Você está na página 1de 61

Serviço Público Federal

Instituto Federal de Alagoas


Campus Palmeira dos Índios
Curso Bacharelado em Engenharia Elétrica

Disciplina: Geometria Analítica

Conteúdo: O Espaço
Distâncias e ângulos no espaço.

Prof. Me. Alberto H R Silva


Introdução
Nessa aula vamos estudar duas noções geométricas
fundamentais: Ângulo e distância. Veremos primeiro como calcular,
usando a linguagem vetorial, o ângulo entre duas retas, o ângulo
entre dois planos e o ângulo de incidência de uma reta em um
plano.
Dados dois subconjuntos 𝑅 e 𝑆 do espaço, já sabemos
calcular a distância de um ponto 𝑃 de 𝑅 a um ponto 𝑄 de 𝑆.
Mostraremos, ao longo dessa aula, que se os subconjuntos são um
ponto e um plano, uma reta e um plano, dois planos, um ponto e
uma reta, duas retas, uma ponto e uma esfera, e um plano e uma
esfera, existe pelo menos um ponto 𝑃0 ∈ 𝑅 e um ponto 𝑄0 ∈ 𝑆 que
realizam a menor distância entre dois pontos quaisquer de 𝑅 e 𝑆,
ou seja,
𝑑 𝑃0 , 𝑄0 = min 𝑑 𝑃, 𝑄 ; 𝑃 ∈ 𝑅 𝑒 𝑄 ∈ 𝑆 .

AHRS
É importante observar que isto nem sempre
ocorre. Por exemplo, se 𝑅 é o conjunto dos pontos
1
𝑥, 𝑦, 𝑥 , com 𝑥 > 0 e 𝑦 ∈ ℝ, e 𝑅 é o plano 𝜋𝑋𝑌 ,
então 𝑑 𝑃, 𝑄 > 0 para todos 𝑃 ∈ 𝑅 e 𝑄 ∈ 𝑆, e,
para todo 𝜖 > 0, existe um par de pontos 𝑃𝜖 e 𝑄𝜖 ,
2 𝜖 2
𝑃𝜖 = 𝜖 , 0, 2 ∈ 𝑅 e 𝑄𝜖 = 𝜖 , 0,0 ∈ 𝑆 , tal que
𝜖
𝑑 𝑃𝜖 , 𝑄𝜖 = < 𝜖 . Assim, não existem 𝑃′ ∈ 𝑅 e
2
𝑄 ∈ 𝑆 de modo que 𝑑 𝑃′ , 𝑄′ ≤ 𝑑 𝑃, 𝑄 para

todos 𝑃 ∈ 𝑅 e 𝑄 ∈ 𝑆.

AHRS
Ângulo entre duas retas
no espaço
O ângulo â 𝑟1 , 𝑟2 entre
duas retas 𝑟1 e 𝑟2 é assim
definido:
• Se 𝑟1 e 𝑟2 são coincidentes ou
paralelas, então â 𝑟1 , 𝑟2 = 0.
• Se as retas 𝑟1 e 𝑟2 são
concorrentes, então â 𝑟1 , 𝑟2
é o menor dos ângulos
positivos determinados pelas
retas no plano que as contém.
Em particular,
𝜋
0 < â 𝑟1 , 𝑟2 ≤ .
2
AHRS
• Se 𝑟1 e 𝑟2 são reversas, então
â 𝑟1 , 𝑟2 = â 𝑟1 , 𝑟2′ , onde 𝑟2 ′
é a reta paralela a reta 𝑟2 que
passa por um ponto 𝑃 da reta
𝑟1 . Pelo paralelismo entre as
retas, é fácil verificar que
â 𝑟1 , 𝑟2 ′ não depende do
ponto 𝑃 escolhido sobre a
reta 𝑟1 .

AHRS
Sejam 𝑣1 e 𝑣2 vetores
paralelos, respectivamente às retas 𝑟1
e 𝑟2 concorrentes ou reversas. Como
â 𝑣1 , 𝑣2 = â 𝑟1 , 𝑟2 ou â 𝑣1 , 𝑣2 =
𝜋 − â 𝑟1 , 𝑟2 , segue que:
cos â 𝑟1 , 𝑟2 = cos â 𝑣1 , 𝑣2
< 𝑣1 , 𝑣2 >
= ,
𝑣1 ⋅ 𝑣2
𝜋
0 < â 𝑟1 , 𝑟2 ≤ .
2

A fórmula também vale se 𝑟1 e


𝑟2 são paralelas ou coincidentes, pois,
nesse caso, existe 𝜆 ∈ ℝ, tal que
< 𝑣1 , 𝑣2 >
𝑣1 = 𝜆𝑣2 ⇒
𝑣1 ⋅ 𝑣2
𝜆 ⋅ < 𝑣1 , 𝑣2 >
=
𝜆 ⋅ 𝑣1 ⋅ 𝑣2
= 1 = cos 0 = cos â 𝑟1 , 𝑟2 .
AHRS
Exemplo 1
Calcule o ângulo entre as
retas

𝑥−1 𝑦+1 𝑧
𝑟1 : = =
2 2 2

𝑦−1 𝑧−2
𝑟2 : 𝑥 + 2 = =
2 3

Mostre também que estas retas


são reversas.
AHRS
Ângulo entre dois planos
O ângulo â 𝜋1 , 𝜋2 entre dois
planos 𝜋1 e 𝜋2 é definido da seguinte
maneira:
• Se os planos são paralelos (𝜋1 | 𝜋2
ou coincidentes 𝜋1 = 𝜋2 , então
â 𝜋1 , 𝜋2 = 0.
• Se 𝜋1 e 𝜋2 não são paralelos nem
coincidentes, eles se intersectam ao
longo de uma reta 𝑟. Sejam 𝑃 um
ponto qualquer de 𝑟 , 𝑟1 ⊂ 𝜋1 e
𝑟2 ⊂ 𝜋2 que são perpendiculares a
𝑟 e passam pelo ponto 𝑃 .
Definimos:
â 𝜋1 , 𝜋2 = â 𝑟1 , 𝑟2 .

AHRS
A princípio parece trabalhoso calcular o ângulo entre dois
planos no espaço. Mostraremos a seguir como obtê-lo de forma
simples.
Sejam 𝐴 ∈ 𝑟1 e 𝐵 ∈ 𝑟2 pontos diferentes de 𝑃. Então o ângulo
â 𝜋1 , 𝜋2 é o menor ângulo positivo cujo cosseno é
< 𝑃𝐴, 𝑃𝐵 >
cos â 𝜋1 , 𝜋2 = cos â 𝑟1 , 𝑟2 = | cos â 𝑃𝐴, 𝑃𝐵 = .
𝑃𝐴 ⋅ 𝑃𝐵
Consideremos a reta 𝑠1 ⊥ 𝜋1 que passa pelo ponto 𝐴 e a reta
𝑠2 ⊥ 𝜋2 que passa pelo ponto 𝐵.
Seja 𝜋 o plano que contém as retas 𝑟1 e 𝑟2 , ou seja, o plano
que passa por 𝑃 e é perpendicular à reta 𝑟. Então 𝑠1 ⊂ 𝜋 e 𝑠2 ⊂ 𝜋,
pois 𝐴 ∈ 𝑠1 ∩ 𝜋, 𝐵 ∈ 𝑠2 ∩ 𝜋 e os vetores direção das retas 𝑠1 e 𝑠2 ,
normais aos planos 𝜋1 e 𝜋2 , respectivamente, são ortogonais ao vetor
direção da reta 𝑟.
AHRS
Segue, então, que 𝑠1 e
𝑠2 são retas concorrentes, pois
são coplanares e seus vetores
paralelos, 𝑣1 e 𝑣2 , são não
colineares. Seja 𝐶 o ponto onde
eles se intersectam.
Como os ângulos
â(𝑃𝐴, 𝑃𝐵) e â(𝐶𝐴, 𝐶𝐵) são
suplementares, temos:
cos â 𝜋1 , 𝜋2
= cos â 𝑃𝐴, 𝑃𝐵
= cos â 𝐶𝐴, 𝐶𝐵 .
Sejam 𝜋1 : 𝑎1 𝑥 + 𝑏1 𝑦 +
𝑐1 𝑧 = 𝑑1 e 𝜋2 : 𝑎2 𝑥 + 𝑏2 𝑦 +
𝑐2 𝑦 = 𝑑2 as equações
cartesianas dos planos num
sistema de eixos 𝑂𝑋𝑌𝑍.
AHRS
Então, como
𝑣1 = 𝑎1 , 𝑏1 , 𝑐1 ⊥ 𝜋1
e
𝑣2 = 𝑎2 , 𝑏2 , 𝑐2 ⊥ 𝜋2 ,
os ângulos â(𝑣1 , 𝑣2 ) e
â 𝐶𝐴, 𝐶𝐵 são iguais ou
suplementares. Logo,
𝐜𝐨𝐬 â 𝝅𝟏 , 𝝅𝟐
= 𝐜𝐨𝐬 â 𝒗𝟏 , 𝒗𝟐
< 𝒗𝟏 , 𝒗𝟐 >
= .
𝒗𝟏 ⋅ 𝒗𝟐
A fórmula também vale
quando os planos são paralelos
ou coincidentes.
AHRS
Observação 1
Pela fórmula

< 𝒗𝟏 , 𝒗 𝟐 >
𝐜𝐨𝐬 â 𝝅𝟏 , 𝝅𝟐 = 𝐜𝐨𝐬 â 𝒗𝟏 , 𝒗𝟐 =
𝒗𝟏 ⋅ 𝒗𝟐

os planos 𝜋1 e 𝜋2 são perpendiculares se, e somente


se, seus vetores normais 𝑣1 e 𝑣2 são ortogonais.

Ou, equivalentemente, 𝜋1 ⊥ 𝜋2 se, e somente


se, 𝑣1 ||𝜋2 e 𝑣2 ||𝜋1 .
AHRS
Exemplo 2
Calcule o ângulo entre os planos
𝜋1 : −𝑦 + 1 = 0 e 𝜋2 : 𝑦 + 𝑧 + 2 = 0.

AHRS
Ângulo de incidência
de uma reta num plano
Sejam 𝑟 uma reta e 𝜋 um plano no espaço. Suponhamos, primeiro, que 𝑟 ∩ 𝜋
seja um ponto 𝑃.
Consideremos a reta 𝑙 que passa pelo ponto 𝑃 e é perpendicular ao plano 𝜋. Se 𝜃
é o ângulo entre as retas 𝑟 e 𝑙, o ângulo de incidência â 𝑟, 𝜋 da reta 𝑟 com o plano 𝜋 é o
𝜋
complementar do ângulo 𝜃, ou seja, â 𝑟, 𝜋 = − 𝜃.
2
Logo, se 𝑤 é um vetor normal a 𝜋, e 𝑣Ԧ é um vetor paralelo a 𝑟,
𝝅 < 𝒗, 𝒘 >
𝐬𝐢𝐧 â 𝒓, 𝝅 = 𝐬𝐢𝐧 − 𝜽 = 𝐜𝐨𝐬 𝜽 = .
𝟐 𝒗 ⋅ 𝒘
Quando a reta 𝑟 está contida em 𝜋 ou é paralela a 𝜋, dizemos que o ângulo de
incidência é zero. Observe que a fórmula acima também vale, pois nestes casos, 𝑣Ԧ ⊥ w.

AHRS
Exemplo 3
Calcule o seno do
ângulo entre a reta 𝑟 e o
plano 𝜋, onde

𝑥=𝑡
𝑟: ቐ𝑦 = 2𝑡 − 1 ; 𝑡 ∈ ℝ
𝑧=4
e
𝜋: 𝑥 − 2𝑦 + 3 = 0.

AHRS
Distância de um ponto 𝑃0
a um plano 𝜋

A distância 𝑑 𝑃0 , 𝜋 do ponto 𝑃0 ao
plano 𝜋 é a menor das distâncias de 𝑃0 a
um ponto 𝑃 de 𝜋:

𝑑 𝑃0 , 𝜋 = min 𝑑 𝑃0 , 𝑃 𝑃 ∈ 𝜋}.

AHRS
Seja 𝑃∗ o ponto de interseção de 𝜋 com a reta 𝑟 que passa por
𝑃0 e é perpendicular a 𝜋.
Se 𝑃 é um ponto qualquer do plano 𝜋, diferente de 𝑃∗ ,
obtemos, pelo teorema de Pitágoras aplicado ao triângulo retângulo
Δ𝑃0 𝑃∗ 𝑃, que:
𝑑 𝑃0 , 𝑃 2 = 𝑑 𝑃0 , 𝑃∗ 2 + 𝑑 𝑃∗ , 𝑃 2 > 𝑑 𝑃0 , 𝑃∗
⇒ 𝑑 𝑃0 , 𝑃 > 𝑑 𝑃0 , 𝑃 ∗ .
Logo,

𝒅 𝑷𝟎 , 𝝅 = 𝐦𝐢𝐧 𝒅 𝑷𝟎 , 𝑷 ; 𝑷 ∈ 𝝅 = 𝒅 𝑷𝟎 , 𝑷∗ .

AHRS
Se num sistema de eixos ortogonais 𝑂𝑋𝑌𝑍, 𝑃0 = 𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 e
𝜋: 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐𝑧 = 𝑑, as equações paramétricas de 𝑟 são:
𝑥 = 𝑥0 + 𝑎𝑡
𝑟: ቐ𝑦 = 𝑦0 + 𝑏𝑡 ; 𝑡 ∈ ℝ.
𝑧 = 𝑧0 + 𝑐𝑡

Como 𝑃∗ ∈ 𝑟 ∩ 𝜋 , temos 𝑃∗ = 𝑥0 + 𝑎𝑡 ∗ , 𝑦0 + 𝑏𝑡 ∗ , 𝑧0 + 𝑐𝑡 ∗ ,
para algum valor 𝑡 ∗ ∈ ℝ tal que
𝑎 𝑥0 + 𝑎𝑡 ∗ + 𝑏 𝑦0 + 𝑏𝑡 ∗ + 𝑐 𝑧0 + 𝑐𝑡 ∗ = 𝑑.

Logo,
𝑎 2 + 𝑏 2 + 𝑐 2 𝑡 ∗ = 𝑑 − 𝑎𝑥0 + 𝑏𝑦0 + 𝑐𝑧0


𝑎𝑥0 + 𝑏𝑦0 + 𝑐𝑧0 − 𝑑
𝑡 =− 2 2 2 .
𝑎 +𝑏 +𝑐
AHRS
Assim,
𝑑 𝑃0 , 𝑃∗ = 𝑃0 𝑃∗ = 𝑎𝑡 ∗ , 𝑏𝑡 ∗ , 𝑐𝑡 ∗ = 𝑡 ∗ 𝑎, 𝑏, 𝑐

𝑎𝑥0 + 𝑏𝑦0 + 𝑐𝑧0 − 𝑑
= 𝑡 ⋅ 𝑎, 𝑏, 𝑐 = − 2 2 2 ⋅ 𝑎, 𝑏, 𝑐
𝑎 +𝑏 +𝑐
𝑎𝑥0 + 𝑏𝑦0 + 𝑐𝑧0 − 𝑑
= 2 ⋅ 𝑎, 𝑏, 𝑐
𝑎2 + 𝑏2 + 𝑐 2
𝑎𝑥0 + 𝑏𝑦0 + 𝑐𝑧0 − 𝑑 𝑎𝑥0 + 𝑏𝑦0 + 𝑐𝑧0 − 𝑑
= 2 ⋅ 𝑎, 𝑏, 𝑐 = .
𝑎, 𝑏, 𝑐 𝑎, 𝑏, 𝑐
Ou seja, se num sistema de eixos ortogonais 𝑂𝑋𝑌𝑍, a distância
do ponto 𝑃0 = 𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 ao plano 𝜋: 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐𝑧 = 𝑑 é dada pela
fórmula:

𝑎𝑥0 + 𝑏𝑦0 + 𝑐𝑧0 − 𝑑


𝑑 𝑃0 , 𝜋 = .
𝑎2 + 𝑏2 + 𝑐2
AHRS
Exemplo 4
Calcule a distância do ponto 𝐴 = 1,2,3
ao plano 𝜋: 2𝑥 + 𝑦 − 5𝑧 = 4.

AHRS
Distância entre dois planos
A distância 𝑑 𝜋1 , 𝜋2 entre os planos 𝜋1 e
𝜋2 é a menor das distâncias de um ponto de 𝜋1
a um ponto de 𝜋2 :
𝒅 𝝅𝟏 , 𝝅𝟐 = 𝐦𝐢𝐧 𝒅 𝑷, 𝑸 𝑷 ∈ 𝝅𝟏 𝒆 𝑸 ∈ 𝝅𝟐 }.

AHRS
Note que se 𝜋1 e 𝜋2 são coincidentes ou concorrentes,
então 𝑑 𝜋1 , 𝜋2 = 0.
Suponhamos que 𝜋1 e 𝜋2 são planos paralelos.
Sejam 𝑃1 ∈ 𝜋1 e 𝑅1 é o pé da perpendicular baixada do
ponto 𝑃1 sobre o plano 𝜋2 .
Se 𝑃 ∈ 𝜋1 , 𝑄 ∈ 𝜋2 e 𝑅 é o pé da perpendicular baixada do
ponto 𝑃 sobre o plano 𝜋2 , segue, pelo teorema de Pitágoras e
pelo fato de 𝑃𝑃1 𝑅1 𝑅 ser um retângulo, que
𝑑 𝑃, 𝑄 ≥ 𝑑 𝑃, 𝑅 = 𝑑 𝑃1 , 𝑅1 ,
assim,
𝑑 𝜋1 , 𝜋2 = 𝑑 𝑃1 , 𝑅1 = 𝑑 𝑃1 , 𝜋2 , ∀𝑃1 ∈ 𝜋1 .
Se 𝑃1 = 𝑥1 , 𝑦1 , 𝑧1 , 𝜋1 : 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐𝑧 = 𝑑1 e 𝜋2 : 𝑎𝑥 +
𝑏𝑦 + 𝑐𝑧 = 𝑑2 são o ponto 𝑃1 e os planos 𝜋1 e 𝜋2 dado num
sistema de eixos ortogonais 𝑂𝑋𝑌𝑍, então
𝑎𝑥1 + 𝑏𝑦1 + 𝑐𝑧1 − 𝑑2
𝑑 𝜋1 , 𝜋2 = 𝑑 𝑃1 , 𝜋2 =
𝑎2 + 𝑏2 + 𝑐 2
𝑑1 − 𝑑2
⇒ 𝑑 𝜋1 , 𝜋2 = .
2 2
𝑎 +𝑏 +𝑐 2
AHRS
Ou seja, a distância entre os
planos paralelos 𝜋1 : 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 +
𝑐𝑧 = 𝑑1 e 𝜋2 : 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐𝑧 = 𝑑2 é
dada pela fórmula
𝒅𝟏 − 𝒅 𝟐
𝒅 𝝅𝟏 , 𝝅𝟐 = .
𝒂𝟐 + 𝒃𝟐 + 𝒄𝟐

AHRS
Exemplo 5
Calcule a distância
entre os planos
𝜋1 : 𝑥 + 2𝑦 + 𝑧 = 2
e
𝜋2 : 2𝑥 + 4𝑦 + 2𝑧 = 6.

AHRS
Distância entre uma reta e um plano
A distância 𝑑 𝑟, 𝜋 entre uma reta 𝑟 e um
plano 𝜋 é a menor das distâncias de um ponto
de 𝑃 de 𝑟 a um ponto 𝑄 de 𝜋, ou seja,
𝒅 𝒓, 𝝅 = 𝐦𝐢𝐧 𝒅 𝑷, 𝑸 𝑷 ∈ 𝒓 𝒆 𝑸 ∈ 𝝅}.

AHRS
Note que se 𝑟 ∩ 𝜋 ≠ 0 (𝑟 ⊂ 𝜋 ou 𝑟 ∩ 𝜋 = 𝑃 ), então
𝑑 𝑟, 𝜋 = 0.
O caso interessante a considerar ocorre quando 𝑟 ∩ 𝜋 =
∅, isto é, quando a reta 𝑟 é paralela ao plano 𝜋.
Sejam 𝑃1 ∈ 𝑟 e 𝑅1 o pé da perpendicular baixada do
ponto 𝑃1 sobre o plano 𝜋.

Então,
𝑑 𝑃, 𝑄 ≥ 𝑑 𝑃, 𝑅 = 𝑑 𝑃1 , 𝑅1 ,

quaisquer que sejam 𝑃 ∈ 𝑟 e 𝑄 ∈ 𝜋 , onde 𝑅 é o pé da


perpendicular traçada do ponto 𝑃 sobre o plano 𝜋. Logo,

𝑑 𝑟, 𝜋 = 𝑑 𝑃1 , 𝑄2 = 𝑑 𝑃1 , 𝜋 , ∀𝑃1 ∈ 𝑟.
AHRS
Exemplo 6
Mostre que a reta 𝑟 é paralela ao plano
𝜋 e calcule 𝑑 𝑟, 𝜋 , onde
𝑥+2 3𝑦+1 1−𝑧
𝑟: = = e 𝜋: 2𝑥 − 3𝑦 + 6𝑧 = −3.
6 −6 3

AHRS
Distância de um ponto
a uma reta
Seja 𝑃 um ponto e 𝑟 uma reta no espaço. A
distância 𝑑 𝑃, 𝑟 do ponto 𝑃 à reta 𝑟 é o
número dado por
𝒅 𝑷, 𝒓 = 𝐦𝐢𝐧 𝒅 𝑷, 𝑸 𝑸 ∈ 𝒓}.

AHRS
Seja 𝑃′ o pé da perpendicular baixada do ponto 𝑃 sobre a
reta 𝑟.

Para todo 𝑄 ∈ 𝑟 , 𝑄 ≠ 𝑃′ , temos, pelo teorema de


Pitágoras, que:
𝑑 𝑃, 𝑄 2 = 𝑑 𝑃, 𝑃′ 2 + 𝑑 𝑃′ , 𝑄 2 .

Logo, 𝑑 𝑃, 𝑄 > 𝑑 𝑃, 𝑃′ e, portanto,


𝑑 𝑃, 𝑟 = 𝑑 𝑃, 𝑃′ .

Assim, para calcular a distância de 𝑃 a 𝑟 devemos


primeiro determinar o ponto 𝑃′ , pé da perpendicular baixada de
𝑃 sobre a reta 𝑟, e depois calcular a norma do vetor 𝑃𝑃′ .

AHRS
Exemplo 7
Calcule a distância do ponto
𝑃 = (2,5, −1) à reta 𝑟 que passa pelo
ponto 𝑃0 = 1, −1,2 e é paralela ao
vetor 𝑣Ԧ = 1,0,1 .

AHRS
Exemplo 8

Obtenha o
conjunto 𝑆 dos
pontos do espaço
que estão à
distância 2 da reta
𝑟 paralela ao vetor
𝑣Ԧ = 1,2,1 que
passa pela origem.

AHRS
Exemplo 9
Determine o conjunto 𝑆 dos pontos do
plano 𝜋: 𝑥 + 𝑦 + 2𝑧 = 1 que estão à distância 3
da reta 𝑟 que passa pelos pontos 𝐴 = 1,0,1 e
𝐵 = 2, −1,1 .

AHRS
Distâncias entre retas
no espaço

Seja 𝑃 um ponto e 𝑟 uma reta no espaço. A


distância 𝑑 𝑃, 𝑟 do ponto 𝑃 à reta 𝑟 é o
número dado por

𝑑 𝑃, 𝑟 = min 𝑑 𝑃, 𝑄 𝑄 ∈ 𝑟}.

AHRS
Se as retas se intersectam, 𝑑 𝑟1 , 𝑟2 = 0.
Assim os casos interessantes a se considerar
ocorrem quando 𝑟1 ∩ 𝑟2 = ∅, ou seja, quando 𝑟1
e 𝑟2 são retas paralelas ou reversas.

AHRS
Distâncias entre duas retas
paralelas no espaço
Sejam 𝑟1 = {𝑃1 + 𝑡𝑣1 , 𝑡 ∈ ℝ} e
𝑟2 = {𝑃2 + 𝑡𝑣2 , 𝑡 ∈ ℝ} duas retas no
espaço.
Suponhamos que 𝑟1 ||𝑟2 . Então
𝑣1 e 𝑣2 são colineares, 𝑟1 ∩ 𝑟2 = ∅ e
existe um plano 𝜋 que contém ambas as
retas. Seja 𝑃1 ∈ 𝑟1 e 𝑅1 o pé da
perpendicular baixada de 𝑃1 sobre a reta
𝑟2 . Então, se 𝑃 ∈ 𝑟1 , 𝑄 ∈ 𝑟2 e 𝑅 é o pé da
perpendicular baixada de 𝑃 sobre 𝑟2 ,
então
𝑑 𝑃, 𝑄 ≥ 𝑑 𝑃, 𝑅 = 𝑑 𝑃1 , 𝑅1 ,
pois, 𝑃1 𝑅1 𝑅𝑃 é um retângulo contido no
plano 𝜋.
Logo, qualquer que seja o ponto
𝑃1 ∈ 𝑟1 ,
𝑑 𝑟1 , 𝑟2 = 𝑑 𝑃1 , 𝑅1 = 𝑑 𝑃1 , 𝑟2 .
AHRS
Exemplo 10
Mostre que a reta 𝑟1
que passa pelos pontos
𝐴1 = 1,2,1 e 𝐵1 = 2,1,0
é paralela à reta 𝑟2 que passa
pelos pontos
𝐴2 = 0,1,2 e 𝐵2 = 1,0,1 .
Calcule também a distância
entre 𝑟1 e 𝑟2 .

AHRS
Distâncias entre duas retas
reversas no espaço
Sejam 𝑟1 = {𝑃1 + 𝑡𝑣1 , 𝑡 ∈ ℝ} e
𝑟2 = {𝑃2 + 𝑠𝑣2 , 𝑠 ∈ ℝ} duas retas reversas
no espaço (isto é, 𝑟1 ∩ 𝑟2 = ∅ e 𝑣1 e 𝑣2 não
são colineares).
Sejam 𝜋1 e 𝜋2 os planos gerados
pelos vetores 𝑣1 e 𝑣2 que contém,
respectivamente, os pontos 𝑃1 e 𝑃2 . Então,
𝜋1 e 𝜋2 são planos paralelos que contém as
retas 𝑟1 e 𝑟2 respectivamente. Sabemos que
𝑑 𝜋1 , 𝜋2 =
min 𝑑 𝑃, 𝑄 𝑃 ∈ 𝜋1 𝑒 𝑄 ∈ 𝜋2 = 𝑑 𝑃′ , 𝑄 ′ ,
onde 𝑃′ é um ponto arbitrário de 𝜋1 e 𝑄′ é o
pé da perpendicular baixada do ponto 𝑃′
sobre o plano 𝜋2 . Como 𝑟1 ⊂ 𝜋1 , 𝑟2 ⊂ 𝜋2 e
𝑑 𝑟1 , 𝑟2 = min 𝑑 𝑃, 𝑄 𝑃 ∈ 𝑟1 𝑒 𝑄 ∈ 𝑟2 ,
temos
𝑑 𝑟1 , 𝑟2 ≥ 𝑑 𝜋1 , 𝜋2 .
AHRS
Afirmamos que
𝑑 𝑟1 , 𝑟2 = 𝑑 𝜋1 , 𝜋2 .
Para isto, basta mostrar que existem 𝑃1′ ∈ 𝑟1 e 𝑃2′ ∈ 𝑟2 tais que 𝑃1′ 𝑃2′
é perpendicular às retas 𝑟1 e a 𝑟2 , isto é, perpendicular aos vetores 𝑣1 e 𝑣2 .
Sejam 𝑃1′ = 𝑃1 + 𝑡𝑣1 um ponto da reta 𝑟1 e 𝑃2′ = 𝑃2 + 𝑠𝑣2 um ponto
da reta 𝑟2 . Sendo 𝑃1′ 𝑃2′ = 𝑃1 𝑃2 + 𝑠𝑣2 − 𝑡𝑣1 , obtemos que
𝑃1′ 𝑃2′ ⊥ 𝑣1 ⇔< 𝑃1′ 𝑃2′ , 𝑣1 > = < 𝑃1 𝑃2 + 𝑠𝑣2 − 𝑡𝑣1 , 𝑣1 > = 0,
𝑃1′ 𝑃2′ ⊥ 𝑣2 ⇔< 𝑃1′ 𝑃2′ , 𝑣2 > = < 𝑃1 𝑃2 + 𝑠𝑣2 − 𝑡𝑣1 , 𝑣2 > = 0.
Desenvolvendo os produtos internos acima, segue que 𝑃1′ 𝑃2′ é
perpendicular aos vetores 𝑣1 e 𝑣2 se, e somente se,
< 𝑃1′ 𝑃2′ , 𝑣1 > +𝑠 < 𝑣1 , 𝑣2 > −𝑡 < 𝑣1 , 𝑣1 >= 0

< 𝑃1′ 𝑃2′ , 𝑣2 > +𝑠 < 𝑣2 , 𝑣2 > −𝑡 < 𝑣1 , 𝑣2 >= 0

𝑠 < 𝑣1 , 𝑣2 > −𝑡 < 𝑣1 , 𝑣1 >=−< 𝑃1′ 𝑃2′ , 𝑣1 >


⇔ቐ
𝑠 < 𝑣2 , 𝑣2 > −𝑡 < 𝑣1 , 𝑣2 >=−< 𝑃1′ 𝑃2′ , 𝑣2 >

AHRS
Como o determinante da matriz do sistema é
< 𝑣1 , 𝑣1 > < 𝑣1 , 𝑣2 >
det
< 𝑣2 , 𝑣1 > < 𝑣2 , 𝑣2 >
=< 𝑣1 , 𝑣1 >⋅< 𝑣2 , 𝑣2 >−< 𝑣1 , 𝑣2 >2
= 𝑣1 × 𝑣2 ≠ 0,
pois os vetores 𝑣1 e 𝑣2 não são múltiplos, o sistema possui
uma única solução para 𝑠, 𝑡 ∈ ℝ. Estes valores determinam
um único par de pontos 𝑃1′ ∈ 𝑟1 e 𝑃2′ ∈ 𝑟2 tais que 𝑃1′ 𝑃2′ é
perpendicular a 𝑟1 e a 𝑟2 , simultaneamente. Logo, a
distância entre as retas 𝑟1 e 𝑟2 é
𝑑 𝑟1 , 𝑟2 = 𝑑 𝜋1 , 𝜋2 = 𝑑 𝑃1′ , 𝑃2′ .
Observe que a reta 𝑟3 que passa pelos pontos 𝑃1′ e 𝑃2′
é a única reta que intersecta as retas 𝑟1 e 𝑟2 perpendicular.
AHRS
Exemplo 11
Mostre que as retas

𝑥 =1+𝑡
𝑟1 = ቐ 𝑦 = 2𝑡 ; 𝑡 ∈ ℝ
𝑧=0
e
𝑥 =2+𝑠
𝑟2 = ቐ 𝑦 = 3 ;𝑠 ∈ ℝ
𝑧 =1+𝑠
são reversas, calcule 𝑑 𝑟1 , 𝑟2
e determine a única reta 𝑟3
que intersecta as retas 𝑟1 e 𝑟2
perpendicularmente.

AHRS
Exemplo 12
Sejam 𝑟1 a reta que passa pelo ponto 𝑃1 = 1,1,2 e é paralela
ao vetor 𝑣1 = 1,1,0 e 𝑟2 a reta de interseção dos planos 𝜋1 : 𝑥 + 2𝑦 + 𝑧 = 4
e 𝜋2 : 𝑥 + 𝑧 = 2. Mostre que 𝑟1 e 𝑟2 são retas reversas, calcule a distância
entre elas e determine a única reta 𝑟 que intersecta 𝑟1 e 𝑟2
perpendicularmente.

AHRS
Posição relativa entre um plano
e uma esfera

Sabemos da Geometria Espacial que a


intersecção de um plano e de uma esfera pode
ser um ponto, um circulo ou o conjunto vazio.
Vamos provar este resultado usando os recursos
da Geometria Analítica.

AHRS
Teorema
Sejam 𝜋 um plano e 𝑆 uma esfera de centro 𝐴 e raio
𝑅 > 0. Então,
(a) 𝑑 𝐴, 𝜋 > 𝑅 se, e somente se, 𝜋 ∩ 𝑆 = ∅.
(b) 𝑑 𝐴, 𝜋 = 𝑅 se, e somente se, 𝜋 ∩ 𝑆 consiste de um único
ponto 𝑃0 . Neste caso, dizemos que 𝜋 é o plano tangente a 𝑆
no ponto 𝑃0 . O ponto 𝑃0 é o ponto de intersecção do plano 𝜋
com a reta normal a 𝜋 que passa pelo centro 𝐴 da esfera 𝑆.
(c) 𝑑 𝐴, 𝜋 < 𝑅 se, e somente se, 𝜋 ∩ 𝑆 é um círculo. Além
disso, o círculo 𝜋 ∩ 𝑆 , contido no plano 𝜋 , tem raio
𝑅 2 − 𝑑 𝐴, 𝜋 2 e centro no ponto de intersecção do plano 𝜋
com a reta normal a 𝜋 que passa pelo centro 𝐴 da esfera 𝑆.

AHRS
Demonstração:

Seja 𝑂𝑋𝑌𝑍 um sistema de eixos


ortogonais tal que 𝜋𝑋𝑌 = 𝜋 e 𝐴 =
0,0, 𝑐 , com 𝑐 ≥ 0. Nesse sistema de
coordenadas, 𝑑 𝐴, 𝜋 = 𝑐 e
𝑆 = 𝑥, 𝑦, 𝑧 ∈ ℝ3 x 2 + y 2 + z 2 = R2 .

(a) Suponhamos que 𝒅 𝑨, 𝝅 = 𝒄 > 𝑹.


Seja 𝑥, 𝑦, 0 ∈ 𝜋 = 𝜋𝑋𝑌 um
ponto arbitrário. Como
𝑥 2 + 𝑦 2 + 0 − 𝑐 2 ≥ 𝑐 2 > 𝑅2,
concluímos que 𝑥, 𝑦, 0 ∉ S . Isto é,
nenhum ponto de 𝜋 pertence a 𝑆, ou
seja, 𝜋 ∩ 𝑆 = ∅. Portanto,
𝑑 𝐴, 𝜋 = 𝑐 > 𝑅 ⇒ 𝜋 ∩ 𝑆 = ∅.

AHRS
(b) Suponhamos agora que
𝒅 𝑨, 𝝅 = 𝒄 = 𝑹.
Seja P = 𝑥, 𝑦, 0 ∈ 𝜋 = 𝜋𝑋𝑌 .
Temos que 𝑃 ∈ 𝑆 se e só se
𝑥 2 + 𝑦 2 + 0 − 𝑐 2 = 𝑐 2 = 𝑅2
𝑥=0
⇔ 𝑥2 + 𝑦2 = 0 ⇔ ቊ .
𝑦=0
Logo, P = 𝑥, 𝑦, 0 ∈ 𝜋 ∩ S se, e só se,
𝑃 = 0,0,0 . Provamos assim, que
𝑑 𝐴, 𝜋 = 𝑐 = 𝑅

𝜋 ∩ 𝑆 = 𝑃 = 0,0,0 .
Como o vetor 𝑃𝐴 = 0,0, 𝑐 é
perpendicular ao plano 𝜋 = 𝜋𝑋𝑌 , obtemos
que 𝑃 é, geometricamente, o ponto onde
a reta perpendicular ao plano 𝜋 , que
passa por 𝐴, intersecta o plano 𝜋.

AHRS
(c) Finalmente, suponhamos que
𝒅 𝑨, 𝝅 = 𝒄 < 𝑹.
Temos que P = 𝑥, 𝑦, 0 ∈ 𝜋 ∩ 𝑆
se, e só se,
𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑐 2 = 𝑅2 ⇔ 𝑥 2 + 𝑦 2 = 𝑅2 − 𝑐 2 .
Logo, 𝜋 ∩ S é um círculo contido no plano
𝜋 = 𝜋𝑋𝑌 de raio
𝑅 2 − 𝑐 2 = 𝑅 2 − 𝑑 𝐴, 𝜋 2
e centro no ponto 𝑃 = 0,0,0 , que é
geometricamente, o ponto de intersecção
de 𝜋 com a reta normal ao plano 𝜋 que
passa pelo centro 𝐴 da esfera 𝑆.
𝑑 𝐴, 𝜋 = 𝑐 = 𝑅 ⇒ 𝜋 ∩ 𝑆 = 𝑃 = 0,0,0 .
Como o vetor 𝑃𝐴 = 0,0, 𝑐 é
perpendicular ao plano 𝜋 = 𝜋𝑋𝑌 , obtemos
que 𝑃 é, geometricamente, o ponto onde a
reta perpendicular ao plano 𝜋, que passa
por 𝐴, intersecta o plano 𝜋.
AHRS
Para provar que as recíprocas também são válidas, basta observar que
as condições algébricas 𝑑 𝐴, 𝜋 > 𝑅 , 𝑑 𝐴, 𝜋 = 𝑅 e 𝑑 𝐴, 𝜋 < 𝑅
esgotam todas as possibilidades, enquanto as afirmações geométricas
𝜋 ∩ 𝑆 = ∅, 𝜋 ∩ 𝑆 é um ponto e 𝜋 ∩ 𝑆 é um círculo se excluem
mutuamente.
De fato, suponhamos, por exemplo, que 𝜋 ∩ 𝑆 = ∅. Então,
necessariamente, 𝑑 𝐴, 𝜋 > 𝑅, pois se 𝑑 𝐴, 𝜋 = 𝑅, 𝜋 ∩ 𝑆 seria um
ponto, e se 𝑑 𝐴, 𝜋 < 𝑅, 𝜋 ∩ 𝑆 seria um círculo, uma contradição em
ambos os casos.
AHRS
Exemplo 13
Suponha que o plano 𝜋: 𝑥 + 𝑧 + 1 = 0 é
tangente a uma esfera 𝑆 de centro 𝐴 = 2,1, −1 .
Calcule o raio de 𝑆, ache o ponto de tangencia de 𝜋 e 𝑆,
e determine um plano 𝛼 que é perpendicular a 𝜋 e
tangente a 𝑆.

AHRS
Exemplo 14
Seja a esfera 𝑆: 𝑥 − 3 2 + 𝑦 + 2 2 + 𝑧 − 1 2 = 100 e o plano
𝜋: 2𝑥 − 2𝑦 − 𝑧 + 9 = 0. Mostre que 𝑆 ∩ 𝜋 é um círculo, e calcule seu centro e
seu raio.

AHRS
Distância de um ponto ou um plano
a uma esfera
Anteriormente, vimos como se determina a distância
de um ponto a um plano, entre dois planos, de uma reta a
um plano, de um ponto a uma reta e entre duas retas.
Como nestes casos, definimos a distância 𝑑 𝑋, 𝑌 ,
entre dois subconjuntos do espaço, como sendo a menor
distância entre um ponto de 𝑋 e um ponto de 𝑌, isto é,
𝑑 𝑋, 𝑌 = min 𝑑 𝑃, 𝑄 ; 𝑃 ∈ 𝑋 𝑒 𝑄 ∈ 𝑌 ,
caso esse mínimo exista.
Vamos estudar nesta seção o caso em que um dos
conjuntos 𝑋, é um ponto ou um plano e outro conjunto 𝑌, é
uma esfera.
AHRS
Proposição 1
Sejam 𝑃 um ponto e 𝑆 uma esfera de centro 𝐴 e raio
𝑅 > 0. Então,
𝒅 𝑷, 𝑺 = 𝑹 − 𝒅 𝑷, 𝑨 ,
e o ponto 𝑄0 ∈ 𝑆 que realiza esta distância é o ponto de
intersecção de 𝑆 com a semirreta 𝐴𝑃.

AHRS
Demonstração:

Seja 𝑂𝑋𝑌𝑍 um sistema de eixos ortogonais com origem no


ponto 𝐴 tal que o ponto 𝑃 pertence ao semieixo positivo 𝑂𝑍, isto é, 𝑃 =
0,0, 𝑐 , para algum 𝑐 ≥ 0. Neste sistema de coordenadas, a equação da
esfera é 𝑆: 𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 = 𝑅 2 .
Seja 𝑄 = 𝑥, 𝑦, 𝑧 um ponto de 𝑆. Então,
𝑑 𝑃, 𝑄 = 𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 − 𝑐 2 = 𝑅 2 − 2𝑧𝑐 + 𝑐 2 .
Como 𝑐 ≥ 0 e 𝑧 ≤ 𝑅, pois 𝑄 ∈ 𝑆, temos
𝑅 2 − 2𝑧𝑐 + 𝑐 2 ≥ 𝑅 2 − 2𝑅𝑐 + 𝑐 2 = 𝑅 − 𝑐 2 .
Além disso, como o ponto 𝑄0 = 0,0, 𝑅 pertence a 𝑆 e
𝑑 𝑃, 𝑄0 = 𝑅 − 𝑐 2 = 𝑅 − 𝑐 = 𝑅 − 𝑑 𝐴, 𝑃 , segue que 𝑑 𝑃, 𝑄 ≥
𝑑 𝑃, 𝑄0 para todo ponto 𝑄 ∈ 𝑆.
Com isto provamos que 𝑑 𝑃, 𝑆 = 𝑑 𝑃, 𝑄0 = 𝑅 − 𝑑 𝑃, 𝐴 ,
onde 𝑄0 é o ponto de 𝑆 que pertence à semirreta 𝐴𝑃.

AHRS
Exemplo 15
Calcule a distância do ponto 𝐴 = 1, −1,3
à esfera
𝑆: 𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 − 6𝑥 + 4𝑦 − 10𝑧 = 62.

AHRS
Exemplo 16
Ache a distância da esfera
𝑆: (𝑥 − 2)2 +(𝑦 − 1)2 +(𝑧 − 3)2 = 1
à reta 𝑟: { 𝑡 + 3, 𝑡 + 4, 𝑡 + 5 ; 𝑡 ∈ ℝ}.
Determine também os pontos 𝑃0 ∈ 𝑟 e 𝑄0 ∈ 𝑆 de modo que
𝑑 𝑟, 𝑆 = min 𝑑 𝑃, 𝑄 𝑃 ∈ 𝑟 𝑒 𝑄 ∈ 𝑠 = 𝑑 𝑃0 , 𝑄0 .

AHRS
AHRS
Proposição 2
Seja 𝜋 um plano e 𝑆 uma
esfera de centro 𝐴 e raio 𝑅 > 0.
Então:
(a) 𝑑 𝜋, 𝑆 = 0, se 𝑑 𝐴, 𝜋 ≤ 𝑅.
(b) 𝑑 𝜋, 𝑆 = 𝑑 𝐴, 𝜋 − 𝑅 , se
𝑑 𝐴, 𝜋 > 𝑅. Neste caso, 𝜋 ∩ 𝑆 = ∅
e os pontos 𝑄0 ∈ 𝑆 e 𝑃0 ∈ 𝜋 que
realizam a distância, isto é,
𝑑 𝑄0 , 𝑃0 = 𝑑 𝑆, 𝜋 , são os pontos
de 𝑆 e 𝜋 que pertencem à semirreta
de origem 𝐴 que intersecta 𝜋
perpendicularmente.

AHRS
Demonstração:

Pela proposição 1, 𝜋 ∩ 𝑆 = ∅ se, e só se, 𝑑 𝐴, 𝜋 ≤ 𝑅. Logo,


𝑑 𝜋, 𝑆 = 0, se 𝑑 𝐴, 𝜋 ≤ 𝑅, pois, neste caso, 𝜋 e 𝑆 possuem pelo
menos um ponto em comum.
Vamos calcular agora 𝑑 𝜋, 𝑆 quando 𝜋 ∩ 𝑆 = ∅. Para isto,
escolhemos um sistema de eixos ortogonais 𝑂𝑋𝑌𝑍 de modo que 𝜋𝑋𝑌 =
𝜋 e o centro 𝐴 da esfera esteja sobre o semieixo positivo 𝑂𝑍, isto é, 𝐴 =
0,0, 𝑐 , com 𝑐 > 0. Neste sistema de coordenadas, a equação da esfera
é
𝑺: 𝒙𝟐 + 𝒚𝟐 + 𝒛 − 𝒄 𝟐 = 𝑹𝟐 .
Como 𝑑 𝐴, 𝜋 = 𝑐 > 𝑅, temos que
2𝑧𝑐 = 𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 + 𝑐 2 − 𝑅 2 > 0 ⇒ 𝑧 > 0,
para qualquer ponto 𝑥, 𝑦, 𝑧 ∈ 𝑆.
ത 𝑧ҧ um ponto de 𝑆 e 𝑃 = 𝑥 ′ , 𝑦 ′ , 0 um ponto
Sejam 𝑄 = 𝑥,ҧ 𝑦,
de 𝜋. Então 𝑑 𝑃, 𝑄 ≥ 𝑑 𝑄, 𝜋 , pois 𝑑 𝑄, 𝜋 = min 𝑑 𝑄, 𝑃′ 𝑃′ ∈ 𝜋 .

AHRS
Observe que, nesse sistema de coordenadas, 𝑑 𝑄, 𝜋 =
𝑧,ҧ pois 𝜋: 𝑧 = 0 e 𝑧ҧ > 0. Logo, 𝑑 𝑃′ , 𝑄 ≥ 𝑧.ҧ Além disso, como
ത 𝑧ҧ ∈ 𝑆, segue que 𝑧ҧ − 𝑐 2 ≤ 𝑅2 , ou seja, 𝑐 − 𝑅 ≤ 𝑧ҧ ≤
𝑄 = 𝑥,ҧ 𝑦,
𝑐 + 𝑅. Portanto, 𝑑 𝑃, 𝑄 ≥ 𝑐 − 𝑅, para todo 𝑃 ∈ 𝜋 e todo 𝑄 ∈ 𝑆.
Consideremos o ponto 𝑄0 = 0,0, 𝑐 − 𝑅 ∈ 𝑆 e o ponto
𝑃0 = 0,0,0 ∈ 𝜋. Como 𝑑 𝑃0 , 𝑄0 = 𝑐 − 𝑅, temos que 𝑑 𝑃, 𝑄 ≥
𝑑 𝑃0 , 𝑄0 , para todo 𝑃 ∈ 𝜋 e 𝑄 ∈ 𝑆. Assim, 𝑑 𝑃0 , 𝑄0 = 𝑑 𝑄0 , 𝜋
e 𝑑 𝜋, 𝑆 = 𝑑 𝑃0 , 𝑄0 = 𝑐 − 𝑅 = 𝑑 𝐴, 𝜋 − 𝑅.
Nesse sistema de coordenadas, o eixo 𝑂𝑍 é a reta
perpendicular ao plano 𝜋 que passa pelo centro 𝐴 , 𝑃0 ∈
𝑒𝑖𝑥𝑜 𝑂𝑍 ∩ 𝜋𝑋𝑌 e 𝑄0 ∈ 𝐴𝑃0 . Logo, geometricamente, 𝑃0 é o
ponto de interseção de 𝜋 com a reta 𝑟 perpendicular a esse plano
que passa pelo centro 𝐴 da esfera, e 𝑄0 é o ponto de interseção
de 𝑆 com a semirreta de 𝑟 de origem 𝐴 que contém o ponto 𝑃0 .
AHRS
Observação 2
Temos também que:

𝑑 𝜋, 𝑆 = 𝑑 𝑃0 , 𝑄0 = 𝑑 𝑄0 , 𝜋 = min 𝑑 𝑄, 𝜋 𝑄 ∈ 𝑆 .

De fato, para todo 𝑄 ∈ 𝑆, existe 𝑃 ∈ 𝜋 tal que


𝑑 𝑄, 𝜋 = 𝑑 𝑄, 𝑃 . Como 𝑑 𝑃, 𝑄 ≥ 𝑑(𝑃0 , 𝑄0 ), segue que
𝑑 𝑄, 𝜋 ≥ 𝑑(𝑄0 , 𝜋) para todo 𝑄 ∈ 𝑆.
Logo,
𝑑 𝑄0 , 𝜋 = min 𝑑 𝑄, 𝜋 𝑄 ∈ 𝑆 .

AHRS
Exemplo 17
Encontre o ponto 𝑄0
sobre a esfera

𝑆: (𝑥 − 1)2 +(𝑦 + 2)2 +(𝑧 − 3)2 = 1,

mais próximo do plano

𝜋: 3𝑥 − 4𝑧 + 19 = 0,

e calcule a distância deste ponto


ao plano 𝜋. Determine também
o pontos 𝑃0 ∈ 𝜋 tal que

𝑑 𝜋, 𝑆 = 𝑑 𝑃0 , 𝑄0 .

AHRS
Bibliografia
• BOYER, Carl B. História da Matemática. 2.ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1996.
• IEZZI, et al. Matemática: ciência e aplicações. Ensino Médio. Vol.2. 7.ed. São Paulo:
Saraiva, 2013.
• IEZZI, et al. Matemática: ciência e aplicações. Ensino Médio. Vol.3. 7.ed. São Paulo:
Saraiva, 2013.
• LANDI, Giovanni; ZAMPINI, Alessandro. Linear Algebra and Analytic Geometry for
Physical Sciences. Springer International Publishing AG, part of Springer Nature 2018.
• LEITHOLD, Louis. O Cálculo com Geometria Analítica. Vol.1. 3.ed. Tradução: Cyro de
Carvalho Patarra. São Paulo: Editora HARBRA Ltda, 1994.
• LIMA, Elon Lages. Coordenadas no Plano. 5.ed. Rio de Janeiro: SBM, 2011.
• SILVA, Alberto Heleno Rocha da. Simetrias para o ensino de equações e funções na
educação básica. Dissertação de Mestrado. Maceió: UFAL, 2014.
• SWORKOWSKI, Earl W. Cálculo com Geometria Analítica, 1. São Paulo: McGraw-Hill,
?year?.
• WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica. São Paulo: Pearson Makron Books,
2000.

AHRS

Você também pode gostar