1. O corpo é um continente, para conhecê-lo é preciso aprender a vê-lo
como tal, um continente a ser explorado, com sua história, suas dinâmicas internas, seus movimentos tectônicos, suas fronteiras e sua complexa organização, seu ecossistema e seu frágil e perseverante equilíbrio. Um continente que é água, ar, fogo e terra em comunhão, convidando-nos a uma intimidade mais concreta. (Bertazzo, 2014, p.23) O corpo é elemento de transformação. É contato primeiro e imediato com o mundo. O conhecimento de si assim constituído contribui para a autonomia, na medida em que convoca o sujeito a identificar limites e potencialidades de ação, contribuindo para sua qualidade de vida.
2. O corpo é mais do que um instrumento para se viver: o corpo é para ser
sentido plenamente. O corpo contém todos os registros dos fatos vividos, pois estes são armazenados e inscritos em nossa complexidade corpórea. Desse modo, sua metodologia nos propicia uma leitura particular a respeito das nossas sensações, de nossa memória corporal; e também contribui para a aquisição de um estado sensível, alerta e cuidadoso de si mesmo, criando novas possibilidades de expressão e diálogo com o outro e com o mundo ao redor. Essa abordagem estuda e pensa o corpo em ação, renovando experimentações a partir de cada segmento corporal pesquisado, resultando numa percepção global minuciosa e equilibrada. (Araújo, 2020, p. 408)
3. O corpo é o campo (porque as forças atravessam e constituem a
realidade corpórea, não há força sem corpo) de forças múltiplas, convergentes e contraditórias, e o próprio lugar da sedimentação de seus combates. Sobre o corpo se encontra o estigma dos acontecimentos passados do mesmo modo que dele nascem os desejos, os desfalecimentos e os erros; nele também eles se atam e de repente se exprimem, mas nele também eles se desatam e entram em luta, se apagam uns aos outros e continuam seu insuperável conflito. Os discursos sobre os corpos dos indivíduos são tomados enquanto mecanismos gerais de dominação, de controle, submissão, docilidade, utilidade e normalização de condutas, dispersos anonimamente em toda a rede social, almejando acentuar, assim, o vínculo existente entre o binômio corpo/alma e a díade saber/poder. (Silveira, 2003) 4. E nela se aloja um 'eu'. Um corpo separado os outros, e a isso se chama de 'eu'? É estranho ter um corpo onde se alojar, um corpo onde sangue molhado corre sem parar, onde a boca sabe cantar, e os olhos tantas vezes devem ter chorado. Ela é um 'eu'. Sem um pensamento: apenas corpo se movimentando calmo, rosto pleno de uma suave esperança que ninguém dá e ninguém tira. Porque na pobreza de corpo e espírito eu toco na santidade, eu que quero sentir o sopro do meu além. Para ser mais do que eu, pois tão pouco sou. (Clarice Lispector)
5. No ser humano o corpo é considerado como o organismo material,
abstraído de suas funções psíquicas (donde provém o conceito de somatização de algumas doenças), e, em biologia, engloba o conjunto dos tecidos vivos que perpetuam a espécie e a mantém viva. O corpo humano é uma máquina perfeita e que funciona a partir da atuação conjunta de diversos sistemas. Assim como todos os seres vivos, com exceção dos vírus, os seres humanos possuem seu corpo formado por células, que formam tecidos, os quais formam órgãos, que, por sua vez, formam sistemas. Células semelhantes, reunidas em grupos e que desempenham uma determinada função em comum formam os tecidos. No total, nosso corpo é formado por quatro tipos básicos de tecidos: epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso.