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Príncipe De Gelo - Short Fic

Autor(es): Agatha

Sinopse
Edward Masen, vinte e sete anos, pentacampeão de Formula 1. Devido a sua
extraordinária beleza, era chamado de Príncipe, principalmente pelas
mulheres. Já sua frieza nas pistas e também fora delas o elevou ao posto de
Príncipe de Gelo. Subindo ao pódio, recebendo prêmios ou comemorando
com amigos e familiares... ele NUNCA sorria. Vivendo recluso em sua
mansão no condomínio Cornwall Terrace, era avesso a badalações. Somente
seu fiel mordomo Jacob sabia o que se passava no coração daquele homem.
Somente ele sabia que Edward amava loucamente a única mulher que jamais
poderia ser sua.

Notas da história
Contém incesto

Índice
(Cap. 1) Prólogo
(Cap. 2) Capítulo 1
(Cap. 3) Capítulo 2
(Cap. 4) Capítulo 3
(Cap. 5) Capítulo 4
(Cap. 6) Capítulo 5
(Cap. 7) Capítulo 6
(Cap. 8) Capítulo 7
(Cap. 9) Capítulo 8
(Cap. 10) Capítulo 9
(Cap. 11) Capítulo 10
(Cap. 12) Capítulo 11
(Cap. 13) Capítulo 12
(Cap. 14) Epílogo

(Cap. 1) Prólogo
O som era ensurdecedor. Foguetes, aplausos, além da torcida cantando
a plenos pulmões o Hino da Inglaterra. No lugar mais alto do pódium, estava
Edward Masen. Seu olhar desprovido de emoção varreu a multidão,
encontrando alguns familiares e amigos. Sua mãe Esme estava com as mãos
na boca, chorando copiosamente. Ao seu lado estava o esposo Carlisle,
abraçando-a carinhosamente como sempre fazia em seus rompantes de
emoção. Edward sabia o quanto aquela mulher o amava e vê-lo mais uma
temporada no lugar mais alto do podium era motivo de felicidade para ela.
Edward sentia-se grato pela família maravilhosa que tinha, embora quase
nunca demonstrasse o quanto os amava. Sabia também da preocupação de sua
mãe com o filho mais velho. Até seus dezenove anos Edward era um rapaz
normal, que saía com os amigos, ía a festas e azarava as garotas. Acabava de
entrar para a Fórmula 1 e sua garra e competividade o elevou rapidamente ao
posto de maior ídolo da atualidade. Mas somente aos vinte e dois anos Edward
conquistou sua primeira pole position, sendo também naquele ano o piloto
mais jovem a conquistar o campeonato. Desde então, conquistou cinco
campeonatos seguidos, enchendo sua família de orgulho. No entanto, desde os
vinte anos ele não sabia o que era sorrir verdadeiramente. Sorrir com alma,
com o coração já não fazia parte de sua vida.

Nem mesmo seus pais sabiam o que o levou a se fechar de tal forma
para a diversão e para o amor. O maior ídolo de todos os tempos vivia quase
como uma sombra em sua casa.

Vivia recluso em sua luxuosa mansão, tendo como companhia seu fiel
mordomo Jacob Black, ou simplesmente Jake, como Edward o chamava. Ao
contrario dos colegas de profissão que adoravam badalação, exposição na
mídia e até mesmo noitadas acompanhadas de belíssimas mulheres, Edward
preferia o abrigo frio de sua casa. Quando suas necessidades tornavam-se
insuportáveis, Edward se valia dos serviços profissionais de Victória, Kate ou
Irina. Não tinha namorada ou sequer um simples “rolo”. Não havia espaço em
sua vida para outra que não fosse ELA. A mulher que lhe roubava os sentidos,
que lhe assaltava a mente sem permissão vinte e quatro horas por dia. A
mulher a quem internamente ele dedicava cada vitória. A mulher que nunca
saberia de seu amor. A mulher que ele nunca seria dele.
Edward recebeu o troféu e o ergueu em direção à família... sem um
único indício de sorriso em seu rosto. Ele era assim... soturno, forte, de gelo...
mas apaixonado.

(Cap. 2) Capítulo 1
O dia frio e chuvoso deixava a pista do circuito de Silverstone ainda
mais escorregadia e perigosa. Debaixo de grandes sombrinhas coloridas, a
torcida vibrava e olhava atentamente as ultimas voltas da corrida. Mais uma
vez não havia para ninguém. Edward Masen teve não so a Pole position como
também liderou a prova inteira, não perdendo a dianteira nem mesmo após a
parada. A imprensa já noticiava que essa seria sua melhor participação nas
competições desde o início de sua carreira. Estava praticamente em casa, já
que estava a pouco mais de uma hora de sua adorada Londres. Duas voltas
apenas para completar a prova, Edward seguia isolado na dianteira.
Literalmente isolado. Dentro de seu cockpit, Edward so visualizava a pista a
sua frente. Não pensava em nada mais nesse momento. O olhar frio, quase
congelante era sua marca registrada. Apesar de seu jeito sisudo a equipe o
adorava e idolatrava. Homem de poucas palavras, mas extremamente educado,
Edward é filho de Esme e Carlisle Masen. Aos vinte e sete anos, era o mais
velho entre os quatro filhos do casal. Sua paixão por carros e pela velocidade
o levou a ingressar no mundo automobilístico aos sete anos de idade. Aos
onze anos, como cadete, foi campeão do Pais Basco e aos quatorze anos foi
Campeão Mundial de Juniores.

Aos dezenove anos teve sua estréia na Fórmula 1 e surpreendentemente


ficou entre os cinco primeiros colocados. Três anos depois, foi o mais jovem
campeão da Temporada, com apenas vinte e dois anos. Até os vinte anos
Edward era o típico jovem idealista, cheio de sonhos e planos. Não dispensava
saídas noturnas com os amigos e farras com as garotas. Deixou muita garota
apaixonada, sonhando com seus incríveis olhos verdes, que mudavam de
tonalidade de acordo com seu humor. Andou por seis meses com a loira Tanya
Denali e após isso nunca mais foi visto com nenhuma mulher. Não se sabe o
que e se houve algum acontecimento que esfriasse o coração daquele homem.
Ele não mais sorria e somente trabalhava. Após três campeonatos ganhos, foi
considerado um dos homens mais ricos da Inglaterra. Comprou uma luxuosa
mansão no condomínio Cornwall Terrace e la praticamente se escondeu do
mundo. Alguns meses após se instalar na mansão, contratou como mordomo
Jacob Black, antigo amigo de infância e que tinha se perdido no mundo das
drogas. Foi preso aos dezoito anos e após ser libertado quatro anos depois, não
conseguia emprego. Edward foi sua salvação e hoje os dois mantinham a
amizade de antes, so que agora ainda mais forte. Somente com ele Edward foi
capaz de se abrir e contar o que o atormentava, o que tirava seu sono. Sendo
tão amigo, Jacob também sofria por vê-lo naquela situação. Infelizmente não
havia nada a ser feito.

Há dois anos Edward abriu uma pequena empresa e patrocinava Karts.


Sentia-se bem fazendo isso, principalmente por saber que havia muito garoto
bom sem qualquer tipo de patrocínio. Felizmente ele nunca precisou passar
por isso, já que vinha de uma família de posses. Agora, estava apenas
retribuindo o que a vida lhe deu.

Os gritos da multidão foram ensurdecedores, mas Edward continuou


firme em direção à bandeira quadriculada. Fim de prova... tudo o que queria
era pegar seu volvo e voltar para Londres. Ao receber a bandeirada, Edward
apenas colocou o braço para fora e acenou para a torcida. Mas sua expressão
era a mesma de quando se posicionou para o começo da prova: gelo.
Nenhuma ruga, nenhum indício de sorriso... nada. Esse era Edward Masen, o
Príncipe de Gelo.

************

Passava das quatro da tarde quando Jacob avistou o volvo do patrão e


amigo entrando nos arredores da mansão. Assistiu a corrida e como sempre
Edward deu um banho nos adversários. Tinha certeza absoluta que o amigo
seria hexacampeão nesse ano. Aliás, ao polir todos os troféus de Edward,
Jacob deixou espaço reservado para o desse ano. Observou o homem alto,
esbelto de revoltos cabelos ruivos descer do carro. Fora do uniforme da
McLaren, podia ser confundido com uma pessoa normal... ou nem tanto, já
que possuía uma beleza extraordinária digna de capa de revista.

–Jake.

–Bela corrida, Edward. Estava acompanhando.

–Obrigado Jake.

–Pretende fazer algo diferente hoje?

Edward sabia muito bem que quando Jake fazia esse tipo de pergunta,
na verdade queria saber se Edward iria contratar o serviço de alguma
profissional. Geralmente quando isso acontecia, o amigo saía de casa, embora
nem fosse preciso. Edward não demorava mais do que o necessário para se
aliviar.

–Não. Estou cansado.


–Melhor tomar um banho então. Vou preparar o jantar.

Desde que veio trabalhar com Edward, Jake foi aprimorando algumas
qualidades. Sempre cozinhou bem, desde os doze anos quando a mãe adoeceu
e precisou aprender. Ele fazia questão de cozinhar e Edward agradecia. Não
queria um monte de gente andando por sua casa. Não queria dizer que fosse
anti-social ou odiasse as pessoas. Ele simplesmente gostava do silencio de seu
isolamento. Mais que três pessoas já era o suficiente para conversas e risos.
Apesar do que, Jake sabia muito bem como era seu estilo e com certeza não
permitiria algazarra ali. Entretanto, duas vezes por semana, uma empresa
especializada era chamada para cuidar da limpeza da casa. Seria injusto deixar
uma mansão como aquela a cargo de apenas uma pessoa.

Edward passou pela ampla sala decorada em tons de preto e branco,


subindo diretamente para o seu quarto. Foi logo tirando a roupa e caminhando
nu até o banheiro. Apesar de todo o cansaço, dispensou a banheira. A ducha
quente e de jato forte seria o bastante para relaxar seus músculos tensos. Hoje,
mais do que o normal, sentia-se melancólico. A causa não poderia ser outra a
não ser ELA. Era isso que geralmente acontecia quando saía vitorioso das
pistas. Como isso era uma constante em sua vida, Edward vivia em eterna
melancolia. Hoje foi ainda pior. O autódromo de Silverstone foi o lugar onde
a viu pela primeira vez. Ela o assistiu correr apenas duas vezes, o que na
verdade era um alivio para Edward. Sua concentração seria zero se soubesse
que ela estaria por perto.

Apoiou a testa na parede fria, com o corpo ainda sob a ducha. De olhos
fechados ele tentava afastar os pensamentos daquela mulher. Estava tão
enterrado em sua tristeza, saudade e amor que parecia bloqueado para tudo.
Era engraçado ver como as pessoas o chamavam de Príncipe de gelo por
nunca sorrir, nunca demonstrar qualquer emoção. Talvez eles nem
imaginassem que ele não conseguia ao menos chorar. Jake sempre disse que
chorar alivia tensões, medo, tristeza e saudade.Mas Edward não conseguia.
Fazer isso era simplesmente admitir que foi derrotado, embora já soubesse
disso. Ele jamais poderia ter o amor dela.

Saiu rapidamente do banho, não querendo permitir que lembranças o


assaltassem mais uma vez, transformando-se em pesadelos durante o sono.
Vestiu apenas o pijama de seda negro, penteou os cabelos com os dedos e saiu
descalço, silencioso feito um fantasma, indo em direção a sala de música.
Antes, passou pelo bar e pegou um cálice com vinho do porto. Adentrou a
sala, diminuindo a intensidade da luz e foi até o enorme piano negro. Passou
os dedos pelas teclas, recordando-se das vezes em que a mãe tocava para eles.
Não exatamente aquele piano, mas o que ficava na casa dos seus pais. Era um
tempo em que ele se deitava no sofá e ficava apenas apreciando a melodia
produzida pelos dedos mágicos da mãe.
Há quanto tempo ele mesmo não tocava? Não fazia idéia.

–Você deveria voltar a tocar.

Edward não se assustou ao ouvir a voz do Jake. Assim como ele, o


amigo era do tipo que flutuava pelos cômodos da casa feito um morcego.

–Acho que nem sei mais tocar.

–Claro que sabe. Isso é igual fazer sexo.

Edward rolou os olhos e Jake riu. Era uma das raras expressões em seu
rosto de pedra. O rolar dos olhos, demonstrando seu deboche. Edward se
sentou, levando o cálice de vinho aos lábios e depois encarou o amigo.

–Está estudando, Jake?

–Sim, claro. Estudar com a Lizzie é... uau.

Sem mover um músculo da face, Edward fixou o olhar em Jake.


Aquele olhar que muitos poderiam temer, mas que o amigo sabia que era
apenas uma forma de demonstrar sua preocupação.

–Nada de ficar de putaria com a professora, Jake. Precisa voltar a


estudar, ter uma profissão.

–Eu já tenho uma profissão.

–E vai querer ser mordomo para o resto da vida?

–Eu gosto disso, Edward. Gosto de estar aqui, gosto de cuidar de você.
Dona Esme pediu que tomasse conta de você.

–Minha mãe é absurda.

–Que seja. Mas eu já considero isso como minha profissão. Além do


mais, caro amigo, depois de ter trabalhado para o Príncipe de Gelo, eu terei
emprego garantido em qualquer lugar do mundo.

Apenas uma sobrancelha erguida... nada mais.

–Bom... vou ver o assado.

–Não.
Edward falou com firmeza e Jake parou numa posição estranha, meio
sentado, meio de pé.

–Fique. É bom ouvir suas asneiras. Pelo menos eu não penso... coisas.

Jake mordeu os lábios. Edward queria ouvir asneiras, embora não


sorrisse nem mesmo com os olhos diante das piadas ridículas do Jake. Mas o
amigo não tinha intenção de contar piada. Ele precisava dizer aquilo.

–Edward... você pelo menos deveria contar a ela o que sente... quando
a gente desabafa pode ser melhor.

–Ficou louco? Eu não posso fazer isso. Ela nunca saberá disso, Jake.
Nem pense em fazer merda.

–Eu jamais trairia sua confiança.

Edward deixou a cabeça pender para trás, fechando os olhos e Jake


soube que a conversa estava encerrada. Edward confiava plenamente nele.
Tinha lá suas idéias estapafúrdias , mas jamais faria algo que contrariasse
Edward.

Dez minutos após sua saída, Jake retornou trazendo o telefone.

–Esme.

Edward pegou o aparelho e tomou o ultime gole do vinho antes de


atender. Jake pegou o cálice vazio e com apenas um olhar soube que deveria
trazê-lo cheio. Ele e Edward eram assim... comunicavam-se apenas com o
olhar. Pareciam irmãos e não apenas amigos que se conheceram na escola.

–Oi mãe.

–Oi meu filho, como você está?

–Bem.

–Estou sentindo sua falta.

Edward apenas balançou a cabeça. Como ela poderia dizer isso se


esteve com ele logo após o término da corrida?

–Prometo passar ai durante a semana.

–Gostei de ouvir isso. Acredita que seus amigos ainda ficaram bebendo
sua vitória? Estão na beira da piscina.
–Bêbados, claro.

–Logicamente. Mas eu gosto quando estão por aqui. São alegres,


divertidos. Você bem que poderia...

Edward já sabia o que ela iria dizer. Deveria voltar a se divertir, sair
mais e coisas do tipo. Achou melhor interrompe-la.

–Mãe! Não, por favor.

–Tudo bem, desculpe. Mas eu quero te dizer uma coisa... semana que
vem é a final e iremos todos vê-lo de perto. Suas irmãs e sua cunhada chegam
aqui amanhã.

Edward sentiu o coração dar um salto dentro do peito. Não... não era
possível. Depois de tanto tempo?

–Todas... todas virão? Tem certeza?

–Sim, querido. Sei que deve estar estranhando o fato de Bella vir
também, mas agora ela está mais tranquila nos estudos e no trabalho.

Edward fechou os olhos, a mandíbula travada, deixando seu rosto ainda


mais austero. Não ouviu mais nada do que a mãe dizia. Nem sabe o que disse
ao se despedirem. Jake voltou alguns minutos depois, trazendo o vinho. Sabia
que o amigo não era de se estender muito ao telefone, então calculou o tempo
para retornar à sala.

So não esperava encontrá-lo tão pálido, sentado na cadeira escura,


realçando ainda mais sua palidez.

–Edward? Aconteceu alguma coisa?

Alguns segundos olhando para o nada e então Edward o encarou.

–Ela está vindo, Jake. Amanhã.

Jake viu o amigo inclinar o corpo para frente e enterrar as mãos nos
cabelos, mas logo em seguida levantou-se e pegou o cálice das mãos do Jake.
Nesse momento Edward era uma incógnita para ele. Mesmo que conseguisse
decifrar algumas emoções do amigo por trás daquele gelo, dessa vez ele se viu
no vácuo. Uma única coisa era certa para ele: por dentro Edward gritava.
Desespero ou felicidade... ou as duas coisas. Jake so não sabia como ele iria
reagir à presença DELA novamente.
(Cap. 3) Capítulo 2
Raios e trovões varriam a noite de Londres, como num prenúncio para
o encontro do dia seguinte. Jake conferiu o relógio, constatando que passavam
das três e quarenta da manhã. Esticou o corpo na poltrona massageadora e
fechou os olhos, tentando cochilar um pouco. Depois de passar algumas horas
entre seu quarto e o quarto do patrão, ele por fim desistiu e resolveu ficar ali
mesmo. Há algum tempo Edward não tinha uma sucessão de pesadelos em
uma só noite como aconteceu dessa vez. Acordava aos gritos, suando e com a
respiração acelerada. Jake sentia-se impotente. Muitas vezes aconselhou
Edward a procurar um profissional e tentar buscar uma solução para o seu
caso. Ele não deu ouvidos. Agora, após a notícia de que ela estaria de volta, o
moreno temia uma piora considerável em Edward.

Jake se remexeu na poltrona quando percebeu um movimento na cama


de Edward. Notou que ele se sentou na beira da cama, olhando para o chão.
Um clarão iluminou o quarto e Jake pode perceber como a pele dele estava
luminosa. Levantou-se e foi até o amigo, colocando a mão em seu ombro.

–Como você está?

–Vá se deitar, Jake. Eu estou bem.

–Sabe tão bem quanto eu que não está. Olhe para você... está suando
como se estivesse febril...

Levou a mão até a testa de Edward e praguejou.

–Inferno... você está febril. Está queimando...

–Eu estou bem. É só... calor. Quando tenho esses pesadelos costumo
ficar assim.

–Edward... posso falar de amigo para amigo?

–Sabe que sim.

–Procure um especialista, Edward. Tudo bem que você está sofrendo


por um amor impossível, mas essas outras coisas que você sente não são
normais. Você não pode ficar nesse estado lastimável simplesmente por saber
que ela estará de volta. E quando ficar frente a frente com ela? Vai fazer o
que? Desmaiar?

–Você não entende... não entende.

–Entendo muito mais do que pensa. Agora levante-se dai e vá tomar


um banho para ver se melhora essa febre. Vou pegar um antitérmico para
você.

Edward não reclamou. Arrastou-se até o banheiro e encheu a banheira.


Estava se sentindo tão cansado, não só física como mentalmente também.
Deslizou seu corpo para dentro da banheira e fechou os olhos. Ela não estava
preparado para vê-la. Talvez não estivesse nunca. Aqueles olhos... ele tinha a
impressão de que se ela o olhasse profundamente, conseguiria enxergar o
amor dele por ela. O que ele faria? Não comparecer estava completamente
fora de questão, uma vez que sua mãe iria ficar magoada. Além disso, se iriam
assistir a ultima corrida do campeonato... ele não conseguiria fugir desse
encontro.

Somente saiu da banheira quando a água começou a ficar fria. Enrolou-


se no roupão e ao chegar ao quarto encontrou Jake com um antitérmico, água
e uma xícara com algo fumegante.

–O que é isso?

–Um chá. É relaxante e vai ajudar você a dormir.

–Obrigado. Não sei o que seria de mim sem você, Jake.

–Eu também não sei.

–Pode voltar para oseu quarto. Eu vou ficar bem, prometo.

–Quer que eu vá com você amanhã? Aposto que Dona Esme irá fazer
um banquete de almoço. Posso ir com a desculpa de ajuda-la. Assim fico de
olho em você, caso precise de um cabide para se apoiar.

–Vou pensar nisso. Eu... ainda não sei se irei.

–Sabe que sua mãe vem até aqui e pega você pela orelha.

Edward suspirou. Jake era como um cão de guarda. Sempre atento a


tudo e sempre disposto a proteger Edward com unhas e dentes. Às vezes ele se
sentia um garoto de cinco anos, que precisava do irmão mais velho para
defendê-lo na escola.
–Vai ficar bem mesmo?

–Sim. Obrigado por tudo.

–Qualquer pesadelo é só gritar... literalmente.

Falou e gargalhou, saindo do quarto de Edward que balançou a cabeça.


Jake era tão palhaço, tão espirituoso... Por que Edward sequer conseguia rir de
duas idiotices? Tomou o remédio e o chá e se enfiou sob o edredom. Mas não
conseguiu dormir de imediato. Passou horas olhando para a parede, que vez
ou outra ela iluminada pelos relâmpagos. Provavelmente dormiu quando o dia
ja amanhecia.

06h45min da manhã - Aeroporto de Heathrow

Vários olhares masculinos e femininos se viraram para apreciar o trio


que caminhavam com elegância pelo desembarque. Uma loira, alta e esbelta
usava um vestido verde esvoaçante e parecia ter saído de uma sessão de fotos.
Outra baixinha e de cabelos escuros e curtos, tão bela quanto a primeira,
parecia uma fada de desenho animado. A outra, de estatura mediana e longos
cabelos castanhos, chamava a atenção não só por sua beleza como por sua
simpatia. O sorriso não abandonava seu rosto, embora os olhos não sorrissem
da mesma forma.

–Ah Londres... como eu amo esse lugar.

–Odeio ficar longe daqui.

–Não há lugar melhor no mundo do que este, com certeza.

–Temos que sair hoje a noite e botar para quebrar.

As três gargalharam e continuaram o caminho até o homem alto e loiro


que aguardava por elas. Carlisle não cabia em si de satisfação por saber que
hoje teria a família toda reunida, sem faltar um único membro.

4 horas depois

Edward abriu os olhos e a primeira coisa que viu foi o armário moreno
ao seu lado.

–Ta louco, Jake? Quer me matar de susto?

–Já estive aqui umas cinco vezes tentando te acordar e nada. Parecia
morto.
–Acho que demorei a pegar no sono... e depois disso seu chá fez efeito.

–Pelo menos conseguiu descansar?

Perguntou já colocando a mão na testa de Edward e constatando que


não havia mais indício de febre.

–Sim, estou bem melhor.

–Bom... sua mãe já ligou umas três vezes, perguntando a que horas
você v ai. Ela estranhou o fato de você estar dormindo ate essa hora. Inventei
que ficamos ate tarde jogando cartas.

–Como se ela fosse acreditar.

–Ah nem vem, ta? Em mim ela confia.

Edward se levantou e se espreguiçou. Por mais doloroso que fosse, por


mais que não quisesse... ele tinha que enfrentar a situação. Mas tentou protelar
de todas as formas, até que finalmente tomou seu banho, vestiu-se e saiu em
direção a casa dos pais. Jake ficou. Não poderia sufoca-lo tanto com seus
problemas.

Novamente procrastinou e deu umas voltas pela cidade. Adiar... mas


até quando? Teria que ser forte, como vinha sendo há quase sete anos. Mas
uma coisa era ser forte longe dela. Outra bem diferente era tentar ser forte cara
a cara com ela. Por que ele não conseguiu seguir em frente como ela fez? Ou
aquilo na lanchonete há sete anos não passou de encantamento da parte dela?
Edward tinha que admitir : Se ele continuava nessa situação, a culpa era
exclusivamente dele. Ele não permitiu que ninguém se aproximasse dele. Não
deu chance para que outra mulher sequer tentasse chegar ao seu coração. O
maior problema disso tudo não era apenas o fato de ele não conseguir seguir
em frente. Ele não queria seguir.

Inspirando e soltando a respiração lentamente e varias vezes, ele por


fim fez a volta e entrou na rua onde moravam seus pais. O dia frio, resultado
da chuva da noite anterior contribuiu para que a casa parecesse vazia.
Provavelmente estavam em volta da lareira ou em uma das salas aquecidas.

Edward estacionou o carro e atravessou o jardim, passando pela


varanda e logo tocando a campainha. Como sempre a porta foi aberta por
Bertha que sorriu largamente ao vê-lo.

–Menino Edward... como está?

–Tudo bem Bertha?


–Está tudo bem, meu filho. Sua mãe está ansiosa pela sua chegada.

–Bom... aqui estou.

Edward seguiu atrás de Bertha. Logo ouviu vozes femininas e risadas.


Suas pernas tremeram e ele começou a suar vergonhosamente.

–Filho! Finalmente.

–Oi mãe... oi loira.

Falou dirigindo-se a loira bonita que estava agarrada ao braço da mãe.


Rose se soltou imediatamente e correu até o irmão, abraçando-o
apertadamente. Edward retribuiu o abraço, talvez a maior manifestação de
carinho que conseguia.

–Senti tanta falta, meu irmão. Como você está?

–Estou bem, Rose. E você também está ótima.

–Nem me venha com galanteios. Sabe que sempre fui linda.

–Absurda.

–Ai... Edward... mais uma vez campeão.

–Ainda não, Rose. Falta uma.

–Sim, mas ninguém te alcança mais. Só se acontecer uma tragédia.

“Tipo... eu morrer ao ver Bella”. Edward pensou consigo mesmo.

–Hum... onde estão...

Esme o interrompeu.

–Alice e Bella estão lá dentro com Carlisle. E o Jas...

Dessa vez foi a voz de anjo que interrompeu Esme, fazendo o coração
de Edward falhar uma batida.

–Eu estou aqui.

Bella foi a primeira a aparecer em seu campo de visão, logo


acompanhada por Alice e Carlisle. Mas Edward já não via nenhum dos outros.
Seus olhos só conseguiam enxergar Bella. Estava mais linda do que nunca,
com seus longos cabelos soltos, descendo em cascatas sedosas pelas suas
costas. Seu sorriso tímido e as bochechas coradas levaram Edward ao
passado... há sete anos.

De repente sentiu uma dor tão forte no peito que lhe causou falta de ar.
Sua cabeça chegou a girar. Seus olhos ardiam, mas ele parecia seco... não
havia lágrima. Quase gritando desesperado para que ela não fizesse isso,
Edward viu Bella se aproximar e no instante seguinte repetir o gesto de Rose.
Jogou-se em seus braços, abraçando-o fortemente.

–Que saudade de você, meu irmão.

Edward a abraçou de volta, inebriado pelo seu cheiro, nocauteado pelo


seu amor por ela. Fechou os olhos com toda força que conseguiu e respondeu
numa voz rouca e sofrida.

–Eu também senti saudades de você, minha irmã.

“Meu amor”... Completou mentalmente.

Notas finais do capítulo


Obrigada a todas que comentaram e favoritaram. Ainda não tive tempo, mas
irei responder aos reviews.

Gente... quem não se sentir a vontade, ou tiver preconceitos ou viver na


hipocrisia fingindo que isso não existe, a hora de parar é essa.
E a única coisa que posso dizer é: sou Beward e não sou a favor dos dois
separados.

(Cap. 4) Capítulo 3
Ninguém jamais saberia o quanto foi difícil para Bella tomar aquela
atitude. Fingir que estava tudo bem e que era mais que normal dar um abraço
daquele no irmão que não via há tanto tempo. Talvez ele percebesse o tremor
em seu corpo, ao estar tão agarrada a ele, mas era discreto demais para fazer
qualquer observação a respeito disso. Ainda o mesmo abraço caloroso, o
mesmo cheiro adorável... apenas o sorriso não existia mais em seu rosto.
Desde que se afastou e foi morar em Milão, Bella não deixou de acompanhar
um so minuto da carreira de Edward. Mas era triste ver que aquele sorriso que
a encantou desapareceu de seu rosto. Nunca conversaram a respeito, mas
Bella veio disposta a mudar isso. Talvez Edward a culpasse de alguma coisa.
E estava na hora de colocarem as cartas na mesa. Ela queria que ele fosse
feliz, que voltasse a sorrir, mesmo que não fosse um sorriso sincero. Afinal,
era isso que ela mesma fazia. Não conseguia sorrir verdadeiramente. Mas
ambos precisavam se soltar daquelas amarras e buscarem a felicidade, ainda
que lhe doesse imaginá-lo feliz com alguma mulher.

Os dois ficaram abraçados, esquecidos da família, que observava a


cena em silêncio. Carlisle não poderia estar mais feliz. Durante muito tempo
pensou que a mudança do filho se devia àquela enxurrada de informações que
Carlisle despejou sobre a família há alguns anos. Logo após isso ele se fechou,
nunca mais sorriu... e Carlisle se culpava até hoje. Mas ao vê-lo abraçado a
Bella, teve a certeza que nunca houve ressentimentos.

Quando eles se separaram, Bella o olhou de cima a baixo e sorriu, mas


a sombra ainda estava em seus olhos, fato que não passou despercebido a
Edward.

–Você está muito bem, campeão.

–Você também... está linda.

Bella mordeu os lábios e corou... exatamente como há sete anos. Isso


fez com que Edward fechasse os olhos rapidamente e inspirasse.

–Hum... estudando muito?

–Finalmente terminei. Nem acredito que estou com meu diploma de


medicina em mãos.

–Fico feliz por você.

–Hei... Edward... não vai cumprimentar sua cunhada?

Esme, sem noção da bolha entre os dois, chamou a atenção de Edward.

–Claro que sim, mãe.

Aproximou-se de Alice e apertaram as mãos. Era mais contido com ela,


afinal Alice sempre foi mais na dela. Conheceu Jasper também há seis anos e
um ano depois se casaram. Viajava muito por ser uma respeitável biomédica e
fazia palestras pelo mundo inteiro. Era quatro anos mais velha que Jasper, o
que talvez tenha contribuído para o amadurecimento dele.

–Como está Alice?


–Muito bem, obrigada. Parabéns pelo campeonato.

–Obrigado.

–Venham... sentem-se. Jasper foi buscar algumas coisas pra mim, mas
já deve estar voltando. Enquanto isso quero ouvir as novidades.

Esme arrastou todos para a sala de estar, onde cada um se acomodou. A


conversa fluía naturalmente e pelo menos nesse momento Edward se sentiu à
vontade. Na verdade, ele estava aflito por saber tudo o que Bella vinha
fazendo. Era um merda de um masoquista, mas o que ele poderia fazer se ela
não saía um so instante de sua mente? Em alguns momentos seus olhares se
cruzavam e ele sentia uma corrente elétrica passar pelo seu corpo. A mesma
corrente vibrava no corpo de Bella e ela começou a ficar nervosa. Pouco
depois Jasper chegou e cumprimentou o irmão com um abraço. Logo se
sentou ao lado da esposa e a beijou, querendo matar a saudade, afinal ficaram
quase quatro meses sem se verem por causa do trabalho dela.

Edward virou o rosto, não querendo presenciar aquele momento.

Foram almoçar as treze horas e logo após eles se dispersaram. Rose e


Alice, cansadas da viajem foram descansar. Jasper acompanhou a esposa.
Esme, Bella e Carlisle permaneceram na sala e Edward foi até a biblioteca. Já
estava mais do que na hora de ir para casa, mas ao mesmo tempo ele queria
ficar. Sentou-se na poltrona, onde desde a infância via seu pai sentado, lendo.
Fechou os olhos e deixou a mente vagar, lembrando-se de certo dia, há sete
anos.

Flashback on

O dia estava claro e agradável em Londres. O autódromo estava cheio


como sempre. Edward sorria das conversas dos funcionários da equipe
enquanto aguardavam o momento para se apresentarem para a corrida. De
onde estava conseguia ver alguns amigos de farra, seus pais e sua “ficante”
Tanya Denali, uma loira linda e sexy que há tempos vinha cercando Edward.
Tinha acabado de completar vinte anos e há um ano estava na Formula 1.
Queria dar tudo de si naquela corrida. Estavam no começo do campeonato e
garantir boas colocações seria fundamental para ele.

Fez uma excelente corrida, embora não tenha conquistado a primeira


posição. Garantindo o terceiro lugar, conseguiu subir ao pódio para
felicidade da família e dos amigos. Estava feliz, sorrindo e vendo o sorriso da
namorada quando algo chamou sua atenção. Parecia que uma força maior
empurrava seu olhar naquela direção. E foi então que ele a viu: pele clara,
cabelos castanhos com alguns reflexos vermelhos. Estava tão próxima que
Edward conseguiu notar seus olhos de um chocolate intenso e quente. Sem
perceber, ele sorriu para ela. A bela moça retribuiu o sorriso timidamente e
suas bochechas ficaram rubras. Edward não conseguiu desgrudar os olhos
dela. Ela, da mesma forma, parecia hipnotizada por ele.

Assim que conseguiu se ver livre da cerimônia de praxe, Edward


caminhou no meio da multidão, procurando pela moça. Nem mesmo se
lembrou de sua atual companheira que ficou estática e chocada quando
Edward passou por ela sem ao menos vê-la. Infelizmente não a encontrou
mais.

Algumas horas mais tarde, ele e os amigos se reuniam numa


lanchonete, ainda comemorando o bom resultado alcançado. Edward ria e
conversava, mas seus pensamentos estavam longe. Ele não conseguia tirar a
imagem daquela moça de sua mente. Seus olhos eram a coisa mais incrível
que ele já tinha visto. A loira pendurada em seu ombro estava furiosa pela
total falta de atenção do namorado. Edward não era tão desligado assim,
principalmente com ela. Porem, uma pessoa entrou na lanchonete e pediu um
cappuccino. Tanya e todos os amigos de Edward perceberam então qual era o
motivo da distração de Edward. Como se estivesse em transe, ele se levantou
sem dizer nada e caminhou até a moça.

–Olá...

–Oi.

Ela respondeu e aos ouvidos de Edward sua voz soou como o doce
cantar dos anjos. Bem próximo a ela, pode sentir seu aroma de morangos e a
principio não soube dizer se era um perfume ou xampu. Ficaram se olhando,
ela mordendo os lábios e ele completamente abobalhado.

–Hum... boa corrida. Parabéns.

–Você gosta?

Seu rosto inteiro ficou vermelho e Edward sorriu, achando aquilo


simplesmente adorável.

–Eu passei a gostar... por sua causa.

–Oh...

Edward não conseguiu dizer mais nada. A garota ali, a sua frente
falando que passou a gostar do esporte por causa dele e o idiota sem reação.
Iria se odiar por muito tempo por causa disso.
–Qual o seu nome?

–Isabella, mas pode me chamar de Bella. O seu eu nem preciso


perguntar.

–É... acho que não. Hum... não quer se sentar com a gente?

Ela mordeu os lábios novamente e Edward sentiu o desejo insuportável


de prová-los.

–Acho melhor não. A sua namorada parece aborrecida. De qualquer


forma... tem alguém me esperando.

–Ah... seu namorado?

Ela riu, balançando a cabeça e fazendo seus cabelos dançarem em


volta do seu rosto.

–Eu não tenho namorado.

–Ah que bom.

–Bom por quê?

Ela perguntou e Edward não soube o que dizer. Diria o que? Que não
queria imaginá-la beijando outro cara?

–Ah nada... falei a toa.

–Bom... eu vou indo. Foi um prazer, Edward.

–Igualmente, Bella.

Ficou parado, observando a saída da garota e também notando os


olhares dos amigos sobre si. Qual era sua chance de reencontrar aquela
garota? Praticamente nula. Ele tinha que fazer algo. De repente a hipótese de
nunca mais ver aqueles olhos, aquelas bochechas rubras e o olhar brilhante
lhe pareceu insuportável. Sem pensar, saiu correndo da lanchonete. Olhou
para os lados e a viu se afastando calmamente, ainda com o copo de
cappuccino. Correu atrás dela, chamando-a.

–Hei... Bella.

Ela reconheceu imediatamente a voz e parou.

–Edward? O que foi?


–Eu... hum... eu queria vê-la de novo.

–Por quê?

–Porque eu gostei de você.

Falou sem pensar, embora não tivesse dito nenhuma mentira.

–Não me leve a mal, mas você tem namorada.

–Nem é tão sério assim. Eu termino com ela para ficar com você.

Os dois se assustaram com aquelas palavras. Bella porque jamais


esperou ouvir isso de alguém tão lindo quanto ele. E Edward porque nunca
foi tão fácil dizer algo tão verdadeiro.

–Venha aqui...

Edward a levou até o banco de uma praça bem em frente a eles e se


sentaram. Ele segurou uma de suas mãos, satisfeito por sentir sua pele macia
e quente. Depois foi subindo seu olhar, parando em seus lábios ate alcançar
os olhos. Bella o examinava em expectativa.

–Eu... eu quero beijar você.

Novamente ela mordeu os lábios, demonstrando sua indecisão. Mas


Edward nunca se sentiu tão balançado por uma garota. E ele precisava sentir
seus lábios nos dela. Aproximou-se um pouco e acariciou a bochecha dela,
ganhando um sorriso.

–Você é linda.

–Não mais que você.

–Eu... posso?

–Pode.

Sempre acariciando o rosto dela e olhando em seus olhos, Edward foi


aproximando os lábios, lentamente até finalmente tocar os dela. Um arrepio
percorreu seu corpo e ele chegou a sorrir, com os lábios nos dela. Eram
doces feito fruta madura, suculentos e macios. Beijou-a suavemente, satisfeito
quando ele timidamente passou a língua pelos lábios dela e Bella entreabriu-
os num aceite mudo. Edward aprofundou o beijo e o copo de cappuccino foi
ao chão quando Bella o soltou para abraçar-se a ele. Suas mãos passearam
pelos cabelos de Edward, fazendo uma carícia gostosa. Foi um beijo
deliciosamente demorado. Quando se separaram, ambos sorriam e
encostaram a testa uma na outra.

–tão bom.

–Sim. Muito. Eu quero te ver de novo, Bella.

–É complicado. Minha mãe está doente e so tem a mim para cuidar


dela. Preciso resolver... um monte de coisa.

–Eu posso te ajudar, se você quiser. Olhe... você tem celular?

–Eu fico com o da minha mãe, mas... quase nunca tenho condições de
ligar.

–Não tem problema. Eu ligo... e se você quiser falar comigo, pode me


ligar a cobrar.

–Eu não farei isso.

–Por favor.

Edward implorou e Bella acabou aceitando. Beijaram-se mais algumas


vezes até que Bella precisou ir. Edward olhou fundo em seus olhos.

–Você será minha namorada.

Pela primeira vez ela deu um sorriso largo, sem timidez.

–Que namorado mais lindo eu terei.

Despediram-se... e depois disso so se encontraram novamente um mês


depois. E da maneira mais trágica possível.

Flashback off

Edward foi tirado de suas lembranças ao ouvir a porta da biblioteca se


fechar. Abriu os olhos e sentiu seu coração disparar ao ver Bella parada a sua
frente.

–Oi.

–Oi.

–Eu... posso ficar aqui?


–Que pergunta... essa casa é sua também.

–Eu perguntei se posso ficar com você. Eu... preciso tanto conversar
com você.

Edward ficou em silêncio, não por querer, mas porque não encontrou
voz para dizer qualquer coisa.

–Você... de alguma forma me culpa? Tipo... você acha que eu já sabia


de tudo e que usei você?

Edward franziu a testa, estranhando aquela pergunta absurda.

–Que idéia idiota é essa? Eu nunca cogitei essa hipótese.

–Jura?

–Claro que não, Bella. Por que pensou isso?

–Por que você mudou logo depois que Carlisle disse que nós éramos
irmãos. Eu não fazia idéia, Edward. Eu nunca soube quem era meu pai. Acho
que minha mãe so me contou porque estava morrendo. Quando ela me disse o
sobrenome Masen imediatamente pensei em você e estava disposta a nunca
procurar meu pai. Sumir da sua vida. Mas de alguma forma ela fez isso e ele
me encontrou. Eu...

–Bella... eu sei disso tudo. Meu pai nos contou, lembra? Eu nunca
pensei que você fosse culpada.

–Mas foi assim que me senti. Você nunca mais sorriu, nunca mais se
divertiu. Afastou-se de todos e...

Edward passou a mão pelos cabelos e fechou os olhos com força. Era
duro se lembrar dessas coisas, era duro sentir a vontade insuportável de puxá-
la para os seus braços e beijá-la.

–Eu fiquei em choque, Bella. Como você acha que me senti ao saber
que eu tinha beijado a minha irmã? Como acha que ficou minha cabeça ao
saber que eu quis namorar a minha irmã?

–Eu...eu sei. Eu entendo. Mas como nós poderíamos imaginar isso? Eu


via minha vida acabando, estava perdendo minha mãe e não tinha mais
ninguém. E depois você me aparece todo lindo... me beija e diz que serei sua
namorada...
Nesse momento Bella começou a chorar e Edward segurou o ímpeto de
abraçá-la. Ele não fazia idéia de que ela também tinha sofrido tanto. Mas
agora ele via esse sofrimento em forma de lágrimas.

– Mas no dia seguinte eu soube que meu pai era Carlisle Masen. Eu
quis morrer por saber que tinha me apaixonado de forma tão rápida e
assustadora pelo meu próprio irmão.

Edward sentiu o choque percorrer todas as suas células. Tudo bem...


eles se beijaram há sete anos. Ele quis namorá-la há sete anos. Mas nunca
imaginou que assim como ele, Bella tinha se apaixonado a primeira vista. Ela
estava sofrendo... e sofreria muito mais se soubesse que toda aquela frieza de
Edward era simplesmente por não querer mais ninguém em seu coração. Ele
estava fechado e la dentro so havia Bella. Não havia espaço. Ele respirava por
Bella. Ele vivia por Bella... mesmo sem chance alguma de tê-la.

–Bella... eu...

Edward não sabia o que dizer. E não pode tentar falar nada, pois foram
interrompidos por Esme.

–Oi Filho...pensei que... BELLA? Por que está chorando?

Bella ainda olhava para Edward por trás da cascata de lágrimas. Por
que ela continuava amando aquele homem se os sentimentos dele não
existiam mais? A sua expressão era tão fria que Bella não conseguia imaginar
o que se passava na cabeça dele. Muito menos no coração.

Notas finais do capítulo


Próximo capítulo: uma conversa franca entre os dois, a sós, sem nenhuma
Esme par interromper.

(Cap. 5) Capítulo 4
Notas do capítulo
Dedicado a Marta13 que fez a primeira recomendação, mesmo não sendo
adepta de recomendar uma fic com tão poucos capítulos.

Jacob estava na varanda, observando o senhor que cuidava do jardim


da mansão quando viu o volvo do patrão passar pelo longo caminho de pedras
indo até a entrada da casa. Deu a volta e foi encontrá-lo, pois Esme acabara de
ligar e estava um tanto preocupada com ele. Não deu detalhes, mas ao olhar
para Edward, Jacob logo soube que havia algo estranho acontecendo. Algo de
errado aconteceu nesse almoço e ele nem se sentia a vontade para perguntar,
devido ao estado em que Edward se encontrava. Se fosse outra pessoa
qualquer, provavelmente estaria chorando, gritando ou quebrando alguma
coisa. Mas Edward era diferente. A expressão em seu rosto era terrível,
contraída numa careta de dor, desespero, tristeza... tudo junto. Passou direto
por Jacob, como se não o visse, indo direto para a sala de música. Jacob
esperou um tempo, pela primeira vez sem saber como agir com o amigo. Seria
tão mais fácil de ele extravasasse, se explodisse, se chorasse. Mas não. Ele se
fechava cada vez mais, guardava tudo para ele. Foi até a sala e aguardou um
pouco, tentando ouvir algo vindo la de dentro, mas havia apenas o silêncio.
Discretamente, ele entrou na sala e parou ao lado do sofá, que mais parecia
um divã e observou Edward. Estava deitado, com um dos braços sobre os
olhos.

–Quer conversar?

–Não.

–Tudo bem. Vou verificar a cozinha. Qualquer coisa pode me chamar,


sabe disso.

Jacob mal deu dois passos e a voz rouca do amigo o paralisou.

–Fique.

Jacob voltou, arrastou uma poltrona e se sentou em frente a ele.

–Eu já disse várias vezes, Edward. Às vezes precisamos extravasar,


chorar, gritar... ou simplesmente falar. Guardar isso pra si pode desenvolver
várias doenças, sabia disso?

Mais alguns minutos em silêncio até Edward voltar a falar. A voz


parecia cansada e triste.

–Ela está linda, Jake. Ainda mais linda do que me lembrava.

–E como você se sentiu?

–Confuso. Ao mesmo tempo em que queria abraçá-la e beijá-la, eu


queria fugir dali.

–Ou seja, fugir dos seus sentimentos.


Edward tirou o braço do rosto e encarou Jacob. A cena chegava a ser
hilária. Parecia que Edward estava num consultório de Psicologia e Jake era
seu psicólogo.

–Nunca pensou em cursar psicologia?

–Não estou notando sarcasmo ai... ou está se aperfeiçoando?

–Estou falando sério.

–Nunca pensei nisso, sabe disso.

–Pois deveria. Mas... eu acho que estava mesmo fugindo dos meus
sentimentos.

–Como sempre.

–Como sempre. Mas antes era mais fácil. Da pra você visualizar isso?
Eu posso morrer de amor por ela, morrer de vontade de tê-la em meus braços,
beijá-la e torná-la minha. Mas isso tudo com ela longe daqui. Mas sentir tudo
isso cara a cara com ela... é loucura. Imagine o que senti quando ela disse que
se apaixonou por mim há sete anos... assim como eu me apaixonei?

–Ela disse isso?

–Sim.

Jacob não sabia o que dizer agora. A sua vontade, na verdade, era de
dizer: jogo tudo para o alto e embarque nesse amor. Mas logicamente Edward
o olharia como se estivesse vendo um louco. Mas Jacob tinha uma visão um
pouco diferente das coisas. Eles eram apenas meio irmãos... seria apenas meio
pecado, não é?

–Mas... ela disse que se apaixonou. Ela ainda está apaixonada? Ama
você?

–Eu não sei Jake. Ela não disse e eu... ultimamente não posso acreditar
em minhas suposições. Quer dizer... eu posso achar que vi amor em seus
olhos. Mas pode ser apenas meu desejo desesperado de que seja recíproco,
não é?

–Pode ser. Por que não experimenta perguntar?

–Está louco? Nós nem podemos viver isso, Jake. Para que saber de algo
que não poderemos desfrutar?
–Olha... eu não vou dizer o que estou pensando. Sério... você não vai
gostar de ouvir.

–Então não diga. Pegue uma bebida pra mim, por favor.

–Mais forte?

–Sim.

Jacob fez o que Edward pediu e assim que lhe entregou a bebida, saiu
da sala, deixando-o perdido em seus pensamentos. Pela conversa com a
família, soube que Bella veio para ficar. As coisas ficariam estranhas. Mais
estranho ainda era o pensamento de Edward. Ele sabia que não conseguiria
viver em um mundo onde Bella não existisse. Seria fatal para ele. Mas sabia
que também não conseguiria ficar na mesma cidade que ela, sabendo que ela
estava tão perto e ele nada podia fazer.

Passou horas trancado naquela sala, bebendo até um pouco mais do que
estava acostumado, o que lhe causou uma bela ressaca na manhã seguinte.
Acordou com o sol invadindo a janela entreaberta do seu quarto e gemeu ao
sentir a forte pontada em sua cabeça. Girou o corpo, ficando de costas para a
claridade e so então tentou abrir novamente os olhos. Não sabia por que as
pessoas bebiam para espantar as mágoas, tristezas e problemas. No dia
seguinte eles continuavam la, a espera para serem resolvidos.

Duas batidas na porta e Jake entrou, trazendo uma xícara com algo
fumegante, que pelo cheiro Edward logo descobriu tratar-se de café,
provavelmente forte e amargo.

–Eu espero que seja um bom dia para você.

–Para você também, Jake.

–Conseguiu dormir? Ou pelo menos descansar um pouco?

–Dormi mal... nem sei a que horas cai no sono.

–Estou percebendo por essas olheiras. Por que não tenta dormir mais
um pouco? Não são nem nove horas ainda.

–Não. Tenho muita coisa a fazer. Vou tomar isso e depois um banho
para completar.

–Eu vou voltar para meus afazeres.

–Obrigado pelo café.


–Disponha.

Edward tomou o café e se levantou, praticamente arrastando-se até o


banheiro. Entrou sob a ducha morna, alternando entre a fria, para “acordar” o
corpo. Talvez estivesse mesmo precisando extravasar um pouco. Na noite
anterior, já um pouco embriagado chegou a cogitar a hipótese de ligar para
Victoria e solicitar seus serviços ou das outras meninas. Mas logo a imagem
de Bella lhe veio à mente. Seria impossível se servir do corpo de outra mulher
com ela por perto. Edward sentia como se estivesse traindo-a, traindo seu
amor por ela.

Longos minutos sob a ducha e Edward se sentiu um pouco revigorado,


pelo menos fisicamente. Vestiu uma calça jeans e camisa pólo preta e saiu,
caminhando um pouco pelo jardim. Quase nunca andava por ali, apenas
apreciando de longe o belo trabalho do jardineiro Jeffrey. Sua mãe adorava
aquele lugar e nas raras vezes em que vinham visitá-lo, Esme passava horas
apreciando as flores, assim como a grama bem cuidada. Às vezes Edward
pensava em como seria daqui a alguns anos quando ele se aposentasse. Ou
quando envelhecesse mesmo. Jacob, claro, estaria casado e muito
possivelmente não estaria mais aqui com ele. Viveria feito um fantasma
naquela mansão quase sombria, sem a mulher que ama, sem filhos e netos.
Sozinho. Uma angustia maior do que normalmente sentia o dominou. Seria
bom ter um filho, mesmo que fosse adotado. De repente a hipótese de morrer
sozinho o deixou em pânico. Casar-se estava fora de questão. Não colocaria
outra mulher no lugar de Bella jamais.

Voltou para dentro de casa e foi diretamente para o escritório.


Precisava ler alguns emails, principalmente relacionados aos dois garotos que
patrocinava no Kart e também do seu assessor Jared. Era ele quem cuidava de
tudo para Edward, pelo menos no aspecto profissional.

Abriu o notebook e verificou seus emails, respondendo aos mais


importantes. Após isso, verificou sua conta bancária, agendando as
transferências necessárias. Acabou por se lembrar que ficou de ajudar uma
instituição que prestava assistência a crianças com câncer. Procurou o telefone
da instituição e entrou em contanto, agendando um horário para que fosse
conhecer as instalações. Obviamente gostaria de conhecer o lugar onde iria
investir seu dinheiro. Não que estivesse esperando qualquer tipo de retorno,
mas não poderia se arriscar a ajudar alguma entidade “falsa” ao passo que
existiam milhares de instituições idôneas necessitando de ajuda. Assim passou
o resto da manhã, felizmente se esquecendo por algumas horas daquela que
lhe tirava o sono.

****
Jacob acabava de acertar o pagamento com Jeffrey quando viu um mini
Cooper adentrando a propriedade. Sabia que aquele carro pertencia à família
de Edward, mas não fazia idéia de quem o dirigia. Despediu-se de Jeffrey e
caminhou em direção ao veículo, chegando la a tempo de ver a bela morena
descer do carro. Usava uma calça jeans justa e uma camiseta azul sob o casaco
escuro. Ela sorriu timidamente ao ver Jacob e ele não teve dúvida alguma de
quem era ela.

–Olá. Boa tarde.

–Boa tarde. Como vai?

–Vou bem, obrigada. Hum... acho que você deve ser o Jacob?

–Sim. Mordomo e amigo de Edward. E você, pelas caracterisitacas so


pode ser Isabella.

–Sim. Apenas, Bella, por favor.

–Ok. Bella... seja bem vinda.

–Ah...hum... desculpe vir sem avisar, mas eu precisava muito falar com
o Edward. Ele está?

–Esta sim. Está no escritório resolvendo questões cotidianas, mas eu


iria chamá-lo em breve para o almoço. Venha... levo você até la.

–Será que ele não ficará chateado por eu aparecer sem avisá-lo?

–Irá apreciar a visita, tenho certeza.

Mas Jacob parou antes de chegar ao escritório e encarou Bella.


Realmente era ela lindíssima. E parecia tão triste quanto o amigo. Os dois
precisavam se resolver, era tudo o que Jacob pensou. Estavam infelizes e isso
era nítido.

–Não me leve a mal. Eu e Edward somos amigos, de verdade. Seja la o


que for que tenha vindo dizer a ele, seja o mais...carinhosa possível. Ele está
muito frágil.

–Fique sossegado. Eu jamais faria nada para magoá-lo.

Jacob assentiu e Bella o seguiu. Estava nervosa e ficou ainda mais ao


saber que Edward estava frágil. Era óbvio que isso se devia ao encontro entre
os dois. Por isso mesmo resolveu vir sem avisar. Ela não queria que ele
fugisse de uma conversa. Bella não conseguiu dormir a noite. Somente chorou
toda sua tristeza. Mas acordou resolvida. Ela precisava dizer a Edward tudo o
que pensava e sentia. Já não suportava mais sufocar esse amor.

–Edward?

–Sim Jake?

Bella estremeceu ao ouvir a voz dele.

–Tem alguém querendo falar com você.

–Quem...

Jacob abriu espaço e permitiu que Bella entrasse. Edward sentiu todo o
ar lhe faltar ao ver Bella ali, em sua casa... em seu escritório. Discretamente
Jake fechou a porta e se retirou, deixando os dois a sós. Bella permaneceu de
pé, mordendo os lábios e apertando as mãos.

–Oi.

Falou timidamente e so então Edward se lembrou de sua boa educação.


Levantou-se rapidamente e aproximou alguns passos, mas parou a uma boa
distancia dela. Colocou uma das mãos no bolso e a outra despenteou o cabelo,
gesto que pareceu adorável aos olhos de Bella.

–Algum problema? É... uma surpresa vê-la aqui.

–Espero não estar atrapalhando você.

–claro que não. Já terminei o que tinha para fazer. Sente-se.

Bella se sentou e Edward se sentou na poltrona em frente a ela. Ambos


se encararam, incapazes de dizer qualquer coisa. A emoção tomava conta dos
dois. Lutavam contra o desejo de se jogarem um nos braços do outro e se
entregarem ao beijo que ambos sonhavam. Edward foi o primeiro a quebrar o
silêncio. E so fez isso porque seu cérebro mandava mensagens ao seu corpo a
cada segundo, instigando-o a se aproximar dela e tomá-la nos braços.

–Queria falar comigo? Aconteceu alguma coisa?

–Nós precisamos conversar, Edward. Precisamos... resolver tudo.

–Bella...acho melhor não...

Mas Bella o interrompeu. Chegou ali disposta a tudo, e mesmo se


sentindo acuada diante da presença magnífica dele, ela não iria desistir.
–Tudo bem se não quiser falar nada, mas pelo menos me ouça, por
favor.

–Tudo bem. Pode falar.

Bella inspirou profundamente antes de baixar os olhos para as próprias


mãos.

–Não sabe como tem sido pra mim... conviver com isso na cabeça.
Com o fato de ter me apaixonado por meu irmão. Eu sonho com seus beijos,
Edward. Sonho com o que foi e com o que poderia ter sido. Olha... eu fui
embora porque não iria suportar ficar aqui sem desejar você.

Edward arfou e seu coração pulou freneticamente. Não esperava que


ela fosse tão direta assim.

–Lógico que eu precisava estudar, recuperar os anos de escola que


perdi. Mas eu poderia ter feito isso aqui, perto da minha nova família, se não
sentisse o que sinto por você. Eu queria ouvir novamente sua voz dizendo que
eu seria sua namorada. Queria sentir seu beijo, seus braços em volta de mim...

Edward fechou os olhos com força e Bella pode ver toda sua angústia.
Ele se colocou de pé e ficou de costas pra ela. Sua respiração estava tão
ofegante que Bella conseguia ver os músculos de sua costas se mexendo.
Bella estava narrando exatamente o que Edward sentiu durante todo esse
tempo. Todos os sonhos, todos os desejos dela, na verdade... eram os mesmos
dele. Os dois estavam sintonizados. Mesmos pensamentos, mesmos
devaneios, mesmas vontades.

–Eu não queria causar mal estar na família. Esme me acolheu de braços
abertos, o que foi uma surpresa, dada a circunstância. Eu não poderia...
decepcionar ninguém. Por isso eu praticamente fugi. Fugi todos esses anos.
Tentei te esquecer, mas quanto mais eu tentava...mais você se entranhava
dentro de mim. Eu pensei que sendo paixão... iria passar com o tempo. Mas
mesmo distante eu acompanhava você... e a paixão se transformou em amor.

Edward sentiu uma pontada forte no peito e se apoiou na mesa. Ela


falou em amor... amor por ele. Ele percebeu o tremor em sua voz, mas foi
covarde para não se virar e vê-la chorando. Bella passou a mão no rosto,
limpando suas lágrimas.

–Eu tentei te esquecer, tentei tirar você de mim... eu juro. Mas eu


fracassei, Edward. Eu simplesmente não consigo deixar de amar você.

Edward permaneceu de costas, a mandíbula tão tensa e travada que


parecia querer quebrar os próprios dentes. Como ela podia dizer isso a ele?
Será que ela não percebia que ele estava morrendo de amor por ela? E o pior...
será que ela não entendia que esse amor era completamente proibido?

Ele se assustou quando sentiu um toque suave em suas costas. Nem


tinha percebido sua aproximação.

–Edward... olhe pra mim.

Bella se assustou ao ver os olhos vermelhos de Edward. Não havia


lágrimas, so uma expressão torturada e o carmim em seus olhos.

–Você... é católico? Você tem religião? Qualquer uma?

–Por que... está perguntando isso?

–Porque...porque eu acho que essa é uma questão religiosa.


Sinceramente eu não sei se Deus iria nos culpar por nos amarmos.

–O que quer dizer com isso, Bella?

–Eu quero dizer que se sente algo por mim... vamos viver isso, Edward.
São apenas... convenções da sociedade. Meu amor por você não pode ser
pecado, uma vez que eu nem sabia que somos meio irmãos.

Edward arregalou os olhos. Seu coração queria saltar do peito e a


confusão em sua mente o deixava tonto. Bella não estava se importando com o
fato de serem irmãos. E ele? Será que realmente pensava que isso era pecado?
Mas... e sua família? Sua mãe era católica fervorosa e talvez até odiasse Bella
por isso. Ele não poderia... não poderia.

–Bella... eu...

Atordoada pela beleza dele, pelo seu cheiro marcante e por sua paixão
por ele, Bella não esperou mais nada. Colocou-se na ponta dos pés, jogou seus
braços em volta do seu pescoço e o beijou. Colou seus lábios nos dele,
chorando ao sentir sua maciez novamente em contato com sua boca. Apertou
os cabelos da nuca dele e passou a língua em seus lábios. Voltou a escovar
seus lábios nos dele, ansiando para sentir seus braços fortes em volta do seu
corpo. Mas então sua mente gritou: ELE NÃO CORRESPONDE!

Era verdade. Edward estava estático. Não conseguiu mover um único


músculo, muito menos corresponder ao beijo. Bella se afastou, mais lágrimas
descendo pelo seu rosto

– Meu Deus... oh Deus... desculpe por isso, Edward. Eu...


Virando-se, Bella caminhou em direção a porta. Num efeito retardado,
o calor do beijo de Bella espalhou-se pelo corpo de Edward, aquecendo-o
completamente e tirando-o do transe. Bella o beijou... com paixão... com
amor. Num átimo, Edward se precipitou até a porta e colocou a mão sobre ela,
fechando-a novamente.

–Deixe-me ir... por favor.

–Não.

Edward segurou gentilmente em seus braços e a fez se virar. Ainda


segurando-a pelos braços, prensou-a entre a parede e seu corpo. Seus olhares
apaixonados se encontraram e sem perceberem suas cabeças se aproximaram.
Ambos fecharam os olhos e soltaram um suspiro de alívio, um grunhido
desesperado quando seus lábios finalmente se encontraram novamente.

Notas finais do capítulo


Muito obrigada Marta13 e Emily Rose por terem recomendado a fic. Fiquei
muito feliz com as palavras de vocês. E obrigada a todas que comentam
sempre, seja aqui ou nas outras fics.

(Cap. 6) Capítulo 5
Não havia necessidade de respirar. Não precisavam de oxigênio. Eles
nem mesmo se sentiam presos à Terra. Ambos pareciam estar em outra
dimensão, onde só existiam os dois e a vontade cada vez mais crescente de
continuarem abraçados, se beijando. Edward lutava entre a razão e a emoção.
Ele queria se afastar... ou melhor, ele precisava se afastar. Estava errado!
Estava beijando apaixonadamente a própria irmã. Apaixonadamente... isso
parecia certo! Ele a amava com loucura, esperou por isso durante anos. Certo
ou errado. O que prevaleceria? Talvez não houvesse certou ou errado. Talvez
existisse apenas o amor e nada mais.

Afastando-se, mas ainda segurando o rosto de Bella entre suas mãos,


Edward observou seu rosto. Os olhos ainda estavam cerrados, as bochechas
coradas e os lábios levemente inchados e úmidos. Era a visão mais
tentadoramente linda que já tinha tido.

_ Bella...
Não passou de um sussurro, mas ela abriu os olhos, encarando os dele.
Ao olhar dentro dos olhos dela, Edward não pode deixar de se lembrar das
palavras ditas há pouco:

“Eu tentei te esquecer, tentei tirar você de mim... eu juro. Mas eu


fracassei, Edward. Eu simplesmente não consigo deixar de amar você.”

Ela se declarou para ele. Disse tudo o que ele sempre sonhou em ouvir.
Além disso, era exatamente o que ele sentia. Ainda que pensasse que aquilo
tudo era errado... ele não poderia ocultar isso. Não mais.

_ Eu também amo você, Bella. E assim como você, eu não sei mais o
que fazer para tirar esse amor de dentro de mim. Aliás... eu não quero isso.
Mesmo sabendo que isso é errado, eu não quero deixar de te amar.

Os lábios de Bella tremiam e mais uma vez foi impossível segurar seu
choro. Nem em seus sonhos mais loucos chegou a imaginar Edward dizendo
aquelas palavras. No máximo se permitiu acreditar que ele gostava um pouco
dela, mas nunca um amor como o que via em seus olhos.

O que ela poderia dizer? Nada. Não tinha palavras. Por isso agiu
novamente e voltou a beija-lo. Dessa vez ele correspondeu rápido, apertando-a
em seu braços e erguendo-a do chão. Bella apenas percebia que ele
caminhava, carregando-a, mas não ousava abrir os olhos. Mas percebeu
quando ele se sentou e colocou-a em seu colo. Não desgrudou os lábios dos
dela nem por um segundo. Puxou Bella de encontro ao seu peito, acariciando
suas costas. Bella enfiou os dedos nos cabelos macios e cheirosos dele,
deliciando-se com a textura deles.

Edward abandonou os lábios de Bella, mas não se desgrudou dela.


Desceu a boca pelo pescoço delicado, dando beijos leves e mordidas, fazendo
o corpo de ambos se arrepiar. Bella imitou o gesto dele, passando a boca pelo
pescoço másculo e cheiroso. Seu corpo inteiro estava sensível ao toque dele,
ao poder de suas mãos. E percebeu que Edward estava igualmente sensível a
ela.

Quando arriscaram uma separação, ambos arfavam. O brilho de seus


olhos eram intensos e ainda mais apaixonados.

_ Eu não sei como agir daqui pra frente. Não sei o que dizer.

_ Eu quero você, Edward. É só nisso que penso. Eu vim disposta a


tudo. Se você me quiser... eu irei lutar por nosso amor.

_ Você é tudo o que mais quero nesse mundo. Mas entende que não é
tão simples assim?
_ Eu não me importo com a opinião de outras pessoas.

_ Não são meras “outras pessoas”. É nossa família, Bella.

Ela se calou. Seu medo maior sempre foi Esme. Não que alguma vez a
tenha destratado ou dado algum motivo para teme-la. Mas Esme a aceitou
como se fosse sua própria filha. Acolheu Bella de braços abertos, sem jamais
discrimina-la. E era tão apegada a certas crenças religiosas que ela temia sua
reação. Não queria de forma alguma provocar discórdia entre eles. E pelo jeito
Edward pensava da mesma forma que ela.

_ Eu devo pensar que você não irá nem ao menos tentar?

Edward a olhou durante tanto tempo em silêncio que Bella começou a


temer o pior. Depois de dizer que a amava, ele seria capaz de fazer seu mundo
desabar?

_ Eu não disse isso. Eu só... não sei por onde começar.

_ Por que não começa me dizendo se quer se aventurar nesse amor


comigo? Vamos viver isso, Edward. O único empecilho é nossa família?

_ No fundo eu acho que sim. A princípio eu fiquei horrorizado por


amar minha irmã. Mas você está certa... somos meio irmãos. Será tão grave
assim?

Bella segurou em seu rosto. Primeiro beijou a ponta do seu nariz e em


seguida, pressionou levemente seus lábios nos dele.

_ Grave é a falta do amor. Nós nos amamos...isso deveria bastar.

_ Sim, deveria.

Edward ficou calado, pensativo. Bella observava atentamente sua


expressão, mas ele não movia um músculo sequer. Não era possível alguém
ficar dessa forma, tão pétreo. Nem mesmo uma ruga se formava em sua testa,
demonstrando qualquer confusão ou preocupação. O jeito seria arriscar.

_ Edward... eu irei atrapalhar você se dormir aqui hoje?

Ele arregalou os olhos. Com certeza jamais pensaria que ela faria esse
tipo de pergunta.

_ Aqui? Mas... por que?


_ Primeiro porque não consigo mais ficar sem você. E também porque
quero conversar mais. As únicas coisas que sei sobre você resumem-se ao
esporte e a pouquíssimas coisas que nossos pais me contaram.

_ Eu irei saber sobre você também?

_ Tudo o que você quiser.

Bella respondeu, já se animando com a possibilidade de uma resposta


positiva.

_ Será estranho...

_ Estranho por que? Somos irmãos que não se veem há tempos. Que
mal há nisso?

_ Não há nada demais, por enquanto. Mas e quando souberem o que


somos?

Bella mordeu os lábios, tentando segurar um sorriso matreiro.


Levantou-se um pouco e voltou a se sentar no colo dele, mas dessa vez de
frente para Edward. Levou as mãos à sua nuca fazendo uma carícia suave.

_ E o que nós somos, Edward?

A princípio ele não respondeu, assustado com o rumo da conversa. Mas


Bella parecia disposta a não deixa-lo escapar de forma alguma.

_ Será que algum dia eu ainda serei sua namorada?

A resposta veio rápida, surpreendendo a ambos. A verdade é que Bella


o estava enlouquecendo.

_ Você quer ser minha namorada?

_ É uma pergunta respondendo a minha pergunta ou é um pedido?

Edward deixou sua cabeça pender para frente, repousando-a entre os


seios de Bella.

_ Eu acho... que é um pedido.

Antes mesmo que concluísse a frase, as lágrimas já desciam


abundantes pelo rosto de Bella. Bem no fundo, ela não esperava que Edward
se rendesse tão rápido.
_ Pedido aceito, meu amor.

Bella puxou levemente os cabelos dele, apenas o suficiente para que


levantasse a cabeça e seus lábios se encontrassem. Ainda não tinha descoberto
nada melhor que beijar Edward. E também não estava completamente
satisfeita. Se dependesse dela, passaria horas apenas beijando seus lábios. Eles
se abraçaram com força e ambos perceberam as batidas fortes dos seus
corações.

_ Sabe que não será fácil, não é?

_ Sei. Mas eu quero tudo com você, Edward. Estou disposta a enfrentar
o mundo, se preciso.

Uma discreta batida na porta os interrompeu. Edward já sabia se tratar


do Jake anunciando o almoço.

_ Almoça comigo?

_ Claro. Não posso perder a menor chance de estar com você.

Beijaram-se novamente antes de Edward segurar Bella pela cintura e se


levantar do sofá, com ela em seu colo. Colocou-a de pé e passou as mãos
pelos cabelos.

_ Então vamos?

_ Preciso me comportar como sua irmã?

_ Jake me conhece como a palma da mão. Ele irá perceber de qualquer


forma.

Mas Bella preferiu se conter. Edward não estava completamente à


vontade com a situação.

Ao chegarem a sala de jantar, notaram a mesa posta para dois. Jake


ainda estava lá e logo percebeu a aura de felicidade que envolvia os dois.
Apesar da mesma expressão austera e fria, Jake conseguiu enxergar o brilho
nos olhos do amigo. Somente quem convivia e o conhecia a fundo seria capaz
de perceber essa sutileza.

_ Espero que esteja do seu agrado, Bella.

_ O cheiro está maravilhoso, Jacob.


Ele apenas assentiu e saiu, pedindo licença. Assim que ficaram a sós,
Edward colocou a mão sobre a de Bella. Apesar de tudo, ele ainda estava
atordoado com os acontecimentos. Novamente o certo e o errado teimavam
em brigar dentro de sua mente.

********

Edward andava de um lado a outro. Estava descalço e usava uma calça


de moletom e camisa de malha. Desde que Bella saiu de sua casa, não parou
de pensar no que tinha acabado de fazer. Obviamente contou com o apoio e as
palavras do Jake. Isso realmente acalentou um pouco seu coração. Jake tinha o
mesmo pensamento que Bella. Essa era mais uma questão religiosa. E Edward
realmente nunca foi o que se pode chamar de religioso, seguidor da Bíblia.

Bella se foi às quatro da tarde, e agora às oito ainda não tinha


retornado. Edward dispensou o amigo. Não que pretendesse fazer coisas
escusas, mas queria apenas ter aquele momento a sós com Bella e com certeza
ela ficaria mais confortável se ele não estivesse lá.

Edward balançou a cabeça. A quem ele queria enganar? Queria sim


estar a sós com Bella. Há anos ansiava por isso.

Tanto que ao ouvir o motor do carro que ele muito bem conhecia,
Edward sentiu seu corpo inteiro tremer e a respiração sair com mais
dificuldade. Inspirou lentamente enquanto caminhava até a porta de entrada.
Seu coração batia num ritmo louco. Ficou observando enquanto ela travava o
alarme e se aproximava, uma bolsa grande pendurada em seu ombro. Usava
uma calça colada ao corpo e um grosso casaco.

_ Oi... voltei.

Falou ao parar em frente a Edward.

_ Por um momento pensei que não voltaria.

_ Medo ou desejo que isso acontecesse?

_ Medo.

Bella abriu um sorriso largo e se jogou nos braços dele. Edward a


abraçou e deu dois passos para trás, empurrando a porta com o pé.

_ Nossos pais mandaram um abraço.

_ Obrigado. Não acharam... estranho?


_ Absolutamente. Até apoiaram.

_ Por enquanto.

Ele disse baixo e Bella fingiu não ouvir.

_ Jake avisou que jantei lá? Eles não abriram mão disso.

_ Sim, avisou. Venha... vamos colocar essa bolsa no quarto.

Subiram de mãos dadas. A cabeça de Bella fervilhava. Obviamente, se


ele a colocasse em um quarto de hóspedes, não iria reclamar. O que ele
pensaria a respeito dela se exigisse ficar no quarto dele?

Mas assim que ele abriu a porta do quarto, Bella não teve dúvida:
estava no quarto dele. O ambiente era todo Edward. Tinha a classe, beleza e
elegância natas dele. Sem falar no cheiro impregnado ali. Seu olhar recaiu
sobre a cama e ela não pode deixar de pensar em quantas mulheres se
deitaram ali. Não poderia sentir ciúme. Ele era homem... másculo e viril. Mas
ainda assim a ideia lhe embrulhava o estômago.

Distraiu-se com os pensamentos enciumados e não percebeu sua


aproximação. Edward tocou-lhe o rosto gentilmente.

_ Nenhuma.

_ O que?

_ Sei que é isso que está pensando. Mulher alguma se deitou aqui.

_ E você... hum... fica na casa delas então?

_ Não tenho caso com ninguém, Bella. Quando eu queria... sexo,


chamava garotas de programa. Sexo e só. Nunca nesse quarto.

_Ah...

_ E você?

_ O que tem eu?

Edward tinha certeza que não queria ouvir a resposta, mas seu ciúme o
obrigava a perguntar.

_ Tinha alguém antes de vir para cá?


_ Não. Há muito tempo não tenho ninguém. Na verdade eu só tive um.
Pensei que ele me faria esquecer, mas... foi um erro. Somente sexo não é
capaz de fazer esquecer um amor como o que eu sinto por você.

Edward a abraçou, colocando o queixo em sua cabeça e fechando os


olhos.

_ Eu sei disso. No meu caso nem era uma tentativa de esquecer você.
Era apenas para satisfazer uma necessidade, nada mais.

_ Bom... vamos falar de coisas alegres? Hum... eu dormirei aqui?

_ Alguma coisa contra? Acho que passaremos a noite acordados


mesmo.

Bella arfou e Edward arregalou os olhos. Não pensou ao dizer tais


palavras e elas tiveram um duplo sentido, que ele tratou de explicar
rapidamente.

_ Quer dizer... acho que temos muito o que conversar e...

Mas Bella sorriu. Por enquanto seria somente por isso mesmo. Mas
daqui a um tempo...

Ela veio disposta a pegar Edward para si. Queria esse homem, queria
seu amor. Iria pouco a pouco derrubar todo o gelo que ele mesmo ergueu à sua
volta.

_ Eu entendi. Não se preocupe. Mas é uma emoção saber que estou na


cama com meu homem.

_ Seu homem?

_ Meu homem... meu tudo. É isso o que você é para mim. Eu sinto
como se você fosse minha alma. Não dá para ficar longe... não mais.

_ Ah... Bella...

Ele a puxou com força, abraçando-a.

_ Como eu te amo, morena. Como eu te amo.

E pela primeira vez, após tantos anos, uma lágrima deslizou pelo rosto
de gelo... agora nem tão gelado assim. Outras lágrimas se seguiram. Era um
choro de alívio, por finalmente ter a mulher de sua vida em seus braços.
Notas finais do capítulo
Boa semana a todas.

(Cap. 7) Capítulo 6
Já era tarde, mas nenhum dos dois parecia ter sono. Após a crise de
choro de Edward, que durou alguns minutos, Bella acariciou o seu rosto e
beijou, secando suas lágrimas. Segurou-o pela mão e foram para cama, onde
se sentaram e onde estavam até agora, quase quatro horas depois. Edward
estava sentado, com as costas apoiadas na cabeceira da cama. Bella estava
sentada entre as pernas dele, encolhida junto ao seu peito, mas de tal maneira
que conseguia ver perfeitamente seu rosto.

Como forma de incentiva-lo a falar, se abrir e se soltar, Bella começou


falando se sua vida, de como viveu quando esteve fora.

_ Quando meu pai disse que você precisava concluir seus estudos,
imaginei que ficaria aqui. E nunca pensei que resolveu ir embora por minha
causa.

_ Oh sim... foi. Sabe tão bem quanto eu que temos escolas fantásticas
aqui. Não precisaria mesmo ir embora para estudar fora, já lhe disse isso. Mas
eu ficava olhando pra você... meu irmão. Tão lindo e eu estava cada vez mais
apaixonada. Não parava de pensar em nosso beijo e em você me dizendo que
eu seria sua namorada. Eu precisava ir embora e tentar esquece-lo.

_ E foi então que... se envolveu com alguém.

_ não. Não foi tão rápido assim. Quando cheguei a Milão eu fiquei
mesmo focada nos estudos. Achava que iria esquecer você. Mas quando
percebia... lá estava eu procurando reportagens sobre você, revirando sites e
revistas que tivessem alguma informação. O que eu mais queria era saber se
você tinha alguém. E daí veio o apelido de Príncipe de Gelo. Cheguei mesmo
a acreditar que eu era a culpada, mas nunca pensei que fosse por você me
amar.

_ E eu aqui louco para ter notícias de você.

_ Nossos pais não falavam nada?


_ Raramente. Acho que eles também pensavam que eu culpava você de
alguma coisa.

_ Bom... somente depois que percebi que nada do que eu fazia surtia
efeito para esquecer você... eu me envolvi com o Albert. Era bonito e gentil,
mas eu sequer sentia vontade de beija-lo. Mas eu tentei... começamos a sair,
fomos nos envolvendo. Até que decidi que... você sabe.

Edward engoliu em seco. Jamais poderia exigir que ela continuasse


virgem, se ele mesmo não levou uma vida celibatária. E nem tinha
preconceitos quanto ao fato de ela não ser virgem. Ele só sentia um ciúme
ardente, por saber que outro já tocou o corpo da mulher que ele tanto amava.
Era normal, sendo tão apaixonado quanto ele era.

_ Bom... não foi exatamente o que eu esperava. Aliás, nem poderia. Eu


sempre imaginei minha primeira vez com você. Mas doeu...quase não senti
prazer. Ficamos juntos mais algumas vezes, mas não foi o suficiente para me
fazer esquecer você. E então eu desisti. Não era justo fazer isso com ele
também.

_ E por que de uma hora para outra você resolveu voltar e me contar
tudo assim, logo de cara?

_ Já falei... porque não quero mais ficar longe de você. Não quero e não
consigo.

Edward a beijou rapidamente e passou os braços por trás das costas de


Bella, abraçando-a um pouco mais apertado.

_ Você já parou para pensar no que sua mãe faria se estivesse viva?

_Não faço ideia. Já pensei nisso várias vezes mas não chego a uma
resposta. Às vezes eu preferia que ela não tivesse dito nada.

_ Mas você disse que não está se importando com isso.

_ Sim, Edward. Mas eu percebo que você ainda está incomodado.

_ Tente entender meu lado... não é fácil. Com certeza nossa família
ficará contra nós dois. A última coisa que queria era provocar qualquer tipo de
desgosto.

_ Eu sei. Eu também não quero isso. Mas não temos culpa, caramba. Já
discutimos sobre isso, Edward. Nos apaixonamos à primeira vista, sem
sabermos quem éramos realmente.
_ Até hoje não sei como sua mãe conseguiu entrar em contato com meu
pai.

_ Descobriu o telefone dele, de alguma forma. Não era difícil, não é?


Ele é pai de um famoso.

_ Eu sabia que nossos pais ficaram separados um tempo, mas jamais


pensei que ele tivesse tido alguém nesse tempo.

_ Mas ele nunca teve dúvidas do amor dele por Esme. Minha mãe me
contou como tudo aconteceu. Quer ouvir?

Edward afirmou, mas antes puxou Bella para um beijo. Estava lutando
consigo mesmo para não pensar no que os outros pensariam a respeito deles.
Ainda estava meio perdido, achando errado o que estavam fazendo. Mas ouvir
Bella se declarando a ele jogou por terra qualquer resquício de juízo que
pensou ter. Não poderia abrir mão desse amor, nunca mais. Estava um pouco
mais leve, mais aliviado. Realmente Jake tinha razão.... Chorar lhe fez muito
bem.

_ Minha mãe trabalhava como garçonete em um bar. Viu Carlisle umas


três vezes bebendo sozinho e ficou encantada por ele. Na quarta vez em que o
viu, ele estava chorando e ela resolveu puxar assunto. Ele nunca escondeu
nada. Disse que estava passando por uma crise no casamento, saiu de casa,
mas que amava loucamente a mulher. Mas ele estava mal, estava carente...
bebeu um pouco. E naquele dia acabaram no pequeno quarto que minha mãe
alugava. Acredita que ela engravidou de primeira?

_ Sério?

_ Sim. Eles ficaram juntos mais umas vezes, mas ela soube quando fez
os exames que havia engravidado na primeira vez. Bom... depois disso
Carlisle se reconciliou com Esme. Foi sincero com minha mãe... e nunca mais
se viram.

_ Mas pelo que você disse, vocês passaram dificuldades. Por que ela
não procurou meu pai?

_ Ele estava bem com Esme, Edward. Ela achava que a esposa jamais
iria aceitar a filha bastarda do marido. Só entrou em desespero quando se viu à
beira da morte e eu ficaria sozinha.

_ Realmente... entendo o lado dela.

_ Eu também. Morri de medo quando Carlisle me disse que falaria com


Esme. Até hoje custo a crer que ela me recebeu tão bem.
_ Nossa mãe sempre foi apaixonada pelo marido, Bella. E teve uma
excelente criação, devo dizer. Meus avós sempre se orgulharam da criação
impecável e do bom caráter dos filhos. Esme sempre foi religiosa, caridosa,
ajudava os pobres, já fez trabalho voluntário. E como ela mesmo disse, todo
casamento passa por crises. Talvez ela não perdoasse se nosso pai a tivesse
traído quando estavam bem. Mas ele o fez no meio de uma crise. Ela sempre
diz que quem ama, perdoa.

_ Ela é maravilhosa. E meu único medo é magoa-la. Mas agora...

Bella se afastou e ficou de joelhos em frente a Edward. Segurou as


mãos dele e levou-as ao peito.

_ Quero ouvir um pouco mais sobre você.

_ Não há nada a ser dito. Minha vida é pública.

_ Sua vida profissional, sim. Mas a pessoal não.

_ Eu não tenho vida pessoal, Bella. Não saio com amigos. Aliás eu nem
tenho mais amigos, exceto Jake. Quando não estou trabalhando, estou em
casa.

_ Hum... mas você me diz que às vezes contrata algumas... hum...

_ Prostitutas. Sim, fazia isso. Mas era algo meio mecânico. Eram
alguns minutos até gozar e então elas estavam dispensadas.

_ Mas você ia a bordeis?

– Com certeza não. Elas vinham até mim. São vários quartos aqui. Eu
as levava para um que nunca é usado por ninguém. E nem permitirei que
usem... sei lá. Eu não gosto dessa situação.

_ Entendo você. Não deixo de sentir ciúmes, mas...

_ Assim como senti ao ouvir sobre você e o Albert?

_ Mas é diferente. Eu estava tentando esquecer você. Foi apenas um... e


aposto que você variava.

_ Sim, mas em minha cabeça eu sempre estive com a mesma. Sempre


foi você, Bella. Sabe disso.

Bella inclinou o corpo e o beijou, sentando-se em seu colo e agarrando


seus cabelos. Edward apertou os braços em volta de sua cintura,
involuntariamente apertando os quadris de Bella de encontro ao dele. Ambos
gemeram, com os lábios colados um no outro. O desejo explodia entre os dois
e estava ficando cada vez mais difícil se segurarem.

_ Bella... pare. Não me faça perder o controle.

_ Eu queria muito que você perdesse o controle. Mas sei que ainda é
cedo.

Gentilmente Edward a ergueu pelos quadris e colocou-a sentada na


cama.

_ Comporte-se.

Bella bufou, mas voltou a deitar a cabeça no peito dele.

_ Minha mãe se apaixonou por nosso pai à primeira vista. Assim como
eu me apaixonei por você. Será que isso é de família? Se tivermos um
garotinho ele será apaixonante também.

Edward se afastou, os olhos arregalados, quase em pânico.

_ Ficou louca? Filhos? Somos irmãos, Bella. Nunca...

_Ei ...ei... desculpe, ok? Falei sem pensar.

_ Isso nunca poderá acontecer. Precisamos nos prevenir sempre.

Bella não segurou um sorriso. Se ele pensava em prevenção,


obviamente pensava em fazer amor com ela. Mas não comentou nada, apenas
o abraçou, sentindo-se extremamente feliz.

_ Vamos deitar?

_ Sim. Está tarde.

_ Quer comer ou beber alguma coisa antes de dormir?

_ Não. Estou bem.

Edward se levantou e Bella o seguiu até o banheiro. Escovaram os


dentes lado a lado e depois Bella pediu licença para se trocar. Edward voltou
para o quarto, tirou a camisa e se deitou, esperando por ela. Mas quando Bella
voltou, ele sentiu seu corpo inteiro tremer e se animar. Bela usava um baby
doll azul de renda. Edward arfou e depois segurou a respiração enquanto ela
caminhava e passava sobre seu corpo na cama. Ele olhou hipnotizado até ela
se deitar ao seu lado. Fechou os olhos e contou até dez antes de se virar e
agarra-la pela cintura.

_ Está querendo me provocar, Isabella?

_ Não vou mentir. Queria sim.

_ Pois conseguiu. Vai demorar horas até eu conseguir dormir.

Bella sorriu, provocante.

_ Gostou?

_ Eu gosto de tudo em você.

Respondeu antes de beija-la com ardor, colando seus corpos e


deslizando as mãos grandes pelo seu corpo. Eufórica, Bella correspondeu,
enlaçando a cintura dele com as pernas e agarrando-se aos seus ombros largos.
Gemeu vergonhosamente ao sentir a proximidade de seus sexos e o calor e o
latejar da ereção de Edward junto ao seu corpo.

Edward via seu controle desvanecer gradativamente. O corpo


voluptuoso se contorcia sob o dele, seus seios turgidos roçavam a pele nua de
seu peito, levando-o a loucura. Quando sentiu as mãos pequenas sobre seu
membro, Edward se afastou abruptamente.

–Não.

_ Desculpe. Desculpe, por favor. Eu não quero... apressar as coisas. Sei


que você ainda está... incomodado com a situação.

Mas Bella mordeu os lábios tentando segurar suas lágrimas. Eram


apenas lagrimas de frustração. Ela o queria demais e não mediu as
consequências ao tentar provoca-lo. Mas tinha plena consciência do seu erro.
Não poderia simplesmente esperar que Edward levasse a situação numa boa
como ela estava fazendo. Aliás, era apenas uma fachada. Bella também estava
nervosa com tudo isso, mas se demonstrasse, certamente Edward se fecharia
novamente.

Edward percebeu a tristeza de Bella e se sentiu mal por isso. Na


verdade, ele precisava se controlar. Nos últimos anos só fez sexo por fazer,
pensando em seu prazer, mas apesar disso todas as mulheres tiveram
orgasmos com ele. Mas Bella era diferente. Como se não bastasse ama-la,
ainda sentia um desejo incontrolável por ela. Precisava se segurar ou
fatalmente a machucaria, tamanha fúria de seu tesão.
_ Eu peço desculpas, Bella. Por favor... é só que foi muita coisa em tão
pouco espaço de tempo. Eu nem sequer esperava pelo seu retorno. Dê-me um
tempo, por favor. Eu juro que não vai demorar muito.

_ Tudo bem. Não tem problema.

_ Mesmo?

_ Sim. Vamos dormir.

Aconchegou-se nos braços dele e fechou os olhos.

_ Eu amo você, Bella.

_ Eu também, Edward. Amo demais.

Abraçados, mas lutando contra o desejo, os dois se entregaram ao sono.

******

Bella esticou os braços, espreguiçando o corpo. Há tempos não dormia


tão bem, mesmo perturbada com a presença de Edward ao seu lado. Abriu os
olhos e viu que ele ainda dormia serenamente. Ficou um tempo olhando os
cabelos despenteados, os lábios entreabertos... lindo.

Levantou-se vagarosamente, colocou um robe e escovou os dentes.


Saiu do quarto e foi até a cozinha. Planejava levar o café da manhã na cama
pra ele. Mas deu de cara com Jake, que cantarolava enquanto preparava pães.

_Ah... bom dia Jake.

_ Bom dia, Bella. Dormiu bem?

_ Muito bem, obrigada.

_ Edward ainda está dormindo?

_ Sim. Eu queria fazer uma surpresa pra ele. Não sabia que era você
que preparava tudo.

_ Sou eu sim. Esqueceu-se do almoço de ontem?

_ Verdade. Esqueci sim.

_ Mas eu posso preparar a bandeja e você leva.


_ Perfeito. Atrapalho se ficar aqui?

_ De forma alguma.

Bella suspirou e Jake riu alto.

_ O que foi?

_ Essa carinha de apaixonada. Por favor, diga que conseguiu convencer


aquele cabeção.

_ Convencer do que, exatamente?

_ Olha a palhaçada comigo hein? Convence-lo a ficarem juntos. Vocês


se amam... eu vi isso.

_ Ai.. eu acho que sim. Ele ainda está meio temeroso, mas aceitou. Ele
me pediu em namoro.

_ Não acredito! Essa é a melhor notícia do ano!

Então Bella percebeu como Jake gostava de Edward. Havia uma bela
amizade entre os dois e ela ficou feliz em saber que Edward não esteve tão
sozinhos nos últimos anos.

_ Você gosta muito dele não é?

_ Meu melhor amigo. Me ajudou quando mais precisei. E se você o


ama tanto quanto vejo... você é minha amiga também.

Bella sorriu largamente, pulou do banco onde estava e abraçou Jake.

_ Obrigada por ter cuidado dele nesses anos todos.

Jake nem teve tempo de responder. Ouviram um pigarro e se


separaram. Edward estava parado a porta, com uma expressão estranha no
olhar.

_ Bom dia, amor.

Bella foi até ele e o beijou.

_ Bom dia.

_ Acabou com a surpresa.


Ele ergueu a sobrancelha, a expressão ainda sombria.

_ Eu ia levar o café na cama pra você.

Aquilo pegou Edward de surpresa, mas ele não demonstrou. Estava


incomodado demais com a cena que presenciou.

_ Que pena.

_ Bom... então eu vou tomar um banho enquanto isso.

Edward nada disse. Apenas sentou-se na cadeira. Bella deu de ombros


e saiu da cozinha.

_ Se deram bem rápido hein?

Jake se virou, metade de uma laranja nas mãos.

_ Nem vem com essa putaria de ciúmes pra cima de mim não, ok?
Aquela mulher te ama, maluco. Vê se entende isso. Ela só me abraçou porque
eu disse que se ela o ama tanto quanto eu vejo... ela também é minha amiga.

Edward passou as mãos pelo cabelo completamente envergonhado de


sua quase cena de ciúme.

_ Jake...

_ Ta..eu sei. Está desculpado.

Ele se aproximou e colocou a mão no ombro de Edward.

_ Não perca tempo com medos e inseguranças. Vocês já se


declararam... se amam. Curtam esse amor. Olha... ninguém precisa saber disso
agora. Mantenham em segredo. Daqui a um tempo vocês contam. E se alguém
ficar contra esse amor bonito... é porque não amam vocês. E terão que lidar
com isso.

_ Ainda acho que você deveria ser psicólogo.

Jake riu alto.

_ E acho que deveria tirar essa bunda da cadeira e dividir o banheiro


com ela.

_ Não...ainda é cedo.
_ Se você diz...

Jake voltou a cortar as laranjas, dando as costas para Edward. Ele


esbravejou baixinho. Jake não tinha nada que incentiva-lo a tomar banho com
Bella. Sua mente agora trabalhava freneticamente. Mas ele não ia fazer isso...
não ia.

Dois segundos depois ele se levantou abruptamente, fazendo a cadeira


ir ao chão. Saiu da cozinha sem dizer uma só palavra. Jake apenas riu e
balançou a cabeça.

Notas finais do capítulo


Algumas pessoas pediram para adicionar no face. *Vergonha*... eu ainda não
tinha face.
Fiz um e comecei a fazer um grupo, mas to indo devagar porque não levo
muito jeito pra essas coisas.
Se alguem quiser adicionar, fiquem a vontade.

https://www.facebook.com/Agatha.Fanfics?ref=tn_tnmn

https://www.facebook.com/groups/449054611845406/

(Cap. 8) Capítulo 7
Indecisão. Desejo. Dúvida. Edward saiu da cozinha disposto a entrar
naquele banheiro juntamente como Bella, assim como Jake disse. No meio do
caminho ele parou. Não poderia fazer isso... não agora. Sabia que seria difícil
se segurar. Já tinha sido durante a noite, na qual ele mal conseguiu dormir
com a pele macia e seminua ao seu lado. Tinha plena certeza que sua
consciência iria atormenta-lo por dias caso tomasse Bella pra si tão rápido.

Por outro lado... ele já tinha declarado seu amor. Prometeu a Bella que
iriam lutar para ficarem juntos. Qual era o problema agora? Existia tanta
diferença entre beijar e namorar a meia irmã e fazer amor com ela? Existia.
Claro que existia. O pecado era bem maior.

E novamente vinha seu lado mais perverso se enfiando em seus


pensamentos. Quem disse que era pecado amar? Amor é amor... de qualquer
jeito, em qualquer hora, em qualquer lugar. Independe de raça, fé,
sexualidade.
Edward sentou-se no sofá e colocou as mãos no rosto. Ele precisava se
decidir. Ou se entregava, entrando de cabeça nesse relacionamento e
esquecendo preconceitos ou desistia de vez. Abrir mão de sua felicidade.
Abrir mão da mulher que ele amava... e que o amava também.

Quantas pessoas tem a mesma sorte que ele? Amar e ser correspondido
com a mesma intensidade? E ele aqui... ainda pensando em certo e errado.
Danem-se as convenções. Ele não iria mais sufocar um sentimento tão puro
que surgiu sem que soubesse quem eram realmente.

Levantou-se disposto a tomar seu banho com Bella. Seria homem o


bastante para se controlar e não fazer nada. Não passava de romantismo da
parte dele. Bella não precisava ter sua primeira vez com ele num banheiro,
feito dois animais no cio que só buscam sexo. Entre eles deveria haver mais
que isso.

Subiu as escadas e parou no corredor. Ele seria realmente forte a ponto


de conseguir se conter? Tentando dar um basta nessa indecisão, Edward abriu
a porta do quarto e entrou, passando a chave. Tirou a camisa e jogou-a sobre a
cama. Tirou também a calça de moletom, ficando apenas com a boxer preta. A
passos lentos foi em direção ao banheiro. Ouviu a voz doce e melodiosa de
Bella cantando uma música agradável. O box esfumaçado não permitia que
ele a visse. Inspirou profundamente e abriu a porta do box. Bella, que estava
com a cabeça baixa, passando a esponja pelas suas pernas, ergueu a cabeça e
seus olhos brilharam. Endireitou o corpo e então Edward pode admira-la em
toda sua perfeição. Os cabelos ficaram mais escuros devido a umidade e
contrastavam com a pele branca. Desceu o olhar pelo pescoço esguio, pelos
seios médios e firmes. Deteve seu olhar nos bicos róseos e intumescidos,
sentindo sua boca salivar. Desceu mais um pouco, observando a barriga reta,
lisa até parar em seu sexo. Ele arfou audivelmente e imediatamente seu corpo
deu sinal de vida. Seu membro latejou, ficando tão duro que Edward imaginou
que sua boxer não seria suficiente para conte-lo. Observou as coxas macias e
torneadas, mas seu olhar traiçoeiro voltou-se para o sexo pequeno e
convidativo.

Bella permanecia parada, trêmula somente por vê-lo ali à sua frente,
usando apenas a boxer que já não segurava sua ereção. O corpo era perfeito,
muito mais do que imaginou. Peito e ombros largos, barriga definida e coxas
musculosas. Sentia sua respiração acelerar gradativamente e seu sexo queimar
e umedecer ao mesmo tempo.

_ Você é lindo.

_ Você é muito mais que linda... perfeita.


Edward deu um passo à frente e Bella fez um gesto com mão,
impedindo-o.

_ Toma banho assim? Não vai tirar?

Edward sentiu seu rosto ficar quente, provavelmente tinha ruborizado.


Nunca foi homem de muitos pudores. Mas uma coisa era ficar nu em frente a
prostitutas pagas para dar prazer. Outra era estar nu em frente ao amor de sua
vida. Ele se sentia um virgem em sua primeira noite.

_ Quer que eu te ajude?

Bella perguntou e mordeu os lábios. Rapidamente Edward tirou sua


boxer. Não sabia se suportaria as mãos de Bella sobre sua pele sem fazer nada.
Bella engoliu em seco e seus lábios entreabriram-se ao ver seu membro grosso
e grande apontado diretamente para ela. Seus seios endureceram ainda mais a
ponto de doer. Ela esticou a mão, que Edward pegou e no instante seguinte
seus corpos estavam colados. Eles estremeceram devido ao contato de suas
peles e gemeram baixo. Edward abraçou a cintura de Bella e ela, na ponta dos
pés, enlaçou seu pescoço. Suas bocas se encontraram famintas, urgentes e
apaixonadas. Bella agarrou-se aos cabelos dele quando sentiu sua língua
invadir sua boca, pedindo espaço ao mesmo tempo em que seu membro
quente latejava em sua barriga. Bella arfou e enroscou uma perna na perna de
Edward, roçando seu sexo nele.

Edward se assustou com o rompante e atrevimento de Bella, mas não


se conteve e remexeu a perna, friccionando o clitóris dela a ponto de faze-la
gemer mais alto.

_ Bella... não me faça perder o controle.

_ Mas eu quero que você perca o controle. Eu quero que você me jogue
contra essa parede e me faça sua.

_ Não... eu não quero assim.

Edward negou, mas seu corpo novamente o traiu e ele carregou Bella
pela cintura, prensando o corpo dela entre a parede e seu corpo. Deslizou-a
um pouco para baixo de forma a deixar seu membro em contato com o sexo
dela. Bella ergueu a cabeça, sempre gemendo e cravando as unhas nos ombros
dele.

_ Por favor...

Bella choramingou e pegou o membro de Edward, levando-o até sua


entrada e passando a cabeça em seu clitóris.
_ Puta que pariu, Bella... pare.

_ Não...

Edward se afastou um pouco, mas segurando-a firmemente. Passou seu


dedo entre suas dobras, separando-as e dizendo um palavrão ao sentir o calor
proveniente de Bella. Deixou que seu dedo deslizasse para dentro do corpo de
Bella, o polegar acariciando seu clitóris. Baixou a cabeça e alcançou seu seio,
chupando e beijando, entre gemidos. Bella o masturbava freneticamente,
acariciando-o de cima a baixo, passando o dedo sobre a fenda em sua glande e
voltando a fazer movimentos de cima para baixo. Lentamente Edward
começou a estocar seu dedo dentro dela, colocando mais um e aumentando o
ritmo. Bella gemia, rebolava e continuava punhetando Edward que crescia e
latejava em sua mão.

Logo o banheiro foi preenchido pelos gemidos dos dois e pouco depois
o grito abafado de Bella ao gozar. Edward veio logo após, gozando
intensamente na mão de Bella, rosnando feito leão enjaulado enquanto ainda
sugava seu seio.

_ Não... não me solte.

Bella pediu, pois sabia que suas pernas não suportariam seu peso. O
orgasmo foi tão intenso que ainda sentia seu sexo latejando e as pernas
bambas. Edward encostou a cabeça na parede, de olhos fechados. Felizmente
era forte o bastante para continuar de pé. Nem mesmo quando estava dentro
de uma mulher ele sentiu um prazer tão arrebatador, a ponto de deixar sua
mente fora do ar por breves segundos. Afastou-se e olhou nos olhos de Bella
quando sentiu seus dedos acariciando sua nuca.

Ela mordeu os lábios, temerosa. Não queria ver arrependimento nos


olhos dele. Mas tudo o que viu foi amor... carinho... paixão.

_ Se você acaba comigo assim... eu nem quero pensar quando eu fizer


amor de verdade com você.

_ Foi tão bom quanto foi pra mim?

_ Muito mais que bom.

_ Acho que eu terei que tomar banho novamente.

Edward seguiu o olhar de Bella e viu as mãos dela sujas com seu
sêmen.

_ Terei prazer em dar banho na minha princesa.


Bella sorriu de forma sexy, atiçando-o novamente.

_ Princesa de gelo?

_ Gelo, definitivamente é uma palavra que não se aplica a você.


Princesa de fogo, talvez.

Bella riu alto e o beijou rapidamente.

_ Será que esse fogo é capaz de derreter essa geleira?

Edward a olhou intensamente antes de colocá-la novamente no chão e


pegar a esponja.

_ Lembra-se de quando estudou sobre os estados físicos da água?

_ Lógico que sim.

_ Pois saiba que estou em entrando em completo estado de Fusão.

Bella abriu outro largo sorriso, sonhando com o dia em que veria o
mesmo sorriso no rosto de Edward.

********

Bella estava em tal estado de euforia que sua vontade era de gritar,
cantar alto e beijar todo mundo. Aliás... ela gritou e cantou alto enquanto
dirigia de volta à casa dos pais. Não iria, obviamente ficar muito tempo lá.
Somente iria fazer as malas e voltar para casa de Edward. Ele viajaria no dia
seguinte para o Canadá e diante do convite para acompanha-lo, Bella não
pensou duas vezes.

Apesar de sua incontida felicidade, uma coisa vinha martelando na


mente de Bella desde a noite passada. E se de repente, por acaso, sua mãe não
tivesse se enganado? Isso pode acontecer não é? Ela foi categórica ao afirmar
que Carlisle foi seu único homem naquela época e que só voltou a ter outro
homem quando estava com dois meses de gravidez. Poderia ter se enganado
quanto ao tempo?

Na época Carlisle sequer cogitou a hipótese de fazer um DNA, mas e


se fizessem agora? Bella sabia que Esme tem um coração enorme, mas é tão
estranho ver alguém aceitar a filha bastarda do marido com tanta naturalidade!
Talvez ela soubesse de algo, mas sendo a pessoa maravilhosa que era,
resolveu acolhe-la da mesma forma. Nunca se sabe... mulheres tem sexto
sentido. Foi pensando nisso que resolveu conversar com o pai. Ele a
entenderia certamente.
_ Oi querida... voltou cedo.

_ Oi pai...oi Esme. Chegue cedo mas irei voltar. Só vim buscar


algumas roupas.

Os dois ficaram visivelmente surpresos.

_ Edward viaja amanhã, pois já começam os treinos. E ele me convidou


para ir com ele.

_ Oh minha filha... que bom. Vejo que estão se dando muito bem.

_ Estamos sim, mãezinha.

Falou sentando-se entre Esme e Carlisle.

_ Onde estão Rose, Alice... todo mundo?

_ Saíram. Acho que foram ao Jóquei.

_ Hum... legal. Mas pai... eu queria conversar uma coisa com você.

_ É particular?

Esme perguntou já se preparando para sair.

_ Não. Claro que não. Pode ficar.

_ Pode falar, Bella. Sou todo ouvidos.

_ Então... eu estive pensando. Na época em que descobrimos a


paternidade...tipo, foi apenas pelo que minha mãe nos disse.

_ Sim. E eu confiei nela. Mas por que está falando isso?

_ Pai... não seria melhor se fizéssemos um DNA?

Carlisle abriu a boca, os olhos arregalados e o rosto pálido. Levantou-


se e passou a mão nos cabelos, gesto que a fez se lembrar de Edward.

_ Por que isso agora? Você... você não se sente minha filha?

Bella se arrependeu no mesmo instante. As palavras dele saíram


carregadas de tristeza e mágoa.

_ Não. Claro que não é isso, pai. Eu só queria que não restassem
dúvidas e...
_ Eu nunca tive dúvida, Bella. Você é minha filha e eu a amo, da
mesma forma que amo a Rose e o Jasper. Nunca mais repita um absurdo
desses.

_ Mas pai... eu só queria...

_ Eu te amo tanto, minha filha. Eu sei... do fundo do meu coração eu


sei que você é minha filha.

_ Desculpe. Não foi minha intenção magoa-lo.

Carlisle não disse nada. Apenas saiu da sala. Bella iria se martirizar até
a morte por causa dessa estupidez. Por que não propôs isso a Edward e não a
Carlisle? Burra! Baixou a cabeça, ciente do olhar de Esme sobre si.

Bella remexeu as mãos sobre o colo, completamente constrangida.


Falou num impulso e em nenhum momento imaginou que seu pai ficaria tão
ofendido com suas palavras. E agora se arrependia amargamente, pois não só
o tinha ofendido como estava manchando a imagem de sua mãe.
_ Bella, querida... olhe para mim.
Bella ergueu a cabeça e encontrou os olhos amorosos e brilhantes de Esme.
Ela segurou sua cabeça, acariciando-a junto ao peito.
_ O que aconteceu, minha filha? Por que disso agora? Nós nunca fizemos
questão. Sequer chegamos a cogitar a hipótese de não ser verdade.
_ Eu... eu não sei por que disse aquilo, sinceramente.
_ Você não se sente filha do Carl, é isso?
_ Não. Não é isso, já disse.
Bella apressou-se em responder, com medo de ferir ainda mais as pessoas da
família que ela tanto amava.
_ Olha... eu vou conversar com meu pai. Irei pedir desculpas. Vamos esquecer
essa bobeira de DNA.
Esme se afastou um pouco e olhou profundamente em seus olhos.
_ Carlisle me contou tudo logo que nos reconciliamos, Bella. Eu sabia que ele
teve um caso, sabia que a mulher se apaixonou por ele. Não foi surpresa
quando você apareceu. E eu nunca duvidei sabe por que? Carlisle me disse
que Renne era honesta e trabalhadora. Se ela fosse uma interesseira, já teria
procurado por ele. Mas se você quer esse exame, eu converso com seu pai.
_ Não precisa. Vamos esquecer, tudo bem?
Bella se levantou e tentou dar um sorriso.
_ Eu sei por que está fazendo isso... é por causa dele, não é?
_ Dele?
_ Do Edward.
Bella prendeu a respiração. Era só o que faltava! Ela... sabia alguma coisa
sobre os dois? Era o maldito sexto sentido.
_ Edward? O que ele tem a ver com isso?

_ Eu percebi desde aquela época Bella. Sabe... nunca tive coragem...


nem eu nem Carlisle. Nunca tivemos coragem de conversar com ele sobre
aquele dia. Mas percebemos o quanto ele ficou chocado, abalado. Mas ele
sempre foi educado e respeitador demais com as mulheres para destratar você.
E desde aquele dia ele se transformou nisso... nesse homem sem emoções,
sem sorrisos, sem felicidade. Eu sinto que ele pensa que sua mãe nos enganou.
Não foi ele que propôs isso, foi?

_ NÃO. Juro que não. Edward foi super simpático e atencioso comigo.

_ Ah... que alivio. Eu pensei que esse foi um dos motivos que a levou a
querer ficar com ele ontem. Tentar... serem amigos.

_ Nós somos amigos, Esme.

Ela bufou.

_ Prefiro quando me chama de mãezinha.

Bella sorriu e se apertou entre os braços dela.

_ Desculpe. Mas, olha... não tem nada a ver com Edward. Foi só uma
idiotice da minha cabeça.

_ É um alivio pra mim. Durante anos fiquei com essa ideia na cabeça,
mas se estão se dando bem... eu fico feliz.

_ Edward é maravilhoso. Bom... vou conversar com meu pai e depois


fazer minhas malas.

_ Vá sim, querida. Você vai amar o Canadá. É uma pena que Edward
não terá muito tempo para passear com você.

_ Eu me viro.

Bella falou, dando um beijo no rosto de Esme e subindo as escadas


correndo. Mas chegando ao segundo andar, ela parou, suspirou e levou a mão
ao peito. Por um instante chegou a pensar que Esme sabia do amor entre ela e
Edward. Ninguém poderia saber disso agora. Eles já tinham combinado que
iriam viver esse amor às escondidas, e só quando estivessem fortes o bastante,
iriam revelar a verdade a todos. Se a notícia fosse bem recebida por todos,
ótimo. Se não fosse... os dois teriam que se bastar.
Notas finais do capítulo
Alguem me perguntou, não sei se no grupo do Face ou por MP:
Qual a chance de Edward não ser filho de Carlisle?

Resposta: ZERO. Edward é filho de Carlisle e Esme.

(Cap. 9) Capítulo 8
Notas do capítulo
Contém cenas quentes. Quem não gosta, ja sabe...

Não havia outro lugar no mundo em que Bella quisesse estar. Estava
com o rosto sorridente enterrado no peito de Edward, sentindo seus braços a
sua volta. Mesmo após quase seis horas de voo ela se sentia bem disposta,
talvez por causa da companhia. Aliás... certamente era por causa da
companhia. Passaram a noite anterior juntos, aos beijos e carícias ousadas que
por pouco não derrubaram a última barreira que Edward ergueu sobre o
relacionamento dos dois. Chegaram a ter uma breve discussão, afinal Bella
achava o fato simplesmente ridículo. O que fizeram no banheiro e na cama a
noite, pra ela já era sexo. Só não houve penetração, mas aquelas preliminares,
aquele jogo de sedução pra ela era parte do fazer amor.

Arrependeu-se, é claro, de ter dito isso. Edward cessou de vez as


carícias mais ousadas e ficaram mesmo apenas nos beijos, embora fosse
impossível esconder a excitação dele. Bobo. Se aquilo era pecado... ele já
estava pecando só por estar excitado.

_ Está rindo do que? Pensei que estivesse dormindo.

Bella ergueu a cabeça para olhar nos olhos dele.

_ Pensando nos seus absurdos.

_ Aquele assunto outra vez?

_ Eu não falei nada. Só estou pensando, você quem perguntou.

_ Pois eu também estou pensando.

_ Em?
_ Na nossa última conversa de ontem. Está vendo como nós dois
estamos meio perdidos? Até você está incomodada com a situação.

_ Epa... epa... não misture as coisas. Eu não estou incomodada. Eu só


quis fazer o DNA para deixar nossa família tranquila. Quer dizer... eu sei que
não adianta. Nosso pai confiou em minha mãe, e para ser sincera eu também
confio. Até me arrependo de ter tido esses pensamentos.

_ Mas por algum momento você pensou verdadeiramente na


possiblidade de não sermos irmãos?

_ Pensei... mas foi um pensamento bem fraco.

Edward acariciou os cabelos dela e beijou a ponta do seu nariz.

_ Você tem um pouco de Carlisle sim. Se você reparar bem em alguns


gestos, alguns trejeitos, verá que são bem parecidos com os dele. Até mesmo
com os meus. Essa sua mania por exemplo de coçar a ponta da orelha quando
está sem sono.

Bella riu, ajeitando-se na poltrona para olha-lo e ao mesmo tempo não


perder o contato com seu corpo.

_ Você reparou nisso?

_ Humhum. E também fica girando o pescoço com as mãos para


“estalar” os ossos do pescoço. Sabe quantas milhares de vezes eu vi meu pai
fazendo isso?

_ Sabe que nunca reparei?

_ Pois comece a reparar. Eu não tenho dúvidas de que somos irmãos.

_ Está certo. Vamos deixar isso pra lá.

_ Mas eu decidi que iremos fazer... nós dois.

_ Mas...

_ Ninguém precisa saber. Sendo ou não irmãos, ficaremos juntos. Mas


vamos fazer o exame só para... sei lá... ter certeza. Ninguém ficará sabendo
que fizemos.

_ Exceto o Jake.

_ Exceto o Jake.
_ Acho tão bonita a amizade de vocês.

_ Jake é muito importante pra mim. Segurou tantas barras, tantas crises
minhas que você não faz ideia. Às vezes eu penso em como ficarei quando ele
resolver seguir sua vida... outro emprego, família, filhos. Sei que parece
egoísmo, mas... ah... é mesmo.

Bella riu alto e depois tapou a boca. Nessas horas preferia um jatinho
particular ao invés de um voo comum. Poderiam ter mais liberdade se
estivessem a sós.

_ Ela não te abandona nunca. Pode até se casar e ter filhos, mas duvido
que vá abandonar você.

_ Não é justo. Ele merece ter uma profissão. Sempre digo que deveria
ser psicólogo.

_ Talvez ele goste realmente do que faz e não só porque é seu amigo.

_ Pode ser.

Bella bocejou e se encolheu mais ao lado dele.

_ Com sono?

_ Agora sim. Falta muito ainda?

_ Mais ou menos uma hora. Acho que dá pra você cochilar um pouco.

_ E você não vai dormir?

_ Dormi muito bem à noite.

_ Hum... por que será?

_ Não sei... talvez seja por causa de um corpo quente e cheiroso ao meu
lado.

_ Sabe que se falar assim... acaba me acendendo.

_ Até parece... você sempre está acesa, Bella. Sabe... nunca imaginei
que você fosse assim... tão fogosa.

_ Eu não era... mas perto de você eu fico.

_ Espero que seja só comigo mesmo.


_Hum... meu namorado está com ciúmes?

_ Eu morro de ciúmes de você Bella. E não serei hipócrita em esconder


isso.

_ Fico lisonjeada com isso. Mas saiba que também sinto o mesmo em
relação a você. Tantas mulheres lindas ao redor nessas corridas.

_ Não tenho olhos para nenhuma delas, sabe disso. Somente uma me
fisgou há sete anos...e era a mais linda naquele autódromo.

_ E pensar que eu só consegui entrar lá a base de muito choro. Fazia


bicos pela cidade pra conseguir me manter enquanto minha mãe estava
doente. Acho que foi a melhor venda de garrafas de agua da minha vida.

Bella disse e sorriu, um pouco amarga. Ao mesmo tempo em que tinha


boas lembranças daquele dia, também tinha amargas. Afinal, naquele mesmo
dia soube que não havia esperança para sua mãe.

_ Confesso que minha insistência maior em entrar lá foi para ver você.
Eu poderia muito bem vender água nos arredores dali. Mas eu queria uma
chance de ver você de perto.

Edward fechou os olhos com força. Ainda se lembrava nitidamente da


primeira vez que seus olhos cruzaram com os dela. Foi ali que entendeu
quando as pessoas diziam que ficavam “sem chão”, perto da pessoa amada.
Ele não se sentia preso a mais nada que não fosse o olhar de Bella.

_ Não consegui deixar de te olhar. Não parei de pensar em você mesmo


quando estava com meus amigos naquela lanchonete.

_ E a loira?

_ Tanya? Terminei com ela naquele mesmo dia. Ela ainda insistiu um
tempo, mas meu coração já tinha dona. Há anos não a vejo.

Bella bocejou novamente e fechou os olhos.

_ Melhor assim.

Edward beijou sua testa e fechou os olhos também.

_ Durma.

Uma hora e meia depois, Bella e Edward finalmente desembarcaram.


Do aeroporto foram direto para o Ritz-Carlton.
_ Uau... você já esteve nesse hotel antes?
_Sim, mas nunca na suíte que reservei dessa vez.
_ Sozinho?
Edward rolou os olhos e preferiu não responder.
Entraram no elevador acompanhados pelo jovem que carregava as malas. A
todo instante ele olhava para Edward e Bella e logo depois baixava a cabeça.
Bella abriu a boca, deslumbrada ao ver a suíte. Já esteve em hotéis muito bons
quando viajava em férias, mas nunca num ambiente tão luxuoso quanto
aquele. O rapaz retirou as malas do carrinho e colocou-as no chão. Edward
retirou algumas notas e estendeu a ele como gorjeta.
_ Hum... eu poderia pedir um favor?
Bella se aproximou, curiosa, mas já imaginando o que poderia ser.
_ Poderia autografar esse papel pra mim? É que... meu filho te adora. Assiste
todas as corridas.
_ Filho? Tão jovem assim?
O rapaz enrubesceu e baixou os olhos diante da pergunta de Bella.
_ Tenho vinte e cinco, senhora.
_ Quantos anos tem seu filho?
_ Seis.
_ Acho que ele irá gostar disso.
Edward pegou uma das malas, colocou-a sobre a cama e depois de remexer
um pouco pegou um boné, o qual autografou e entregou ao rapaz. Os olhos
dele se arregalaram e lacrimejaram.
_ Nossa... muito obrigado senhor Cullen. Ele... vai pirar quando vir isso.
_ Diga a ele que é um presente, por me assistir sempre.
Ainda agradecendo várias vezes o rapaz saiu e fechou a porta. Edward
encarou Bella que tinha um sorriso envaidecido no rosto.
_ O que foi?
_ Meu namorado dando autógrafos... quando eu iria imaginar que namoraria
alguém tão famoso?
_ Ah é? E aquela história de que sempre me imaginou como seu namorado,
hã? Era tudo para me seduzir, senhorita?
Bella enlaçou o pescoço dele, serpenteando seu corpo sensualmente de
encontro ao de Edward e ele fechou os braços em volta de sua cintura.
_ Esse era meu sonho, mas devido às circunstâncias achei que nunca seria
possível. Entendeu agora?
_ Entedi, mas não me convenceu.
_ E o que posso fazer para convence-lo?
_ Adivinhe...
Bella não demorou a esticar-se toda e beijar-lhe os lábios sedentos.
_ Obrigado por ter vindo comigo.
_ Não me agradeça. O presente é todo meu.
Afastou-se dele e foi até a cama. Empurrou a mala e se jogou lá, com os
braços para cima da cabeça. Edward se aproximou e a observou esparramada
na ampla cama, os cabelos espalhados no travesseiro coberto com fronha de
seda vermelha. Desceu o olhar pelo corpo escultural que as várias camadas de
roupa não conseguiam disfarçar. Bella mordeu os lábios, totalmente
inconsciente do quanto esse gesto era sexy aos olhos de Edward. Apoiado em
suas mãos sobre a cama, ele se colocou sobre ela, mas sem permitir que seus
corpos se tocassem.
_ Só acho que será a melhor viagem da minha vida.
_ Eu digo o mesmo, príncipe.
**********
Sentada no parapeito da janela, com um pote de sorvete sobre o colo, Bella
observava a paisagem enquanto aguardava Edward. Estavam há quatro dias
em Montreal e ela adorou cada momento. E hoje, finalmente tomou coragem
de perguntar a Edward se poderia ir ao treino com ele. No primeiro dia, como
ele não tocou no assunto, achou melhor não se oferecer. Sabia que nem
sempre conseguia disfarçar seu amor por ele e talvez as demais pessoas
percebessem. Não iria mentir e dizer que não estava curiosa e enciumada.
Quando Edward disse que haviam duas mulheres trabalhando na equipe...
Bella não gostou nem um pouco. Controlou-se ao máximo e por fim, não
resistiu mais. Felizmente Edward não se opôs e ainda disse que pensou que ela
nunca pediria isso.
Saíram algumas vezes à noite e no dia anterior foram até o Jardim Botânico e
depois passearam pela famosa rue Sherbrooke, visitando galerias de artes e
algumas lojas luxuosas, onde Edward insistiu em comprar alguns presentes
pra Bella. Segundo ele, referiam-se a todos os anos em que não pode dar
presentes a ela como namorada. Momentos que jamais sairiam de sua mente,
por terem sido tão intensos. Em lugares mais desertos, eles se beijavam
apaixonadamente. Lógico que se controlavam, pois sendo Edward alguém tão
famoso, certamente teriam fotógrafos atentos a seus passos. Há dois dias,
enquanto Edward permanecia no treino, Bella saiu e comprou algumas
lingeries. Sim, pretendia mesmo seduzir Edward e voltar nem que fosse às
carícias mais ardentes.
_ Sorvete a essa hora, madame?
_ Não resisti.
_ Sinto muito informar, mas está na hora.
Bella pulou sobre a poltrona e voltou com o pote ainda pela metade para o
freezer. Escovou os dentes, penteou os cabelos e pegou o casaco.
_ Estou pronta.
_ E linda.
Deram-se as mãos e saíram. Soltaram as mãos assim que desceram até o hall
de entrada e aguardaram o manobrista.
_ Faz tempo que não vejo uma corrida ao vivo. Desde... aquela vez.
Edward segurou a mão de Bella e levou aos lábios.
_ Vai me dar sorte.
_ Como se precisasse disso.
Ao chegarem ao autódromo, seguiram diretamente para o boxe onde a equipe
de Edward o aguardava. Bella logo ficou armada ao ver a morena alta e
peituda que se aproximou sorrindo. Edward, como sempre muito sério,
cumprimentou-a e fez as apresentações. Bella ficou feliz ao saber que ela,
Giana, era casada com um também membro da equipe chamado Benjamim.
Foi apresentada a outros integrantes e de cara gostou de um grandalhão
chamado Emmett. Ria e fazia piadas o tempo todo, sem se incomodar com o
rosto sério de Edward. Mas Bella não simpatizou com a ruiva Katrina. Aquela
sim olhava para Edward como se quisesse devora-lo.
_ Irmãos então...
Emmett falou assim que Edward saiu para as pistas para o começo do treino.
_ Sim. Meio irmãos, na verdade.
_ Ah...está explicado.
_ O que está explicado?
_ Nada. Edward é um grande cara. Sisudo, mas gente boa. Poderia ser um
arrogante, convencido se fossemos olhar toda sua trajetória. Mas é uma das
pessoas mais simples que conheço. A mulher que conseguir derreter o gelo em
volta daquele coração terá encontrado um tesouro.
Falou isso olhando tão profundamente nos olhos de Bella que ela teve a
certeza que ele desconfiava de alguma coisa.
Preferiu ficar em silencio.
_ Vamos acompanhar? Sei que está aflita para vê-lo.
Bella fechou a cara quando viu a ruiva curvada sobre a grade de proteção,
acompanhando Edward com o olhar. Emmett deu uma risadinha e falou um
pouco mais baixo.
_ Não se preocupe. Essa daí só faltou tirar a roupa na frente dele, mas
acredite-me... ele teve a mesma reação que teria se fosse eu a fazer isso.
Bella suspirou, aliviada. Edward era seu e vadia nenhuma iria mudar isso.
Passou todo o treino ao lado do Emmett, vibrando com ele. Como não poderia
deixar de ser, Edward fez o melhor tempo e a pole position era dele.
_ Gostei de você, Emmett. Obrigada pela companhia.
_ Eu também. Te espero aqui no domingo para torcermos juntos.
_ Estarei aqui, com certeza.
Emmett abraçou Bella, pegando-a de surpresa e erguendo-a do chão. Quando
a soltou a primeira coisa que viu foi Edward parado logo atrás, estreitando os
olhos ao ver a cena. Emmett apenas abriu um largo sorriso e acenou para
Bella.
_ Ótimo treino, chefinho. Até domingo.
_ Ficaram amiguinhos rápido hein?
Bella se aproximou, mas sem ficar muito colada a ele para não chamar
atenção.
_ Sabe o que tenho vontade de fazer ao ver essa cara de ciúmes? Jogar você
naquela cama enorme, arrancar sua roupa, beijar seu corpo inteiro e...
_ Bella!
Ele falou e só então Bella percebeu como ele estava vermelho e com a
respiração alterada.
_ Pare com isso, por favor.
_ Desculpe.
_ Vamos? Estou cansado.
Bella o seguiu, mas assim que entraram no carro, aproveitando os vidros
escuros, Edward a puxou pela cintura, buscando sua boca com sofreguidão.
Mas Bella nem teve tempo de se animar e Edward a soltou.
_ Poxa...
_ Você me vira a cabeça, Bella. Ainda faço uma loucura.
Ela se ajeitou no banco do carro, virando a cabeça para a janela e sorrindo.
Pois seria nessa noite!
Ao chegarem ao hotel, Edward a convidou para um banho. Eram quase seis da
tarde.
_ Acho que vou comer mais um pouco de sorvete. E não quero tomar banho
agora.
_ Tudo bem então.
_ Além do mais não quero ser culpada de seduzir você.
Edward não escondeu seu descontentamento. Mas Bella estava certa. Ele a
culparia com certeza. Mas Bella o enlouquecia sem fazer grande esforço. Ele
que era um fraco, incapaz de resistir a sua paixão por ela. Mas apesar de tudo
estava feliz a ponto de explodir. Apesar de passarem pouco tempo juntos,
foram os melhores dias da vida dele. Sua felicidade foi ainda maior quando
Bella se convidou para assistir ao treino. Pensou que talvez ela não fosse se
sentir à vontade, já que olhares maliciosos poderiam captar a aura de romance
que os envolvia.
Entrou sob a ducha, sentindo seus músculos relaxarem imediatamente. Não
iria demorar muito no banho, apesar de estar realmente cansado. Gostava de
conversar com Bella, namorar um pouco antes de dormirem.
Saiu do banho e vestiu apenas uma boxer branca. Ao voltar para o quarto viu
Bella enfiar a colher cheia de sorvete na boca, com os olhos gulosos
percorrendo seu corpo. Não escondia sua satisfação ao perceber o efeito de
seu corpo sobre ela. As mãos dela tremiam quando pegou o pote e levou de
volta ao freezer.
_ Eu... acho que vou tomar um banho.
_ Mas você disse que não queria...
_ Deu... hum... calor...
Afastou-se rapidamente e pegou uma pequena valise, dirigindo-se ao
banheiro. Edward deitou-se na cama e ligou a tevê, procurando algum filme
interessante enquanto esperava por ela. Passou por vários canais, remexeu-se
na cama, quase cochilou... Bella nunca demorou assim num banho.
Bocejou, abriu e fechou os olhos novamente. Estava quase voltando a cochilar
quando percebeu claramente um vulto passando. Abriu os olhos, arregalou-os
e engasgou. Engoliu em seco, olhando-a de costas enquanto penteava os
cabelos. Girou na cama, ficando de costas e apoiou-se nos cotovelos, a
garganta seca, mas a boca salivando.
Que merda de roupa era aquela? Uma micro camisola rendada que não
ocultava nada. Edward passou a mão no rosto e voltou a se deitar enquanto ela
caminhava até a cama. O cheiro dela estava em toda parte...
morangos...deixando-o louco, atordoado.
Bella deitou-se na cama e bocejou também.
_ Nem tinha percebido como estava cansada.
Edward nada respondeu, mas girou o corpo, colocando-se sobre ela, jogando
todo seu peso sobre Bella.
_ Você quer que eu perca o controle não é? É isso o que quer.
_ Eu só quero que você me ame, Edward.
Talvez ele estivesse cansado de se negar a ela. Talvez ela estivesse levando-o
ao seu limite. Ou talvez... ele simplesmente estivesse tão desesperado de
desejo quanto Bella. O fato é que Edward a beijou, primeiro ardorosamente e
aos poucos foi suavizando, como se degustasse uma fruta. Desceu seus lábios
pelo pescoço dela até alcançar seus seios. Baixou a alça da camisola,
expondo-os e acariciando com as mãos e depois com a boca. Bella suspirava e
se remexia sobre ele, passando as mãos pelas costas largas de Edward.
Quando Edward desamarrou o laço de frente da camisola, Bella gemeu alto.
Girou a cabeça para o lado, abafando outro gemido. Apesar de carinhoso,
Edward a pegava com força e isso estava deixando-a maluca. Continuou
acariciando os seios dela enquanto descia beijos pelo seu corpo até encontrar
seu sexo. Se da primeira vez Edward a fez delirar, dessa vez ele a fez gemer
feito uma vadia. Mas ela não se importou. Fechou suas pernas, prendendo-o
ali, enquanto sua língua enfiava-se profundamente em seu sexo úmido.
Edward estava completamente embriagado com o cheiro que emanava do
corpo de Bella. Aliás tudo nela estava enlouquecendo-o. Aquela mulher deve
ter se banhado completamente com morangos, sua fruta predileta. Até mesmo
seu sexo tinha o gosto da fruta, fazendo Edward morde-lo, sem conseguir se
conter. Bella remexeu os quadris freneticamente e o puxou pelos cabelos. Ao
se colocar novamente sobre ela, Bella o afastou, já puxando sua boxer e
expondo seu membro. E então ela fez o que vinha sonhando... levou-o a boca,
sugando, lambendo, raspando os dentes levemente e voltando a engoli-lo
quase por completo.
Edward não era mais dono de si. Não segurava os espasmos de seu corpo ao
sentir a boca gulosa se apossar do seu membro, provocando ondas de choque
em seu corpo. Agora não tinha mais como voltar atrás. Todo seu corpo
clamava por aquela união. Pegando Bella pelos braços, ele a jogou de volta na
cama e se afastou. Ela apenas o observou, sabendo exatamente o que ele faria.
Foi até a mala e voltou com uma embalagem de preservativo. Retirou um e
deslizou sobre o pênis ereto, sem deixar de olhar nos olhos de Bella. Ao se
deitar novamente sobre ela, Edward beijou carinhosamente seus olhos,
bochechas, nariz e por fim sua boca.
_ Eu te amo, Bella. Amo demais.
_ Eu também amo você. E quero ser sua.
Passando a mão por trás de sua cabeça, Edward segurou Bella pela nuca, não
querendo perder a conexão entre seus olhos. Com a mão livre, segurou a perna
dela e levou até sua cintura, para depois segurar seu pênis e colocá-lo em sua
entrada.
Beijaram-se mais uma vez, ambos sentindo o coração disparado e a respiração
alterada apenas pela expectativa.
Quando Edward empurrou os quadris e a cabeça penetrou o corpo de Bella,
ela ameaçou fechar os olhos.
_ Não... não faço isso.
Ela voltou a abri-los, olhando-o ternamente. Edward empurrou mais e quando
se sentiu completamente dentro dela, soltou um suspiro. Automaticamente
Bella ergueu a outra perna, passando-a também pela cintura dele.
_ Oh... Edward...
Gemeu, apertando seus ombros. Edward deixou a cabeça cair no pescoço dela,
suspirando pesadamente. Somente quando Bella se remexeu, ele voltou a
erguer a cabeça. Ambos com lágrimas nos olhos, começaram a se mover, os
corpos em perfeita sintonia, as mãos tocando o rosto um do outro, os corações
batendo em perfeito compasso.
Aos poucos a urgência se fez presente e os dois começaram a se movimentar
mais rápido, gemendo o nome um do outro até alcançarem o pico mais alto do
prazer. Edward a abraçou com tanta força que Bella gemeu de dor. Mas nada
disso apagava o prazer imenso que acabou de sentir.
_ Bella... Bella... foi... isso foi...
_ Eu sei.
Não tinham palavras. Olharam-se por longo tempo até que Edward encostou
sua testa na dela. Bella sentiu quando as lágrimas dele se misturaram às dela.
Era apenas emoção por finalmente pertencerem um ao outro.
**********
No dia seguinte Edward não queria sair da cama. Bella despertou a fera e
agora teria que arcar com as consequências. Edward não conseguia afastar as
mãos do corpo dela e por isso ficaram na cama até as duas da tarde.
Felizmente seus pais e irmãos só chegariam à noite, o que quer dizer que só
iriam se encontrar na manhã da corrida.
Assim Edward e Bella passaram o sábado se amando, descansando...e se
amando novamente.
O domingo amanheceu frio, mas Bella se sentia aquecida nos braços de
Edward.
_ Acho melhor levantarmos. Daqui a pouco o pessoal chega e será difícil
explicar que estamos no mesmo quarto.
_ Não por isso. Eu reservei um outro quarto. Se eles resolverem vir aqui...
levamos suas malas pra lá.
_ Você pensa em tudo mesmo.
_ Não mais. Agora eu só penso em você, em amar você.
_ Meu Deus, Edward... o que fizeram com você?
_ Você fez. Quem mandou me seduzir?
_ Ei... eu não fiz isso.
_ Você e aquela maldita camisola.
Bella sorriu e se espreguiçou.
_ Se eu soubesse que seria tão fácil.
_ Confesso que fui fácil demais pra você. E não me arrependo.
Levantou-se e puxou o cobertor, deixando-a nua.
_ Levante-se. Hora do banho.
Ela ergueu os braços e ele a pegou no colo. Tomaram banho e uma hora
depois saíram do hotel. Carlisle ligou e avisou que devido a um atraso no voo
iriam diretamente para o autódromo. Chegando lá o nervosismo tomou conta
de Bella. Estava com medo que as últimas horas interferissem na concentração
de Edward.
_ Promete que não vai pensar em nós dois enquanto estiver correndo?
_ Claro que vou. Será meu estímulo.
Foram em direção ao boxe, mas antes de chegarem lá... encontraram a família.
Rose correu para abraça-los, os olhos brilhantes e as bochechas coradas.
_ Oi gente... ai estou amando isso.
Olhou para trás e Bella percebeu de imediato qual era o motivo.
_ Oi mana. Foram bem de viagem?
_ Fora Alice vomitando o tempo todo.
_ Gravidez é assim mesmo, Rose.
_ GRÁVIDA?
Edward e Bella perguntaram ao mesmo tempo. Jasper sorriu e acariciou a
barriga de Alice.
_ Descobrimos há três dias. Dois meses apenas.
_ Oh... parabéns.
Edward abraçou os pais bem apertado e depois eles abraçaram Bella.
_ Pelo jeito os dias aqui fizeram bem a vocês. Estão com uma cara ótima.
_ Edward é uma boa companhia.
_ Bella é uma boa companhia.
Falaram ao mesmo tempo.
_ Bem, pessoal... eu preciso me preparar.
Esme segurou as mãos dele e rezou.
_ Boa sorte, meu filho. Que Deus o acompanhe.
_ Amém.
Carlisle deu mais um forte abraço em Edward, também desejando boa sorte.
Os demais também desejaram uma boa corrida, mas já antecipando a vitória.
Dessa vez precisavam se conter. Bella o abraçou rapidamente, mas sussurrou
em seu ouvido.
_ Boa sorte, amor.
_ Oh Deus, Bella... ele está com uma expressão tão serena. Não está com
aquela frieza tão característica dele.
Esme falou assim que Edward se afastou.
_ Ele tem se soltado um pouco, mas ainda é bem reservado.
_ Bom... vamos ocupar nossos lugares?
Rose puxou Bella pela braço enquanto procuravam seus lugares.
_ Você esteve aqui nos treinos?
_ Apenas um dia, por que?
_ Por Deus... quem é aquela gostosura de homem?
_ Emmett. Conversamos um bom tempo. Ele é bem legal.
_ Solteiro?
_ Tem namorada... mas acho que você e sua beleza conseguem dar um jeito
nisso. Aliás... pelo olhar dele...
Emmett olhava embevecido para o gingado da loira enquanto se afastavam. Se
ele soubesse que Edward tinha uma irmã como aquela...
Ocuparam seus lugares e Bella passou a morder nervosamente as pontas dos
dedos. Seu coração deu um salto ao ver o carro de Edward. Por que ela tinha
mania de pensar besteiras em momentos impróprios? Por que tinha que se
lembrar do melhor piloto do mundo que morreu há anos numa pista de
corrida?
_ Deus... não permita que nada aconteça a ele.
Assim que foi dada a largada... toda a família começou a vibrar. Seriam
provavelmente duas horas de prova. Duas horas até saberem se Edward seria
mesmo campeão pela sexta vez consecutiva.
**********

Setenta voltas, duas horas e meia de prova, duas largadas, três


acidentes, sendo que em um deles Edward rodou na pista e por pouco não saiu
da competição. Após tudo isso Bella conseguiu respirar aliviada, entre risos,
abraços e choros. Rosalie e Jasper gritavam feito loucos. Alice mais contida
abraçava Esme e Carlisle ao mesmo tempo. Depois de ter sido esmagada nos
braços dos irmãos, Bella se afastou um pouco, aproximando-se mais, a
procura de um lugar onde pudesse ver Edward sendo coroado, ovacionado
mais uma vez como o melhor do mundo.

Bella levou as mãos aos lábios no momento em que o viu subir ao topo
do pódio, receber o troféu e a tradicional champanhe. Colocou a enorme
garrafa de lado e seu olhar percorreu a multidão... procurando.

Fez um sinal de positivo com o polegar assim que avistou sua família.
Desviou o olhar e um pouco mais à frente encontrou Bella. Seus olhares se
cruzaram e foi como se fossem levados novamente ao passado... há sete anos.
Bella levou a mão ao lado direito do peito e Edward entendeu seu gesto. Era
como se ele visse novamente a adolescente linda pela qual se apaixonou. A
diferença era que agora ela era uma mulher feita e ele não era apenas um
rapaz apaixonado. Era um homem que amava com toda força de seu ser. Entre
lágrimas, Bella moveu os lábios.

_ Eu amo você, campeão.

Sorriu, sentindo o gosto salgado escorrer por entre seus lábios. E seu
choro aumentou ainda mais quando viu Edward erguer o troféu, apontando em
direção a ela... e um sorriso lindo, o mesmo sorriso de sete anos atrás surgir no
rosto dele.

Notas finais do capítulo


Próximo capítulo... exame de DNA.
reta final da fic.

(Cap. 10) Capítulo 9


Notas do capítulo
Obrigada lana salvatore pela recomendação. ♥

Área vip da boate reservada especialmente para o grande campeão do


dia. Rose e Jasper já haviam planejado isso há alguns dias através de contato
telefônico. Sabiam, tinham absoluta certeza que Edward se sagraria como
campeão e queriam comemorar. Até mesmo Jake, que chegou atrasado devido
a própria teimosia em não querer deixar a mansão fechada, estava presente.
Além deles, estava toda a equipe que trabalhava com Edward.

Ninguém tocou no assunto, mas todos ainda estavam surpresos por


verem novamente um sorriso no rosto de Edward. Carlisle e Esme tinham
certeza que Bella deveria ter conversado muito com ele e lhe dado bons
conselhos. Jasper acreditava que Edward estava apaixonado, mas em
momento algum pensou na hipótese de ser Bella. Alice, que já sabia pela
própria Bella que ela estava apaixonada, desconfiou que Edward era sua
paixão. Mas somente Rose foi capaz de tentar tirar isso a limpo.

Enquanto Edward conversava com Emmett, Jasper e Jake, Rose se


aproximou de Bella.

_ Ainda não acredito que vi o sorriso de Edward novamente.

_ Acho que ninguém acredita. Não ouviu um “Oh” da parte dos


fotógrafos?

_ Pois é...

Rose brincou com o copo, passando os dedos pela borda.

_ Bella... seja lá que merda esteja acontecendo entre vocês dois... eu


não julgo.
Bella arregalou os olhos.

_ Como? Eu não entendi.

_ Não se faça de boba comigo. Olhe... eu te amo, da mesma forma que


amo Jasper e Edward. Mas sinceramente... eu a vejo como meia irmã mesmo.
Quer dizer... não é totalmente correto, mas você e Edward tem apenas parte do
mesmo sangue.

_ Rose, eu...

_ Não precisa dizer nada. Eu já saquei. Só... fiquem preparados. Nossa


sociedade é preconceituosa... não vai ser fácil pra vocês dois.

_ Obrigada pelo apoio.

_ Agora eu entendo tudo. O motivo pelo qual foi embora, essa tristeza
do Edward... no fundo tudo se resumia a amor.

Bella deu um sorriso e Rose a abraçou. Do outro lado, mesmo


conversando, Edward não desgrudava os olhos da dupla. Bella sorriu e sentiu
seu coração disparar ao ver que ele retribuía.

Felizmente conseguiriam passar a noite juntos. Passavam das sete da


noite quando saíram da boate. Alice e Jasper foram para o quarto, afinal ela
ainda estava com enjoos. Jake, apesar da insistência de Edward decidiu voltar
no voo das vinte e uma horas. Carlisle e Esme também foram para o quarto. E
Rose foi esticar a noite na companhia do Emmett.

_ Filho... nem preciso dizer o quanto estou orgulhoso de você, não é?

_ Eu sei, pai. E só posso agradecer pelo carinho e... principalmente


paciência durante todos esses anos.

_ Não fale assim. Amamos você, não é Carl? Aliás... amamos todos
vocês incondicionalmente.

Carlisle não cabia em si de felicidade. Dessa vez nem tanto por mais
um campeonato conquistado, mas por ver novamente o brilho nos olhos e o
sorriso realmente feliz de Edward. Seja lá o que Bella tenha dito a ele, com
certeza fez muito bem. Sete anos com um olhar sem vida... e agora ele
desabrochava novamente.

Esme pegou uma mão de Edward e outra de Bella, levando as duas aos
lábios.
_ Não sabem como estão nos deixando felizes. A família unida
novamente.

_ Nunca fomos desunidos, mãe.

_ Mas estavam afastados, Edward. E agora tudo parece estar perfeito.


Não há melhor remédio para um coração de mãe do que esse.

Eles se abraçaram, desejando boa noite.

_ Seu quarto é nesse andar, Bella?

_ Sim, pai. Mas Edward e eu ainda vamos tomar algo no bar do hotel.

_ Façam isso. Comemorem bastante.

Assim que Carlisle e Esme entraram no elevador, Edward e Bella


entraram para o quarto. Nem bem fecharam a porta e Edward esmagou o
corpo de Bella contra a parede. Suas bocas se encontraram urgentes e as mãos
ávidas percorriam cada parte do corpo do parceiro.

_ Meu campeão... amo você.

_ Ah Bella...

Edward beijou-a mais uma voz, antes de se afastar com ela no colo em
direção à cama.

_ Se soubesse como precisei me segurar para não puxar você para


aquele pódio e beija-la ali mesmo.

_ Não precisa se segurar agora, meu amor.

_ E eu planejo fazer muito mais que beijar você.

_ Use e abuse...

_ Com certeza. Mas essas curvas são as mais perigosas que já conheci.

Bella riu e Edward acompanhou. Sorrir agora...nunca pareceu tão fácil.

********

Tarde de quarta-feira e Bella começava a se sentir irritada. Chegou de


viagem na segunda feira e para não levantar suspeitas, foi para a casa da
família. Na terça pela manhã, ela e Edward foram até um laboratório
conceituado onde colheram amostras para o exame de DNA. Almoçaram
juntos e fizeram amor, não necessariamente nessa ordem. Novamente não
passaram a noite juntos. E hoje ainda não tinham se visto. Além de Edward
estar ocupado demais, dividido entre reunião com a equipe e entrevistas à
imprensa, Bella resolveu sair à procura de emprego. Carlisle teimou em
interferir e dar sua recomendação, mas Bella não aceitou. Queria conseguir
trabalho por seu próprio mérito e não por carregar o sobrenome Cullen.
Passou a manhã entregando currículo e indo a duas entrevistas agendadas no
dia anterior. Agora aguardava pelo telefonema de Edward para que se
encontrassem. O celular não saia de sua mão e de hora em hora ela conferia se
havia alguma mensagem.

_ Bella, querida…venha ver a entrevista do seu irmão.

Bella correu até a sala ao ouvir o chamado de Esme. Sentou-se ao lado


dela, os olhos já vidrados na tela da televisão. Fez um esforço para segurar um
suspiro ao ver como ele estava lindo. Usava calça, jaqueta e sapatos pretos e
camisa branca. Bella só não gostou da forma como a repórter se comportava,
claramente jogando seu charme para cima dele. E odiou ainda mais o
comentário do pai, que acabava de se sentar ao lado dela.

_ Não sei por que ele ainda está solteiro. As mulheres suspiram por ele
e Edward sequer percebe.

_ Já pensou que o coração dele já pode ter dona, Carl?

_ Mas se tem por que não estão juntos?

_ Sabe que Edward sempre foi discreto quanto a sua vida pessoal. E eu
não gosto de ficar me metendo, mesmo sendo mãe. Quando ele achar que
deve nos contar algo, com certeza o fará.

_ Você sabe de alguma coisa, Bella?

_ Eu?

_ Sim. Estão mais amigos, mais chegados. Ele nunca comentou nada?

_ Não.

_ Aliás, você também hein? Deixou algum namorado em Milão?

_ Lógico que não. Eu estava lá focada em meus estudos.

_ E nos encheu de orgulho, sabe disso. Aliás eu estive conversando


com Esme.
_ Sobre o que?

Carlisle e Esme se entreolharam. Conheciam a garota muito bem para


saberem que provavelmente ela não iria aceitar aquela proposta. Mas não
custava tentar.

_ Por que ao invés de ficar procurando um emprego, você não abre sua
própria clínica?

Bella rolou os olhos. Até já sabia onde iriam chegar.

_ Sabe que não tenho dinheiro pra isso. E não! Não irei aceitar dinheiro
de vocês.

_ Querida, você é nossa filha. Nada mais natural que dar nossa ajuda.

_ De jeito nenhum pai. Mais pra frente, quando eu conseguir guardar


algum dinheiro, ai sim, abrirei minha própria clínica.

Carlisle balançou a cabeça. Teimosa. Chegou a pensar na hipótese de


conversar com Edward. Mas então se lembrou que ele e Bella ficaram mais
unidos a pouco tempo. Talvez se ele tentasse interferir, isso pudesse
prejudicar o relacionamento deles. Achou por bem, deixar do jeito que estava.
Talvez com o tempo Bella mudasse de ideia.

Deixaram o assunto de lado e voltaram a prestar atenção a entrevista.


Enquanto a oferecida entrevistava o outro piloto, Edward remexeu em seu
celular.

_ Olhe ele. Aposto como está mandando alguma mensagem para o


Jake.

_ Fico satisfeito demais com a amizade deles.

Bella ficou tensa ao sentir o celular vibrando em sua mão.

_ Vou tomar água. Já volto.

Correu até a cozinha e abriu a mensagem, sorrindo antes mesmo de ler


seu conteúdo.

“Quero sair logo daqui. Não aguento mais essa mulher sem noção.
Pode se encontrar comigo em frente à emissora? Tenho uma novidade para te
contar.”

Rapidamente Bella respondeu.


“A que horas?”

A resposta veio rápida.

“Em meia hora”.

Ela apenas digitou um ok e voltou para a sala.

_ Eu vou sair. Tenho mais alguns currículos para entregar.

_ A entrevista já acabou também. Volta pra casa hoje?

_ É provável que sim.

Respondeu já sentindo um gosto amargo por não ficar com Edward.


Teria que dar um jeito de sair da casa dos pais rápido. Mas sem trabalho... sem
dinheiro para alugar qualquer coisa. Claro que tinha algum dinheiro guardado
da época em que trabalhou em Milão, mas se fosse pagar um aluguel, ficaria
pobre em menos de um ano.

_ Vou ligar para o Edward. Talvez ele venha jantar conosco.

Bella deu um beijo no rosto dos dois e saiu para finalmente se


encontrar com ele. Assim que saiu do taxi, Edward passou pela porta de
entrada, acompanhado pelo outro piloto que Bella não se lembrava do nome.
Os dois se despediram com um aperto de mão. Edward foi até Bella, seu olhar
percorrendo-a de cima a baixo, demonstrando sua saudade.

_ Oi.

_Oi. Ainda bem que teve a ideia de vir de taxi. Quero você comigo e
não em carros separados.

_ Imaginei isso. Vamos? O que tem pra me contar?

_ Sabia que seria a primeira coisa a perguntar. Pensei que me daria um


beijo.

_ Sabe que não podemos aqui.

_ Sim, eu sei. Estava só brincando.

Foram até o volvo, Edward abriu a porta para que Bella entrasse e deu
a volta, entrando no carro. Deu a partida e só então começou a falar.
_ Eu estive conversando com o Jake ontem e ele me incentivou a
perguntar isso. Claro que já tinha pensado na hipótese mas não tive coragem
de propor.

_ O que é?

_ Por que você não abre sua própria clínica?

Bella ergueu a sobrancelha, encarando-o.

_ O que foi?

_ Nosso pai pediu para que falasse isso?

_ Logico que não. Por que a pergunta?

_ Porque ele me falou isso agora há pouco. Está disposto a me ajudar


financeiramente, mas eu recusei.

_ Não conversei sobre isso com ele. Aliás, eu venho pensando nisso
desde quando você voltou. Olha... nem vem me falar que não tem dinheiro
porque sabe que eu posso ajudar.

_ Se eu recusei dos meus pais, irei aceitar de você?

Edward diminuiu a velocidade do carro e estacionou perto a uma praça.


Segurou a mão de Bella, girando levemente o corpo para olha-la.

_ Sabe que me ofende falando assim. Estamos juntos não estamos?


Tudo que é meu, será seu.

Bella balançou a cabeça. Não podia aceitar isso de Edward. Era...


estranho.

_ Por favor, Bella. Diga que sim. Eu amo você... sou seu homem. Por
que não aceitar minha ajuda?

Bella abriu a boca e em seguida mordeu os lábios, controlando a


vontade de agarra-lo e beija-lo. Aquelas palavras: sou seu homem, tiveram um
impacto que Edward não conseguiria dimensionar.

_ Meu homem?

_ Sempre.

_ Você não tem noção de como me deixa falando assim?


_ Eu tenho noção sim. Diga sim, por favor.

Bella suspirou pesadamente e encarou os olhos pidões de Edward. Ele


estava ajudando-a e ainda precisava implorar? Que espécie de mulher estúpida
ela era?

_ Tudo bem, eu aceito.

Ele abriu um sorriso largo, fazendo o coração de Bella disparar. Ainda


não estava acostumada a ver aquele sorriso deslumbrante novamente. Ofegou
e sem se conter, acariciou o rosto dele. Ele virou o rosto e beijou a palma da
sua mão.

_ Então vamos que irei lhe mostrar uma coisa.

Bella nem se atreveu a perguntar, sabia que ele não diria. Percorreram
mais algumas ruas e logo Edward estacionava o carro em frente ao que já foi
uma casa um dia. Amplas janelas de vidro enfeitavam a frente, assim como
uma larga porta de madeira. Havia um belo jardim em frente.

_ O que é isso?

Edward desceu do carro, deu a volta e abriu a porta pra ela.

_ Olhe bem se isso não daria uma clínica elegante, moderna...perfeita.

Bella o encarou por um tempo, o coração disparado no peito.

_ E isso... está para alugar? Está à venda?

_ Não mais.

_ Não mais o que?

_ Não mais à venda.

Dessa vez apenas meio sorriso torto, mas que também era o suficiente
para deixa-la de pernas bambas.

_ Eu comprei. Pra você.

Ela olhou para o rosto de Edward, olhou para o que seria sua clínica e
voltou os olhos novamente para ele. Sentiu os olhos marejados e passou
rapidamente as mãos nos olhos. Deu dois passos em sua direção e o abraçou
com força.
_ É perfeita.

_ Gostou mesmo?

_ Amei.

Eles se afastaram e Edward segurou sua mão. O que ele não faria para
ver aquela mulher feliz? Para ver aquele brilhos nos olhos dela?

_ Está me deixando mal acostumada com tanto carinho.

_ Eu lhe devo sete anos de carinho, amor.

Bella o abraçou de novo e Edward não resistiu. Vinha se refreando há


sete anos. Sete anos guardando aquele amor. Quando sentia Bella em seus
braços, tudo desaparecia ao seu redor. Ele literalmente se esquecia de tudo.
Esquecia que precisavam se resguardar, precisavam conversar com a família.
E agora se esqueceu, que principalmente nesses dias, ele estava mais em
evidência do que sempre. Qualquer coisa que se referia a Edward Cullen
virava notícia.

Quando Bella ergueu o rosto e sorriu para ele, Edward não se


controlou. Beijou-a com paixão demonstrando seu amor para quem quisesse
ver.

Notas finais do capítulo


Ainda não foi o resultado do DNA. Apenas postei esse capítulo agradecendo a
lana salvatore pela recomendação.
O próximo sim... o estouro da bomba e a revelação do exame.

(Cap. 11) Capítulo 10


Bella o abraçou de novo e Edward não resistiu. Vinha se refreando há
sete anos. Sete anos guardando aquele amor. Quando sentia Bella em seus
braços, tudo desaparecia ao seu redor. Ele literalmente se esquecia de tudo.
Esquecia que precisavam se resguardar, precisavam conversar com a família.
E agora se esqueceu, que principalmente nesses dias, ele estava mais em
evidência do que sempre. Qualquer coisa que se referia a Edward Cullen
virava notícia.
Quando Bella ergueu o rosto e sorriu para ele, Edward não se
controlou. Beijou-a com paixão demonstrando seu amor para quem quisesse
ver.

2 dias depois

Parado à porta do banheiro, os braços cruzados em frente ao peito,


Edward observava a mulher adormecida em sua cama. Passou a noite
praticamente em claro, pensando numa forma de resolver aquela situação.
Queria Bella morando com ele, mas não sabia como fazer isso sem parecer
estranho diante dos olhos da família. Ele sempre gostou daquele isolamento,
daquele clima austero e solitário. Talvez porque estivesse congelado por
dentro. Porem isso mudou. Bella aquecia seu coração, seu corpo, sua mente.
Estava completamente diferente daquele Edward que subiu ao pódio no
domingo. Ainda hoje, quando faziam alguma referência à ele, fatalmente
especulavam o motivo de sua mudança. Claro, a maioria atribuiu o fato à uma
mulher, só não faziam ideia de quem seria. Sua vida pessoal sempre foi
completamente fechada para a imprensa, e somente conheciam os pais e os
irmãos por causa da época em que ele ainda era alguém sociável. Felizmente
Bella era assunto desconhecido para os meios de comunicação. Desde quando
foi reconhecida por Carlisle ela preferiu continuar no anonimato.

Edward se aproximou da cama, sentou-se e beijou o ombro desnudo de


Bella. Ela resmungou, se remexeu e girou o corpo, ficando deitada de costas
na cama.

_ Bom dia.

_ Bom dia, Edward.

Reparou nas roupas dele e nos cabelos úmidos, fazendo bico.

_ Por que não me chamou?

_ Dormimos tarde. Preferi deixa-la dormir um pouco mais.

_ Vamos continuar nossa maratona hoje?

_ Animada?

_ Muito.
Desde o dia em que mostrou o lugar que comprou para que montasse
sua clínica, Edward e Bella vinham procurando profissionais para colocarem a
clínica da forma que ela imaginava. Procuraram por um arquiteto que acabou
por indicar também uma decoradora. Hoje Edward planejava procurar móveis
para a recepção da clínica.

_ Então levante-se e tome um banho. Jake já deve ter preparado o café.

Mas antes de se levantar, Bella ergueu os braços e puxou Edward sobre


seu corpo.

_ Sei que devo estar com bafo matinal, mas você disse que não se
importa.

_ Não mesmo.

Edward a beijou, buscando sua língua e Bella ergueu uma das pernas
para enlaçar sua cintura. O lençol foi afastado com esse gesto, fazendo
Edward gemer ao contato da pele quente de Bella com sua mão. Mordeu
levemente os lábios dela e se afastou sorrindo.

_ Nem tente me desviar do bom caminho. Vá tomar seu banho.

_ Chato.

Ela se levantou e caminhou gloriosamente nua até o banheiro. Edward


a seguiu com o olhar e balançou a cabeça, liberando sua respiração com mais
força. Saiu do quarto e foi em direção a sala de jantar onde Jake estava.

_ Bom dia Jake.

_ Bom dia. Dormiram bem?

_ Sempre.

Jake colocou a bandeja com o bolo sobre a mesa e apoiou o braço no


encosto da cadeira. Estava preocupado com uma coisa boba que passou pela
sua cabeça, e sendo um bom amigo, achava-se no direito de perguntar.

_ Edward... você e Bella tem saído muito nesses dias.

_ Sim. Sabe que sim. Por que?

_ Vocês não estão dando bandeira não é? Tudo bem, eu acho mais do
que lindo esse amor de vocês e de forma alguma acho que deveriam esconder
isso. Mas acho que deveriam comunicar isso a sua família primeiro.
_ Claro. Você está certíssimo. Mas por que está falando isso? Qual o
problema em sair com ela?

_ Só estou perguntando se não estão deixando transparecer demais que


estão apaixonados. Porque, pelo menos pra mim, isso transborda em cada
gesto de vocês.

Edward ficou pensativo por um tempo, lembrando-se de dois dias atrás


quando beijou Bella em frente a futura clínica. Foi um deslize, admitia, mas
ele logo olhou em volta e não havia ninguém “suspeito”, do tipo encarando-os
demais. No dia anterior saíram juntos, mas ele se segurou. Nem mesmo
deram-se as mãos.

_ Estamos tomando cuidado Jake. Somente um dia eu a beijei, mas eu


vi que não havia ninguém por perto.

_ Tome cuidado, Edward. Você é campeão novamente. Está em


evidência. Além do mais estão todos especulando para saber o motivo do seu
sorriso após sete anos.

_ Tomarei cuidado. Obrigado pela preocupação.

_ Não há de que, mas onde está a princesa?

_ No banho. Vamos sair daqui a pouco.

Jake se retirou e Edward voltou a ficar pensativo. Não gostava nada


dessa ideia de ficar mentindo para a família. Na quarta-feira jantaram com
eles e Edward acabou contando a novidade. Os pais não poderiam ter ficado
mais felizes com a notícia. Além de Bella finalmente ter aceitado ajuda, eles
estavam se entendendo cada vez mais. Por isso não estranharam tanto o fato
de ela estar passando alguns dias com ele. Mas Rose deu um sorriso cínico e
somente então Bella confessou a Edward que Rose já sabia.

Felizmente a irmã sempre teve a mente aberta, livre de qualquer


preconceito e não os julgou. Mas ele tinha certeza que não seria fácil com os
demais. Seu maior medo era a mãe. Esme já foi incrível demais por aceitar
Bella sem nenhum rancor. Achava que agora seria exigir demais dela.

Edward voltou ao presente quando sentiu o cheiro dela. Ergueu a


cabeça e sorriu ao vê-la se aproximando, simples e linda numa calça jeans,
camisa preta e jaqueta também preta. Sentou-se ao lado dele, beijando-o
levemente.

_ Percebi que está pensativo. O que foi?


_ Estava conversando com o Jake. Está preocupado conosco. Com
medo que a gente não consiga disfarçar nosso amor.

_ Confesso que faço um esforço fora do normal.

_ Eu também.

_ Ele está certo. Não podemos deixar que nossa família saiba depois de
todo mundo.

_ Eu quero esperar o exame primeiro.

_ Eu já disse que isso é besteira, mas tudo bem. Iremos esperar até
segunda-feira. Iremos lá bem cedo para pegar o resultado.

_ Tudo bem, mas agora vamos pensar em coisas mais alegres?

_ Basta pensar em você, então.

Bella colocou a cabeça no ombro de Edward. Estava vivendo os


melhores dias de sua vida, sem sombra de dúvida. E sabia que ele estava da
mesma forma. Por isso daria o máximo de si para que isso não acabasse.

Após o café os dois saíram, procurando por lojas de moveis. Bella


queria algo simples, mas Edward achava que moveis modernos combinavam
com ela. Foram a uma loja especializada em moveis para escritórios e
consultórios.

Foram atendidos por um moreno alto chamado Brandon. Edward logo


de cara o olhou de forma pouco amigável. Não passou despercebido a forma
como ele olhou para o corpo de Bella. Enciumado, passou o braço em volta da
cintura dela, puxando-a para mais perto.

_ Edward... aqui não.

_ Não há imprensa aqui, Bella.

_ Mas há pessoas que sabem muito bem quem você é. Não viu como o
cara está nos atendendo bem?

_ Pra mim ele está fazendo isso por sua causa.

Bella rolou os olhos e se afastou um pouco. Ficaram quase duas horas


naquela loja e ao saírem Edward já estava pra lá de irritado.

_ Faltou pouco para eu descer a mão naquele cara hein?


_ Pare com esse ciúme, por favor.

_ Da mesma forma que você parou com o seu?

Bella suspirou e se aproximou dele. Estavam agora no estacionamento,


ao lado do volvo. Bella tocou o rosto de Edward, acariciando-o.

_ Eu sei que ciúmes é normal, mas vamos tentar segurar as pontas? Por
favor.

_ Tudo bem. Desculpe. Foi... irracional da minha parte. Vamos... irei


leva-la a um lugar.

Quando ele falava assim, Bella sabia que não adiantava perguntar. O
jeito era esperar até chegarem ao destino. Percebeu que Edward estava saindo
um pouco da área residencial. Pegou uma estrada de terra até chegarem a uma
velha ponte. Abaixo dela um pequeno rio de aguas claras e calmas.

_ Que lugar é esse Edward?

_ Antigamente havia um convento aqui perto. Foi destruído pelo fogo.


Mas aqui tem um clima calmo, tranquilo. Queria ficar um pouco ao ar livre
com você.

Edward encostou-se no pequeno muro de cimento que cercava a ponte


e puxou Bella para os seus braços.

_ Tem certeza que não vem ninguém aqui?

_ Só com algum veículo. Mas ai iremos ouvir não é?

Bella sorriu e atirou os braços em volta do pescoço de Edward,


beijando-o. Ficaram quase uma hora por ali, namorando ou simplesmente
observando a paisagem.

Somente depois voltaram para casa, onde almoçaram, descansaram um


pouco e voltaram novamente para as compras.

Eram cinco da tarde quando Bella se jogou no banco do carro.

_ Chega. Estou morta.

_ Acho que exageramos hoje não é?

_ Você trocou as pilhas, Edward. Eu não.


_ Sabe há quanto tempo eu não fazia isso? Perdi a conta. Tinha me
esquecido como pode ser bom.

Bella girou a cabeça e o encarou, sorrindo. Ele estava tão entusiasmado


que mesmo cansada ela não teve coragem de poda-lo. Aliás, ela só poderia
ficar feliz. Que homem tinha coragem de ir às compras com uma mulher,
pagar tudo e ainda conseguir ficar com aquele sorriso perfeito no rosto?

_ Obrigada por isso.

_ Prometo que ao chegarmos em casa irei fazer uma massagem


relaxante em seu corpo inteiro.

_ Hum...

Bella se espreguiçou no banco, já imaginando as mãos dele em seu


corpo.

Edward prometeu e cumpriu, proporcionando alguns minutos da mais


deliciosa e relaxante massagem que Bella já teve. Sentiu seu corpo
revigorado, além de excitado. Porém, nessa noite os dois preferiram assistir a
uma comedia romântica antes de dormirem.

Quando se deitaram, Bella colocou a cabeça sobre o ombro dele.


Bocejou, fazendo Edward rir.

_ Fraca.

_ Falta de costume. Daqui a um tempo você não alcançará meu pique.

_ Veremos.

Ficaram em silencio, ambos de olhos fechados até Bella resolver falar.

_ Edward?

_ Hum?

_ Acha que Esme irá me odiar? Quando souberem da verdade?

_ Eu não diria odiar. Mas eu realmente temo a reação dela.

_ Eu também. Eu quase consigo ver a expressão de desgosto no rosto


dela. Ela me acolheu como filha e agora...

Ela estremeceu e Edward a apertou ainda mais em seus braços.


_ Não vamos antecipar as coisas, sim? Sei que pode ser difícil, mas o
importante é ficarmos juntos. Se um se afastar, o outro perde a força entende?

_ Sim. Ficaremos juntos, sempre.

Edward beijou seus cabelos e voltou a fechar os olhos.

_ Agora durma, anjo. Boa noite.

_ Boa noite, amor.

**********

Edward e Bella estavam saindo do banho na manhã seguinte quando


ouviram a campainha. Quem quer que fosse estava realmente com pressa.

_ Quem será?

Edward vestiu camisa e a calça e apenas passou a mão no cabelo. Bella


jogou um vestido qualquer sobre o corpo e saiu do quarto atrás de Edward.
Ainda nas escadas eles ouviram a voz alta de Carlisle falando com Jake.

_ EU QUERO VER EDWARD AGORA!

_ Pai? O que houve?

Acabaram de descer as escadas, vendo que a família toda estava ali.

_ Aconteceu alguma coisa, gente?

Bella perguntou e Carlisle que ainda estava de costas, virou-se. Os


olhos dele estavam vermelhos, os dentes trincados e sua expressão era de puro
ódio. Bella desceu o olhar para as mãos dele no exato momento em que ele
erguia a mão e balançava jornais e revistas para Edward.

_ PODE ME EXPLICAR O QUE SIGNIFICA ISSO?

Edward deu um passo à frente e pegou da mão do pai. Ele empalideceu


e se amaldiçoou ao ver as imagens e manchete.

A primeira foto era dos dois se beijando, no dia em que Edward levou
Bella para conhecer a clínica. Bella estava de costas na foto, mas a família
obviamente sabia que era ela. A manchete em letras garrafais dizia: “Príncipe
de gelo e sua princesa?”.
Edward olhou a revista e na capa haviam várias fotos. Dos shopping,
inclusive uma dos dois na varanda da mansão. Não se beijavam, mas a
expressão no rosto do dois dizia tudo. E a manchete: “Mistério revelado. O
motivo do sorriso do príncipe é a morena misteriosa.”

Bella, que estava ao lado de Edward, começou a tremer dos pés à


cabeça. Jasper olhava para os dois com expressão incrédula. Rose estava séria,
mas pronta para defender os dois. Alice preferiu não ir. Achava que cunhada
não era parente, não era tão intima assim para entrar num assunto tão
delicado. Esme tinha os olhos arregalados e estava tremula.

_ VAMOS EDWARD! DIGA! DIGA QUE NÃO ESTOU LOUCO E


QUE ESSA PORCARIA DE FOTO É UMA MONTAGEM.

Com uma calma impressionante, Edward jogou a revista e o jornal


sobre a mesinha de centro, puxou Bella pela cintura e encarou o pai.

_ O senhor não está louco. Essa porcaria de foto não é montagem. Essa
foto... é o que é. Eu e Bella nos beijando. Eu e Bella mostrando o que somos...
um casal que se ama.

Carlisle empalideceu novamente, ficou vermelho e então...avançou


sobre Edward, acertando-lhe um soco que o jogou sobre o sofá. Bella e Esme
gritaram e não se sabe como, no instante seguinte Jake agarrava Carlisle por
trás.

_ SEU MOLEQUE, IRRESPONSÁVEL. O QUE VOCÊ ESTÁ


PENSANDO? MANCHANDO NOSSA FAMILIA, DESONRANDO SUA
IRMÃ. ESQUECEU DISSO? ELA É SUA IRMÃ!

Bella correu até Edward, ajudando-o a se erguer. Seu lábio inferior


sangrava, mas ainda assim ele tentava manter a calma.

_ Eu a amo... e ela me ama.

_ NUNCA! VOCÊS...VOCÊS... SAIA DE PERTO DELA. ESTÁ


DESVIRTUANDO MINHA FILHA!

Com força fora do comum, Jake arrastou Carlisle até faze-lo se sentar.

_ Violência não os levará a nada. Poderiam por favor conversar? Com


licença.

Jake disse apenas e saiu. Esme rapidamente sentou-se ao lado de


Carlisle e segurou sua mão.
_ Meu filho... isso é verdade?

_ É verdade, mãe. Bella e eu nos amamos.

Jasper interferiu.

_ Meu Deus... vocês são irmãos. Não podem. Isso é... isso contra as
leis.

_ Que leis Jasper? Ultimamente eu só conheço a lei do amor. O resto é


invenção da sociedade.

Esme limpou algumas lágrimas. Edward apertou Bella em seus braços.


Ela também chorava e evitava olhar para o pai, que parecia em choque.

_ Como? Como isso foi acontecer?

_ Nenhum de nós procurou por isso, mãe. Quando nós nos


conhecemos, nem sabíamos que éramos irmãos. Nos apaixonamos à primeira
vista.

_ Quer dizer... vocês já se conheciam quando seu pai a apresentou


como filha?

_ Sim.

Então Edward contou tudo. Tudo o que aconteceu há sete anos, sem
omitir qualquer detalhe. Ouviam tudo em silencio inquietante. Carlisle tinha
os olhos vidrados no filho, mas parecia já não ter forças para esboçar qualquer
reação.

Quando Edward terminou seu relato, houve um instante de silencio.

_ Nossa... eu nunca imaginei isso. Meu Deus... como vocês sofreram.

Esme exclamou. Jasper se levantou e passou a mãos pelo cabelo.

_ Você já sabia Rose?

_ Descobri no dia da corrida. E quer saber? Eu apoio os dois.

Jasper encarou os irmãos e balançou a cabeça.

_ Por isso você era tão triste, tão sozinho. Nunca quis mulher alguma.
Olha... isso é meio estranho, meio demais pra minha cabeça. Mas... eu só
quero ver minha família feliz. Se vocês estão felizes juntos, quem sou eu para
julgar qualquer coisa? Eu não tenho esse direito. Ninguém tem.

_ Loucos... loucos...

Carlisle falou baixinho e voltou novamente os olhos para Edward. Ele


não fugiu do olhar do pai.

_ Você quer desgraçar a nossa família. Deveria ter se casado com


qualquer uma quando soube que eram irmãos. Talvez assim tirasse essa
perversão de sua cabeça, seu imundo.

_ Pare com isso, pai.

Bella falou, sentindo o coração se apertar de dor. Edward era a pessoa


mais incrível, mais honesta, mais amorosa que ela conhecia. Não era justo se
dirigir a ele nesses termos.

_ Edward se afastou quando soube. Eu também me afastei, fui morar


longe. Mas esse amor falou mais alto. Quando voltei, eu vim atrás dele. Eu me
declarei. Eu disse que não iria abrir mão desse amor. Não culpe Edward.

_ E VOCÊ NÃO O DEFENDA! É UM HOMEM FEITO, SABE QUE


ISSO É PECADO. DIGA A ELES, ESME. VOCÊ É MÃE DESSE
ORDINÁRIO. DIGA ALGUMA COISA.

Todos os olhares se voltaram para Esme. Bella tremeu ainda mais


quando ela a encarou. Seu medo maior sempre foi ela. E se Carlisle reagiu
daquela maneira... Esme seria bem pior. Bella chegou a se encolher junto a
Edward.

_ É chocante, não vou negar. Nunca imaginei isso. Sabe... eu acolhi


Bella como verdadeira filha. Mas por mais que eu a ame... ela só é filha de
Carlisle. Só é meia irmã.

_ PODE PARAR. NÂO VAI DIZER QUE ESTÁ A FAVOR DESSA


ABERRAÇÃO. JUSTO VOCÊ QUE É TÃO RELIGIOSA?

_ Carl...eu sou sim, religiosa. Sou católica, faço minhas orações, creio
em Deus. Mas isso não faz de mim uma pessoa hipócrita. Isso já existiu até
mesmo na Bíblia. Se estivéssemos aqui falando de sexo cru, por fazer, se
estivéssemos vendo um caso de simples luxuria, eu seria a primeira a ficar
contra. Mas isso... é amor. Está estampado no rosto deles. Eu não posso ser
contra isso. Deus não seria contra um amor tão bonito. Não sei como não
percebemos isso antes.
Carlisle se afastou, praticamente empurrando Esme. Olhou-a com
evidente nojo.

_ VOCÊ? ACEITANDO UMA HISTORIA DESSA? ELES SÃO


IRMÃOS. IR. MÃOS.

Carlisle berrou e então arregalou os olhos, olhando de forma estranha


para Esme. Bella já chorava, mas agora de felicidade por ver que pelo menos
Esme estava a favor deles. Se ela e Carlisle fossem contra, ela não sabia se
aguentaria.

_ A não ser que... Edward é mesmo meu filho?

Ninguém acreditou nos próprios ouvidos quando Carlisle disse aquilo.


Esme empalideceu e se colocou de pé.

_ Como ousa falar assim comigo, Carlisle? Eu sempre fui uma mulher
honesta, sempre amei você. EDWARD É SEU FILHO. Você foi meu primeiro
e único homem. Se estou do lado deles, é porque acredito no amor. No amor
que talvez você nem sinta, sabe por que? Quando tivemos nossa crise eu me
mantive fiel a você. E você o que fez? Arranjou logo outra para se aliviar.

Esme balançou a cabeça e olhou para Edward e Bella.

_ A crise em meu casamento começou quando seu pai quis ter mais um
filho. Já tínhamos você e Jasper. Confesso que fui meio egoísta e fútil. Não
queria ter outro filho para não ficar com o corpo feio, acabado. Mas seu pai
sonhava com uma garotinha. Eu comecei a tomar pílulas sem que ele
soubesse. E quando ele descobriu... desencadeou essa crise. Ele saiu de casa,
encontrou a mãe da Bella e teve um caso com ela.

Carlisle estava encolhido no sofá, chorando em silencio. Rose e Jasper


estavam abraçados, assim como Edward e Bella.

_ Nos reconciliamos e eu resolvi ter outra filha. Então veio Rosalie.


Quando Carlisle trouxe Bella, apresentando como sua filha... eu vi aquilo
como um sinal, sei lá. Ele se aventurou com Renne porque nos separamos. E
nos separamos porque ele queria uma filha. E Renne lhe deu essa garotinha.
Bella é apenas alguns meses mais velha que Rose. Acolher Bella como uma
filha era a maior prova de amor que eu poderia dar. E... eu realmente me
apaixonei pelo seu jeito doce assim que a vi.

Esme se levantou, foi até Edward e afagou seus cabelos. Depois beijou
os cabelos de Bella. Só então virou-se novamente para Carlisle.
_ Isso tudo se resume a amor, Carl. Por amor a você eu não me envolvi
com ninguém. Por amor a você eu acolhi sua filha com outra mulher. Eu amo
a Bella, amo meus filhos. E a felicidade deles está acima de qualquer coisa.
Está acima de preconceitos, de hipocrisia. Eles se apaixonaram sem sequer
saber quem eram. Eu não posso ser contra esse amor. Ninguém pode ser.
Ninguém é Deus... perfeito e acima de todas as coisas. Ninguém tem direito
de julgar, chamar de imoral. Nesse mundo tão cheio de violência, de ódio, de
infelicidade... eu jamais poderia ser contra o amor.

Virou-se para Edward e Bella que choravam e encaravam Esme.

_ Eu os amo... e estarei ao lado de vocês para o que precisarem.

Bella se levantou e se jogou nos braços de Esme, chorando alto.

_ Obrigada. Eu tive tanto medo de decepciona-la.

_ Só quero que sejam felizes, querida.

Edward também se levantou, assim como Jasper e Rosalie. Num abraço


comunitário eles prometeram força para superar olhares e conversas
maledicentes. Carlisle se levantou e olhou para a família. Sentia seu estomago
embrulhado e sua vontade era partir para cima de Edward novamente e
desfigurar seu rosto.

_ Eu irei lutar contra essa podridão até o fim. Edward... não se atreva a
colocar seus pés em minha casa novamente. Bella vem embora comigo.

_ Não. Eu ficarei com Edward.

Edward se colocou na frente de Bella, encarando o pai.

_ Ela não sai daqui. Eu a amo e ela me ama. Aceite isso.

_ Nunca. Eu vou acabar com essa palhaçada. E você Esme..

_ Edward será bem-vindo em NOSSA casa. Aquilo também é meu.

_ Eu nunca irei perdoa-la por isso.

_ Eu não pedi perdão. Você é quem deve pedir perdão por ter ao menos
cogitado a hipótese de Edward não ser seu filho.

Esme abraçou os filhos novamente e se despediu deles, arrastando


Carlisle que ainda olhou para Edward com ódio.
_ Se precisarem de qualquer coisa, podem me chamar. Sei que ando
meio distante... estou bobo ainda com a ideia de ser pai. Mas eu venho... é só
chamar que eu venho.

_ Obrigado Jasper. De verdade.

_Quanto a mim, nem preciso dizer não é? Agora o que tenho a dizer é o
seguinte... esqueçam isso. Sei que é difícil, afinal nosso pai que falou aquelas
barbaridades. Mas só o tempo agora poderá amenizar isso. Vão viver o amor
de vocês. Assim que sairmos daqui... se joguem naquela cama e pensem
apenas em vocês dois. Vocês merecem isso.

Edward quase esmagou Rose em seus braços.

_ Obrigado loira. Eu te amo.

_ Eu também meu irmão.

Ela e Bella também se abraçaram e pouco depois apenas Bella e


Edward estavam na sala. Ele esticou o braço e puxou-a para seu colo.

_ Sinto muito. Foi tudo culpa minha. Fui um irresponsável.

_ Tudo bem. Acho que de qualquer forma nosso pai não aceitaria.
Acho que... devemos esperar o tempo, como Rose disse.

Edward colocou a cabeça no peito de Bella e fechou os olhos. Ela


colocou a mão no lado esquerdo do peito dele.

_ Está doendo aqui, não está? As palavras dele foram duras.

Bella sentiu quando as lágrimas dele molharam sua pele.

_ Sim. Dói... mas você é minha cura. Eu só preciso de você.

_ Eu sei.

Eles se beijaram, primeiro lentamente e depois quase em desespero. Ao


mesmo tempo em que estavam alegres por Esme e pelos irmãos... eles
estavam tristes pelo pai. Não seria fácil daqui pra frente, sabiam disso.
Estavam feridos, machucados. Mas estavam juntos. E juntos permaneceriam.

*****

Sentados na sala, Edward e Bela olhavam para o envelope em suas


mãos. Jake havia trazido há alguns instantes e entregou a Edward. Após as
fotos terem saído na imprensa, a vida de Edward se tornou um inferno.
Repórteres e paparazzi em sua porta o tempo todo, telefonemas de jornais e
revistas pedindo uma entrevista. Tudo o que se pode imaginar para deixa-lo
furioso. Entendia que por ser uma pessoa famosa, o interesse seria imediato.
Mas ele nunca falou nada de sua vida pessoal e não seria agora que diria. Por
esse motivo, passaram todo o fim de semana trancados em casa.

Esme os visitou no domingo, assim como Alice e Jasper. Rose e seu


agora namorado Emmett também foram. De acordo com Esme, Carlisle
continuava furioso e sequer olhava na cara da família. Pareciam estranhos
morando na mesma casa. Esme também não procurou conversa. Ainda estava
chateada por ele ter insinuado que Edward não era filho dele.

Bella e Edward tentaram ao máximo se desligar dos problemas, mas


era praticamente impossível. Mas ficaram bem, na medida do possível.
Felizmente tinham Jake e suas idiotices para desanuviar o ambiente. No
domingo à noite reuniram-se na sala de jogos, onde jogaram sinuca, xadrez e
cartas. Sempre com Jake contando suas peripécias amorosas, o que arrancou
boas risadas do casal.

_ Posso abrir?

Edward rolou os olhos e puxou-a para um beijo.

_ Já era para ter aberto.

Bella suspirou e abriu o envelope, retirou a folha indo direto ao final


dela para ler logo o resultado. Seu olhar parou naquelas letras e sentiu seus
olhos queimando. Logo, as lágrimas escorreram abundantes pelo seu rosto.
Entregou o papel a Edward que leu, colocou-o de lado e puxou Bella para seus
braços. Seus soluços o deixavam aflito e ele apenas a embalou em seus
braços, sussurrando o quanto a amava.

_ Ah Edward...

_ Não estou entendendo o motivo do choro, amor.

_ É que... depois dos últimos dias eu passei a ter esperança.

_ Nós sempre soubemos que somos irmãos, Bella.

_ Mas se não fossemos... acabaria essa briga com nosso pai. Eu


confesso que tive esperança. E agora está a confirmação. Somos irmãos
realmente. O que faremos?

Edward se afastou, olhando-a espantado.


_ Como assim, o que faremos? Bella... isso foi apenas para aliviar a
consciência... sei lá. Isso não muda nada pra mim. Muda pra você?

Ela mordeu os lábios e engoliu em seco. Edward entendeu aquele gesto


como uma indecisão e sentiu seus olhos úmidos. Ele não suportaria se Bella
desejasse acabar com tudo.

_ Muda alguma coisa Bella?

Ele insistiu e ela o encarou. Tocou aquele maxilar perfeito que ela tanto
amava.

_ Eu só não queria que as coisas fossem tão complicadas.

_ Eu nunca gostei de coisas fáceis demais.

Edward respondeu e os dois sorriram, mas o coração dele ainda estava


disparado com medo da resposta de Bella. Então ela colocou sua testa na dele,
beijou-o e seus olhos fixaram-se nos dele.

_ Não muda nada, Edward. Eu te amo e sei que não consigo mais
seguir sem você.

_ Sempre juntos, lembra?

_ Sempre, meu amor.

_ Somos o que somos, Bella. Não há como fugir disso.

_ E não há como fugir desse nosso amor louco. Eu tentei fugir, você
tentou... e fracassamos.

_ Só nos resta vive-lo não é?

Bella o enlaçou pelo pescoço.

_ De melhor forma possível.

_ E será. Contra qualquer coisa... estaremos juntos.

Edward se levantou com ela nos braços e subiu em direção ao quarto.

Não seria fácil. Encontrariam muitos obstáculos. Os dois sabiam disso.


E sabiam também que o amor deles era guerreiro e preferia grandes lutas ao
invés da calmaria. Dificuldades apenas fortaleceriam um amor que já nasceu
forte, ultrapassou a barreira do tempo e agora superaria preconceitos.
Notas finais do capítulo
Então vamos la:
Respeito a opinião de todas e da mesma forma espero respeito.
Desde o inicio da fic NUNCA houve intenção de mudar o fato de os dois
serem irmãos. Algumas leitoras cogitaram essa hipótese o tempo todo. O
DNA foi apenas porque algumas insistiram nisso, mas sem chance de dar
negativo.
Mas o aviso da fic foi claro: INCESTO. Portanto se alguem é contra e não
curte, não deveria ter continuado a leitura, certo?

(Cap. 12) Capítulo 11


Notas do capítulo
Dedicado a Ana Paula T e Anna Teen Stewart que recomendaram a fic. Muito
obrigada. ♥

Deitado em sua cama, os braços atrás da cabeça, Edward ouvia o choro


de Bella. Nem mesmo a água da ducha impedia que o som chegasse aos seus
ouvidos, deixando-o mortalmente ferido. Sabia que toda aquela tristeza era
por causa dele, por causa da situação na qual se encontravam. Tentava se
mostrar forte, mas nem de longe parecia a Bella que veio atrás dele, declarou
seu amor e sua vontade de enfrentar tudo e todos para ficarem juntos.

Talvez ela não tivesse noção da proporção que as coisas iriam tomar ao
se tornarem públicas. Após as fotos terem saído nos jornais e revistas há duas
semanas, Edward teve sua vida completamente devastada pela imprensa.
Repórteres não saiam dos arredores de sua casa e foi preciso trocar o número
de seu telefone. Chegaram ao cúmulo de irem ao túmulo de Renne para fazer
uma reportagem.

Como souberam da história real? Carlisle. Edward não acreditou


quando Esme contou que ao ser procurado pela imprensa, Carlisle abriu o
verbo. Ele queria atingir Edward, mas nem por um momento parou para
pensar que estava atingindo Bella.

A notícia que o Príncipe de gelo, o hexacampeão das pistas estava


tendo um romance com a sua irmã explodiu como uma bomba. Foram várias
manifestações contrárias, pessoas cheias de palavras preconceituosas julgando
o relacionamento dos dois. Mas houve também várias manifestações de apoio
também. Inclusive Jake descobriu um blog, onde fãs de Edward
demonstravam seu apoio e lhe desejavam força. Ele nem fazia ideia da
quantidade de fãs que ele tinha até então.

Mas o que levou Bella ás lágrimas nessa manhã de domingo foi o


comunicado que Edward recebeu de sua equipe. A partir da próxima
temporada, ele não iria mais correr pela mesma escuderia.

Ele não iria negar que ficou em choque, mas também não iria se
arrastar ou baixar a cabeça. Amava sua profissão, amava correr. Mas se ele
precisasse desistir de tudo por causa de Bella, ele o faria. O amor dela era
mais importante que qualquer coisa.

Bella saiu do banheiro, já vestindo o roupão e ia diretamente para o


closet quando Edward a chamou.

— Venha aqui, por favor.

Ela foi e se sentou na beirada da cama, mordendo os lábios para tentar


segurar as lágrimas que em breve voltariam a rolar pelo seu rosto.

— Desculpe, por favor. Eu sei que precisamos ser fortes, Edward. Mas
eu não consigo ver você sofrendo.

Edward se sentou na cama e puxou-a para os seus braços.

— Não está sendo fácil, admito. Mas eu consigo... se você estiver


comigo, nada mais importa. Bella, nós sabíamos que não seria fácil. Mas não
podemos nos abalar e deixar que as pessoas pensem que é um caso, uma
questão de luxuria e tesão. Claro que eu pouco me importo com o que as
pessoas pensem, mas também não posso deixar que banalizem nosso amor.

Bella chorou ainda mais, agarrada a ele.

— Ah Edward... eu te amo tanto. Eu só quero vê-lo feliz. Meu Deus...


eu ainda não acredito que dispensaram você da equipe. Logo após a conquista
desse campeonato.... Isso foi desumano.

— Existem outras dezenas por ai, amor. Eu não vou morrer por causa
disso. Se eles não me querem lá por puro preconceito, só lamento por eles.

—Me desculpe de novo... eu vou fazer o impossível para ficar bem.

— Você sabe que é minha força.


— E você é a minha.

— Vamos fazer o seguinte? Vamos descer porque o Jake já deve estar


preocupado. Geralmente não nos levantamos tão tarde. Nem passeamos pelo
jardim como todas as manhãs.

Bella fez uma careta, fazendo Edward rir. Desde quando aqueles
abutres passaram a cercar sua casa, Bella não quis mais saber de andar pelos
jardins. Apesar de toda segurança eletrônica que os cercavam, as grades
permitiam que vissem a movimentação nos jardins e varanda.

— Não quero dar esse gostinho para aqueles vermes.

— Estão fazendo o trabalho deles, Bella.

— E é trabalho deles invadir a privacidade das pessoas? Jogar o nome


delas na lama como se fossem marginais?

– Sei que exageram, mas é disso que eles vivem. E quer saber? Estou
tão cansado de me esconder. Eu não tenho vergonha do nosso amor, Bella.
Tudo o que as pessoas e a imprensa sabem é o que meu pai disse.

Bella estremeceu e seu corpo inteiro se retesou. Não estava gostando


do tom da voz de Edward, tampouco do que viu em seus olhos.

— Eu vou gostar de ouvir o que você está pensando?

— Confia em mim?

— Sempre.

— Então vista-se e vamos descer. Irei falar isso com o Jake também.

Bella se levantou, sem deixar de olhar pra ele e foi até o closet se
vestir. Já imaginava o que poderia ser, mas ela não tinha certeza se iria mesmo
querer aquilo.

Desceram juntos e encontraram Jake olhando pela janela da sala.


Virou-se assim que ouviu os passos do casal. Seu semblante estava
contrariado e ao mesmo tempo preocupado.

— Bom dia. Está tudo bem?

— Bom dia Jake. Está tudo bem sim, só resolvemos ficar um pouco
mais na cama.
— Vou trazer o café e levar os pães ao forno novamente.

— Não é preciso. Só traga o café e esqueça os pães. Tenho certeza que


a mesa está farta como sempre.

— Sim, está.

— Pois então traga o café e volte. Preciso conversar com Bella e quero
que você esteja presente também.

—Ok. Eu já volto.

Bella se sentou ao lado de Edward e entrelaçou suas mãos sobre a


mesa.

— Esme ligou? Ela sempre liga bem cedo.

— Sim. E deixou um beijo pra você. Ah... Rose e Emmett vem almoçar
conosco hoje.

— Que bom. Será agradável tê-los aqui.

Jake voltou rapidamente com o café e ao sinal de Edward, sentou-se no


lado oposto ao deles.

— Se quiser, pode falar.

— Vou direto ao ponto. Estou cansado de ver minha vida devastada


desse jeito. Estou farto de julgarem Bella e eu sem ao menos saberem
realmente sobre nossa história. Meu afastamento da equipe hoje foi a gota
d’água. Sei que pior do que está não dá pra ficar. Mas não dá também pra ficar
ouvindo tanto desaforo de pessoas que sequer tem a ver com nossa vida.
Enfim... eu pensei em dar uma entrevista e contar as coisas como elas
realmente são. Tudo o que sabem foi com base em especulações e no que meu
pai contou. Eu acho que preciso dar minha versão dos fatos.

Jake ficou longo tempo em silêncio, os olhos vidrados em Bella. Ela


não disse nada, pois iria concordar com o que Edward achasse melhor, afinal
ele era o maior prejudicado nessa história toda.

— Jake?

— Eu não esperava outra coisa, aliás no seu lugar eu já teria feito isso
há muito tempo. Às vezes esse seu congelamento interior parece que não vai
acabar nunca. Sério... eu não sei se encararia as coisas com a mesma frieza
com que você vem fazendo.
— Não dá mais. Eu quero ter uma vida normal. Quero poder sair com
minha mulher sem ninguém atrás de mim querendo explicações sobre nossa
vida.

— Sim, sim. Você está coberto de razão. Acho que você deve chamar
algum jornal ou revista... algo sério, é claro. Nada de tabloides
sensacionalistas. Chame algum deles e dê sua versão. E seja enérgico... se
precisar mande todos pra puta que pariu.

Edward rolou os olhos. Não se imaginava fazendo tal falta de educação


com ninguém. Mas Jake não tinha papas na língua e se estivesse presente no
momento da entrevista, iria falar merda.

— E você, Bella?

— Não nego que estou assustada. Mas como você mesmo disse... pior
do que está não dá pra ficar.

— Ótimo. Jake você fica encarregado de entrar em contato com a


imprensa. Marque e depois me informe.

— Tudo bem. E vocês dois... vão se distrair um pouco. Que merda... o


que não falta é lugar nessa casa. Vão pra piscina, pra sauna... para sala de
jogos, mas deixem essa tristeza de lado.

Após isso, Bella e Edward tomaram o café e fizeram exatamente o que


Jake disse. Foram para a sauna e depois para a sala de jogos. Horas mais tarde
Jake voltou informando que a entrevista foi marcada para o dia seguinte às
nove da manhã.

— Tomara que dê tudo certo.

— Eu não estou esperando nada demais, Bella. Só quero mostrar as


coisas como elas realmente são. Além do mais, daqui a um tempo aparece
algum famoso com alguma fofoca mais escabrosa que essa. Pronto. Logo
seremos esquecidos.

— Eu espero que sim.

— A campainha... vamos lá? Deve ser a Rose e o Emmett.

Bella o abraçou pela cintura e juntos voltaram para a sala. Não iria cair
agora... não poderia. Ela tomou a iniciativa de vir atrás de Edward e se
declarar. Ela o provocou, o instigou. Devia isso a ele... ao amor deles.
Brigaria, se fosse preciso. Mas iriam ser respeitados como um casal normal,
um casal que se ama.
***********

Incrivelmente, Bella estava calma, tranquila. Sentada ao lado de


Edward, com a mão entrelaçada a dele, ela observava a repórter que ajeitava o
gravador e as folhas sobre seu colo. As câmeras já estavam posicionadas e
faltava apenas começarem a entrevista. Na noite anterior ela e Edward
passaram horas conversando, planejando e se amando. Estavam decididos a
darem uma banana para os preconceituosos e demagogos e viverem o amor.
Naquele mesmo dia, à tarde, após a saída de Rose e Emmett, Edward recebeu
o telefonema de duas escuderias, ambas jogando alto para tê-lo na equipe.
Obviamente ele iria analisar tudo, iria conversar com seu agente para depois
dar uma resposta. Mas Bella não gostou quando Edward sugeriu dar um
tempo na carreira. Ela sabia que isso era conversa fiada. Se desse um tempo,
ele não voltaria mais.

— Podemos começar, Edward? Posso chama-lo assim, não posso?

— Sim, Hellen. Claro.

— Bom... não vou negar que essa história é polêmica. É o assunto de


todos os jornais e revistas nas duas últimas semanas. O senhor Carlisle deu
várias entrevistas, respondendo às perguntas dos repórteres. Eu queria fazer
diferente. Queria que você me contasse sua história. Sua noiva pode ajudar, se
quiser. Somente depois, se achar necessário, eu farei uma pergunta. Pode ser?

Bella simpatizou logo com a repórter. Era exatamente isso que Edward
tinha em mente. Em um caso como esse, era sempre perigoso responder a
perguntas previamente formuladas.

— Perfeitamente.

— Então pode começar.

Edward apertou a mão de Bella e sorriu pra ela antes de começar.

— Tudo começou há sete anos...

Edward narrava a história deles e Bella se emocionava. Agora era mera


telespectadora do que começou com uma paixão e se transformou nesse amor
imenso. Qualquer pessoa que ouvisse esse relato de Edward não teria dúvida
alguma do amor que os unia.
A cada frase a repórter se inclinava mais na direção deles, a mão sobre
o queixo, parecendo completamente fascinada com o que ouvia. Em
determinado momento ela interrompeu Edward.

— Espere ai. Isso tudo é incrível demais. Estou adorando ouvir você,
mas eu preciso dizer isso.

— Fique à vontade.

— Quer dizer que... você mudou por causa dela? É como se... o mundo
desabasse pra você no momento em que soube que eram irmãos... ai você se
fechou pra vida?

— Exatamente.

— Você não poderia ama-la, não poderia ser amado por ela, mas ao
mesmo tempo não conseguia refrear e não queria amar mais ninguém.

— Sim. Foi assim que aconteceu. Não é que eu me obrigava a isso, eu


simplesmente não conseguia.

—É a história de amor mais linda que já ouvi. Mas... continue.

Edward continuou relatando os fatos. Quando contou sobre a volta de


Bella, ela interferiu.

— Eu me sentia exatamente igual ao Edward. Eu tentei me envolver


com outro, mas não deu certo. Não dava mais para ficar longe dele e
guardando esse amor. Então eu voltei. Ele tentou fugir... mas eu insisti.

A repórter sorriu e incentivou Bella a continuar falando. Depois


Edward retomou a palavra, contando até os últimos acontecimentos.

— Então a história é essa. Eu não quero empurrar nosso


relacionamento goela abaixo de ninguém, eu só quero que respeitem nossa
situação. É difícil de entender ou aceitar? Sim, eu sei que é. Mas estamos
falando de amor e não de uma transa qualquer. Eu não quero que nosso
relacionamento seja julgado de forma tão vil.

— Posso dizer o que penso?

— Claro.

— Nossa sociedade é hipócrita e demagoga. Eu já vi milhares de


pessoas na rua comentando sobre vocês. Eles dizem: eu não concordo. Eu sou
contra incesto. Gente... ninguém tem que concordar com nada. Cada um tem
que cuidar da própria vida. O que conta aqui não é o amor entre irmãos, e sim
o respeito a dois seres humanos. É fácil falar que é contra, que isso é errado
quando não está sentindo na pele.

Ela fez uma pausa, rabiscou algo na folha e voltou a falar.

— O que tenho a dizer é que admiro vocês dois por se prontificarem a


contar a história de vocês, que aliás é linda. E digo mais uma coisa: pessoas
que apontarem o dedo e discriminarem também não merecem o respeito de
vocês. Gente... estamos falando do respeito ao ser humano, às suas escolhas.

Bella sentia o coração batendo tão disparado que era quase impossível
respirar normalmente. Edward estava igualmente eufórico. Falou o que queria,
abrindo-se por inteiro, mostrando tanto amor que nem mesmo ele conseguia
dimensionar. Ele agradeceu à repórter e ela mais uma vez os parabenizou,
prometendo que a revista sairia no dia seguinte e a reportagem iria ao ar
naquela noite.

— Uau... ela foi incrível, Edward.

— Não foi? Sinceramente eu fiquei com medo que mandasse alguma


louca que dissesse um monte de merda.

Eles se abraçaram fortemente e depois se beijaram, lentamente,


saboreando o momento.

— Estou me sentindo mais leve.

— Eu também.

Nesse momento Jake entrou com uma bandeja, onde estavam duas
taças de vinho.

— Acho que meus patrões precisam de uma bebida agora.

— Como sempre certeiro, não é Jake?

— Sei de todas as suas necessidades.

Edward pegou as taças, entregando uma a Bella com um olhar


penetrante.

— E você Bella? Sabe de todas as minhas necessidades?


Ela arfou e estremeceu quando seus dedos se tocaram ao pegar a taça.

— Talvez.

Com um sorriso nos lábios, Jake se afastou, deixando-os a sós.

— Sabe do que estou precisando agora?

— Você eu não tenho certeza... mas imagino que seja o mesmo que eu
preciso agora.

As duas taças foram abandonadas quase intactas sobre a mesa. Os dois


subiram para o quarto de mãos dadas, ambos trêmulos como se fosse a
primeira vez. E de fato era. A primeira vez sem medo, sem se preocuparem
com o que diriam se descobrissem. A primeira vez inteiramente livres para
curtirem um ao outro sem a preocupação de estarem ferindo ninguém. Pelo
contrário, eles é que foram feridos por preconceito, maledicência e
intolerância. Agora tinham absoluta certeza que amor não deve ferir, não deve
julgar, não deve separar. Amor apenas floresce, amadurece...e se fortalece.

Notas finais do capítulo


Próximo capítulo a gente se despede do Príncipe.

(Cap. 13) Capítulo 12


Notas do capítulo
Dedicado a michele djenifer que recomendou. Muito obrigada . ♥

O sol quente que adentrava o quarto através da ampla porta aberta


aquecia a pele das costas nuas de Bella, mas ela estava longe de acordar. Na
verdade, ela não estava completamente adormecida. Seu corpo encontrava-se
num leve torpor, causado por tantas horas de viagem, corre-corre, mais horas
de viagem e mais tempo fazendo amor com Edward. Estava fisicamente
exausta. Mas era aquele cansaço bom, que vinha com a sensação de que tudo
agora se ajeitava em seu lugar. Um sorriso bobo brincava em seus lábios, pois
sentia não só o corpo de Edward ao lado do seu, como a caricia de seus dedos
em suas costas.
Ele observava a mulher adormecida, os cabelos jogados para o lado
deixando suas costas nuas. Mesmo cansado, ele não conseguia dormir. Foram
tantos acontecimentos nos últimos meses que seu cérebro aumentou o ritmo
de atividade e agora parecia não querer voltar ao normal.

Após a exibição de sua entrevista há dois meses, a situação mudou um


pouco. Alguns ainda olhavam torto para o relacionamento dele com Bella,
mas a grande maioria, principalmente os fãs apoiaram ainda mais os dois. E o
mais incrível foi o surgimento de alguns fã-clubes, sendo que já existia o Ice
Hurricane, que aliás quase triplicou o número de membros. Além disso, Bella
passou a ser a queridinha dos seus fãs. Eles atribuíam a ela o fato de Edward
ter mudado tanto. Nunca foi mal educado ou desagradável quando encontrava
algum fãs, mas o problema era que isso raramente acontecia. Edward era a
figura mais fantasma que o mundo dos famosos já conheceu. Mas depois de
declarar toda sua história, ficou fácil encontrar Edward pelas ruas, numa
caminhada normal, ou num supermercado, sempre acompanhado por Bella.
Segundo a presidente do fã clube, Edward se tornou mais acessível graças a
Bella.

Como ele havia previsto, pouco tempo depois eles deixaram de ser
assunto. Apenas entre família o clima permanecia tenso. Há três semanas
Carlisle saiu definitivamente de casa. Bella entrou em parafuso, acreditando
que ela era a culpada de tudo. Entretanto, Esme a fez enxergar que as coisas
não eram bem assim. Na verdade, ela deu um ultimato a Carlisle: ou ele
aprendia a conviver com o novo casal, ou então não fazia sentido continuar
naquela casa. Ele preferiu a segunda opção. Edward se lembrava muito bem
das palavras da mãe ao tentar convencer Bella de que nenhum deles tinha
culpa.

“Não é a primeira vez que meu casamento fica na corda bamba. A


primeira vez vocês conhecem muito bem. Mas agora é diferente. Homens
existem aos montes por ai e nesse monte deve existir algum que nos faça feliz.
Eu fui muito feliz com o Carl. Eu só não aceito esse homem no qual ele se
transformou. Admito que ainda o amo, mas amores vem e vão. Mas filhos são
eternos. E por isso escolho vocês.”

Uma semana após a decisão do pai, Edward também tomou a sua.


Acreditava que esse era o sonho da maioria das mulheres e ele queria
proporcionar isso a Bella. Sabia, porém, que não seria fácil conseguir isso em
Londres. Por isso mesmo, arrastou Bella e a família para Las Vegas, onde
finalmente os dois se casaram. La seria menos burocrático que em Londres,
mas Edward acreditou que a facilidade com que conseguiu foi simplesmente
por ser um famoso. Naquele momento agradeceu por isso.
Colocou a cabeça nas costas de Bella e fechou os olhos, lembrando-se
daquele dia.

Flashback on

A viagem foi cansativa, mas valeu a pena. Fretou um voo apenas para
a família e partiram em direção a Las Vegas. Até mesmo Alice que ainda
reclamava da gravidez compareceu. Rose ficou encarregada de ajudar Bella
na escolha do vestido, mas Esme também se prontificou a ajudar. Jacob fez
companhia a Edward, rindo o tempo todo do nervosismo do amigo. Era
apenas uma forma de descontrair o ambiente, afinal Jacob não entendia por
que Edward estava tão nervoso. Iria se casar com a mulher que amava há
anos e que também o amava. Os olhos maliciosos não estavam mais voltados
para eles e mesmo que estivessem, eles lutaram juntos, sofreram, mas enfim
iriam realizar seus desejos.

A Little Chapel of the Flowers foi a capela escolhida pelo casal,


através de sites da internet. Foi rápido, sem transtornos. O vestido de Bella
era simples, mas ela estava deslumbrante. Foi assim que Edward descobriu
que qualquer peça de roupa, por pior que fosse ainda a deixaria maravilhosa.
Enquanto aguardava por ela no altar, Jake o atormentou dizendo que trouxe
vários lenços, por precaução. Porém, Edward realmente precisou do lenço.
Não só ele, como Bella e Esme. Até o próprio Jake estava com os olhos
úmidos.

Passaram a noite em Las Vegas, num restaurante fechado


exclusivamente pra eles. Edward e Bella nunca desfaziam o abraço e o
sorriso que traziam em seus lábios. Ele sentia o coração disparado a cada
afago, cada beijo, cada olhar de sua esposa. Talvez isso não mudasse nunca.
Ele sempre perderia o foco quando o assunto fosse Bella.

Ela sentia o mesmo. Às vezes ainda pensava estar vivendo um conto de


fadas. Edward era sem sombra de dúvida um príncipe. Felizmente não era
mais de gelo, e sim um homem com emoções intensas, com calor humano,
com paixão em todos os seus atos. E Bella se derretia por ele a cada instante,
um pouco mais.

Flashback off

Bella sentiu quando as caricias cessaram em suas costas.


Provavelmente Edward teria dormido. Ela girou a cabeça e ele se remexeu,
tirando a cabeça de suas costas e deitando-a no travesseiro.

— Bom dia.
— Bom dia, amor. Pensei que não fosse acordar mais.

— Estava meio dormindo, meio acordada. Estava tão bom seus dedos
em minha pele.

Ele deu um sorriso devastador, fazendo Bella se aproximar mais e


agarrar-se a ele.

— É nosso último dia aqui. O correto não seria aproveitar?

— Estou amando esse lugar, mas eu aproveitei demais. Estou morta


hoje.

Edward riu alto e beijou a ponta do seu nariz.

— Então vamos ficar mais um pouco aqui. Daqui a pouco eu me


levanto e preparo alguma coisa para nós dois.

— Aprendeu com o Jake?

— Oh sim... as vezes era entediante ficar andando de um lado a outro


naquela mansão. Eu passei a gostar mesmo da solidão, mas tudo que é demais
enjoa. Então às vezes eu ia para a cozinha, ficava lá com o Jake e acabava
aprendendo alguma coisa.

— Marido lindo, sexy, gostoso e ainda cozinheiro. Estou nas nuvens.

— E eu tenho uma esposa linda, sexy, gostosa e ainda cardiologista.


Estou seguro... irá cuidar de mim quando meu coração não suportar mais tanto
amor.

Bella mordeu os lábios e girou na cama, colocando o queixo sobre o


peito dele. Os olhos já estavam úmidos.

— Eu te amo tanto.

Edward enrolou uma mecha de seus cabelos nos dedos e seu olhar
fixou-se no dela. Bella sempre ficava de pernas bambas quando ele a olhava
daquela forma. Felizmente estava deitada e não corria risco de desabar.

— Eu também te amo demais... a cada minuto mais ainda...

— Nunca pensei que conseguiria ser tão feliz, ainda mais ao seu lado.

— Nem eu. Pensei que minha vida seria caminhar eternamente


sozinho.
Bella ficou em silêncio. Agora ela fazia caricias com os dedos no peito
dele.

— Queria ficar aqui pra sempre.

— Sabe que não podemos. Mas sempre iremos voltar ou já se esqueceu


que isso tudo é seu?

Bella rolou os olhos.

— Como eu poderia? Você é um louco, Edward. Comprar uma ilha e


dar de presente pra mim?

— Não resisti, amor. Quando vi aquele anúncio na internet eu não


pensei duas vezes. Tínhamos acabado de prometer que iriamos ficar juntos,
contra tudo e contra todos. Então eu vi o anuncio: Ilha Bella à venda. Sei que
um presente não se mede pelo valor financeiro, mas eu queria te dar o
paraíso... foi o mais perto disso que encontrei.

— Ter você, pra mim já é o paraíso.

Eles se abraçaram com mais força e ficaram perdidos, cada qual em seu
pensamento. Há alguns dias tiveram uma conversa sobre filhos. Lógico, um
filho deles seria amado independente de qualquer coisa. Mas não era justo
trazer uma criança ao mundo para ficar sofrendo depois por qualquer doença,
qualquer anomalia genética. Decidiram procurar algum especialista e ver a
possibilidade do tal mapeamento genético. Alice poderia ajuda-los nessa
questão.

— Edward?

— Hum?

— Está muito cansado?

Um sorriso despontou no rosto bonito. Ele já sabia onde ela queria


chegar com essa conversa.

— Depende. Para certas coisas eu nunca estou cansado.

Bella deu um salto da cama, deixando toda sua esplendorosa nudez à


mostra. Edward percorreu seu corpo com o olhar e voltou os olhos para o
rosto dela.

— O que planeja, senhora Princesa de Gelo?


— Nadar... aproveitar nossos últimos momentos nesse paraíso.

— Nadar e?

O sorriso foi sexy e malicioso, fazendo Edward se levantar, também


nu. Bella ofegou ao olhar o corpo do marido e girou, correndo pela porta do
quarto. Edward a seguiu e a alcançou ainda na areia, ambos rolando
abraçados.

Se ainda existe alguém contra a felicidade dos dois, estava apenas


desperdiçando raiva, preconceito e intolerância. O que os dois construíram
juntos era forte, simplesmente por ter como base o mais puro amor.

*******

Quatro dias depois

Edward conferiu as horas pela décima vez. Jake apenas ria, enquanto
dava uma ajeitada nos moveis da sala. O clima naquela casa estava fantástico
e isso o enchia de felicidade. Bella e Edward combinavam perfeitamente bem
e isso era visível a todo instante. Acordavam cedo, caminhavam, voltavam pra
casa, tomavam banho e saiam novamente para ver os últimos ajustes da
clínica de Bella. A casa agora era bastante frequentada, principalmente por
Rose, Emmett e Esme. Havia sons de risadas, conversas... agora sim havia
vida.

— Princesinha está demorando hoje hein?

— Bella nunca se demorou tanto para se arrumar. Não sei que bicho a
mordeu hoje.

— Vocês chegaram a um consenso?

— Sobre?

Jake rolou os olhos. Edward andava tão distraído ultimamente. Mas era
bom. Estava vivendo uma nova fase, sorrindo como há anos não fazia. E
estava sendo muito amado e mimado... ele merecia isso.

— Sobre o que conversamos ontem à noite enquanto jogávamos


sinuca.

— Ah sim. Bom, resolvemos entrar numa fila para adoção. Não iremos
desistir do mapeamento genético, mas isso leva tempo. E apesar de nosso
casamento ainda ser recente... nós queremos uma criança correndo por aqui.
— Vocês querem um bebezinho?

— Não necessariamente. Mas queremos uma criança mais nova.


Queremos acompanhar o crescimento dela, ajudar em sua formação. Para isso
uma criança mais nova seria o ideal.

— Torço por vocês. Espero que tudo dê certo.

— Iremos procurar o órgão responsável hoje, assim que voltarmos da


competição.

— Acha que o Michel terá chance?

Edward sorriu, lembrando-se do garoto que ele patrocinava. Era


esforçado, com espírito competitivo e a cada dia estava melhor.

— Grandes chances. Eu aposto nele.

— Mudando de assunto novamente. Edward... e aquele orfanato no


qual você é benfeitor?

— O que tem?

— Não pensou em ir até lá? Com certeza há várias crianças na idade


que vocês procuram.

— Sabe que eu nem tinha pensado nisso? Falarei com Bella.

— Falar o que comigo, amor?

Edward olhou em direção à escada por onde Bella descia. Estava


simplesmente magnifica, vestida numa calça e jaquetas pretas, sapatos de salto
e blusa branca por baixo da jaqueta. Os cabelos estavam soltos e brilhantes,
com alguns cachos na ponta. Ele se levantou, colocando as mãos no bolso e
admirando a esposa enquanto ela se aproximava. Suspirou.

— Uau... valeu a pena esperar.

— Demorei muito?

— Vendo o resultado diria que não.

Jake rolou os olhos e gargalhou.

— Quando o assunto é ela você se torna um frouxo.


— Não fale assim, Jake.

Bella fez um muxoxo com os lábios e se aproximou de Edward,


enlaçando-o pelo pescoço. Beijaram-se demoradamente e então se separaram,
corados e com os olhos brilhantes.

Jake já tinha se afastado, discretamente como sempre.

— Vamos? Antes que eu mude de ideia?

— Não faria isso. É importante para o garoto. Você é o ídolo dele, sabe
disso.

— Sim, eu sei. Vamos?

Foram atrás do Jake e Edward pediu para que ligasse para o orfanato
informando de sua visita. Despediram-se dele e saíram abraçados em direção
ao volvo.

Algumas horas mais tarde, com o peito inflado de orgulho, Edward via
Michel subir ao pódio e receber o troféu do primeiro lugar. O garoto de doze
anos estava na categoria PJK e vencia seu primeiro campeonato. Vinha de
família humilde, sem condições de bancar o sonho do garoto. Quando o
conheceu e viu o quanto era esforçado, Edward não mediu esforços para
ajudá-lo no que precisasse. E hoje ele estava ali, ao lado de Bella, aplaudindo
euforicamente a grande conquista do garoto.

Quando terminou a cerimônia de entrega do prêmio, Edward foi até


ele. Tão logo o garoto o viu, correu até ele e sem a timidez normal da sua
idade, abraçou Edward fortemente.

—Ei... e ai campeão? Preciso perguntar se está feliz?

O garoto inspirou profundamente, abalado não só pela vitória quanto


por estar em frente ao seu ídolo maior.

— Obrigado. Muito obrigado, Edward. Eu não conseguiria nada se não


fosse você.

Edward se afastou um pouco, as mãos sobre o ombro do garoto.

— O patrocínio foi sim, muito importante. Mas ele não seria nada se
você não fosse um bom piloto. Você mereceu essa vitória e merece cada
centavo que é investido. Eu ainda o verei me substituindo na fórmula Um.
O garoto sorriu, sentindo seu rosto vermelho. Bella acompanhava bem
de perto, sentindo um orgulho imenso do homem que Edward era.

— É só um sonho.

— Um sonho que pode se tornar realidade. Basta você querer. E de


minha parte, eu prometo estar sempre aqui para o que você precisar. Só quero
que continue batalhando, estudando como eu sei que está fazendo.

— Eu prometo que farei isso.

Os dois se abraçaram novamente e depois se despediram. Antes disso,


Edward ordenou ao Jared que providenciasse tudo para que fizessem uma bela
festa pra ele em sua casa.

Bella ainda secava os olhos quando entraram no carro.

—Ai, Edward... você me fez chorar. Agora vou ficar com o rosto
inchado.

— Ainda assim estará linda.

— É lindo isso que você faz. É por isso que as vezes me lembro das
coisas que você foi acusado... e sofro por isso.

— Mas não devia ficar remoendo essas coisas. Passou. O que importa
agora é nossa vida, que está cada dia mais perfeita.

— Verdade. Eu nunca imaginei que seria tão boa assim.

— Espero ficar melhor depois da nossa visita ao orfanato.

— Excelente ideia do Jake. Estávamos tão afoitos com a ideia de


adotar que nem pensamos no orfanato que você mesmo ajudar a manter.

— Faz algum tempo que não vou até lá. Será bom para ver como
andam gerenciando as coisas.

— Espero que da melhor forma. É triste ver muitas pessoas investindo


e as crianças ainda não terem boa qualidade de vida.

— Torço para que lá não seja assim.

Felizmente, Edward e Bella tiveram uma grata surpresa ao chegarem


ao orfanato. As instalações estavam em perfeitas condições, o local estava
bem equipado e do lado de fora era bem arborizado. Foram recebidos pela
diretora Samantha, que não escondeu sua satisfação em ver Edward ali. Foram
levados a uma brinquedoteca, que era um espaço que Edward ainda não
conhecia.

— Conseguimos esse espaço graças a doação extra que você fez no


Natal. As crianças adoravam esse lugar.

— É muito agradável mesmo. A biblioteca está bem abastecida?

—Sim. Temos bons livros.

Samantha observava discretamente o casal de mãos dadas. Somente


quem não conhecia o belo trabalho que Edward fazia tinha a petulância de
criticar sua vida pessoal. As pessoas que jogaram pedras no relacionamento
dele com a irmã provavelmente eram as mesmas que sequer dirigiam um
segundo olhar a uma criança carente.

— Samantha... minha presença hoje tem outro objetivo, além de ver


como estão as instalações.

— Oh sim... e o que seria?

— Bom... quase ninguém sabe, mas Bella e eu nos casamos.

— Sério? Quer maravilha. Desejo felicidade aos dois.

— Obrigado. Mas então...

Edward foi interrompido por uma funcionária do orfanato que deu uma
leve batida na porta.

— Desculpe senhora Jensen, mas eu não consegui segurar o Taylor.


Ele está eufórico demais.

Edward franziu a testa, olhando da moça morena para Samantha. O que


estaria acontecendo? Samantha deu um sorriso sem graça e explicou.

— Taylor tem quatro anos. Ele simplesmente venera você, Edward.


Quando informei às crianças que você viria hoje, ele não parou quieto um só
instante.

Edward abriu um sorriso e olhou para Bella que também sorriu.

— Traga-o até aqui então. Depois iremos ver as outras crianças.


Samantha fez um gesto para a moça chamada Jennifer para que ela
levasse o garoto. Ela abriu completamente a porta e entrou segurando um
garotinho pela mão. Os olhos dele brilhavam, analisando Edward. Era
moreno, tão moreno ou um pouco mais que o Jake. Os cabelos eram lisos e
curtos e os olhos também pretos. Edward se agachou à frente dele, sempre
sorrindo.

— Olá.

O menino não disse nada. Soltou-se das mãos da moça e abraçou


Edward com força pelo pescoço.

— Eu sou seu ídolo.

Edward riu e Samantha o corrigiu.

— Seu fã, Taylor.

—Você é meu fã, Edward?

Ele riu novamente, dessa vez seguido por Bella que também se
ajoelhou a frente dele.

— Claro que sou seu fã. Como você está?

— Feliz. Você está aqui.

— Oh...

Edward ficou sem palavras e o abraçou forte novamente.

— Quer dizer oi pra minha esposa? O nome dela é Bella.

— Oi Bella. Sua mamãe escolheu esse nome porque você é bonita?

Bella arregalou os olhos, abriu a boca e suspirou.

— Puxa... não sei, mas obrigada por me achar bonita. Está tudo bem?

— Hum hum.

Ele respondeu, mas com os olhos fixos em Edward. Ele fez com que
Bella se lembrasse do Jake. Tanto a cor da pele quanto dos cabelos e olhos.
Talvez fosse um pouco mais escuro que Jake... e era lindo.

— Eu fiz um desenho pra você.


— Jura? E onde está?

— Eu vou buscar. Promete que não vai embora?

— Prometo.

Ele segurou na mão de Jennifer e quase a arrastou para buscar o


desenho. Bella estava completamente maravilhada com ele... e Edward
também. Bella o cutucou, torcendo as mãos e mordendo os lábios.

— O que foi?

Bella se aproximou e falou baixinho, atiçando a curiosidade de


Samantha.

— Eu o quero.

— como?

—Aquele garoto... ele é perfeito pra nós, Edward. Acho que estou
apaixonada.

Edward ficou encarando Bella. Ele entendeu direito? Ela queria adotar
o Taylor? Estava tão encantada pelo garoto quanto ele?

— Está dizendo... adota-lo?

Bella o olhava quase suplicando. Parecia uma criança que pedia um


caro presente de natal.

— Vamos conversar sobre isso... por favor.

Edward se virou para Samantha que tentava disfarçar a curiosidade.

— Samantha... esse garoto... como ele veio pra cá?

— Ele chegou aqui com sete meses. A mãe era uma moça na faixa dos
dezesseis, dezessete anos. Os pais não aceitaram a gravidez e a expulsaram de
casa. Ela admitiu que tentou dar o golpe da barriga, mas não deu certo. E não
tinha condições de ficar com o menino. Não tinha e não queria ficar com ele.

— Quer dizer que está aqui há três anos? Nunca apareceu ninguém
interessado em adota-lo?

Samantha suspirou e seu semblante ficou triste.


— As pessoas preferem crianças recém-nascidas ou de poucos meses.

— Mas se ele chegou aqui com sete meses...

— sim, mas além disso elas preferem crianças brancas, com olhos
claros. Taylor é bem moreno, então...

Tanto Bella quanto Edward ficaram estupefatos. Isso existia realmente?


Era... desumano pensar dessa forma.

— Pessoas que escolhem crianças pela cor da pele e dos olhos nem
merecem adotar ninguém. Que lição poderão dar as crianças? Preconceito?

— Concordo com você.

— Samantha, o que eu queria dizer quando fomos interrompidos é que


Bella e eu queremos adotar uma criança. Por isso viemos aqui hoje.

Samantha levou as mãos ao peito, sentindo seu coração disparar. Seus


olhos encheram-se de lágrimas.

— E devo entender que se apaixonaram pelo Taylor?

Bella se adiantou a Edward.

— Sim... ele... é tão fofo, tão meigo. Não quis assusta-lo, mas me deu
uma vontade de aperta-lo em meus braços.

— Ele iria adorar, Bella. Posso chama-la assim?

— Sim, claro.

— Oh meu Deus... eu nem acredito, Edward. Taylor é um garoto tão


dócil, esperto, inteligente. Nunca teve qualquer problema de saúde ou de
comportamento. Lógico que não podemos demonstrar preferência por
nenhuma criança aqui dentro, mas ele... ele é nosso anjinho.

Bella e Edward se olharam, a emoção visível tanto em seus olhos


quanto no sorriso cumplice dos dois. Edward segurou a mão dela e apertou
levemente. Bella apenas fez um gesto afirmativo com a cabeça. A escolha já
estava feita.

*************

Seis meses depois


De pé na varanda, Jake aguardava o retorno dos patrões. Em breve
chegariam com o novo morador da casa. Edward e Bella passaram os últimos
meses focados na adoção do pequeno Taylor. Jake o conheceu quando foi
permitido a Edward levar o garoto para um passeio. Era encantador e ele pode
ver o sentimento forte que Edward e Bella já nutriam pelo garoto. Não foi
fácil para eles. Poderia ser, visto a fama e boa condição financeira de Edward,
além do fato de já ter escolhido a criança.

Mas o preconceito ainda estava presente na sociedade hipócrita. A


primeira assistente a analisar o caso, não deu um parecer favorável dada a
situação dos dois. Segundo ela, um casamento entre irmãos não seria boa
influência no crescimento da criança.

Naquele dia, pela primeira vez em anos, Jake viu o amigo perder a
compostura. Edward esbravejou, xingou a mulher de hipócrita. Esse foi o
xingamento mais simpático. Jake ainda se lembrava das palavras dele.

— O que é boa influência para você? É a criança crescer, acreditando


que há diferenças entre raça, cor, sexualidade? É essa a lição de vida que
pretendem dar às crianças? Porque aquela criança que eu quero até hoje não
foi adotada simplesmente por ser morena. Que raios de moralismo é esse?

Felizmente, os dois vinham de grandes tormentas. Sofreram


preconceitos, raiva e discriminação e já estavam fortes o suficiente para não
baixarem a cabeça. Continuaram lutando, até que por fim, uma juíza aceitou o
pedido de Edward, tendo inclusive manifestado repúdio ao comportamento da
assistente social. E hoje eles finalmente trariam o pequeno para casa.

Edward e Bella mal dormiram nos últimos meses. Contaram como


sempre com o apoio da família e do melhor amigo. Juntos, compraram moveis
para o quarto do garoto, brinquedos e escolheram a dedo a decoração do
quarto. Também foram as compras de roupas e calçados. Iam ao orfanato
praticamente todo dia e já conheciam o gosto do Taylor. A cada minuto que
passavam ao lado do pequeno, Edward sentia seu coração encher-se de amor
por ele. Ele nunca imaginou que pudesse sentir um amor tão grande por uma
criança que conheceu há tão pouco tempo. Ele já o amava como se fosse seu
filho biológico.

Bella praticamente comprou uma estante inteira de livros sobre como


cuidar de crianças naquela fase. Ela e Edward passavam algumas horas na
cama, antes de dormir, lendo e discutindo os assuntos abordados. Queriam que
Taylor tivesse um lar de verdade, como se eles fossem seus verdadeiros pais.

— Estou tão nervosa.


— Confesso que também estou.

— Acho que deveríamos ter contado logo a ele.

— Acha que ele não irá gostar? Ele te adora, Bella.

— Sim. E adora você também. Mas sei lá... não é demais pra cabecinha
dele?

— Ele é esperto, inteligente. Ficará feliz... eu espero.

Edward acabava de estacionar em frente ao orfanato. Logo Samantha


os recebeu, emocionada e já sentindo saudades do pequeno Taylor.

— Ele já está pronto. Jennifer o trará.

Assim que Taylor foi levado a presença do casal, ele correu e abraçou
os dois.

— Vamos passear de novo?

Outra funcionária se aproximou trazendo a mochila com as coisas que


o garoto mais gostava. O restante ele não iria precisar.

Edward o pegou no colo, olhando fixamente pra ele.

— Tay... eu acho que agora você deveria se despedir dos seus


amiguinhos.

— Por que?

— Esse é seu último dia aqui, meu amor.

Bella falou se aproximando e acariciando o rosto moreno.

— A partir de hoje você irá morar conosco.

Ele arregalou os olhos, olhando de Edward pra Bella.

– Na casa de vocês?

— Sim. Eu já tenho todos os seus documentos, garotão. Você será meu


filho e da Bella. O que você acha?
Ele não respondeu, mas as lágrimas que desceram pelo rosto dele
diziam tudo. Edward o apertou em seus braços, também sentindo seu rosto
úmido.

— Meu filho... nosso filho.

— Você será meu papai e a Bella minha mamãe?

—Sim, meu amor. Agora nós somos os seus pais.

Samantha enxugou uma lágrima furtiva, vendo os três abraçados. Eles


mereciam... os três.

Taylor se despediu dos amigos e das funcionárias do orfanato. As


crianças acenaram enquanto Edward o colocava na cadeirinha comprada
especialmente pra ele. O celular de Bella vibrou com uma mensagem de
Esme. Estavam todos aflitos para visitar o garoto que conquistou a todos num
só dia. Mas a família preferiu esperar o garoto se acomodar para visita-lo.

Edward olhava pelo retrovisor e sorria, a mão livre entrelaçada na de


Bella. Taylor olhava pela janela do carro, o vento bagunçando os cabelos
pretos, antes tão bem penteados. Os olhos brilhavam de excitação ao saber que
aquele casal que ele adorava agora iriam ser seus pais. Ele teria alguém para
lhe contar histórias todas as noites. Ele poderia ir para a escola com uma
mochila nas costas e uma lancheira, segurando a mão do pai e da mãe.

Ao chegarem à mansão, avistaram o Jake parado à varanda. Ele sorriu


ao ver Bella e Edward se aproximarem com Taylor entre eles, segurando a
mão de cada um. Os três sorriam largamente, demonstrando toda a felicidade
que sentiam.

Jake não conhecia ninguém no mundo que merecesse tudo aquilo mais
do que aqueles dois. Ele sempre foi a favor do amor deles e vendo agora o
resultado, soube que sempre esteve do lado certo. Hoje em dia sempre se lê
notícias de filhos matando os pais por causa de herança, por causa de dinheiro
para comprar drogas, irmãos se matando por causa de desavenças. As pessoas
assistem a tudo isso consternados, mas aceitando que existe ódio entre
familiares. Por que então é tão difícil aceitar o amor entre familiares? Um
amor como o de Bella e Edward, tão puro e bonito? ´E fácil aceitar o ódio...
mas é tão difícil aceitar o amor. A explicação para Jake era apenas uma: no
fundo também são pessoas incapazes de amar ou de enxergar o amor. Não
eram dignas, portanto, de julgar nada nem ninguém. Não se pode julgar o que
não se conhece.
Jake abriu um sorriso largo quando viu Taylor soltar-se das mãos dos
pais e correr pelo jardim, gritando:

– Eu tenho uma casa!

Bella e Edward se abraçaram, emocionados. Eles venceram. Bons


sentimentos sempre devem vencer.

Notas finais do capítulo


Obrigada a todas que me acompanharam até aqui e deixaram seus
comentários, suas recomendações ou que não comentaram, nem
recomendaram, mas leram.
Obrigada também a quem recomendou no face.
A gente se despede aqui, mas espero encontra-las em A troca e Chocolate
quente. Até a proxima.

*Teremos epílogo

(Cap. 14) Epílogo


Um ano depois

Passavam das cinco da tarde quando Bella finalmente entrou em casa e


deixou seu corpo cair sobre o sofá. Estava exausta. Jake que estava lá
juntando alguns brinquedos abriu um sorriso acolhedor.

— Cansada?

— Morta de cansaço.

— Isso é que dar ser uma das melhores cardiologistas do pais.

Bella fez uma careta. Sabia que quando começou a clinicar, os clientes
apareceram simplesmente por mera curiosidade. Queriam conhecer
pessoalmente a irmã e esposa do príncipe Edward. Mas logo viam nela uma
excelente profissional, e sua fama cresceu. Hoje em dia só conseguiam marcar
uma consulta com quase dois meses de espera.

— Uma massagem nos pés?


— Ai... seria ótimo Jake.

Ela mal terminou de falar e ele já estava sentado sobre a mesinha de


centro, retirando os sapatos de Bella e massageando seus pés.

— Onde estão meus meninos?

— Chegaram há mais ou menos meia hora... imundos.

— Como assim?

— Edward foi buscar o Tay na escola... e resolveram esticar, como ele


disse. Foram para o parque e jogaram bola com outros garotos que estavam lá.
Chegaram aqui com um sorriso satisfeito e foram tomar banho.

— Own...

Bella fez um bico, imaginando seus dois amores cansados e suados.


Desde quando Taylor entrou para a família, a alegria se multiplicou. Era
incrível ver a forma como ele se desenvolvia, como se afeiçoou a todos da
família. Tudo na vida deles mudou. Quando Bella chegava do trabalho, se
juntava aos dois em alguma brincadeira, ou para ver televisão. Jantavam
sempre juntos, contavam histórias para o filho até ele dormir. Nos finais de
semana iam para a casa da avó, onde continuavam a farra. Rose e Emmett
estavam morando juntos e ele se revelou um moleque. Bastava Taylor
aparecer e a bagunça começava. Alice deu à luz a uma menina que recebeu o
nome de Ashley. Era loira como o pai e tão delicada quanto a mãe. Apenas
Esme permanecia na mesma. Alias... não totalmente na mesma. Vinha saindo
com amigas e até conheceu um tal de Peter, que claramente mostrava seu
interesse por ela. Entretanto ela não se arriscava, já que oficialmente ainda era
casada com Carlisle. Esse simplesmente perdeu o amor à vida. Parou de
trabalhar, pois pouco a pouco os clientes o abandonaram. Ninguém queria se
consultar com um médico que ia trabalhar bêbado. Dizem que andava por ai,
pelos bordeis e bares. Edward se preocupava, afinal ele não sabia de onde o
pai poderia estar tirando dinheiro para se sustentar.

— Acho que vou subir, Jake. Preciso ver meus amores.

— Vá lá. Aproveite e tome um banho de banheira. O jantar vai


demorar um pouco.

— Obrigada Jake. Feliz da mulher que se casar com você.

— Eu acho lindo a relação que você e Edward construíram, mas eu não


invejo. Eu sou do mundo.
Bella gargalhou e deu um soco em seu peito, pegando sua bolsa e
subindo para o quarto. Espiou pela fresta da porta do quarto do casal e não viu
nenhum dos dois. Entrou e foi até o banheiro, mas nem sinal deles. Voltou e
se dirigiu ao quarto do Taylor. Parou ao abrir a porta e seu coração deu um
solavanco. Seus olhos encheram-se de lágrimas ao ver os dois homens de sua
vida deitados na cama, em sono profundo. Edward estava apenas de bermuda
e Taylor de calça de moletom e blusa de manga, completamente enroscado ao
corpo do pai. Ambos tinham um aspecto cansado, mas a satisfação era
evidente em seus rostos adormecidos. Bella entrou e foi até o closet, de onde
tirou uma manta e colocou sobre os dois. Nesse momento Edward abriu os
olhos.

— Oi amor... chegou há muito tempo?

— Acabei de chegar. Estou indo tomar um banho. Pode voltar a


dormir.

Mas Edward deu um sorriso safado e se desvencilhou de Taylor com


cuidado. Deu um beijo na cabeça dele e saiu, puxando Bella pela mão.

— Acho que vou acompanha-la no banho.

— Pensei que já tivesse se lavado.

— Já, mas não com você.

— Poderia então encher a banheira enquanto separo minhas roupas?

Edward deu um beijo casto, que nada refletia o que ele tinha em mente.
Abriu a torneira e regulou a temperatura. Chamou por Bella quando a
banheira já estava cheia. Bella entrou no banheiro, apenas com a toalha em
volta do corpo. Edward já se despia da bermuda e entrou na banheira. Sentou-
se e esticou a mão, segurando a de Bella. Ela retirou a toalha e entrou sob o
olhar ardente do marido. Sentou-se entre as pernas dele, com as costas contra
o peito de Edward....

— Ah que delícia... era tudo o que eu precisava agora.

— Muito movimento hoje?

— Aquilo estava um caos hoje. Alguns problemas graves que uma


simples consulta não resolveria, mas acabou me tomando mais tempo que uma
consulta normal.

— Mas nada desagradável, espero.


— Não. Tudo certo. E seu dia, como foi?

— Pra variar, mais uma entrevista. Levei o Tay para escola, depois fui
para a maldita entrevista. Quando sai já era horário de busca-lo. Aproveitamos
e fomos a uma praça. Ele adorou jogar futebol.

— Deu pra perceber pela carinha dele. E a entrevista, como foi?

— Mesma baboseira de sempre.

Como não poderia deixar de ser, Edward mais uma vez foi campeão da
temporada. Agora era heptacampeão. Dessa vez foi sim, uma surpresa.
Edward não vinha bem, mas nada a ver com a troca de escuderia. Na verdade
ele estava focado na família. Bella quase se arrependeu de praticamente tê-lo
obrigado a correr nessa temporada. Ele queria curtir o filho e a esposa e não
ficar viajando de canto a canto para competir. Quando ia muito longe, Bella e
Taylor assistiam pela TV. Mas quando não era uma viagem muito cansativa,
os dois o acompanhavam. Ainda assim ele foi bem, mas não a ponto de ter
larga vantagem. Por isso a competição só foi mesmo decidida na última
corrida. E foi emocionante... foi maravilhoso para Bella ver Edward acenando
e dessa vez sorrindo, ao passar pela bandeira. E mais lindo ainda foi ver
Taylor, ainda tão pequeno no colo da mãe, segurando uma bandeira do pais e
gritando o nome do pai.

Bella nunca encontraria palavras para aquele momento.

Inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos ao sentir os lábios de


Edward em seu pescoço.

— Hum... não faça isso, amor.

— Estou com saudades.

— Eu também.

— Bella... está se lembrando da consulta amanhã?

Edward perguntou, mudando de assunto. Logo após terem adotado


Taylor, o casal resolveu deixar a questão do mapeamento genético para outra
oportunidade. Não iriam desistir de tentar um filho, mas o momento era
apenas do Taylor. Queriam curtir cada momento com aquele pequeno, dar a
ele toda a atenção que ele merecia naquela fase. Ainda era demasiado cedo,
mas Edward optou por procurarem novamente uma ajuda. Eram totalmente
leigos nesse assunto e ele queria ter um parecer, se poderiam ou não sonhar
em serem pais. Se a resposta fosse negativa... talvez mais no futuro tentassem
nova adoção.
— Claro que estou. Não marquei nada para a parte da manhã
justamente por isso.

— Ótimo.

— Está ansioso?

— Curioso seria a palavra adequada.

Edward respondeu, novamente mordendo o pescoço de Bella e agora


fechando a mão sobre o seio dela. Bella não resistiu, girando o corpo e se
sentando sobre e de frente pra ele. Seus lábios se encontraram calma e
lentamente, mas suas línguas dançavam eroticamente.

— Trancou a porta, amor?

— Sim.

— Então venha... mate o desejo que estou de você.

Nenhum dos dois se importou ou percebeu a agua que escapava pela


borda da banheira, ocasionada pelo balanço de seus corpos. Queriam apenas
se amar com a mesma paixão de anos atrás.

Horas mais tarde eles se reuniram em volta da mesa do jantar. Taylor já


estava mais desperto do que nunca e falava sem parar sobre o dia na escola.
Jake tirou a noite de folga para sair e paquerar um pouco. Após o jantar
subiram e os três escovaram os dentes juntos, com Edward e Taylor
empurrando um ao outro por um lugar ao lado de Bella. Gostavam daquela
brincadeira idiota, o que fazia Bella revirar os olhos diante das risadas dele.
Deitaram-se na cama com Taylor no meio deles e assistiram a um filme
animado. Dessa vez Bella e Taylor adormeceram primeiro. Edward se sentou
na cama e ficou observando sua família. Amava aqueles dois de forma tão
intensa que chegava a doer. E como fazia todas as noites, ele rezou e
agradeceu a Deus pela família que tinha. Nunca pedia nada, exceto saúde para
eles. Se tivessem saúde para ficarem ao lado de Edward, o resto ele garantia.

Na manhã seguinte acordou eufórico. Não via a hora de ouvir o que a


geneticista tinha a falar sobre o caso deles. Deixaram Taylor aos cuidados do
Jake e saíram para a consulta. Bella estava quieta, calada. No fundo ela tinha
medo do que iria ouvir. Não queria ver a decepção nos olhos de Edward.

Foram chamados até a sala da doutora Selena Jones, uma loira alta e
peituda, que fez Bella erguer a sobrancelha para Edward e este rolar os olhos.

— Bom dia. É um prazer recebe-los aqui.


— Bom dia. O prazer é nosso doutora.

Edward respondeu e Bella apertou a mão dele disfarçadamente.

– Aliás... parabéns pelo campeonato.

— Obrigado.

— Bom... eu já faço uma ideia, mas gostaria de ouvir de vocês. O que


os traz aqui?

— Então doutora... como já sabe de nossa história, deve saber o que


queremos. Queremos saber quais os riscos corremos se tentarmos um filho...
biológico.

Ela se inclinou um pouco e cruzou as mãos sobre a mesa.

— Digam-me o que pensam. Quais as probabilidades de vocês virem a


ter um filho com alguma anomalia genética?

Bella e Edward se entreolharam.

—Não sei... setenta por cento?

— Oitenta?

Bella completou.

A doutora deu um sorriso que quase pareceu tranquilizador.

— Imaginei que pensariam assim. A grande maioria pensa, mas por


total falta de conhecimento ou até mesmo por conceitos errados... vindos de
tempos atrás. Mas a realidade não é essa. Na verdade casais sem relação de
parentesco têm três por cento de chance de terem filhos com alguma anomalia
genética. Para os consanguíneos, ou seja, pessoas que são parentes pelo
sangue, o risco dobra, e passa a ser de seis por cento.

Bella e Edward arregalaram os olhos e por um momento Bella


imaginou que ela estivesse curtindo com a cara deles. Mas é obvio que uma
geneticista respeitável não faria isso.

— Seis? Seis por cento?

— Pouco diante do que pensaram não é? Mas entendam que isso só


traduz a realidade de um casal que não apresente histórico de doenças
genéticas na família. Então o que temos que fazer é investigar as três últimas
gerações e avaliar a possibilidade de combinações negativas.

— E o que a doutora acha? Deveremos tentar?

— Isso não cabe a mim opinar, sequer aconselhar. O meu papel é


explicar e mostrar os riscos de maneira clara e objetiva. Se estiverem
dispostos a tentar, como faremos? A primeira coisa será montarmos a árvore
genealógica das três ultimas gerações de vocês. Será um trabalho em equipe,
terão que conversar com seus parentes para sabermos se houve casos de
surdez, Síndrome de Down e retardo mental nas últimas três gerações para
que minha avaliação seja mais precisa.

Bella e Edward se entreolharam. Da parte dela seria mais complicado.


Sabia que a mãe tinha alguma parente perdido por ai, mas não fazia ideia de
como encontrar. Mas teriam que fazer de tudo para que soubessem dos riscos
e assim pudessem se decidir se iriam ou não arriscar. Ficou combinado então
que fariam essas seções de aconselhamento genético, onde montariam a
árvore genealógica deles. A próxima consulta seria na próxima semana.

— E então? O que achou?

Edward perguntou assim que entraram no carro.

— Fiquei surpresa com a porcentagem. Eu sempre pensei que a chance


seria altíssima.

Ela franziu o cenho.

— Não era para eu ter estudado isso na faculdade?

—Claro que não, Bella. Você é uma médica cardiologista e não


geneticista.

Ela deu de ombros.

— Acho que o maior problema será encontrar alguém da família de


minha mãe. Eu acho que ela já mencionou uma prima, mas não tenho certeza.
Nem sei se era prima ou tia.

— Começaremos comigo então. Enquanto isso vamos fazer uma busca


para encontrarmos algum parente seu.

Eles se deram as mãos enquanto Edward dirigia com a mão livre.


— Seria muito bom termos um filho biológico. Mas se não for
possível... eu não me importo. Temos o Tay que foi o maior presente que já
recebemos.

— Sim. E se quisermos mais... poderemos adotar outros.

Edward sorriu e beijou suas mãos.

— Vai dar certo. De uma forma ou de outra.

— Eu sei. Sempre deu e sempre dará enquanto estivermos unidos.

Eles sorriram um para o outro. A vida realmente tinha sido uma mãe
para eles.

***********

Cinco anos depois

Edward estava parado, completamente estático observando aquela


cena. Obrigou suas pernas a caminharem e tentou não fazer barulho. Ao
chegar bem perto de Bella ele a segurou pela cintura e a tirou de cima da
escada de três degraus.

— Ai Edward. Que susto.

– Que susto digo eu. Você ficou maluca, Bella? Olha o tamanho dessa
barriga. Porra... você como médica deveria saber o risco que correu.

— Ela é firme, Edward. Eu só fui pegar o cereal para o Tay.

— E por que não pediu ao Jake?

— Ele está de folga, esqueceu?

— Merda.

Ele colocou Bella sentada na cadeira e sem dificuldade ergueu o braço


pegando a caixa de cereal. Bella bufou, apoiando o queixo na mão. A outra
mão acariciava o ventre avantajado de oito meses. Após muita luta, muita
pesquisa, muita conversa até chegarem a um consenso eles se decidiram.
Iriam tentar um filho. Após a análise da árvore genealógica que demorou um
bom tempo para ser montada, a conclusão foi que eles estavam sim no grupo
dos seis por cento de risco. Nunca houve nenhum problema com os
antepassados que aumentasse a porcentagem de rico. No entanto, não
começaram a tentativa logo de cara. Curtiram mais um pouco o pequeno Tay.
Viajaram com ele, participaram das atividades na escola, e quando ele
completou sete anos, ele disse que queria seguir os passos do pai. Hoje ele era
um piloto de kart. Esse também foi um dos motivos que levou o casal a
esperar um pouco mais. Participavam de todos os treinos e corridas do filho,
vibravam e comemoravam com ele. Enfim... viveram intensamente a vida
familiar durante pouco mais de cinco anos. Há pouco mais de um ano,
resolveram tentar e isso significa sexo quase todo dia. Não ficaram com a
paranoia de ficar observando o ciclo ou deixando de fazer sexo para
esperarem o período fértil. Simplesmente... faziam amor sem qualquer
proteção e esperavam o resultado. A notícia da gravidez foi recebida com
entusiasmo e os cuidados foram redobrados. Exames específicos, alguns que
Edward sequer tinha ouvido falar. Bella não se queixava de nada e a gestação
seguia tranquila.

Com o restante da família também houve novidade. Emmett e Rose se


casaram oficialmente há dois anos. Alice e Jasper se mudaram para a França e
vinham visitar a família três vezes por ano. Esme conseguiu se divorciar no
litigioso e hoje estava envolvida com o Peter. Carlisle simplesmente
desapareceu no mapa. Era como se nunca tivesse existido. Edward ainda
tentou procurá-lo, colocando anúncios na internet e nos jornais, mas ninguém
sabia do seu paradeiro.

E como poderiam saber? Quem iria imaginar que aquele ser


maltrapilho, com cabelos sebosos e marrons de tanta sujeira era aquele
homem loiro e lindo de anos atrás? Quem diria que o médico tão requisitado
era aquele mendigo que vivia numa caverna debaixo da ponte de onde só saia
ao final da tarde para observar a casa do filho? Ali ele via vida, via o neto
adotivo sentado no gramado ao lado da mãe... sua filha-nora. Estava grávida.
E ele nem ao menos poderia chegar perto da sua Bella... e do seu Edward. Não
teria coragem de pedir perdão, pedir para voltar. Ele procurou pela própria
desgraça e agora teria que arcar com isso.

— Como está se sentindo?

Edward perguntou de repente, fazendo Bella pular de susto.

— Bem. Uma dor leve aqui em baixo...

Mostrou pouco abaixo do ventre.

— Oh merda, Bella... por que faz isso?

— Não é nada, Edward.


— Não é nada... não é nada. Sabe que essa gravidez pode não chegar
aos nove meses. Caramba, Bella... me ajude.

Um soluço escapou pelos lábios dela e Edward se ajoelhou a sua frente.


Ela estava mais sensível. Na verdade estava com medo da maldita cesariana.
Desde quando descobriram que teriam gêmeos, eles optaram pela cesariana.
Além disso a obstetra alertou para o fato de que raramente uma gravidez de
gêmeos chegava aos noves meses.

— Desculpe. Não queria chateá-la. Eu só fiquei nervoso.

— Está tudo bem.

— Mamãe?

Taylor apareceu, já de pijama, com um olhar sonolento.

— Por que está chorando?

— Só estou um pouco nervosa, querido.

— Por causa dos bebês?

Taylor estava agora com dez anos e estava um rapazinho. Era bem
maduro para a idade dele e ficava aflito quando via a mãe nervosa ou
chorando. Acariciou o rosto dela e depois colocou a mão em seu ventre.

— Eles estão quietinhos?

— Sim. Acho que estão dormindo. Aliás... é hora de meu campeão ir


pra cama também. Coma o cereal e escove os dentes.

Edward preparou o cereal para o filho, mas de olhos atentos na esposa.


Não sabia se era impressão dele, mas Bella tinha um aspecto cansado. Ela
estava afastada do trabalho, assim como ele. Há dois anos ele se afastou das
pistas. Não sabia se um dia iria voltar. No momento ele não sentia falta, mas
sabia que um dia iria sentir. Mas deixaria para pensar nisso daqui a algum
tempo. Sua prioridade era ajudar Bella a trazer os filhos ao mundo.

Após lanchar, Taylor beijou os pais e subiu para o quarto. Não


precisavam ficar repetindo a todo momento o que ele deveria fazer. Foi muito
bem educado nos primeiros anos com eles e já adquiriu bons hábitos. Assim
que ficaram a sós, Edward se sentou ao lado de Bella.

— Quer comer alguma coisa?


— Não. Quero me deitar. Estou com sono.

— Vamos. Eu ajudo você.

Por mais forte que Edward fosse, ele não conseguia mais subir com
Bella nos braços pelas escadas. O máximo que podia fazer era apoia-la já que
estava com quase dezoito quilos a mais. Mas estava linda. Edward não se
lembrava de tê-la visto mais linda do que agora.

Bella foi direto para o banheiro, fez suas necessidades e sua higiene.
Como sempre, Edward a ajudou a se deitar, ajeitando os travesseiros e as
almofadas sob seus pés.

— Está confortável?

— Sim.

— Eu já volto.

Edward foi ao banheiro e após fazer sua higiene voltou para o quarto
indo diretamente para a cama. Pousou a mão sobe o ventre de Bella enquanto
observava seu rosto.

— Daqui a uma semana nossos bebês estarão aqui, amor.

— Sim. Mal posso esperar para ver a carinha deles.

— Agora eu me arrependo de não ter visto o sexo deles.

Edward riu, beijando-a. Ele sempre foi curioso e quis logo saber o
sexo, mas Bella bateu o pé. Agora estava arrependida.

— Logo logo saberemos.

Bella bocejou e Edward fez um cafune em seus cabelos.

—Hum... tão bom.

— Pra você dormir mais depressa.

— Obrigada... eu te amo.

Falou já meio grogue de sono.

— Eu também te amo.
Logo Bella ressonava tranquilamente. Edward demorou um pouco mais
para dormir, mas foi acordado algumas horas depois com um gemido de dor.
Abriu os olhos e tateou ao lado, procurando pelo abajur. Novo gemido e ele se
sentou na cama.

— Bella? Amor o que houve?

— Acho... acho que eles não querem esperar, Edward.

Ele deu um salto na cama e caiu de joelhos ao lado dela.

— O que está sentindo? As dores do jeito que a doutora falou?


Inspire...

Bella inspirou e soltou o ar lentamente, mas ela sabia que tinha


chegado a hora. De nada adiantou marcar a cesárea para a próxima semana.

— Minha bolsa... minha bolsa se rompeu, Edward.

— Oh meu Deus...

Rapidamente Edward se vestiu, com o celular na orelha ligando para a


mãe. Jake não estava e alguém teria que ficar com o Taylor. Edward falava ao
telefone e revirava o armário a procura de alguma roupa pra Bella. Felizmente
ela era meticulosa em arrumação, tanto que a mala que levaria para a
maternidade também estava pronta.

Edward a ajudou a se vestir, pegou a mala e levou para o carro. Nesse


meio tempo Esme chegou. Tinha jogado apenas um casaco sobre a camisola.

— Como ela está?

— Está bem, mas a bolsa se rompeu. Cuide do Tay pra mim, por favor?

— Claro, querido. Mantenha-me informada.

Esme deu um beijo na bochecha de Bella assim que Edward desceu


com ela.

— Vai dar tudo certo, filha. Vou fazer uma oração para as grávidas.

— Obrigada, mãezinha. Mas esses seus netos... são meio apressados.

— Puxou ao pai. Edward também nasceu uma semana antes do


esperado.
— Ta... ta... agora vamos.

Bella bufou e seguiu agarrada ao braço do marido. Não ia negar que


estava com medo... mas ele estava ao seu lado. Edward sempre seria sua força.

***********

Quatro horas mais tarde, agarrado à mão de Bella e chorando


copiosamente, Edward ouvia o choro do primeiro bebê. Bella também
chorava, olhando para o rosto emocionado do marido. Era um choro alto,
forte, quase revoltado. Era como se o bebê não quisesse sair daquele abrigo
quentinho onde estava.

—Olhem papai e mamãe... que garotinha mais linda.

A enfermeira se aproximou com a garotinha que chorava cada vez mais


alto. As bochechas eram gordinhas e coradas e os cabelos ralos estavam
grudados na cabeça com uma meleca estranha. Mas ainda assim era a coisinha
mais linda que Edward já tinha visto.

— Meu amor... a mamãe te ama tanto.

Bella olhou para Edward que estava incapaz de dizer qualquer coisa.

— E o papai babão também te ama.

Nesse momento outro choro foi ouvido, mais baixo, mas igualmente
forte.

— Oba... outra garotinha, mamãe.

Edward abriu um sorrisão e dessa vez não aguentou e deu um beijo nos
lábios de Bella. Eram duas garotas. A última era um pouco mais franzina que
a primeira, mas tão linda quanto.

— São lindas e perfeitas, mamãe. Agora iremos leva-las para limpeza e


exames, ok? Logo as terá de volta para amamenta-las.

— Sim.

Edward beijou Bella novamente antes de se retirar da sala para que


fizessem os procedimentos necessários nela. Ele enxugou o suor da testa no
avental que usava e em seguida o tirou. Tirou também a touca e em seguida
pegou o celular, ligando para Esme.

— E então meu filho?


— Nasceram, mãe. Suas netas são lindas... duas bonequinhas lindas.

— ah que felicidade, meu amor. Não sabe como estou feliz por vocês.

Edward enxugou uma lagrima e engoliu em seco.

— Eu também. É felicidade que não cabe dentro de mim.

— Eu avisei a Rose. Ela disse que estava indo para o hospital.

— Ok. E o Tay como está?

— Dormindo tranquilamente. O Jake já voltou. Disse que sentiu um


incomodo e precisava voltar.

Edward sorriu. Com certeza o amigo pressentiu alguma coisa. Jake era
mesmo um irmão pra ele.

— Vou ver como a Bella está mãe.

— Dê um beijo nela, querido.

—Darei.

Nesse momento Rose surgiu praticamente correndo pelo corredor,


acompanhada por Emmett.

— E então?

— Nasceram. Duas princesas lindas.

— Ah seu maldito sortudo.

Rose o abraçou fortemente e em seguida Emmett também.

— E como Bella está? E os bebês?

— Todos bem. Os bebês foram levados para exames e Bella em breve


estará no quarto.

— Estou louca para vê-las.

— Vamos até a ala pediátrica? Devem ser levadas pra lá daqui a pouco.

Os três ficaram bons minutos a espera até que a enfermeira que esteve
presente durante o parto os viu. Acenou e apontou para o berço onde os bebês
estavam.
— Ah pena que estejam tão longe. Nem dá pra ver.

Mas a enfermeira saiu da sala e pouco depois apareceu no corredor


com um papel na mão.

— Senhor Cullen... eu não resisti. Foi tão lindo que precisei tirar uma
foto. Aqui está.

Edward pegou a foto e não segurou seu choro. Rose também se


desmanchou em lágrimas, passando o braço em volta da cintura do irmão.

— Que cena mais linda, meu Deus.

— Obrigado. É realmente linda... muito obrigado mesmo por ter tirado


essa foto.

— De nada. Achei que o momento merecia.

— Bella vai enlouquecer ao ver isso.

Eles ainda olharam para os bebês mais um tempo e depois Edward foi
procurar notícias de Bella. Ela já estava no quarto, mas Rose achou melhor
Edward entrar primeiro. Ela estava de olhos fechados, enrolada em duas
mantas. Edward se aproximou cautelosamente e tocou seu rosto.

— Oi.

Ele sorriu.

— Oi meu anjo.

— Como elas estão?

— Como você está?

— Bem. Só um pouco sonolenta, mas é normal. E elas?

— Estão bem. Daqui a pouco estarão aqui.

Edward se inclinou e tocou suavemente os lábios de Bella com os seus.

— Obrigado por elas. Obrigado por tudo.

— Vocês são minha vida, Edward. Amo vocês.

— Nós também. Mas agora... eu quero te mostrar uma coisa.


— O que é?

— A enfermeira que me deu. Ela disse que presenciou isso e não


poderia deixar de registrar. Tirou a foto e me entregou.

Edward colocou a foto em frente ao rosto de Bella e em seguida ela se


desmanchava em lágrimas, a ponto de soluçar.

— Oh meu Deus... que isso? Que coisa mais linda...

— Não é?

— Nunca vi coisa tão maravilhosa... oh...

— Irmãs, Bella. Elas já se reconhecem. E sei que serão fortes, unidas,


amigas e que se amam. Como nós dois.

— Sim. A diferença é que nós não amamos como irmãos devem se


amar.

— Em momento algum eu me arrependi de amar você.

— Nem eu. Mas eu não desejo pra ninguém o sofrimento que tivemos.

— Eu sei. Mas eu agradeço todos os dias por ter te amado assim. A


vida que eu tenho agora é a melhor que eu poderia imaginar.
— Eu também me sinto assim.

— Já pensou em algum nome?

— Acho... acho que será aqueles mesmo que tínhamos falado uma vez.

Edward sorriu. Conhecia bem a esposa e sabia que ela não guardava
rancor. Ele também não. Esse tipo de sentimento não faz bem a ninguém.

— Então está combinado.

Bella sorriu.

— Renesmee e Carlie.

— Eles... ficarão felizes com a homenagem.

Renesmee em homenagem a Esme e Renne, as duas mães de Bella. E


Carlie... em homenagem a Carlisle. Apesar de tudo, Bella e Edward o
amavam.

Olharam mais uma vez para a foto, sorriram e se beijaram. E entre


beijos e sorrisos, eles receberam os filhos para que Bella pudesse alimentá-los
pela primeira vez. E novamente Edward presenciou uma cena que jamais
sairia de sua mente. Bella, linda mesmo após horas de parto, amamentando os
dois filhos ao mesmo tempo. Felizmente ele não era mais um bloco de gelo e
agora conseguia chorar como só uma pessoa que ama demais conseguia fazer.

Notas finais do capítulo


Agora é pra valer. Muito obrigada a todas.

O link da foto não está funcionando, então aqui vai:


http://imageshack.us/photo/my-images/594/37696963359453667072360.jpg/

Informações a respeito do mapeamento genético retiradas dos sites:


http://delas.ig.com.br/saudedamulher/os-riscos-geneticos-do-casamento-entre-
primos/n1237830100626.html

Todas as histórias são de responsabilidade de seus respectivos autores. Não


nos responsabilizamos pelo material postado.
História arquivada em
http://fanfiction.com.br/historia/355658/Principe_De_Gelo_-_Short_Fic/

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