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PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.

154-18

CRIMINOLOGIA
Ponto 1 – Conceitos Iniciais e Sistemas 1

CPF: 860.542.154-18

É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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MENSAGEM DO MEGE
Tema hiper mega relevante, já de início para prova de Delta, diz respeito aos
conceitos iniciais que envolvem a matéria de criminologia.

Não há dúvidas de que as bancas devem continuar explorando pelo menos


uma questão envolvendo o assunto abordado aqui hoje – isso aconteceu
recentemente em PCPE, PCGO e DPF pela CEBRASPE.

O assunto em criminologia é eminentemente conceitual, então foque ao


máximo em entender cada ponto trabalhado pelo curso.

Bons estudos.

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SUMÁRIO

1. CRIMINOLOGIA.........................................................................................................................4
1.1. NOÇÕES GERAIS ............................................................................................................4
1.1.1. Conceito de Criminologia............................................................................................4
1.2. MÉTODOS DA CRIMINOLOGIA .......................................................................................7
1.2.1. Empirismo...................................................................................................................7
1.2.2. Interdisciplinaridade ...................................................................................................8
1.3. OBJETOS DA CRIMINOLOGIA .........................................................................................9
1.3.1. Crime ........................................................................................................................10
1.3.1.1. Incidência Massiva .................................................................................................11
1.3.1.2. Incidência Aflitiva...................................................................................................12
1.3.1.3. Persistência Espaço Temporal ...............................................................................13
1.3.1.4. Inequívoco Consenso .............................................................................................14
1.3.2. Criminoso..................................................................................................................14
1.3.3. Vítima .......................................................................................................................15
1.3.3.1. Idade de Ouro ........................................................................................................16
1.3.3.2. Neutralização da Vítima .........................................................................................17 3
1.3.3.3. Redescobrimento da Vítima ..................................................................................17
1.4. CRIMINOLOGIA, DIREITO PENAL E POLÍTICA CRIMINAL ................................................. 18
1.5. CLASSIFICAÇÕES DA CRIMINOLOGIA ............................................................................ 20
1.6. MODELOS TEÓRICOS DA CRIMINOLOGIA ..................................................................... 21
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1.6.1. Classicismo e Neoclassicismo....................................................................................21
1.6.2. Positivismo................................................................................................................22
1.6.3 Modernismo ..............................................................................................................22
1.7. QUESTÕES DE CONCURSOS DA POLÍCIA CIVIL ............................................................... 23
1.8. GABARITO COMENTADO ............................................................................................. 29

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1. CRIMINOLOGIA
1.1. NOÇÕES GERAIS

1.1.1. Conceito de Criminologia

A ciência criminológica pode ser conceituada sob diversos aspectos, variando


de autor para autor a depender do ponto de partida da análise empírica. Nessa seara,
nos alinhando a uma perspectiva mais generalista, vamos entender criminologia como:

Ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da


pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento
delitivo, e trata de ministrar uma informação válida e contrastada sobre a
gênese, dinâmica e variações principais do crime, contemplando-o como
problema individual e social, assim como sobre os programa para sua
prevenção especial, as técnicas de intervenção positiva no homem
delinquente e os diversos modelos ou sistemas de respostas ao delito.1

Então Megeano e Megeana, este é um conceito de Antônio García-


Pablos de Molina, e você levará para a prova, porquanto as bancas
costumam ter essa mesma visão da matéria.

Guarde bem esse nome, porque vamos ouvi-lo bastante até o


4
final do nosso curso. Beleza? Sigamos!

Vamos também dar uma parafraseada em conceitos de grandes criminólogos


no decorrer dos séculos para visualizarmos a compreensão evolutiva do pensamento
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literário.

Rafael Garófalo: Criminologia é a ciência do delito.2


Quintiliano Saldaña: Ciência do crime ou estudo científico da
criminalidade, suas causas e meios para combatê-la.
Afrânio Peixoto: Ciência que estuda o crime e o criminoso, isto é, a
criminalidade.

1
Ah! Vamos entender a sistemática de escrita deste material. Sempre que formos trazer um conceito
aberto de autores ou pensamentos, vamos destacar nesse modelo, para te ajudar a separar o que é
construção do Mege, e o que é doutrina e literatura.
2
“Vale registrar, por oportuno, que ele diferenciava o delito sociológico (ou natural) do delito jurídico,
este último puramente normativo, pois era o que o legislador considerava como digno de proteção pela
lei penal. [...] o delito natural era compreendido como uma lesão daquela parte do sentimento moral
que consiste nos sentimentos altruístas fundamentais (piedade e probidade), segundo o padrão em que
se encontram as raças humanas superiores, cuja medida é necessária para a adaptação do indivíduo à
sociedade”. Eduardo Viana, 2015.

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Ernst Seeling: Conduta psíquico-corpórea e culposa de um homem, que


por ser contrária à sociedade, é juridicamente proibida e ameaçada
com uma pena.
Günter Kaiser: Conjunto ordenado de saberes empíricos sobre o delito,
o delinquente, o comportamento socialmente negativo e sobre os
controles desta conduta.
Franz Exner: Teoria do delito como fenômeno na vida das pessoas e na
vida do indivíduo.
Hans Joachim Scneider: Ciência humana e social, dado que, por um
lado, essa se ocupa com um tipo especial de pessoas (por exemplo,
vítimas, autores de crimes, policiais) e, por outro, com a sociedade e os
seus grupos (por exemplo, família, jovens, justiça criminal, economia).

A partir dessa observação, podemos determinar que há uma variante que


sempre é foco central dos autores: crime e sua relação com o social.

Além disso Delta, existem três correntes da criminologia:

• Clínica - Destina-se ao estudo dos casos particulares com o fim de


estabelecer diagnósticos e prognósticos de tratamento, numa
identificação entre a delinquência e a doença. Aliás, a própria
denominação já nos dá ideia de relação médico-paciente. 5
• Radical - Busca esclarecer a relação crime/formação econômico-social,
tendo como conceitos fundamentais relações de produção e as
questões de poder econômico e político. Já a criminologia da reação
social é definida como uma atividade intelectual que estuda os
processos de criação das normas penais e das normas sociais que estão
relacionados CPF: 860.542.154-18
com o comportamento desviante.
• Organizacional – Compreende os fenômenos de formação de leis, o da
infração às mesmas e os da reação às violações das leis.

De acordo com Masson (2022) a criminologia ocupa-se das circunstâncias


humanas e sociais relacionadas com o surgimento, a prática e a maneira de evitar o
crime, assim como do tratamento dos criminosos. Para grande parte dos
doutrinadores, e você vai levar isso para a prova Delta, é Cesare Lombroso.

Por fim, vamos à obra de Sérgio Salomão Shecaira:


Ocupa-se a criminologia do estudo do delito, do delinquente, da vítima e
do controle social do delito e, para tanto, lança mão de um objeto
empírico e interdisciplinar. Diferentemente do direito penal, a
criminologia pretende conhecer a realidade para explicá-la, enquanto
aquela ciência valora, ordena e orienta a realidade, com o apoio de uma
série de critérios axiológicos. A criminologia aproxima-se do fenômeno
delitivo sem prejuízos, sem mediações, procurando obter uma

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informação direta deste fenômeno. Já o direito limita interessadamente


a realidade criminal, mediante os princípios da fragmentariedade e
seletividade, observando a realidade sempre sob o prisma do modelo
típico. Se à criminologia interessa saber como é a realidade, para
explicá-la e compreender o problema criminal, bem como transformá-
la, ao direito penal só lhe preocupa o crime enquanto fato descrito na
norma legal, para descobrir sua adequação típica. O direito penal versa
sobre normas que interpretam em suas conexões internas,
sistematicamente. Interpretar a norma e aplicá-la ao caso concreto, a
partir de seu sistema, são os momentos centrais da tarefa jurídica. Por
isso, ao contrário da criminologia, que é uma ciência empírica, o direito
tem um método jurídico-dogmático e seu proceder é dedutivo
sistemático. O direito penal tem natureza formal e normativa. Ele isola
um fragmento parcial da realidade, com critérios axiológicos, e a
intervenção estatal tem por imperativo o princípio da legalidade. A
criminologia reclama do investigador uma análise totalizadora do
delito, sem mediações formais ou valorativas que relativizem ou
obstaculizem seu diagnóstico. Interessa à criminologia não tanto a
qualificação formal correta de um acontecimento penalmente relevante,
senão a imagem global do fato e de seu autor: a etiologia do fato real,
sua estrutura interna e dinâmica, formas de manifestação, técnicas de
prevenção e programas de intervenção junto ao infrator. O direito penal
e a criminologia aparecem assim como duas disciplinas que têm o
6
mesmo objetivo com meios diversos: a criminologia com o
conhecimento da realidade, e o direito penal com a valoração
interessada dessa mesma realidade. Hoje é possível precisar,
perfeitamente, a autonomia de ambas as disciplinas e, ao mesmo
tempo, firmar sua interdependência recíproca. O direito penal não está
CPF:como
em condições, 860.542.154-18
se pensava antigamente, de circunscrever o
conteúdo da criminologia, pois isso significaria que a criminologia não
poderia – como o faz – estudar uma série de mecanismos de controle
social que, de qualquer modo, assemelham-se ao direito penal. Mais
ainda, a criminologia, na atualidade, erige-se em estudos críticos do
próprio direito penal, o que evita qualquer ideia de subordinação de
uma ciência em cotejo com a outra.

Megeana e Megeano, nesse conceito de Shecaira (2020), simplesmente


extraímos variados conceitos que vamos discutir neste e nos próximos pontos de
Criminologia. Vamos aguardar para melhor análise.

É importante, ademais, entender que a Criminologia não se resume à coleta


de dados. Essa é apenas uma parte do estudo. A principal função da criminologia, nas
palavras de Antônio Garcia-Pablos de Molina é: “[...] informar a sociedade e os
poderes públicos sobre o delito, o delinquente, a vítima e o controle social reunindo um
núcleo de conhecimentos – o mais seguro e contrastado – que permita compreender

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cientificamente o problema criminal, preveni-lo e intervir com eficácia e de modo


positivo no homem delinquente.”

A criminologia se ocupa do “ser”, e não do “dever ser”, como o Direito Penal


que é uma ciência normativa, como dito, e tem como objeto simplesmente a forma
abstrata do crime.

Outra matéria que se entrelaça à Criminologia, mas com essa não se confunde
é a Política Criminal.

Ambas tem em comum o fato do processamento dos dados, mas, nas palavras
de Aníbal Bruno, a Política Criminal é assim definida: [...] tem no seu âmago a
específica finalidade de trabalhar as estratégias e meios de controle social da
criminalidade (caráter teleológico). É característica da Política Criminal a posição de
vanguarda em relação ao direito vigente, vez que, enquanto ciência de fins e meios,
sugere e orienta reformas à legislação positivada”3.

Além do conceito acima descrito, destaca-se o conceito apresentado por


Pierangeli e Zaffaroni: A política criminal é a ciência ou a arte de selecionar os bens (ou
direitos), que devem ser tutelados jurídica e penalmente, e escolher os caminhos para
efetivar tal tutela, o que iniludivelmente implica a crítica dos valores já eleitos.4”

7
1.2. MÉTODOS DA CRIMINOLOGIA

Em resumo Delta, dois são os métodos da criminologia:

Empírico CPF: 860.542.154-18


Interdisciplina

1.2.1. Empirismo

Com a fase científica da criminologia passou-se a utilizar o método empírico


ou experimental e INDUTIVO5, cunhado pela Escola Positiva, para estudar o seu objeto
(crime, vítima, controle social e criminoso).

3
Bruno, Anibal. Direito Penal – Parte Geral. Tomo 1º. Rio de Janeiro: Forense, 1967, p. 41.
4
PIERANGELI, José Henrique, ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de Direito Penal Brasileiro. 6ª Ed. Vol.
01 São Paulo: RT, 2006.
5
O que hoje denominamos saber científico está diretamente ligado ao ideal iluminista, fonte de nossos
conhecimentos e base de nossas instituições. A ciência como força relevante para o homem começou

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Natacha Alves de Oliveira (2020) pontua muito bem uma diferença


fundamental para provas:
Destaque-se que as Escolas Clássica e Positiva divergem em relação ao
método adotado para a compreensão do fenômeno criminal, visto que a
primeira se vale do método formal, abstrato e dedutivo, enquanto a
segunda se vale do método empírico e indutivo.

Vejamos o seguinte esquema6:

ESCOLA CLÁSSICA
• Método Formal, Abstrado e Dedutivo.

ESCOLA POSITIVISTA
• Método Empírico e INDUTIVO.

Conforme Eduardo Viana (2020):


Os fenômenos sensíveis – a exemplo do crime – só podem ser
reconhecimentos por meio de juízos empíricos, isto é, baseados na
observação e indução, uma ciência que se aproxima do objeto de
8
investigação, que se aproxima da realidade para melhor compreendê-la.
Por isto, em síntese: pode-se dizer que a criminologia é uma ciência
fática, que pertence às ciências empíricas que utilizam métodos
indutivos.

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1.2.2. Interdisciplinaridade

A ciência da criminologia se usa da interdisciplinaridade para explicar o


fenômeno criminal, dialogando com ciências dos diversos ramos, como por exemplo:
sociologia, psicologia, penal, biologia, e outras.

Nas palavras de Immanuel Kant (1724-1804):


[...] quando redijo uma lei penal contra mim mesmo na qualidade de
criminoso, é a razão pura em mim (homo noumenon), legislando com

com Galileu Galilei (1564-1642), existindo há mais de trezentos e cinquenta anos. Se na primeira metade
desse período não houve qualquer modificação no cotidiano do ser humano comum, o esforço dos
sábios traduziu-se em grandes transformações para toda a humanidade, no período posterior. Shecaira
(2020).
6
Aqui o cuidado tem que ser macro Delta! As bancas costumam, quando cobram esse assunto, trocar
essas duas palavras. Indutivo por Dedutivo. Então não erre isso. Crie um MNEMÔNICO e acerte, sempre.

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respeito a direitos, que me sujeita, como alguém de capaz de perpetrar


o crime e, assim, como uma outra pessoa (homo phaenomenon), à lei
penal, junto com todos os demais numa associação civil.

A análise da criminologia parte do pressuposto do crime ser um fenômeno


social, “normal”. É o que se chama de “anomia” em alguns autores.

• Não há como separar a ciência da criminologia de todos os demais


ramos sociais, à saber, faz-se uma relação epistemológica da matéria,
com a sua ligação à sociedade em que se analisa o fenômeno, como
um todo.

De acordo com Eduardo Viana (2020):


Além de empírica, a Criminologia é igualmente interdisciplinar, ou seja, a
ciência criminológica também se socorre de uma forte interlocução com
outras ciências para induzir suas respostas. Contudo, como bem aponta
o setor doutrinário, interdisciplinaridade não se confunde com mera
multidisciplinaridade. Esta significa, apenas, a participação de diversas
disciplinas, ao passo que aquela traduz uma ideia de coordenação e
integração. Em modo de síntese, pode-se dizer que a
interdisciplinaridade representa um maior grau de influxos entre as 9
ciências, ao passo que a multidisciplinaridade, um menor grau de
relação.

Cuidado aqui Delta!

A banca vai trocar interdisciplinaridade com multidisciplinaridade, bem como


os dois conceitos. Nunca erreCPF: 860.542.154-18
isso. Sigamos!

1.3. OBJETOS DA CRIMINOLOGIA

São 4 (quatro) os objetos da criminologia.

Crime

Crimonoso

Vítma

Controle Social

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De acordo com Eduardo Viana (2020) à ciência criminológica resta identificar


o traço particularizante do conceito. Essa não é uma tarefa fácil, pois as diversas
compreensões da ciência criminológica são terreno fértil para a proliferação dos
conceitos, daí porque o primeiro problema do conceito de delito é, certamente
delimitar seu alcance, especialmente em confronto com o Direito Penal.
O que, então, deve-se compreender como delito para a Criminologia?
Essa resposta [...] não é unívoca. Aliás, trata-se de tarefa complexa,
afinal, sendo o delito uma entidade jurídica – para usar a expressão de
Carrara – vem à tona, fatalmente, a reflexão sobre a contradição de uma
ciência empírica enfrentar um conceito jurídico. Seja como for, salvo
melhor juízo, duas razões obrigam a investigar o conceito próprio para a
criminologia: primeiro, o fato do objeto (delito) ser determinado por
valoração jurídica pode constituir, apenas, o ponto de partida em um
diminuto campo de eventos criminalizáveis, mas não o ponto de
chegada do conceito criminológico; como consequência, a autonomia
científica alcançada pela Criminologia permite que ela mesma determine
e delimite, em certa medida, seu objeto. Estas duas razões, segundo
penso, são razoáveis para superar a (aparente) contradição.

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1.3.1. Crime

O primeiro ponto que deve ser observado é que criminologia e direito não
tratam do delito com o mesmo viés.

No Direito Penal, crime é ação ou omissão, típica, antijurídica e culpável


(conceito tripartido de crime)7 – puro juízo de subsuntivo do fato à norma. Já para a
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criminologia, o delito deve ser encarado como um fenômeno comunitário e como um
problema social.
[...] que fatores levam os homens, vivendo em sociedade, a “promover”
um fato humano corriqueiro à condição de crime? É evidente que a
evolução de novas tecnologias sempre está a demandar novas
intervenções nas esferas penais. É assim com a criminalidade que
envolve as questões de bioética ou aquela relativa à informática. No
entanto, o que fez com que os homens, em dado momento de sua
evolução histórica, resolvessem criminalizar a conduta de corte de
certas árvores, algo que a humanidade vinha fazendo por muitos
séculos, sem qualquer ação dos governos que visasse a coibir tal
atitude? Ou, ainda, por que durante séculos e séculos os homens foram

7
Apresento a teoria geral de definição analítica do crime, sendo certo que há autores (Damásio de
Jesus) que considera a corrente bipartida de crime, sendo este fato típico e ilícito. Fundamental nessa
informação, ainda, você ter em mente que há certames para Delta que cobram esta última posição. São
Paulo, por exemplo. Sigamos!

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inamistosos caçadores e agora passaram a punir aqueles que caçam


certos animais, desregradamente? Em outras palavras, o que se quer
saber é: quais são os critérios ensejadores de cristalização de uma
conduta como criminosa?

Dessa forma o crime é “natural”, é um fato da vida (como alhures citado) e


assim deve ser encarado pelos operadores do Direito, sob o viés criminológico.

A doutrina, nessa senda, costuma trazer, pelos variados modos de conceituar


o crime na criminologia com autonomia, determinados parâmetros para se firmar o
delito. É dizer: para a criminologia crime é (...).

Nesse prognóstico, identificamos o que é o fenômeno criminológico. Para a


criminologia, crime ocorrerá quando: houver incidência massiva, incidência aflitiva,
persistência espaço temporal, inequívoco consenso a respeito da sua etiologia e
eficazes técnicas de intervenção e, por último, consciência generalizada sobre sua
negatividade.

Olha só Delta! Isso cai.

Vamos revisar os parâmetros para a criminologia, sobre quando o fato será


delitivo.

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Incidência Massiva

Incidência Aflitiva

Persistência Espaço Temporal


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Inequívoco Consenso

Consciência Generalizada da Negatividade

1.3.1.1. Incidência Massiva

O crime não deve ser analisado por um fato isolado, que ocorre apenas em
um determinado local de um país, mesmo que a ação do agente seja abjeta (horrenda,
ordinária, hedionda). Dessa forma, se a ação de um agente não se reitera, não ocorre
várias e várias vezes, não há que se falar em incidência massiva.

Um importante exemplo é dado por Shecaira (2020). Olha só Delta que ótima
análise para compreensão deste tópico:

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Um exemplo disso aconteceu, anos atrás, no litoral do Rio de Janeiro.


Houve um encalhe de um filhote de baleia em uma praia carioca e um
dos banhistas, que por ali passava, introduziu um palito de sorvete no
orifício de respiração do animal. Pouco tempo depois, por pressão de
entidades ambientalistas, o Congresso Nacional aprovou uma lei de
cinco artigos (Lei 7.643/1987) em que se descrevia a suposta conduta
praticada por aquele banhista: molestamento intencional de cetáceo
(art. 1.° com a atribuição de uma pena de 2 a 5 anos). Nem se pretende
fazer a crítica do verbo utilizado para descrever a conduta praticada por
aquele agente, mas tão somente destacar a impropriedade de, por
ocorrência única no País, promover aquele fato à condição de crime.

Note que é até possível, por uma única ação do agente, ocorrer uma
mobilização social que induza na construção de uma lei. Contudo, para ser crime, essa
ação deve ser reiterada na sociedade, e tal comportamento deve ser titularizado
(protegido) pela seara penal.

1.3.1.2. Incidência Aflitiva

É dizer Delta: o crime deve causar repulsa.


12
Podemos afirmar que é normal que o delito produza dor, quer à vítima ou á
sua família e comunidade social inserida. Então, é totalmente desarrazoado que um
fato sem relevância social (repulsa) seja punido na esfera penal.

Alinhado a este tópico, lembre-se do princípio da fragmentariedade no direito


penal. O direito penal só deveCPF:
ser usado no momento em que falham todos os demais
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ramos do direito, à saber: civil, administrativo, trabalhista, empresarial, e etc.

Vamos novamente à obra de Shecaira (2020) para vislumbrar um perfeito


exemplo que apresenta bem este elemento:
Exemplo da inexistência da dor, que deve ser ínsita ao crime, é a lei que
pune todos aqueles que utilizam, inadequadamente, a expressão “couro
sintético”. É evidente que o vocábulo couro sintetiza a ideia da
procedência animal. No entanto, provavelmente atendendo aos
interesses econômicos de empresários dessa área de produção,
convencionou-se punir aqueles que, para descreverem os tecidos
sintéticos assemelhados ao couro, passassem a denominá-lo de “couro
sintético”. Qual a incidência aflitiva para a comunidade em denominar
um tecido que não é de procedência animal como o sendo?

Respondendo à indagação do autor, nenhuma, certo Delta?

Dito o que é incidência aflitiva, vamos ao terceiro parâmetro.

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1.3.1.3. Persistência Espaço Temporal

Este terceiro parâmetro coaduna super bem com os dois iniciais. O crime deve
acontecer no espaço-tempo, e não ser tratado como um fato isolado em um
determinado momento (não confundir com lei temporária e excepcional).

Dessa forma, não há como considerar crime uma situação que, ainda que seja
massiva e aflitiva, não se distribui por todo o espaço territorial brasileiro ao longo de
um certo tempo.

O Poder Legislativo, como entendido no Direito Penal, precisa fugir do direito


penal do autor, de caráter subjetivo e diretivo, seletivo, indo em rumo de um direito
penal do fato, da situação, da coisa crime. Essa tentativa, por óbvio, exige do
legiferante esta percepção: Há que tempo que isso ocorre? Como vem ocorrendo?
Onde vem ocorrendo? Por que vem ocorrendo?

Podemos vislumbrar fácil esse conceito pela observação do atual crime de


furto de veículos automotores. Outro exemplo bem apresentado por Shecaira (2020).
Vejamos:
Sua reiteração, sua lesividade ao bem jurídico, sua persistência espaço- 13
temporal, fizeram com que o legislador aumentasse a pena desses fatos,
quando o veículo fosse transportado para outros Estados ou quando
transpusesse as fronteiras do País (art. 155, §5.°, do CP). No entanto,
muitos outros fatos não tiveram o mesmo tratamento. Uma moda fugaz,
exatamente por sua fugacidade, não deve ser considerada mais do que
CPF:
uma simples 860.542.154-18
moda. Lembram-se, muito mais a título de curiosidade, as
transformações efetivadas pelo movimento da Jovem Guarda nos anos
60. Umas das influências deitadas por aquela geração de cantores foi a
mudança da indumentária para algo pouco convencional. A utilização de
colares, roupas coloridas, anéis, não era muito comum naqueles tempos.
Certo dia, um daqueles cantores apresenta-se com um “anel de
brucutu”: tratava-se de um pequeno material, parecido com um rosto,
que era retirado dos para-brisas dos velhos “fusquinhas” e que tinha a
finalidade de direcionar a água para a limpeza dos para-brisas. Foi uma
verdadeira febre. Muitas pessoas passaram a desatarraxar os brucutus
dos carros parados, causando grande desconforto aos proprietários
daqueles veículos. No entanto, por não haver persistência espaço-
temporal, ninguém imaginou ampliar a pena para tal conduta, como se
fez com o furto dos veículos, mais recentemente.

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Vamos ao quarto parâmetro, tendo em vista que o quinto é, conceitualmente,


uma associação da incidência aflitiva e incidência massiva. Ou seja, há consciência
geral da negatividade pela sociedade daquela ação.

1.3.1.4. Inequívoco Consenso

Outro elemento a exigir-se para a configuração de um fato como delituoso é


que haja um inequívoco consenso sobre a sua etiologia8 e de quais as técnicas de
intervenção na sociedade seriam eficazes para o controle dessa ação.
Tomemos como exemplo o uso do álcool. Seguramente poderíamos
qualificar o álcool como uma droga lícita, mas uma droga que produz
profundas consequências não somente para todos os dependentes, bem
como para todos quantos têm que se relacionar com o adicto. Não se
tem dúvida, pois, de que o uso indiscriminado de bebidas alcoólicas
produz consequências massivas, aflitivas, e de que tais consequências
têm uma persistência espaço-temporal. Mas quantos estudiosos sérios
proporiam a criminalização do uso ou contrabando do álcool? Quantos
cometeriam o mesmo erro do passado, no período da Lei Seca nos
Estados Unidos? Sem dúvida, não são todos os fatos que, aflitivos e
massivos, com persistência espaço-temporal, devem ser considerados
14
crimes. Na realidade, qualquer reforma penal deveria averiguar o
preenchimento dos critérios acima elencados para a verificação do juízo
de necessidade da existência de cada fato delituoso.

Vamos continuar com a definição de criminoso e demais objetos da


criminologia. CPF: 860.542.154-18

1.3.2. Criminoso

Não há como negar, Delta, que o agente criminoso é o centro do debate


quando o assunto é o crime ou a criminologia. E quem fez isso? Lembra lá...
DETERMINISMO LOMBROSIANO. A ideia de Cesare Lombroso levou o indivíduo para o
cerne da questão criminológica.

É importante você ter em mente que as ideias científicas da época,


darwinismo, foram fundamentais para imagética do antropólogo sobre o agente do
crime como um ser atávico, que deveria ser analisado por sua forma física, não factual
e social.

8
Trata-se de um ramo de estudo destinado a pesquisar a origem e a causa de determinado fenômeno.
No grego, é o estudo ou ciência das causas.

É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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O que ocorreu? Uma objetificação do homem, que por aspectos fisiológicos


assumia a faceta de “ladrão”, “homicida”, “estuprador”, dentre outras.

Tenha em mente, para além dessa visão lombrosiana, que o delinquente


assume vários conceitos a depender da escola e pensamento filosófico que o define.
Para o correcionalismo (que será melhor estudado por este curso), por exemplo, o
delinquente é tido como uma pessoa que precisa de cuidados, desapoiada, inválido e
incapaz. Ou seja, o Estado deveria tomar as vezes na vida desse indivíduo e preservar
sua humanidade para o convívio social curado.

Noutra monta, o marxismo vê o criminoso como alguém injustiçado, largado à


sorte e vítima do capitalismo selvagem, que não dá escolhas, que mata e reduz o
homem à pecúnia. A culpa do crime não é do criminoso, mas da sociedade capitalista
que alimenta um padrão de vida tal qual, ou você tem O Capital, ou não é digno de ser
sujeito de direitos (também será melhor estudado em momento oportuno, Delta).

• Então veja, a depender da literatura doutrinária abordada o sujeito


ativo do crime assume várias adjetificações, e fica tranquilo e
tranquila, que o Mege vai te posicionando e explicando melhor toda a
obra a respeito da temática que é cobrada em concursos da Polícia
Civil.

Por hora, fique com a informação de que a fase científica da criminologia foi a
15
maior responsável por direcionar o olhar atual para o sujeito ativo do crime, de uma
forma até desumana e indiferente aos olhos do socialismo vigente e dos direitos
humanos, modernamente estruturado pela busca da finalidade humana como centro
de razão da experiência social na terra.
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1.3.3. Vítima

Da mesma forma que o criminoso/delinquente passou por alterações


conceituais ao longo da história, a vítima também tem assumido papeis diferentes a
depender do contexto em que se encontre.

A relação, por óbvio, também passa de uma análise que objetifica a vítima do
crime até um total apogeu de sua figura no contexto fático apresentado. Nessa seara,
podemos identificar três momentos históricos em que a vítima muda de paradigma
para os cientistas, bem como para a própria sociedade.

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Idade de Ouro da Vítima

Neutralização

Redescobrimento

Interessante de já, fixamos que o estudo da Vitimologia e suas implicações


como ciência serão oportunamente estudadas, e são bastante cobradas em provas
para Polícia Civil. Por ora, vamos nos furtar de entender minimamente cada fase, de
forma conceitual e direta.

1.3.3.1. Idade de Ouro

Para alguns autores a idade de ouro se dá desde os primórdios da civilização


até a idade média, já para outros, essa fase se dá genuinamente na idade média,
somente.

Nesse momento, a agressão individual era compreendida como ataque 16


coletivo, sendo certo que todo o grupo, a coletividade, adquiria o poder-dever de
vingar-se do agressor.

Segundo Eduardo Viana (2020):

Paulatinamente, este processo de concentração do conflito na vítima vai


CPF: 860.542.154-18
sendo limitado, evoluindo para embrionários sistemas de
proporcionalidade da resposta punitiva. Nesse momento, foi importante
a Lei de Talião, bem assim os sistemas de composição surgidos no
direito germânico, que admitiam a possibilidade do agressor pagar uma
quantia estipulada para que, em contrapartida, a vítima desistisse do
conflito.

No Brasil, por sua vez, a vingança privada esteve presente até as Ordenações
Filipinas, onde a maioria dos tipos deste diploma normativo previa a pena de morte,
mesmo em se tratando de fatos insignificantes. Muitas vezes, cita a doutrina, as
execuções eram precedidas de suplícios para que o fim do que agressor se desse de
maneira atroz, cruel e exemplificativa.

Mundialmente, durante a Idade Média e o Absolutismo Monárquico, a vítima


vai cada vez mais perdendo seu protagonismo, uma vez que já o declínio da justiça
privada em detrimento do poder do monarca. Surge então a chamada vingança
pública, que nada mais é do que a limitação da punição ao rei, soberano e “divino”.

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1.3.3.2. Neutralização da Vítima

O processo de abandono da vítima tem como ponto principal a transição do


monopólio para o Estado. Dessa forma, os sistemas legais de resposta punitiva foram
decisivos para, pouco a pouco, a vítima converter-se apenas num mero sujeito passivo
do delito, alguém que sofre uma ação. Daí porque o progresso do processo penal no
modelo de justiça repressiva desampara a vítima no quadro do fenômeno criminal
(Eduardo Viana, 2020).

Então, com a ascensão do monopólio punitivo do Estado, não há mais espaços


para a punição por meio da própria vítima. A legalidade toma o espaço de definição
dos mecanismos de punição.
Certamente este processo de abandono da vítima também tem suas
causas na ciência criminológica e também no Direito Penal. Aquela
centrou as investigações na figura do criminoso; o Direito Penal, por sua
vez, ao estruturar o seu sistema e partir de um projeto de legitimação
material à luz da violação ao bem jurídico, sacava o potencial crítico e
relevante que a vítima desempenhava para a etiologia do crime. [...] o
fim da idade de ouro é sequenciada pela desprivatização da justiça

17
criminal e transferência do poder da resposta punitiva para o Estado
(Eduardo Viana, 2020).

1.3.3.3. Redescobrimento da Vítima

Delta! Aqui destacamos


CPF:um860.542.154-18
fator mundial que foi capaz de reestruturar a
análise sobre o papel da vítima no crime: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL. As
atrocidades advindas de movimentos como nazismo e fascismo colocou uma
preocupação na comunidade acadêmica, porquanto, graças à exegética e o primado
das leis, seres humanos foram lançados à sorte – ao azar no caso – e mutilados como
objetos, fugindo diametralmente da ótica Kantiana de dignidade e tratamento do
homem proposta no século XVIII. O homem foi tratado como coisa, em uma proporção
que soa inimaginável por nós, meros ocidentais, compreender o que era a dor e a
morte para essas pessoas.

Segundo Eduardo Viana (2020) duas vertentes, então, podem ser usadas
como parâmetro para esse desenvolvimento do contexto protagonista das vítimas:

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VERTENTE POLÍTICO-SOCIAL
• A macrovitimização gerada pela 2ª Guerra Mundial, o fenômeno da pulverização
espacial da criminalidade e, ainda, a criação de assossiações na defesa de interesses
coletivos, especialmente no que tange ao direito estadunidense, formam o cenário para
esta nova fase do processo evolutivo.

VERTENTE ACADÊMICA
• A série de simpósios internacionais sobre Vitimologia ocorridas a partir de 1973,
culminando com o simpósio ocorrido em Bellagio, na Itália, em 1975; a publicação
científica internacional da editora Visage Press, em Washington D. C, dedicada
exclusivamente à Vitimologia; e finalmente, já em 1980, o advento da Sociedade
Internacional de Vitimologia.

Como explanado acima, vamos explorar melhor a vítima em momento


oportuno. Sigamos Delta!

1.4. CRIMINOLOGIA, DIREITO PENAL E POLÍTICA CRIMINAL

É muito importante levar para a prova essa diferenciação, para além da 18


relevância deste conhecimento em sua prática, dia a dia nas delegacias do Brasil.

Já sabemos conceituar bem a ciência da Criminologia, e temos bem


determinado em nossa cabeças que o Direito Penal é uma ciência do dever-ser, ou
seja, da imposição, da obrigação, da normatividade.

Sobre a nós, paraCPF: 860.542.154-18


além de explanar os dois conceitos acima melhor,
compreender o que é política criminal, e para isso vamos nos furtar da majestosa
conceituação de Cleber Masson (2022):
Cuida-se de ciência independente, que tem por objeto a apresentação
de críticas e propostas para a reforma do Direito Penal em vigor. Para
Basileu Garcia, “constitui uma ponte entre a teoria jurídico-penal e a
realidade”. Visa a análise crítica e metajurídica do direito positivo, no
sentido de ajustá-lo aos ideais jurídico-penais e de justiça.

Olha só que coisa linda Delta.

A política criminal serve para dar subsídio ao Poder Legislativo na criação e


manutenção do controle social da criminalidade. Veja, trata-se de uma ciência e assim
deve ser tratada por você na hora da prova.

Belezinha?

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Então vamos a uma tabela que nos ajude a entender e diferenciar melhor os
três conceitos – É PARA GRAVAR DELTA!

DIFERENÇA ENTRE CRIMINOLOGIA, DIREITO PENAL E POLÍTICA CRIMINAL

DIFERENÇAS CRIMINOLOGIA POLÍTICA CRIMINAL DIREITO PENAL

Ciência empírica e Programa de Objetivos Conjunto de Normas Jurídicas


O que é interdisciplinar (métodos) Preventivos e Repressivos ao (imposições sancionatórias)
Direito Criminal

Analisar dados para Propor estratégias para conter Elenca os fatos indesejados
Finalidade prevenir e intervir a criminalidade incidindo na atribuindo punição (caráter
eficazmente no crime legislação penal fragmentários do Direito
penal)

Crime, criminoso, vítima e Dados sobre a criminalidade em Crime de maneira abstrata 19


Objeto controle social (ser – determinado contexto (ciência do dever-ser)
mundo concreto)

Como vê o crime? Fato Valor Norma

CPF: 860.542.154-18
Método Empírico e Interdisciplinar Propositivo Normativo Dedutivo

Vamos dar uma aprofundada Delta?

Há duas grandes bancas que aplicam concursos para Polícia Civil que já se
“prontificaram” em definir um conceito de política criminal: Vunesp e Cebraspe.
Exatamente pela importância dessas bancas nos concursos do país, vamos à uma
análise prática.

• Cebraspe: A política criminal constitui a sistematização de estratégias,


táticas e meios de controle social da criminalidade, com o propósito de
sugerir e orientar reformas na legislação positivada.
• Vunesp: A política criminal é uma disciplina que estuda estratégias
estatais para atuação preventiva sobre a criminalidade, e que tem
como uma das principais finalidades o estabelecimento de uma ponte

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eficaz entre a criminologia, enquanto ciência empírica, e o direito


penal, enquanto ciência axiológica9.

Então vamos partir para classificações da Criminologia que ganham espaço dia
a dia modernamente, e que você, como Autoridade Policial, verá na prática.

1.5. CLASSIFICAÇÕES DA CRIMINOLOGIA

É muito relevante as classificações que a criminologia tem assumido ao longo


dos anos. Há concursos que começam a apresentar em seus editais especificidades da
criminologia, como o Rio Grande do Sul, que faz constar em seu edital criminologia
feminista e criminologia queer, ambas já desenvolvidas por meados do Século XX e
com grandes repercussões na sociedade civil.

• Criminologia Crítica, Dialética ou Radical – Possui viés marxista. Nega o


capitalismo, uma vez que implica em um processo de estigmatização da
população marginalizada, uma vez que a classe trabalhadora figura como alvo
do sistema punitivo.
• Criminologia Clínica ou Microcriminologia – É a ciência que, valendo-se dos
conceitos, conhecimentos, princípios e métodos de investigação e prevenção 20
médico-psicológicos, ocupa-se da pessoa do apenado, para nele investigar a
dinâmica de sua conduta criminosa, sua personalidade e seu estado perigoso
(diagnóstico).
• Criminologia Verde – Estuda a responsabilidade das pessoas jurídicas por
crimes ambientais, tutelando a biodiversidade, também com influências
marxistas. CPF: 860.542.154-18
• Criminologia Midiática – Atende a uma criação da realidade, com base em
crenças e preconceitos, por meio da informação, subinformação e
desinformação veiculada pela mídia.
• Criminologia Feminista – Surge na década de 70 no Reino Unido, durante a
segunda onda feminista, como uma forma de reação do funcionamento sexista
do sistema penal e das violências sofridas pelas mulheres.
• Criminologia Queer – Surge nos Estados Unidos no final dos anos 80, como
vertente da criminologia crítica, dialogando com as teorias feministas, os
estudos culturais, a sociologia da sexualidade, a psicologia social e o direito sob
tradição jurídica do common law, mapeando as formas de controle a que estão

9
Conceito extraído de Sérgio Salomão Shecaira - SHECAIRA, Sérgio Salomão. Pena e Política Criminal: A
Experiência Brasileira. In SHECAIRA, Sérgio Salomão; SÁ, Alvino Augusto de (Orgs.). Criminologia e os
Problemas da Atualidade. São Paulo: Atlas, 2008, p. 325.)

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sujeitos os indivíduos, notadamente no que diz respeito ao gênero e à


sexualidade.
o Segundo essa vertente há três tipos de violência:
▪ Violência Simbólica (homofobia) – Construção de discursos de
inferiorização da diversidade sexual e da orientação de gênero;
▪ Violência Institucional (homofobia do Estado) – Controle social
formal sobre o comportamento “desviante”, a partir de
processos de criminalização e patologização (psiquiatria) da
diferença;
▪ Violência Interpessoal (homofobia individual) – Tentativa de
anulação da diversidade (masculinidade e feminilidade não-
hegemônicos) ocorre através de atos brutos de violência real ou
psicológica.

Então Delta!
Destacamos que estas não são as únicas classificações existentes, mas são as
mais comuns atualmente em edital para Polícia Civil. Em momento oportuno vamos
trabalhar melhor cada uma delas.

1.6. MODELOS TEÓRICOS DA CRIMINOLOGIA 21


São basicamente três momentos que precisamos ter bem claros em nosso
estudo:

• Criminologia Clássica e Neoclássica


• CPF: 860.542.154-18
Criminologia Positivista
• Criminologia Moderna

1.6.1. Classicismo e Neoclassicismo

Esses momentos relacionam a dissuasão penal ao efeito inibitório da pena. É


dizer: não pratique crime, senão...

Nas palavras de Natacha Alves Oliveira (2020), esses dois modelos:


Distinguem-se na medida em que o modelo clássico de prevenção do
delito foca no rigor da pena, ao passo que o modelo neoclássico trabalha
na prevenção do delito com base no funcionamento do sistema
normativo e sem sua percepção do indivíduo.

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1.6.2. Positivismo

Aqui reside a clássica literatura de Cesare Lombroso. Com seu mérito empírico
indutivo de análise do crime pela figura do criminoso – ser atávico. Parte do
determinismo para definição dos sujeitos ativos do crime. Trata-se de um modelo
injusto e extremamente desumano do ponto de vista social atual.

1.6.3 Modernismo

Para grande parte da literatura atual, a criminologia moderna é tida como um


ciência causal-explicativa do delito, estudando suas causas, características, formas de
prevenção e controle de sua incidência.

Dessa forma, sai dessa visão pautada unicamente no sujeito que delinque
para um busca das condutas, vítimas e controle social. O delito, aqui, é tanto um
fenômeno individual quanto social.

Delta! 22
Fica tranquilo e tranquila, no próximo ponto vamos explorar melhor a história
da criminologia e a linha do tempo do pensamento criminológico, o que vai nos dar
subsídios para, alinhados a este Ponto 1, consigamos seguir dominando a matéria
rumo aos concursos da Polícia Civil.

Agora chegou o momento


CPF: de umas questões envolvendo esse assunto. Veja
860.542.154-18
como cai nas provas e em que pontos, especificamente, você precisa focar para revisão
futuramente.

Abraços, e até o Ponto 2.

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1.7. QUESTÕES DE CONCURSOS DA POLÍCIA CIVIL

1. CESPE. 2017. PCGO. A respeito do conceito e das funções da criminologia, assinale a


opção correta.

a) A criminologia tem como objetivo estudar os delinquentes, a fim de estabelecer os


melhores passos para sua ressocialização. A política criminal, ao contrário, tem funções
mais relacionadas à prevenção do crime.

b) A finalidade da criminologia em face do direito penal é de promover a eliminação do


crime.

c) A determinação da etimologia do crime é uma das finalidades da criminologia.

d) A criminologia é a ciência que, entre outros aspectos, estuda as causas e as


concausas da criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade.

e) A criminologia é orientada pela política criminal na prevenção especial e direta dos


crimes socialmente relevantes, mediante intervenção nas manifestações e nos efeitos
graves desses crimes para determinados indivíduos e famílias.

2. CESPE. 2018. PCSE. Acerca do conceito e das funções da criminologia, julgue os 23


itens seguintes. A criminologia é uma ciência dogmática que se preocupa com o ser
e o dever ser e parte do fato para analisar suas causas e buscar definir parâmetros
de coerção punitiva e preventiva.

CPF: 860.542.154-18
03. VUNESP. 2015. PCCE. Os objetos de estudo da moderna criminologia estão
divididos em:

a) três vertentes: justiça criminal, delinquente e vítima.

b) três vertentes: política criminal, delito e delinquente.

c) três vertentes: política criminal, delinquente e pena.

d) quatro vertentes: delito, delinquente, justiça criminal e pena.

e) quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social.

04. VUNESP. 2014. PCSP. Para a aproximação e verificação de seu objeto de estudo,
a Criminologia dos dias atuais vale-se de um conceito:

a) empírico e interdisciplinar

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b) dedutivo e dogmático

c) dedutivo e interdisciplinar

d) dogmático e lógico-abstrato

e) empírico e lógico-abstrato

05. VUNESP. 2014. PCSP. Sobre o objeto de estudo da Criminologia dos dias atuais,
assinale a alternativa correta.

a) O ramo da Criminologia que estuda a vítima é denominado Frenologia Criminal.

b) O estudo de desvios de conduta que atentam contra a moral e os bons costumes


não é assunto da Criminologia, por não configurarem crime, na acepção jurídica da
palavra.

c) A Escatologia Criminal estuda os atos pecaminosos praticados por quem escolhe a


vereda do mal.

d) A Criminologia ocupa-se do estudo do crime, caracterizando-o como simples fato


típico e antijurídico, da mesma forma que o Direito Penal.

e) A Criminologia tem por objeto de estudo o delinquente, o delito, a vítima e o 24


controle social.

06. VUNESP. 2014. PCSP. São fins básicos da Criminologia, dentre outros:

a) os valores do ressarcimento e da indenização


CPF: da vítima pelos danos sofridos.
860.542.154-18
b) a prevenção e o controle do fenômeno criminal.

c) o processo e o julgamento judicial do criminoso.

d) o diagnóstico e a profilaxia das enfermidades mentais, mediante tratamento


ambulatorial e internação hospitalar.

e) a vingança e o castigo públicos do criminoso.

07. VUNESP. 2014. PCSP. Assinale a alternativa que contém o ente que exerce ou
fomenta os controles sociais informais sobre a vida dos indivíduos.

a) Poder Judiciário

b) Polícia

c) Sistema Penitenciário

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d) Ministério Público

e) Escola

08. VUNESP. 2018. PCSP. Em relação ao método da criminologia, é correto afirmar que

a) em razão do volume de dados, a criminologia foca suas análises em metodologias


quantitativas, reservando às ciências jurídicas as metodologias que têm por base
análises qualitativas.

b) o método empírico dominou a fase inicial e pré-científica da criminologia, cedendo


espaço posteriormente ao método dogmático e descritivo, que melhor se adequa à
fase científica e ao reconhecimento da criminologia como ciência autônoma.

c) o método dedutivo é priorizado na criminologia por respeito à cientificidade deste


ramo do saber.

d) o método empírico tem protagonismo, por tratar-se a criminologia de uma ciência


do ser.

e) as premissas dogmáticas norteiam as diversas linhas e pensamentos criminológicos

25
de modo que se permita a sistematização do conhecimento.

09. CESPE. 2014. MPE-AC. Em relação às possibilidades de controle social formal,


informal a alternativo, assinale a opção correta.

a) O Estado laico limita a função de controle social informal dos poderes religiosos.
CPF:
b) A educação representa forma 860.542.154-18
de controle social informal.

c) A ação das polícias que extrapola seu rol legal de competência é exemplo de
controle social alternativo.

d) O poder público é o único titular do controle social no âmbito do estado


democrático de direito.

e) A família exerce função de controle social idêntica ao controle jurídico

10. CESPE. 2018. TJ CE – ADAPTADA. A respeito da política criminal, da criminologia,


da aplicação da lei penal e das funções da pena, julgue os itens subsequentes.

I -Criminologia é a ciência que estuda o crime como fenômeno social e o criminoso


como agente do ato ilícito, não se restringindo à análise da norma penal e seus
efeitos, mas observando principalmente as causas que levam à delinquência, com
o fim de possibilitar o aperfeiçoamento dogmático do sistema penal.

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II - A política criminal constitui a sistematização de estratégias, táticas e meios de


controle social da criminalidade, com o propósito de sugerir e orientar reformas
na legislação positivada.

Marque a alternativa correspondente.

a) Está correta apenas a I

b) Está correta apenas a II

c) Estão corretas I e II

d) Nenhuma das assertivas está correta

11. CESPE. 2016. PCPE. A criminologia moderna:

a) é uma ciência normativa, essencialmente profilática, que visa oferecer estratégias


para minimizar os fatores estimulantes da criminalidade e que se preocupa com a
repressão social contra o delito por meio de regras coibitivas, cuja transgressão implica
sanções.

b) ocupa-se com a pesquisa científica do fenômeno criminal — suas causas,


características, sua prevenção e o controle de sua incidência —, sendo uma ciência
causal-explicativa do delito como fenômeno social e individual.
26
c) ocupa-se, como ciência causal-explicativa-normativa, em estudar o homem
delinquente em seu aspecto antropológico, estabelece comandos legais de repressão à
criminalidade e despreza, na análise empírica, o meio social como fatores
criminógenos.
CPF: 860.542.154-18
d) é uma ciência empírica e normativa que fundamenta a investigação de um delito, de
um delinquente, de uma vítima e do controle social a partir de fatos abstratos
apreendidos mediante o método indutivo de observação.

e) possui como objeto de estudo a diversidade patológica e a disfuncionalidade do


comportamento criminal do indivíduo delinquente e produz fundamentos
epistemológicos e ideológicos como forma segura de definição jurídico-formal do
crime e da pena.

12. CESPE. 2017. DPU. A respeito do conceito e dos objetos da criminologia, julgue o
item a seguir. O desvio ou o delito, objetos da criminologia, devem ser abordados,
primordialmente, como um comportamento individual do desviante ou delinquente;
em segundo plano, analisam-se as influências ambientais e sociais.

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13. VUNESP. 2013. PCSP. Assinale a alternativa que aponta o ente que exerce ou
fomenta, concomitantemente, os controles formal e informal sobre a vida em
sociedade:

a) Poder Judiciário

b) Família

c) Policiamento Comunitário

d) Clubes de Serviço

e) Forças Armadas

14) NUCEPE. 2018. PCPI. Sobre a Criminologia é CORRETO afirmar:

a) O crime é um fenômeno social

b) Estuda o crime e o criminoso, mas não a vítima

c) É uma ciência normativa e valorativa.

d) O crime é um fenômeno filosófico

e) Não tem por base a observação e a experiência.


27
15. FUMARC. 2018. PCMG. A relação entre Criminologia e Direito Penal está
evidenciada de forma CORRETA em:

a) A Criminologia aproxima-se do fenômeno delitivo, sendo prescindível a obtenção de


uma informação direta desse fenômeno. Já o Direito Penal limita interessadamente a
realidade criminal, medianteCPF: 860.542.154-18
os princípios da fragmentariedade e da seletividade,
observando a realidade sempre sob o prisma do modelo típico.

b) A Criminologia e o Direito Penal são disciplinas autônomas e interdependentes, e


possuem o mesmo objetivo com meios diversos. A Criminologia, na atualidade, erige-
se em estudos críticos do próprio Direito Penal, o que evita qualquer ideia de
subordinação de uma ciência em cotejo com a outra.

c) A Criminologia tem natureza formal e normativa. Ela isola um fragmento parcial da


realidade, a partir de critérios axiológicos. Por outro lado, o Direito Penal reclama do
investigador uma análise totalizadora do delito, sem mediações formais ou valorativas
que relativizem ou obstaculizem seu diagnóstico.

d) A Criminologia versa sobre normas que interpretam em suas conexões internas,


sistematicamente. Interpretar a norma e aplicá-la ao caso concreto, a partir de seu
sistema, são os momentos centrais da Criminologia. Por isso, ao contrário do Direito

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Penal, que é uma ciência empírica, a Criminologia tem um método dogmático e seu
proceder é dedutivo sistemático.

16. INSTITUTO ACESSO. 2019. PCES. A Criminologia adquiriu autonomia e status de


ciência quando o positivismo generalizou o emprego de seu método. Nesse sentido, é
correto afirmar que a criminologia é uma ciência.

a) do “dever ser”; logo, utiliza-se do método abstrato, formal e dedutivo, baseado em


deduções lógicas e da opinião tradicional.

b) empírica e teorética; logo, utiliza-se do método indutivo e empírico, baseado em


deduções lógicas e opinativas tradicionais.

c) do “ser”; logo, serve-se do método indutivo e empírico, baseado na análise e


observação da realidade.

d) do “dever ser”; logo, utiliza-se do método indutivo e empírico, baseado na análise e


observação da realidade.

e) do “ser”; logo, serve-se do método abstrato, formal e dedutivo, baseado em


deduções lógicas e da opinião tradicional.
28
17. INSTITUTO ACESSO. 2019. PCES. O estudo da pessoa do infrator teve seu
protagonismo durante a fase positivista na evolução histórica da Criminologia.
Assinale, dentre as afirmativas abaixo, a que descreve corretamente como a
criminologia tradicional o examina.

a) A criminologia tradicionalCPF: 860.542.154-18


examina a pessoa do infrator como uma realidade
biopsicopatológica, considerando o determinismo biológico e social.

b) A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como um incapaz de dirigir


por si mesmo sua vida, cabendo ao Estado tutelá-lo.

c) A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como uma unidade


biopsicossocial, considerando suas interdependências sociais.

d) A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como um sujeito


determinado pelas estruturas econômicas excludentes, sendo uma vítima do sistema
capitalista.

e) A criminologia tradicional examina a pessoa do infrator como alguém que fez mau
uso da sua liberdade embora devesse respeitar a lei.

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1.8. GABARITO COMENTADO


1. D

COMENTÁRIOS:

a) De fato, um dos objetivos da criminologia é o estudo do delinquente, mas não sob o


enfoque de sua ressocialização. Além disso, não é função principal da Política Criminal
a prevenção do crime.

b) A Criminologia entende que o crime é inerente á sociedade, logo, não tem como
finalidade a eliminação do crime, mas sim, dentre outras, sua redução através de um
estudo dos objetos.

c) Etimologia é o estudo das origem das palavras. A Criminologia tem entre seus
estudos a etiologia, que é a causa do comportamento criminoso.

d) Correta.

e) A criminologia, através de seus estudos empíricos, orienta a Política Criminal na


proposição de estratégias de combate à criminalidade, e não o contrário como a
alternativa apresenta.

2. ERRADO
29
COMENTÁRIOS:

O item mistura características da Criminologia com o Direito Penal. A Criminologia é


uma ciência eminentemente “do ser” e não do “dever ser” como o Direto Penal. Além
disso, “definir os parâmetros de coerção punitiva competem ao Direito Penal.”
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3. E

COMENTÁRIOS:

Nas palavras de Antonio-García-Pablos de Molina: “Definição provisória de


Criminologia. Cabe definir a Criminologia como ciência empírica e interdisciplinar, que
se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do
comportamento delitivo ...”

4. A

COMENTÁRIOS:

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Como visto na questão anterior, os métodos da Criminologia são EMPÍRICO e


INTERDISCIPLINAR. A questão mesclou com o Direito Penal que tem como métodos o
dogmatismo lógico-abstrato, em um processo dedutivo, que parte de uma norma
(dogma) para moldar o comportamento humano.

5. E

COMENTÁRIOS:

a) O ramo da criminologia que estuda a vítima é a “vitimologia”, e não a frenologia que


estuda o caráter dos indivíduos com base no formato da cabeça.

b) A criminologia não se limita ao conceito de crime imposto pelo direito penal. Como
se trata de uma ciência interdisciplinar, adota um conceito de crime (ou desvio,
segundo a sociologia) muito mais amplo.

c) A escatologia é a doutrina que estuda os acontecimentos do fim do mundo (juízo


final). Teve influência na criminologia pré científica.

d) O conceito de crime como fato típico e antijurídico é posto pelo direito penal (Teoria
causalista) que não se confunde com o conceito de crime para Criminologia.

e) CORRETA 30

6. B

COMENTÁRIOS:
CPF:da
Os objetivos e finalidades principais 860.542.154-18
criminologia são:

1 – Explicar e prevenir o crime

2 – Avaliar os diferentes modelos de resposta ao crime

3 – Intervir na pessoa do infrator

7. E

COMENTÁRIOS:

O “Controle Social” é formado pelo conjunto de Instituições, estratégias e punições.


Com base nisso, podemos classificar esse Controle em Formal e Informal, a depender
da natureza das instituições, estratégias e punições. Quando essas instituições
(acompanhadas pelas suas estratégias e punições) são organizadas pelo Estado,

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estamos falando da espécie formal de Controle Social. Exemplos de Controle Social


Formal: Polícia, Ministério Público, Poder Judiciário, sistema prisional. Etc.

Em contrapartida, tratamos de informal o Controle Social desempenhado por


instituições não vinculadas diretamente ao Estado. Exemplos de Controle Social
Informal: Escola, Família, Igreja, etc.

8. D

COMENTÁRIOS:

a) A Criminologia não se limita a uma análise quantitativa. Todo trabalho de reunião de


dados (empirismo) deve ser analisado e transformado em uma informação provável.
Segundo a doutrina especializada, dados são apenas observações documentadas ou
resultados de medições, não possui significado de importância. Para gerar
conhecimento relevante, esses dados devem ser analisados e organizados
transformando seu conjunto em informação, essa sim capaz de fornecer referência em
determinado contexto.

b) O método empírico ainda é o empregado pela criminologia. Na fase pré científica

31
utilizava-se o método dogmático, que foi superado pela indução e empirismo da Escola
Positivista (veremos no próximo ponto)

c) O método empírico ainda é o empregado pela criminologia. Na fase pré científica


utilizava-se o método dogmático, que foi superado pela indução e empirismo da Escola
Positivista (veremos no próximo ponto)

d) A mesma banca Vunesp já conceitou criminologia anteriormente como


CPF: 860.542.154-18
“Criminologia é uma ciência do ser, empírica e experimental, que se utiliza de métodos
biológicos e sociológicos.” (2018 – Agente de Telecomunicações Policial– PC-SP).

e) A Criminologia é uma ciência não dogmática. Não se funda em silogismos. Pode-se


dizer que a Criminologia não trabalha com “dogmas”, “exatidão”, mas sim com
probabilidade. Isso porque todo trabalho de reunião de dados (empirismo) deve ser
analisado e transformado em uma informação provável.

9. B

COMENTÁRIOS:

O “Controle Social” é formado pelo conjunto de Instituições, estratégias e punições.


Com base nisso, podemos classificar esse Controle em Formal e Informal, a depender
da natureza das instituições, estratégias e punições. Quando essas instituições
(acompanhadas pelas suas estratégias e punições) são organizadas pelo Estado,

É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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estamos falando da espécie formal de Controle Social. Exemplos de Controle Social


Formal: Polícia, Ministério Público, Poder Judiciário, sistema prisional. Etc.

Em contrapartida, tratamos de informal o Controle Social desempenhado por


instituições não vinculadas diretamente ao Estado. Exemplos de Controle Social
Informal: Escola, Família, Igreja, etc.

10. C

COMENTÁRIO:

A questão traz conceitos adequados correspondentes à Criminologia e à Política


Criminal conforme estudamos no presente ponto.

11. B

COMENTÁRIOS:

a) Não é ciência normativa.

b) Correta

c) Não é ciência normativa e não despreza o meio social na análise empírica.


32
d) Não é ciência normativa e não fundamenta a investigação de um delito em fatos
abstratos, mas sim concretos.

e) Os objetos de estudo da criminologia são: crime, delinquente, vítima e controle


social. A questão coloca como objeto,
CPF: tão somente, características relacionadas ao
860.542.154-18
delinquente. Não apresenta uma forma segura de definição jurídico-formal do crime.

12. ERRADO

COMENTÁRIOS:

Não há prioridade na análise dos fatores que levam ao desvio ou delito. Tanto aqueles
individuais ou os ambientais e sociais têm peso semelhante na análise criminológica.

13. C

COMENTÁRIOS:

Essa mescla entre controles formais e informais encontra-se presente no


“Policiamento Comunitário”, que pode ser conceituado como “um trabalho realizado

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em parceria com a população, através da prevenção dos crimes.” (Manual de


Policiamento Comunitário do Governo Federal – 2009).

Em outras palavras, podemos dizer que policiamento comunitário é o envolvimento


pessoal do policial com a comunidade integrando-a com um único ente responsável
por resolver em conjunto os problemas gerados naquela comunidade.

14. A

COMENTÁRIOS:

a) CORRETA. O crime nasce na sociedade e a atinge. Tanto autor quanto vítima


pertence a essa sociedade, logo, o crime é um fenômeno social (mas não significa que
possui apenas fatores sociológicos, também sofre de fatores biológicos e psicológicos).

b) São objetos de estudo da criminologia: crime, criminoso, vítima e controle social.

c) A normatividade pertencem ao Direito Penal, e não à Criminologia.

d) A filosofia é um campo do conhecimento que estuda a existência humana e o saber


por meio da análise racional, não se debruça especificamente sobre o crime.

e) A criminologia atua predominantemente com a observação e a experiência, por isso


atribui-se a ela o método empírico. Empirismo é um ramo de conhecimento que se
33
baseia nas experiências humanas como responsáveis pela formação das ideias e
conceitos existentes no mundo.

15. B CPF: 860.542.154-18


COMENTÁRIOS:

a) INCORRETA. O que torna a alternativa incorreta é considerar dispensável


(prescindível) a necessidade de obtenção de uma informação direta desse fenômeno
delitivo. A Criminologia é uma ciência empírica, logo, tem como finalidade a análise
dos dados criminológicos para poder atuar preventivamente e eficazmente.

b) CORRETA. A afirmação de que o Direito Penal e a Criminologia possuem o mesmo


objetivo pode ter confundido os alunos, contudo, ambas tem a finalidade de reduzir a
criminalidade, cada uma atuando de uma maneira (meio) distinto, seja analisando os
dados (criminologia) ou elencando os fatos indesejados (Direito Penal).

c) INCORRETA. A criminologia NÃO tem natureza formal e normativa (o direito penal


sim), tampouco isola um fragmento da realidade a partir de critérios axiológicos.

d) INCORRETA. A alternativa trocou os conceitos e características do Direito Penal e da


Criminologia.

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16. C

COMENTÁRIOS:

A criminologia se ocupa do “ser”, e não do “dever ser”, como o Direito Penal que é
uma ciência normativa e tem como objeto simplesmente a forma abstrata do crime.

Nas palavras de Antônio García-Pablos de Molina: “Definição provisória de


Criminologia. Cabe definir a Criminologia como ciência empírica e interdisciplinar, que
se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do
comportamento delitivo ...”

17. A

COMENTÁRIOS:

A “pegadinha” dessa questão é o que de pode definir por “Criminologia Tradicional”. O


próprio enunciado traz uma dica ao falar da fase positivista. Sabemos que anterior a
essa fase, houve a fase clássica, que enxergava o infrator com um ser dotado de livre

34
arbítrio. Mas como a questão traz a visão baseada na Escola Postivista, o correto é
assinalar a alternativa que afirma que a pessoa do infrator como uma realidade
biopsicopatológica, considerando o determinismo biológico e social. Para essa fase
(Escola Positivista), o criminoso era dotado de um atavismo que o prendia à conduta
desviante. Chegava a ser comparado por alguns pensadores como um “animal
selvagem”

CPF: 860.542.154-18

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