meus dedos
quando Farren finalmente nos apresenta.
Farren imediatamente olha para seu amigo com um olhar
de se afaste que até eu peguei. Rick se endireita e deixa a mão
cair. Um momento estranho se segue, até que uma jovem anfitriã
com cabelo vermelho fogo e saltos muito altos vermelho, chega
para nos levar a nossa mesa.
Enquanto ela nos leva para uma cabine em um canto nos
fundos, eu ouço Rick cochichar com Farren — Sinto muito,
amigo. Eu não sabia que ela era sua.
Sua? Eu rolo meus olhos. Mas, na verdade, uma pequena
parte de mim quer pertencer a Farren Shaw. Ah, quem eu estou
enganando? Praticamente tudo de mim é a favor dEssa ideia.
Quando a comida é servida e a refeição avança, Rick
continua sendo cordial, mas não flerta mais comigo. Claramente,
Farren está no comando e estabeleceu as regras. Mas, eu tenho
que saber o que Farren faz exatamente. Que tipo de operação eles
estão envolvidos nos dias de hoje? E como é que homens como
Eric e Vincent se encaixam na equação, pois com certeza eles já
se encontraram antes. Quer dizer, Farren sabia quem eles eram
quando eu mencionei pela primeira vez os seus nomes. Mesmo
que ele ainda tenha que confirmar ou negar tudo, tenho certeza
de que estou certa. Então, isso significa que Rick está
familiarizado com Eric e Vincent também? Será que todos eles
trabalharam juntos em algo no passado? Talvez foram para o
exército juntos? Eric e Vincent eram da Força especial também?
Alguma coisa deu errado em algum momento? Haven foi
sequestrada por algum tipo de retaliação?
Minha mente gira com uma pergunta atrás da
outra. Farren e Rick, por sua vez, dividem-se em uma discussão
sobre os — velhos tempos. Tomo nota de que, embora nós
estejamos supostamente em reunião com Rick para discutir sobre
Haven, nada foi falado sobre ela.
Pelo menos, não na minha frente, eu acho. Houve um
momento enquanto eu pedi licença para ir ao banheiro das
mulheres. Talvez eles tenham discutido sobre ela.
Os dois homens continuaram a recordar e eu decidi
participar da discussão. Eles estavam discutindo uma missão de
operações especiais que fizeram parte. Rick menciona algo sobre
as forças rebeldes, e Farren diz:
— Porra, cara, isso foi uma coisa louca.
— Claro que foi: — Rick concorda. Nós acendemos
aquele acampamento, Shaw. Lembre-se disso?
Farren balança a cabeça e toma um gole do seu copo de
vinho tinto.
Rick continua
— O Comando Central não esperava que tivéssemos
coragem para destruir cada esconderijo de armas. Ele ri, toma
um gole de seu próprio vinho tinto, e em seguida, acrescenta: —
É claro que você tomou o crédito por isso. Droga, aqueles eram
bons tempos.
— Os melhores— Farren concorda, erguendo o copo.
Os dois amigos brindam e eu corto. Onde é que tudo isso
aconteceu?
Não surpreendentemente, a mesa ficou num silêncio
sepulcral. Eu olho para o meu prato, desejando ter uma história
ousada para contribuir. Mas que história vou contar a estes dois
que já viram de tudo e fizeram de tudo? Devo compartilhar com
eles como eu me rebelei e escolhi cinco respostas erradas no final
da semana passada?
Acho que não.
Assim, enquanto eu olho para o meu filé mignon mal
tocado, Farren percebe que eu não comi quase nada.
— Você não está com fome, Essa? Ele pergunta.
Rick olha para a meu prato, mas logo volta a comer sua
própria refeição. Na verdade, ele torna-se perdido em sua refeição,
permitindo que Farren converse comigo de forma semiprivada. A
dinâmica parece diferente aqui, muito mais do que quando
Farren e eu estamos sozinhos. Novamente, é clara a forma como
Rick continua a ceder ao seu amigo e que Farren é o macho alfa.
Eu não sou imune ao poder de Farren também. Eu não
estou com tanta fome, mas respondo com modéstia:
— Estou sim, só estava distraída— Enquanto dou uma
pequena mordida.
Eu fui atraída para Farren desde o início, mas agora cada
parte minha o quer. Ele é lindo, controlador, poderoso e,
possivelmente, um pouco perigoso. O que há para não
gostar? Este é o tipo de atração que eu sempre li, sonhei e esperei
encontrar algum dia. E aqui está bem na minha frente. Nenhum
menino maravilha da faculdade me impressionou. Eu só não
sabia esse tempo todo que o que eu precisava era de um homem
como Farren na minha vida.
Ou talvez eu soubesse o tempo todo. Afinal de contas, eu
tenho uma queda por ele há um bom tempo. Então, sim, Farren
Shaw pode me conquistar qualquer dia da semana.
Mas, Farren está me seduzindo?
Talvez, eu penso enquanto seu olhar desliza e encontra o
meu, ele sorri encantadoramente e eu sorrio de volta. Sim, talvez
Farren me queira tanto quanto eu o quero. Claro, que eu não sei
quão perigoso ele pode ser.
Será que isso me incomoda?
Farren me lança um olhar ardente, fazendo eu me sentir
uma presa sob o olhar de um predador. Não é um olhar frio como
o de Eric para Haven. Este é mais sobre calor e luxúria crua, algo
mútuo. Eu o encaro, concluindo que perigo associado a Farren
não me incomoda nem um pouco.
Na verdade, se Farren quiser me pegar, eu mal posso
esperar para ser capturada.
Quando a refeição terminou, Rick anunciou que tinha
que ir. Farren e eu somos deixados sozinhos na mesa. Tenho a
impressão pelo olhar satisfeito no rosto bonito de Farren que o
planejamento da noite era esse.
— Seu amigo parece legal. Eu digo, suprimindo um
sorriso.
— Estou contente que você e Rick se deram bem. Ele
responde, com um sorriso contido.
Eu solto uma respiração quando ele se inclina nas costas
da minha cadeira. Então, Farren, o que vamos fazer agora?
Aproximando sua cadeira ele ronrona
— Eu não sei, Essa. Me fale você.
Suas palavras não são apenas palavras, elas são faladas
com tanta confiança, com uma voz tão rouca, são palavras para
seduzir. Rapidamente, eu bebo o que restou do meu vinho
tinto. Quando eu termino, murmuro:
— Oh, eu não sei. Tudo o que você quiser fazer está bom
para mim.
Farren ri se afasta um pouco, e derrama o que resta na
garrafa no meu copo vazio. Ele então pergunta:
— O que você gostaria de fazer, Essa? Afinal, a noite é
uma criança.
— E assim somos nós. Eu gracejo, batendo meu copo ao
seu antes que ele tenha a chance de levá-lo aos seus lábios
cheios.
Farren ri, bebe seu vinho. Acho que ele é divertido e eu
estou mais do que um pouco tonta e proferindo gracejos tolos.
Mas de repente eu tenho uma idéia. Eu sei. Eu digo,
entusiasmada. Devemos ir para um lugar onde possamos
dançar.
— Tipo a um clube? Ele pergunta.
— Eu não estava realmente pensando nisso— Eu
respondo.
Meu primeiro pensamento de dança com Farren é algo
romântico, como uma dança lenta. Não dançar em algum clube
turbulento.
Me sentindo ousada, eu digo:
— Eu prefiro ir para um lugar onde seria apenas você e
eu.
Farren fica quieto pelo que parece uma eternidade e eu
começo a pensar que talvez tenha sido muito ousada, presumi
demais. Talvez um clube seria mais a seu gosto. Mas, para minha
alegria, um sorriso malicioso se espalha por seu rosto.
Ele levanta.
— Vamos lá. Diz ele, oferecendo a mão. Eu tenho uma
ideia.
Saindo da mesa comigo ao seu lado, Farren chama a
nossa garçonete. Ela se aprEssa. Quando chega até nós, ele
sussurra alguma coisa para ela. Ela balança a cabeça e aponta
para uma escada escurecida no canto do restaurante. Farren dá-
lhe algumas notas antes de me levar, sua mão segurando meu
cotovelo, para a escada.
— Para onde estamos indo? Pergunto à medida que
começamos a subir para a escuridão.
Farren está atrás de mim, com as mãos em cada lado da
minha cintura, me mantendo em movimento. Ele também está
me impedindo de cair para trás desde os meus saltos são
bastante elevados.
Quando chegamos ao topo, eu me encontro em um
impasse. Há uma porta aqui. Eu observo, acenando para o que
parece ser uma porta de aço muito pesada.
Farren se inclina para mim e, enquanto tenta conter sua
risada, sussurra:
— Por que você não tenta abri-la, Essa?
Eu balanço para trás em seu peito sólido, tremendo da
melhor maneira possível. Ele respira pesadamente, como a nossa
proximidade isso o afeta também, respirações quentes acariciam
meu pescoço fazendo com que eu sinta um formigamento por
todo meu corpo. Lentamente, Farren passa os braços ao meu
redor, seu braço quase roçando meu seio. Ele pega a maçaneta e
abre a porta de aço com facilidade.
E lá deitado sob nós está o brilhante centro de St. Louis
em toda sua glória noturna.
— Oh, isso é bonito, Farren — Eu falo, extasiada.
Eu admiro encostado em Farren, mas a paisagem urbana
está chamando por mim, pedindo-me para ir até o telhado e
admirar todas as luzes cintilantes do centro. É uma bela noite de
verão e uma brisa quente sopra quando atravesso o telhado,
parando na borda. Eu não sou corajosa com alturas, mas
felizmente há um corrimão resistente para segurar. Colocando
minhas mãos no metal frio, eu viro minha cabeça, esperando ver
Farren bem ali ao meu lado, apreciando a vista magnífica.
Mas ele não está em qualquer lugar nas proximidades.
— Farren...?
Eu olho de volta para a escada. Ele ainda está de pé ao
lado da porta. Ele não está sozinho. Ele está falando com a
garçonete acenando algo antes de subir até telhado. Ela está
concordando com a cabeça e entregando a Farren uma garrafa
vermelha, junto com dois copos de vinho. Quando ele me vê
assistindo a troca, ele dispensa a garçonete e caminha para mim.
Sento- me com cuidado no banco de cimento que tem na
cobertura, endireito o meu vestido preto elegante, e cruzo as
pernas.
Farren para e fica na minha frente. Olho para seu rosto
bonito e sussurro
— Ei.
— Ei pra você também— Diz ele suavemente.
Enquanto ele segura as duas taças que a garçonete deu
em uma das mãos, ele usa a mão livre para derramar um pouco
de vinho em cada copo. Quando ambas as taças estão meio
cheias, ele me dá uma.
— Obrigada — murmuro, pegando a taça.
Ele encosta na minha taça e eu pergunto:
— O que você está fazendo?
Ele continua com sua taça de vinho pressionada na
minha. Eu estou no processo de propor um brinde, Essalin.
Rindo, eu digo:
— Eu percebi Essa parte. Mas a que devemos brindar?
Os olhos escuros de esmeralda encontraram os meus.
Que tal um brinde por fazer seus desejos se tornem realidade?
Antes que eu pudesse perguntar o que isso significava,
ele tocou a taça na minha. Ele bebe um gole, eu também bebo. De
repente, como uma sugestão uma música suave começa a tocar
no fundo. Quando eu olho para Farren, ele está sorrindo.
— Eu queria dançar. Murmuro, encantada em como ele
arranjou as coisas rapidamente depois de ouvir como eu queria
passar o resto da nossa noite.
— E é só você e eu. Disse ele. Como você pediu.
Ele pega a taça da minha mão e coloca junto com a sua
na borda do guarda corpo. Pela terceira vez em uma noite, Farren
oferece- me a mão. Você gostaria de dançar, Essalin?
— Eu adoraria. Eu respondo.
Meu coração está acelerado. Eu não consigo parar de
sorrir. Sorrindo, sorrindo, eu sinto tanta felicidade agora. Dizem
que as pessoas em circunstâncias terríveis ficam próximas
rapidamente. Talvez seja isso o que está acontecendo entre mim e
Farren. Sinto uma conexão poderosa com ele. E eu não posso
dizer que é totalmente surpreendente. Nosso amor por Haven nos
forneceu uma razão imediata para nos aproximarmos. E, em
seguida, passar tanto tempo juntos, refazendo seus passos,
tentando salvá-la, reforçou Essa ligação. Farren e eu temos um
objetivo em comum, desejamos Haven de volta.
Mas não há como negar que há algo mais intenso se
desenvolvendo entre nós.
A forma cuidadosa com que Farren me segura quando
começamos a dançar uma música romântica, como se eu fosse
frágil e ele fosse o único apto a cuidar de mim, fortalece a minha
suspeita de que ele está a fim de mim também, de alguma forma.
Eu relaxo contra ele, confiando nele. Nossos corpos
balançam ao som das letras melódicas que falam da beleza de ter
alguém para se apoiar em tempos difíceis. Muito
apropriado. Enquanto a música continua, eu sinto o olhar de
Farren em mim. Olhando para cima, encontro seus olhos
esmeralda queimando com forte desejo e necessidade,
assegurando- me que não sou a única a sentir esta atração
inebriante.
Farren sorri ligeiramente quando vê suas emoções
refletidas em meus olhos. Silenciosamente, ele implora:
— Essa, o que você está fazendo comigo?
— Eu não sei. Eu respondo honestamente.
Eu abaixo meu queixo e inclino para frente para colocar a
minha bochecha contra seu ombro sólido. Os dedos de Farren
alisam meu cabelo, soltando os fios. As presilhas caem no chão
ao acaso, mas eu não me importo. Quando meu cabelo cai nos
meus ombros, eu inclino para trás com meu olhar interrogativo.
Farren apenas sorri e encolhe os ombros levemente.
— Eu prefiro assim. Diz ele.
Concordo com a cabeça uma vez e os nossos olhos
permanecem bloqueados mesmo com Farren continuando a
pentear meu cabelo com os dedos. Ele usa uma mão no início,
então ambas. Suas carícias são suaves. Eu gosto disso. Eu gosto
da possessividade do seu toque. Eu gosto da familiaridade. E
gosto disso e de Farren parecer saber intuitivamente como me
tocar.
Isso me faz querer mais dele.
Eu abaixo meu olhar para seus lábios, cheios e úmidos
do vinho. Com uma confiança que eu nunca senti antes, fico na
ponta dos pés e inclino- me para mais perto dele. Inclino minha
cabeça ligeiramente no que espero ser visto como um convite.
Farren responde imediatamente. Seu aperto no meu
cabelo fica mais forte e ele afasta a cabeça para trás. Abaixando
os lábios contra meu pescoço, sua língua se lança para provar a
minha pele.
— Delicioso — Ele diz.
Eu tremo e murmuro
— Farren.
Com as mãos que estavam no meu cabelo e minha
cabeça ainda inclinada para trás, ele me beija todo o lado ... no
meu pescoço descendo pelo meu ombro indo em direção ao meu
queixo.
— Oh — Eu suspiro.
Seus lábios estão por toda parte, e eu quero mais, quero
que ele me toque em cada parte do meu corpo.
Deslizo as mãos por suas costas sólidas e amplas. Eu
acaricio a suavidade da sua nuca até o pescoço e em seguida,
minhas mãos estão em seu cabelo. Tão sedoso e macio, apenas
como eu imaginava que seria. Quando puxo as extremidades de
seu cabelo cautelosamente, Farren geme com voz rouca.
Seuss lábios capturam os meus, por fim, e ele me beija
com força. Isso é o céu, uma dança de lábios e línguas. Farren
tem gosto de vinho tinto e homem, e eu bebo dele.
Ele pressiona seu corpo no meu, quando eu gemo, e
estou plenamente ciente de que seus beijos não são a única coisa
dura. Sua excitação está deliciosamente pressionada em meu
abdômen, eu beijo-o como uma louca.
Logo, estaremos ambos com hematomas se nossas mãos
e bocas expressarem tudo o que estávamos reprimindo.
Deixei escapar um gemido baixo, e, entre beijos, Farren
diz:
— Diga- me o que você quer. Diga- me.
— Eu quero — Eu respiro fundo e gaguejo. Eu quero…
Eu não sei o que eu quero, não exatamente. Meu corpo
quer Farren, mais do que eu sempre quis alguém, mas a minha
inexperiência me faz ir mais devagar.
— Essalin? Farren puxa um pouco para trás, seus olhos
encarando os meus, procurando um sinal verde ou uma negação.
O que será?
— Eu vou fazer o que você quiser— Eu deixo escapar. Eu
não sei se vai ser bom, mas eu quero estar com você. Vou tentar
agradá-lo.
Eu pareço com uma jovem inexperiente que não sabe
aonde ela está se metendo. A compreensão fica clara para
Farren. Seu aperto sobre o meu cabelo afrouxa, e apesar de um
lado permanecer envolto frouxamente em longas tranças, sua
outra mão desliza para baixo na parte inferior das minhas costas.
— Essa... Ele exala alto. Olha, não temos que fazer
nada que você não esteja pronta.
— Mas eu estou pronta — Eu insisto. Eu quero estar
com você.
Farren me olha cético. Você realmente acha que está
pronta para avançar? Você realmente acha que está pronta para
mim?
Merda, eu não sei. O que sei é que a parte menina
sonhadora quer acreditar que se tornar íntima irá levar a algo
mais. Mas o lado prático da mulher em mim sabe que isso só
pode ser sobre sexo. Espetacular, o sexo incrível que eu
certamente nunca vou esquecer, mas será sexo por sexo, no
entanto.
E o problema é que eu quero mais. Eu não quero uma
coisa só de sexo com Farren. Mesmo assim, estou indecisa. Eu
não sei como fazer.
Tento olhar para longe, mas a mão de Farren vai para a
minha bochecha. Eu não tenho escolha, encontro o seu olhar
quando ele me segura meu rosto para segurar o olhar dele.
Silenciosamente, eu digo:
— Não tenho muita experiência, Farren.
Suas sobrancelhas vão para cima e eu rapidamente
acrescento
— Eu não quero dizer que eu sou virgem ... se é isso que
você está pensando.
O olhar em seu rosto me diz que era o que ele está
pensando.
Eu quero ser sincera, então eu admito
— Eu só fiz sexo uma vez.
— Essa... Farren diz com um suspiro.
Eu fecho meus olhos e digo:
— Eu acho que estou apenas confusa. Eu realmente não
sei como fazer isso. Oh, o que estou tagarelando?
Farren não diz nada.
Quando me atrevo a dar uma olhada, ele arqueia uma
sobrancelha interrogativamente. Como fazer isso?
— Como — Eu começo a minha explicação, dando um
passo para trás — se fôssemos dormir juntos. Eu não sei...
— Shh... Ele toca minha boca com ternura, me cortando.
Você não tem que explicar nada, querida. Gentilmente, ele me
puxa de volta em seus braços e eu me aninho em sua fortaleza.
— Nada de sexo hoje à noite então — Eu brinco meu
rosto pressionado contra a jaqueta do seu terno.
Farren ri levemente e diz:
— Sem sexo essa noite, Essa.
A música ainda está tocando no fundo, e ele começa a
mover o meu corpo com o seu.
— Você ainda vai dançar comigo, não vai? Ele pergunta.
Eu balanço com ele e digo: — Isso eu posso fazer.
— Bom. Eu gosto de dançar com você — Ele murmura no
meu cabelo.
— Eu gosto de dançar com você também— Eu sussurro
para ele.
Todas as partes duras de seu corpo estão pressionadas
nas minhas partes moles. Ele é tão bom. À medida que
dançamos, relaxo contra ele, o deixo conduzir. Por mais que eu
queira Farren — e Deus eu quero muito — dormir com ele tão
rapidamente não seria uma boa ideia. Eu gosto muito dele e não
quero acabar com um coração esmagado.
Mas se as coisas correrem na direção que espero, sinto
que um homem como Farren teria cuidado com o meu coração.
Eu suspiro e espero que algum dia Farren Shaw possa realmente
querer o meu coração.
No dia seguinte, após o check-out no Union Station
Hotel, Farren e eu fomos direto para a garagem. Há uma
tranquilidade entre nós enquanto caminhamos em
silêncio. Farren parece perdido em pensamentos, mas eu estou
bem com isso. Estou ocupada examinando a área, tentando
lembrar onde estacionamos o carro quando voltamos ontem a
noite. Eu juro que foi no segundo andar, na terceira linha da
rampa, mas eu não o vejo em lugar nenhum.
— Oh meu Deus, Farren! — Exclamo, parando e girando
para a esquerda e para a direita. Eu acho que alguém roubou
nosso carro.
Farren não diz nada, e quando eu olho para ele, ele está
tentando não rir.
Eu digo.
— O que é tão engraçado?
— Nosso carro não foi roubado — Ele responde quando
ele se recompõe.
Ele faz um gesto para eu segui-lo enquanto ele caminha
para um lado do estacionamento alguns metros de
distância. Parando na frente de uma SUV de luxo preta, ele diz:
— Nós estamos trocando de carro.
Meus olhos deslizam de Farren vestido em uma calça
jeans preta e uma camiseta preta confortável que acentua a sua
musculatura para o veículo elegante que ele está se referindo.
— Oh, uau, agradável. Eu digo, balançando a cabeça em
aprovação. Este é definitivamente um reforço.
— Melhor do que o sedan família? Ele pergunta
levemente, seu tom jovial de provocação.
— Muito.
Farren sorri animadamente, fazendo meu coração pular
uma batida. Mas então ele se afasta para abrir o porta malas. Ele
levanta a tampa para o espaço de carga no interior e eu tenho
uma boa vista.
— Caramba — Eu deixo escapar. Você tem muitas armas
aí dentro.
O espaço de carga está preenchido com armas
automáticas, revólveres e outras armas que nunca vi
antes. Presumo que a chave do veículo é uma cortesia do amigo
de Farren, Rick, mas eu também tenho uma forte suspeita de que
o arsenal esteve conosco desde o início. Não é de admirar que
Farren garantiu que ele era o único a colocar as malas no porta-
malas. Ele está escondendo Essas armas o tempo todo. Bem,
acho que passamos de fase na noite passada. Farren deve confiar
em mim agora, o suficiente para me deixar saber.
— Agora você sabe porque nós estamos dirigindo e não
voando. Ele diz fechando a mala do SUV.
— Faz todo o sentido para mim agora — Eu concordo,
balançando a cabeça.
Eu acho que ele está surpreso com a minha
tranquilidade. Ele ri e me indica para entrar no veículo. Vamos,
Essa. Vamos começar a andar.
Sinceramente, estou aliviada por estarmos armados até
os dentes. Não que eu tenha uma pista como usar qualquer uma
das armas. Mas com sua extensa experiência militar, eu tenho
certeza que Farren tem.
Nós tomamos um rápido café da manhã antes de sair de
St. Louis. E eu cochilo na primeira hora. Quando acordo do meu
cochilo, percebo que não tenho idéia para onde estamos indo. Eu
nunca me preocupei em perguntar.
— Ei— Eu digo e bocejo — Para onde estamos indo?
Farren olha para mim, seu olhar baixando rapidamente
para o meu top branco. A barra inferior está enrolada mais do
que deveria, expondo assim uma boa quantidade de pele entre a
parte inferior da camisa e do topo dos meus jeans de cintura
baixa.
Eu endireito as minhas roupas e Farren leva seu foco de
volta para a estrada.
— Novo México— Ele responde, finalmente. Mas primeiro
nós vamos parar em Oklahoma City.
— Oh, tudo bem. Faço uma pausa e depois pergunto: —
Será que Rick tem notícias sobre Haven? Ela está em
Oklahoma? Ou ela está no Novo México? —
Depois de dançar metade da noite no restaurante da
cobertura com Farren, voltamos para o hotel. Nós dois estávamos
exaustos e na sequência de um beijo na minha bochecha, nós
demos boa noite um para o outro e fomos para nossos
quartos. Eu nunca tive a oportunidade de lhe perguntar as coisas
que Rick descobriu.
Mas eu descobriria agora.
— Sim, Rick teve informações— Farren diz, franzindo a
testa. Suspeitando que não foi uma boa notícia, coloquei minha
mão em seu ombro tonificado.
Suspirando, ele continuou
— O carro de Haven foi encontrado abandonado em
Oklahoma City.
Eu suspiro, mas Farren me ignora e continua a falar,
quase como se ele não falasse fosse fazê-lo esquecer.
— Todas as indicações são de que Haven ainda está viva.
Ele faz uma pausa, e então diz: — Graças a Deus. Um momento
passa, e acrescenta: — Apesar da parada em Oklahoma, ela vai
ser levada para o Novo México.
— Como você sabe? Eu pergunto.
— Eu só sei.
— Mandei Rick lá antes de nós— Ele continua. Ele é
capaz de voar, uma vez que, como você viu... Ele empurra o
queixo para a parte traseira do SUV — Eu estou levando a maior
parte das armas. Nós iremos para o Novo México em breve, Essa,
mas primeiro quero ter certeza de que foi o carro de Haven que foi
despejado.
Eu tenho um milhão de perguntas e começo a fazê-las.
Farren, por que Eric e Vincent abandonaram o carro de Haven
após todos esses dias?
Silêncio.
— E como você e Rick sabem Essas coisas?
Silêncio.
Eu vacilo momentaneamente, enervada. Tenho certeza de
que Farren espera que eu fique atordoada por sua falta de
respostas. Mas, não, eu continuo.
— Como tudo isso se liga a você, afinal? Como disse
antes, eu sei que Haven foi levada devido a algo relacionado ao
seu trabalho misterioso. E sei que você me disse para não fazer
perguntas, mas, por favor, por favor, Farren, me diga alguma
coisa. Isso é difícil para mim, também.
Eu engasgo e ele aperta a ponte de seu nariz. Depois de
um tempo, ele diz
— Eu sei, Essa. E eu sinto muito. O que você quer
saber? Pergunte- me e vou tentar falar o que eu puder.
Finalmente, algumas respostas.
Eu respiro fundo e começo
— Você conhece Eric e Vincent?
— Sim.
Meu coração gagueja. São seus nomes reais? Eu
sussurro.
Farren ri, mas não por graça, porque nada disso é
engraçado. Surpreendentemente, sim, esses são os seus
verdadeiros nomes. E então ele se explica — Na verdade eu
deveria dizer que esses são os nomes que eu conheço deles. É
uma incógnita seus nomes reais. Eles provavelmente já passaram
por tantos nomes falsos que eles nem lembram de seus nomes
reais .
Ok, isso é perturbador. Então
— Atrevo-me
— Como você os conhece?
— Isso— Diz ele, atirando- me um olhar de advertência —
Eu não posso te dizer.
Eu aceito, desde que ele está acessível. Eu rapidamente
avanço para algo diferente.
— Ok, e o carro de Haven? Por que Eric e Vincent o
mantiveram por tantos dias se eles planejavam abandoná-lo
desde o início?
— Para manter as aparências, inicialmente— Diz Farren.
No caso das autoridades terem algum interesse. É a mesma razão
pela qual eles usaram os cartões de crédito de Haven para as
estadias de hotel e para a gasolina.
— Para fazer parecer que ela estava viajando por vontade
própria?
— Sim.
— Então — Eu continuo — eles pararam de usar seus
cartões quando se tornou claro que ninguém a estava
procurando?
Farren me lança um olhar de soslaio significativo. Exceto
que estávamos procurando por ela, não é mesmo, Essa?
— Oh — Eu digo, entendendo. Eric e Vincent queriam
que você soubesse que a levaram. É por isso que eles
continuaram a usar o seu cartão de crédito. Então você veria
todas as vezes que usou.
Ele responde com firmeza: — Sim.
— Eu estava certa o tempo todo, então — exclamo. Você
está de alguma forma envolvido.
Nenhuma resposta.
— E o seu amigo Rick? Será que ele está envolvido nisso,
também? Ele tem que estar, ele sabe muito.
Sem resposta, que eu entendo como uma confirmação.
— Ele é alguém que podemos confiar? Pergunto
gentilmente.
Essa com certeza me traz uma resposta.
— Rick é um dos mocinhos, Essalin. Farren responde
com veemência. Eu lhe asseguro que pode confiar nele
completamente.
Eu respiro aliviada. Graças a Deus, já que Rick é aquele
que vai chegar a Novo Mexico primeiro, onde Haven deve estar.
Quando Farren fica em silêncio mais uma vez, eu
pergunto:
— O que está errado? O que você não está me dizendo?
— Eu só estou surpreso por você não insistir com as
perguntas.
— Por quê? Eu sussurro, temor subindo minha espinha.
O que eu deveria perguntar?
— Você não quer saber quem eu sou, Essa?
— O que você quer dizer?
— Você não está me perguntando se eu sou um dos
mocinhos ou se eu sou um dos vilões?
Eu não posso dizer se Farren está brincando comigo ou
não. Eu dou de ombros e, com um toque de humor, digo
levemente
— Acho que vou descobrir.
Mas não há um pingo de humor na voz de Farren,
quando ele responde. Sim, eu acho que você vai.
Inegavelmente, há uma vibração estranha no SUV na
próxima hora. A chuva que começa a cair não ajuda a levantar o
astral. Farren permanece quieto. Contemplativo, eu presumo. Eu
li por toda a viagem, feliz por ter pego um livro na nossa última
parada para abastecer.
Eventualmente, a chuva para. O sol sai, e para meu
alívio, a tensão melhora junto com o mau tempo. Apesar de suas
palavras enigmáticas, eu simplesmente não consigo pensar em
Farren como um cara mau. Após tudo que Haven me disse, ele
sempre foi bom. Ele foi um bom aluno, um bom filho. E ele ainda
é um irmão incrível para ela. Farren foi um garoto que foi forçado
pelas circunstâncias a tornar-se um homem rude, depois que seu
pai deixou a família abruptamente e especialmente, depois que
sua mãe morreu. Desde então, pelo que tenho observado, ele fez
todo o possível para cuidar da única família que ele tinha Haven.
Mas ainda há uma pergunta que não posso ignorar: no
que Farren estava envolvido recentemente? No que ele está
envolvido agora? Algo ilegal, eu presumo, com base em como ele é
misterioso sempre que o assunto vem à tona. Essas enormes
somas de dinheiro que ele leva, certamente, fazem as coisas
parecerem ainda mais suspeitas.
Contemplando tudo isso, eu suspiro. Farren olha, sua
expressão mostrando sua curiosidade. Mas antes que ele possa
perguntar sobre o que estou suspirando, eu baixo o meu livro e
digo:
— Eu estou cansada da leitura.
— Ok — Ele diz lentamente. Você está com fome?
Concordo com a cabeça uma vez. Já tem um tempo
desde que comi.
— Não diga mais nada. Diz Farren brilhantemente.
É óbvio que ele está tentando compensar a última hora
de silêncio e vibrações desconfortáveis no carro. Ele pega a
próxima saída e achamos uma loja de sanduíche na mesma rua.
Farren pede um sanduíche enorme de carne assada e queijo no
pão de centeio integral, com quase todos os itens e condimentos
disponíveis.
Enquanto a senhora atrás do balcão montava a obra-
prima de Farren, digo a menina que recebe os pedidos que eu vou
querer o mesmo. Só que sem mostarda. Acrescento.
Farren ri em voz baixa, e eu digo
— O quê? Estou com fome, ok?
— Isso é ótimo, Essa. Eu ficarei surpreso se você
conseguir terminá-lo.
Dez minutos mais tarde, estamos de volta ao SUV,
comendo nossos enormes sanduíches. E com certeza, a suposição
de Farren estava certa.
Eu baixo o meu sanduíche na embalagem no meu colo e
murmuro
— Ugh, estou satisfeita. É delicioso, mas eu não posso
comer mais nada.
Farren olha para meu sanduíche meio comido de carne
assada e queijo. Ele ri e se oferece para terminá-lo para mim. Ele
com certeza tem um grande apetite, então entrego o resto do meu
sanduíche. Eu tenho que saber se todos os seus apetites são
grandes.
Um rubor em meu rosto se iniciou enquanto meus
pensamentos foram à deriva, e ele pergunta com malícia
— O que você está pensando, Essalin?
— Oh, nada— Eu minto. Limpando a garganta,
acrescento: — Vamos falar sobre alguma coisa.
— Ok — Ele diz lentamente, hesitante. Sobre o que você
quer falar?
Eu dou de ombros. Oh, eu não sei. Qualquer coisa,
mesmo.
Farren termina o sanduíche que eu não consegui comer,
limpa a boca com um guardanapo, e, em seguida, sugere:
— Por que você não me diz como você conheceu a minha
irmã?
— Ela nunca te disse? Eu sei que Farren e Haven
compartilham muito, por isso é uma surpresa.
— Bem, ela me disse que ela te conheceu na orientação
de caloura.
Eu concordo. Sim, está certo.
Farren reúne nossas embalagens de comida e
guardanapos e coloca no saco. Sua atenção retorna para mim
quando ele termina.
— Ok, então você a conheceu em orientação de calouros
— Diz ele. Isso não explica como você e ela tornaram-se boas
amigas.
— Você está perguntando se houve um momento inicial
para a nossa amizade?
Eu falei a minha pergunta lentamente, timidamente,
porque houve um momento decisivo em minha amizade com
Haven. Mas não era uma história fácil de contar.
Farren lê as coisas tão bem que eu não posso enganá-
lo. Ele se ajeita em seu lugar e diz:
— Houve um momento, não foi?
— Sim. Eu admito, franzindo a testa.
Farren inconscientemente mexeu em uma experiência do
primeiro ano que eu prefiro esquecer. Mas, por mais que eu
queira evitar recordar da noite daquele fatídico Halloween, acho
que agora eu quero compartilhá-la com este homem. E eu
deveria. É a história de como sua irmã me salvou.
Eu respiro fundo, expiro, e começo...
— Depois que Haven e eu nos conhecemos, ainda no
último ano da escola, mantivemos contato. Nós conversamos e
mandamos mensagens o tempo todo durante o verão. No outono
do primeiro ano nós resolvemos voltar de onde tínhamos
parado. Combinamos de compartilhar o mesmo dormitório e
saíamos o tempo todo. As pessoas às vezes questionavam como
poderíamos ser amigas. Quero dizer, afinal, Haven era muito mais
popular do que eu. Mas você sabe como ela é. Ela fez com que eu
nunca me sentisse rejeitada.
— Ela sempre foi assim— Farren diz calmamente.
Olho para ele. Sua cabeça está encostada no suporte de
cabeça e ele parece triste. Uma parte de mim deseja confortá-lo,
mas sei que ele quer ouvir a história.
Eu continuo:
— Bem, de qualquer forma, ela foi convidada para um
monte de festas, as melhores. Ela me convidou muitas vezes e
algumas vezes eu a acompanhei, mas outras vezes eu escolhi
ficar no dormitório estudando. No Halloween daquele ano, porém,
houve uma festa que todo mundo queria ir. Era um evento anual,
realizado a cada 31 de outubro na casa dos pais de um aluno
rico. Era legendário. Você deveria ir pelo menos uma vez. De
qualquer forma, o cara estava no último ano, por isso era a
minha primeira e única chance de ir.
— E você queria ir? Perguntou Farren.
— Sim, a essa festa, sim. Eu queria muito ir.
Quando eu fico em silêncio, perdida na memória por um
minuto, Farren pergunta:
— Então, você e Haven foram para a festa?
— Nós fomos. E era uma festa a fantasia, é claro, por ser
o Dia das Bruxas.
— Festa a fantasia, huh?
Farren parece curioso, e eu acho que ele está prestes a
perguntar sobre a minha fantasia. Ah não.
Eu tentei desviar os pensamentos dele, dizendo:
— Então, Haven foi como uma gatinha sexy...
— Eu não quero nem saber como era essa fantasia —
interrompe Farren. Ele revira os olhos.
Eu rio, recordando o bustiê de Haven, a micro-saia
vermelha, e um salto agulha altíssimo, eu concordo
— Sim, você provavelmente não quer.
Balançando a cabeça, ele diz:
— Então, e como você foi?
Eu sabia que ele ia perguntar. Agora é a minha vez de
revirar os olhos. Algo estúpido.
— Vamos lá— Diz ele. Não pode ser tão ruim.
— Oh, é sim.
— O que foi? Ele perguntou, tentando novamente.
— Não ria.
— Eu não vou.
— Promete?
— Essa, diga- me.
Eu fecho bem meus olhos e deixo escapar:
— Eu fui como Bella de Lua Nova.
— Quem? Ele perguntou, completamente perplexo. Que
diabos é uma Bella de Lua Nova?
Eu não entrarei em uma explicação longa e detalhada. Se
ele não sabia, não havia sentido em tentar explicar.
Então, eu só disse:
— Ela era uma personagem de uma série popular de
livros que viraram filmes na época.
— OK.
Antes que ele começasse a investigar, obtendo mais
detalhes, eu me apressei na história. Os fatos não são
importantes, de qualquer maneira. Eu aceno com a minha mão.
Então, nós fomos para a festa. Mas de alguma forma Haven e eu
nos separamos. Eu estava meio que vagando quando este
indivíduo bonito me perguntou se eu precisava de uma bebida.
Faço uma pausa, lembrando-se da minha ingenuidade na
época.
— Eu ouvi falar de drogas de estupro, é claro — Eu digo
suavemente. Mas eu nunca pensei que alguém iria realmente
oferecer-me.
Farren se estica e toca meu joelho vestido de jeans.
Essa...
— Nada aconteceu— Eu digo rapidamente. Quero dizer,
não realmente.
Eu estou visivelmente abalada, mesmo dois anos e meio
depois isso me afeta, e Farren diz:
— Essa, você não tem que dizer mais nada.
— Mas eu quero. Tenho que fazer. Meus olhos
encontram os dele. Eu quero que você saiba.
— Ok. Ele balança a cabeça de uma forma que me
permite saber que ele entende que dividir esta história com ele é
importante para mim.
— Algum tempo depois — eu prossegui — Eu acordei em
um quarto da casa. Eu estava em uma cama. Eu sabia que tinha
sido drogada. Minha cabeça estava tão pesada e tudo estava fora
de foco. De qualquer maneira, o cara bonito estava comigo. Ele
não parecia tão bonito. Ele estava na cama ao meu lado, já
despido. E ele estava tirando minha roupa.
Eu não posso olhar para Farren, então eu fecho meus
olhos quando conto a história com a memória enevoada,
desconexa. Eu queria afastá-lo e eu tentei. Mas eu não mexia os
braços. Lembro- me dele ficar bravo quando começou a retirar os
meus jeans skinny e uma perna ficou presa no meu sapato que
ele deixou em mim. Ele desistiu de tirar meu jeans
completamente. Simplesmente empurrou o jeans de lado,
deixando um sapato no meu pé, rasgou minha camisa e abriu
meu sutiã. Eu suspiro e sussurro
— E então ele espalhou minhas pernas.
Meus olhos continuam fechados. Ouço Farren praguejar
baixinho. Ele entrelaça seus dedos com os meus.
— Ele estava subindo em cima de mim, Farren,
empurrando minha calcinha de lado. Eu sabia que estava perdida
e então comecei a chorar. Foi quando Haven nos pegou em
flagrante.
Farren aperta minha mão, uma pequena ação
reconfortante que me fez sentir segura o suficiente para abrir os
olhos e terminar de contar a minha história.
— Haven começou a gritar com ele: — Eu continuei. Ela
o assustou tanto que ele pulou de cima de mim antes de qualquer
coisa acontecer. E então, sem hesitação, Haven tirou um dos seus
saltos e bateu diretamente em suas bolas com o salto fino. Eu
não posso evitar o riso. Ela foi incrível, Farren. Seu movimento
foi tão suave, como uma ninja.
Farren solta uma gargalhada. Essa é minha irmã -afirma
com orgulho.
— Certo, e uma vez que o cara se recuperou, ele pegou
suas roupas e saiu.
— E então, você estava bem? Farren estava preocupado
novamente.
— Eu estava. Eu suspiro. Mas não estaria se não fosse
por Haven. Ela me salvou Farren. Ela parou aquele cara. Ele
poderia ter feito alguma coisa com ela. Ele poderia ter atingido
ela, qualquer coisa. Mas ela não teve medo. De repente, quebrei.
Eu sinto falta dela, Farren. Eu a amo. Nós temos que encontrá-
la. É a minha vez de salvá-la.
Farren me acalma com palavras suaves. Eu sei,
querida. Eu a amo, também. E eu prometo que nós vamos
encontrá-la. Ele se inclina sobre o console e envolve seus braços
em volta de mim.
Fico aliviada com o seu abraço, mas o console nos
impede de chegar mais perto.
— Droga de console— Murmuro.
E então eu passo sobre o console e subo no colo de
Farren. Ele move o seu banco para trás ajustando-o e me
prendendo a ele com força.
— Sinto muito — Eu sussurro. Eu não deveria ter feito
tantas perguntas. Eu confio em você. Eu faço. Eu me inclino
para trás e olho para as profundezas dos seus olhos verdes. Não
importa no que você está envolvido, Farren, eu sei que você é um
dos caras bons.
Meu cabelo que hoje estava solto por causa de Farren
estava uma bagunça agora, eu o puxei para longe do meu
rosto. Ele não confirmou ou negou nada. E sua expressão
permaneceu indecifrável.
Não importava muito. Estar perto de Farren, montada
nele, com as memórias daquela noite na minha cabeça agitando
meus sentimentos, causou um monte de confusão dentro de
mim. Eu mordo meu lábio e abaixo o meu queixo. Mas quando
seus dedos alcançam e acariciam meu rosto, eu olho para cima.
Farren procura meus olhos, enquanto toca um lado do
meu rosto. Seu polegar passa sobre o meu lábio inferior.
— Tão suave — ele murmura, como se ele estivesse um
pouco surpreendido.
Eu quero muito beijar Farren novamente. Minha mão vai
para o seu peito, e aperto sua camisa. Quando eu puxo com
apenas um toque, ficamos tão perto que sentia sua respiração.
Nossos olhos se fecharam, ao mesmo tempo, e um
segundo depois, seus lábios me tocam, macios com uma paixão
contida. Como na noite passada, depois da minha admissão de
inexperiência, Farren me trata com cuidado novamente. Mas
todos os seus beijos carinhosos e toques suaves servem apenas
para aumentar o meu desejo. Eu preciso de mais, muito mais que
um beijo.
Hoje está um dia fresco de primavera e ambos estamos
de jeans. Mas o material escuro que ele está usando esconde um
pouco o quanto está excitado como eu. Com meus braços em
volta do seu pescoço, eu o beijo de volta com mais urgência. E
quando inclino para a frente em seu colo, cada pedaço dele
pressiona contra o meu núcleo.
Eu lamento em sua boca e faço um círculo com meus
quadris.
— Essa — Ele diz com uma voz rouca quando ele quebra
o nosso beijo — Não. Suas mãos firmes na minha cintura
parando meus movimentos.
— Esta é a parte onde você me diz que você tem uma
namorada? Eu questiono.
Seus dedos flexionam em meus lados. Não, não há
nenhuma namorada.
— Uma garota em cada porto, então?
Ele arqueia a sobrancelha. Porto? Seus olhos brilham de
forma divertida. Eu estava no exército, Essa, não na marinha.
Eu bato o seu abdômen sólido. Ha— ha.
Ele inclina a cabeça ligeiramente, olhando- me com
interesse. Por que você acha que eu tenho uma namorada?
Eu dou de ombros.
— Só para registro, Essa — Ele diz — Eu não beijaria
você desta maneira se eu tivesse uma namorada.
Eu olho para longe. Então, por que você parou?
— Ei... Ele toca minha bochecha, pedindo- me para
olhar para ele. Quando eu olho, ele diz — Eu não parei porque eu
não quero você.
— Você acha que eu sou muito inexperiente? Atrevo- me
num tom suave.
— Nem um pouco — Ele responde, sorrindo. Ele ajeita
uma mecha do meu cabelo. Eu gosto que você seja inocente. Faz
de você... Bem, você. Seus olhos encontram os meus. E, Essa,
eu gosto de você. Eu gosto muito de você.
Eu não posso deixar de sorrir. Eu não só estou
sorrindo. Não, é muito mais do que isso. Eu estou radiante. Não
só porque Farren parece maravilhoso de perto como está, com
seus lábios carnudos um pouco inchados de me beijar, mas,
caramba, ele admitiu que gosta de mim.
— Eu gosto de você, também— Eu sussurro.
Ele me puxa para ele e me dá um abraço sincero.
— Devemos voltar para a estrada— Diz ele no meu
cabelo.
Eu me inclino para trás e aceno.
— OK.
Enquanto estou voltando para o banco do passageiro,
decido que vou deixar Farren definir o ritmo de tudo o que está
acontecendo entre nós. Eu só espero que ele não espere muito
tempo para finalmente decidir que ele quer fazer mais do que
apenas me beijar.
Poucas horas depois, chegamos a Oklahoma City.
— Vamos ficar aqui Essa noite — Farren anuncia quando
dirige para o modesto motel da década de 50.
— Não vamos verificar o local onde o carro de Haven foi
deixado? — pergunto. Quero dizer, Essa é a razão pela qual
estamos em Oklahoma City, certo?
Ele me lança um olhar de soslaio quando coloca o SUV
no estacionamento. Eu irei verificar onde o carro foi
deixado. Você vai ficar aqui. Ele aponta para o edifício do motel.
— Oh, adorável— murmuro quando olho os arredores.
Parece que estamos no set de filmagem do filme
Psicose. O motel é uma imitação perfeita. Tem a mesma casa
gótica assustadora no alto do morro. Na verdade, não há
colinas. É tudo plano aqui. Olhando ao redor, eu posso ver que
não tem outros hotéis ou motéis nas proximidades. Parece que
nós estamos presos neste Motel.
— Eu provavelmente estaria mais segura com você—
Murmuro sob a minha respiração quando um bum macio soa ao
redor.
Farren faz um som de escárnio. Mas logo depois que
fazemos o check in de dois quartos um ao lado do outro, ele
reconsidera.
— Talvez você devesse ir comigo— Diz ele, quando estou
girando a chave (sem cartões-chave aqui) para entrar no meu
quarto.
Eu rapidamente concordo e nós combinamos de nos
encontrar do lado de fora dos quartos em meia hora, dando
tempo para nos limpar após todas as horas que passamos na
estrada hoje.
Felizmente, quando eu entro no quarto, apesar do
mobiliário antiquado, o lugar parece ser muito limpo. Tomo um
banho rápido, troco meus jeans, coloco uma blusa de linho fresca
e depois me reúno a Farren no corredor.
Ele ainda está vestindo jeans, mas mudou para uma
camisa preta de botão. As mangas estão enroladas, expondo seus
braços fortes. Eu não posso parar de olhar e quando começamos
a ir em direção ao SUV, eu suspiro desolada.
Farren está andando na minha frente. Ele olha para mim
por cima do ombro e pergunta:
— Está tudo bem?
— Sim — Eu respondo, meus olhos viajando sobre os
seus ombros largos, descendo para seu torso que se reduz em um
V perfeito — Tudo está perfeito.
No momento, tudo está perfeito, de fato.
Mas as coisas não eram perfeitas, elas raramente eram. A
realidade se arrastou sobre Farren e eu quando saímos do motel.
Viajamos pelos arredores de Oklahoma, até uma parte
abandonada da cidade, onde armazéns abandonados e antigos
trilhos de trem dominam a paisagem estéril. Se eu não estivesse
com Farren, que é mais do que capaz de nos proteger, eu viraria
as costas e correria para longe, muito longe, desse lugar. Nós
diminuímos a velocidade até parar e estacionar na frente do que
parece ter sido uma estação de trem há uma centena de anos
atrás.
— Bem, isso é assustador — eu digo, empinando o queixo
em direção a estrutura fechada com tábuas.
— Não se preocupe. Nós não vamos até lá — Farren
assegura- me ao sair do SUV. Ele aponta para um caminho de
terra serpenteando ao redor do lado do edifício. O depósito é lá
atrás e é para lá que precisamos ir.
— Oh, isso é muito melhor — murmuro sarcasticamente.
Eu olho para o cruzamento dos trilhos de trem e observo
os tufos de erva daninha10 que cresceram entre eles e pelos quais
teremos de atravessar para chegar ao nosso destino. Quando me
vê franzindo a testa, Farren diz:

10
— Vamos. Você vai ficar bem.
Com um suspiro resignado, eu o sigo sobre os trilhos em
direção a trilha.
— Tudo o que precisamos agora é que um pé de salsa
role por aqui11 — comento.
Farren ri. Isso poderia acontecer — diz ele. Esta é uma
velha cidade fantasma, sabia?!
— Não, eu não sabia. Encolhendo- me, eu me agarro ao
braço de Farren. E isso, por sinal, não faz eu me sentir melhor.
Um segundo depois, um rato do tamanho de um gato
pequeno guincha perto de nós, eu grito e espremo seus bíceps.
— Eu odeio este lugar — eu choro.
— Sim — murmura Farren, mais sombrio agora. Ele
envolve seu braço em volta de mim protetoramente. Eu não sou
muito fã dele também‘‘.
Quando chegamos na parte de trás do edifício, meu ódio
pelo lugar esquecido por Deus aumentou dez vezes. Há um
buraco gigante no chão, como uma cratera. Mas esta não é uma
cratera qualquer, parece mais como um abismo.
— Esse é o depósito — Farren me informa, seu braço
caindo de meus ombros.
Nós damos um passo mais perto.
— Você não está realmente pensando em ir até lá, não é?
— Pergunto.
O abismo está cheio de equipamento de uso agrícola,
aparelhos de grandes dimensões... E automóveis.

11 Bolas de feno sopradas pelo vento.


— Sim, eu realmente estou pensando em ir lá —
responde Farren.
Quando termino de digitalizar o conteúdo do depósito, eu
me sinto doente e não apenas porque Farren vai descer pelo lugar
horrível. Estamos aqui para verificar se o carro despejado era
mesmo de Haven, mas eu não esperava ter tal reação visceral e
angustiante ao ver o Jetta azul—marinho. Vê-lo agora, no
entanto, descartado há várias jardas abaixo de onde estou e
encravado entre um refrigerador antigo e um trator, que tem de
ter de pelo menos cinquenta anos de idade, eu não posso parar o
soluço que me escapa.
— Nós nos divertimos muito no carro — eu digo, minha
voz embargada.
Eu penso em todos os sorvetes e doces tarde da noite, e
todas as viagens feitas para reabastecer as nossas reservas de
comida para as sessões de estudo que embarquei com Haven.
Penso nas conversas que eu e ela tínhamos no carro, as
preocupações sobre a escola e os garotos. Todos os bons
momentos me atingem, nosso hábito de baixar as janelas,
aumentar o rádio e cantar nossas músicas favoritas. Compartilhei
tudo isso com Farren e terminei com:
— Deus, a voz de Haven era tão bonita.
— Não diga 'era' — sussurra Farren.
Eu olho para ele, e meu coração se parte. Oh, Farren...
Se ver o carro de Haven abandonado como lixo é
perturbador para mim, é devastador para seu irmão. Quando ele
me pega olhando-o, porém, esconde sua expressão rapidamente.
— Espere aqui — diz ele, limpando a garganta. Vou
descer. Faça o que fizer não saia daqui.
Eu aceno e asseguro-lhe: — Eu não vou a lugar nenhum.
Farren começa a trabalhar, pegando uma corda velha que
encontra descartada no chão. Ele amarra a um dos postes que
sustentam o pórtico de trás do depósito de trem e dentro de
minutos, ele termina e começa a descer para onde está o carro de
Haven.
Eu assisto a corda girar e se mexer no chão. À luz do fim
do dia, parece uma cobra se debatendo. Ugh. Eu estremeço e me
concentro apenas na forma de Farren desaparecendo nas
sombras enquanto ele abaixa-se cada vez mais fundo no
abismo. Logo, não posso mais vê-lo.
Depois de um minuto de silêncio completo, Farren grita
— Essa! — Me assustando.
Em um pulo, eu me aproximo da borda e grito de volta
— Você está bem?
Assim que eu termino de falar, Farren aparece. Ele está a
poucos passos de distância do carro de Haven. A corda está
pendurada sobre o que parece ser um equipamento
perigosamente afiado e enferrujado. Se Farren cair ou a corda for
mais longe, ele pode ficar em perigo.
— Essa — ele diz em voz alta o suficiente para chamar a
minha atenção. Firme a corda.
Eu me ajoelho e agarro a corda em movimento, tento
manter a corda estabilizada, mas, por fim, tenho que sentar na
maldita coisa para ela parar de torcer pelo chão.
— Perfeito, Essa — Farren diz. Agora, basta continuar a
mantê-la estável.
Eu faço o que ele pede e a corda fica firme por tempo
suficiente para que ele salte para o capô do carro de
Haven. Farren vai até a lateral do veículo, abre a porta e em um
piscar de olhos está dentro do carro. De onde estou parada não
consigo ver o que ele está fazendo, só posso detectar um
movimento. Continuo segurando a corda para que esteja firme
quando ele for saltar nela de volta. Poucos minutos se passam e
quando Farren emerge do Jetta, salta sobre a corda e começa a
remexer-se, gritando enquanto sobe
— Mova-se, Essa.
Eu escapo a tempo de evitar uma porrada potencialmente
desagradável da corda, quando Farren iça seu corpo ao longo da
borda da cratera, eu me ajoelho, rastejo sobre ele e envolvo meus
braços ao seu redor. Ele me abraça de volta. Não há nenhuma
explicação necessária a respeito de porque nós dois sentimos a
necessidade de fazer isso agora.
Sentando- me sobre os calcanhares, mas com os braços
ainda segurando frouxamente em torno de Farren, eu pergunto:
— Você achou alguma coisa? Havia alguma pista dentro
do carro?
Ele balança a cabeça tristemente. Não, nada útil. Mas é
definitivamente o carro da minha irmã lá embaixo.
Como nenhum de nós queríamos passar outro momento
no lugar onde o carro de Haven foi despejado como um lixo
aleatório, voltamos apressadamente para o SUV e para o motel.
Acordei às 2:22, os números de LED no despertador de
cabeceira brilhavam na escuridão, banhando tudo em um brilho
vermelho sinistro. Eu rolei na cama irregular do motel e respirei
profundamente. Um vago cheiro de desinfetante e fumaça encheu
o meu nariz, me lembrando de uma época na qual não existia
edifícios não-fumantes. Incapaz de encontrar o sono novamente,
a solidão se arrasta. Se eu estivesse na escola não sentiria
nenhuma necessidade de ligar para os meus pais, com quem falo
geralmente uma ou duas vezes por mês, mas aqui na estrada e
com Haven desaparecida, eu sinto falta de uma voz familiar. No
entanto, sei que ligar para os meus pais, ainda que de um
telefone descartável, poderia colocar Farren e a mim em perigo.
Certamente, os homens que raptaram Haven notaram que eu já
não estou na Pensilvânia. Eles provavelmente suspeitam que eu
estoeja viajando com Farren, o que significa que os telefones fixos
e celulares dos meus pais poderiam estar grampeados.
Dispensando quaisquer outras ideias de entrar em
contato com minha mãe ou meu pai, eu me enterro debaixo do
cobertor do motel. Estou, porém, congelada de dentro para
fora. Nada pode me aquecer. Eu arremessei os cobertores e me
virei me perguntando se Farren também está inquieto. Ele
esconde sua preocupação bem, mas eu sei que a sua
preocupação com o bem— estar de Haven atingiu um ponto alto
depois de encontrarmos seu carro abandonado naquele abismo.
Saindo da cama, entro no banheiro minúsculo do motel. Quando
ligo o interruptor, a iluminação fluorescente inunda o quarto
minúsculo. Estremecendo com a luz ofuscante, murmuro
— Puxa, isso é brilhante — e espero meus olhos se
ajustarem.
Depois que eu alivio minha bexiga, lavo meu rosto e
escovo os dentes. Eu, então, penteio os dedos pelo meu cabelo
confuso por causa do sono.
— Onde você está indo? — Pergunto ao meu reflexo. Eu
não posso deixar de sorrir. Vou para um lugar onde sei que
encontrarei conforto, calor e paz. Eu estou indo para o quarto de
Farren. Cinco minutos após a minha decisão estar tomada, estou
do lado de fora, meus dedos contra a porta do quarto de motel de
Farren. Hesito, castigando- me por não vestir algo mais recatado.
Estou usando apenas uma camiseta e shorts verde-
limão. Sapatos teria sido uma boa ideia também. Quem sabe o
que andou por aqui? Assim que esse pensamento, em particular,
atravessa minha mente, alguma coisa de formato irregular passa
pelo meu pé. E dou um passo para trás e começo a bater na porta
de Farren.
— Farren — eu sussurro em voz alta — você está
acordado? Sou eu.
Eu bato com mais insistência. Se ele estiver dormindo,
não será por muito tempo. Quando, previsivelmente, a porta se
abre, sou agraciada pela presença de um homem cuja aparência é
maravilhosa. Eu esqueço o bicho, esqueço minhas roupas
horríveis, tudo o que posso fazer é abrir a boca
— Uau — enquanto examino Farren da cabeça aos pés.
Ele está ostentando apenas a quantidade certa de barba para
escurecer sua forte mandíbula. A metade superior de seu corpo
está nua, com os ombros parecendo mais amplos e mais fortes do
que quando ele está vestido. Talvez seja devido a todos os
músculos. Droga, ele é definido. Meus olhos percorrem o peito
liso de Farren, seu tanquinho e o rastro de cabelo escuro que
desaparece logo abaixo da borda de sua cueca boxer
escuros. Boxers pretos, tomo nota.
— Essa? Farren fala com uma voz grossa de sono, mas
totalmente sexy. Ele cruza os braços, os músculos se contraem e
ele se inclina contra a moldura da porta. Seus olhos verdes
encontraram os meus. E, oh, esse olhar. Conheço esse olhar. Eu
provavelmente o tenho também. Tenho duas opções aqui: Saltar
sobre o homem ou fazer uma piada e dissipar a tensão sexual
quase combustível entre nós.
Eu escolho a piada.
Gesticulando para fios de cabelo escuro, que estão
aderindo-se em ângulos estranhos a sua cabeça, eu digo
— Faz tempo que está sem lâminas?
Ao que ele responde rapidamente
— Faz tempo que está sem roupas?
Seu olhar percorrendo meu corpo mal vestido.
— Eu estou vestida — Eu protesto minha voz elevando
uma oitava.
Ele estende a mão e levanta a barra da minha camiseta,
expondo o cós do meus shorts verde— limão.
— Mal — ele zomba. Você está do lado de fora
basicamente em sua roupa de baixo.
Eu bato a mão dele, embora de uma forma lúdica e
retruco:
— Estes são calções. Ele levanta uma sobrancelha e eu
emendo: — Bem, mais ou menos.
Suprimindo um sorriso, ele se afasta e diz:
— Essa, entre aqui.
Eu entro em seu quarto e olho para ele. E então nós dois
começamos a rir. É por isso que eu vim para o quarto de
Farren. Ele tem uma maneira de fazer tudo melhorar. A base
sólida que construímos pode ter sido à base de uma tragédia,
mas não é isenta de momentos de leveza... como agora. Eu ainda
estou sorrindo quando Farren dá alguns passos a minha
volta. Ele se estende por toda a cama para acender uma lâmpada.
Aí é quando o meu sorriso vacila. Suas costas nuas de frente para
mim e o brilho da lâmpada iluminando a escuridão me
proporcionaram a visão perfeita de uma cicatriz longa e irregular
que se estende em toda a pele lisa de Farren na parte inferior das
suas costas.
Antes que pudesse me parar, me aproximei e passei
meus dedos ao longo da borda branca de pele enrugada.
Farren gira, e eu puxo minha mão para trás rapidamente.
— Eu.... Eu sinto muito — eu gaguejo. Eu não deveria
ter feito isso.
Ele dá um passo em direção a mim, estreitando o espaço
entre nós em segundos. Ele levanta a mão esquerda e serpenteia
ao redor de seu lado. Colocando meus dedos de volta na cicatriz,
ele diz baixinho:
— Você nunca tem que pedir desculpas por me tocar,
Essa.
Mais uma vez, eu passo os dedos ao longo da pele
enrugada da cicatriz, sussurrando:
— O que aconteceu?
— Briga de faca.
— Você perdeu?
— Se eu tivesse perdido, eu estaria morto.
— O outro cara está...?
— Morto? Farren termina a minha pergunta
inacabada. Eu aceno, e ele responde: — Sim, eu o matei.
Quando minha mão cai longe de suas costas e eu não
falo nada, ele pergunta:
— Isso te incomoda?
Eu balancei minha cabeça. Não.
É a verdade, não me incomoda. Farren estava,
obviamente, lutando por sua vida. E eu estou feliz que ele saiu
vencedor. Novamente, porém, lembro- me de como diferentes
nossas vidas são. Farren é um guerreiro. Ele viu e fez coisas que
não posso sequer começar a entender. Mas eu gosto de seu
mundanismo. Assim como sei que ele gosta de minha
inocência. Nós equilibramos um ao outro dessa forma, como dois
lados de uma moeda.
Quando eu olho para ele, Farren está me observando.
— O que você está pensando? — Ele pergunta.
— Nada realmente.
Seus braços deslizam a minha volta, enquanto minhas
próprias mãos encontram apoio em seus ombros nus.
— Nada, realmente, não é? — Diz ele com um pequeno
sorriso. Ele abaixa seus lábios nos meus e diz: — Por que eu não
acredito em você?
Eu quero dizer a ele o que estou pensando -o quanto eu
gosto dele, realmente gosto dele. Eu quero lhe dizer que acredito
que poderíamos ser bons um para o outro e como devemos dar a
essa conexão uma chance. Mas como digo estas coisas? E se for
muito?
Eu não disse uma palavra sobre os meus
pensamentos. Em vez disso, pressionei meus lábios nos dele e
murmurei contra sua boca
— Devo voltar para o meu quarto?
Seus lábios se movem com os meus. Ele me beija
suavemente, com ternura.
— Você quer voltar? — Ele questiona ao parar de me
beijar. Eu balancei minha cabeça enquanto me dirigia para a
cama. Ok, então — observa ele, sorrindo. Ainda bem que está
resolvido.
— Nós vamos fazer mais do que beijar? Eu bravamente
inquiri.
Ele levanta uma sobrancelha e para quando a borda da
cama está pressionando contra a parte de trás dos meus joelhos.
Você quer fazer mais do que beijar? '
— Sim — eu respondo.
E esse é o ponto onde eu o vejo ceder. Cansei de lutar
contra isso, diz sua expressão. Farren está, então, em cima de
mim... Mãos, lábios... Acariciando, beijando. Ele me abaixa
gentilmente para a cama e me cobre com seu corpo duro. Eu me
contorço debaixo dele, propositadamente criando atrito entre seu
peito nu e os meus seios quase nus. Mais, mais, mais — eu
canto entre beijos. Mas ainda não obtenho o que pedi. Ele para,
achatando as palmas das mãos sobre a cama para que ele possa
sustentar-se por cima de mim. Com seus braços me enjaulado,
seus olhos esmeralda me encontram. Sua intensidade exige que
não desvie o olhar.
— Eu pretendo levar as coisas devagar com você — diz
ele em silêncio, enquanto levanta a barra da minha camiseta
apenas uma polegada.
— Ok. Eu aceno.
Os seus dedos passam pelo meu abdômen, e ele
pergunta:
— Alguém já te deu um orgasmo, Essa?
— Um...
Achatando a palma da mão quente na minha pele, ele diz
sedutoramente
— Além de você, é claro.
Eu digo roucamente
— Além de mim, não.
Seus dedos suaves, mas firmes, fazem uma trilha sob
minha blusa. Quando atinge os meus seios, ele circula meus
mamilos levemente. Lentamente, ele cobre um seio, depois o
outro. Você gostaria que alguém lhe desse um? Ele
pergunta. Sua respiração acelera juntamente com a minha. Você
quer que eu faça você gozar, Essa?
— Deus, sim — eu sussurro.
Meu coração bate com antecipação e meu corpo treme
com a luxúria. Farren abaixa a boca sobre a minha e me beija de
novo, com doçura e suavidade.
— Relaxe — ele sussurra.
Ele se volta para os meus mamilos, tornando-os eretos e
ultrassensíveis ao toque dele.
— Não pare — eu respiro fundo.
— Eu não pretendo — ele me assegurou.
E ao ouvir isso, eu seguro a barra da minha camiseta,
levantando-a e tentando retirá-la. A única coisa em minha mente
é retirar as minhas roupas o mais rápido possível.
Rápido, porém, não é o que Farren tem em mente. Ele
acalma as minhas mãos quando a minha camisa está no meio do
caminho. Eu choramingo em protesto, e ele cobre o meu corpo
com o seu.
Suavemente, contra os meus lábios, ele diz
— Abrande um pouco, Essa. Não há pressa. Eu quero
que você aproveite tudo o que vou fazer com você esta noite.
Sua boca está tão quente contra a minha, mas eu quero
saber o que está vindo.
— E o que você pretende fazer para mim? — Pergunto.
Ele se afasta para que possa olhar para mim. Seus olhos
esmeralda cauterizam a minha alma já queimada. Será que ele
não sabe que eu sou massa de vidro nas suas mãos? Suponho
que sim e que seja por isso que ele está mantendo as coisas sob
controle.
— Você vai descobrir em breve — ele me diz com um
sorriso maroto.
E então não há mais conversa. Nós nos comunicamos
com os movimentos, pequenos toques, olhares e acenos. Quando
ele gesticula que eu deveria levantar da cama, eu o faço. Ele
gentilmente desliza minha camisa sobre a minha cabeça. Deito-
me e suas mãos repousam abaixo da minha bunda me
cutucando, então, obedientemente, arqueio meus quadris e ele
puxa meus shorts pelas minhas pernas. Quando fico nua diante
dele, ele se senta. Seus olhos se movem pelo meu corpo,
observando- me polegada por polegada. Um delicioso arrepio sobe
pela minha espinha. E quando eu percebo sua ereção
impressionante, mal coberta por sua cueca boxer, uma chama
mais forte do que qualquer coisa que já tinha sentido inflama
meu corpo. Eu não sou segura a respeito do meu corpo, porém,
quando seus olhos continuam seu escrutínio sinto- me compelida
a dizer
— Eu não sou uma modelo perfeita, Farren.
De repente, sentindo-se tímida, eu coloco uma mão sobre
os meus seios pesados e a outra mão sobre a minha nua região
pubiana. Será que meus seios são muito grandes? Eu não deveria
ter depilado lá em baixo? Além desses pensamentos irritantes, eu
começo a desejar ter outra mão para cobrir minha barriga não
completamente plana.
Farren, porém, não parece nem um pouco incomodado
por qualquer uma dessas coisas. Na verdade, ele me diz:
— Eu gosto de tudo sobre o seu corpo, Essa.
O olhar em seus olhos reforça suas palavras. Seu olhar é
apreciativo, entregue de uma forma, distintamente masculina que
tem a capacidade de fazer você se sentir absolutamente linda. E
me sinto bonita. Neste momento, sinto-me como se eu fosse a
garota mais bonita do planeta.
Então, quando Farren afasta minha mão de meus seios e
move a mão cobrindo o meu sexo, não resisto. Ele dá uma outra
olhada em todo o meu corpo nu. Desta vez, é como se ele
estivesse contemplando o que fazer primeiro para mim.
Eu tremo por antecipação e ele se inclina para baixo e
lentamente beija uma trilha de pele a partir de minha clavícula
para os meus seios.
— Sente-se bem? — Ele murmura.
— Muito — eu respondo.
Ele leva um peito à boca, seus lábios cobrindo o
mamilo. Ele suga e lambe e me deixa louca. Ele então se move
para o meu outro seio e faz a mesma coisa. Depois de alguns
minutos disso, estou instintivamente levantando meus quadris,
buscando liberação. Meu movimento não passa despercebido por
Farren. Seus dedos separam minhas dobras e deslizam ao longo
do meu núcleo liso. Com a boca fechada sobre um peito e seus
dedos me trabalhando como um instrumento afinado, meu clímax
se constrói e constrói. Ele me provoca até que eu esteja pronta e
quando libera meu mamilo da boca e pressiona um caminho de
beijos molhados para baixo para o meu núcleo, estou no auge,
cantando:
— Oh meu Deus, oh meu Deus.
— Deus não, Essa — Farren diz suavemente, sua
respiração quente acariciando meu osso púbico.
Não, não é Deus. Farren — eu corrijo.
Ele abaixa a cabeça e toca meu clitóris com a língua e eu
explodo.
— Oh, Farren, Farren — Eu gemo, me contorcendo e me
arqueando. Preciso de uma pausa, mas Farren não está nem
perto de ter terminado comigo. Ele move seus dedos dentro e fora
de mim, batendo o meu ponto doce do jeito certo. Ao mesmo
tempo, ele chupa minha protuberância, lambendo e
lambendo. Estou sobrecarregada e doce pressão se constrói
rapidamente novamente. Eu respiro fundo e quando Farren
pressiona a língua na parte inferior do meu clitóris, ondas de
prazer me lavam. Eu finalmente entendo sobre todo o alarido das
pessoas.
Dois orgasmos em sucessão e acho que todo o senso de
decoro é perdido. Eu môo o meu sexo no rosto de Farren. Mas ele
não parece se importar. Ele ergue a minha bunda mais alto e
empurra sua língua dentro de mim.
— Aah-oh, porra, Farren. Outro orgasmo intenso torna-
me incoerente.
Quando finalmente volto para a terra, ele se
senta. Espero que este seja o ponto em que ele se move para cima
do meu corpo e me faz sua. Afinal de contas, eu posso ver o quão
grande ele está. Sua ereção agora se estende além da borda
superior de sua cueca boxer. A ponta está úmida com pré-
sêmem, e pela primeira vez na minha vida, tenho tempo para
colocar um pau na minha boca — o pau de Farren.
Ele me pega olhando para o pau dele e levanta uma
sobrancelha. Gosta do que vê Essa?
Eu concordo.
Ele inclina a cabeça ligeiramente.
— O que você está pensando? — Ele pergunta.
Eu fico quieta e ele estimula
— Essalin?
Eu sussurro a verdade.
— Eu estou pensando que quero saber qual é o seu
gosto.
Sorrindo, ele se inclina e beija o interior da minha ainda
trêmula coxa — uma vez, duas vezes e então se movimenta na
cama até que está ajoelhado ao lado da minha cabeça.
Quando ele tira sua cueca boxer, eu jorro
— Wow. Você é muito grande.
Farren ri e deixa- me olhar com espanto.
— Eu não posso esperar para sentir você dentro de mim
— murmuro.
E isso o faz gemer. Essa...
Mas esta noite vamos levar as coisas devagar. Eu sei que
ele vai me fazer esperar. Ainda assim, eu não consigo parar de
olhar ... e desejar.
— Essalin — Farren rosna, sua voz grossa com sua
própria necessidade — olhe para mim.
Ele arrasta a mão para onde eu estou, francamente,
pingando. Meus olhos encontram os dele e desliza um dedo em
mim. Quando ele adiciona um segundo, meus quadris, por
vontade própria, começam a se mover com ele.
— Eu não acho que eu posso aguentar muito mais — Eu
suspiro.
— Você pode ter muito mais — ele me diz.
E assim eu passo com ele. Estou tão molhada que seus
dedos deslizam com facilidade entre meus lábios inchados.
— Lá vai você, baby — ele diz enquanto seu polegar
estimula meu clitóris.
Quando ele acrescenta um terceiro dedo e bombeia mais
rapidamente, eu digo:
— Eu acho que vou gozar.
— Eu sei que você vai gozar de novo — ele responde.
Eu lambo meus lábios e digo para ele. Goza comigo,
então.
Ele se aproxima e eu o tomo em minha boca avidamente,
surpreendendo- me. Mas as coisas que Farren me fez sentir esta
noite me deixam completamente aberta para ele. Farei tudo o que
ele quiser que eu faça. E quero agradá-lo tanto quanto ele me
agradou. Eu imagino como nós estamos agora: Farren ajoelhado
ao meu lado, minha cabeça virada em sua direção para que eu
possa chupar o seu pau. E eu, com as pernas bem abertas na
cama, os dedos de Farren profundamente dentro de mim. É
erótico; é quente, e quando eu o sinto pulsar, não me afasto. Eu
quero tudo dele... E recebo tudo dele. O gemido que ele emite
quando está gozando em minha boca enche- me de satisfação por
saber que eu fiz Farren Shaw sentir prazer.
Depois, eu mesma estou tão incrivelmente saciada que
não tenho energia para me levantar e escovar os dentes.
— Oh meu Deus, eu não posso me mover — murmuro.
Farren me cobre com um lençol que tem o nosso
cheiro. Ele sai da cama.
— Espere aqui — diz ele.
Eu vejo seu corpo gloriosamente masculino, enquanto ele
caminha para o banheiro minúsculo do motel. Maravilhoso —
murmuro para mim mesma.
Quando ele retorna, depois de ouvi-lo fazer xixi e dar
descarga, traz consigo um copo de água e uma escova de dentes
com uma onda de pasta de dentes em cima das cerdas.
— Obrigado — eu digo ao puxar o cobertor e me sentar.
Farren me entrega a escova de dente e eu escovo. Ele olha ao
redor da sala, encontra um copo de plástico vazio na mesa ao
lado da cama, e estende-o para mim.
— Cuspa — ele comanda.
Depois que eu faço o que me é dito, limpo minha boca
com as costas da minha mão e digo mais uma vez:
— Obrigada.
Ele me entrega o copo de água limpa e leva a escova de
dente e copo nojento com o creme dental cuspido para o
banheiro. Alguns segundos depois, eu o ouvi escovar os próprios
dentes. E então ele retorna.
Estou inclinada sobre a cama, tentando alcançar a mesa
ao lado dele para que eu possa colocar o copo de água lá. Farren
desliza suavemente o copo da minha mão, sorrindo e realiza a
tarefa para mim. Quando desliza para trás sob as cobertas, ele
me puxa para ele.
— Como você se sente sobre o que fizemos esta noite?
Eu olho para ele de onde estou deitada sobre o seu peito
largo.
— O que você quer dizer? — Pergunto.
Ele coloca, para trás, o cabelo que caiu na minha
bochecha. Eu sei que você não é muito experiente, Essa. É por
isso que mantive as coisas, bem, limitadas. Eu só quero ter
certeza de que você está confortável com as coisas que fizemos.
— O quê? Eu me afasto para olhar em seus olhos. Você
está de brincadeira? Eu amei tudo o que fizemos.
Eu tenho certeza de que soei excessivamente
entusiasmada e as minhas faces esquentam quando percebo
como o meu comentário. A forma como foi entregue, prova seu
ponto sobre a minha inexperiência. Mas ele não menciona nada
disso. Em vez disso, ele pergunta:
— Essa a primeira vez que você recebeu.... Uh, prazer
oralmente?
Estou certa, por sua hesitação, que ele estava prestes a
usar um termo muito mais rudimentar para o que ele fez para
mim. Mas é doce que ele o tenha repensado por minha causa.
Ainda assim, eu me sinto estranha por ser uma novata
nesta área do sexo. Eu planto meu rosto em seu peito e murmuro
— Sim — contra os seus músculos rígidos e pele lisa. Foi
a minha primeira vez para a outra coisa, também. Ele está
quieto e eu olho para cima. Eu fiz bem?
Farren ri e responde:
— Você foi perfeita, Essa. Ele envolve seus braços em
minha volta. Agora, vamos dormir um pouco.
Foi minha melhor noite de sono desde que Haven
desapareceu. Dormir nos braços capazes de Farren é puro
êxtase. Infelizmente, quando acordo na manhã seguinte, ele não
está lá. O chuveiro ainda está pingando, então suponho que devo
ter acabado de perdê-lo. Voltando ao meu quarto de motel, tomo
um banho e me visto. Escolho um par de shorts de cor cinza e
um top azul-celeste para vestir neste dia.
Quando estou vestindo o short, ouço Farren retornar ao
quarto ao lado. Eu termino de me vestir, em seguida, me apresso
e arrumo minhas coisas. Eu não quero ser a responsável por não
voltarmos à estrada. Quando termino, corro para o quarto de
Farren. Assim que entro, depois de uma leve batida na porta
entreaberta, acho Farren inclinando-se sobre um mapa que ele
espalhou sobre a superfície da pequena mesa ao lado da
cama. Ele está usando calças escuras e um camisa de botão
branca com as mangas arregaçadas.
— Onde você estava? Eu pergunto, dando um passo
hesitante na direção dele.
Ele olha para mim. Oh, eu tive que falar com Rick.
— Rick está aqui em Oklahoma? Exclamo. Eu pensei
que ele estava indo direto para o Novo México.
— Ele está no Novo México — Farren responde
distraidamente, seus olhos de volta no mapa. Falei com ele ao
telefone.
— Mas nossos telefones descartáveis estão aqui. Eu
aponto para o saco que Farren mantém na sua cama.
— Na verdade — ele olha para mim — precisávamos de
novos. É por isso que eu saí. Ele enfia a mão no bolso, tira uma
um pequeno objeto e o joga para mim.
Eu o pego assim que ele diz
— Dê- me o seu antigo ainda hoje, e vou descartá-lo.
— Oh, ok.
Farren retorna a estudar o mapa e dou um passo para
mais perto. Ele parece um pouco fechado hoje, e eu rezo para que
não seja por causa do que aconteceu entre nós na noite passada.
— Ainda vamos para o Novo México? Eu calmamente
pergunto.
Parece uma pergunta justa, já que ele está debruçado
sobre um mapa daquele estado. Além disso, Novo México é o
nosso próximo destino.
— Sim — Farren responde lentamente. Mas não hoje.
— Oh. Eu estou surpresa com a mudança de planos.
Eu pensei que o tempo fosse essencial.
Farren me dá um olhar como se os meus comentários
fossem divertidos. Ele sorri, e eu sinto que ele está se abrindo
para mim novamente. Acho que ele estava apenas distraído.
— O tempo é essencial — ele confirma. E ainda vamos
para Novo México... Apenas não hoje.
— Posso perguntar o por quê?
Ele aperta a ponte de seu nariz. Rick tem uma equipe
criada para resgatar minha irmã.
— Whoa, espera. Eu coloquei minha mão. É por isso
que ele parecia distraído. Você sabe onde Haven está? Ela está
realmente no Novo México?
Estou cheia de esperança renovada, mas estou sendo
cautelosamente otimista. Podemos saber a localização de Haven,
mas ela não foi ainda resgatada. E os homens que a têm não são
exatamente agradáveis.
— Nós temos um local em potencial, sim — diz Farren.
Mas não é nada definitivo. Eu não quero estar na estrada, no
entanto, e não ser capaz de chegar a Rick. Assim, para os
próximos dias, nós permanecemos onde estamos.
Eu não consigo me controlar, estou tão animada que esta
provação inteira Haven em perigo pode estar chegando ao fim que
eu corro até Farren e jogo meus braços em torno dele.
— Isso é tão incrível — murmuro contra o algodão
engomado de sua camisa. Eu não posso esperar para vê-la
novamente. Olhando para cima, eu mordo meu lábio e pergunto:
— Você não acha que ela vai ficar brava que nós, uh, transamos,
não é?
Farren sorri para mim, e, acariciando meu rosto, ele diz:
— Não, ela não vai. Você sabe que Haven não é assim.
— Eu sei, mas, dadas as circunstâncias...
— Hey. Ele me impele a encontrar seu olhar. Acho que
podemos estar pensando muito no futuro. Vamos apenas ver
como a tentativa de resgate vai. Se as coisas correrem bem,
vamos para uma casa segura, que fica a oeste de Las Cruces. Isso
é no sul do Novo México. Essa casa é onde eu direcionei Rick,
assim que ele a tiver em mãos. Não é uma localização perfeita,
mas vai servir por um tempo. De qualquer forma, se as coisas
correrem perfeitamente como estou esperando, você pode ir em
frente e perguntar a Haven como ela se sente a nosso respeito.
Um nó se forma em minha garganta. Eu não me permiti
ficar pensando no quanto eu estive sentindo falta da minha
melhor amiga, mas coloquei isso de lado por um instante. Eu
sinto tanto a falta dela, Farren. Não posso esperar para vê-la. Mas
estou com uma espécie de medo de ficar muito animada. Você
sabe o que quero dizer?
Eu o olho e ele me dá um pequeno sorriso. Em seguida,
fecha os braços em volta de mim me segurando em um
confortável abraço, ele diz
— Eu sei exatamente o que quer dizer, Essa. Eu conheço
esse sentimento muito bem.
Com o peso do desaparecimento de Haven fora de nossas
mentes, eu passo a conhecer Farren de uma maneira
diferente. Ele se torna um homem aliviado com a preocupação
sobre a sua irmã, agora, subjacente. Ele mantém seus
sentimentos escondidos, mas tenho certeza de que não saber sua
localização estava o matando. Assim, a mudança é boa por
muitas razões. Estou muito mais leve também. E, apesar de não
estarmos fora de perigo no que diz respeito a Haven, as coisas
nunca pareceram tão boas como agora. E isso é perceptível no
meu comportamento e no de Farren.
— Você parece diferente — eu digo para Farren ao
passearmos ao longo da calçada em uma tarde. Nós estamos nos
dirigindo a um daqueles cinemas que passam filmes antigos que
fica a cerca de quatrocentos metros do nosso motel. O plano é
pegar a matinê de um filme de terror de baixo orçamento que está
passando.
— Diferente como? — Ele pergunta.
— Você parece — Eu respiro — Eu não sei. Feliz, acho.
Ele me lança um sorriso malicioso. Talvez seja porque eu
estou feliz, Essa.
— Porque Haven foi encontrada e será resgatada a
qualquer momento?
— Sim, há isso, é claro. Entre outras coisas…
Nós chegamos ao cinema, então eu não posso perguntar
nada para ele ainda. Embora eu ache que sei a resposta de
qualquer maneira. Pelo menos espero que saiba.
Dentro do teatro, Farren e eu compartilhamos um balde
de pipoca amanteigada, bebemos Jumbo-pop e rimos sobre como
personagens de filmes de terror sempre fazem as coisas mais
estúpidas.
— Por que eles sempre vão onde ninguém em sã
consciência jamais pisaria? — Pergunto a Farren, num sussurro,
assim que o filme começa.
O filme começa com uma menina, no final de sua
adolescência, entrando em um porão úmido e escuro.
— Eu odeio porões — eu sussurro, inclinando-se no
ombro de Farren. Você nunca me pegaria descendo essas
escadas. Isso deveria ser uma Casa Assombrada, certo? Quem em
sã consciência iria direto para o porão?
— Essa shh — Farren adverte. Mas ele está sorrindo
enquanto passa seu braço pelos meus ombros.
Eu me aconchego perto dele. Ele sempre cheira tão bem e
agora não é exceção. Logo, sou capaz de relaxar um pouco. Bem,
até que alguma figura sombria salta para a menina de debaixo
dos degraus do porão. Então, pulo no meu banco e grito: — Veja,
eu sabia!
A menina é arrastada para fora e eu seguro o algodão
macio da camisa que Farren está vestindo.
Ele ri de mim. Essa você não estava dizendo quando nos
encontramos pela primeira vez que os efeitos especiais nesses
filmes sempre são uma porcaria?
— Não neste filme — retruco, agarrando-se a Farren
como se minha vida dependesse disso.
— Essa... Ele beija o topo da minha cabeça. ... Você é
muito bonitinha.
Ainda bem que ele me acha bonita, uma vez que até o
final do filme eu estou a meio caminho de seu colo.
— Esse filme foi aterrorizante — Eu declaro poucos
minutos mais tarde, quando estamos deixando o teatro.
— Ainda bem que eu estava com você — responde
Farren.
— Que bom que você estava— Concordo, batendo nele.
Os dias passam comigo e Farren gastando todo o nosso
tempo juntos. Claro, ele tem pausas para falar com Rick sobre o
progresso da tentativa de resgate. Mas desde que as peças estão
se encaixando como planejado —Rick está montando um resgate
de equipe — Farren e eu temos muito tempo para se concentrar
na gente.
Oh, quanta diversão temos...
Nós saímos para jantar todas as noites e jogamos
durante o dia. Descobrimos um parque agradável para caminhar
pela rua do motel. Passeamos lá em todas tardes ensolaradas. Eu
agora conheço Farren melhor e ele me conhece melhor. E à noite,
conhecemos um ao outro de maneiras que não envolvem muita
conversa. Não importa o que façamos, sempre temos um ótimo
tempo juntos. Mesmo quando temos de pagar uma visita a uma
lavanderia — estamos com pouca roupa — fazemos mais do
mesmo.
Nessa manhã, estamos na lavanderia e Farren está
provocando e flertando comigo ao dobrar seus jeans e
camisetas. Eu estou do outro lado do balcão, mas ele continua
chegando cada vez mais perto.
— O que você está fazendo? Eu pergunto, rindo quando
ele está praticamente em cima de mim.
— Verificando o que você está dobrando — diz ele com
indiferença, acenando para um conjunto de calcinha e sutiã de
seda vermelho da Victoria‘s Secret. Eu acho que não vi aqueles
em você ainda — comenta.
— Eu usava-os em um de nossos primeiros dias — eu
digo. Antes de nós, uh, começarmos a brincar.
— Começarmos a brincar — ele murmura para si mesmo,
rindo. E então ele se inclina ainda mais perto, seu hálito quente e
doce ao meu ouvido. Hmm, talvez você possa usá-los esta noite
para mim. Você sabe — ele brinca — antes de ‗começarmos a
brincar‘.
— Farren — Eu repreendo, corando.
Imagens de mim com Essa lingerie e ele em cima de mim,
cobrindo cada polegada de pele recém— exposta com beijos
famintos, me deixa quente e com tesão no meio da lavanderia.
— Talvez eu possa usá-los mais cedo — sugiro. Assim
que voltar para o motel.
Farren se inclina e beija meus lábios levemente.
— Eu gostaria disso, Essa — ele me diz.
Mas, antes de correr de volta para o motel, Farren teve
que deixar suas mais agradáveis roupas – calça comprida e
camisa de abotoar — na lavanderia ao lado.
— Terão que estar prontos até amanhã de manhã — ele
diz à mulher idosa debilitada no balcão após ela pegar suas
roupas.
Ela tem um nariz em forma de gancho e olhos que
piscam sem motivo aparente quando ela diz
— Dois dias úteis é o melhor que podemos fazer.
Farren entrega-lhe uma nota de cinquenta. Arqueando
uma sobrancelha, ele diz
— Agora você pode ter as roupas prontas até amanhã?
Ela agarra-se à nota.
— Sim, senhor — diz ela, seu tom de repente alegre.
Suas roupas estarão passadas e prontas às nove.
— Às oito.
A mulher não pode competir com olhar duro de
Farren. Ela aquiesce e diz:
— Oito.
— Você sempre consegue o que quer Farren? — Pergunto
a caminho de onde estacionamos o SUV.
— Quase sempre — ele responde com um sorriso
arrogante. Jogar um pouco de dinheiro sempre ajuda.
Eu apenas balanço a cabeça e sorrio de volta.
Porra, eu estou me apaixonando por Farren. Passar todo
esse tempo juntos, de forma contínua, sem quebras, permitiu-
nos a ficar perto, muito perto. Outra noite, depois de comer algo
que não deu muito certo, eu estava me sentindo doente e Farren
ficou ao meu lado a noite toda. Quando ele me segurou em seus
braços, pedi-lhe para me dizer algo para me distrair da minha
barriga doendo. Ele me contou piadas sujas dos soldados de sua
unidade. Logo eu estava rindo e esquecendo tudo sobre a minha
dor de estômago.
Estou achando que Farren é tudo o que caras da minha
idade não são. Ele é atencioso e excepcionalmente doce para mim
e me faz sentir bem comigo mesmo. Sem mencionar que com
certeza é extremamente agradável de se olhar.
E isso é o que estou fazendo, uma vez que estamos de
volta no motel. Estou assistindo a um muito quente, muito bonito
Farren abaixar a cabeça para meu peito. Eu estou completamente
nua ao me deitar na cama. Lembra-se daquela lingerie
sexy? Bem, ela foi colocada... e prontamente retirada, muito
lentamente, por Farren, com seu cabelo escuro atualmente
despenteado dos meus dedos passeando através dos fios sedosos
repetidas vezes. Ele trava em um mamilo e eu suspiro em
resposta. Observo os seus músculos grossos e os fios de cabelo
em seus braços enquanto ele move o seu corpo sobre o meu. Até
agora, Farren ficou em cima de mim, ao meu lado, atrás de mim,
e debaixo de mim, uma vez que nos envolvemos em muitos atos
sexuais. O único lugar em que ele ainda não ficou foi dentro de
mim.
E eu estou morrendo por isso.
— Por favor, Farren — eu imploro o peso de sua ereção
pressionando sedutoramente na minha coxa. Basta colocá-lo por
um segundo.
Ele libera o meu mamilo e olha para mim.
— Paciência, Essa — ele responde.
— Como você pode ser tão forte? — Pergunto.
— Como eu poderia não sê-lo?
Farren não fala, mas eu sei o que ele está fazendo. Não é
apenas esperar até Essa— estar— pronta, embora seja isso
também, Farren está moldando- me sexualmente para que seja
exatamente como ele quer. Ele está me fazendo sua, me
ensinando o que gosta. Ele me mostra como quer que eu o toque
e me pede para lhe dizer qual, das muitas coisas que ele faz para
mim, eu mais gosto. Acontece que, eu gosto de praticamente tudo
o que ele faz. Eu respondo favoravelmente a cada toque de
Farren. Aprendi a me deixar levar por ele. Tornei- me confortável
com Farren. Meu corpo implora pelo que ele quiser me dar e sei
que ele gosta de ver eu me deleitar com o prazer. E certamente
desfruto de agradá-lo de qualquer maneira que ele deseje.
O homem é infinitamente criativo também. Como na
manhã seguinte no chuveiro...
Nós não estamos realmente tomando banho. Não, ainda
não. Farren não está nem mesmo no chuveiro. Ele está sentado,
nu, sobre a borda da banheira. Eu estou no chuveiro, mas não
estou me lavando, mas, sim, me masturbando para o prazer de
Farren... E para meu próprio, é claro.
A água quente derrama pelas minhas costas, somando-se
a todas as sensações inebriantes. Um pé está na coxa nua de
Farren. Ele quer ver tudo o que faço para mim mesma e quer ver
tudo de perto. Nós deixamos a cortina do chuveiro semiaberta e
água está disparando em todos os lugares.
Mas nenhum de nós se importa. Farren está muito
ocupado assistindo- me. E ele está se masturbando.
Ele encontra um ritmo que coincide com o meu enquanto
eu deslizo os dedos sobre o meu clitóris e em minha buceta
repetidamente.
Eu suspiro, ele geme. Meus dedos se curvam e seu aperto
sobre meu pé aumenta.
— Eu estou perto — Eu rosno.
Em resposta, ele alinha o pau nas minhas dobras e
quando começo a pulsar, ele me acompanha. Jorros quentes de
sua essência batem em minha buceta, bem como os dedos em
movimento. Meu orgasmo é prolongado quando penso em quão
erótico e sujo este ato é... E o quanto eu o amo.
— Você gostou disso? Farren pergunta um minuto mais
tarde ao entrar no chuveiro atrás de mim.
Eu me inclino para trás contra seu peito duro.
— Sim — eu respondo — muito.
Farren pega o sabão e gentilmente esfrega meus
ombros. Suas mãos fortes amassam os músculos que estão
doloridos depois de tantas posições sexuais. Suas mãos roçam
nas minhas costas, e ele murmura — Minha Essa.
— Eu sou a sua Essa — eu sussurro.
E é verdade. Eu estou me tornando sua em todos os
sentidos. Farren me molda. Ele está me preparando para tornar-
me sua na única maneira que eu não sou ainda.
E, rapaz, estou pronta para isso.
Quando recebemos a notícia de Rick de que a tentativa
de resgate foi um sucesso e que Haven estava segura na casa
perto de Las Cruces, Farren e eu voltamos para a estrada. O
clima está perfeito e eu estou em um humor bom, então tirei um
monte de fotos com a câmera descartável que Farren comprou-
me no primeiro dia. Quando eu usei o último filme e proferi uma
maldição, ele olhou por cima.
— Pronta para outra? — Ele pergunta.
— Eu acho que sim — eu respondo.
Em nossa próxima parada, Farren compra- me uma
bolsa inteira de câmeras.
Em trezentos quilômetros de viagem, eu passei o tempo
todo tirando fotos da paisagem. Entretanto, esgueirei- me por
alguns segundos para tirar algumas do perfil de
Farren. Mandíbula forte, barba por fazer, óculos de sol ... Sim,
Essas fotos serão guardadas.
Quando meu momento fotógrafa passa, eu sou inundada
de culpa. Eu não perguntei muito sobre Haven e a missão de
resgate.
Olhando para meu colo, faço isso agora. Então, Haven
está definitivamente segura?
Farren mantém os olhos na estrada. Não é como se eu
pudesse ver seus olhos verdes de qualquer maneira, devido aos
óculos de sol.
— Ela está segura — ele responde calmamente.
Mas algo parece errado.
— Como foi? Pergunto. Será que Rick não podia
simplesmente entrar onde ela estava e levá-la?
Farren bufa. Não foi assim tão simples, Essa.
— Eric e Vincent estavam lá?
— Não — ele afirma.
Isso deixa- me com o pensamento de que Eric e Vincent
ainda estão lá fora.
— Então quem foi ajudar Haven? — Pergunto.
— Guardas.
— Quantos?
— Um pouco.
— O que aconteceu com eles? Eu pressiono.
Farren olha para mim. Eu gostaria de ter a coragem de
estender a mão e agarrar fora seus óculos de sol para que eu
pudesse ver o que está realmente em seus olhos. Mas não
ousaria.
Quando seu olhar retorna à estrada, ele diz:
— O que você acha que aconteceu com eles?
— Eles estavam incapacitados? Eu arrisco.
Ele ri. Você poderia dizer isso.
— Eu não quero falar sobre os guardas mais — de
repente eu estalo.
— Bom — Farren diz secamente.
— Então — eu começo de novo — qual é o plano para
quando chegarmos no Novo México?
Farren exala audivelmente e sei que ele está feliz que o
foco da conversa saiu da missão e resgate.
— Nós vamos encontrarmo— nos com Rick e Haven — diz
ele. Ele está levando-a para Albuquerque depois que ela for vista
por um médico.
— Um médico? Minha testa vinca. Eu pensei que ela
estava bem.
— Ela está — Farren diz cuidadosamente — mais ou
menos. Ainda assim, eu quero que um dos nossos médicos
verifiquem seu estado.
— Você tem médicos que trabalham com você?
— Você ficaria surpresa com as pessoas com quem
trabalho — responde Farren.
Este é o Farren mais aberto do que nunca. Eu sinto que
ele quer falar e que ele pode até estar finalmente pronto para
compartilhar algumas coisas comigo. Não é inteiramente
surpreendente. Depois de todo o tempo que temos passado
juntos, não há como ele não se sentir tão próximo de mim quanto
eu estou dele. Ele é apenas humano, afinal.
Confirmando a minha suspeita de que ele quer falar,
continua. Nós estamos apenas com sorte, pois temos Haven de
volta conosco. Mais alguns dias e ela teria sido levada para algum
lugar no México... onde levaríamos Deus sabe quanto tempo para
encontrá-la. Ele suspira, desgostoso. As coisas que teriam
acontecido com ela lá...
Quando ele terminou, eu cuidadosamente pergunto: — O
que teria acontecido?
Ainda há tanta coisa que eu não sei. Mas Farren
sabe. Ele está, obviamente, profundamente envolvido, como está
seu amigo Rick. De que outra forma eles teriam todas essas
informações? Além do tempo que passaram a trabalhar juntos em
operações especiais, Farren e Rick, obviamente, ainda trabalham
como uma equipe para alguém. Mas quem os empregou? E por
quê?
Farren olha para mim. Ele é dolorosamente belo com o
sol brilhando sobre ele através do para-brisa. Deus, ele é
impressionante. Mas eu não posso me distrair agora. Eu quero
uma resposta.
Novamente pergunto:
— O que aconteceu com sua irmã no México, Farren?
Um músculo salta em sua mandíbula. Vamos apenas
dizer que coisas ruins, Essa. Coisas muito ruins.
Estou exasperada. Por favor, Farren, você tem que me
dar algo mais. Como, por exemplo, como você sabe tudo isso? Não
mereço algumas respostas? Quer dizer, mesmo depois ... Minha
voz falha.
Sinto- me perto dele. Como ele poderia não se sentir
perto de mim também? Mas se isso fosse verdade, ele iria dar- me
mais, certo?
— Eu só não sei — murmuro.
— Não sei o que? — Pergunta ele, sua paciência
crescendo um pouco.
— Pensei que estávamos próximos. Eu olho para fora da
janela lateral. Isso é tudo.
Sua mão vai para o meu joelho. Estamos próximos,
querida.
Eu não entendi bem e fiquei na defensiva — Eu quis dizer
para além do físico.
Ele rapidamente retira a mão do meu joelho e diz
bruscamente
— Eu estava me referindo a coisas além do físico, Essa.
— Oh. Agora, me sinto uma estúpida.
Um longo momento passa. Farren suspira e tira os óculos
de sol. Ele diz:
— Olha, eu sinto muito. Eu não queria ficar bravo com
você.
— Sinto muito, também — eu respondo, meu tom
verdadeiramente apologético. Eu fiz uma suposição.
— Tudo bem — diz ele.
— Sim, mas você sabe o que dizem quando você vai e
'assume‘ alguma coisa.
Farren faz um som engasgado. Ele sabe que eu estou
tentando clarear as coisas. Sorrindo, ele diz:
— Sim, melhor não assumir. Faz com que haja uma
clima estranho entre nós.12
Nós dois começamos a rir e quando as coisas se
acalmam, ele suspira e diz:
— Você tem sido muito paciente, Essa. E sei que deveria
estar mais próximo de você.
— Farren — eu interrompo, meus olhos baixando para o
meu colo. Você não tem que me dizer nada. Eu estou bem.
Sua mão retorna ao meu joelho e ele diz:
— Mas eu quero dizer-lhe, Essa. Eu realmente quero.
E é assim que, em algum lugar perto de Amarillo, Texas,
eu descobri o que é que Farren realmente faz.
— Depois que eu fui dispensado do serviço militar — ele
começa — fui abordado por um homem chamado Barnes, Mr.
Quinton Barnes.

12No original, ―It makes an ass out of u and me.‖ Trocadilho com a palavra
―assume‖, de ―assumir‖.
Farren acalma-se depois que ele revela o nome de seu
empregador. Eu escutei esse nome antes. Em um contexto de
negócios, eu tenho certeza disso. Mas eu não consigo lembrar de
onde.
Ele vem para mim, porém, quando Farren diz
— Sr. Barnes é um homem muito rico, muito poderoso,
com conexões em todo o mundo.
— Eu ouvi falar dele — digo a Farren animadamente. Eu
li sobre Quinton Barnes em Estudos de Negócios, no meu ano de
caloura.
— Eu não estou surpreso que você já ouviu falar dele —
responde Farren. Ele é um empresário muito bem sucedido.
— Ele é privado, embora, certo? — Digo. Eu acho que
lembro de ter lido que ele fez sua fortuna mais tarde na vida e
que sempre foi um pouco recluso.
Farren parece surpreso que eu me lembre de tal
detalhe. De repente, e inexplicavelmente desprovido de emoção,
ele afirma:
— Sim, isso é certo.
Esquisito.
— Então — eu digo, tentando aliviar o clima. Sr. Barnes
é superpoderoso e rico. O que ele queria de você?
— É algo que ele ainda quer Essa — Farren afirma
categoricamente.
— E isso é... Eu pedi.
— Ele quer alguma coisa que todo o poder e riqueza no
mundo nunca pode dar a ele.
— O que significa isso? Eu delicadamente pergunto.
Farren hesita e por um momento eu acho que ele vai
dizer algo relacionado a si mesmo. Mas então ele simplesmente
diz:
— Isso significa que ele quer justiça para sua filha.
— E você pode dar para ele?
— Sim — Ele me olha intensamente — Eu posso.
Seus olhos voltam à estrada, e eu pergunto:
— Por que ele quer justiça para sua filha? Justiça que só
você pode dar, acrescento na minha cabeça. O que aconteceu
com ela?
Farren me lança um olhar de soslaio.
— Tem certeza que você quer saber?
Eu inspiro e depois expiro.
— Sim, eu quero saber.
— Sua filha foi sequestrada, abusada, torturada, vendida
como escrava sexual, e, finalmente, assassinada.
Puta que pariu. Meu Deus.
— Os homens que raptaram fazem parte da mesma
organização que tomou Haven. É tudo parte de algo grande, Essa,
algo muito grande. Eric e Vincent trabalham para Essa
organização. Seu trabalho é raptar mulheres, meninas
mesmo. Eles geralmente atacam fugitivos, pessoas sem laços com
ninguém. Mas isso nem sempre é o caso.
— É algo relacionado com a máfia? Eu questiono.
— Eu gostaria que fosse assim tão simples — Farren diz,
esfregando a mão pelo rosto. A organização criminosa que
desenvolve essas práticas não têm laços com a máfia. Mas
também é parte de um conglomerado maior, um conglomerado
com muitas empresas legítimas, empresas que podem se
esconder.
— Então — eu pergunto — é apenas um braço do
conglomerado que é ruim?
— Sim — Farren confirma. É por isso que a filha de Mr.
Barnes foi tomada. Ele se recusou a vender uma de suas
empresas a um homem muito poderoso dentro da parte corrupta
da organização, um homem conhecido simplesmente como
Dawson.
— Dawson — eu sussurro. O nome por si só vira meu
estômago.
— Ele permanece nos bastidores, este Dawson. Eu
encontrei com ele algumas vezes, e na primeira vista, ele deu a
impressão de que é apenas mais um homem de negócios
conservador de aparência mais velha. Mas, na verdade, ele é um
homem muito doente. A voz de Farren cresce sombria. Ele tem
prazer na humilhação e dor dos outros.
Eu tremo e Farren apressadamente termina com — O
ponto de partida foi que Dawson perdeu um monte de dinheiro
quando Barnes não quis jogar bola. Tomar a filha de Mr. Barnes
era retribuição.
— Mas tirar sua filha. Estou horrorizada. Meu Deus,
qual era o nome dela? E quantos anos ela tinha? —
Farren parece ferido quando ele diz:
— O nome dela era Annemarie. Ele se recompõe quase
que instantaneamente e acrescenta: — Ela tinha dezesseis anos.
— Sinto- me doente. Pobre Annemarie — eu proferi.
Dezesseis anos e capturada por um homem doente,
perturbado, um homem que tem o poder de fazer as pessoas
desaparecem sem perguntas. Eu abaixei a janela para sentir um
pouco de ar fresco.
— Você está bem? — Pergunta Farren.
— Eu acho que sim. Eu aceno minha mão. Sim, estou
bem. Continue.
Farren respira profundamente, como se estivesse
acalmando-se. De qualquer forma, o Sr. Barnes apresentou um
caso convincente quando ele falou comigo. Ele disse que eu
poderia trazer aquilo que precisava para fazer as coisas
acontecerem. E então ele me fez uma oferta ... uma oferta muito
lucrativa.
— Uma oferta para fazer o que exatamente? Pergunto.
— Infiltrar na organização. Trazê-la para baixo, para o
bem.
— Trazer para baixo todo o conglomerado de empresas?
Exclamo, espantada que tal esforço poderia até ser possível.
— Não todo o conglomerado — confirma Farren. Mas ele
quer o tráfico de seres humanos parado. Ele quer que o comércio
do escravo sexual seja incapacitado. Isso significa que a
organização criminosa deve ser trazida a seus joelhos, incluindo
Dawson.
— E você e Rick fizeram progressos nessa direção?
— Sim, mas não é sempre que nós dois trabalhamos
juntos. Às vezes trabalhamos sozinhos e algumas vezes
trabalhamos com equipes que já estão montadas, homens com
quem trabalhamos antes, os homens em que se pode confiar.
— Caras das Forças Especiais? -arrisco.
— Muitas vezes, sim — responde Farren.
Suavemente, eu pergunto
— É por isso que Haven foi um alvo?
Farren balança a cabeça, passando a mão pelos cabelos
negros que estão maiores comparados com a primeira vez que nos
vimos. Rick e eu causamos algum dano maior, assim como as
nossas equipes. Nós interrompemos o seu funcionamento.
— Foi por isso que você estava gastando tempo na
Tailândia e, em seguida, na América do Sul? Não é de se admirar
que Farren disse que os lugares que ele tinha viajado estavam
longe de ser bonitos. Deus, as coisas que ele deve ter visto...
— Sim — ele responde. A maioria do tráfico de seres
humanos passa por lugares onde a corrupção corre solta. É mais
fácil dessa maneira para pagar as pessoas, para fugir com as
coisas. No mês passado eu estava na Venezuela. Estava sozinho
lá. A operação era muito sensível para mais de um homem. Ele
respira profundamente. Mesmo assim, fui capaz de salvar oito
mulheres. Foi bem difícil por um tempo, embora. Eu não tive
certeza se seria capaz de salvá-las, especialmente porque não
tinha um suporte. Mas sabendo que eu estava ajudando essas
meninas se afastarem daquela vida — e eu estava — finalmente,
me senti bem sucedido.
— Isso é incrível, Farren — digo em voz baixa. O que
você fez como você se colocou no assunto.
Quero acrescentar que estou com medo agora, mas não
acrescento.
Farren olha para mim e depois volta para a estrada. De
qualquer forma, na Venezuela, eu me infiltrei no cartel de drogas
que estava segurando as meninas em cativeiro, e foi aí que
conheci Eric e Vincent. Eles pensaram que eu estava do lado
deles. Naturalmente, as suas opiniões mudaram no momento em
que escapei com as mulheres. Sequestrar Haven é retaliação, um
aviso para parar. Ele faz uma pausa e diz baixinho: — Então
agora você sabe Essa.
— Agora eu sei — eu acho.
Estamos ambos em silêncio por alguns minutos, e então
me aproximo e toco em seu braço. Eu sabia o tempo todo que
você era um dos caras bons.
Farren me dá um sorriso triste. Isso é discutível. Eu tive
que fazer algumas coisas ruins ao longo do caminho, as coisas
que têm sido muito menos do que honrosas.
— Eu tenho certeza — murmuro.
Cartéis de drogas, tráfico de seres humanos, enganando
uma organização corrupta em pensar que você está do lado
deles...
Apresso-me a acrescentar:
— Eu não acho que quero saber todos os detalhes
específicos.
Farren responde secamente:
— Não, Essa. Garanto-lhe que você não quer mais
detalhes.
O silêncio cresce. E depois de um tempo, não há conforto
nele. Toda essa honestidade derrubou todas as barreiras ainda
existentes entre nós. Não há segredos mais, nenhum importante e
fiquei com o conhecimento de que, apesar das coisas que tinha
que fazer, Farren Shaw é simplesmente um bom homem.
Nós continuamos em nossa jornada, se aproximando da
fronteira do Novo México, e logo se torna evidente, por causa da
aura descontraída de Farren, que confiar em mim foi um alívio
para ele, também.
Falamos e ouvimos música. Farren sorri com mais
frequência à medida que avançamos quilômetro após quilômetro,
e Deus, o seu sorriso é lindo. Em um ponto um carro esportivo e
elegante passa, eu faço uma piada sobre o nosso SUV.
Farren ri.
— Isso é um indício de que você está pronta para um
carro diferente?
— Hum, você quer a verdade?
Eu ganho outro olhar de soslaio, um enchido com
impaciência simulada. Sim, a verdade seria bom.
Amassando o meu rosto, eu admito
— Sim, eu meio que estou pronta para algo diferente.
Farren faz uma chamada rápida em seu telefone, listando
uma série de números (latitude e longitude?) para quem está na
extremidade de recepção.
— O que foi aquilo? Eu pergunto no momento em que
nós estamos entrando no estado do Novo México. Nós saímos da
interestadual quase imediatamente e paramos em alguma estrada
do deserto.
— Isso é sobre uma surpresa para você — diz Farren
enigmaticamente.
Dez minutos depois estamos em um armazém
abandonado e não há uma alma à vista. Farren para o SUV, sai e
desliza para abrir uma porta grande de metal na parte da frente
do edifício. Quando volta, ele dirige direto para o armazém. Uma
luz ativada por movimento ilumina o interior vazio.
Mas o armazém não está completamente vazio.
Quando eu vejo o que está lá dentro, eu engasgo
— Oh... Meu... Deus...
Farren estaciona o SUV, se inclina e sussurra em meu
ouvido:
— Você gosta de sua surpresa?
— Com certeza... Comento.
Na minha frente é o carro que eu estava esperando
Farren ter desde o início desta aventura — um carro esportivo
vermelho elegante.
— O que é isso? — Pergunto.
— É um carro, Essa — ele fala.
Eu o empurro, ainda que de brincadeira.
— Ha— ha. Quero dizer que tipo de carro é?
— Eu sei o que você quis dizer — ele me diz, abrindo a
porta do lado do motorista. Vamos. Nós vamos verificá-lo juntos.
Farren sabe exatamente que tipo de carro que é. Afinal de
contas, eu assumo, é seu.
— Não é um alugado? Eu pergunto, só para ter certeza
que eu ouvi-lo corretamente.
— É tudo meu, baby — diz ele, sorrindo.
Ele então me informa que o carro vermelho brilhante é
uma Ferrari 458 Itália. Isso não significa muito para mim, mas
suspeito que seja rápido para caralho.
Farren começa a brincar com a capota removível, dizendo
como ele trabalha agilmente
— Esta é apenas a primeira parte de sua surpresa.
Eu circulo o perímetro do carro, admirando a sua maciez.
O que é a segunda parte? Distraidamente traço o meu dedo
indicador ao longo do capô suave.
Eu olho para cima quando não obtenho resposta. Uau. E
se eu achava que os sorrisos de Farren anteriormente foram
incríveis, eu estava redondamente enganada. O sorriso que ele me
dá agora sopra todos os outros para longe.
Ele pesca uma chave do bolso e entrega para mim.
— Vamos nos divertir um pouco — diz ele.
Eu sussurro
— De jeito nenhum.
— É a sua vez de dirigir, não é?
Eu pego a chave hesitante.
— Então — eu digo devagar — é finalmente a minha vez
de dirigir e você quer que eu conduza este carro?
— Sim. Farren ri e pega a minha mão. Com a outra mão
na parte baixa das costas, ele me orienta à porta do lado do
motorista. Você vai dirigir uma Ferrari, senhorita Brant, um dos
carros mais rápidos na produção. Esta notícia deve fazer você
feliz.
Minha resposta?
Eu olhei para ele com a sobrancelha erguida
— Sério?
E, então, entro no carro.
Não há nenhuma necessidade de palavras, porque não
tem como eu dizer a Farren como estou animada. Também não
posso expressar o quão incrivelmente feliz ele me fez sentir neste
momento. Mas não é apenas a Ferrari que me trouxe alegria. É
Farren. Farren na minha vida é bom para mim. Ele entrou em
minha vida no momento perfeito, mesmo que as circunstâncias
sejam longe de serem ideais. E talvez eu tenha entrado em sua
vida no momento certo, também. Com certeza, é isso que parece
quando olho para ele e tomo nota de que parece bastante
contente.
E esse é o ponto em que percebo que quero continuar
essa relação que estamos construindo. Eu não quero que termine
após Haven ser resgatada e nós voltarmos para casa. Minha vida
-a vida que eu quero — bem, parece que Essa vida está apenas
começando. Um desvio inevitável levou- me aqui, mas agora eu
preciso de outro para nos manter juntos. Eu tive um gosto de
Farren e estou faminta por mais.
Olho para Farren enquanto coloco a chave na ignição. Ele
sorri para mim. Há algo mais em sua expressão, embora. Algo
que me faz achar que talvez, apenas talvez, Farren Shaw quer que
isso continue, também.
Cento e noventa quilômetros por hora. Isto é o que o
velocímetro mostra quando eu olho para ele.
Eu acelero.
Sentada no assento do motorista de um carro que nunca
sequer sonhei em entrar — e muito menos, em dirigir — eu passo
por um longo trecho de estrada deserta, reta como uma flecha.
— Não me lembro de ter me sentido tão livre — eu grito
para o Farren sobre o alto ruído do motor e do vento.
Ele sorri.
— Você está indo muito bem — ele grita de volta.
— Caramba, Farren — o vento passa através da capota
aberta, soprando meu cabelo para todos os lados — Essa coisa é
rápida.
Ele ri e acena com a cabeça. Mas a 190 km/h, ele me
pede
— Diminua um pouco, amor.
Minhas bochechas ficam quentes e não é do sol
escaldante sobre nós. Não, eu estou aquecida pela lembrança de
como Farren disse essas mesmas palavras para mim há uma
hora atrás, antes de sairmos do armazém, e depois dele ter
carregado a nossa bagagem e ter seu arsenal de armas
escondidas na Ferrari. Sua mão se arrastou sobre a minha saia
quando ele estava de volta ao carro. Estava sentada no banco do
motorista e em poucos minutos, eu estava moendo com força em
seus dedos.
Agora, como antes, eu não escuto.
Eu não desacelero, quando atinjo um remendo de
cascalho, ao volante empurra em minhas mãos e eu perco o
controle de novo, exatamente como antes. Mas em vez de gozar
duro, como fiz com os dedos de Farren, agora todo o meu corpo
está tenso de uma maneira diferente.
— Essa — Farren adverte.
Finalmente, diminuo e piso no freio. O carro perde o
controle por um instante, mas permanece na estrada. Quando
paramos completamente, solto um suspiro. Oh meu Deus, isso
foi incrível.
Farren se vira em seu assento, colocando a mão na parte
de trás da minha cabeça. Ele entrelaça os dedos no meu cabelo e
fecha a distância entre nós. Seus lábios se juntam aos meus,
famintos e gananciosos. Hoje em dia nós não conseguimos ter o
suficiente um do outro. Eu me perco no Farren enquanto ele
incita minha boca aberta. Ele toca sua língua na minha. Ele tem
um sabor delicioso, mesmo enquanto me consome.
A dor constante entre as minhas pernas, que nunca
desaparece completamente quando estou com ele —não importa
quantos orgasmos ele me dê — pulsa agora. Abro meus joelhos,
eu estou de vestido e a calcinha que coloquei hoje de manhã está
perdida em algum lugar dentro do carro, depois do nosso
encontro anterior. Os dedos do Farren alcançam meu clitóris
imediatamente.
— Isso é tão bom — murmuro enquanto ele trabalha sua
mágica em mim.
Estamos no meio da estrada, mas não há uma alma viva
à vista. É tudo deserto, marrom em todos os lugares que você
olha. E quando eu inclino minha cabeça para trás, a única coisa
acima de nós, é um céu azul claro e vibrante.
Os lábios do Farren tocam meu pescoço e ele faz uma
trilha de beijos até meu ouvido. Goze para mim, querida — ele
insiste. Goze em toda minha mão, assim como você fez antes.
Ele torce os dedos dentro de mim, atingindo o ponto certo e ele
consegue o que quer.
Enquanto eu ainda estou pulsando, duro, ele sussurra
em meu ouvido:
— Eu não posso esperar para foder você, Essa.
Eu pulo contra o assento, meu orgasmo prolongado por
suas palavras. Estou nas alturas e o tempo para quando ele
acrescenta com a voz rouca:
— Mostre-me o quanto a sua buceta quer o meu pau.
Eu explodi, implodi. O tempo parou. Quando eu me
recupero o suficiente para me mover de novo, minha mão vai em
direção a Farren. Eu abro seu jeans, abaixo sua cueca e agarro o
seu pau inchado. Ele está mais do que pronto, então eu o
masturbo como sei que ele gosta, duro e rápido.
— Merda, Essa — ele geme. Ele levanta os quadris,
abaixa suas calças e boxers um pouco mais. Continue fazendo
isso, amor.
Quando eu sinto que ele está perto de gozar, eu abaixo a
cabeça e levo-o em minha boca. Se há uma coisa que eu aprendi
sobre mim, é que amo o gosto do Farren. Ele sabe que gosto
disso, então goza na minha boca. E depois de ter engolido e me
afastado um pouco, ele bate o pau em meus lábios.
— lamba tudo — ele comanda.
Eu gosto quando ele está exigente, combina com sua
personalidade alfa. Há uma pequena gota de líquido na ponta e
eu faço meu trabalho, lambendo e limpando-o com longos cursos
da minha língua.
Eu não posso acreditar que Essa seja eu, a menina que
pensou que odiava todas as coisas relacionadas a sexo. Mas tudo
o que Farren tem me mostrado ou me feito fazer, eu gosto. As
coisas sujas, as coisas doces e amorosas, é tudo perfeição, para
mim. Mas sinceramente, quando se trata de sexo, é o homem com
quem faço essas coisas e quem as faz comigo, que torna tudo tão
bom.
Eu acho que o Farren sabe disso, também. Ele hesita em
me foder, porque sabe o quanto tudo isso significa para mim. Ele
sabe como eu me sinto sobre ele. E sabe que vai me ter por
completo quando nos tornarmos um.
E ele está certo, uma vez que eu esteja com ele da
maneira mais íntima possível, eu serei sua para sempre.
Nós encontramos um lugar para passar a noite. É no
meio do nada, em algum lugar a oeste de Santa Rosa. O pequeno
motel é feito com tijolos de barro e um teto de madeira. Eu gosto
dele, é bonito.
Farren, que assumiu a direção após minha perda de
controle no deserto, puxa o carro para um pequeno
estacionamento de cascalho e areia. O Sol já está se pondo e uma
placa em formato de cacto azul com luzes neon, suspensa em um
poste, pisca para a vida. As letras sob o cacto dizem — Blue
Cactus Inn.
— Este lugar é tão singular — Eu penso em voz alta. Ele
parece ser especial.
Farren estaciona a Ferrari do lado de fora do escritório do
motel e depois de desligar o carro, ele se vira para mim e diz:
— Estou feliz que você tenha gostado. Ele abre a porta
do lado do motorista. Eu vou descer e conseguir um quarto para
nós dois, ok?
Há uma pequena loja com uma cafeteria ao lado em
frente ao motel — o único outro estabelecimento a vista.
Apontando para a pequena estrutura de madeira, eu digo:
— Você quer que eu pegue algo para beber?
— Claro — ele responde — Isso seria ótimo.
Tenho certeza que o Farren está pensando que eu vou
comprar refrigerantes, mas quando entro na loja, decido que esta
noite pede uma garrafa de tequila. Eu pego um pouco de sal e
alguns limões, também.
— Tendo uma festa hoje à noite, mocinha? — O homem
grisalho atrás do balcão pergunta quando coloco tudo no balcão.
Não tenho certeza de como responder, até que eu vejo em
seus olhos azuis cansados, mas brilhantes, que ele está
brincando. Sorrindo, eu digo:
— Mais ou menos.
Eu não pretendo ficar morta esta noite, mas meio que
preciso beber para me soltar. Este dia inteiro foi sobre empurrar
limites e sentir-se livre. Quero manter essa vibe indo.
Quando volto para o quarto e começo a tirar as coisas da
sacola, Farren levanta uma sobrancelha.
— Tequila, Essa? — Ele repreende brincando.
— Achei que seria bom, para descontrair — eu brinco de
volta.
— Tenha cuidado com o que você deseja — ele retruca.
Algumas horas mais tarde, estamos sentados no meio da
cama enorme, que ocupa a maior parte do espaço em nosso
pequeno quarto de motel. Estou com as pernas cruzadas. Tomei
banho e vesti um shorts e uma camiseta de corrida.
Farren está na minha frente. Ele se inclina para trás
contra a cabeceira, suas longas pernas esticadas na sua
frente. Ele está vestindo jeans desbotados e nada mais. Estou
tentando não olhar para seu peito liso, sua barriga de tanquinho
e o rastro de cabelos escuros, que desaparece em seu jeans. Oh,
mas como é difícil não olhar.
Suspirando, me forço a desviar o olhar. Vou ter um
pouco disso mais tarde.
Levantando a garrafa de tequila, eu declaro
— Tempo para mais um shot.
— Vá em frente, matadora — responde Farren.
— Eu quis dizer para você — eu digo.
Eu estou um pouco tonta, mas Farren mal parece estar
afetado pelo álcool que consumiu. Empurrá-lo para beber um
pouco mais, pode fazê-lo se abrir. Claro, ele tem estado mais
aberto, muito mais do que no início da viagem, mas sinto que ele
está escondendo alguma coisa, algo grande.
Sirvo-lhe um shot e entrego o copo junto com o saleiro e
um pedaço de limão que nós cortamos mais cedo.
Olhando- me maliciosamente, ele agarra meus tornozelos
e puxa minhas pernas de sua posição, cruzadas. Eu caio
ligeiramente para trás, rindo. Isso não impede Farren. Ele se
senta, inclina-se para baixo e lambe o interior da minha coxa
direita. Ele então derruba um pouco de sal na minha pele, agora
molhada e lambe lentamente.
Eu mal posso respirar.
Quando se endireita, ele levanta o copo diz
— Saúde — sorrindo antes de virar o conteúdo em dois
segundos.
Enquanto ele suga sua fatia de limão, derrama mais um
shot para mim. Ele tira o limão da boca e diz:
— Sua vez.
— Ok. Eu o olho sedutoramente. Mas eu também quero
um body shot.
Rindo e deitando de costas, ele diz:
— Você não vai ter nenhuma reclamação da minha parte.
Eu contemplo se tomo meu shot em seu peito largo ou
em seu abdômen definido.
— Decisões, decisões — murmuro.
O tanquinho finalmente vence. E depois de lamber,
derrubar mais sal e lamber novamente, eu viro meu shot.
Eu então, me sento e digo a Farren
— Diga- me algo sobre você que não sei.
Ele ri enquanto me dá uma fatia de limão.
— Por onde eu começo? — Diz ele.
Eu chupo o limão e bato em sua perna.
— Viu — murmuro em torno do limão. Tiro o pedaço de
limão da minha boca e lanço na mesa de cabeceira. Isso só prova
que ainda existe muita coisa que você não me contou.
Sua expressão se torna sombria. O que você quer saber,
Essa?
Esta é a minha chance de ir em busca para obter mais
informações, possivelmente para descobrir mais segredos. Mas eu
realmente quero transformar a nossa noite divertida, em algo
sério? Vai ser exatamente isso que vai acontecer se eu continuar
pressionando o Farren para dizer mais a respeito da sua linha de
trabalho. Decido que prefiro manter as coisas leves. Então, eu me
concentro em algo mais benigno.
— Conte- me sobre quando você era uma criança — eu
digo.
— Haven já não te contou tudo sobre isso? — Pergunta
ele, cansado.
— Claro, ela me contou algumas coisas. Mas essas são as
histórias dela. Eu quero ouvir as suas.
— Ok, tudo bem. Ele cruza os braços sobre o peito e se
inclina para trás contra a cabeceira novamente. Você quer ouvir
uma história feliz ou uma história triste? Eu tenho muitas de
ambas.
— Feliz — digo a ele.
— Hmm... Ele parece perdido em pensamentos. Que tal
se eu te contar uma história de quando minha mãe ainda estava
viva?
— Parece bom. Eu chego um pouco mais perto dele.
Tudo bem estou pronta.
— Um dia — começa ele — quando Haven tinha uns sete
anos, e eu tinha cerca de quatorze anos, encontramos este
pequeno gatinho perdido no quintal da casa alugada em que
vivíamos.
— Isso foi em Buffalo? Eu pergunto. Haven me disse
que vocês se mudaram muito depois que seu pai foi embora. Mas
acho que me lembro dela dizendo que você e ela passaram alguns
anos lá, quando eram crianças.
— Sim, nós estávamos vivendo em Buffalo nessa época —
ele confirma. De qualquer maneira, o gatinho provavelmente
tinha apenas algumas semanas de vida. Ele ainda estava
amamentando, mas Haven e eu não conseguimos encontrar a
mãe dele em nenhum lugar. Nós concordamos que algo deveria
ter acontecido com ela.
— Ah — eu digo — isso é triste.
— Era, mas nós demos ao rapazinho uma casa.
Eu sorrio, e ele ri. Merda, Essa, aquele gatinho era uma
coisa tão desgrenhada. Mais tarde, ele se transformou em um
gato malhado cinza, com listras pretas, mas na época ele era esta
pequena bola de pêlos.
— Ele parece muito fofo — eu digo suavemente.
Farren acena com a cabeça. Ele era. Então, já que ele
era tão jovem, tivemos que alimentá-lo com um conta-gotas até
que ele crescesse o suficiente para comer alimentos sólidos.
Sorrindo, eu digo:
— Como vocês foram bons. Aposto que Haven adorava
alimentá-lo. Ela é tão boa.
— Com certeza — Farren responde, rindo. A Haven
estava em êxtase. Ela até mesmo fez um cronograma para a
alimentação. Não que eu e minha mãe tivéssemos a chance de
fazer alguma coisa. Ela assumiu todas as obrigações como mãe
do gatinho. Silenciosamente, ele acrescenta — Haven certamente
amava ele.
Tenho a sensação que — ele— não foi especial apenas
para a Haven mas para o Farren também.
— Qual era o nome dele? — eu pergunto.
O lado de sua boca curva em um sorriso. Wadsworth13.
— Wadsworth? Eu começo a rir.
Balançando a cabeça, ele faz questão de me informar: —
Isso foi obra de Haven, não minha.
Eu rio mais uma vez e Farren desliza para baixo da
cabeceira da cama. Quando ele está completamente deitado na
cama, ele dá um tapinha ao seu lado. Eu me deito de lado e
descanso minha cabeça em seu peito.
Enquanto brinca com o meu cabelo, o Farren continua
com a sua história...
— Uma vez que Wadsworth estava um pouco maior e
mais forte, ele não era nada além de problemas. Um problema
fofo, no entanto. Ele ficou preso em cabos, subiu pela
chaminé. Haven queria transformá-lo em um gato doméstico, ela
até mesmo o castrou, mas ele não estava concordando com nada
disso.

13 Vale a pena
O Farren respira fundo, minha cabeça sobe e desce em
seu peito. Há um curto período de silêncio, e eu acho que ele é
gasto com o Farren e eu apenas apreciando Essa nossa
proximidade. Ele passa seus braços em volta de mim e me segura
por um minuto antes de continuar com a história.
— De qualquer forma, quando Wadsworth começou a sair
para fora de casa, foi quando os verdadeiros problema
começaram. Um dia, quando ele tinha cerca de seis meses de
idade, ele desapareceu. Nós não podíamos encontrá-lo em
qualquer lugar.
— Ah, não — Eu suspiro. Eu ergo minha cabeça e olho
para o Farren. Vocês conseguiram encontrar ele?
Farren sorri para mim. Sim, nós o encontramos. Ele
subiu em uma árvore na floresta atrás da nossa casa, um velho
carvalho que provavelmente, tinha em torno de vinte metros de
altura. Ele estava quase no topo e não podia descer .
— Vocês ligaram para os bombeiros?
Essa observação faz com que ele me encare por um
momento. Essa, você sabe que eles não fazem mais esse tipo de
merda, certo?
— Agora eu sei— eu retruco, alegremente. Em seguida,
em um tom mais sério, eu pergunto: — Então, como você
resgatou Wadsworth?
Farren faz uma pausa. Seu olhar, embora em minha
direção, parece distante, como se ele estivesse lembrando,
relembrando.
Por fim, ele diz
— Eu subi e peguei ele.
— O que? Você subiu em uma árvore de vinte metros de
altura, sem qualquer precaução de segurança? Meus olhos estão
arregalados em choque e apesar de terem passado muitos anos,
estou com medo por Farren. Também estou impressionada.
Ele balança a cabeça. Não foi nada de mais. Eu apenas
fiz o que precisava ser feito.
Estou inundada com uma onda de emoções. Farren é
destemido. Ele é um homem que faz o que for necessário para
proteger os mais fracos. Há muito tempo atrás era um gatinho
que precisava ser resgatado. E hoje em dia, Farren ajuda em algo
muito maior, resgatar e salvar as jovens que estão com sérios
problemas.
De repente eu quero abraçar, beijar e amar o Farren...
Acabei de dizer amor?
Antes que eu tenha a oportunidade de analisar essa
declaração, Farren se mexe, me mantendo no lugar até que ele
esteja completamente debaixo de mim, nossos rostos à
centímetros de distância. Ele desliza a mão sob a parte de trás da
minha blusa e diz:
— Você quer que te conte mais histórias ou prefere que te
toque?
Eu posso senti-lo endurecer debaixo de mim, o que me
faz gemer
— Eu quero que você me toque.
Seus olhos ficam presos aos meus quando ele começa a
me tocar em todos os lugares. Ele retira minhas roupas, peça por
peça e quando não há mais nada para remover, ele me toca com
sua boca.
Seus lábios passam sobre o meu ombro, até em baixo,
indo para os meus seios. Eu arqueio e ele chupa, lambe e belisca
um mamilo e depois o outro. Logo, ele está se movendo mais para
baixo pelo meu corpo, beijando meu abdômen. Ele se move mais
para baixo, até que alcança o ponto onde eu estou quente e
molhada.
— Farren — Eu suspiro, sua língua provocando meu
clitóris.
Minhas sensações crescem cada vez mais sob seus
toques e eu gozo em sua boca.
Farren retira sua calça jeans e a cueca boxer. E começa a
subir novamente pelo meu corpo.
Eu o sinto, completamente pressionando contra mim. E
eu quero isso. Eu quero ele, da forma mais íntima.
— Por favor — eu sussurro, com medo que ele vá parar.
Mas ele não para. Não dessa vez. Ele instala seu corpo
com mais firmeza entre as minhas pernas. Eu abro mais
amplamente e a ponta dele entra.
— Deus — Eu suspiro.
Apenas esse pequeno pedaço me sinto tão bem. Mas
quero mais. Eu quero tudo o que o Farren tem para me dar.
— Olhe para mim, Essalin. Sua mão está no meu
queixo, o polegar roçando a minha bochecha. Meus olhos
encontram os dele e ele diz: — Você tem certeza de que quer
isso? Não há como voltar atrás.
A ponta dele ainda está dentro de mim e eu tento mover
meus quadris para ter mais, mas o seu peso sobre mim me
mantém no lugar.
— Eu quero isso -asseguro-lhe. Eu quero você, todo.
— Eu não faço promessas — ele diz em voz baixa. Eu
não sou um garoto de faculdade que você pode enrolar em torno
do seu dedo.
Eu sustento seus olhos verdes, escurecidos pela luxúria
que ele está sentindo.
— Eu sei — respondo. Eu não quero isso de qualquer
maneira. Eu nunca quis. E então admito
— Eu sempre quis você, Farren. Sempre foi você.
Ele se acalma. Ele está dentro de mim, mas não
completamente. Seus olhos encaram os meus. Essalin...
Ele suspira. Seu olhar é selvagem e eu sei que ele não
pode se segurar por mais tempo.
E então, acontece. Farren desloca seus quadris e me
completa. E nada, nunca pareceu tão bom.
Ele não se move. Nenhum dos dois faz. Ele apóia sua
testa na minha e fecha os olhos. E talvez ele não venha com
promessas, mas eu faço. Eu pertenço a ele. Se foi intencional ou
não, ele vem me moldando para ser dele e só dele.
Nós respiramos juntos, unidos como um só. E então ele
começa a se mover... Lentamente, dentro e fora. Ele ainda está
me moldando, apenas de uma forma diferente. Ele está me
ensinando o que esperar dele. Ele pega o ritmo em alguns
momentos e vai mais lento em outros. Ele move meu corpo de
uma maneira, que faz com que o seu pau entre em mim por
vários ângulos. Ele está fazendo testes com meu corpo. E
conforme aprendo como o Farren gosta de foder, passo a
responder a ele.
Envolvo minhas pernas em volta dele com firmeza e cravo
minhas unhas em suas costas.
— Você é boa pra caralho, Essalin — ele me diz.
Eu quero dizer que ele também é incrível, mas inferno,
não posso falar. São apenas gemidos e doces palavras incoerentes
que saem da minha boca. Isto é, quando a boca do Farren não
está sobre a minha, me beijando insistentemente, fazendo- me
aceitar a sua língua com a mesma vontade com que eu aceito seu
pau. E eu faço. Farren fode como o alfa que ele é. Ele é incrível e
em pouco tempo estou no limite de um êxtase incomparável.
Quando ele me sente tensionar, acelera o ritmo.
— Deixe ir, Essa — ele comanda.
Suas palavras me empurram ao limite. Eu fecho meus
olhos e aperto seus ombros enquanto gozo sem parar. Ele
bombeia mais alguns golpes duros que não param até que ele se
esvazia em mim. Ele sabe que estou tomando pílula e ambos
sabemos que estamos limpos, então me deleito com o fato de que,
mesmo quando ele se retira de alguma forma, ainda está dentro
de mim.
Farren se levanta para ir ao banheiro e eu assisto,
admirada que seu corpo maravilhoso estava sobre mim, dentro de
mim.
Ele retorna com um pano quente e começa a me limpar.
— Está tudo bem, querida? — Ele pergunta.
Ele parece preocupado, então eu tenho certeza de
responder com uma voz alegre e satisfeita. Você está de
brincadeira? Eu me sinto ótima.
Ele ri, me beija suavemente e continua a limpar. Eu me
estico languidamente enquanto ele termina suavemente de me
limpar. Ele encara meu corpo e quando olho para baixo, vejo que
ele está começando a ficar duro novamente. Eu me sinto bem em
poder fazê-lo se excitar tão rápido após ele ter gozado.
Eu puxo meus joelhos para cima e ele coloca a mão em
um.
— Quer fazer isso de novo? — pergunto, levantando as
sobrancelhas.
Segurando um sorriso, Farren espalha minhas pernas e
se coloca entre elas.
— Essalin — Ele diz. O que eu criei?
Enquanto ele está afastando o cabelo do meu rosto, eu
digo-lhe:
— Você criou alguém que quer você de novo e de novo, o
tempo todo, muito.
Ele me silencia com sua boca e me dá o que quero.
O plano era sair bem cedo para que pudéssemos
encontrar com Rick e Haven em Albuquerque ao meio-dia. Mas
então, Farren recebeu notícias de que houve um atraso.
— O médico não pôde ser contatado até ontem à noite —
ele explica.
Estamos no pequeno café ao lado da loja, do outro lado
da rua do motel, aquele onde comprei a tequila.
— Ele vai examinar a Haven hoje — Farren continua.
Uma vez que ela esteja liberada para viajar, Rick vai nos avisar.
Eu não falei com a Haven, mas suspeito que o Farren
tinha, então abaixo meu garfo, eu mal toquei nas minhas
panquecas de qualquer maneira, e pergunto:
— Você já falou com a Haven?
Ele levanta seu café aos lábios e murmura por trás da
xícara:
— Sim, eu falei com ela, uma vez, por pouco tempo.
Enquanto o Farren bebe o seu copo de café, pergunto se
posso falar com ela.
— Essa — ele responde com um suspiro quando abaixa a
xícara para a mesa. Mesmo os telefones descartáveis não são
cem por cento seguros. Eles podem ser grampeados e
rastreados. Eu acho que é melhor se nós esperarmos. Ele
oferece um sorriso deslumbrante, um certamente destinado a me
acalmar. Você vai encontrá-la em breve.
Eu aceito, por hora, mas eu ainda tenho outra pergunta.
— Ainda estamos indo para Albuquerque hoje, para
esperar por Rick e Haven lá?
— Não — Farren responde: — Nós vamos ficar aqui até
que eu saiba que eles estão a caminho.
— Estou bem em ficar aqui — digo em voz baixa.
Estou falando mais para mim mesma, do que para
Farren. E é a verdade. Eu gosto deste pequeno pedaço de paz no
meio do nada. Gosto do nosso pequeno quarto de motel, onde nós
rimos e amamos na noite passada. Eu gostei de como mais tarde,
o brilho de néon do sinal do motel manteve a noite iluminada,
mesmo quando todas as luzes se apagaram. O corpo do Farren
estava iluminado em tons de azul enquanto eu o observava
dormir. Ele parecia tão satisfeito como eu me sentia.
Suspiro e Farren olha para mim do outro lado da mesa.
— O que você está pensando agora, Essa? Ele sorri,
tímido. Ele sabe.
Mas eu ainda respondo. Estava pensando sobre a noite
passada.
Ele estende a mão e pega a minha mão na sua.
— Foi incrível — ele murmura.
— Foi — eu concordo.
Passado esse nosso momento, nós terminamos nosso
café da manhã e atravessamos a rua de volta para o motel. Muito
mais tarde durante o dia, ouvimos notícias de Rick. Descobrimos
que o médico aconselhou a Haven a não viajar por mais um dia
ou dois. Rick informa a Farren que sua irmã está sofrendo de
uma infecção respiratória, resultado de ter sido mantida trancada
em lugares — frio e úmidos.
Quando Farren me diz isso, estremeço só de pensar no
que Haven deve ter sofrido. Frio e úmido? Ugh. Onde Eric e
Vincent estavam mantendo minha amiga enquanto viajavam de
estado para estado com ela? Faço essa exata pergunta para
Farren, mas não recebo resposta.
Não pressiono e à medida que o dia passa no Blue Cactus
Inn, Farren começa a ficar cada vez mais silencioso. Ele se fecha
em si mesmo. Eu sei que ele tem muito em sua mente, então
tento entender. E mesmo que ele não esteja tão falante, como de
costume, gosto de estar perto dele. Farren me conforta de uma
maneira que ninguém mais faz e como consequência, eu tenho
ficado bastante dependente de sua presença.
Melhor não pensar sobre o que isso significa, exatamente.
A tarde, Rick nos informa que Haven estará bem o
suficiente para viajar, em breve. Farren me diz:
— O que você acha de dirigirmos até o deserto hoje?
— Nós já não estamos no meio do deserto? Eu falo
gesticulando para a janela do nosso quarto de motel.
Farren está de pé perto da porta do banheiro, me
encarando com uma expressão nada divertida. O que quis dizer
foi que, eu acho que nós deveríamos dirigir para algum lugar
mais isolado. Uma área com menos pessoas.
Nós estamos quase isolados, aqui no Blue Cactus Inn,
mas é verdade ainda há pessoas ao redor. Não muitas, mas o
suficiente.
Eu não sei o que Farren planejou, mas desde que nós
permanecemos na mesma região até agora, aceno uma vez e digo:
— Claro, tudo bem por mim. Estou na cama, deitada de
bruços e folheando uma revista que encontrei em uma das
gavetas.
Subo para uma posição sentada e pergunto:
— O que exatamente nós vamos fazer no meio do deserto,
Farren?
Ele se aproxima da cama e senta na borda. Ele estende a
mão e passa um dedo ao longo da minha mandíbula.
— É uma surpresa, querida — e é tudo o que diz.
As surpresas de Farren têm sido bastante
surpreendentes, até agora. Por isso estou ansiosa para sair.
— Vamos, então — eu digo, lançando a revista de lado e
me levantando.
Farren se vira para pegar as chaves do carro na cômoda,
e eu paro um momento, para arrumar meu shorts. Também faço
um ajuste rápido no sutiã que estou usando debaixo da minha
blusa. Meu sutiã é preto, mas a blusa é um azul vibrante.
Quando Farren e eu saímos do quarto, ele diz
— Sua camisa é da cor do céu, Essa.
— Ela é — respondo, rindo enquanto olho para cima,
para baixo e depois para trás. Com os olhos ainda no céu claro,
eu acrescento: — Eu não acho que vou me acostumar com o quão
bonito é, aqui no Novo México. Será que alguma vez chove?
— Sim — ele me diz — mas não muito.
Enquanto caminhamos até o carro, Farren pega a minha
mão.
Minutos depois, estamos dirigindo pela estrada, rápido,
com o vento quente batendo no meu cabelo. Por impulso, eu
pergunto a Farren
— Posso dirigir no caminho de volta deste lugar
misterioso que estamos indo?
O carro do Farren é além de incrível e embora ele tenha
me deixado dirigir no dia em que o pegamos no armazém perto da
fronteira estadual, eu não estive atrás do volante desde então.
— Talvez — Farren responde um sorriso brincando nos
seus lábios. Vou ter que pensar sobre isso.
Ele está tentando se fazer de difícil comigo. Sei que vou
poder dirigir o carro, na volta para o motel.
— Você é tão maldoso — brinco. Primeiro, você não vai
me dizer para onde estamos indo e agora tem que ‗pensar‘ se
posso ou não dirigir. É cruel, eu te digo.
Ele ri e coloca a mão no meu joelho. Dando um aperto
leve, ele diz:
— Eu vejo o seu ponto. Vou ter certeza de fazer as pazes
com você mais tarde. Como isso soa?
Sua voz baixa e seus dedos vagando pela minha pele
trazem muitas promessas, me levando a dizer
— Mmm, eu aceito.
Gosto que depois dos últimos dois dias de mau-humor,
meu Farren paquerador e alegre esteja retornando. Inclino minha
cabeça para trás e aproveito o contato da mão do Farren no
interior da minha coxa, acariciando suavemente enquanto o sol
brilhante me aquece cada vez mais. E é nesse instante que
finalmente admito para mim mesma o que já sei há algum tempo,
eu estou começando a me apaixonar por Farren Shaw.
Não há nenhum ponto em negá-lo por mais
tempo. Admiti-lo em silêncio, para mim mesma, não significa que
estou pronta para compartilhar a notícia com o objeto dos meus
afetos. Farren não me parece um homem com tempo para
relacionamentos e amor. Inferno, ele já me disse que não faz
promessas.
Eu cubro sua mão com a minha, impedindo qualquer
progresso na minha perna. Esse movimento me rende um olhar
de soslaio.
— Tudo bem? Farren pergunta.
— Sim, tudo está ótimo — eu digo. Não conto o que estou
pensando: por agora.
Nós passamos por dúzias de estradas empoeiradas no
deserto, fazendo curva após curva. Por fim, diminuímos a
velocidade até uma quase parada e passamos a nos mover muito
lentamente, para uma área grande e plana de areia e esparsa
vegetação do deserto. Paramos a algumas centenas de metros, em
uma grande clareira onde vários cactos saguaro estão
perfeitamente alinhados. Parece que alguém os plantou dessa
forma de propósito. Mas eu duvido que esse seja o caso. A
natureza muitas vezes tem uma forma de dar ordem às coisas
mais aleatórias.
Quando estou fora do carro, percebo que muitos dos
cactos estão cheios de buracos de bala.
— Aha — eu digo a Farren, que está inclinando-se para o
espaço de armazenamento atrás dos assentos. Estamos aqui
para atirar nas coisas, não estamos?
Eu tenho incomodando Farren para me ensinar a atirar e
parece que uma lição de tiro é, de fato, o que está na
programação para hoje.
Quando o Farren se endireita, há uma arma em sua
mão. Ele está carregando.
— É exatamente por isso que estamos aqui — ele
responde.
Apontando para um cacto deformado por balas, eu digo:
— Nós não vamos atirar naquele pobre coitado, não é?
— Um, entre muitos — brinca Farren.
— Oh — eu respondo.
Ele olha para mim de onde ele está carregando um
cartucho em outra arma, a.45. Confie em mim, Essa, eles não
vão sentir nada.
— Eles parecem tão machucados — eu protesto.
Farren ri divertido. Baby, nós estamos com um número
limitado de alvos por aqui. Você tem uma sugestão melhor?
Eu protejo meus olhos do sol escaldante com as mãos e
verifico a área. Não há nada além de cactos e rochas.
— Não, acho que eles vão ter que servir — eu concluo.
Farren me entrega a .45 e diz:
— Vamos ver que tipo de dano você pode fazer, Essa.
Minutos depois, Farren está atrás de mim, seu corpo
duro pressionado contra o meu enquanto estabiliza o meu
domínio sobre a arma.
— Escolha um alvo — diz ele baixinho, no meu ouvido.
Depois, aperte o gatilho com cuidado.
É um pouco difícil de se concentrar com Farren tão
perto. Isso me faz pensar nas muitas vezes ao longo dos últimos
dias em que estivemos assim tão perto. Até mais perto e
gloriosamente nus, unidos como um só. Um arrepio agradável
percorre o meu corpo com as minhas lembranças.
Eu sorrio e me inclino para trás em Farren. Eu sei que
ele está sorrindo também. Provavelmente está pensando a mesma
coisa que eu.
Ainda assim, sempre focado na minha lição, ele me pede
para prestar atenção.
— Concentre-se, Essalin — diz.
— Eu estou — respondo e então e puxo o gatilho.
Eu bati meu alvo, um cacto alto, bem no centro, no ponto
exato onde estava mirando.
— Uau — gracejo.
— Merda — murmura Farren sob sua respiração. Eu
acho que você tem um talento natural.
Eu me aninhei de volta nele e fechei meus olhos. Eu me
sinto tão bem. Fui bem, então?
Com sua boca colada no meu ouvido, ele sussurra:
— Você fez melhor do que bem, querida.
Sua voz baixa e sexy e seu perfume masculino me
distraem. Abaixo a arma e me viro para ele. Posso te dizer uma
coisa, Farren?
Ele acena em concordância.
— É algo meio ruim — aviso enquanto abaixo o queixo e
olho para ele através dos meus cílios.
— Mais uma razão para me contar — ele responde com a
voz rouca.
Com minha própria voz rouca, digo:
— Eu estou tão excitada agora, que mal consigo me
concentrar.
Ele suspira, abaixa seus lábios nos meus e me beija
suavemente. Quando ele se afasta, ele diz suavemente:
— Mais tarde, Essa. Gemo, mas ele me segura
firme. Virando o meu corpo para que eu esteja mais uma vez de
frente para o alvo, ele diz com uma voz grave: — Agora, preciso
que você aprenda a se proteger. Eu não sei o que nós podemos
encontrar antes que tudo isso acabe. Quero que você esteja
pronta para qualquer coisa.
Agora, estou certa que as coisas não estão indo tão bem
como planejado. Deve haver algum tipo de problema com Rick e
Haven. É por isso que o Farren esteve tão quieto nos últimos dias.
Eu levo o resto da minha lição de tiro a sério, ouvindo e
colocando em ação todas as coisas que ele me ensina. E, assim
como o meu primeiro tiro, permaneço surpreendentemente
precisa.
— Talvez eu seja realmente um naturalmente telentosa —
digo a Farren quando a aula de tiro acaba e estamos arrumado as
malas no carro. Acho que você estava certo.
— Eu normalmente estou — ele responde levemente.
Rolo meus olhos e murmuro: — Você é tão convencido.
Com uma risada, ele termina de colocar as armas no
carro.
Quando ele me entrega as chaves, eu digo:
— Você tem certeza? Só estava brincando mais cedo. Não
tenho que dirigir.
— Mas você quer, certo?
— Eu quero -admito.
— Então está resolvido — diz ele.
Enquanto nós dirigimos de volta, na direção do Motel
Blue Cactus Inn, eu não presto atenção a qualquer limite de
velocidade. Estou muito ocupada desfrutando do incrível carro do
Farren.
Farren diz:
— Vire aqui — quando estamos a poucos quilômetros do
motel.
— Nós não estamos indo diretamente de volta? Eu
pergunto.
— Não — diz ele levemente — vamos brincar um
pouco, ver o que esta coisa pode fazer.
Com isso decidido, temos um tempo incrível com a
Ferrari. Cada um de nós tem a sua vez, correndo em vários
trechos vazios de estrada. No momento em que voltamos para o
estacionamento do motel, Farren e eu estamos exaustos de nossa
diversão ao sol.
É crepúsculo, e conforme Farren e eu caminhamos até o
quarto, de mãos dadas, sob um céu manchado de azul e laranja,
parece que somos as duas únicas almas na terra. Nós meio que
estamos em uma zona exclusiva Farren
— Essa, mas no minuto em que entramos no quarto, o
telefone descartável de Farren toca.
Farren leva o telefone para o banheiro, para mais
privacidade e eu deito em cima da cama. Através da porta
fechada, eu ouço o suficiente para saber que ele está falando com
Rick.
Quando a chamada termina, Farren permanece no
banheiro. A água começa a correr e escuto quando ele entra no
chuveiro. Eu poderia tomar um banho, estou suada e empoeirada
do nosso tempo no deserto, mas não me junto a ele. Sei que se eu
estiver no chuveiro com Farren, nós vamos ficar distraídos.
Eu ainda estou sorrindo com este pensamento quando
Farren sai do banheiro, uma toalha branca pendendo
perigosamente baixa em sua cintura.
Eu tomo alguns minutos admirando-o. Ele está com a
pele toda úmida, levemente bronzeada do sol quente do deserto e
os músculos bem definidos. Deus, ele é lindo até de mais. E ele é
meu... Pelo menos por enquanto.
Alheio a minha admiração, Farren se vira e deixa cair sua
toalha. Deus, você tem uma bunda maravilhosa
— Eu deixo escapar.
Enquanto continuo a admirar o seu traseiro, Farren dá
uma risada, deixando claro que ele está muito consciente, de que
eu estive verificando ele.
Eu vou até ele.
Suavemente, toco a cicatriz em sua parte inferior das
costas e ele se vira para mim, magnífico em sua nudez. Ele
levanta uma sobrancelha, silenciosamente me questionando.
— Isso ainda não acabou, não é mesmo? — Eu sussurro.
— Não está nem perto de acabar — ele admite sem
rodeios.
— Era com Rick que você estava falando, certo?
Ele balança a cabeça e eu engulo o nó que sobe na minha
garganta. O que quer que você tenha que fazer, Farren, por favor,
por favor tenha cuidado.
Ele pega minha bochecha. Eu vou ficar bem, amor. Eu
sempre fico.
Minha mão ainda está em torno dele, tocando sua
cicatriz. Eu bato levemente.
— Nem sempre — eu o lembro.
Ele sorri tristemente. Tome seu banho, Essa. Precisamos
ir embora hoje à noite.
— Hoje à noite? Dou um passo para trás. Por quê? O
que está acontecendo agora?
— Albuquerque está fora. Estamos indo direto para Las
Cruces e gostaria de chegar lá antes do amanhecer.
Minhas entranhas estão dançando e flutuando com o que
essa súbita mudança de planos pode significar. Eu delicadamente
pergunto:
— A Haven está bem?
— Por enquanto, ela está. Farren fecha os olhos,
dolorido. Quando ele abre, há uma verdadeira preocupação em
seu olhar esmeralda. Mas eu preciso ir até lá. Alguma coisa
estava errada com o médico. Não era o cara que eu enviei. Rick
acha que sua localização pode ter sido descoberta.
— Para os bandidos? — Pergunto trêmula.
— Sim — ele responde.
Eu ofego e Farren me acalma, colocando sua mão no meu
braço me acariciando gentilmente. Ele diz
— Haven foi transferida para outra casa segura. Ela deve
estar bem lá, mas não posso correr o risco novamente. Não
quando Rick é o único homem lá para protegê-la.
— E quanto a equipe que ele montou? — Pergunto. Os
que ajudaram a resgatá-la.
— Eles foram dispensados — explica Farren. Não é como
se a equipe fosse sair junta por alguns dias depois que a missão
já estivesse finalizada.
— Oh... Eu paro. E então digo mais animada — Bem,
pelo menos Rick ainda está lá.
Farren suspira.
— Isso é verdade. E ele é bom. Mas não tão bom quanto
eu.
Suas palavras não são pronunciadas em um tom
arrogante. Ele só é o que é. Quando se trata de coisas como esta
— proteger as pessoas, engajar-se em perigosas missões em curso
— já descobri que Farren é o melhor.
Ele envolve seus braços em volta de mim e me segura por
um minuto, até que digo em voz baixa
— É melhor eu me limpar para que nós possamos ir.
Ele balança a cabeça uma vez e escorrego para fora do
seu alcance e entro no banheiro. Ainda está úmido e enevoado
dentro do pequeno espaço, mas o espelho está praticamente
limpo. Quando começo a me despir, avalio o meu reflexo.
Uau. Estou quase irreconhecível. Não apenas isso, mas
também me sinto tão diferente como pareço. Não sou mais a
tímida, com muito medo de se arriscar, estudante de faculdade
que era no dia que saí de Oakwood. E isso se mostra em minha
expressão confiante.
Mas isso é apenas o começo.
Eu deslizo a blusa azul, que Farren achou que combinava
com o céu de hoje, sobre a minha cabeça. Minha pele está
levemente bronzeada do sol, assim como a dele. Meu cabelo é
mais leve, mais loiro do que o normal. O loiro escuro se
transformou em uma sombra dourada clara, com destaques
acobreados.
Meu corpo também está diferente. Estou mais magra do
que era e mais firme em lugares que não era tão firme antes. É
tudo o graças ao ótimo sexo — eu digo para o meu reflexo no
espelho.
Mas há algo mais. Há um brilho nos meus olhos que não
estava lá antes.
Eu me sinto viva, muito viva. E eu sei porquê. A razão
para essa mudança não tão pequena é o homem no quarto ao
lado.
A noite chegou e ainda estávamos na estrada, o céu
estava repleto de estrelas e com o passar do tempo, a
temperatura caiu um pouco. Estava aliviada por ter pego um
casaco leve da minha mala antes de guardarmos tudo. Eu o
coloco e me sinto melhor. A frágil blusa laranja que estou usando
não é párea para o tempo frio do deserto durante à noite.
Farren, sempre atento aos meus movimentos e às minhas
necessidades, liga o aquecedor.
— Com frio? Ele pergunta.
— Só um pouco — Eu confirmo. Aceno para a ventilação,
de onde o ar quente está começando a sair e adiciono: — Mas
obrigada por isso.
— O que precisar. Diz ele.
Sou grata por ele pensar em mim, já que sei que existem
assuntos muito mais importantes passando por sua
mente. Coisas como nos fazer chegar ao Sul do estado o mais
rápido possível. Até agora, nós nos mantivemos apenas nas
rodovias interestaduais, mas Farren acaba de dar sinal para virar
e se dirigir para a próxima saída.
— Vamos parar em algum lugar? Eu pergunto.
— Não — Diz ele. Eu só acho que nós vamos economizar
tempo indo por aqui, já que está tão tarde.
— Ok — Eu digo, bocejando. Já é tarde, muito tarde, e eu
mal consigo manter meus olhos abertos.
Farren dá um tapinha no meu joelho, sua mão
deslizando sob minha saia. Ele gosta de sentir minha pele e de
me tocar.
— Durma um pouco, querida — Ele sussurra.
Alguns minutos depois, com a mão reconfortante de
Farren em mim, eu adormeço.
No meio da madrugada, acordo com um sobressalto. A
mão de Farren se foi, e ele também. Sento- me rapidamente,
piscando. Ainda estou na Ferrari, que está estacionada de
qualquer jeito, em um barranco ao lado de um trecho deserto da
rodovia. Não há uma alma viva à vista.
Olhando para a estrada a minha frente, a linha amarela
brilhante no centro fica embaçada com as luzes fracas do
amanhecer. O sol nascente encobre a vastidão do deserto, com
suas montanhas distantes e escassa vegetação.
— Onde nós estamos? Eu murmuro, mesmo que eu
esteja sozinha.
Onde está Farren?
Por um segundo, entro em pânico. E então eu o vejo mais
a frente. Farren é uma figura solitária, parado com os ombros
retos. Ele está olhando para as montanhas ao longe, enquanto o
Sol nasce.
Eu não sei o que há de errado com ele, mas vejo pela sua
postura que algo o está incomodando.
Saio do carro e vou até ele. Minha saia e blusa se movem
sem controle, agitadas pela brisa fria do amanhecer. Estou feliz
por ter amarrado a jaqueta jeans em volta da minha cintura na
noite passada, depois que o carro finalmente ficou aquecido,
afrouxo o nó na minha cintura a visto.
Aquecida, eu continuo andando.
Mas quando chego até Farren, ele não me reconhece. Ele
apenas continua a olhar pensativo para as montanhas.
Eu toco seu braço.
— Farren?
Saindo de qualquer que seja o transe em que estava, ele
se vira para mim. Sorrindo tristemente, ele diz meu nome. E
então ele me alcança e trilha seu dedo indicador da minha
bochecha para meus lábios.
Eu beijo a ponta do seu dedo, mas ele deixa cair sua
mão.
— Qual o problema? Eu pergunto.
Suspirando, ele diz:
— Lembra quandoeu te disse sobre um homem chamado
Dawson?
— Sim, o empresário idoso que é secretamente do mal.
— Ele não é idoso, Essa. Farren diz, sorrindo levemente
em minha suposição equivocada. Mas seu sorriso desaparece
rapidamente quando ele continua. Dawson é um homem mais
velho sim, mas nunca deixe sua idade enganá-la. Ele não deve ser
subestimado. Ele pausa. Você está certa sobre uma coisa, no
entanto.
— O que é isso?
— Dawson é absolutamente mal.
Eu involuntariamente tremo, e não do frio que ainda
paira no ar. Então o que você precisa-me dizer sobre ele? Eu
sussurro.
— Tenho que encontrá-lo.
Meu peito aperta. Por quê?
— Muitas razões. Farren diz enigmaticamente.
— Oh. Eu murmuro.
Ele continua. Idealmente, preferiria encontrá-lo sozinho
— Seu olhar pega o meu. Mas eu não posso.
— Porque você não pode encontrá-lo sozinho?
— Ele sabe que eu estou no Novo México, Essa. E,
infelizmente, ele está ciente de que não estou sozinho. Ele sabe
que você está viajando comigo.
Ok, isso não é bom, eu penso.
— Então... A minha voz falha. Você está me levando
com você para conhecê-lo.
Depois de um suspiro audível e frustrado, ele diz — Eu
tenho pensado muito sobre isso, e acho que é melhor assim. Você
estará mais segura comigo do que esperando em algum lugar
sozinha.
Eu sei que na verdade, ele quis dizer que há uma chance
de eu ser raptada,como Haven foi se ele me deixar sozinha em
algum motel qualquer.
— Por que precisamos encontrá-lo? Eu pressiono.
Farren passa suas mãos pelo rosto, em suas feições
perfeitas, sempre belas, mas ainda na luz vermelha do
amanhecer. Dawson tem a impressão que tenho sido
desonesto. Ao contrário do que acreditava em primeiro lugar, ele
não tem idéia de que tenho trabalhado para o homem de quem
lhe falei. O homem chamado Mr. Barnes.
— O homem que perdeu sua filha?
— Sim, aquele homem. Farren respira, e continua. Eu
estava tão convencido que Dawson descobriu o meus verdadeiros
motivos para me infiltrar em sua organização. Eu tinha certeza
que era por isso que ele sequestrou minha irmã. Mas, embora ele
tenha feito isto. Haven foi uma retaliação, mas por um motivo
diferente. Ele pensa que salvei aquelas meninas na Venezuela
para que eu pudesse vendê-las na minha própria rede de
tráfico. Ele acha que roubei o que ele vê como sua propriedade .
— Propriedade? Eu faço uma careta — Deus, ele
realmente é doente.
— Ele também é muito perigoso. Diz Farren
severamente. Mas tê-lo acreditando que sou desonesto é o
melhor nesse momento.
— Para quem?
— Para todos os envolvidos— Farren responde.
— Então, o que vamos fazer? Pergunto.
— Nós nos encontramos com Dawson. Eu vou deixá-lo
pensar que eu estava planejando começar o meu próprio círculo
de escravas sexuais.
Eu tremo e Farren me lembra
— É apenas um disfarce, Essa.
— Eu sei. Mas ainda…
Farren ignora meu comentário e continua. Eu preciso
que ele acredite que mudei de idéia. Preciso que ele pense que ao
sequestrar Haven ele me fez reconsiderar. Deixá-lo acreditar que
deu o recado para que eu não mexa com o seu negócio, deixá-lo
pensar que a mensagem foi recebida. Ele vai pensar que seu
plano funcionou e vai libertar Haven. Sua expressão suaviza e
ele acrescenta — Isso também irá garantir que você estará segura
a partir de agora.
As palavras de Farren, embora sejam reconfortantes, me
lembram que o meu tempo com ele está chegando ao fim. Em
resposta, o meu coração aperta e se forma um nó na minha
garganta. Eu tenho todos esses sentimentos por Farren. Se eu
derramasse meu coração para ele aqui e agora, então talvez ...
Mas, não, eu não posso dizer nada. Não quando nós
temos esta importante, e possivelmente perigosa reunião para
enfrentar.
Resolvendo isso, eu conto a ele sobre os meus
sentimentos. Levanto o meu queixo, meu foco renovado. O que
você precisa que eu faça? Pergunto.
Farren me explica a logística da reunião. Nós vamos nos
encontrar com Dawson em uma casa que ele possui perto da
fronteira mexicana. É um ponto de operações— Farren diz
sombriamente.
— Será que ele mantém Haven lá? Pergunto.
Ele balança a cabeça. Não. Rick tem falado com ela a
respeito de tudo o que aconteceu. Ele me informou que Haven
fica com Eric e Vincent na maior parte do tempo. Quando não, os
guardas ficam com ela. Ele esfrega a mão pelo rosto. E tão mau
quanto todos esses homens são, eles não são nada em
comparação a Dawson. Felizmente, Rick está adiando a
transferência para a casa que nós estamos indo. É a última
parada antes das mulheres capturadas serem enviadas para o
México.
— Onde é que elas vão depois?
Ele encolhe os ombros
— América Central, América do Sul, por toda parte, Essa.
— Isso é doente — eu digo, enojada.
— É por isso que tenho tentado ajudar a impedir que isso
aconteça — Diz ele em voz baixa.
— Você já esteve nesta casa onde nós vamos?
— Sim. Farren responde secamente.
Eu me lembrei de quando Farren me disse que ele teve
que fazer coisas que ele não gostava coisas ruins. Eu decido não
me aprofundar para obter mais detalhes.
E ele não ofereceu nenhum.
Ao invés disso, ele diz:
— Eu não posso dar-lhe nenhuma arma antes da
reunião. Dawson vai saber se você estiver armada. Mas não posso
deixá-la completamente desprotegida, também. Vou colocar um
38 embaixo do banco do passageiro. É mais fácil de manusear do
que uma 45.
— Hum, tudo bem... Mas você vai estar comigo, certo?
Eu pergunto inquieta.
— Sim, mas vou ter que falar com Dawson sozinho em
algum momento.
Confusa, digo:
— Sim, mas se estivermos na casa, como é que uma
arma no carro vai me ajudar?
— Nós não vamos entrar naquela casa — Farren diz, sua
voz firme. Nós vamos nos encontrar com Dawson em um ponto
específico ao longo da rodovia. A maldita coisa tem cerca de uma
milha de comprimento; nós vamos nos encontrar com ele lá. Eu
pretendo falar com ele em seu carro. Se as coisas começarem a ir
mal enquanto estou conversando com ele, eu preciso que você
pegue a arma. Seus olhos encontram os meus. Não tenha medo
de usá-la, Essa.
— Ok — Eu digo.
Farren gentilmente coloca meu cabelo sobre meu
ombro. Quando ele não fica parado devido à brisa, ele prende os
fios rebeldes atrás da minha orelha. Há mais uma coisa. Diz
ele.
— Sim?
— Quando nós nos encontrarmos com Dawson, eu
preciso que você seja completamente submissa a mim.
Clareza recai sobre mim. Oh meu Deus, ele pensa que eu
sou uma garota que você sequestrou. Para esta sua falsa
operação.
— Isso é o que ele pensa — Confirma Farren. E é
importante que ele continue a acreditar que eu levei você contra a
sua vontade. Se nós conseguirmos isso, ele vai acreditar que eu
sou desonesto.
— Sim, mas... Eu digo lentamente -se você lhe disser
que você mudou de ideia, ele vai perguntar por que eu ainda
estou com você.
Farren sorri, e desta vez é genuíno. Eu vou fazê-lo
pensar que você chegou em mim. Que eu estou mantendo-a para
mim.
Será que eu cheguei em você? Você está me mantendo
para si mesmo? Eu anseio por fazer estas perguntas, mas as
coisas são mais complicadas quando o assunto é a nossa relação
em expansão. Eu nem tenho certeza se Farren vai permanecer no
país depois que tudo isso acabar. Ele poderia ir para qualquer
lugar, Ásia, América do Sul, América Central. Quem sabe?
— E o Sr. Barnes? Eu pergunto. Será que ele espera que
você continue a trabalhar para ele?
— Eu não tenho certeza, Essa. Pode haver um outro lado
na operação onde eu possa ser de alguma ajuda .
— Você vai continuar fazendo isso, então? Eu sussurro.
Você vai continuar a ir atrás desses caras?
Ele suspira. Eu tenho que fazer isso, Essa. É importante
para mim.
— É um monte de dinheiro — Murmuro.
Farren me ouve e diz:
— Não é sobre o dinheiro. Estou empenhado em ajudar o
Barnes, especialmente desde que Haven foi pega nessa bagunça.
Quero perguntar por que ele está tão comprometido com
isso. Tem muito mais nisso do que apenas Haven. Isso é mais do
que descobrir o que está acontecendo. E é mais do que apenas
aderir a uma causa.
Mas o que é seria? O que poderia levar Farren a este nível
de comprometimento?
Infelizmente, eu não tenho coragem de interrogá-lo, então
apenas digo suavemente:
— Isso significa que você vai estar em algum outro país,
por tempo indeterminado?
Eu abafo um soluço e fecho os olhos. Quando eu abro
meus olhos, ele toca meu rosto. Essalin...
Eu pego a sua mão. Sinto muito. Minha voz falha. Eu
sei que você disse sem promessas, ou o que seja, mas eu só... Eu
só não quero que isso... Eu indico nóis dois
— Chegue ao fim.
— Eu me importo com você, Essa — ele me diz. Eu faço.
— Ok, mas quanto? Deixo escapar. Suas sobrancelhas
sobem e continuo — Quer dizer, sei que nós não nos conhecemos
há tanto tempo. Mas gastar cada hora do dia e da noite juntos,
nós meio que jogamos o livro de regras fora, sabe?
Ele balança a cabeça em concordância e encorajada,
continuo.
— Farren, tudo que sei é que sinto algo por você, algo
que nunca senti antes. Eu puxo uma respiração, muito
necessária. Eu não estou dizendo que nós precisamos dar um
nome a isso, ainda não. Mas também não quero continuar sem
pelo menos dizer alguma coisa.
A resposta de Farren não é uma declaração de amor, mas
é o bastante para mim, quando ele me puxa bruscamente. Seus
lábios descem sobre os meus e ele me beija, com firmeza no
começo, mas depois suavizando. Essalin Brant, você vai ser a
minha morte. Ele sussurra contra os meus lábios.
Eu corro meus dedos por seu cabelo sedoso até a sua
nuca. Agarrando a parte de trás de sua camisa, eu digo
— Nunca. Isso nunca vai acontecer.
Seus lábios voltam aos meus e logo eu estou tão ligada
que começo a tremer. Farren, sabendo das minhas necessidades
e desejos quase melhor do que eu, levanta a minha saia e baixa
minha calcinha. Ele me permite puxar sua camisa sobre a
cabeça, mas ele mantém minha própria camisa e
jaqueta. Quando ele me empurra para trás em uma grande pedra
e me inclina contra ela, eu entendo o porquê. Embora a pedra
seja lisa, as roupas que eu mantive sobre meu corpo vão evitar
que minhas costas fiquem machucadas.
E eu me machucaria, com a urgência das ações de
Farren, quando ele faz com que eu enrole minhas pernas em sua
cintura. Em alguns segundos ele está abrindo seu zíper e
baixando suas calças, libertando seu pênis.
Eu sinto que ele precisa estar dentro de mim, me sentir,
tanto quanto eu preciso senti-lo. Ainda assim, seu olhar encontra
o meu, questionando se está tudo bem.
Concordo com a cabeça e digo:
— Sim, sim.
Muito lentamente, e sem desviar o olhar, ele se enterra
profundamente dentro de mim.
Eu suspiro. Ele geme. Mas ele não se move, não no
começo. Ele só mantém o meu olhar. E quando ele diz o meu
nome, com nossos corpos unidos como estão, eu sei no fundo do
meu ser que Farren tem sentimentos tão profundos por mim
como eu tenho por ele.
E hoje, agora, onde estamos e tendo em vista o que ainda
vamos enfrentar isso é o suficiente para mim.
A propriedade de Dawson é perto da fronteira, tão perto
que se você jogar uma pedra nos fundos de sua vasta propriedade
seria quase garantido que ela iria pousar no México. Não que você
pudesse saber onde um país termina e outro começa. Tudo
parece apenas deserto para mim.
No entanto, conforme nos aproximamos da entrada
elaborada da propriedade de Dawson, torna-se claro que este
oásis particular é muito diferente da terra estéril do deserto em
torno dela. A propriedade dele é uma jóia cercada pelo
isolamento. Há enormes portões na entrada e uma cerca de ferro
forjado, uma cerca viva meticulosamente trabalhada. Arbustos,
flores e grama verde e exuberante, como se estivéssemos de volta
na Pensilvânia, nesta época do ano, crescem em abundância.
Farren vai até os portões e para perto de uma caixa de
controle presa em um poste na entrada. Ele coloca um código e os
portões se abrem lentamente. Eu sei que ele já esteve aqui antes,
então o fato dele saber o código não deveria ser uma surpresa.
Ainda assim, é um pouco inquietante.
Ao longe, cerca de uma milha de distância, como Farren
mencionou, tem uma casa enorme. E mesmo de tão longe, eu
tenho um mau pressentimento sobre este lugar. Só para ter
certeza de que nenhum de nós está colocando os pés na
residência de Dawson, pergunto para Farren
— Nós não estamos indo até a casa, certo?
— Não — Ele me assegura com um tapinha reconfortante
no meu joelho.
— Bem, pelo menos esta parte é bonita — Eu comento e
faço gestos para todas as flores exóticas e plantas que crescem ao
longo das laterais do caminho.
— Não se deixe enganar pelas aparências. Farren
responde secamente.
— O que acontece aqui? Eu pergunto com cuidado.
Você disse que este é o lugar onde as meninas são trazidas antes
de serem enviadas através da fronteira.
— Sim, este é o lugar onde elas são trazidas. Farren
solta um longo suspiro. Posso dizer que ele não quer falar sobre
isso. Em seguida, ele diz: — Quanto à sua primeira pergunta, eu
acho que é melhor se nós não falarmos sobre as coisas que
acontecem aqui.
Com essa resposta, sei que Farren teve de fazer parte de
pelo menos algumas das coisas ruins que aconteceram por
aqui. De repente, as flores não parecem mais tão bonitas; a
vegetação, não é tão brilhante. É tudo uma farsa. As jovens que
são trazidas aqui, provavelmente, pensam que este é um
santuário depois das coisas que já experimentaram até aquele
momento, como Haven, que foi mantida em lugares — frios e
úmidos.
Elas não têm idéia de que o pior ainda está por vir.
Farren desacelera até parar. Nós ainda não estamos na
casa, mas estamos perto o bastante para que eu possa ver como
ela é opulenta assim como o restante. Torres, um exterior de
pedra calcária com o um intrincado trabalho focado nos detalhes,
a casa é maravilhosa. Mas tão imponente como a enorme casa se
parece, ainda há essa vibração, fria e sinistra persistente no ar.
— Talvez nós devêssemos ir embora — Murmuro.
Só então uma limusine preta aparece. Ele viaja
lentamente até onde nós estamos parados.
— Tarde demais agora — Murmura Farren.
A limusine estaciona a alguns metros de distância de
nós.
Farren coloca a mão no meu joelho novamente. Essa
lembre-se do que eu disse.
Eu mordo meu lábio e olho para ele. Seus olhos verdes
me fitam exigentes e tornam o que eu tenho a dizer ainda mais
difícil
— Eu sou supostamente sua, todo sua. Eu obedeço tudo
o que você me diz.
Ele balança a cabeça lentamente. Isto é verdade. Você
me pertence.
— Você me possui— Eu repito.
A porta da limusine se abre e o homem que eu assumo
ser Dawson sai. Ele parece ter cerca de sessenta anos. Ele passa
a mão pelo cabelo grisalho cada vez mais fino. Seu rosto é
fortemente influenciado pelo sol do deserto. Ele está vestido com
um terno marrom escuro bem acabado, compacto e apertado,
apesar do tempo quente. Ele não é um homem particularmente
alto, mas exala confiança. Quando me pega o observando por trás
do pára-brisa, ele franze a testa, fazendo suas feições
endurecerem.
— Eu estou meio que com medo — Eu sussurro para
Farren ao mesmo tempo em que desvio meus olhos.
— Bom. Ele coloca a mão na maçaneta da porta e
abre. Não há como voltar atrás agora. O medo irá mantê-la viva,
Essalin.
Farren sai do carro e vejo como ele caminha em direção a
Dawson. Farren é muito mais alto que o homem mais velho, seus
ombros muito mais amplos. Agora que eu dei uma olhada melhor,
parece que o terno de Dawson tem ombreiras, que fazem com que
ele pareça maior. Mesmo assim, ele é um anão perto de Farren. E,
apesar do traje casual que Farren está usando, uma camisa preta
ajustada e jeans desbotado, ele é muito mais suave e completo do
que a forma esquelética de Dawson.
Eu me sento obediente no banco do passageiro,
observando e esperando por um sinal de Farren para me juntar
aos homens. O ar condicionado está desligado e embora as
janelas estejam abaixadas, é sufocante dentro do carro. Mesmo
assim, eu começo a tremer. Esfrego meus braços, tentando me
esquentar. Gostaria que eu tivesse vestido algo menos
revelador. Meus shorts brancos curtos demais e minha camiseta
vermelha fazem com que eu me sinta muito exposta. Mas esta
roupa é o que Farren me disse para colocar.
Eu estou atuando, é uma encenação, eu me lembro.
Quando Farren chega até Dawson, os dois homens
apertam as mãos. Ouço Dawson dizer:
— Vejo que você trouxe sua nova e bonita coisinha com
você. Será que isso significa que vamos jogar com ela hoje?
Farren tensiona um pouco seu corpo, mas é o suficiente
para que eu note. Dawson, no entanto, não presta atenção. Seus
olhos frios e negros fitam através do vidro do carro, focando em
mim, como se não houvesse nada entre nós. Ele diz algumas
palavras para Farren que eu não posso decifrar.
Farren, em seguida, me assusta quando sua voz, rouca
retumba, ordenando:
— Essalin venha aqui.
Sinos de aviso tocam em minha cabeça, me pedindo para
ficar parada. Mas eu confio em Farren implicitamente e obedeço a
seu comando.
Quando chego aos homens, Farren agarra meu braço
com força e me puxa para ele. Ele envolve seu braço em volta de
mim e move sua mão para meu queixo, o polegar cavando no meu
queixo. Diga Olá para o Sr. Dawson— Farren rosna no meu
ouvido.
Eu sei que esse falando comigo, não é ele. Ele também
está atuando. Mas sua manipulação grosseira me tem
choramingando, ao invés de fazendo o que ele me pediu.
A pressão no aperto de Farren aumenta e ele inclina a
cabeça para trás.
— Essalin faça como lhe foi dito— Ele sibila.
Dawson ri, e eu, relutantemente, chio
— Olá, Sr. Dawson.
— Eu vejo que você tem uma de temperamento forte aqui,
Sr. Shaw. Dawson diz seu sorriso frio. Ele dá um passo mais
perto de mim e Farren me puxa contra seu corpo protetoramente.
Essas são sempre as mais divertidas para quebrar — Observa
Dawson.
Este homem nojento está tão perto de mim que seu hálito
fétido enche meu nariz. Eu tento me afastar, mas a mão de
Farren permanece no meu queixo, me segurando no lugar. Sua
aperto aumenta, como se ele soubesse o que estou
pensando. Tenho a sensação de que me afastar seria uma idéia
muito ruim.
Felizmente, depois de um minuto extremamente longo,
Dawson se afasta. Farren solta seu aperto e seus dedos param de
cavar na minha pele.
Eu dou um suspiro de alívio.
Meu alívio é de curta duração, porém, quando Dawson
diz:
— Vamos dar uma olhada nela. Sua língua se lança
para fora e ele lambe os lábios como algum tipo de réptil. Levante
sua camisa.
O medo se transforma em terror total. Farren sabia que
algo assim iria acontecer. É por isso que ele não poderia me
armar. Um soluço me escapa quando a mão de Farren desliza sob
a barra da minha camiseta, levantando... E revelando.
Eu começo a chorar e ele sussurra em meu ouvido:
— Shh confie em mim.
Ele continua a levantar minha blusa, cada vez mais para
cima.
O ar seco do deserto normalmente parece uma carícia
aquecida, mas com a minha blusa amontoada ao redor do meu
pescoço, eu me sinto gelada e exposta. Mas minha humilhação
não é o bastante para Dawson. Ele esfrega em sua virilha e fala —
Abra seu sutiã. Eu quero ver mais.
Eu começo a tremer e me empurro tão longe quanto
posso, me encostando no peito de Farren. Apesar dos movimentos
calmos e do comportamento rústico, o coração do Farren está
batendo mais rápido do que o normal. Eu sei, então, que nós
temos que passar por isso... Ou Dawson vai nos matar. E embora
eu suspeite que Farren está armado, matar Dawson deve ser
nosso último recurso, devido às grandes chances de dar
errado. Este homem nojento tem conexões influentes. Seu
alcance é longo. E, embora Haven está supostamente segura,
Farren não vai correr nenhum risco.
Resignada de que esta é a forma como as coisas vão
acontecer, eu fico mole nos braços do Farren. Ele solta o fecho
frontal do meu sutiã e puxa a renda preta, expondo meus seios.
— Muito bom— Diz Dawson. Você se importa se eu
tocar?
Lágrimas caem pelo meu rosto. Foi isso que Haven teve
que aguentar? Se for, este tipo de merda foi provavelmente só o
começo.
— Esta não está disponível para compartilhar— Diz
Farren, para meu alívio.
Eu estou momentaneamente calma, até que Dawson
rosna
— Eu tenho compartilhado muitas com você, Shaw.
Eu não sei se Dawson quer dizer que as mulheres que
foram trazidas aqui foram compartilhadas com Farren, ou se ele
está fazendo referência ao fato de que Farren tem — roubado—
meninas dele. Meu único consolo é saber que as jovens que ele —
roubou— de Dawson, e talvez dormiu a fim de manter sua
história coberta, foram ao final, resgatadas e voltaram para casa.
— Eu disse que não vou compartilhar — Farren declara
com firmeza.
Dawson se mexe um pouco e resmunga:
— Tudo bem. E então ele acrescenta com um sorriso
sinistro — Você quer entrar em casa e transar com ela na minha
frente? Eu ficaria feliz com isso.
O que? Não, não, não…
Tanto quanto eu gosto de foder com Farren, eu não tenho
nenhuma vontade de ter este homem nojento assistindo. Sinto
que estes pedidos doentes estão irritando Farren também. Seu
corpo tensiona quando ele responde a Dawson
— Nós não estamos indo para sua casa. E isto é o
suficiente com a menina; ela não é importante. No entanto,
acredito que ainda temos alguns negócios para discutir.
Eu acho que está tudo acabado, e, aparentemente,
Farren também. Ele começa a baixar minha blusa. Mas é quando
Dawson interrompe:
— Não tão rápido. Eu quero ver o resto dela antes de
falarmos sobre qualquer negócio.
Bile sobe pela minha garganta. Nós não podemos
continuar a dizer não. Farren precisa resolver seus negócios com
este homem. Ele precisa fazer um acordo com Dawson. Um
acordo que resultará em manter Haven e eu a salvo.
É por isso que quando Farren rapidamente me vira e me
coloca sobre o capô da limusine de Dawson, eu não resisto. Eu
não luto quando ele puxa os meus shorts e calcinha para baixo e
não faço nada quando ele coloca a mão nas minhas costas
pedindo para que eu me arqueie e assim minha bunda vai para o
alto e Dawson pode ver tudo de mim.
É tudo tão humilhante, como se eu fosse algum objeto
para mostrar e exibir. Mas a pior parte de tudo é que, por que
Farren está fazendo essas coisas comigo, meu corpo começa a
responder. E isso não passa despercebido à Dawson.
— Você a treinou bem — Ele comenta lascivamente. Ela
já está encharcada.
Eu pressiono meu rosto no capô, a medida que lágrimas
quentes escorrem pelo meu rosto. É verdade, meu corpo está
desperto. Minha camiseta não foi abaixada o suficiente para
cobrir meus seios e o aço aquecido pressionando meu peito
parece surpreendentemente bem contra meus mamilos sensíveis.
— Faça ela gozar — Dawson diz distraidamente, e depois
vamos falar de negócios.
Eu estou tão ligada que não fico tão indignada como
deveria estar ao seu pedido. Eu só anseio pelo alívio. Ainda
assim, odeio que este velho tarado veja enquanto me
desfaço. Fecho meus olhos e tento fingir que estamos só eu e
Farren. Quando ele desliza os dedos em mim, eu aperto em torno
dele e solto um gemido.
— Ela está gostando. Ri Dawson.
Cale-se, penso eu, cale a boca. Eu gostaria de poder
matar Dawson. Acho que Farren também deseja que ele pudesse
matá-lo, enquanto seus movimentos tornam-se mais ásperos e
mais duros. Mas Farren ainda é talentoso o bastante com os
dedos, de modo que em pouco tempo eu estou mexendo meus
quadris no ritmo que ele define.
Eu esqueço que nós não estamos sozinhos. Estou me
contorcendo no capô da limusine enquanto Farren dedilha meu
clitóris com seu polegar. Quando ele torce os dedos, dois dos
quais estão dentro de mim, da maneira certa, eu gozo.
Uma vez que o meu orgasmo termina e não estou mais
excitada, eu começo a chorar.
Farren levanta meu corpo inerte do capô e desliza minha
calcinha e shorts de volta pelas minhas pernas. Rapidamente, ele
prende meu sutiã e desce a minha camiseta completamente.
O tempo todo ele está sussurrando em meu ouvido: —
Sinto muito, Essa. Eu sinto muito mesmo.
Quando eu me viro, Dawson desapareceu. Para onde ele
foi? Eu sussurro, enquanto enxugo minhas lágrimas.
Farren aponta com a cabeça em direção a limusine. Ele
está lá dentro, esperando para falar sobre negócios. Ele disse que
estava ficando quente demais aqui fora.
— Eu aposto — Eu zombo amargamente. Ele
provavelmente está lá dentro se masturbando depois do que ele
acabou de ver.
Farren segura minhas bochechas, com muito mais
cuidado do que antes.
— Essalin, eu sinto muito que eu tive que fazer isso com
você na frente dele.
— Está tudo bem — Digo a ele. Não é como se nós
tivemos alguma escolha. Estou feliz que ele esteja satisfeito
apenas com você me tocando.
Os olhos de Farren se estreitam.
— Eu não deixaria ele tocar em você. Eu o mataria
primeiro.
— E as consequências?
— Fodam-se as consequências, Essa.
De alguma forma, eu sei que Farren não estava
brincando. E o fato de que ele preferia matar a me compartilhar,
faz qualquer humilhação que eu suportei hoje um pouco menos
horrível.
Ainda assim, eu não posso esperar para sair daqui.
Farren vê o desconforto nos meus olhos e diz:
— Nós não vamos ficar aqui por muito mais tempo. Volte
para o carro, ok? Espere por mim lá. E, Essa... Lembre-se do que
eu te disse.
Eu balanço minha cabeça em concordância. Eu sei que
ele está se referindo a arma que escondeu embaixo do banco.
— Use-a se for necessário — Ele me diz, antes que eu me
vire e caminhe lentamente de volta à Ferrari.
Olho para trás quando estou quase no carro. Farren está
entrando na limusine para falar com o homem mais repugnante
que já conheci.
Este dia não pode terminar rápido o bastante.
Doze minutos, esse é o tempo que Farren está dentro da
limusine com Dawson quando eu começo a entrar em pânico.
— Merda — murmuro.
Lentamente, ajusto as minhas mãos ao redor do revolver
38 que está descansando no meu colo. Não tenho certeza quanto
tempo devo esperar. Farren disse para usar a arma se as coisas
ficassem ruins. Já passou muito tempo? Devo sair do carro e
bater na janela da limusine? Eu não sei. Quer dizer, quanto
tempo deve durar uma reunião como esta?
Olho para a arma em minhas mãos. Encontrei-a com
bastante facilidade. Estava exatamente onde Farren disse que
estaria, sob o banco do passageiro. Eu a procurei no segundo que
estava de volta no carro, logo depois que fechei a porta. Vou usar
esta arma, se precisar. Na verdade, atirar em Dawson
provavelmente me trará um tipo especial de alegria.
Mas meus pensamentos são apenas
fantasias. Sinceramente, estou com medo. Com medo por mim,
medo por Farren e medo dessa coisa que ele está envolvido ser
muito mais complexa do que eu imaginava.
Mais quatro minutos se passam, e, para meu alívio,
Farren sai da limusine. Ele parece estar bem, por isso o meu
aperto sobre a arma diminui. Quando ele abre a porta do lado do
motorista e desliza para dentro, eu pergunto:
— Como foi?
— Correu tudo bem — ele responde, enquanto coloca o
cinto de segurança. Dawson ainda está acreditando sobre a
história do canalha, que é um ponto positivo para nós. Eu acho
que fui capaz de convencê-lo de que já não sou uma ameaça.
Farren abaixa o olhar para a arma no meu colo. Estou feliz que
você não teve que usar isso, Essa. Mas estou feliz que você me
ouviu e tinha-o disponível. Apenas no caso de precisar.
Ele pega a arma de mim e a desliza sob seu próprio
assento.
Eu digo baixinho
— Eu a teria usado Farren, se isso significasse te
salvar. Eu teria ficado com medo, sim, mas teria feito isso.
Farren dá ré na Ferrari e lentamente se afasta da
limusine, mantendo os olhos no carro parado até que alcancemos
os portões.
— Eu não duvido querida — ele murmura.
Logo estamos de volta a estrada, em nosso caminho para
onde Rick tem Haven.
— Haven vai estar segura daqui por diante? Pergunto.
Farren acena
— Ela deve estar.
— E eu? Eu digo, com a voz trêmula. Vou ficar bem
quando eu voltar para a Faculdade?
Olhos esmeraldas deslizam em minha direção. Você está
pensando em ter aulas de verão, afinal de contas?
— Não — respondo. — Ainda planejo passar o verão em
Nova York com você e Haven.
— Bom — ele diz, parecendo aliviado.
Isso leva- me a dizer mais. Eu não estou realmente certa
do que quero mais.
Este tempo com Farren está me mudando ... da melhor
maneira. Estou aprendendo quem eu sou e o que quero fazer com
minha vida, e como já sabia o tempo todo, certo como o inferno
não é algo relacionado a negócios.
— O que você está dizendo? — pergunta suavemente.
Eu suspiro. Estive pensando sobre a transferência para
um lugar diferente. O programa de Oakwood é bom, mas há
muitas escolas melhores lá fora para o jornalismo.
— Você acha que seus pais vão concordar com isso?
Farren quer saber.
Eu ouço em sua voz que ele está tentando avaliar o quão
sério estou sobre a mudança de escola.
— Há sempre ajuda financeira. Eu ri.
Farren ri enquanto ele coloca a mão na minha. As
faculdades em New York têm bons auxílios de ajuda financeira.
Ele faz uma pausa, em seguida, acrescenta com um sorriso
— E uma abundância de bons programas de jornalismo
para escolher, também.
Eu entrelaço nossos dedos. Você está sugerindo que eu
me mude para Nova York?
Por favor diga sim. Por favor diga sim.
Meu coração pula com batidas de esperança e então voa
quando ele responde
— Se é isso que você realmente quer fazer, Essalin, você
não vai ter qualquer objeção minha.
Não é exatamente um pedido para me mudar, mas isso
significa algo vindo de Farren. Se há uma coisa que estou
aprendendo, é que Farren Shaw é cuidadoso com suas palavras.
Ele sorri para mim, e eu sussurro
— Eu vou pensar seriamente sobre isso então.
Eu aperto a mão dele, e ele aperta de volta. Nossos olhos
se encontram brevemente antes de seu olhar retornar para a
estrada.
Nesse olhar fugaz, porém, há algo nos olhos de Farren
que desmentem suas palavras anteriores, a sua declaração de
— Eu não venho com promessas.
Em seus olhos há um tipo de promessa, A promessa de
mais.
Enquanto viajamos pela interestadual, assisto os
marcadores de quilometragem mudarem. É hipnotizante e em
pouco tempo começo a cochilar. Eu dormi espantosamente,
apesar de estar enrolada no assento de couro. Quando acordei em
um ponto, com os olhos turvos, percebi que estávamos dirigindo
por uma tempestade. A chuva crivava sobre o carro. Embalada
pelo som, eu volto a dormir. E, a próxima vez que acordo, está
ficando escuro. Ou talvez o céu esteja com cor de ardósia devido à
tempestade.
— Onde estamos? Pergunto sonolenta.
Farren me alcança e esfrega meu ombro. Volte a dormir,
querida. Eu vou acordá-la quando chegarmos a casa segura.
Eu fecho meus olhos. E descanso.
Estou acordada algum tempo depois, quando um dos
celulares pré-pagos toca. Não é meu, é claro, então eu continuo
dormindo.
E isso foi quando eu tive um sonho estranho.
Ou foi real?
Eu sonhei que era Rick quem estava chamando. Farren
estava perguntando a ele sobre Haven.
Depois de uma batida, Farren diz:
— Bom, eu estou feliz que ela está melhor. E então —
Eu calculo que estarei aí em uma hora.
Mais cedo, quando eu estava dormindo profundamente,
Farren deve ter falado com Rick e contado sobre seu encontro
com Dawson. Suponho que sim, porque, depois de uma longa
pausa, Farren disse ao telefone:
— Sim, Dawson é um problema potencial. Sinto que ele
sabe que sou mais do que apenas um cara que foi trapaceado.
Espere o que? Farren disse que Dawson ainda acreditava
na história da trapaça e acreditou que Farren iria desistir.
Confundindo-me ainda mais, Farren, fala em seguida:
— Não, não, ele não fez nenhuma menção de Barnes,
mas acho que ele suspeita que ele esteja envolvido. Dawson está
começando a juntar 2 mais 2.
Rick diz alguma coisa e Farren murmura
— Não, de jeito nenhum. Ela ainda não tem nenhuma
pista de quem Barnes realmente é... E eu pretendo mantê-la
assim.
O que? Será que Farren está se referindo a mim ou
Haven? Talvez Farren esteja se referindo a nós duas? Então, o
que Haven não sabe? Ou, mais importante, o que eu não sei?
Uma coisa é certa: estou plenamente acordada agora. Isto
não é um sonho. Continuo fingindo que estou dormindo, para que
possa ouvir mais.
Farren ri sem graça. Rick, não há nenhuma maneira de
Dawson saber quem Quinton Barnes realmente é. Ele não tem
nenhum indício da minha ligação com ele em geral, muito
menos... Sua voz diminui e eu sinto seus olhos em mim,
avaliando se estou realmente dormindo como estou fingindo
estar.
— Hey — ele diz baixinho para Rick — Vamos discutir
isso com mais detalhes quando eu chegar. Então, termina a
chamada.
Droga. Este homem é muito sintonizado. Ele sabe que
estou apenas fingindo dormir.
Com certeza, ele chama meu nome. E quando não
respondo, ele diz um pouco mais alto
— Essalin, eu sei que você está acordada.
Suspirando, eu rolo de um ombro para o outro até que
estou de frente para ele.
— Desculpe — sussurro, com meus olhos
baixos. Quando não recebo nenhuma resposta, esfrego os olhos e
sento- me de frente. Por que você me disse que as coisas
correram bem com Dawson? Eu bravamente perguntei.
— Porque elas foram — Farren responde
categoricamente.
— Mas você originalmente disse que Dawson não sabia
nada sobre o homem para quem você realmente trabalha esse
cara Barnes.
— Está correto.
— Bem, eu ouvi o que você disse a Rick. Eu respiro
fundo, expirando lentamente. Então, quem é esse Quinton
Barnes? Qual é a sua verdadeira ligação com ele?
Uau, eu realmente estou passando dos meus limites e
isso nunca foi mais claro do que quando Farren coloca seus olhos
em mim, com um olhar que grita que pedi muito mais do que eu
poderia ter.
Ainda assim, ele me dá uma resposta. Mas, infelizmente,
é a mesma porcaria que manteve desde o primeiro dia em que me
contou sobre Barnes. Eu trabalho para o Sr. Barnes,
Essalin. Não há nada mais para dizer.
Eu aceito sua resposta. Mas eu não acredito nisso por
um minuto. E no espírito da minha futura carreira de jornalismo,
(jornalismo-investigativo,) eu resolvo que vou descobrir o quão
Farren Shaw está ligado a um homem misterioso,
exorbitantemente rico que perdeu uma filha para o tráfico
humano.
Fico surpresa quando Farren sai da rodovia nos
arredores de Las Cruces e dirige diretamente para um subúrbio
de classe média.
— Eu pensei que nós estávamos indo para onde Rick tem
Haven escondida? — Digo.
— Estamos — ele me informa. A casa segura é neste
bairro.
Eu olho em volta e digo:
— Este bairro parece muito comum, Farren. Como onde
Walter White viveu antes de ficar quebrado.
Farren ri.
— Então você é uma fã de 'Breaking Bad' também?
— Sim. Eu aceno. Estou triste que terminou.
— Foi muito legal — ele concorda. Então, em um tom
mais sério, ele diz: — Quanto a este bairro, é comum, Essa. Esse
foi o apelo quando encontrei pela primeira vez a casa que
vamos. É uma das razões porque é agora uma casa segura.
— Qual foi a outra razão? — Pergunto.
Ele diminui até parar na frente de uma muito agradável
casa de estuque branco com persianas pretas. Ele diz:
— Dê uma olhada em volta, Essa. Nem tudo é o que
parece.
Não é que é verdade!
Abstenho-me de expressar o que estou realmente
pensando e olho ao redor como indicado. Farren está
correto. Apesar de estarmos no meio de um bairro que, à primeira
vista, parece ser um típico subúrbio, a maioria das casas na
vizinhança estão vazias, os lotes vagos sinalizadas com placas de
execução de hipoteca.
— Esta área foi duramente atingida quando a recessão
começou. Farren desliga a ignição e se inclina para trás em seu
banco. Está apenas começando a se recuperar agora. Eu pedi a
Rick para comprar esta casa há um tempo atrás. É uma
localização ideal e isso acabou por ser mais seguro do que o
esperado.
— Mais ou menos como se escondendo à vista de todos —
medito, liberando o cinto de segurança.
— É isso aí — confirma Farren.
Saímos da Ferrari e caminhamos até a frente da
casa. Não há ninguém em torno de qualquer lugar e tudo está
tranquilo. O isolamento é estranho em uma noite agradável como
esta. Sinto- me inquieta. Mas quando penso ainda mais, percebo
que meus sentimentos não têm nada a ver com o bairro
ermo. Meus sentimentos ruins derivam de uma insegurança de
que as coisas estão se ajeitando fácil demais. Apesar da
necessidade de Rick mover Haven uma vez e o desvio de Farren
para se encontrar com o nojento Dawson, esta missão de busca e
salvamento passou sem contratempos. Agora só parece como se
algo grande pudesse estar a caminho. Mas juro pela minha vida,
que eu não tenho idéia do que poderia ser.
Felizmente, sou rapidamente aliviada dos meus
sentimentos de tristeza quando Farren bate na porta da frente e
Rick abre.
De pé junto a Rick está Haven.
— Meu Deus! Oh meu Deus! — Eu grito.
Jogo meus braços ao redor da garota que eu não via há
semanas. Haven é também uma menina que pensei que nunca
mais veria novamente.
— Haven — eu digo, minha voz pegando — Estava tão
assustada por você. Estou tão feliz que você esteja bem.
Nós duas começamos a chorar enquanto ela me abraça
de volta, ela com o corpo muito mais fino que antes e tremendo
como uma folha.
— Essa — ela sussurra. Eu não posso acreditar que você
está realmente aqui. Rick me disse que você estava viajando com
Farren, mas não achei que seria possível. Eu pensei que não
fosse verdade.
— É verdade -asseguro-lhe, dando um passo para trás. E
estou realmente aqui.
Olho e sorrio para o homem que fez isso acontecer. Eu
não expressei a sua irmã que esta viagem mudou a minha vida
em muitas maneiras. Mas quando Farren me dá um pequeno
sorriso, eu sei que ele vê em meus olhos que mudei e que ele é
um grande motivo.
Bem no estilo Haven de ser, ela em seguida, faz uma
piada. Eita Essa, sabia que ia precisar de algo drástico para tirá-
la do campus Oakwood este verão, mas eu ser seqüestrada não
era realmente o plano.
— Deus, eu espero que não — digo, e então acrescento
suavemente — New York City teria sido melhor.
— Sim, teria — ela calmamente concorda.
— Você quase me convenceu — digo a ela.
— Eu sabia! — Ela ri. Mais uns dias e eu teria
conseguido.
— Com certeza — eu sussurro.
Uma lágrima rola pela sua bochecha, sobre um
hematoma desaparecendo. Estendo a mão e limpo a umidade
longe, com cuidado para não a machucar. Eu começo a dizer a
Haven que vou voltar com ela e Farren e que vou ficar em Nova
York, depois de tudo. Mas assim que abro a minha boca, Farren
pigarreia.
Ele está ansioso para se reunir com Haven, também. Dou
um passo longe de Haven e os olhos de Farren encontram os de
sua irmã. Um nódulo sobe na minha garganta. Eu sempre soube
que estes dois irmãos se amavam muito, mas o olhar amolecido
de Haven e sorriso de Farren me mostram o quão apertado esse
vínculo é.
Um passo à frente e Farren engole sua irmã em um
enorme abraço, um abraço que é doce e genuíno.
Rick se afasta da porta e, ao fazê-lo, caminha para dentro
da casa. Ele acena para que eu o siga. Discretamente, de modo a
não perturbar o momento, escorrego passando por Farren e
Haven, deixando-os em seu encontro.
No espaçoso hall de entrada, com pé-direito alto, Rick
entra e suavemente fecha a porta.
— Vamos dar-lhes algum tempo para conversar em
particular — diz ele.
— Absolutamente — eu aceno — Com certeza.
A casa segura é muito moderna, com uma decoração de
influência espanhola como vigas expostas de madeira no teto,
paredes de estuque e os acentos de ferro forjado. As sombras e os
tons são neutros, com pops de cor aqui e ali. A disposição dos
móveis me fez pensar que a casa fora antes uma casa modelo. Eu
não posso imaginar Rick ou Farren decorando. E contratar uma
pessoa de fora para fazê-lo teria sido muito arriscado.
Cruzo os braços sobre o peito, enquanto Rick, parecendo
tão bonito e arrumado como na noite que eu o conheci, pega o
telefone e digita um texto rápido.
Ele provavelmente está dando ao Sr. Barnes uma
atualização, penso comigo mesmo. Deixando-o saber que Farren
está aqui.
Enquanto Rick está deslizando o telefone de volta no
bolso de suas calças escuras, Farren e Haven se juntam a nós no
corredor. Com o rubor inicial da reunião desaparecendo, eu dou
uma olhada melhor em Haven. Ela está mais magra do que antes
de ter sido sequestrada. Na verdade, ela está praticamente
nadando nas calças de ioga preta e no top roxo de gola V que está
vestindo. Além da contusão desaparecendo em sua bochecha,
existem várias contusões correndo para cima e para baixo nos
braços. Ainda mais perturbadoras são as duas marcas de mão
vermelhas desbotadas nas laterais do pescoço.
Tremo, ficando gelada de repente e não pelo ar
condicionado da casa. Olho para Farren para ver como ele está
levando tudo isso.
Uh, não é nada bom, eu percebo. Seus olhos verdes
queimam como fogo enquanto seu olhar passa sobre Haven. Ele
balança a cabeça lentamente, apertando forte a mandíbula. Eu
aprendi sobre este homem o suficiente para saber que ele quer
estrangular os homens — Eric e Vincent — que causaram este
mal a sua irmã.
Quando um músculo contrai na mandíbula de Farren, eu
passo mais perto dele e coloco a minha mão em seu braço em
uma tentativa de acalmá-lo. Quero mostrar a ele que estou aqui
se ele precisar se apoiar em mim.
Ambos Haven e Rick seguem o meu movimento. Não há
nenhuma surpresa na expressão de Rick, mas com certeza há
surpresa nos grandes olhos azuis esverdeados da Haven. Olhando
acusadoramente para mim e Farren, ela pergunta sem rodeios:
— Vocês dois, estão.... Juntos?
Merda, eu não sei como responder a Essa pergunta.
Mas Farren aparentemente sabe.
— Estamos — diz ele. Droga, pelo seu tom não há
dúvidas de que ele não quer dizer que acabamos de viajar juntos.
— Você está bem com isso? — Eu calmamente pergunto.
É importante para mim o que Haven pensa. Eu
certamente não quero que ela se engane e pense que só estou
aqui porque fiquei com seu irmão. É verdade, Farren fez esta
viagem suportável, divertida às vezes, mas nunca perdi de vista o
fato de que encontrar Haven era a única razão pela qual nos
embarcamos nesta jornada.
Eu não precisava me preocupar, no entanto. Farren me
falou uma vez que sua irmã estaria bem com o que aconteceu
entre nós, e, felizmente, ele parecia estar certo.
Haven sorri para Farren, depois para mim e diz:
— É claro que eu estou bem com minhas duas pessoas
favoritas encontrando o amor um com o outro.
O que? Amor? Ah Merda.
Meu rosto enrubesce.
As sobrancelhas de Rick sobem.
E Farren pigarreia.
Claro, há algo forte acontecendo entre mim e Farren, mas
não houve menção de porra de amor. Não da parte dele, isso é
certo. No entanto Haven é uma romântica, como eu, por isso eu
não devia ter me surpreendido. Ainda assim, não posso olhar
para Farren. Não nesta fase do jogo.
Rick, felizmente, redireciona a conversa longe do tema do
amor quando ele diz em voz alta:
— Então, tem alguém com fome?
Murmúrios rápidos de concordância se seguem, e ele
acrescenta
— Bom. Eu terminei o jantar poucos minutos antes de
vocês chegarem. Haven e eu estávamos prestes a nos sentarmos
na mesa da sala de jantar quando ouvimos seu carro se
aproximando da casa.
Nós fomos para a sala de jantar, Farren, Haven e eu
sentamos à mesa. Rick pede licença e sai para a cozinha. Seguro
uma risada ao pensar nele como um chef. Mas, menos de dez
minutos depois, cheguei à conclusão de que, embora Rick
Martinez possa ser de fato um ex Forças Especiais e um homem
para não se brincar, ele com certeza pode cozinhar. Seus tamales
caseiros de carne de porco, enchiladas de frango e chili rellenos
de queijo são de morrer.
— Tudo está tão delicioso — eu digo entre mordidas.
Rick está ao lado de Haven. Ele está inclinando-se para
ela, encorajando-a comer mais. Ele olha para mim e diz:
— Obrigado, Essa.
— Está muito bom — Farren, na cabeceira da mesa,
entra na conversa.
Quando olho para ele, percebo que está intensamente
observando a interação entre seu amigo e sua irmã.
Sem perceber que ela está sendo vigiada, Haven sorri
para Rick e aceita sua oferta de outra porção.Ele coloca mais
comida no prato dela, seus movimentos cuidadosos em torno dela
e seus olhos castanhos gentis. Farren olha para mim e eu levanto
uma sobrancelha. Ele dá de ombros e depois continua comendo.
Acho que ele está bem com a perspectiva de algo estar
acontecendo entre Haven e Rick. Do mesmo jeito que ela estava
bem com a gente. Os Shaws são assim. Uma vez que eles o
aceitam, você está dentro. Rick deve realmente ser alguém
confiável. Caso contrário, Farren iria acabar com a bunda dele.
Após o jantar e com a louça lavada, Haven boceja e diz
que está cansada. Ela levanta se alonga, então diz em uma voz
esperançosa:
— Vamos lá em cima comigo, Essa?
Eu empurro para trás minha cadeira.
— Sim, claro — e digo, já de pé.
Farren, entretanto, está preocupado. Ele está
perguntando a Rick se há alguma coisa para beber em casa.
— Como algo mais forte do que refrigerante — diz ele,
apontando para o copo de coca— cola.
— Há Scotch no escritório — Rick oferece.
Farren levanta uma sobrancelha. Charutos, também?
— O melhor — Rick diz ele. Cubanos, é claro.
— Perfeito — Farren diz, inclinando-se para trás e
relaxando.
— Você meninos divirtam-se — Haven comenta
levemente, seu tom despreocupado me lembrando de como ela é
normalmente. Nós, as meninas temos alguns assuntos para
recuperar. Ela agarra meu braço e começa a puxar- me para
fora da sala. Não é verdade, Essa?
— Sim — eu respondo enquanto permito que ela me puxe
junto. Com certeza temos.
Farren, porém para o meu caminho quando pega o meu
pulso.
— Espera aí — diz ele.
Haven me solta e revira os olhos. Farren ignora. Seu
polegar acaricia onde está pegando no meu pulso.
— Vejo você na cama? — Pergunta ele, levantando uma
sobrancelha.
Eu concordo. Aparentemente, vou estar dormindo no
mesmo quarto que Farren. Não que eu esperasse algo
diferente. Rick deve ter sido encarregado de estabelecer os
quartos, certamente, a pedido de Farren.
Farren acrescenta:
— Não fique até muito tarde— e Haven faz um barulho de
engasgos. Não posso deixar de rir. É tudo uma boa diversão. E é
ótimo ver que Haven ainda é Haven.
Enquanto nós caminhamos de volta para o hall de
entrada e as escadas, ela diz:
— Eu não posso acreditar que você está dormindo com o
meu irmão.
— Eu pensei que você estava bem com isso — eu
cuidadosamente observo.
— Eu estou — diz ela, diminuindo à medida que chega à
base de uma bela escadaria curvada. Ela se vira para mim. Eu
não estou totalmente surpresa. Sempre soube que você achava
Farren gostoso.
— Como você sabe disso? Pergunto.
— Duh — diz ela, bufando. Quando você estava
baixando fotos dele do meu computador foi uma grande dica.
— Oh, Deus. Cubro meu rosto com as mãos. Ainda não
posso acreditar que você me pegou fazendo isso.
— Está tudo bem, Essa. Ela puxa minhas mãos, que
estava no meu rosto, até que as solto. Eu pude ver que isso iria
acontecer. Ele é um cara muito boa pinta.
Eu tossi. Uh, Haven, odeio dizer isso para você, mas
Farren é muito mais do que apenas boa pinta.
Ela encolhe os ombros.
— Sim, eu acho. Que seja. Depois de uma pausa
pensativa, ela acrescenta:
— Algumas partes de você estar com ele serão uma
merda, no entanto.
— Oh. Eu levanto minhas sobrancelhas, curiosa. Por
que você diz isso?
— Bem, eu com certeza não vou pedir-lhe quaisquer
relatórios de desempenho no quarto. Isso é certeza.
Ela faz uma careta, seu rosto tão bonito como sempre, e
eu rio. Quer dizer que você não quer saber o quão grande é o pau
do Farren...
Ela morde meu braço. Ugh, Deus, não. Pare!
Mas não paro. Eu continuo implacável, já que estamos
rindo tanto. Bem, principalmente porque Haven está rindo. Ela
precisa rir depois do que ela sofreu.
Então eu digo com uma cara séria
— Você está absolutamente certa que você não quer ouvir
sobre as coisas que Farren pode fazer na cama? Deixe- me dizer-
lhe, que o seu pau grande é...
Ela cobre a minha boca com a sua mão, mas ela ainda
está gargalhando.
— Sério, Essa — diz ela, quando se acalma — isto é
apenas nojento. Irmãos não têm pênis, ok?
— O que eles têm? Eu murmuro, minhas palavras
abafadas pela sua mão.
— Nada — diz ela. Ela move a mão da minha boca. Eles
não têm nada. Eles só... É.
— Mais uma vez, eu odeio te desapontar, Hav, mas
irmãos, mesmo o seu, absolutamente tem paus. Na verdade, os
paus dos irmãos de algumas pessoas são...
Eu não falo mais nada. Sua mão está de volta na minha
boca, abafando as minhas palavras sem sentido. Estamos
perdidas em ataques de riso novamente. Toda essa besteirada é
um calmante muito necessário para nós duas.
Quando Haven finalmente me permite falar de novo,
embora com um severo se comporte nós vamos até o quarto dela.
O quarto fica no final do corredor e à medida que
passamos os outros quartos, ela ressalta que um foi preparado
para mim e Farren. Ela também faz questão de me dizer qual
quarto Rick dorme. Ela olha com um pouco de saudade quando
passamos.
Quando chegamos ao quarto, que ela tem ficado eu digo:
— Existe algo acontecendo entre você e Rick? Ele
realmente é lindo, Haven. Eu não culpo você.
Haven deixa cair o seu olhar para o chão acarpetado.
— Rick é um cara muito bom, Essa — diz ela lentamente.
E ele é super fofo. Isso é verdade. Ela suspira. Mas eu não estou
pronta para qualquer coisa, ah... Física ainda. Nem com ele ou
com qualquer outra pessoa.
— Oh meu Deus, eu sou tão idiota. Eu rapidamente
lembro dos eventos que nos trouxeram aqui. Eu sinto muito,
Haven. Eu toco seu braço, as contusões, lembranças do que ela
passou. Eu não deveria perguntar algo assim depois de tudo que
aconteceu com você.
— Está tudo bem — diz ela. E eu estou bem. Ela
respira. Quero dizer, vou ficar bem. Eu tenho certeza que vou
estar de volta ao meu velho eu em breve.
Eu sorrio e digo a ela que ela está certa.
— Você está quase lá agora — eu digo tranqüilizadora.
Mas, caramba, eu não sei se Haven vai conseguir voltar a
sua antiga maneira de ser. Não quando, pouco tempo depois, ela
e eu estamos sentadas com as pernas cruzadas em sua cama, de
frente para a outra e ela está compartilhando comigo as coisas
que aconteceram com ela, coisas que incluem Eric forçando-se
sobre ela, tipo, várias vezes.
— Vincent praticamente deixou-me sozinha — diz ela,
como se isso fosse um grande consolo.
Suavemente, eu respondo
— Haven, eu sinto muito que você teve que passar por
tudo isso.
Ela pega um travesseiro jogado na cama e aperta as
bordas. Não foi tão ruim quando nos hospedávamos nos motéis
no começo. Quero dizer, com certeza, eu pensei que era
ruim. Eric me forçava a fazer coisas, mesmo quando tentei estar
disposta. Ele gostava quando eu lutava, embora. Então, eu joguei
junto e lutei com ele. Mas então ele começou a me machucar de
verdade...
Ela vagueia, e digo-lhe:
— Você não tem que falar sobre isso, Haven.
— Isso ajuda, embora — ela insiste. Eu preciso tirá-
lo. Não falar é como uma úlcera, só torna tudo podre por dentro.
Tenho pesadelos quase todas as noites. Quando Rick ouve- me
gritar, ele vem e me abraça. E ele ouve, Es. Ele é um bom ouvinte.
Ela olha para mim. Então, se você está bem em escutar, eu
gostaria de lhe dizer mais.
Seus olhos rogam o me, e eu dou uma palmadinha em
seu joelho.
— Claro — eu digo tão suavemente quanto posso. Como
sempre, você pode me dizer qualquer coisa.
Eu sento- me calmamente e ouço. E Haven conta sua
história. É nada menos do que horrível. Não que eu esperasse
nada menos. Ela começa no início, primeiro me dizendo como
Eric e Vincent arrastaram-na do apartamento com uma arma
enquanto eu estava apagada.
— Primeiro, eles me fizeram fazer as malas — diz ela.
Então, pareceria que eu deixei o apartamento de bom grado.
— Eu sabia! — Eu silenciosamente amaldiçôo os policiais
que não acreditaram em mim.
Ela me diz como Eric a levou com ele em seu carro e
Vincent levou o dela. Eu fui mantida no porta-malas -afirma o
assunto com naturalidade.
— Oh, Haven.
— Em Indianápolis, Eric tinha um lugar para ficarmos
onde sabia como me passar pelas as câmeras sem ser visto.
— O Super Eight — eu digo. Farren e eu estivemos
lá. Ele verificou os vídeos de vigilância. E, sim, você não estava
em nenhum deles.
Em voz baixa, ela diz
— Foi onde Eric forçou-se sobre mim pela primeira
vez. Eu lhe disse que faria o que quisesse, que ele não tinha que
ser tão duro comigo, mas ele gostava de ser bruto.
— Ele é doente — eu assobio, irritada e desejando que eu
tivesse o poder de ferir o homem que feriu essa garota que amo
como uma irmã.
Eu me pergunto onde Vincent estava durante tudo isso, e
ela diz:
— Eu não sei. Eu acho que em outro quarto.
— Isso é estranho — eu comento.
Ela encolhe os ombros e continua sua história. Nós
viajamos para Oklahoma City em seguida. Eric fez Vincent
abandonar o meu carro lá. Ela faz uma pausa e então diz
sombriamente
— Aí ficou de mal a pior depois disso.
— O que aconteceu? Pergunto timidamente. Quanto pior
pode ficar? Eu acho.
Muito pior, eu descubro quando Haven diz:
— No Texas e no Novo México, Eric começou a me levar
para as casas de seus associados. Eu era mantida nos porões.
— Será que Eric ainda...
— Sim claro. O tempo todo. Ela faz uma careta. Ele e
seus amigos se revezavam comigo. E quando eu resistia, Eric me
machucava.
Meus olhos são atraídos para os hematomas em seu
corpo, as marcas vermelhas no pescoço dela. Ela olha para o lado
e sussurra:
— Graças a Deus eu fui resgatada.
Eu tremo, assim como ela. Nossos olhos se encontram e
vejo em seus olhos esmeraldas que mais alguns dias ela poderia
ter ficado inacessível. Não apenas geograficamente, mas em
outras maneiras também. Eu olho para longe, perguntando o
quanto ela sabe do envolvimento de Farren com os homens que a
raptaram, os homens que a machucaram. Eu me pergunto se ela
sabe o que Farren tem feito até estes últimos meses.
Cuidadosamente, eu digo sem constrangimento
— Sim, ainda bem que Rick foi capaz de resgatá-la.
Ela está tranquila e me atrevo a olhar em sua direção.
— Essa, eu sei o que você está pensando — diz ela.
— Você sabe?
— Sim — ela diz baixinho. Eu sei mais do que você
pensa.
— Então, você sabe que Farren e Rick trabalham
juntos? Você sabe que Farren está atrás da organização que Eric
e Vincent trabalham?
— Sim — ela diz. Eu sei tudo. Rick me disse que fui
levada por causa das coisas que Farren tem feito para parar essa
organização.
— Rick disse tudo? — Pergunto, espantada e meio
chocada por ele ter divulgado tanto.
— Ele nunca teria dito uma palavra por escolha própria—
Haven responde. Mas Farren lhe deu o sinal verde para me dizer
tudo.
Aha, eu sabia que Rick não divulgaria toda essa
informação confidencial por escolha própria.
Eu falo para Haven — Então, você sabe que Farren e Rick
ajudaram outras meninas que foram raptadas?
— Sim, eu sei. Ela balança a cabeça e, em seguida,
reitera — Eu te disse, Essa, eu sei tudo. Sei sobre a organização
que o Eric e Vincent trabalham. Sei como ele está vinculado as
empresas legítimas. Sei sobre esse homem rico que se aproximou
de Farren. Sei que Farren contratou Rick para montar equipes. E
sei que eles estão tentando se infiltrar no braço da corporação do
tráfico humano. Rick disse que eles tiveram algum sucesso em
resgatar algumas das meninas que foram seqüestradas.
— Eu acho que você realmente sabe tudo — eu digo,
quando ela termina.
Tudo está quieto, até que ela diz, apenas entre nós, Essa,
Eric está definitivamente envolvido no pior dos piores, mas não
estou tão certa sobre Vincent.
Faço uma careta. Uh, Haven, ele sequestrou você,
juntamente com Eric. Além disso, ele me drogou naquela
noite. Eu não acordei até tarde no dia seguinte.
— Eu sei, mas algo é diferente sobre ele.
— Como o quê? Eu quero saber.
— Por um lado, ele nunca me tocou. Nem uma única
vez. E ele certamente poderia ter tocado; Eric me ofereceu a ele o
tempo todo. E, ele estava apenas... Eu não sei. Ele parecia
preocupado em evitar que Eric ficasse muito louco comigo. Eu
não acho que ele queria me prejudicar.
— Você foi prejudicada, Haven — Eu lembro-a, com meus
olhos fixos em seu pescoço.
— Quero dizer realmente prejudicada.
Sua mão vai para a sua pele machucada.
— Essas marcas vão curar — diz ela. Eric poderia ter
feito coisas permanentes.
Eu tremo quando levo em consideração o que Haven está
dizendo. É verdade, Vincent mostrou alguma bondade por mim
na noite em que Haven foi levada. Ele não se aproveitou de mim,
por exemplo. Inferno, ele mesmo me trouxe um balde quando eu
estava me sentindo mal. E agora, sabendo que ele nunca teve
relações sexuais com Haven, mesmo quando muitos dos
associados de Eric tiveram. Talvez Vincent não seja tão horrível
como eu pensava. Mas por que ele se controlava? Por que não se
comportava terrivelmente como o resto dos outros homens? Qual
é o seu ponto de vista em tudo isso?
— Você acha que Vincent trabalha com Rick e Farren?
Eu solto a pergunta.
— Eu pensei isso — ela responde. Mas quando perguntei
definitivamente para Rick, ele disse que não.
— Sim — eu disse pensativa. Eu não tive essa impressão
de Farren, também.
Estamos bem e verdadeiramente perplexas sobre como o
misterioso Vincent se encaixa no esquema das coisas. Mas é
evidente que ele não é tão mau como Eric e Dawson. Pelo que me
lembro do horrível Dawson, com um arrepio de desgosto,
considero compartilhar com Haven meu encontro com o velho
tarado. Mas eu decido adiar. Seria muito estranho detalhar como
seu irmão teve que me tocar até o orgasmo na frente de outro
homem. Se Farren não fosse sua família, eu até poderia
compartilhar. Mas desde que ele é seu irmão, eu opto por ignorar
o conto sórdido.
— O que você está pensando, Essa? — Pergunta
Haven. Seu tom é suspeito. Ela sabe que estou me controlando.
Sem entrar em detalhes do que aconteceu com Dawson,
eu digo:
— Eu estava pensando sobre alguém que Farren e eu nos
encontramos antes de virmos para cá.
— Um deles? — ela calmamente pergunta.
— Sim — eu digo com amargura. E então eu pergunto: —
Você já encontrou um homem chamado Dawson durante o seu
tempo com Eric?
Dou-lhe uma breve descrição, mas ela balança a cabeça.
Não, ele não se encaixa na descrição de qualquer um dos caras
que eu, uh ... vi. Todos eles eram mais jovens.
— Eu acho que ele é o chefe — comento, e, em seguida,
por pura curiosidade, eu acrescento: — E este Sr. Barnes que
Farren e Rick trabalham para? Qual é o lance com ele? —
— Eu não sei. Rick não falou muito sobre ele. Só que ele
se aproximou de Farren logo depois que ele foi dispensado do
serviço militar.
— Você sabe sobre sua filha? — Eu sussurro.
Ela balança a cabeça e responde calmamente:
— Sim, eu sei.
Haven e eu passamos os próximos trinta minutos
tentando descobrir o que, além da enorme quantidade de
dinheiro, poderiam ter atraído Farren a trabalhar para Quinton
Barnes. O que era tão convincente que ele escolheu trazer seu
camarada mais próximo e amigo, Rick? O que poderia ser tão
convincente para Farren até montar equipes para lutar essa luta?
— O tráfico de seres humanos era uma causa próxima e
querida para Farren no passado? — Pergunto a Haven.
— Não que eu saiba — diz ela, franzindo a testa. Ela está
tão perplexa quanto eu. Quero dizer, tenho certeza que ele
pensava que era horrível e tudo. Mas, eu não sei... Acho que nós
estamos esquecendo alguma coisa.
— Sim — eu concordo — Tem que estar faltando alguma
coisa. Quer dizer, algo fez Farren dizer sim a Barnes. E não era o
dinheiro. Que ele disse tanto. Eu suspiro. Ele está tão
completamente comprometido. Tem que haver uma razão.
— Eu concordo — disse Haven. E pelo que Rick tem dito
nos últimos dias, parece que eles vão continuar com isto.
— Eles vão — eu digo severamente. Farren me disse a
mesma coisa.
Ela balança a cabeça. Eu estou lhe dizendo, Essa, há
algo mais, algum componente que falta.
— É algo a ver com Barnes — Eu declaro. Estou certa
disso.
— Por que você acha isso? — Pergunta Haven.
— Eu não sei. Eu gostaria de poder apontar, mas eu só
tenho uma sensação.
Haven morde o lábio, pensativa. Hmm, talvez você tenha
alguma coisa, Essa.
— Eu acho que sim — murmuro.
E então Haven diz que a única coisa que eu tenho
repetidamente me perguntando:
— Que porra de coisa poderia ter este Quinton Barnes,
eventualmente sobre Farren?
— Eu não sei Haven. Mas eu acho que devemos
descobrir.
Haven e eu conversamos noite adentro. Nós colocamos os
assuntos mais graves em segundo plano e nos concentramos em
coisas mais agradáveis. Como o que está à frente de nós. Ela está
emocionada quando digo dos meus planos para passar o resto do
verão em Nova York com ela e Farren.
— Seus pais vão pirar — diz ela, rindo e balançando a
cabeça.
Bufo. Ah, você tinha que ter ouvido mamãe quando disse
a ela que eu estava pulando fora das aulas de verão.
— Oh, merda, Essa — Haven diz, arrasada. Você não
disse a ela que eu estava sumida, não é?
— Você está brincando? Eu faço uma careta. Claro que
não.
Haven está calma e seus olhos encontram os meus. Ela
pergunta:
— Então, o que sua mãe disse sobre você não ficar no
campus neste verão?
Eu suspiro. Ela disse que haveria repercussões no
outono.
— Acho que isso significa que você está sendo cortada?
— Não para a faculdade, mas provavelmente, para
despesas extras.
Haven não está tendo nada disso.
— De jeito nenhum — diz ela. Eu vou pagar a sua parte
do apartamento, se for sobre isso.
— Ela provavelmente não vai chegar a esse ponto — eu
lhe asseguro enquanto olho em volta do quarto familiarizando que
o quarto que estamos é decorado de forma neutra; não é nada
como o nosso aconchegante apartamento. Esta é apenas uma
casa que Farren pediu para Rick comprar, uma casa
segura. Conversar com Haven esta noite, pareceu como nos
velhos tempos. Mas as coisas mudaram muito. Haven é a mesma,
ainda que diferente. Mas, eu mudei também. Eu sei.
Haven está me observando com cuidado.
— O que está acontecendo, Essa? — Ela pergunta.
Eu digo baixinho
— Eu estou mudando minha graduação.
Seus olhos se alargam.
— Sério? Para o que você está mudando?
— Jornalismo — Afirmo com orgulho.
Haven sabe que eu gosto de escrever, especialmente
peças de notícias. Ela sabe que tenho escrito artigos para o jornal
da escola e que tinha contribuído para uma revisão mensal de
negócios.
Sorrindo, ela diz:
— Eu acho que é uma ótima idéia. E então ela
acrescenta: — Estou orgulhosa de você, Essa.
Nós gastamos os próximos minutos conversando como eu
ainda poderia me formar a tempo. Mas no final, eu concluo:
— Talvez aulas de verão estarão em meu futuro, afinal de
contas.
Droga, lá se foram os meus planos. Se eu estou falando
sério sobre a mudança de graduação, talvez tenha que voltar para
a escola e ignorar Nova York. Algo que absolutamente não quero
fazer. A menos que ... Eu poderia sempre mudar para Nova York
permanentemente, como discuti com Farren. Eu poderia redefinir
a meu tempo, e começar de novo.
Antes de eu ter a oportunidade de compartilhar meus
pensamentos, Haven solta
— Por que você não assiste às aulas de verão em New
York City?
— É um pouco tarde para se inscrever para aulas de
verão em uma escola que eu nem compareci — eu digo.
— Farren tem conexões em Columbia — ela responde o
assunto com naturalidade. Eu tenho certeza que ele pode dar
algum jeito.
— Conexões em Columbia... Eu sorrio. Eu deveria estar
surpresa?
Haven dá de ombros, tomando o poder e influência de
seu irmão pra si. Isso pode ser um bom momento para dizer a ela
que penso em realmente me transferir para uma escola de Nova
York.
— De jeito nenhum — diz Haven depois de eu lhe dizer o
que estou pensando em fazer.
— Estou considerando isso — eu confirmo.
— Hmm — ela me olha me avaliando -as coisas devem
estar realmente ficando sérias com o meu irmão.
Eu não estou pronta para essa conversa, especialmente
desde que eu nem tenho certeza de onde Farren e eu exatamente
estamos. Mas não preciso me preocupar, já que Haven não
pressiona. Em vez disso, ela reflete:
— Bem, se você está se transferindo, então talvez eu
deveria, também. Depois do que passei, poderia ter uma
mudança .
— Eu não disse que estava definitivamente me
transferindo.
Antecipadamente, ela diz
— Oh, você vai.
Eu bato no seu joelho.
— Cale a boca, Hav.
Nós caímos na gargalhada e agora realmente parecia
como nos velhos tempos. Mas quando as coisas acalmaram, eu
suavemente perguntei:
— Você sabia o tempo todo que Farren iria encontrá-la?
Ela suspira.
— Eu esperava que ele iria, Es. Quer dizer, eu sabia que
ele tinha a capacidade ... E os recursos.
— Por causa do Sr. Barnes?
— Eu não sabia sobre Barnes no momento — diz ela.
Mas eu sabia que alguém muito rico estava financiando Farren.
Mais uma vez, o nome do homem misterioso surgiu. Mas
Haven parece exausta demais para entrar em outra discussão
sobre quem é esse Barnes. Então, nós embrulhamos as
coisas. Depois de nos abraçarmos, deixo o quarto de Haven e vou
para o quarto, que ela apontou que como meu e de Farren.
Quando passo através da porta, está uma
escuridão. Todas as luzes estão apagadas, mas há finas correntes
de luar vindo através das cortinas. Farren está dormindo, então
passo ao redor do quarto com cuidado, tentando ir para a cama o
mais silenciosamente possível para não o acordar. Eu tiro minha
roupa e fico de camiseta e calcinha. Depois de um rápido pit stop
no banheiro para escovar os dentes e lavar o meu rosto, eu volto
para a cama. Gentilmente, começo a subir na cama, mas Farren
acorda imediatamente.
— Hey — diz ele, sonolento enquanto ele rola em suas
costas. Que horas são?
O lençol caiu um pouco para baixo, e é claro que ele não
está com nenhuma roupa.
— Hum — eu respondo. Odeio ter que tirar os olhos de
seu entusiasta e maravilhoso corpo, mas eu faço quando verifico
rapidamente a hora no relógio ao lado da cama. É depois das
três.
Apesar da hora tardia, uma onda de luxúria passa sobre
mim. Eu tiro minha camiseta e puxo minha calcinha pelas
minhas pernas, deito- me ao lado de Farren, completamente nua.
Farren desliza seu braço debaixo de mim, enquanto eu
inclino e dou pequenos beijos em seu peito largo,
suavemente. Quando desço minha mão sob o lençol, coloco
minha mão em torno de seu comprimento duro.
Ele suspira.
— Essa...
Eu começo a acariciá-lo.
— Você quer que eu pare? Pergunto timidamente. É
muito tarde — acrescento em um tom leve e provocante. E você
estava dormindo tão profundamente.
— Não se atreva a parar — ele avisa.
Farren de repente me vira de costas e se instala entre as
minhas pernas. Eu já estou tão pronta para ele. Eu mudo meus
quadris para que ele possa sentir o quanto eu quero ele.
— O que você quer Essa? — Ele pergunta enquanto se
segura antes de entrar em mim. Eu olho em seus olhos. Isto já
não é sobre luxúria apenas.
Eu digo, com a emoção asfixiando minha voz
— Você. Uma palavra carregada.
— Você me tem — ele responde, lentamente escorregando
dentro de mim. Três palavras carregadas.
Eu tenho? Eu penso comigo mesmo.
Farren se move dentro e fora de mim tão devagar, tão
docemente. Nossos olhos nunca deixam o outro. Ele sorri, tira e
mergulha de volta. E eu sei que, naquele momento, estou
perdida, completamente apaixonada por Farren Shaw. Não há
como voltar atrás agora. Isto já não é uma fantasia. Isto já não é
um talvez, isto é real.
A intensidade da minha constatação me faz engasgar e
quando solto um grito Farren coloca a palma da mão na minha
bochecha. Acalmando-me, ele pergunta:
— Você está bem, Essa? Você quer parar?
— Não, não, não. Uma lágrima desliza para baixo da
minha bochecha. Ele a limpa. Não pare Farren — eu imploro.
— Ok — ele sussurra.
— Por favor, não me deixe — acrescento. Quatro palavras
carregadas.
Ele começa a se mover novamente, mas agora ele apóia
as mãos em ambos os lados do meu rosto.
— Eu nunca vou deixar você, Essalin — ele diz com
ternura. Ele pega a minha mão e toca em seu peito, onde seu
coração está. Você está aqui — ele me diz. Três palavras mais
carregados.
Todas estas palavras, todas essas emoções... Fico
exaurida e aliviada. Eu gozei. Eu chorei. E, embora ninguém
tenha pronunciado as palavras, sei que Farren me ama, assim
como eu o amo.
Sim, o poderoso, forte Farren Shaw pode lutar contra
tudo. Mas ele não pode lutar contra o que está destinado. Ele não
pode lutar contra seu próprio desvio inevitável: Eu.
Na manhã seguinte, nós acordamos cedo. Farren me
segura em seus braços, acariciando meu cabelo. Não falamos
nada por um tempo. Em vez disso, nos permitimos desfrutar da
sensação do corpo um do outro perto, abraçando, segurando
firme. Nós demoramos, segurando bem próximo um do outro
como se pudesse ser a última vez que estivéssemos juntos.
A coisa é, eu sei em meu coração que algo está prestes a
acontecer. Talvez Farren saiba disso, também.
Como um precursor a este sentimento desconhecido, ele
diz
— Eu tenho que sair mais tarde hoje, Essa.
Sento-me, o lençol caindo até a minha cintura. O
que? Por quê? Aonde você vai?
Ele olha para mim, seu rosto angelical bonito.
— Você viu o que fizeram com a minha irmã.
Eu aceno, e ele diz:
— Bem, isso absolutamente não ficará impune.
— Você está indo procurar Eric? Minha voz trêmula trai
meu pânico crescente.
— Sim. E qualquer outra pessoa que a machucou.
Não sei porquê, mas sinto-me compelida a me certificar
que Farren sabe que Vincent não fez todas as coisas terríveis que
Eric fez para Haven. Eu acho que não quero que Farren mate o
cara errado.
— Para o registro — digo — Haven afirmou que Vincent
nunca tocou nela.
— É mesmo? Farren responde, sua expressão pensativa.
Eu mordo meu lábio e corajosamente pergunto:
— Será que ele, por acaso, trabalha com vocês?
— Não.
— Bem, em qualquer caso, ele deixou Haven sozinha. Ela
disse que ele até tentou protegê-la quando Eric ficou muito ...
fora de controle.
Sinto a mão de Farren na parte inferior das costas,
apertar em um punho.
— Eu vou manter tudo isso em mente — diz ele com
firmeza.
Eu traço círculos em seu peito.
— Prometa- me que vai ter cuidado.
Ele me puxa para baixo e me beija suavemente.
— Eu vou ter cuidado, Essalin. Prometo.
— Parece que estamos sempre fazendo promessas — eu
digo.
— É a natureza da besta, querida.
— Eu acho. Baixo o meu corpo para que minha cabeça
descanse em seu peito. Escuto as fortes batidas de seu coração e
pergunto: — Você vai ficar fora muito tempo?
Sinto-o respirar profundamente e depois expirar.
— Eu não sei — diz ele. — Se as coisas correrem bem,
vou estar de volta em alguns dias.
— Onde você estará indo, exatamente? Onde está Eric?
— México.
Um arrepio me percorre. Farren não vai mesmo estar no
mesmo país que eu.
Incompreensão é a fonte do meu desconforto, então ele
diz:
— Não se preocupe. Você e Haven estarão seguras com
Rick aqui em casa.
— Isso não é com o que eu estou preocupada,
Farren. Estou preocupada por você. Eu deixo cair a minha
cabeça e enterro meu rosto em seu pescoço. Ele cheira tão bem,
tão Farren.
Sua mão se move para o meu cabelo, acariciando,
calmante. Eu disse a você, querida, eu vou ficar bem.
— Eu sei que você é meio letal — Afirmo, o fazendo rir.
Mas você ainda é apenas um homem.
— Eu sou um homem que pode fazer uma série de
prejuízos, Essa.
Eu sei que Farren é totalmente capaz de cuidar de si
mesmo, bem como causar estragos em qualquer um que o
atravessa, mas, neste momento, eu só quero que tudo isso acabe.
Haven está segura. Acho que só quero ir para casa — eu digo
baixinho, compartilhando meus pensamentos.
— Nós vamos sair daqui em breve — ele me
assegura. Farren sela suas palavras com um beijo doce, como
uma promessa.
Eu só espero que esta seja uma que ele possa certamente
manter.
À noite, Farren se foi. Como resultado, Rick, Haven e eu
jantamos deprimidos. Rick não falou muito e Haven se retira
imediatamente para seu quarto após ter comido. Ela mal tocou
em sua comida.
Eu brinco com a minha própria comida ao redor no meu
prato. Não estou com fome também.
Rick se levanta e se desculpa, dizendo distraidamente
para mim
— Eu vou estar no escritório se precisar de mim.
Balançando a cabeça, eu começo a limpar os pratos da
mesa da sala de jantar. Depois disso, carrego a máquina de lavar
louça e então me encaminho para o escritório. Eu tenho algumas
coisas para perguntar ao Sr. Martinez.
A porta está aberta e quando eu espreito vejo que Rick
está sentado em uma cadeira de couro luxuosa. Ele está de frente
a uma lareira a gás, mas não há fogo. Ele tem um copo de whisky
na mão, cheio com o licor âmbar e um único cubo de gelo.
Eu começo a bater, mas ele sente a minha presença e se
vira. Ele me convida a entrar.
— Sinto muito — eu digo enquanto eu ando até onde ele
está sentado. Eu não queria interromper.
Apontando para uma cadeira em frente dele, ele diz:
— Sente-se, Essa. E para o registro, você não está
interrompendo nada. Só estava apreciando uma bebida.
Enquanto eu me sento, ele me pergunta se eu gostaria de
algo para beber também.
— Não, estou bem, obrigado — eu respondo.
Eu não estou aqui para beber; estou aqui para obter
respostas. Este é o meu pensamento, mas não me atrevo a fazer
uma declaração tão ousada para um amigo de Farren. Em vez
disso, digo:
— Estava pensando se eu poderia lhe fazer algumas
perguntas sobre Farren.
Rindo, ele olha para baixo em seu copo. Depois de um
minuto, ele olha para mim e diz:
— Claro, mas eu não posso prometer todas as respostas.
— Vocês se conhecem há muito tempo, certo?
— Mais de uma década — diz ele casualmente, antes de
tomar uma bebida.
Eu continuo:
— Quando Farren lhe pediu para trabalhar com ele para
este Sr. Barnes, você teve a oportunidade de conhecer o cara em
primeiro lugar?
Agora, eu tenho toda a atenção de Rick. Seus profundos
olhos castanhos me avaliam. O que Farren lhe disse sobre o Sr.
Barnes?
— Não muito — eu admito, franzindo a testa.
Ele balança a cabeça, como fosse de se esperar. Ele toma
outro gole, e eu faço novamente a pergunta que ele não
respondeu. Então, você já encontrou o Sr. Barnes?
— Sim — é a resposta cortada de Rick.
Eu tenho tantas perguntas e realmente não estou
chegando a lugar nenhum. Deixando a minha abordagem
cuidadosa, deixo escapar:
— Será que Barnes têm alguma conexão com Farren?
As sobrancelhas de Rick sobem. Tal como…?
— Eu não sei. Eu me mexo desconfortavelmente. É isso
que estou perguntando.
Rick se inclina para frente em sua cadeira, diminuindo a
distância entre nós.
— Por quê? — Ele pergunta.
— Por quê o que? Eu guincho para fora, como se não
soubesse o que ele está perguntando.
Ele balança a cabeça e faz um ruído desdenhoso. Por
que você está tão curiosa sobre uma conexão entre Farren e Mr.
Barnes?
Eu dou de ombros. Eu só acho que parece que Farren
está muito empenhado em ajudar o Sr. Barnes. Mas não consigo
descobrir o por que. Eu sei que é mais do que apenas por
dinheiro.
— Você acha? Diz Rick. Você realmente acha isto? Ele
toma sua bebida e senta-se para trás. Talvez seja apenas sobre o
dinheiro, Essa. Você já pensou nisso? Você, obviamente, sabe que
o Sr. Barnes paga muito, muito bem.
Farren não me parece ser tudo sobre o dinheiro. Inferno,
ele mesmo disse isso.
Eu eriço e contradigo com:
— Não, é mais do que o dinheiro. Tenho certeza de que
há algo mais, algo que amarra Farren a esta causa.
Rick parece menos feliz, mas, ainda assim, eu pressiono.
Será que Farren conhecia a filha do Sr. Barnes ou algo assim?
Balançando a cabeça, ele afirma secamente:
— Eu não sei o que você está perguntando. Mas ela tinha
dezesseis anos, pelo amor de Deus.
— Eu sei. Eu recuo rapidamente. Eu não quis dizer,
como, de alguma forma ruim. Apenas pensei -agito minha mão no
ar -oh, não importa.
E isso é quando Rick se inclina para frente. Seus olhos
seguram o meu. Ele esta muito sério.
Mortalmente sério quando ele profere as palavras com
um impacto muito grande: — Essa, deixa isto para lá.
Estou intrigada, sim. Mas eu, na verdade, prestei atenção
às palavras de Rick. Deixando as coisas para lá.
Mas então algo muda dois dias após a nossa pequena
conversa no escritório.
É tarde e Farren ainda não está de volta. Vários dias se
passaram, mas ele não está em casa ainda. E eu estou me
sentindo inquieta pra caramba. Pouco antes da uma, começo a
remexer um pequeno saco preto que Farren deixou para trás. Eu
não estou bisbilhotando, só estou esperando encontrar algo seu
para que eu possa usar. Como uma camisa ou qualquer coisa. Eu
sinto falta de Farren e vestindo algo seu, especialmente se ainda
cheirar a ele, pode parecer como se ele estivesse por perto.
Mas em vez de encontrar uma peça de roupa para vestir,
eu encontro um arquivo. Eu o tiro do saco e folheio o primeiro par
de páginas.
É um arquivo com informações sobre Barnes.
Finalmente, penso eu, informações sobre o misterioso
empregador de Farren.
Segurando a pasta espessa no ar com a mão em cima
tremendo ligeiramente, eu paro. Sei que deveria colocar esta
pasta de documentos de volta e esquecer que tinha encontrado
ela. Mas como posso fazer isso? Eu quero respostas e tê-las aqui
na minha mão é muito tentador.
Uma foto 8 x 10 em preto— e— branco se projeta da
pasta, esmagada no meio de todas as páginas. Rapidamente,
antes que eu tenha tempo para reconsiderar, puxo a imagem para
fora. É uma foto brilhante do Sr. Barnes. A primeira coisa que
noto é que o empregador de Farren é alto, com um quadro
enxuto. Na foto, ele está de pé ao lado de uma grande mesa, uma
mão apoiada na borda de um móvel ornamentado. Ele está
usando um terno de três peças preto. Seu cabelo parece escuro,
com listras cinza. Não há como negar, porém, que o Sr. Barnes é
um homem mais velho de boa aparência, classicamente bonito.
Ok, tão longe, tão bom. O arquivo contém apenas
informações gerais. Como material de conhecimento público.
Eu coloco a foto de lado e continuo a verificar o
arquivo. Eu encontro uma folha de dados que me informa que
Quinton Barnes nasceu em 5 de janeiro. Ele tem atualmente
cinquenta e oito anos de idade. Ele apareceu na cena do negócio,
aparentemente do nada, dezenove anos atrás. No entanto, ele
tinha um nariz para o negócio e fez um nome para si próprio
muito rapidamente, com vários investimentos imobiliários
lucrativos. Pouco depois de completar quarenta anos, ele se casou
com uma mulher de uma família rica e tradicional. Ela era quinze
anos mais jovem. Dizer que seus pais ficaram satisfeitos teria
sido um eufemismo. Mas com o tempo eles começaram a aceitar o
Sr. Barnes.
— Acho que ele era muito charmoso — murmuro para
mim mesma.
O casal permaneceu junto até cerca de um ano atrás. Foi
quando eles se separaram. Há dois meses atrás, eles se
divorciaram oficialmente.
Deparo- me com uma imagem que me dá um motivo
provável para a desintegração de um casamento de duas décadas
de duração. É uma foto única do que eles já tiveram, sua filha,
Annemarie. Eu sei porque Farren me disse que esta é a menina
que foi raptada e assassinada. Annemarie é a razão do Sr. Barnes
estar buscando vingança.
No início, eu mal posso olhar para a foto, sabendo o que
a garota passou. Isso teria sido Haven, se ela não tivesse sido
resgatada.
Finalmente eu reúno coragem de olhar para a foto de
uma menina cuja vida foi extinta muito cedo. A nota do rodapé na
margem indica que Annemarie tem dezesseis na imagem. Há
também uma anotação de que a foto foi tirada um dia antes de
seu sequestro.
Eu não posso tirar os olhos da garota. Ela parece tão
vibrante, tão cheia de vida. Como ela poderia estar realmente
morta? A imagem é um close-up. A sua face está inclinada para a
esquerda. Para mim, a imagem parece uma selfie. Provavelmente
a última que ela tirou.
Uau, ela com certeza era bonita, acho sua pele impecável,
seus traços suaves e seu sorriso largo. Ela estava feliz? Com
certeza parece assim. Também tenho a impressão de que
Annemarie era peculiar e divertida muito parecido com
Haven. Seu cabelo longo e escuro está riscado de azul vivo e seus
olhos estão brilhando. Embora eu não possa dizer se eles são
verdes ou azuis, uma vez que ela está usando um monte de
maquiagem para a composição do olho escuro.
As próximas páginas que eu puxo a partir da pasta são
extremamente difíceis de visualizar.
Páginas e páginas cheias de detalhes do que aconteceu
com Annemarie, tudo em detalhes sangrentos. Farren já me
passou a visão geral de que Annemarie foi raptada de sua casa,
vendida como escrava sexual, abusada, torturada e finalmente
assassinada, mas eEssas páginas contam a história em detalhes
muito mais gráficos.
Eu percorro as páginas rapidamente ...
Relatório Policial: raptada às 2:00am, nenhum alarme foi
disparado. Conclusão: Foi um trabalho realizado por
profissionais.
Relatório médico: contusões, marcas de queimaduras,
marcas de ligadura no pescoço e evidência de repetidas
agressçoes sexuais.
Deus estou enojada. Meu estômago está
agitado. Sentindo-me mais e mais enjoada, percorro as páginas
tão rapidamente que elas se tornam um borrão de imagens e
palavras.
Assim como não posso ler as passagens mais
explícitas. Essa merda é muito perturbadora. Quando me deparo
com as fotografias da autópsia — imagens de Annemarie
golpeada, seu corpo quebrado, não posso por mais tempo. Enfio
os papéis de volta para no arquivo e encravo a pasta inteira
profundamente dentro do saco.
Estou prestes a vomitar, realmente. Eu corro para o
banheiro na hora certa. Quando o conteúdo do meu estômago vai
para o vaso sanitário, penso em quão perto Haven veio a partilhar
o mesmo destino de Annemarie. Mas a parte mais assustadora é
que quanto mais eu penso sobre ele, mais percebo o quanto as
duas meninas são parecidas. Talvez haja um certo olhar na
demanda para as meninas que organização insidiosa vai
atrás. Talvez jovens, meninas bonitas com cabelos escuros e
olhos claros são uma mercadoria quente.
Eu vomito de novo e quando não há mais nada no meu
estômago, faço uma promessa para ignorar quaisquer arquivos
que eu ache novamente.
Às vezes a ignorância é uma benção.
Nesta noite Haven e eu estamos lá em cima conversando
em seu quarto. Eu não menciono o arquivo que encontrei. Prefiro
esquecer o que vi, bem como as coisas que li. Além disso, Haven
está feliz hoje. Ela está falando sobre atuar. E, francamente,
estou muito feliz que ela ainda tenha o desejo de perseguir seu
sonho, apesar de tudo o que aconteceu com ela.
— Se eu decidir voltar para Oakwood — diz ela, de
repente — Eu pretendo evitar Professor Walsh.
— Oh, ele... Eu rolo meus olhos. Sim por favor.
Estou preocupada que Haven possa ainda gostar do
professor idiota, até que ela diz:
— Ei, eu já esqueci dele, Essa. Não é brincadeira.
— Por favor, Haven — eu digo em tom de súplica.
Prometa- me que sim.
— Eu prometo — ela me assegurou, e então calmamente
acrescenta: — Eu estou caída por outra pessoa agora, de
qualquer maneira.
Eu levanto uma sobrancelha.
— Rick?
Sorrindo disfarçadamente, ela diz:
— O que você acha?
— Ooh — grito — Eu sabia disso. E então acrescento —
Estou feliz por você, Hav.
Só então, coincidentemente, Rick sobe as escadas. Ele diz
que quer que o encontremos no escritório o mais rápido
possível. Ele tem estado muito atarefado hoje, fazendo Deus sabe
o quê. A única vez que o vi, pouco antes do jantar que ele não
participou, ele parecia estar muito preocupado com alguma coisa.
Merda, espero que ele não tenha descoberto que eu
tropecei em cima do arquivo Quinton Barnes. Essa é a minha
preocupação quanto Haven e eu saímos de seu quarto e
começamos a descer as escadas.
— Se ele não tivesse pulado o jantar — Haven fala no
nosso caminho — ele poderia ter nos dito, então o que é que é tão
urgente agora.
Olho para ela. Ela pode estar apaixonada por Rick, sim,
mas ela está claramente aborrecida por ele ter perdido o jantar.
— Eu me pergunto o que ele quer falar — Eu devaneio.
Ela encolhe os ombros. Eu não faço ideia.
Quando chegamos ao escritório, a porta está fechada. Eu
levanto minha mão para bater, mas Haven empurra a porta e
caminha para dentro. Acho que estamos prestes a descobrir —
ela fala irreverentemente por cima do ombro.
Maldição, ela está realmente chateada com ele. Eu não
posso deixar de sorrir. Fico feliz em ver que ela está mostrando
algum fogo.
Meu sorriso desaparece rapidamente, quando Rick
espreita de onde ele está digitando em um teclado atrás da
mesa. Ele parece estar longe de ser divertido com a nossa
intromissão.
— Meninas — diz ele em saudação, acenando com a
cabeça uma vez.
— Rick — Haven responde secamente.
Ele ignora a atitude e acena para duas cadeiras em frente
à mesa de Haven.
— Sentem-se — diz ele.
— O que está acontecendo? Haven pergunta enquanto
senta. Sua atitude irreverente de repente se transforma em
preocupação quando ela vê a expressão séria de Rick.
Quando eu me sento na cadeira ao lado dela, adiciono
preocupada
— Está tudo bem?
Rick suspira e diz:
— Talvez.
— Espere— meu coração dispara— Farren está bem,
certo?
Haven empalidece, mas permanece em silêncio. Eu não
acho que ela possa sequer imaginar um mundo sem o irmão.
Mas, felizmente, Rick nos assegura:
— Sim, senhoras, Farren está bem.
Haven e eu expiramos simultâneamente
aliviadas. Quando olhamos uma para a outra, nossas expressões
dizem:
— Graças a Deus.
— Na verdade, — Rick continua — Farren não só está
bem. Ele está voltando para a casa segura.
— Ele, uh... Eu gaguejo, sem saber muito bem como
formular a pergunta em minha mente. Eric está, um ...?
Rick levanta uma sobrancelha. Morto, Essa?
Eu aceno, e ele responde:
— Não, Farren foi incapaz de localizá-lo. E não há mais
tempo para pesquisar. Farren precisa voltar para a casa segura o
mais rapidamente possível.
Haven entra na conversa.
— Por quê? O que está acontecendo?
Eu vejo o pânico em seu rosto. Ela não quer acabar de
volta nas mãos de Eric ou seus escravos. Rick, notando seu
desconforto, diz suavemente para ela
— Haven, eu vou ter certeza de que você está segura, não
importa o que aconteça, ok?
Balançando a cabeça, ela sussurra:
— Tudo bem. Obrigado.
Ela está realmente contando com Rick, e isso é bom e
tudo. Mas nós ainda não sabemos o que está acontecendo. Seja o
que for, é algo grande o suficiente para obrigar Farren para
retornar sem realizar sua tarefa de matar Eric.
Em vez de nos dar todas as respostas, no entanto, Rick
rola a cadeira para trás e abre a gaveta da mesa superior. Ele
pega dois .38. Empurrando um para o lado da mesa para mim,
ele diz
— Farren me disse que você pode lidar com um
destes. Isso é verdade?
— Sim.
— Bom. Então leve-a com você. Mantenha-o com você em
todos os momentos.
Eu tento pegar a arma.
— Mesmo na casa?
— Sim — ele responde — Mesmo na casa. Do lado de
fora, também. Mantenha-o com você onde quer que vá.
Ele desliza o outro, 38 na direção de Haven.
— Eu não sei como atirar Essa coisa — diz ela, olhando
para a arma de fogo como se fosse uma cobra prestes a saltar
para ela.
— Tudo bem. Vou te dar uma lição rápida amanhã de
manhã — Rick informa ela.
— Onde? — pergunta ela, franzindo a testa.
Ele faz um gesto para uma janela à sua esquerda. Há
uma visão clara da parte de trás da casa.
— Lá fora — diz ele.
O quintal não é diferente da área onde Farren me
ensinou a atirar — deserto até onde os olhos podem ver. Nada
jamais foi construído por trás das casas nesta parte do bairro.
Haven ainda está franzindo a testa e Rick rapidamente
fornece mais detalhes de seu plano. Eu acho que ele está
esperando a confiança de que ela pode fazer isso. Vou
estabelecer algumas metas de distância da casa. O 38 é fácil de
usar. Ele sorri para Haven. Você vai fazer bem.Vamos torná-lo
divertido.
Dou a Haven um olhar tranquilizador, na esperança de
aumentar a sua confiança. Recordo:
— Não é como se você tivesse que se preocupar com
acidentalmente disparar nos vizinhos. Não temos nenhum, uma
vez que todas as casas a nossa volta estão vagas.
Haven ri um pouco e diz:
— Isso é certamente verdade.
Rick cutuca a arma em direção a ela mais uma vez, e
desta vez ela a pega. Segurando-a cautelosamente, ela diz com
tristeza:
— Desejava que eu tivesse um desses na noite em que fui
seqüestrada.
— Acho que todos nós desejávamos isto — responde Rick.
— Amém, eu acho.
Na manhã seguinte, Rick está criando alvos no
quintal. Não perto da casa, eu avisto quando olho pela minha
janela no andar de cima. Ele e Haven estão a vários metros de
distância.
Quando a lição de tiro começa, passo para o banheiro
para que eu possa tomar um longo banho. Depois, coloco uma
camiseta azul marinha com gola V sobre minha cabeça e, em
seguida, puxo um par de shorts brilhantes de algodão brancos
sobre as minhas pernas muito bronzeadas. Eu torço meu cabelo
em um coque e o fixo no topo da minha cabeça. Eu não usava
meu cabelo preso há algum tempo, mas o tempo justifica
hoje. Está excepcionalmente quente. Mesmo a casa com ar
condicionado não está tão confortável como de costume.
Poucos minutos depois, me encontro na cozinha. Estou
fazendo um rápido café da manhã com torrada e ovos
mexidos. Com um pedaço de pão pendurado para fora da minha
boca, um prato de ovos em uma mão e um copo de suco na outra,
chuto uma cadeira e caio à mesa. Como o meu café ouvindo o eco
de tiros sendo disparados à distância. Durante todo o tempo,
meu.38 descansa ao lado de meu copo de suco.
Rick nunca divulgou por que Farren estava voltando mais
cedo, e agora eu me pergunto qual poderia ser o problema. Farren
parecia bem determinado em encontrar Eric para que ele pudesse
fazê-lo pagar pelas coisas que fez a Haven. O que iria poderia
trazer Farren longe de um trabalho inacabado? E que tipo de
problema pode ter surgido tão rapidamente?
Sem mais informações, eu não posso ter todas as
respostas. Mas quando estou acabando de comer, estou muito
distraída de qualquer forma, por todas as coisas, o calor. É de
asfixiar dentro da casa. Gotas de suor estão começando a rolar
pelas minhas costas.
— Eita — murmuro — porque é que o ar— condicionado
não está dando conta?
O ar não parece estar funcionado há mais de uma hora
atrás. Em tal dia escaldante quente, o ar deveria estar
funcionando quase que continuamente. Plenamente consciente de
que um fusível poderia ter explodido, eu me levanto da mesa e
procuro uma lanterna. Em uma gaveta ao lado da pia eu localizo
uma. Não está na melhor condição, mas vai funcionar. Vou para
onde a caixa de fusíveis encontra-se ... no porão. Na verdade,
relutantemente caminho na direção da porta estreita no canto da
cozinha.
Ugh, eu odeio porões.
A maioria das casas no Sudoeste não têm porões, mas
esta tem. Quando finalmente chego à porta, envio uma oração
para que este porão particularmente não seja escuro e assustador
como geralmente são os da metade oriental do país.
Infelizmente, quando balanço a porta aberta, não posso
determinar muito sobre o estado de coisas.
— Merda — murmuro — está muito escuro lá em baixo.
Eu ligo o interruptor na parede, mas, assim como em um
filme de terror, nada acontece.
Ótimo.
Eu viro minha lanterna e aponto-a para baixo. As pilhas
estão quase mortas, de modo que o feixe anêmico não ilumina
muito.
Depois de algumas respirações profundas para acalmar
meus nervos em frangalhos, eu fecho a porta e começo a descer
as escadas. Com cada passo que dou, não posso deixar de
recordar o filme que Farren e eu fomos ver, em Oklahoma
City. Tremendo, espero e rezo para que nenhuma figura sombria
me agarre lá embaixo, como aconteceu com o personagem
principal.
Tomando os passos finais cautelosamente, eu respiro
aliviada.
— Você desceu as escadas sem incidentes — digo, me
felicitando.
Voltando, direciono o feixe de luz para o coração do
porão.
E quando eu vejo o que, ou melhor, quem está no centro
do porão, eu suspiro e tento alcançar a minha arma.
Mas, merda, eu não a tenho comigo. Deixei-a na cozinha
sobre a mesa. Estúpida, estúpida, estúpida.
Eu tenho três opções: gritar, usar a lanterna como uma
arma, ou correr.
Eu faço todos os três, nessa ordem.
Infelizmente para mim, meu grito morre na minha
garganta, a lanterna cai na frente do homem para onde eu
arremessei e, quando tento correr de volta até as escadas, sou
violentamente agarrada.
Violentamente agarrada e puxada para a única pessoa
que eu não tenho nenhuma dúvida está aqui para me ferir.
Eric.
Eu luto. Tento gritar. Arranhar e Morder. Mas nada do
que eu faço muda alguma coisa. Eric me mantém presa com a
sua mão na minha boca. Estou muito ferrada mas decido que não
vou cair, não sem lutar. Farren não esperaria nada menos de
mim. Haven também. Mais importante, eu nunca mais serei uma
vítima indefesa como na festa de Halloween do primeiro ano.
Então eu luto.
Eu mordo a mão de Eric, forte e ele a tira da minha boca.
— Sua Putinha — ele late. Enquanto está distraído, eu
me mexo, me contorço, meu cabelo antes preso agora está solto
caindo nos meus ombros. Segundos mais tarde, eu estou
enfrentando Eric. Puxo meu braço para trás, com toda força que
tenho, para socá-lo no rosto. Péssima ideia. Eric me bate de volta,
três vezes e três vezes mais duro. Minha única sorte é que são
tapas de mão aberta. Socos teriam acabado comigo. Ele
obviamente me quer consciente para o quer que tenha planejado.
Com minha cabeça doendo, e ainda vendo estrelas, começo a
amassar no chão de cimento. Mas Eric não me permite fazer nada
disso. Ele me puxa de volta e sussurra em meu ouvido:
— Eu deveria ter me livrado de você na Pensilvânia.
Minha cabeça gira para o lado, e eu posso sentir que há
uma protuberância desagradável se formando em minha latejante
bochecha. Ainda assim, reúno força para sussurrar
— Deixe-me ir, seu doente de merda.
Minhas costas são pressionadas contra o peito de
Eric. Ele sorri em silêncio e percorre com sua mão livre até meus
seios. Pela minha camiseta e sutiã, ele aperta um dos meus
mamilos. Eu estremeço, mas tento permanecer firme. Quando ele
continua a apertar e torcer, no entanto, eu não aguento. Dói para
caralho, então eu grito.
Ele o solta, rindo. Meu mamilo fica dolorido e
queima. Eric diz no meu ouvido:
— Eu vou deixar você ir, pequena Essa Brant. Mas antes
que este dia acabe eu vou destruir você.
Uma lágrima escorre pelo meu rosto. Eu não quero
mostrar qualquer fraqueza a este homem cruel, porque é isso que
ele quer, mas eu não consigo me parar.
— Por favor — eu choro. Eu não tenho nada que você
queira.
— Pelo contrário, você tem tudo que eu preciso. Você é a
isca perfeita.
Isca para quê? Ou melhor, quem? Ele está aqui para
recapturar Haven? Será que ele sabe que Rick está com ela? Ou,
assim como eu suspeito, tenho quase certeza na verdade, Eric
está pensando em me usar para machucar Farren? Se assim for,
ele deve saber que Farren está atrás dele. Ordinário filho da puta,
ele nos enganou. É por isso que Farren está voltando. Eric é a
razão, por isso Rick deu armas a mim e a Haven. Farren e Rick
estavam no rastro de Eric. Mas, ainda assim, ele de alguma forma
escapou deles e chegou mais cedo do que o previsto.
Eric me arrasta para o centro do porão. Alguns feixes de
luz partem de uma única janela alta que é no mesmo nível do solo
exterior. Olhando em volta, vejo que não há muito no porão,
algumas cadeiras dobráveis de madeira empilhadas contra uma
parede de bloco de cimento, uma lavadora e secadora em um
canto e um aquecedor de água. Oh, e a caixa de fusíveis. Eric
obviamente a adulterou para me atrair para cá.
— Não se mova — diz Eric.
Ele me deixa durante três segundos, o tempo suficiente
para pegar uma das cadeiras dobráveis. Não há tempo suficiente
para eu correr. Ele me empurra para cadeira, me amarra com
uma corda que estava escondida sob as escadas e me amordaça
com um pedaço de pano que encontra no chão. Ele tem um
pequeno rolo de fita adesiva do bolso da calça. Com os dentes, ele
arranca uma longa faixa e gruda aos meus lábios.
— Pronto — diz ele, batendo no meu rosto dolorido. Eu
acho que nós ouvimos bastante de você por um dia.
Minha respiração vem mais e mais rápida. Eu mal posso
respirar. O calor, o medo e tudo o mais me consome. Pequenas
gotas de suor aparecem na minha testa, mas Eric sem nenhuma
surpresa ignora minha angústia. Ele está muito preocupado no
chão de cimento, esperando. Haven e Rick ainda estão fora na
parte de trás. Eu posso ouvir o disparar das armas longe
enquanto a lição de tiro continua. Eric ouve o barulho também.
— Haven aprendendo a atirar — ele zomba. Essa é a
piada do dia.
Ok, ele sabe que Haven está aqui. Tenho certeza de que
ele está ciente, também, de que Rick está lá fora com ela. Eu
mentalmente me chuto novamente para deixar a minha arma em
cima da mesa da cozinha. Eu nunca deveria ter vindo aqui em
baixo, nem por um minuto. Agora olhe onde estou. Nenhuma
arma é visível em Eric, ele está com calças escuras e um pullover
cinza fino, mas isso não significa que ele não tem uma arma
escondida em algum lugar de seu corpo alto. Eric de repente para
de andar, agarra outra cadeira dobrável de madeira, abre-a, e a
coloca de frente para mim. Senta-se, puxa a cadeira para mais
perto e olha para mim. Você nem sabe em que tipo de bagunça
você está presa, não é?
Eu não respondo nada além de aceno com a cabeça,
então ele continua.
— Você sabe pelo menos quem é Farren Shaw? Você sabe
por que sua irmã foi levada?
Eu balanço minha cabeça novamente. Mesmo que a
minha boca não estivesse grudada, eu não iria dizer a ele o que
eu sei, que Dawson pensou que Farren estava liberando as
meninas então eles poderiam trabalhar para ele. Eu não iria
contar a ele sobre toda a história falsa. Talvez ele saiba, porém, e
pensa que pode me iluminar sobre esse assunto. Mas Eric me faz
pensar de maneira diferente quando ele diz:
— Você sabe quem Quinton Barnes realmente é?
Sei que ele é um homem de negócios bem— sucedido que
contratou Farren para vingar a morte de sua filha, Eu acho, penso,
encarando Eric por baixo.
— Você não tem idéia — ele rosna. Inclinando-se para
trás, ele coloca o tornozelo no joelho e sorri. — Não se
preocupe. Eu também não sabia. Quero dizer, eu não sabia até
recentemente. Farren é um filho da puta inteligente. Vou te dizer
isso. Ele jogou na nossa organização, desde o início, enganou até
mesmo aquele desprezível doente do Dawson. Ele sorri em
silencio e acrescenta — Desonesto, minha bunda. Foi uma boa
história, no entanto, um desvio inteligente da verdade.
Verdade? Do que ele está falando? Eric claramente
conhece Dawson. E ele está plenamente consciente de que a
desonestidade de Farren é falsa. Ele tem que conhecer Barnes,
uma vez que mencionou seu nome. Mas algo em sua expressão
presunçosa demais me diz que há muito mais nesta complicada
bagunça do que somente um homem rico em busca de justiça
para sua filha. Se a situação não fosse tão terrível, talvez eu
pudesse pensar mais claramente. Mas do jeito que é, eu não
tenho mais teorias. Estou oficialmente perdida.
De repente, ouço vozes no andar de cima. Rick e Haven
estão de volta da aula de tiro. Porra, eles não têm ideia que Eric
está na casa. E eu não tenho nenhuma maneira de avisá-los. Eric
ouve a atividade acima de nós, com a cabeça inclinada para cima.
Com a voz abafada através da porta fechada no topo da escada,
eu e meu captor escutamos Haven dizer a Rick
— Maravilha, onde Essa se enfiou? Você não acha que
Farren retornou enquanto estávamos fora, não é?
— Não — Rick responde — ele não deve estar de volta até
uma ou duas horas.
Um sorriso maligno se espalha pelo rosto de Eric. Tenho
que avisar a Haven e Rick. Mas quando eu tento gritar, tudo o
que sai da minha boca coberta é um baixo gemido. Mesmo que
não houvesse nenhuma maneira que eu poderia ter sido ouvida,
Eric me agarra pelo pescoço e aperta tanto que ele acaba me
puxando parcialmente para fora da cadeira, apesar de estar
amarrada feito um animal.
— Fique calada porra — adverte. Seus olhos de aço
perfuraram os meus cheios de lágrimas. Concordo com a cabeça
rapidamente e ele me solta. Se eu não estivesse amarrada, estaria
me dobrando de dor. Mas o que escapa é um ruído baixo de
asfixia quando tento respirar pelo nariz.
Haven fala novamente e escuto Rick dizendo algo sobre
como está quente na casa. É mais frio no porão, mas ainda estou
assando. Eu só posso imaginar como deve estar no andar de
cima. De repente, alguém começa a virar a maçaneta da porta do
porão. Eric levanta a perna da calça e puxa uma pistola de um
coldre no tornozelo.
Eu sabia que ele estava armado.
Ele faz um fique quieta para mim, mesmo eu não
podendo falar. Idiota. Estou amarrada e impotente. E esse fato é o
mais aparente quando os eventos começam a ocorrer. Eventos
sobre os quais, descubro rapidamente, não tenho controle algum.
Eu choramingo e luto, mas não há nada que eu possa fazer
quando Eric começa a subir a escada do porão. Não há nenhum
aviso que possa gritar quando a porta se abre. Eu pego um
vislumbre da silhueta de Rick antes de Eric bater com a pistola
na têmpora dele. Haven grita enquanto Rick cai escada abaixo do
porão. O corpo de Rick se instala na base da escada,
imóvel. Haven ainda está gritando, e Eric avisa a ela para — calar
a porra da boca.
Ele começa a arrastar Haven pelas escadas enquanto ela
tenta se controlar. Quando ela tem que passar por cima de Rick
para avançar, ela implora
— Deixe eu me certificar de que ele está bem. Por favor,
Eric, apenas deixe- me ver como ele está.
Eric tem-na em seu alcance. Não é a sua resposta de
uma só palavra. Felizmente, eu posso ver que o peito de Rick está
subindo e descendo. Ele está vivo, pelo menos. Quando Haven me
vê amarrada no centro do porão, ela suspira
— Oh, não, Essa. Ela se vira para Eric e diz: — Deixe a
ir, por favor. Leve- me. Deixe ela em paz.
— Haven — ele repreende. Sempre tentando ser a
heroína, assim como o seu irmão.
— Eric — Haven pede — por favor, a desamarra.
Ele ri.
— Oh, eu vou— os olhos azuis frios de Eric deslizam para
mim — quando eu estiver pronto para foder com ela.
Eu aperto meus olhos e rezo para que ele não esteja
falando sério.
Haven começa a se contorcer nas mãos de Eric.
— Cale a boca — ela grita. — Você é nojento. Tire a
merda das suas mãos de mim. Ela se esforça valentemente, mas
Eric pega sua bochecha, onde ainda há um hematoma,
certamente um que ele fez e aperta com força. Isso a
interrompe. Ela grita e desiste. Com Haven fora da jogada, Eric
anda em torno da cadeira em que estava sentado antes. Ele
empurra Haven sobre ela e a amarra ao meu lado. Seus olhos
marejados acham os meus enquanto ele aperta suas cordas.
— Eu sinto muito — ela sussurra.
Dou-lhe um olhar que espero que transmita que isto não
é absolutamente culpa dela. Felizmente, apesar de sua ameaça
repugnante, Eric não faz nenhum movimento para me estuprar.
Ele deixa Haven em paz também. Ele nem sequer se preocupou
em tapar a sua boca. Minha fita adesiva, no entanto, permanece
no mesmo lugar. Eric aguarda Farren. Suas fichas estão na
mesa; ele tem a mim e a Haven. E agora ele está ganhando
tempo, esperando para atacar. Eu vejo como ele metodicamente
arrasta o corpo mole de Rick a partir da base das escadas para o
canto onde está lavandaria. Rick ainda está inconsciente. Eric o
amarra a um tubo, e olha pra ele. Depois de estudar sua obra
prima de vários nós, ele retorna para onde Haven e eu estamos
presas às cadeiras. Ele pega sua arma outra vez, certifica-se de
que está carregada e depois diz em um tom que me arrepia até os
ossos
— Agora, vamos esperar por Farren.
Uma hora mais tarde, alguém chega à casa. Mas não é
Farren que começa a descer a escada do porão. Quando olho para
o homem alto com o cabelo escuro, um homem que se assemelha
um pouco Farren, eu engasgo.
— Vincent? — Murmuro através da fita na minha boca.
A mão esquerda de Haven, embora presa, está perto o
suficiente da minha mão direita presa que ela é capaz de esticar
os dedos para fora e me alcançar. É um movimento destinado a
nos confortar, mas quando eu a sinto tremer, meu próprio medo
sobe um pouco. Vincent pode não a ter agredido, mas ele nunca
tentou libertá-la também. Nem tentou parar as coisas que Eric e
os outros, fizeram com ela. Além disso, eu não posso esquecer
que Vincent não teve escrúpulos quando me drogou na noite que
ele e Eric sequestraram Haven. Meu corpo treme quando eu me
pergunto o que poderia tê-lo trazido aqui. Haven, que é
claramente a mais forte de nós duas, aperta minha mão.
— Vai ficar tudo bem, Essa — ela murmura baixinho.
Não há necessidade de uma voz tão baixa, apesar de
tudo. Eric está ocupado demais cumprimentando seu amigo.
— Cara, onde você esteve? — Ele pergunta a Vincent, seu
tom traindo sua agitação. Eu perguntei ao Dawson se eu poderia
te colocar nisso — Ele se inclina para nós com um sorriso doente
— mas ele disse que você estava fora da rede.
— Sim — Vincent respondeu friamente, olhando com
indiferença para Haven e eu — um assunto de família
surgiu. Mas está tudo bem agora.
Eric levanta uma sobrancelha loira.
— Tem certeza?
Vincent ri e bate nas costas de Eric um movimento tanto
conciliador e um pouco condescendente. Interessante. Aqui eu
estive pensando o tempo todo que Eric é o homem responsável.
Mas parece Vincent pode ser superior a ele de alguma forma.
Embora, a grande questão seja de que forma ...?
Quando Vincent redireciona seu foco para um Rick ainda
inconsciente, ele pergunta a Eric
— O que aconteceu lá?
Eric dá de ombros.
— Ah, apenas algum dano colateral, nada para se
preocupar. Vamos levá-lo mais tarde— Seus olhos azuis frios
escorregam para Haven. Ele estava com a minha menina, Haven,
na parte de trás. Bastardo provavelmente tinha as mãos sobre
ela. E, embora eu goste de compartilhar, prefiro escolher quem
pode tocá-la. Ele dá um passo perto e cutuca o queixo de Haven.
Não é verdade, boneca?
Os dedos de Haven ainda estão envolvidos em torno dos
meus e ela está apertando tão forte que tenho que cerrar os
dentes para não emitir algum som. Sua mão de ferro é a única
indicação que Haven se intimidou. Ela estudou suas feições então
Eric não sabe que ele a está afetando de algum modo.
— Diga sim — ele pede, como se ele estivesse falando
com uma criança de três anos de idade. Naquele momento, eu o
odeio mais do que nunca.
— Sim — responde Haven complacente.
Haven está vestindo um top com decote em V que expõe a
elevação de seus seios. Eric abaixa a mão. Ele coloca as mãos nos
peitos de Haven. Enquanto ele aperta levemente, o olhar cruel,
duro em seus olhos trai sua verdadeira intenção seu toque macio
é uma farsa. E só então, quando você acha que está tudo bem, ele
levanta a mão e bate em Haven no rosto. Seus cabelos negros
cobrem seu rosto enquanto a cabeça chicoteia para o lado. Eric
os coloca de volta, sorrindo quando ele vê agora há um novo
vergão em cima do outro hematoma que estava desaparecendo.
— Hey, hey ... — Vincent se move rapidamente,
agarrando a mão de Eric antes que ele pudesse atacar Haven
novamente. — Acalme-se.
Um grito estrangulado escapa de Haven. Uma lágrima
desliza pela sua bochecha. Eric deu o primeiro passo para
machucá-la novamente. E, de acordo com ele, eu sou a
próxima. Farren vai matá-lo por isso. Eric pode estar esperando
por Farren, e agora Vincent está aqui para, provavelmente, ajudá-
lo, mas eu aposto todas minhas fichas no homem pelo qual estou
apaixonada: Farren Shaw.
Enquanto tenho estes pensamentos, com o coração
disparado tão rápido que eu sinto como se eu fosse morrer, ouço
passos no andar de cima.
Todos nós ouvirmos o barulho. Eric de repente esquece
tudo sobre Haven. Vincent deixa cair a mão que estava impedindo
Eric de bater nela novamente. Os olhos de todos vão para a porta
no topo das escadas, quando a maçaneta da porta começa a girar
lentamente. De repente, tudo explode, e tudo aparentemente está
acontecendo ao mesmo tempo.
Eric saca a arma da cintura de trás da calça.
A porta no topo da escada se abre.
E Haven grita
— Farren, cuidado! Eric está aqui e ele tem uma arma.
Enquanto isso, eu me esforço para fazer também fazer
algum ruído.
E então meus ruídos de alerta se tornam gritos reais,
porque Vincent, de todas as pessoas, de repente rasga a fita
adesiva da minha boca.
— O que...?? — Eu digo quando eu cuspo o pano que me
amordaçava. Olho para Vincent, confusa e ele me dá um pequeno
sorriso. Mas, em seguida, seu foco se move para Eric, que já está
no último degrau, arma em ponto.
Ele está prestes a atirar em Farren.
Em um instante, Vincent pressiona a arma para a cabeça
de Eric. O que está acontecendo?
— Parado aí — Vincent diz Eric. — largue sua arma.
— Que porra está acontecendo? — pergunto em voz
alta. Eu tenho a minha voz de volta e tenho toda a intenção de
usá-la.
Mas ninguém me responde.
Haven olha de mim para onde Vincent está pressionando
forte a arma na cabeça de Eric.
— Faça o que eu digo — Vincent insiste, -ou eu vou atirar
em você.
Eric deixa cair sua arma. Ela faz um barulho no chão de
cimento.
— O que há de errado com você? Eric grita. Tire essa
maldita arma da minha cabeça.
— Isso não vai acontecer — diz Farren calmamente
quando ele começa a descer os degraus.
Espere, Farren está com Vincent? Ele disse que eles não
trabalham juntos. Farren atinge os dois homens. Ele acena para
Vincent em algum tipo de entendimento. Em seguida, ele se
abaixa e pega a arma que Eric deixou cair. Ok, eu acho que há
algum tipo de relação de trabalho lá. Estranho.
Os olhos verdes— esmeralda vibrantes de Farren, olhos
dos quais eu senti tanta falta se encontram com os meu. Ele sorri
de maneira tranquilizadora, como se para me deixar saber que
tudo vai ficar bem, agora que ele está aqui. Eu sei que vai e
relaxo. O sorriso de Farren vacila, porém, quando ele percebe o
inchaço na minha bochecha. Quando seu olhar se move para sua
irmã e ele vê que ela foi atingida recentemente, bem, ele se move
rapidamente. Em um flash, Farren acerta Eric com um soco. Não
com a arma em sua mão, mas com uma batida sólida, utilizando
apenas o seu cotovelo. Há um ruído alto e Eric cai no chão. Sua
mão dispara até o nariz quando o sangue começa a fluir.
— Você quebrou meu nariz — Eric geme com uma voz
engasgada como se ele estivesse debaixo d'água. Os olhos de
Vincent piscam com medo de Farren. Ele parece preocupado que
possa ser o próximo.
— Eu fiz como você pediu — diz Vincent. Seu tom é
complacente. Ele teme claramente Farren. Cheguei aqui logo que
eu pude — continua ele. E se eu não tivesse intervindo
imediatamente, como fiz, Eric teria atirado em você.
— Ele teria tentado — corrige Farren. Mas, sim, você fez
bem. E por isso, eu agradeço.
Farren estende sua mão e Vincent sacode. Eu não posso
deixar de perguntar, incrédula
— Vocês dois se conhecem?
Haven se junta aos meus sentimentos e acrescenta:
— Sim, mas que porra?
Farren explica.
— Vincent trabalha para o governo. Ele está em uma
força— tarefa especial que está tentando derrubar a mesma
organização que eu tenho tentado destruir. Isso significa que ele
está do nosso lado.
— Você sabia disso o tempo todo? Haven pergunta,
parecendo ferida.
A expressão de Farren amolece. Claro que não, Hav. Eu
me tornei a par dessa informação apenas alguns dias atrás.
Eu tenho tantas perguntas, mas só então Rick geme de
onde ele ainda está preso a um tubo do outro lado da sala.
— Que porra é Essa? — Farren diz. Ele não tinha notado
Rick até agora. Enquanto Vincent mantém a arma apontada para
um Eric caído, Farren caminha até seu amigo. Rick está voltando
e Farren faz algumas perguntas enquanto o desamarra. Eles
falam em tons baixos demais para eu conseguir pegar todas as
palavras, mas presumo que Farren quer ter certeza que Rick está
bem.
Poucos minutos depois, Farren retorna para onde Haven
e eu estamos amarradas.
— Será que Rick vai ficar bem? Haven pergunta a seu
irmão. Sim — responde Farren, bondade está em seu tom — ele
vai ficar bem.
Haven deixa escapar um suspiro, enquanto Farren se
agacha atrás de nossas cadeiras. Ele desata as cordas de forma
rápida e hábil. Segundos depois, Haven e eu estamos
livres. Depois de pé e estendendo os braços e pernas, nós nos
voltamos para Farren. Ele puxa sua irmã para si, abraçando-a
delicadamente. Eu recebo um abraço depois, um pouco mais
íntimo e dura um pouco mais.
— Eu senti sua falta — eu sussurro.
Farren está me segurando perto, tão perto, e eu aproveito
a oportunidade para inalar seu aroma delicioso do qual senti
tanta falta. Ele se inclina para trás para beijar meus lábios
levemente.
— Temos muito o que falar, Essa. Ele suspira. Mas não
aqui. Agora não.
Há calor em seu olhar, e se não soubesse melhor, eu diria
que é o calor que nasce do amor. Mas, novamente, talvez Farren
não me ama. Senti como se ele amasse, especialmente na noite
antes dele ir embora. Mas ainda não ouvi de seus lábios. Em
qualquer caso, espero que ele me ame. Porque se eu não estivesse
com 100% de certeza antes, agora estou. Eu amo Farren, sem
sombra de dúvida. Eu não quero nada mais do que dizer a ele,
como, neste exato momento. Mas, como ele disse, este não é o
momento nem o lugar para sair confessando sentimentos.
Eric faz um ruído, como uma respiração ofegante e eu
olho para ele. Seu nariz esta torto, mas não há mais
sangramento, principalmente devido ao fato de que ele pegou o
pano que estava em minha boca e o fluxo de sangue está indo
para ele. Ele tenta sentar, mas Vincent faz com que permaneça
como está, deitado de bruços no chão frio e duro. Isto lhe serve de
razão, eu acho. Desgraçado.
É então que eu percebo que Farren divulgou a identidade
de Vincent para Eric. Isso não pode estar certo — murmuro para
mim mesma.
Farren ergue uma sobrancelha.
— O que não pode estar certo, Essa?
— Eric sabe quem Vincent é agora — eu respondo. Por
que você o deixou saber disso?
Farren sorri tristemente. Ele arrasta um dedo no meu
rosto ferido, tão levemente que eu mal sentir nada.
— Nós precisamos pegar um pouco de gelo — ele
sussurra.
Ele está desviando, e eu sei a razão. Eric não vai deixar
este quarto. Ele vai morrer neste porão.
— Você vai matá-lo? — pergunto a Farren, com minha
voz quase inaudível. Eu só não sei se posso testemunhar isso.
Fora da escada do porão, um homem responde: — Não, eu vou.
Espio sobre Farren, que não se preocupa em se
virar. Essa ação me indica que este homem que eu só agora
percebi, tem acompanhado Farren. Ele deve ter ficado esperando
no topo das escadas até que Eric foi subjugado.
— Quem é esse? Haven pergunta, lembrando- me que
ela está assistindo esse drama se desenrolar assim como eu
estou.
— Eu sei quem é — eu respondo suavemente.
Sinto os olhos de Haven em mim depois que as palavras
pulam da minha boca. A cabeça de Vincent se volta para me
olhar também. Seus olhos estão questionando. Mas é Farren que
parece ser o mais surpreso com a minha admissão. Eu levanto
meus olhos para ele.
— É o Sr. Barnes, certo?
Farren acena com a cabeça, confirmando a minha
declaração. Mas sua confirmação é desnecessária. Eu teria
reconhecido o homem que está agora na base das escadas em
qualquer lugar. Caralho, eu estava olhando para a foto dele
ontem. Quinton Barnes parece o mesmo que na foto
brilhante. Ele é um homem sofisticado de aproximadamente
sessenta, cabelo escuro com listras cinza características, clássico.
— Ele está aqui para vingar a morte de sua filha —
Vincent congela, como se fosse para informar qualquer pessoa
que não tenha percebido ainda. Na verdade, ele voou na noite
passada para esta finalidade expressa.
Haven e eu nos olhamos, ao mesmo tempo. Seus olhos
azuis esverdeados transmitiam o que eu estava pensando: Uau,
Farren vai permitir que este homem poderoso para quem trabalha
cometa um assassinato. Mr. Barnes está prestes a tirar um dos
bandidos que feriram e mataram sua Annemarie.
E nós estamos certas, isto é exatamente o que Farren
está planejando fazer. Ele dá um passo para o Sr. Barnes e lhe
entrega a arma de Eric. Barnes toma a arma e vai até Eric. Ele se
ajoelha ao lado dele.
— Faz logo — Eric diz, desafiador até o fim.
Farren diz para mim e Haven
— Não olhem. Virem de costa.
Nenhuma de nós o escuta. A cena diante de nós é
demasiado fascinante. Vincent sai de perto, mas não antes de
entregar ao Sr. Barnes uma grande toalha dobrada de um rack
nas proximidades. Barnes coloca-a sobre o rosto de Eric e diz:
— Você deve sofrer pelo que você fez, mas isso precisa
terminar.
E, em seguida, ele dispara a arma.
O tiro é abafado pela toalha, mas o material branco fica
vermelho rapidamente. Vincent diz melancolicamente para Farren
— Eu limpo isso.
Rick, de quem esqueci totalmente, fica de pé e caminha
até nós.
— Eu vou ajudar — ele diz a Vincent.
Farren coloca a mão no ombro do amigo. Tem certeza de
que está pronto para isso? Você levou um golpe desagradável na
cabeça.
Rick responde:
— Não se preocupe, cara. Eu estou bem.
Vincent e Rick começam a trabalhar na limpeza e
remoção do corpo de Eric do porão. Tenho a sensação de que o
corpo vai acabar em uma sepultura sem nome no fundo do
deserto, que quase parece boa demais para ele, considerando
tudo que fez.
Farren sussurra algumas palavras para o Sr. Barnes e
depois os dois homens caminham até onde Haven e eu estamos
de pé.
— Eu gostaria de apresentá-lo a alguém — Farren diz,
embora eu note que ele aponta Haven mais do que eu.
Após as apresentações feitas, Barnes olha duro para
Haven. Não de uma forma ruim ou má, mas de uma maneira
muito curiosa. Eu olho de um para o outro, perplexa. Quando
meus olhos pousam em Farren, ele olha para o lado.
O que eu estou perdendo aqui?
Haven, sempre para frente, diz ao Sr. Barnes
— Você queria ser o único a fazê-lo, não é? Você queria
matar Eric você mesmo.
Mr. Barnes concorda com a cabeça solenemente.
— Sim, eu queria ser o único a matá-lo. Isso é verdade.
— Você deve ter amado muito a sua filha — murmura
Haven melancolicamente, sem nunca ter conhecido seu próprio
pai, desde que ele a deixou quando ela tinha três anos.
— Eu amei — Barnes confirma, com sua voz presa. Mas
ela não é a única criança que estava vingando.
Farren pigarreia.
— Barnes — ele diz em advertência.
Sem prestar atenção para Farren, que é uma espécie de
choque, uma vez que todos reconhecem a Farren Shaw, Barnes
diz:
— Eu atirei nele pelas coisas que ele fez para ambas as
minhas filhas.
Haven sabe, o mesmo que eu, que Barnes tinha apenas
uma filha. Ela inclina a cabeça, curiosa e diz:
— O que quer dizer que você atirou nele por ambas as
suas filhas? Annemarie era a sua única filha.
Mr. Barnes dá um passo hesitante em direção Haven.
— Isso não é exatamente verdade — diz ele em voz baixa.
— O que você está dizendo? Haven sussurra, com a voz
trêmula.
Barnes, em um soluço, diz:
— Eu estou dizendo que você, Haven, também e minha
filha. Eu não sou apenas o pai de Annemarie. Eu sou seu pai,
também.
Haven entende e praticamente cai de volta na cadeira que
estava amarrada anteriormente. Farren coloca uma mão firme em
seu ombro. Ela chega para trás e agarra a mão do irmão com
força.
— O que está acontecendo? — pergunta ela fracamente.
Sr. Barnes, com a voz embargada pela emoção tão crua
que lágrimas brotam em meus olhos, diz:
— Você e Farren são meus filhos. Vocês são as crianças
que eu fui forçado a deixar dezenove anos atrás.
Meu Deus.
Haven olha de volta para Farren.
— Há quanto tempo você sabe que este homem é o nosso
pai?
— Eu sei desde que ele me contratou há um ano. Ele tem
uma aparência diferente.
— Cirurgia plástica — Barnes fala.
— Mas eu sabia imediatamente quando o vi.
— E você nunca pensou em me dizer! — Ela grita. Todo
esse tempo, nosso pai estava vivo e você foi trabalhar para ele?
— Só no ano passado — Farren tenta explicar. Eu não
sabia até então, Hav. Eu juro.
Eu olho ao redor. Estou feliz que Vincent e Rick foram
embora. Eles estão enterrando o corpo de Eric em algum lugar,
que é melhor do que estar aqui para testemunhar o drama
familiar.
— É por isso que fui alvo — Haven diz, suspirando. Eric
sabia, não é? Ele descobriu de alguma forma e decidiu ir atrás de
sua — ela gesticula para Barnes -outra filha.
Respostas, penso eu, aqui está uma. Haven foi levada por
causa de Quinton Barnes, não como um aviso para Farren.
Mr. Barnes olha para Farren. A comunicação silenciosa
ocorre entre eles. Eu assisto pai e filho juntos. Agora que eu sei
que eles são parentes, posso ver as semelhanças, a mesma
mandíbula forte, o mesmo nariz aquilino. Com cirurgia plástica
ou não, a semelhança está ali. Desejava que Farren tivesse
confiado em mim, mas entendo porque não foi possível.
— É por isso que você estava tão comprometido com a
causa — eu digo. Isso é como Barnes atraiu você. Annemarie era
a sua meia-rmã.
Como se finalmente tivesse percebido, Haven diz
— Eu não posso acreditar que eu tinha uma irmã
durante todo esse tempo. Mas agora ela está morta, e eu nunca
vou chegar a conhecê-la.
Haven começa a chorar e Farren envolve seu braço em
volta dela protetoramente e diz:
— Eu acho que é o suficiente por agora. Nós vamos
discutir isso mais tarde.
Algumas horas mais tarde, todos estão reunidos na sala
de estar. Todos nós tivemos tempo para nos limpar e comer
alguma coisa. Haven e Rick estão sentados lado a lado no
sofá. Rick tem um enorme nó, inchado em sua têmpora, mas ele
parece não estar nem um pouco incomodado com sua lesão.
Tenho certeza de que esteve pior. Haven vai para mais perto
dele. Ela ainda está uma bagunça, mastigando suas unhas,
lidando com o fato de que seu pai está vivo e bem.
— Eu ainda não consigo acreditar — diz ela calmamente.
Eu nunca pensei que iria encontrar meu pai.
Rick coloca uma mão reconfortante em seu joelho, e
Farren, sentado ao meu lado em um sofá em frente a eles, segue
seu movimento. Sr. Barnes, em uma cadeira à nossa direita,
também está assistindo Rick e Haven. Ele não parece estar
aceitando tão bem como Farren. Sua expressão é muito mais
cautelosa. Mas o que pode ele dizer? Ele não esteve na vida de
sua filha desde que ela tinha três anos. Ainda assim, eu vejo um
desejo em seus olhos verdes, não diferentes dos de Farren,
enquanto seu olhar está focado exclusivamente em Haven. Ele
quer se conectar com a única filha que lhe resta; Isso é muito
evidente.
Vincent está sentado em uma cadeira em frente ao Mr.
Barnes, um pouco afastado de todos. Ele limpa a garganta e diz:
— Devemos discutir o que vai acontecer daqui em diante.
— Antes de chegarmos a isso — Haven interrompe: —
Quero algumas respostas. Ela estreita os olhos para Barnes. O
que aconteceu com você? Você disse no porão que foi forçado a
nos deixar.
— Eu fui — Barnes diz suavemente. Quando você e seu
irmão eram crianças, eu testemunhei um crime. Nós estávamos
vivendo em Nova Jersey na época. Eu não sabia quando vi dois
homens despejando um corpo no rio Passaic que estava
testemunhando um crime. Só descobri quando agentes federais
entraram em contato comigo. Eles precisavam de meu
testemunho, desesperadamente. E eles ofereceram proteção.
— Oh, isso é bom — Haven interrompe. Seu tom é de
desprezo. Basta esquecer toda a sua família.
— Haven — Farren diz bruscamente — isso é suficiente.
A raiva de Haven se redireciona para seu irmão.
— Não, Farren, não é suficiente. Nosso pai nos deixou
para os lobos dezenove anos atrás e você está bem com isso? —
— Não foi exatamente isso que aconteceu — exclama o
Sr. Barnes. Eu nunca quis deixar qualquer um de vocês. Sua
voz quebra. Eu tive que sair, a fim de proteger a minha
família. Eu sabia que os homens que tinham jogado o corpo iriam
me identificar eventualmente. Sabia que eles iriam atrás da
minha esposa e filhos -acrescenta ele, olhando intencionalmente
tanto para Farren quanto para Haven. Os agentes me
convenceram de que meu testemunho poderia tirar esses
bandidos da rua... para sempre. A minha família estaria a salvo
então. O único problema era que eu tinha que desaparecer .
Ele suspira, levando um momento.
Depois de um tempo, ele continua.
— Tudo aconteceu tão rápido. E, claro, eu não podia
contar a ninguém. Tive que sair imediatamente. Foi- me dada
uma nova identidade antes de eu testemunhar. Todo o meu
passado foi apagado para que os bandidos não pudessem me
rastrear a você, seu irmão ou sua mãe. Era a única maneira de
eu cooperar.
Barnes belisca a ponta de seu nariz, um gesto que vi
Farren fazer muitas vezes.
— Após o julgamento, a minha identidade foi alterada
novamente. Eu me tornei o Sr. Quinton Barnes. Foi- me dada
uma grande soma de dinheiro para começar uma nova vida. Eu
investi, fiz acordos e logo descobri que tinha um talento especial
para o negócio. Tornei- me bem— sucedido o suficiente para que
tivesse o dinheiro para mudar a minha aparência. Ainda assim,
eu sabia que nunca poderia ir para casa. Ele faz uma pausa e
diz baixinho: — Quando recebi a notícia de que sua mãe morreu,
eu praticamente morri por saber que não poderia ir confortar você
e Farren. Mas aparecer em suas vidas naquele momento seria
ainda perigoso. Eu sabia que você e seu irmão iriam morar com
sua tia. Essa era a melhor opção.
— Parece um custo muito alto — murmura Haven. Você
basicamente desistiu de tudo.
— Foi um custo muito alto — confirma Barnes. Mas uma
vez que as rodas estavam em movimento, as coisas não poderiam
ser interrompidas.
— Você casou de novo, porém. Você teve outro filho. Você
esqueceu de nós.
— Nunca — Barnes nega veementemente. E então ele diz
baixinho: — Não passava um dia que eu não estava pensando em
você e Farren. Eu nunca deixei de amar você e seu irmão, sua
mãe também.
Farren se mexe ao meu lado. Ele continua parado, mas
há emoção em seus olhos. Haven, entretanto, está olhando para
suas mãos em seu colo enquanto morde o lábio inferior.
Finalmente, ela olha para cima e pergunta a seu pai — Aqueles
homens contra os quais você testemunhou, estão fora da cadeia
agora?
Mr. Barnes pigarreia. Um deles está.
Dawson, eu sei que tem que ser Dawson. Ele está na
idade certa e é um criminoso completamente e inteiramente.
— E o outro? Indaga Haven.
— Ele morreu na prisão.
— O outro que ainda está vivo te identificou, no
entanto. Não foi?
— Infelizmente — Barnes responde: — Ele fez.
Haven diz incisivamente:
— Então, a organização criminosa que ele e o cara morto
trabalhavam, finalmente, descobriram que você estava vivo e
bem. Eles queriam vingança por você testemunhar contra eles. É
por isso que Annemarie foi marcada. Haven está inspirada e
juntando as peças rapidamente. E, de alguma forma, de algum
jeito eles ligaram eu e Farren a você.
Ninguém responde, e Haven pergunta:
— É por isso que eu fui levada? Eu quero ouvir a
verdade.
Mr. Barnes olha para o lado e não diz nada. Talvez ele
não possa. Parece como se ele estivesse perto de se quebrar a
qualquer momento. Farren responde em seu lugar. Depois de
limpar a garganta, ele diz:
— Sim, Haven, é por isso que você foi alvo. A organização
sabe de tudo.
— Então isso, nunca foi sobre o Sr. Barnes não vender à
organização uma de suas empresas — Eu esclareço. E, não era
sobre você ser desonesto.
— Não, Essa. Isso não foi sobre nenhuma dessas
coisas. Eu não tinha certeza sobre a história de ser desonesto e
não sabia se eles tinham comprado também. É por isso que
precisava ver Dawson. Você aprende muito quando você olha nos
olhos de um homem cara a cara. Vi então que Dawson sabia a
verdade. Mas, certamente, você pode entender por que eu não
poderia dizer tudo isso no momento? —
— Eu entendo — eu digo, balançando a cabeça uma vez.
Vincent faz um barulho de tosse. Quando todo mundo se
concentra nele, ele diz — Sinto muito, mas precisamos discutir o
que acontece em seguida.
— Acabou — diz Haven. Eric está morto. Vincent, você
está do nosso lado. Não há nada para discutir.
Rick calmamente diz a ela:
— Não acabou, Hav. Dawson ainda está lá fora.
Farren acrescenta:
— Ele está certo. A organização está longe de estar
incapacitada.
Viro-me para ele bruscamente.
— O que isso significa? Você não está indo atrás de
Dawson, está?
Medo gela minha espinha.
Farren encolhe os ombros, e eu acrescento:
— Você me disse que ele é intocável. Você disse que ele
tem conexões altamente poderosas. Eu respiro. Jesus, Farren,
se o seu pai não pôde ficar escondido, como você pode?
Farren tenta me acalmar, virando-se para mim como se
eu fosse a única pessoa na sala. Discutimos isso antes, Essa, e
nada mudou. Eu não posso desistir e ir embora. Dawson é o
homem que precisa ser eliminado. Se ele cai, toda a organização
se desintegra.
— Por que você não o matou em sua propriedade — eu
sussurro.
— Eu não poderia — Farren diz, aflito. Eu não ia tentar,
não sem Haven estar sob meu cuidado. E eu não estava prestes a
tentar também com você estando lá.
Ele segura o meu olhar e tantas emoções passam. Quero
dizer-lhe como me sinto. Quero ouvi-lo dizer o que acho que eu
vejo em seus olhos. Mas há muitas pessoas presentes.
Então, ao invés disso, me atenho ao tema. Dawson é o
homem que estava na prisão. Estou certa?
Barnes teria a resposta, mas a minha pergunta é dirigida
a Farren, já que ele parece saber tudo.
— Dawson é um dos homens contra o qual seu pai
testemunhou — eu continuo. Ele é o único que está vivo.
— Ele é — confirma Farren.
— É muito perigoso, então — eu digo, fechando meus
olhos. Deus, por favor, não vá atrás dele.
Farren não aplaca meus medos. Ele apenas diz
resignadamente:
— Essa, eu não tenho uma escolha aqui. Você não
consegue ver isso?
Abro os olhos e pergunto silenciosamente:
— É por causa de Annemarie, certo?
— Não é apenas sobre ela. Os olhos de Farren movem
para Haven, para seu pai brevemente, em seguida, de volta para
mim. Eu tenho que proteger as pessoas em minha vida que
ainda estão vivos, as pessoas que eu amo.
O plano foi traçado. Farren, Haven e eu voaremos para
Nova York amanhã. Mr. Barnes voltará para Connecticut. Ele
convidou Haven para ficar com ele por um tempo, mas ela
recusou.
— Eu não estou pronta para morar com um homem que
mal conheço — ela me disse enquanto arrumávamos nossas
coisas para a viagem.
Os homens estavam lá embaixo discutindo algumas
coisas. Haven e eu estávamos no seu quarto. Nós conversamos
por muito tempo, mas agora eu estava ansiosa para voltar para o
quarto que estava compartilhando com Farren.
Eu me inclino contra o batente da porta e olho para ela.
— Eu sei, Hav — eu digo. Eu entendo.
— Quero conhecer meu pai, eu quero — ela diz. É só que
nunca tive um pai. Eu não me lembro dele. Ele foi embora
quando eu tinha três anos.
— Só vá com calma. Eu aconselho. Conheço minha
amiga. Acredito que ela quer se aproximar de seu pai. Deixe
rolar, não tenha pressa, tudo vai se ajeitar. Acrescento.
— Sim. Ela balança a cabeça. Você está certa.
— Boa noite, Hav — digo antes de fechar a porta.
— Noite, Essa.
Dez minutos depois, estou na cama. Quando Farren
chega, ele tira as roupas e se junta a mim. Com os seus braços ao
meu redor, ele me conta sobre a conversa que teve após Haven e
eu sairmos da sala.
— Então Vincent e Rick ficarão aqui no Novo México?
Pergunto.
— Sim. Eles precisam descobrir onde Dawson está se
escondendo.
— Ele não está naquela casa, que nós fomos...
Estremeço com a lembrança.
Farren me abraça mais apertado e me sinto melhor.
— Não, ele se foi. Diz ele.
— Quando eles o encontrarem... Você vai voltar?
— Sim. Ele vira e me coloca em cima dele. Eu vou atrás
de Dawson e vou encontrá-lo.
O corpo despido e úmido de Farren está pressionado
contra o meu. Mesmo com o ar condicionado funcionando, ainda
está quente.
— Eu tenho tanto medo, Farren — eu sussurro.
— Não tenha. Ele murmura.
Ele está duro debaixo de mim. Se eu me movesse um
pouco ele estaria dentro de mim. Eu quero você. Eu gemo.
— Então, me pegue. Diz ele, brincando.
Eu faço.
Eu me mexo.
Ele geme.
Movemos-nos.
Nosso sexo torna-se urgente e cru, refletindo o dia que
tivemos. Depois, eu permaneço nos braços fortes e capazes de
Farren. Ele beija o topo da minha cabeça e eu me pressiono em
seu corpo. Você ainda está com medo? Ele pergunta.
— Como posso não estar? — Digo.
Suspirando, ele diz
— Eu te disse que sei me cuidar. Eu vou ficar bem. Desta
vez, eu vou ficar bem, Essa.
— Você promete? Eu pergunto.
— Eu prometo querida.
Eu entrelaço meus dedos com os dele, trazendo-os para a
minha boca. Escovando meus lábios sobre nossas mãos unidas,
eu digo:
— E quanto a nós? Será que vamos ficar bem, também?
Sinto os olhos de Farren em mim, mas não olho para
cima. Eu não posso. O que você está me perguntando, Essalin?
Eu dou de ombros. Eu não sei. Nada, eu acho.
Eu não quero forçar Farren a dizer algo que ele não
sente. Mas não posso suportar isso por mais tempo. Eu não tinha
dúvidas de meus sentimentos por ele. Ele tinha me incluído em
sua declaração sobre proteger ‗aqueles a quem ama‘, mas preciso
saber em que pé estamos, especialmente porque sei que ele vai
ficar longe por um tempo.
Farren está me observando. Sinto seus olhos em mim. Eu
não tenho coragem para encará-lo. Ele me conhece bem demais.
Farren, no entanto, não é estúpido. Ele sabe.
— Ah. Ele diz — Você quer saber como me sinto sobre
você. Você quer que eu diga as palavras.
— Bem, sim. Você não me dá nada, Farren. Você é... Eu
procuro a palavra certa — uma pessoa muito reservada quando
seus sentimentos estão em pauta.
— Reservado? Ele ri e seu peito sacode abaixo de mim.
Eu ergo minha cabeça, finalmente olhando para ele. Ele
está sorrindo, confiante, com certeza. Eu sou seu, Essa. Como
você pode não ver isso? Ele se solta da minha mão e pega meu
rosto.
Eu saio de seu alcance, mas não porque não quero seu
toque, mas porque quando ele me toca, não consigo pensar. Você
está indo embora. Eu digo, tentando não parecer tão carente.
— Essa.
Ele toca meu rosto de novo e desta vez eu não me afasto.
Eu gostaria de sentir seu toque o tempo todo. Eu digo.
— Eu prometi que vou voltar. Ele me lembra. Eu não digo
nada, e ele acrescenta: — E você sabe por quê?
Eu dou de ombros e tento desviar o olhar, mas sua mão
no meu rosto não deixa. Sua expressão suaviza enquanto ele fala
— Eu vou voltar, porque nada vai me manter longe da
mulher que eu amo.
— O que?
Ele ri e agarra meu rosto.
— Eu disse que te amo, Essalin. Em algum lugar ao
longo do caminho, ao longo desta viagem louca, eu me apaixonei
por você.
Eu ainda estou em choque.
— Há quanto tempo você sabe?
— Por um tempo agora — ele admite.
— Você me ama — Eu sussurro, espantada. Não posso
acreditar que Farren disse as palavras, as palavras que eu
desejava ouvir. Eu sabia que ele sentia algo por mim, mas amor?
E ouvi-lo dizer que me amava em voz alta, me deixa feliz e
exultante... E todas as outras coisas boas que você pode pensar.
— Essa, você também me ama? Pergunta ele.
Eu toco seu rosto, meus dedos deslizando por sua barba
por fazer.
— Você sabe que sim. Eu sussurro.
— Diga as palavras. Ele rosna.
Sua mão se move pelas minhas costas com uma carícia
suave, com uma promessa de muito mais.
— Eu te amo, Farren. Eu sussurro.
— E eu te amo — ele me diz novamente.
Então, Farren Shaw me mostra o quanto ele me ama.
Vamos apenas dizer que é muito amor.
Levada por circunstâncias inevitáveis (Inevitability # 2)

Depois de Farren, Haven e eu chegarmos à Nova York, eu


vivo esperando o machado cair, esperando que Farren seja tirado
de mim. Tenho medo de Dawson e detesto a ideia de Farren sair
para caçá-lo. Mas sei que Dawson e sua organização devem ser
parados. Se não, estaremos sempre em perigo.
Enquanto Farren ajuda Haven e eu a nos estabelecermos
em seu espaçoso e luxuoso apartamento com uma maravilhosa
vista do Central Park, minhas preocupações são temporariamente
esquecidas. Rick e Vincent ainda não conseguiram localizar
Dawson, então Farren não precisa partir... por enquanto.
Farren me chama para sair
— Vamos dar uma volta pela cidade. Ele nos leva por
um tour pela cidade. Nossas primeiras duas semanas são gastas
com passeios, museus e comida em uma variedade de
restaurantes. Nós até mesmo fomos a alguns shows. Haven era a
que mais se divertia. Quando Farren e eu saímos sozinhos,
passeamos ao longo do Central Park, caminhamos e
conversamos. Às vezes, levamos uma cesta de piquenique e
comemos em Sheep Meadow. E a cada dia eu me apaixono mais
por Farren. Ele me ama também. Além de dizer- me muitas vezes,
o amor brilha em seus olhos.
Haven, que se recupera totalmente de sua experiência
traumática, torna-se mais e mais interessada em Rick. Ele parece
gostar muito dela, também. Eles se falam sempre que podem e
vivem mandando mensagens um para o outro. Ela me disse que
ele planeja passar algum tempo em Nova York, uma vez que a
situação com Dawson for resolvida. Haven, também mantém
contato com o pai. Sr. Barnes a convidou para sua mansão em
Connecticut novamente, mas ela educadamente lhe disse ainda
não estava pronta. Ela me disse que ainda tem muito no que
pensar, como decidir onde ela quer terminar a sua licenciatura,
na Pensilvânia ou aqui em Nova York. Quando Farren recebeu
uma carta dizendo que ela podia voltar para Oakwood College, ele
saiu abruptamente, dizendo que tinha — negócios pessoais—
para resolver. No dia seguinte, um amigo ligou para avisar que o
Professor Walsh renunciou, sem motivo aparente. Boa viagem, eu
acho.
Naquela noite, na cama, perguntei a Farren
— Foi isso que você foi fazer?
Farren nunca mente para mim, não depois de tudo o que
passamos e agora não seria uma exceção. Ele se deita de lado, me
encara e diz:
— Esse babaca quebrou o coração da minha irmã. Se ela
decidir voltar para a escola, eu não quero ele perto dela.
Não que eu esteja preocupado com o idiota do Walsh,
mas tinha que perguntar:
— Você não, hum, o machucou, não é?
Farren ri e se deita costas. Olhando para o teto, ainda
rindo, diz:
— Não, Essa. Eu não precisei machucá-lo. Ele foi
convencido facilmente.
— Bem, só para constar — Eu falo suavemente. Eu
estou feliz que ele tenha saído. Por Haven, se ela quiser voltar, e
também por todas as outras meninas que ele enganou.
— Hmm... Murmura Farren.
Eu não pedi detalhes de como ele tinha — persuadido— o
idiota. Não importa. Algumas coisas é melhor não sabermos.
Farren ficou me olhando, e após um minuto, eu
perguntei:
— O quê?
— Pensando qual será sua decisão. Acariciando meus
cabelos, ele continuou. Você vai voltar para Oakwood, no outono,
ou você vai ficar aqui?
Farren já me informou que, com alguns telefonemas dele
e, não surpreendentemente, do seu influente pai, ele conseguiria
minha entrada na universidade de Columbia se eu quisesse. O
que ele não sabe é que já me decidi há algum tempo. E não faço
ele esperar mais. Eu vou ficar Farren.
Farren gira e me coloca em cima de seu corpo. Ele enrola
a mão no meu cabelo e traz o meu rosto perto do dele.
— Beije- me, Essa — ele exige com a voz rouca. Eu o
beijo com fervor, e ele me beija de volta com ainda mais
intensidade. Ele me beija com o coração e alma, me deixando sem
fôlego. Eu respiro fundo. Uau. Acho que você gostou da minha
decisão.
— Você acha? — Ele brinca num tom sensual.
Suas mãos viajam pelas minhas costas até chegar a
minha bunda. Eu monto nele. Como sempre, ele já está pronto.
Quando eu falo isso para ele, ele ri. Sou um soldado,
Essa. Estou sempre preparado para ação a qualquer momento.
— Ei... Eu dou uma tapa em seu ombro. Você deveria
dizer que você está sempre assim... Eu pressiono meu núcleo
em seu sexo — por minha causa.
Sua voz saiu mais rouca agora.
— É por você, Essa.
— Eu te amo — digo a ele.
— Eu também te amo querida.
Começo a me esfregar nele, mas ele me prende com uma
mão no meu quadril. Espere. Diz.
Eu sei que ele está tão excitado quanto eu, por isso
pergunto. O que há de errado?
Ele ri, e eu sei pelo som que ele só quer ter o
controle. Com firmeza, ele desliza para dentro de mim com um só
golpe, me fazendo gemer.
— Não tem nada errado, Essa. Ele continua a empurrar
em mim — Está tudo perfeito, simplesmente perfeito.
Sim, tudo está perfeito. Nosso amor é sólido.
No dia seguinte, eu me encontro com uma conselheira de
orientação profissional na Universidade de Columbia. Ela me diz
que com meu currículo conseguirei me formar em três semestres
e que estou um pouco atrasada, mas vou conseguir me formar em
Jornalismo e em Pequenos Negócios. Quando volto para o
apartamento, estou ansiosa para compartilhar as notícias com
Farren e o encontro fazendo o jantar. Ele está lindo vestindo
calças pretas, uma camisa branca de botão com as mangas
arregaçadas e um avental com a imagem de um galo na frente,
embaixo da imagem estava escrito: — Kiss the Cock— 14

— Eu não acho que Haven vai apreciar seu humor. eu


digo, acenando para o avental.
— O quê? Ele olha para baixo, fingindo inocência. Ei, é
só um galo15.
— Sim — eu respondo, rindo: — Claro que é.
Ele olha para o relógio na parede. Droga — ele murmura.
— O que?
— Haven já deve estar chegando. Eu pensei que se
tivéssemos mais tempo, você poderia me mostrar o que você
entendeu sobre a mensagem do avental.
Ele parece tão gostoso que eu definitivamente não me
importaria de mostrar a ele. Mas era verdade que Haven estaria
de volta em breve. Eu suspiro e arqueio as sobrancelhas. Mais
tarde?
— Definitivamente, mais tarde. Ele responde com um
sorriso que me derrete. Ele ajusta-se de forma discreta e, em
seguida, volta a picar algumas pimentas verdes. Então — começa
ele — como foi hoje na universidade?
— Surpreendentemente bem. Eu contei os detalhes e,
em seguida, disse — Eu acho que o curso de Pequenos Negócios
vai manter meus pais felizes.
Rindo, ele pergunta:

14Traduzindo ao pé da letra quer dizer ‗Beije um pau‘


15O autor faz um trocadilho com a palavra Cock que, também, quer dizer
galo
— Sim, mas o que você acha que eles vão dizer sobre o
local onde você está morando?
— Eu tenho vinte e dois anos. Eu declaro. Sou uma
adulta. Eu posso viver onde quer que eu decida.
Com um olhar avaliador, Farren diz lentamente
— Você mudou muito, Essa.
— Com certeza. Eu concordo.
Um pouco mais tarde, descubro que meus pais mudaram
um pouco também. Quando resolutamente falei sobre meus
planos futuros, mudança de escola, e tudo, eles
surpreendentemente aceitaram sem reclamações. Acho que eles
viram que eu estava decidida, suponho. Eles nem sequer
ameaçaram tirar sua ajuda financeira. Ainda assim, sou uma
adulta e é hora de agir como tal. Está na hora de começar a
ganhar meu próprio dinheiro. Resolvo encontrar um emprego de
verão. Haven se inscreveu em um curso e Farren tem encontros
frequentes com seu pai. Eu preciso fazer alguma coisa. Ainda não
há nenhum sinal de Dawson, mas sei que é apenas uma questão
de tempo. Um trabalho vai me manter ocupada, quando Farren
tiver que sair. Então, em uma tarde particularmente brilhante e
ensolarada de verão, comecei a trabalhar em um café na mesma
rua do apartamento.
— Eu não estou bravo por você trabalhar lá. Farren diz,
no final do dia, quando eu conto sobre meu novo emprego.
— Então por quê está bravo? Pergunto, perplexa.
Ele dá de ombros. Eu não sei. Não tenho uma razão
específica. Suspirando, ele então admite. Eu acho que só quero
mantê-la protegida em todos os momentos. Farren se
preocupava comigo tanto quanto eu me preocupava com ele.
Eu o abracei. Eu gosto que você seja protetor comigo.
Asseguro-lhe. Mas, acredite em mim, vou ficar bem. Quando ele
bufa, eu o lembro. O café é tipo, dois minutos a partir daqui.
— Eu sei. Ele aninha-me perto de seu corpo forte.
Basta ter cuidado, Essa. Não confie em ninguém.
No meu terceiro dia de trabalho, Sr. Barnes pediu a
Farren para acompanhá-lo em uma viagem de negócios para um
país de terceiro mundo. Seu pai o quer lá por segurança, mas
também como um consultor. Estou começando a achar que o pai
de Farren quer que seus filhos herdem seu legado. Por isso que
ele continua tentando se conectar com Haven também. Quando
me despeço de Farren, é a minha vez de pedir-lhe para ter
cuidado. E adiciono com uma voz triste. Eu vou sentir tanto sua
falta.
— Eu só vou ficar fora por duas semanas. Ele responde
em tom conciliador.
— Ainda assim... Eu paro.
Ele sabe que isso será difícil, porque nós estivemos
juntos quase todos os dias por mais de dois meses. Envolvendo-
me em seus braços, ele suavemente murmura
— Eu vou sentir sua falta, também, Essalin.
E então ele vai.
Com Farren viajando, eu decido mergulhar totalmente no
trabalho. Gasto todo meu tempo conhecendo as pessoas que
trabalham comigo. Pergunto sobre seus filhos, seus cônjuges e as
suas vidas. Conheço todos os clientes regulares, também, e a
maioria deles é legal. Um cara especial chama a minha
atenção. Não de uma forma romântica, é claro. É que simpatizei
com ele. Ele é da minha idade, um estudante universitário. Pelo
menos, é o que acho desde que ele aparece todas as manhãs com
um bando de livros didáticos. O cara é bonitinho, meio nerd, um
pouco bobo. Ele usa óculos e tem cabelos avermelhados, mas fica
bem nele. Ele chama a atenção das mulheres na loja, mas só fala
comigo. Eu acho que é porque sou infinitamente paciente com
ele. Como, quando seus livros escorregam de suas mãos, eu
ajudo a arrumá-los antes que caiam. Quando ele deixa sua
carteira em cima do balcão e eu corro para entregar a ele. E
quando ele pede seu habitual café gelado e eu sempre pego antes
que ele derrube.
Nossas conversas são uma série de ele dizendo
— Eu sinto muito.... Oh, deixe que... Merda.
Minhas respostas são
— Não se preocupe com isso.... Eu resolvo isso.... Está
tudo bem.
Uma manhã, antes de ir embora depois de pagar, ele olha
para a plaquinha com meu nome.
— Essa — Ele diz. Olhando para mim com aqueles olhos
marrons por trás dos óculos, ele acrescenta: — Eu sou Justin,
por sinal.
— Prazer em conhecê-lo, Justin — eu digo, e então aperto
sua mão.
E por aí vai.
No dia em que está marcado para Farren retornar de sua
viagem, eu pego o turno da manhã. Justin está na minha
frente. Noto que ele está completamente distraído, olhando para
baixo com um livro de bolso em uma mão, capturado por sua
leitura. Seu café gelado está na outra mão e eu caminho atrás
dele, quase como se ele estivesse involuntariamente abrindo o
caminho. Clientes passam à esquerda e à direita, evitando-o. Mas
é tarde demais para mim. Justin esbarra em mim e café gelado se
espalha pela frente da minha camiseta verde.
Parecendo horrorizado, ele diz
— Oh, inferno, eu não vi você. Ele coloca a sua
brochura sobre uma mesa e começa a pegar guardanapos. Eu
sinto muito, Essa.
Eu pego os guardanapos dele e começo a me limpar. Mas
eles não fazem um bom trabalho no que diz respeito à limpeza.
Quando fica claro que os guardanapos não estão ajudando, eu
digo:
— É melhor eu ir me limpar no banheiro feminino.
— Espere — Justin diz sua voz urgente. Meu carro está
parado na esquina. Eu tenho alguns lenços umedecidos lá. Eles
vão ajudar.
Eu dou de ombros.
— OK, claro.
Enquanto caminhamos para seu carro, tento conversar.
Então, você usa um carro em New York. Você deve ser doido.
— Eu sei, certo. Ele ri. Seria. Mas eu não vivo na
cidade.
— Oh, onde você mora? — Eu pergunto quando viramos
em um beco.
— Jersey — diz ele.
Nós chegamos ao seu carro. É um simples Toyota, um
carro típico de universitário. Justin abre a porta do lado do
passageiro. Dou um passo mais perto do carro e percebo que há
alguém sentado no banco do passageiro.
— Oh... Eu começo a me virar, mas Justin fica atrás de
mim, seus movimentos de repente, rápidos e seguro. Que
diabos? Murmuro.
— Não tão rápido — diz ele no meu ouvido. Sua voz é
suave, confiante. Não é mais o tímido, o nerd. Quem é este
Justin? Claramente, ele não é quem eu pensava que ele fosse.
Meu coração começa a bater freneticamente enquanto ele
me empurra para mais perto de seu carro. Em questão de
segundos estou presa entre o Toyota e o corpo de Justin. Eu não
tenho escolha, a não ser olhar para dentro.
Quando eu vejo quem está sentado casualmente no
banco do passageiro, suspiro
— Merda. Dawson.
Eu tento girar para que possa fugir, mas Justin me
mantém no lugar. Ninguém está por perto. Estou tão ferrada.
Dawson abre a porta. O homem que eu esperava nunca mais pôr
os olhos de novo, se inclina para frente. Prendendo-me com seus
olhos frios e duros, ele diz friamente:
— Ah, nos encontramos de novo, jovem Essalin. Eu acho
que gostaria de passar algum tempo com você. Talvez você deva
entrar no carro.
A história continua em circunstâncias inevitáveis
(Inevitability 2 #), o segundo e último livro da duologia Inevitability
~ primavera de 2015.
S.R. Grey é uma autora da
Amazon e Barnes & Noble Top 100
best-seller. Ela é a autora dos
romances populares new adults: Eu
estou diante de vocês (Judge Me Not
#1) e Nunca duvide de mim (Judge
Me Not #2). O seu mais recente
romance, Inevitable Detour
(Inevitability #1), é um passeio
selvagem, combinando o gênero new adult com elementos
de suspense e romance. Ela também é autora da trilogia
Harbour Falls Mystery. Os romances de S.R Grey têm
aparecido nas listas dos mais vendidos da Amazon e Barnes &
Noble em várias categorias. S.R. Grey mora na
Pensilvânia. Sua formação é em negócios, mas sua
verdadeira paixão é escrever. Quando não está escrevendo,
S.R. Grey pode estar lendo, viajando, correndo ou torcendo
por seu time.
Prólogo
Chase

Eu inclino a cabeça para trás contra o encosto, abaixo a


janela do passageiro. O ar da noite de junho balança o meu cabelo,
me lembrando de que eu preciso desesperadamente de um
corte. Corro os dedos por entre os fios.
Minha avó sempre reclamava dos meus cabelos rebeldes.
— Você é um jovem tão bonito, Chase — Vovó Gartner
disse esta manhã, quando estávamos tomando café. Você parece
muito com o seu pai, quando tinha a sua idade. Mas ele sempre
manteve o cabelo curto e arrumado. Ela se calou e deu um suspiro
longo e dramático. Ela largou um prato de ovos fritos na minha
frente. Meu pobre Jack. Deus tenha sua alma. Minha avó benzeu-
se.
Seu pobre Jack, meu pai com seu cabelo curto e arrumado,
morto e enterrado. Eu pensei: eu não sou meu pai, Vó. Ele
fracassou, ele desistiu de nós. Mas as palavras nunca saíram dos
meus lábios. E nunca sairão. Ouvir isso de mim só iria ferir os
sentimentos da minha avó e ela é boa demais para ouvir os
pensamentos raivosos que rondam pela minha cabeça. Então eu
continuo com toda essa merda escondida dentro de mim, me
comendo por dentro. Esta manhã não foi diferente. Eu mantive as
coisas leves, disse algo como: — As meninas gostam do meu
cabelo assim, Vó. Tenho que manter as senhoras felizes, você
sabe.
Então eu entrei e esperei o golpe inevitável com o pano de
prato. Mas ele nunca veio. Em vez disso, as linhas no rosto de
minha avó se aprofundaram.
— Você não precisa se esforçar para deixar as mulheres
felizes, meu jovem. Você tem apenas vinte anos. Mexer com as
mulheres na sua idade só vai te levar a problemas.
Eu sabia o que ela queria dizer esta manhã, e eu sei que
agora também. Ela está preocupada que eu vou engravidar uma
garota. Então eu vou estar fodido, muito fodido. Mas eu sou sempre
cuidadoso, tomo as precauções necessárias. Além disso, não é meu
jeito mulherengo que está me causando problemas. Se o problema
fosse esse, eu seria uma pessoa muito feliz. Não, infelizmente o
maior problema é a minha dependência, cada vez maior das
drogas, algo que minha avó nem suspeita, que tem me preocupado
estes dias.
Estes dias ... Sim, certo. Mais como todo o tempo do
caralho.
Suspirando, eu subo um pouco a janela, o suficiente para
inclinar minha cabeça contra o vidro frio. O que vou
fazer? Silenciosamente me pergunto. O que eu realmente preciso
fazer é dar o fora desta pequena cidade agrícola chamada Ohio.
Eu estou me perdendo. Fico pela cidade com algumas pessoas da
pesada. O problema é que não tenho nenhum plano, nenhum
dinheiro também. As drogas são a minha fuga e por um tempo
foram boas, mas agora estão tomando conta da minha vida que
está de cabeça para baixo. Parece que o único jeito de continuar é
ficando chapado e esse aparentemente é o meu único objetivo na
vida. Eu quero parar, acredite, eu quero, mas não sei como.
Meu estômago embrulha só com o pensamento de parar de
usar. Hey — eu digo a Tate, que está dirigindo. Vamos sair desta
cidade.
Tate Cody, meu amigo ... e meu parceiro de crime, louco e
selvagem. Ele está comigo em tudo, mulheres, drogas, bebidas,
brigas, estamos juntos. E se não estamos fazendo isso, hoje em
dia, as chances são de que fizemos isso pelo menos uma vez ao
longo dos últimos dois anos. Temos que desacelerar, estamos
vivendo no limite. Às vezes me pergunto quando vamos conseguir
sair daqui.
— O que você acha que estamos fazendo, Chase, meu
homem?
Eu escuto e processo a resposta de Tate, enquanto ele leva
uma garrafa barata de gim à boca. Ficamos em silêncio por um
tempo, eu não posso acreditar que ele estava tendo os mesmos
pensamentos que eu. Estava em pânico esperando que meu amigo
me dissesse o que estava acontecendo, será que realmente
estamos indo embora?
Mas, em seguida, Tate acrescenta: — Eu estou nos tirando
daqui o mais rápido possível. Com essa resposta, voltei a
respirar. Ele só estava me dizendo que estávamos saindo de
Harmony Creek. Não indo embora, afinal. Merda, preciso diminuir
as drogas. Olho para fora da janela e embora esteja escuro, posso
ver que estamos indo para o leste, estamos nos aproximando da
fronteira do estado. Logo estaremos fora de Ohio, indo para a
Pensilvânia. É aí que nós deveríamos nos encontrar com duas
meninas hoje à noite. Elas são de New Castle e vamos nos
encontrar em um lago perto da divisa do estado.
Eu realmente não estou ansioso pelo encontro. O que
realmente quero é seguir em frente e só parar quando estiver longe
demais para voltar. Seguir pela interestadual até chegar a
Jersey. Melhor ainda, Tate e eu poderíamos ir mais
longe. Poderíamos levar nossas bundas direto para a cidade de
New York. Isso seria bom. Então, enquanto Tate dirigia por uma
estrada que a polícia raramente patrulha, finjo que estamos
deixando Harmony Creek para sempre. Sem olhar para trás, sem
arrependimentos, apenas voando para fora dessa pequena cidade
infernal. E por falar em voar, estou voando um pouco agora, me
sentindo bem, baby, tudo bem. Eu fecho meus olhos para que
possa saborear a dormência e o esquecimento que as drogas me
trazem.
Eu não sinto nada, mas sinto tudo.
Minha pele formiga um pouco, mas quando eu levo minha
mão ao meu rosto, não parece ser minha, como se certas partes do
meu corpo pertencessem a pessoas diferentes, nenhuma delas sou
eu. Esse pensamento me faz feliz, fuga é exatamente o que almejo.
É claro que isso era resultado do que tinha consumido, eu fumei
maconha, mas eram as pílulas que estavam fazendo o trabalho.
Uma garrafa bate na palma da minha mão e meus olhos se
abrem. Merda, eu esqueci que não estou sozinho neste carro.
— Beba filho da puta — Tate fala.
Tomo o gim, apesar de mal conseguir ver direito. Não, não
faz parte do meu vocabulário quando estou assim. E, infelizmente,
na maioria das vezes, eu estou nesse estado de espírito. Foi nisso
que me transformei: Chase Gartner, um filho da puta viciado em
drogas. Como sempre fazemos, Tate e eu paramos no Kyle antes
de embarcarmos em nossa pequena aventura desta noite. Kyle
Tanner nos fornece mais drogas do que poderíamos esperar. E a
qualidade é sempre de alto nível. Kyle tem orgulho de trabalhar
com produtos de primeira qualidade. Mas você jamais imaginaria
isso, vendo a merda de lugar em que ele vive. Nosso negociante
reside do outro lado da cidade, perto da fábrica de vidro, em uma
casa de madeira que divide com o pai viciado em
metanfetamina. Ultimamente, estou dividido sobre meus
sentimentos por ele. Eu o amo e o odeio. Quando Tate e eu
atravessamos a linha férrea que marca o fim dos bairros seguros
de Harmony Creek, não sei o que sentir quando vejo a cidade ir
sumindo, conforme Tate continua dirigindo. Eu me inclino um pouco
mais no sentido de ódio quando chegamos ao prédio degradado
onde os viciados ficam, onde seus corpos inclinam-se
preguiçosamente contra as paredes do prédio velho. Com certeza
eu não quero terminar assim, Deus, por favor, não. Mas talvez esse
seja o meu destino. Quando chegamos mais perto da casa do Kyle,
eu quero todas as drogas que puder conseguir. E o amor supera o
ódio por ele nesse ponto. Até os viciados parecem menos
assustadores. Então, lá vamos nós... e continuamos... e esperamos
que continue.
Tate diz que o caminho para a casa de Kyle é o caminho
para a salvação. Salvação, minha bunda. Estou mais inclinado a
dizer que Tate e eu estamos indo direto para o inferno. Estamos
perto da condenação e chegando cada vez mais perto a cada passo
que damos. Eu sei, ele sabe, mas fazemos alguma coisa para
impedir isso?? Será que tentamos sair do buraco que estamos
cavando? Não, nunca. Na verdade, Tate quer começar a vender
drogas. Ele diz que, pelo menos, vamos ganhar o suficiente para
pagar o que consumimos. Sim, nós usamos tudo, menos
agulhas. De alguma maneira, eu sei que ,se eu cruzar essa linha,
não haverá volta. Mas estou considerando a coisa da venda, ainda
que por um motivo diferente de Tate. Ele precisa de dinheiro
suficiente para comprar seu próprio carro. Ele odeia pedir o pedaço
de ferro velho enferrujado de sua mãe. Eu só quero ganhar
dinheiro suficiente para comprar um bilhete para sair deste
lugar. O pouco que ganho pintando casas, pegando obras aqui e
ali, não está me dando o suficiente. Caralho, eu ainda vivo na
fazenda da minha avó, em Cold Springs Lane. Tudo bem que estou
morando no pequeno apartamento em cima da garagem mas mudei
de um quarto na casa principal para uma área não muito
maior. Mas esse pequeno apartamento proporciona privacidade e
isso é o que eu preciso. Eu não sou mais um adolescente, como era
quando voltei há dois anos. É por isso que quero, acima de tudo,
dar o fora daqui. O dinheiro que eu fizer com a venda das drogas,
me ajudará a mudar a minha realidade e não apenas realizar
alguns sonhos. Sem trocadilhos.
Eu levo a garrafa de gim aos meus lábios e engulo. O
álcool desce queimando. Eu acho que vou aceitar a oferta de Kyle.
Eu digo depois de passar a queimação, a careta distorcendo minha
voz. Preciso do dinheiro e vai demorar uma eternidade para
ganhá-lo honestamente.
— Você está tomando a decisão certa, meu amigo — Tate
responde quando estende a mão e toma a garrafa de mim.
Whoa... Minha visão se torna instável. Há três imagens de
meu amigo, e então apenas dois.
— É tudo sobre o dinheiro, homem — dois Tates
distorcidos me dizem.
Digo a mim mesmo que preciso desacelerar, e então digo a
Tate — É verdade. Aperto meus olhos para ver se consigo
melhorar minha visão embaçada. É verdade. Repito.
A ironia disso tudo é que eu já tive dinheiro. Bem, minha
família tinha, o suficiente para que meus pais criassem um fundo
fiduciário para mim. Não era muito, mas o suficiente para que eu
pudesse ter ido para uma faculdade decente, me mudar para uma
nova cidade, algumas coisas que poderiam me ajudar. Eu não
tenho ideia do que o futuro me reserva hoje em dia, mas sei que
estará manchado pelo meu passado. Quando eu tinha cerca de oito
anos, meus pais se mudaram para Las Vegas. Meu pai, que estava
tendo sucesso na construção de casas aqui, começou um negócio
de construção semelhante em Nevada. O momento era certo, as
estrelas estavam alinhadas. Estávamos em uma boa maré,
pegamos o boom imobiliário. Tudo era dourado e dinheiro entrava
aos montes. Foram bons momentos, éramos felizes. Por um tempo.
Durante esses bons tempos, minha mãe ficou grávida. Ela
me deu um irmão mais novo chamado Will que ainda amo como um
louco e sinto sua falta todos os dias. Nós nos falávamos ao telefone
o tempo todo, mas agora, tenho sorte se conseguir um texto de
duas palavras do meu irmãozinho. Acho que quando você está com
onze anos e não vê seu irmão mais velho por dois anos, as
memórias tornam-se um pouco nebulosas. Isso é outra coisa que o
dinheiro extra com a venda de drogas vai me ajudar. Eu vou ter
dinheiro suficiente para voar para Vegas e ver Will, ou posso
comprar-lhe um bilhete para vir aqui. Minha mãe, Abby, mal tem
condições de se sustentar.
Mas, como disse antes, não foi sempre assim. Nos
primeiros anos, a empresa do meu pai cresceu e prosperou, tanto
que eu já tinha sonhos de assumir o negócio. Eu costumava me
imaginar seguindo os passos do meu pai, como só os filhos são
capazes de fazer. Uma tarde, quando eu tinha uns treze anos,
disse ao meu pai que queria construir casas como ele. Mostrei-lhe
alguns esboços, apenas alguns projetos básicos e plantas que
tinha trabalhado por um tempo. Meu pai ficou impressionado. E
não foi só um tipo de elogio para enganar o filho. Não, meus
desenhos verdadeiramente deixaram Jack Gartner chocado. Eu vi
que ele não podia acreditar que seu filho mais velho possuía esse
tipo de talento. Ele me disse que eu deveria sonhar alto, o céu era o
limite. Meus esboços eram incríveis, disse ele, especialmente para
a minha idade. Eu poderia ser um arquiteto, se eu quisesse,
desenhar arranha-céus.
Eu não tinha nenhuma razão para não acreditar nele.
Quando você tem treze anos, você acha que pode ter
tudo. Nessa idade, a vida não tem o poder de te decepcionar
muito... Ainda. Pelo menos, não para mim. Então eu disse ao meu
pai que gostaria de projetar os arranha-céus e iria construí-
los. Meus edifícios iriam vender como pão quente e eu seria tão rico
como Donald Trump. Não, mais rico ainda.
— O céu é o limite — eu disse, jogando as palavras do
meu pai de volta para ele.
Papai sorriu e me deu uma tapinha nas costas.
Jack Gartner não estava sendo paternalista, ele realmente
acreditava no meu potencial. Você tem talento, Chase. Disse ele.
Não tem como dar errado. Se você se manter fiel ao seu sonho ... a
quem você é ... Então você vai fazer mais do que voar. Algum dia
você vai subir.
Okay, certo. Eu com certeza estou subindo no momento,
mas tenho um sentimento que não era desse jeito que o pai tinha
queria que eu fizesse isso. Tate tenta me passar a garrafa, mas
tinha perdido a vontade de beber. As pílulas, junto com as
memórias, estão fazendo uma bagunça com as minhas
emoções. Estou triste em um minuto, reflexivo no próximo, com
raiva de tudo, contemplativo por nada. Eu acho que estou
oficialmente fodido.
Empurro a garrafa com mais força do que o necessário e o
líquido claro entorna no chão do carro. Idiota. Murmura Tate.
— Desculpe — eu digo.
Será que eu realmente quero dizer isso? Não, é apenas
uma palavra, uma cadeia vazia de letras. Vazia, como eu.
Eu me desligo de Tate. Estou chapado e perdido em meus
pensamentos. Nós continuamos pela estrada em silêncio, eu via
uma luz vermelha piscando ao longo da estrada e me reclino à
espera de que essa luz suma da minha cabeça, enquanto isso, as
memórias ficam voltando.
Quando eu pisco, as luzes ficam verdes...
Meu pai começou a me levar para trabalhar no verão em
que mostrei a ele os desenhos. Aprendi como fazer a fiação de uma
casa, como fazer o encanamento, como colocar isolamento. E isso
foi apenas o começo. Costumava observar enquanto meu pai
enquanto ele conversava com os caras. Ele os tratava com respeito
e eles retribuíam isso, fazendo o melhor serviço. Era tudo — Sim
senhor, senhor Gartner — Considere feito, Jack.
Quando eu fiz quatorze anos, meu pai me comprou uma
mesa de desenho, um monte de software de desenhos também. O
tipo que verdadeiros arquitetos usam, pelo menos foi isso que ele
me disse. Eu praticava o tempo todo. Estava construindo minhas
asas, me preparando para voar. Will tinha apenas cinco anos, mas
aquela criança adorava me ver desenhar. Para ele, eu desenhava
todos os tipos de estruturas ridículas.
— Desenha uma casa para mim, Chasey? Ele me
perguntou isso um dia.
Eu ri enquanto bagunçava seu cabelo loiro. Lembro- me
que os fios finos pareciam brilhar quando o sol batia
neles. Caralho, eles eram quase brancos. Tudo bem, amigo, que
tipo de casa você quer?
— Uma casa árvoreeee: — Ele respondeu cantando, olhos
verdes inocentes e sorriso no rosto, enquanto ele se concentrava no
bloco de desenho que peguei da minha mesa. Eu peguei um lápis
de cor e solicitei esclarecimentos: — Ok, uma casa na árvore, certo?
— Nãoo. Will balançou a pequena cabeça vigorosamente.
Uma casa que é uma árvore, Chasey.
— Aha, entendi. Eu disse.
E eu fiz. Eu desenhei uma casa árvore, exatamente como
uma árvore, grande, robusta e carregada com ramos espessos. As
folhas eu sombreei na cor dos olhos do meu irmão. Esbocei uma
porta na base do tronco, em seguida, coloquei um caminhão sob
um galho. Depois que terminei de colorir, segurei o desenho para o
meu irmão ver. A casa de Will parecia uma daquelas casas de
árvores dos comerciais com os elfos e os cookies, só que a que eu
tinha desenhado era muito melhor. Havia muito mais detalhes e eu
tinha desenhado a árvore em 2— D. Por entre os ramos e as folhas
Todos os quartos eram em cortes transversais, feitos em vários
tons de azul, a cor favorita de Will. Eu também tive a certeza de
cada quarto era azul e cheio de brinquedos.
Will jogou os braços em volta do meu pescoço e me disse
que amava sua casa árvore. Então ele se inclinou para trás e disse
que me amava ainda mais. Ele beijou meu rosto. Isso sempre tocou
meu coração, me engasguei um pouco. Eu também te amo, amigo
— era tudo que eu poderia dizer enquanto abraçava um menino
que significava o mundo para mim.
As coisas nunca são ruins quando existe tanto
amor. Pensei que seria assim para sempre, eu realmente acreditei
nisso. Uma casa cheia de amor, uma família feliz, apenas uma
vida boa e fácil.
Cara, eu estava tão errado.
Pouco depois de fazer dezessete anos, meu mundo
começou a desmoronar. O mercado imobiliário afundou. A onda
que todos estavam surfando desabou. A empresa do meu do meu
pai foi uma das primeiras a falir. Ele tinha se
sobrecarregado; todos os nossos imóveis estavam hipotecados. Ele
passou a cobrar menos por seus serviços, tentando não afundar,
mas seus esforços foram infrutíferos. Nós afundamos mais rápido
do que uma pedra. Eu vendi o software de arquiteto extravagante
no eBay, minha mesa de desenho também. Eu dei o dinheiro para
meus pais, mas era apenas uma gota no oceano, comparado com o
que deviam. Vi meu pai, outrora vibrante, se transformar em uma
sombra do homem que ele foi uma vez. Minha mãe, sempre tão
linda, adquiriu círculos escuros sob os olhos de tanto chorar e
preocupada, não era capaz de dormir. Ela ainda tentou sua mão
nos cassinos, estávamos desesperados. Mas todos sabem o jogo é
uma estrada de mão única. A casa sempre vence no final.
Uma noite, minha mãe estava em um daqueles
cassinos. Não era a primeira vez que ela passava horas e horas
ausente, tentando reconquistar o que havia perdido. Ela ganhava
um pouco aqui e ali, mas nunca era o suficiente, nunca o suficiente
para ela. Will tinha ido dormir mais cedo naquela noite, então meu
pai e eu estávamos mais ou menos sozinho. Ele me perguntou se
eu estava com fome. Quando eu balancei a cabeça lentamente,
relutante em revelar o quão faminto realmente estava e dar algo a
mais para meu pai se preocupar, ele suspirou, pegou o telefone e
pediu comida chinesa. Eu juro que senti o cheiro da comida antes
que o homem da entrega tocasse a campainha. Beef Chow Mein,
chicken General Tso's, sopa quente e azeda, e eggrolls, a primeira
refeição de verdade que eu tinha comido nas últimas semanas. E
mesmo que meu pai e eu tivéssemos que sentar no chão, pois
nossos móveis tinham sido vendidos alguns dias atrás, eu
saboreei cada porra de mordida. Depois, meu pai disse que ele
tinha que sair. Ele tinha que resolver algumas coisas. Perguntou-
me se eu tomaria conta de Will.
— Claro. Eu disse a ele, enquanto fechava as caixas com
sobras que eu havia deixado para Will e mamãe e colocava na
geladeira.

Quando meu pai saiu, eu fiquei sem nada para fazer. Eu


não tinha televisão, aparelho de
som. Videogames? Esqueça. Aquelas foram as primeiras coisas a
irem. Então, vaguei ao redor da casa com os pés descalços. Passei
para a próxima sala vazia. Voltei e fui dar uma olhada em Will.
Meu irmão mais novo dormia em um colchão de ar no meio de seu
quarto vazio. O esboço da casa árvore, a única coisa que restava
em suas quatro paredes, havia caído. Ele estava abandonado no
chão, perto da mão de Will, perto de onde seu pequeno braço
estava pendurado do lado de fora do colchão. Para mim, parecia
que meu irmão estava inconscientemente tentando pegar o
desenho. Três anos se passaram desde que eu tinha desenhado a
casa da árvore de Will, e eu tinha esboçado centenas de outras
coisas para ele desde aquele dia, mas aquele desenho feito com
muito amor por mim, ainda era o favorito do meu irmão. Eu acho
que para ele simbolizava algo mais. Certa vez, ele tinha dito que
meu esboço lhe dava esperança. Acho que o lembrava de quando
as coisas eram boas. Entrei em seu quarto escuro e peguei a
esperança de Will. Beijei o topo de sua cabeça e gentilmente
coloquei sua casa árvore ao lado de sua forma adormecida. Eu fiz
meu caminho de volta para a sala de estar, sentindo-se pensativo
e muito fodido em meus dezessete anos. Lágrimas brotaram dos
meus olhos, mas me recusei a deixá-las cair. Ao inferno com toda
essa merda. O saco de papel em que a comida chinesa tinha sido
carregada, ainda estava no chão. Frustrado, chutei para fora do
meu caminho. Um biscoito da sorte caiu aos meus pés. Eu o peguei,
rasguei o plástico, quebrei o biscoito e deslizei um pequeno pedaço
de papel de dentro dele. O papel ficou na minha mão e o biscoito
acabou na minha boca. Sinceramente, ainda estava com
fome. Mastiguei, e saboreando o biscoito, li as palavras no pequeno
pedaço de papel que eu segurava entre os dedos.
Enquanto estou diante de ti, não me julgues.
Soou um pouco falso e quase joguei o papel fora. Mas
havia algo sobre aquelas palavras que me fez hesitar, algo
parecido com cautela. Acabei dobrando o pequeno pedaço de papel
ao meio e coloquei no meu bolso. Talvez eu precisasse de um
símbolo de esperança como meu irmão. Eu sabia que as coisas que
estavam acontecendo na minha vida, teriam consequências no meu
futuro, e eu esperava, que não importa o que acontecesse, me
definisse como pessoa. Minha mãe voltou muito tarde naquela
noite, mas meu pai nunca voltou. Jack Gartner tinha pego a rota
160, em direção a Califórnia. Mas nunca conseguiu sair de
Nevada. Seu carro foi encontrado no fundo de uma ravina, os
oficiais que vieram a nossa porta para dar a notícia, chamaram de
curva traiçoeira.
Morto com o impacto, foi o que nos disseram.
Será que ele perdeu o controle ou jogou o carro para fora
da estrada de propósito? Talvez ele quisesse começar uma nova
vida para nós na Califórnia. Isso era o que minha mãe acreditou na
época. Ela ainda acredita.
Eu, no entanto, não tenho tanta certeza. Meu pai não levou
nada com ele. Sessenta dólares e um cartão de crédito cancelado,
isso era tudo o que ele tinha com ele. Acho que meu pai
simplesmente desistiu. Ele nos abandonou, escolheu o caminho
mais fácil. Minha mãe podia iludir-se tanto quanto ela quisesse,
mas eu sinto, no meu coração, que sou o único que sei a verdade.
De qualquer forma, o banco levou a casa logo após a morte do meu
pai. Minha mãe vendeu o pouco que restava. Por algum tempo, nos
tornamos nômades. Nós vivemos no único bem que não tiraram de
nós, uma minivan branca. A minivan foi nossa casa ... até que
mamãe ganhou bastante dinheiro no jogo para nos mudarmos para
um apartamento barato. A nossa nova residência era pequena,
mas pelo menos tinha água corrente. E móveis. Mais ou menos.
Quando minha mãe me pegou fazendo careta para os
equipamentos enferrujados, o teto manchado de infiltração, o
carpete verde-oliva mofado, ela se esforçou para me convencer de
que nosso novo lugar tinha suas vantagens.
— Que vantagens? Perguntei.
— É perto do The Strip. Isso vai ser conveniente.
— Conveniente para quem? Eu perguntei. Você?
— Chase — ela disse intencionalmente — É melhor do que
viver em uma minivan.
Ela tinha um ponto, portanto nos mudamos no dia
seguinte. A primeira coisa que Will fez foi correr direto para um dos
dois quartos e pendurar o esfarrapado esboço da casa árvore. Eu o
segui e vi perto de um colchão sujo no chão em cima de uma caixa
de sapato colando sua esperança em uma das paredes. Depois de
nos mudarmos, o tempo, como sempre, não parou. Will e eu íamos
para a escola, enquanto minha mãe viciada em jogo, passava seus
dias nos cassinos. Fiz dezoito anos em abril. Mas ninguém
realmente lembrou. Bem, Will sim. Aquela criança faria qualquer
coisa por mim. Ele colocou uma vela que encontrou no fundo de
uma gaveta na cozinha em um bolinho. Ele me fez sentar na única
cadeira da cozinha que não estava quebrada, e em seguida,
colocou o bolo em uma caixa de papelão que era usada como mesa
de cozinha. Will cantou a mais bela versão de — Parabéns pra
você— que já ouvi, em toda a minha vida. Quando ele acabou, eu
me inclinei para apagar a vela. Will me parou e me disse para
fazer um desejo primeiro, então fiz. E então apaguei a vela. Ele
bateu palmas, sorriu e me perguntou o que tinha desejado e eu lhe
disse que era um segredo. Eu não queria dizer a ele que pedi que
ele tivesse uma vida melhor. Meu irmão e eu dividimos o bolo, esse
foi o nosso jantar e comemos em silêncio.
O verão chegou e eu, de alguma forma, consegui me
formar. Mas, como não tinha mais meu fundo fiduciário, a
universidade era um sonho impossível. Com nenhuma orientação
real e um monte de frustração reprimida, a minha trajetória
descendente começou. Estava com raiva o tempo todo e acabei
entrando em lutas demais para contar. Os lugares em Las Vegas,
onde comecei a andar eram perigosos. Logo no início, eu apanhei...
muitas vezes. Mas então algo aconteceu. Aprendi a usar minha
força, minha rapidez e minha raiva. Comecei a ganhar. Eu tinha
um verdadeiro dom para a luta e rapidamente passei de um zé
ninguém para um valentão. Ganhei credibilidade nas ruas. O caras
me respeitavam, as meninas se jogavam em cima de mim. Mas
toda essa merda não significava nada, eu estava vazio por
dentro. Não tinha ninguém para falar sobre os meus problemas e
as emoções conflituosas que não sabia como lidar. Como, por que
eu estava tão irritado o tempo todo? Por que eu gostava tanto de
lutar? Por que me sentia tão bem em machucar os outros?
Mas, principalmente, o que fazer com a falta que eu sentia
do meu pai.
Eu sentia falta de falar com ele, de ver seu rosto todos os
dias. Eu contava com ele, ainda precisava dele. Mas ele se foi. Ele
tirou a própria vida. Por que eu não podia simplesmente aceitar o
que tinha acontecido e esquecê-lo?
Mas eu não podia, e, pior ainda, eu ansiava por respostas.
Todos os dias, durante algum tempo, na minha busca por
respostas, eu pegava o ônibus e ia visitar meu pai. Bem, eu ia
visitar sua sepultura. Eu me sentava sob um grande anjo de pedra
que ficava perto da sepultura do meu pai e agradecia pela sombra
que me proporcionava. Suado e perdido, eu perguntava se ele
poderia me dizer por que meu pai tinha que morrer. Por que Deus
permitiu que meu pai fosse embora? Por que meu pai escolheu me
deixar? Por que ele iria deixar mamãe e Will? Nosso amor não era o
suficiente para ele? Será que ele se arrependeu de sua decisão
quando percebeu que não tinha mais volta?
Claro, o anjo de pedra não tinha respostas e um dia eu
apenas parei de ir. Não mais sentar na sombra do anjo, não mais
calor. Não mais perguntas que nunca poderiam ser respondidas.
Minhas viagens ao cemitério pararam, mas isso não significava
que eu queria esquecer que uma vez ele acreditou em mim. Apesar
de tudo, eu ainda amava meu pai e parte de mim desejava ser
como ele. Assim, em julho daquele ano, tatuei seu anjo de pedra no
meio das minhas costas, entre as minhas omoplatas, com tinta
preta.
Eu me viro no banco do passageiro.
Eu quase posso sentir os olhos dela em mim, como o anjo
do meu pai cuida dele. E como o seu anjo, o meu está
ajoelhado. As bordas de suas vestes em uma poça ao seu
redor. Suas asas estão dobradas em suas costas. Seu cabelo é
longo, obscurecendo um lado de seu rosto. E sua cabeça está
inclinada. Em súplica ou de vergonha, eu não me decidi qual. Mas
se ele está assistindo a merda que eu tenho feito nestes últimos
dois anos, é provavelmente de vergonha. Após a tatuagem do anjo
estar curada, pedi mais dinheiro a minha mãe. Eu a convenci a
pagar por outra tatuagem. Eu a fiz se sentir culpada na
verdade. Enfim, eu acabei com grandes asas, cheia de detalhes
sobre meus ombros. Elas envolviam meu anjo. Mas o anjo e as
asas não eram suficientes. Eu queria algo mais, para me lembrar
do meu pai, algo para me lembrar, sempre, de nossa última noite,
quando era apenas ele e eu, comendo comida chinesa no chão de
uma casa vazia, uma última ceia compartilhada. Eu sempre
carregava a mensagem do biscoito da sorte, na esperança de
entender o que ele representava.
Enquanto estou diante de ti, não me julgues.
Palavras impressas em um pedaço de papel, mas que na
verdade eram muito mais. Então, eu tive essas palavras em volta
do meu bíceps esquerdo. Minhas tatuagens eram apenas
tentativas de curar minha alma, no meu coração a ferida
permanecia aberta. Não havia nenhum consolo em casa. Na
verdade, as coisas foram piorando. Comecei a beber e usar drogas
para aliviar a dor e preencher o vazio. Eu odiava o que tinha
acontecido com a nossa família. Ver Will ir de um menino feliz a um
mal— humorado de nove anos de idade, deixou- me triste e
frustrado. E assistir minha mãe tentando curar seu coração ferido
com jogos de azar e, eventualmente, transando com homens
aleatórios só piorava a situação. Mas pelo menos minha mãe não
se perdia na noite como eu fazia. Não, Abby só saía durante o
dia. Ainda assim, suas tentativas de namoro eram fracassos
totais. Alguns duraram uma semana ou duas, alguns um pouco
mais, mas o denominador comum entre todos eles, era que nenhum
gostava de mim. Mamãe me disse para tentar ser um pouco mais
sociável, dar a esses eles uma chance, por causa dela. Eu ri e
disse a Abby que seus homens poderiam ir se foder. Chase, não
seja grosseiro. Foi sua resposta. Até o final do verão minha mãe
estava seriamente com seu namorado número três. Eu não era
tolo; imediatamente senti que meus dias estavam contados. Eu
tinha que ter sido cego para não ver. Eu sabia o que estava prestes
a acontecer. Mas o novo namorado de Abby me detestar não era o
maior problema. Tinha algo mais, algo que ela nunca iria admitir.
Não havia como negar, não realmente.
Eu via o problema de Abby todos os dias, quando me
olhava no espelho.
Eu estava no banheiro apertado e cheio de vapor, água
quente pingando do meu corpo, a lata de creme de barbear na
mão, eu não podia negar a verdade na minha frente. Eu tirei o
vapor do espelho, deixando-o limpo. E não me via lá, eu via meu
pai. Eu parecia muito com Jack Gartner, mesmo aos dezoito
anos. E esse era verdadeiro problema da minha mãe.
Merda. Mesmo pensar nisso agora, dois anos depois, fode com
minha cabeça. Olho para Tate. Ele está quieto, acabando com a
garrafa de gim. Eu me viro e olho pela janela pelo resto do
caminho. Fiquei olhando para o meu reflexo turvo, vendo as
semelhanças com o homem que me deu a vida... Eu às vezes tinha
vontade de acabar com tudo isso.
Quando eu percebo em que estou pensando, eu
rio. Inferno, a semelhança é assombrosa. E, assim como quando
costumava olhar para o espelho do banheiro, são os olhos do meu
pai olhando para mim. Mas estes azuis pálidos são todos
meus. Sim, porque o branco dos olhos dele nunca esteve tão
vermelho como o meu. Ainda assim, mesmo com os olhos injetados
de sangue, as semelhanças superam as diferenças. Embora não
seja curto e arrumado como vovó Gartner gostaria que fosse, meu
cabelo é do mesmo tom do dele, castanho claro. Jack também me
abençoou com o nariz reto, o queixo quadrado e as maçãs do rosto
definidas. Todo mundo dizia meu pai era de boa aparência, eu
acho que também sou. As meninas parecem pensar assim, pelo
menos. E minha mãe com certeza também achava. Abby se
inclinava sobre o banco da frente do carro que meu pai comprou
para si mesmo durante os bons tempos. Will e eu estaríamos o
banco de trás, rolando os olhos um para o outro. Minha mãe iria
beijar meu pai, fazendo-o desviar um pouco enquanto dirigia. Ela
diria a ele que ele era lindo e que ela o amava. Papai iria rir e dizer
Abby que ele a amava ainda mais. Ele diria que seu amor por ela
era mais quente do que o sol de Vegas. Minha mãe adorava Essa
merda. Will e eu, no entanto, gemíamos de desgosto e fazíamos
barulhos de engasgos.
Merda, eu sinto os engasgos agora. Não por causa da
memória, mas o quanto eu parecia com meu pai morto. Tento tirar
Essas lembranças da minha mente. Eu não posso suportar essa
tortura auto— infligida por mais tempo. Não admira que ela tenha
me mandado embora. Pena que eu não possa desaparecer tão
facilmente agora. Acho que, de certa forma, é por isso que vivo
minha vida do jeito que faço, preenchendo-a com drogas... Sexo...
Violência. Naquela época, minha presença na vida de minha mãe
deve ter sido um lembrete constante de tudo o que ela tinha
perdido. Quando você está se esforçando para seguir em frente,
você não precisa de uma âncora para o passado. Ela podia
avançar com Will, ele era apenas um garoto. Além disso, ele
parecia com ela, não com o meu pai. Mas eu tinha dezoito anos, um
adulto, e muito filho do meu pai, para o conforto de todos. Eu acho
que foi muito difícil para a mãe me olhar e ser lembrada de tudo o
que uma vez tinha tido.
Assim, no dia que o namorado número três, um cara
chamado Gary, disse que ela poderia morar com ele, eu meio que
sabia que o convite não seria prorrogado para mim. Com certeza,
em uma tarde quente escaldante, minha mãe mandou Will andar
de bicicleta e me disse que tínhamos que conversar. Ela me sentou
no sofá surrado em nosso apartamento de merda. Senti- me como
um homem condenado à espera de ouvir o seu destino e ao mesmo
tempo a umidade de ar condicionado barulhento na janela atrás de
mim continuava soprando rajadas de ar morno no meu pescoço.
Não que isso importasse. Eu mal notei. Eu estava
dormente. Para me preparar para essa — conversa — eu tinha
usado um par de linhas16 no meu quarto. Claro, eu não tinha feito
essa merda antes de Will sair. Uma coisa era eu me afundar, mas
nunca deixaria meu irmão me ver como um viciado. De qualquer
forma, naquele dia na sala de estar, não podia ficar
parado. Remexendo, remexendo, batendo meu pé. Minha mãe não
percebeu, ela estava tão ruim quanto eu. Andando para lá e para
cá na minha frente, fumando um cigarro, um novo hábito que ela
tinha acabado de adquirir. Gary fumava então ela pegou o hábito
também. Patético, eu me lembro de pensar. Minha mãe parecia tão
nervosa que eu me perguntei se ela estava brincando com drogas
como eu, ou se o que ela tinha a dizer era muito ruim. Ela começou
a falar e eu não tive nenhuma chance.
— Você não é mais criança, Chase. Ela começou, ainda
andando, cinzas salpicando o carpete verde-oliva.
Ela deu uma tragada, franzindo sua testa e se inclinou
para bater o cigarro em um cinzeiro de plástico sobre uma mesa
baixa.
— Você tem que começar a fazer alguma coisa, em algum
lugar, garoto. Ela disse enquanto se virava para me encarar.
Ela estava bem na minha frente e embora minha cabeça
estivesse abaixada, eu assisti todos os seus movimentos. Ela
soltou um suspiro e vi a franja loira— escuro. Alguns fios presos a
sua pele. Mamãe estava começando a suar.
— Então, a vovó Gartner ligou outro dia. Continuou ela,
suas palavras me cortaram como uma faca. Ela disse que tem
muito espaço na velha fazenda, em Ohio. E com certeza ela precisa
de alguma ajuda.

16 Duas carreiras de cocaína


Eu olhei para ela sem acreditar. Esta mulher que tinha me
dado a vida tentou sorrir, mas não podia. Ela sabia muito bem que
estava vomitando besteira pura. Ela só queria se livrar de mim.
— Apenas fale. Eu cerrei os dentes, minha voz longe de
estar uniforme.
— Ok, é claro, querido. Ela olhou para todos os lugares,
menos para mim. Uh, sim, Vovó acha que mudar para Harmony
Creek seria muito bom para você, uma chance de começar de novo,
e...
— Mãe, eu tenho apenas dezoito anos. Começar de novo?
Eu soltei uma respiração rápida. Eu ainda não tive a oportunidade
de começar aqui.
A expressão dela mudou. Chase, não aja como se eu não
soubesse as coisas que você faz nas minhas costas. Tentei
protestar, mas ela me silenciou. Eu sei que você usa drogas. Sei
que você traz meninas aqui quando Will não está por perto. Essa
merda não vai acontecer, uma vez que nos mudarmos para a casa
de Gary. Ele não vai aceitar isso, Chase. Ele tem regras —
Eu suspirei — Foda-se ele.
— Eu não vou discutir com você sobre isso. Ela disse,
com uma voz cansada.
Quando ela pegou o maço de cigarros, eu vi que suas
mãos tremiam. Querido, eu só acho que ficar com a vovó Gartner é
o melhor para você agora, ok?
Fiquei olhando para um rasgo em meu jeans. Eu tenho
uma escolha?
Perguntei derrotado, e na verdade, sentindo como se
tivesse acabado de ser abandonado.
Ela balançou a cabeça negativamente.
Eu sabia que ia acontecer, mas suas palavras ainda me
cortavam ao meio e perfuraram meu coração já danificado. Fiquei
chocado que o meu coração podia continuar batendo, depois de
tudo. Mas ele fazia. Na verdade, meu coração batia mais rápido e
mais rápido, como se fosse explodir no meu peito. Se minha reação
era culpa da cocaína... Ou do desespero... eu não sabia, só sabia
que ele continuava a bater. Com o coração batendo como uma
sentença de morte tentei empurrar algumas palavras da minha
boca seca. Mãe... Eu resmunguei minha voz falhando.
Eu simplesmente não podia terminar.
A comunicação verbal falhou, então eu tentei encontrar
seus olhos, falar com sua alma. Era isso o que ela queria
realmente? Mandar seu filho mais velho embora? Desistir de
mim? Assim como meu pai fez com todos nós.
Eu procurei e procurei, mas minha mãe não tinha
respostas em seus grandes olhos verdes, não mais do que o anjo
de pedra que tinha no túmulo de meu pai. Abby respirou fundo e se
virou. Ela limpou uma lágrima. É o melhor, Chase — ela
murmurou.
E então ela me deixou sentado ali, sozinho, ar quente
soprando a minha volta. Voltei para o meu quarto e cheirei mais
três linhas. Isso foi há quase dois anos e aqui estou. Mãe ainda
está em Las Vegas com Will, com o namorado número seis, da
última vez que ouvi. Ela ainda está perseguindo o jackpot17
indescritível também, na esperança de recuperar a vida que ela
conheceu. Boa sorte com isso, eu penso com amargura. Jackpot,

17 Prêmio acumulado em máquinas de cassinos ou em sorteios de loterias


minha bunda. Se alguém precisa bater a porra de um jackpot, sou
eu. De repente, visões induzidas pelas drogas de potes de ouro
nadaram preguiçosamente em minha cabeça, juntamente com
alguns duendes dançado break e eu não podia deixar de rir.
Tate me olha. Ele deve pensar que meu humor melhorou,
porque ele começa a falar sobre tudo animadamente, sobre quanto
dinheiro nós vamos fazer no nosso novo empreendimento com
Kyle. Eu escuto a sua voz, mas não ouço qualquer palavra, mas
então seu celular vibra e estou alerta, muito alerta. Tate joga do
meu jeito. Devem ser as senhoras. Diz ele, todo animado,
enquanto pego o celular com uma mão. Mesmo chapado, minha
coordenação é impecável.
— Senhoras, minha bunda. Eu rolo meus olhos.
Tate ri, sabendo tão bem quanto eu que essas duas
meninas que vamos encontrar esta noite não tem nada de
senhoras. Elas são como nós, mas é aí que reside a beleza.
— O que é? Ele pergunta, apontando para celular.
Eu vejo as letras embaralhadas, mas do jeito que estou,
tudo fica embaçado. Pisco algumas vezes e minha visão
limpa. Quando li isso em voz alta, eu imito a voz de uma menina,
apenas sendo um idiota. Crystal e eu estamos quase no
lago. Venha preparado. Tammy. Ri em voz alta.
— Caraaaa. Tate me lança um olhar de soslaio. Você sabe
o que quer dizer isso, certo? Você tem camisinhas? —
Eu não sou idiota e isso é muito sério. Sempre me previno.
Melhor prevenir do que remediar. Mas, quando começo a procurar
nos meus bolsos, eu percebo que deixei os preservativos em casa.
Foda-se — murmuro.
Bem— vindo a Pensilvânia dizia uma placa com luzes
piscando.
Tate pergunta: — O quê?
Eu passo os dedos pelo meu cabelo. Eu esqueci aquelas
porras em casa.
— Não tem problema. Vamos parar na loja de conveniência
em frente a fronteira do estado.
— Má idéia. Eu me oponho. Sempre têm policiais lá. Você
acha que eles não vão notar o quão fodidos estamos? —
— Quão fodido você está— Tate corrige, rindo. Eu não
fumei tanto quanto você.
— Você fumou muito — murmuro sob a minha respiração.
Mas Tate está certo, eu fumava mais. E Tate fumou só
um. Além disso, meu amigo não viu as pílulas que Kyle me deu
antes de sairmos.
Ainda assim, aceno para a garrafa quase vazia. Você
praticamente bebeu aquela coisa toda, idiota. Você nunca vai
passar por um teste de sobriedade.
— Sim, mas eu não estou pensando em fazer um, meu
amigo. E, finjo melhor do que você. Ele dá de ombros. Confie em
mim, eu consigo. Basta esperar no carro. Só vai demorar um
pouquinho.
Tate era sempre confiante. Ele podia enrolar qualquer um
sobre qualquer coisa. Sempre digo que ele é um vendedor
nato. Talvez se nós conseguirmos juntar nossas coisas, ele possa
fazer algo legítimo usando suas maneiras suaves. Ser legal, é no
que Tate é bom, e isso ajuda a torná-lo popular. Ele tem cabelo
castanho, olhos castanhos e sua fala mansa faz com que as
garotas caiam em cima dele. Elas adoram essa merda.
Nós cruzamos a linha do estado e chegamos à loja de
conveniência. Não tem carros de polícia. Veja, nós estamos com
sorte. Tate diz, ainda tão confiante como sempre. Eu puxo meu
capuz para cima e me encosto no banco. Basta ser rápido —
murmuro.
Tate hesita e eu sei que algo está errado. O que você está
esperando? Pergunto.
Ele começa sua frase com — Não seja chat.. E eu o corto
imediatamente, esperando não ter que chutar a bunda magra do
meu bom amigo. Seria uma pena realmente, uma vez que Tate não
teria a menor chance contra mim. Sou muito maior, muito mais
forte e a raiva dentro de mim não tem fim.
— O quê? Eu cuspo, apertando meu queixo.
Tate ignora a minha atitude; ele está acostumado a ela.
Eu meio que preciso que você guarde algumas coisas enquanto vou
lá dentro. Apenas no caso.
— Apenas no caso de quê?
Estou perdendo a paciência. Esfrego minha mão pelo meu
rosto, com medo de ouvir o que Tate está falando.
Ele sorri e digo para ele guardar essa merda para as -
senhoras.
— Ok, ok. Ele levanta as mãos em sinal de rendição
simulada. Eu posso ter pedido a Kyle algo para podermos começar
nosso show empresarial.
— Nós? Eu digo, sentindo minha raiva vir à tona. Você
nem sabia que eu ia aceitar fazer isso até dez minutos atrás.
— O que posso dizer, cara. Tate coloca a mão sobre o
coração. Eu tinha fé.
— Tanto faz.
Eu tento ficar chateado, porque o que ele fez foi realmente
ridículo, mas minha raiva desaparece rapidamente. Minhas
emoções estão soltas em todas as direções, chapado com estou.
Tate me entrega um pacote plástico cheio de pequenas pílulas, um
arco— íris de cores. Jesus. Eu sei exatamente o que esta merda
é. X18? Você está mordendo mais do que pode. Nós temos que
começar pequeno, filho da puta. Levar as coisas com calma, ver
como vai ser.
Tate dá de ombros. Nós vamos fazer mais dinheiro desta
forma. Tipo, eu sei que nós podemos vender para as meninas hoje
à noite. Inferno, aposto que podemos convencê-las a comprar
todas.
Ele está rindo de sua própria ingenuidade, mas vou
ignorá-lo. Estou muito ocupado tentando contar as pílulas no
pacote. Mas nas condições em que me encontro, é um desafio muito
grande.
— Quantas tem aqui, afinal? Eu pergunto, desistindo de
descobrir isso por mim mesmo.
— Vinte. Ele me diz, e então cria bolas para jogar outro
pacote no meu colo. talvez quarenta ... talvez um pouco mais.
— Você está louco porra. Se formos apanhados, Tate, não
será só posse. Será posse com intenção de venda.
— É por isso que estou deixando essa merda aqui com
você.

18
Ecstasy
— Oh, isso é realmente muito legal. Voltei a ficar
chateado e mesmo alto, não posso me acalmar agora. Eu jogo um
dos pacotes de volta para Tate. Eu não quero ser pego com
quarenta comprimidos de Ecstasy, imbecil.
— Calma cara. Ele cautelosamente pega o pacote que
joguei e estende de volta para mim. — se um policial aparecer,
apenas pegue a estrada.
— E você? Eu pergunto enquanto a contragosto aceito o
saco.
Tate sorri. Não se preocupe comigo. Você sabe que posso
me virar. Basta voltar, depois que o calor baixar e vamos estar de
volta aos negócios.
— O calor? O que é isso, os anos setenta? — Pergunto,
rindo, mas Tate já está fora do carro.
Enfio os dois pacotes de ecstasy no bolso de trás da
minha calça jeans e penso que nada mais será igual. Poucos
minutos depois, um carro de polícia estaciona. Então, entro em
pânico. Eu começo a passar sobre o console para dar o fora de lá,
mas, de repente, com cada fibra do meu ser, eu sei que estou
cometendo o maior erro da minha vida. Isso, no entanto, não me
impede de deslizar para o banco do motorista, dando marcha à
ré. Eu saí cantando pneus para fora do estacionamento e deixo
uma nuvem de cascalho e de poeira no meu rastro.
Eu estou a oitenta, o rádio ... alto, alto, estridente. Talvez
eu possa superar esse filho da puta? Estou batendo minhas mãos
no volante, juntamente com a batida, voando tão rápido que é
incrível que eu não perca o controle e cause um acidente.
Mas não hesito, eu me mantenho firme.
Eu tinha percorrido pelo menos uns dez quilômetros antes
de outro carro de polícia aparecer na minha frente. Eu pisei tão
forte nos freios que o carro girou. Eles bloquearam minha fuga. O
meu carro acabou paralelo ao carro da polícia, nós dois no meio da
pista, os motores em marcha lenta como se estivéssemos em algum
filme de ação do caralho. O ar cheirando a borracha queimada e a
coluna de fumaça em torno de nós. Os alto-falantes estrondavam
uma música de 50 Cent, o que é francamente irônico neste
momento.
Quando toda a fumaça se dissipa, vejo o lago bem ali na
minha frente. Não posso deixar de rir. Estou ferrado e tudo o que
posso pensar é que Cristal e Tammy estão lá fora, esperando, por
dois rapazes que nunca vão chegar. Dois policiais vêm na minha
direção. Eu abro a porta e saio do carro, fico parado na
porta. Alguém grita: — Pare aí mesmo, com as mãos na cabeça.
Ouço armas sendo desengatilhadas e me inclino. Isto não
é um filme, eu sei que elas estão carregadas. Aperto meus olhos
para tentar ver o que está acontecendo, mas todas as luzes
piscando me deixam cego. Antes que eu possa pensar em qualquer
coisa, alguém me aborda por trás. Meu rosto para baixo, mas eu
não sinto nada.
Quem me aborda, me encosta no meu capô, me revistando
e pega minha carteira. Ah, e os quarenta comprimidos de X, é
claro.
É tudo muito confuso a partir desse ponto, mas eu ouvi —
Chance Gartner, você está preso.
Apesar do estado alterado em que estou, estas serão as
últimas palavras coerentes que vou me lembrar por muito tempo.
Depois disso, o tempo passa sem eu perceber. Dias, semanas,
todos eles se misturam. Estou na cadeia, de frente para uma longa
lista de acusações. Mas foi o X que me fodeu. A fiança que
estabeleceram foi alta. Eu ligo para minha mãe, mas tudo o que ela
faz é chorar. Esses soluços altos, horríveis que não fazem nada
além de me dar uma dor de cabeça horrível. Ela continua se
desculpando por não ter o dinheiro e jura que vai me ajudar
quando puder. Eu desligo. Não vou esperar sentado. O passado me
ensinou a não esperar nada das promessas frágeis de
Abby. Miragens no deserto são o que são, se você chegar muito
perto, elas desaparecem.
Minha avó quer hipotecar a casa da fazenda, todos os
bens em torno dela. Estamos falando de uns bons cinquenta e
cinco acres. Seria o suficiente para pagar a fiança, mas eu digo a
ela para não fazer isso de jeito nenhum. Ela já fez o suficiente por
mim, e olha como eu paguei a ela. Eu não mereço seu dinheiro... ou
o seu amor. Então, estou por conta própria. Eu não consigo pensar
claramente. Uma vez que toda a merda ilegal sai do meu sistema,
eu me encontro em um constante estado de agitação. Eu não
consigo dormir, quase não como. Eu suo em bicas, mesmo quando
parece que estou congelando.
Eventualmente, tudo passa, mas então tudo que eu quero
fazer é lutar. Bater em alguém. É pior do que quando eu estava em
Las Vegas. Eu me sinto com muito mais raiva agora. Sento
cerrando os punhos, esperando por uma chance de chutar o
traseiro de alguma pobre alma confiante.
Finalmente, o meu desejo é concedido.
Eles jogam um companheiro de cela comigo e caio sobre
ele como um animal, batendo nele até quase virar uma polpa
sangrenta. Mas, em seguida, dois guardas vêem o que estou
fazendo, me tiram de cima do homem sangrando e quebrado e
devolvem o favor.
Outro borrão de dor.
Com este, porém, me congratulo. A equipe médica me dá
muitas drogas, as legais neste momento. E ainda mais antes que
eu seja colocado diante do juiz. Mesmo no nevoeiro das drogas,
aprendo rapidamente que a lei não é brincadeira... e sobre contas.
MDMA, ecstasy— X, como gosto de chamá-la são narcóticos
poderosos e a penalidade é tão alta quanto a posse de heroína, se
você for pego vendendo, que naturalmente era o meu
caso. Usuários casuais não são pegos com quarenta comprimidos
de Ecstasy, mas os negociantes sim. Eu não digo nada para
delatar ninguém. Eu só fico quieto e aceito meu destino.
Minha aula de matemática continua...
Dez comprimidos são iguais a um grama e eu fui pego com
mais de quarenta. Quarenta pílulas são iguais a quatro gramas, o
que é mais do que suficiente para ser acusado de posse com
intenção de venda. Mas eu já sabia essa parte, certo?
Mas, minha lição não é sobre isso. Está apenas
começando.
Eu aprendi que na Pensilvânia, o estado em que eu fui
preso, quatro gramas podem facilmente dar-lhe uma cela de
prisão. Isto é especialmente verdadeiro quando você não tem
dinheiro suficiente para contratar um bom advogado. Adicione a
isso, o defensor público não está sendo pago o suficiente para
cuidar do seu caso. Não que você esteja fazendo muito para ajudar
o homem, mal pago, a fazer o seu trabalho. E, oh sim, não se
esqueça de que você já tinha antecedentes por lutar no outono
passado. Aquilo não parecia nada no momento, mas com certeza
assombrará sua bunda agora.
Você está acompanhando?
Algumas aulas de matemática a vista...
Quatro gramas dão uma sentença de seis anos em um
instituto correcional do estado, quando você não tem recursos, e
realmente, nenhum coração para combatê-la. Vinte anos de idade
parece noventa, quando sua liberdade é arrancada. É preciso cento
e quarenta e três passos para caminhar até um corredor longo e
barulhento para alcançar bloco de cela setenta e dois.
E quando eles viram a chave, você percebe que a vida que
você conheceu até agora, acabou.
— É tudo sobre os números, homem. Como Tate diria.
Com certeza é, meu amigo. Com certeza é.

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