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Biodanza
ASPECTOS BIOLÓGICOS DE BIODANZA
Sumário
Autopoiese 10
Evolução 10
Invariância Reprodutiva 13
Diferenciação 14
Memória 15
Autorregulação 15
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Os seres vivos têm algumas características comuns, apesar de seus diferentes graus de
organização.
Para compreender o fenômeno da vida como acontecer cósmico, é necessário conhecer,
mesmo de forma resumida, as características universais do ser vivo.
Este conhecimento nos permite uma visão da unidade universal do ser vivo, indispensá-
vel para compreender o Princípio Biocêntrico.
A vida conhecida na Terra está fortemente relacionada a uma estrela: o Sol, que é es-
sencial para a preservação da vida. Vivemos em um universo de astros (1).
As estrelas são no cosmos como as células no mundo vivo. De maneira semelhante co-
mo as células se agrupam em complexas estruturas que são os seres vivos, as estrelas se en-
contram reunidas em grandes conglomerados que se denominam galáxias e que são os tijolos
constitutivos do universo (2). Existem galáxias elípticas, irregulares e espiraladas, e nelas con-
tinuam se formando estrelas.
Supõe-se que o universo se originou entre 18 a 20 bilhões de anos atrás e que nosso
Sol se formou há 5 bilhões de anos.
A Terra, por seu lado, teria aproximadamente 4,5 bilhões de anos e a vida teria surgido
nela a cerca de 3,8 bilhões de anos atrás.
As estrelas se formariam devido ao colapso gravitacional de nuvens de gases e poeira
interestelar.
José Maza, em “Uma visão global do cosmos”, diz:
“As estrelas de primeira geração contêm, como matéria prima, Hidrogênio (74%) e
Hélio (26%). As estrelas transmutam os elementos químicos para obter energia. Primeiro
transmutam o Hidrogênio em Hélio, a seguir o Hélio em Carbono e Oxigênio, e posterior-
mente estes em Neônio, Magnésio, Silício, Enxofre, etc., até chegar ao Ferro. As estrelas de
alta massa têm uma vida muito breve, menor que 10 milhões de anos, que é muito menos que
o tempo de colapso da galáxia (uns 100 milhões de anos). A maioria das estrelas de alta mas-
sa explodem como supernovas, lançando sua matéria ao espaço, o que contaminará o gás
primordial com elementos mais pesados que o Hélio. No instante da explosão de uma super-
nova são originados, graças à alta temperatura gerada, os elementos químicos mais pesados
que o Ferro 26.
O gás primordial contaminado com uma pequena quantidade de elementos mais pesa-
dos que o Hélio gerará novas estrelas que agora terão uma composição química inicial de
73% de Hidrogênio, 26% de Hélio e 1% de elementos mais pesados que o Hélio (estas por-
centagens se referem à quantidade por unidade de massa).
No caso de uma galáxia espiral como a que nós habitamos, o colapso inicial forma cú-
mulos globulares de estrelas e estrelas individuais em um halo esférico em torno do núcleo.
Ao continuar o colapso da matéria gasosa restante, entra em cena o momento angular do
sistema. A rotação faz com que o colapso ocorra com muito maior facilidade na direção do
eixo de rotação que em sentido perpendicular a ele. Por isso, o material restante colapsa na
forma de um disco que é um plano principal de simetria do sistema. No disco o gás contami-
nado vai lentamente dando origem a novas estrelas.
As estrelas de primeira geração não poderiam gerar planetas como a Terra por carecer
de elementos pesados que se poderiam condensar em partículas. As estrelas de disco, ao con-
trário, podem formar sistemas planetários tal como ocorreu com o Sol. No entanto, é interes-
sante recordar que os elementos pesados foram sintetizados no interior de uma estrela, logo
formaram a Terra e a seguir parte dos organismos vivos. Podemos repetir aqui o belo concei-
to que todos nós fomos parte de uma estrela; ou ao menos os átomos de Cálcio de nossos
ossos, o Ferro de nossos glóbulos vermelhos, foram fabricados no interior de uma estrela,
para serem logo lançados violentamente ao espaço em uma explosão de supernova e passar
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mais tarde a constituir a nebulosa solar primitiva e a seguir a Terra. Portanto, quando estu-
damos as estrelas, estamos simplesmente buscando nossas raízes mais profundas”.
1- Luis E. Campusano: “Las estrellas no son inmutables”. ARKA vida en el universo. Edito-
rial Universitaria.
2- José Maza: “Una visión global del cosmos”. ARKA vida en el Universo. Editorial Uni-
versitaria.
QUANTIDADES QUÍMICAS
Número Crosta Água Corpo
Elemento Símbolo Atômico Univers o Terra terrestre oceânic a humano
Hidrogênio H 1 92.056 120 2.882 66.200 60.583
Hélio He 2 7.835
Lítio Li 3 9
Berílio Be 4
Boro B 5
Carbono C 6 30 85 55 1 ,4 10.880
Nitrogênio N 7 8 0 ,3 7 2.440
Oxigênio O 8 61 40.880 80.425 33.100 25.670
Fluor F 9 3 ,8 77
Neônio Ne 10 8
Sódio Na 11 0 ,2 640 2.554 90 75
Magnésio Mg 12 2 12.500 1784 34 11
Alumínio Al 13 0 ,2 1.300 6.251
Silício Si 14 3 14.000 20.475
Fósforo P 15 140 79 130
Enxofre S 16 2 1.400 33 17 130
Cloro Cl 17 45 11 340 33
Argônio Ar 18 0 ,5
Potássio K 19 56 1.374 6 37
Cálcio Ca 20 0 ,2 480 1.878 6 230
Escândio Sc 21
Titanio Ti 22 28 191
Vanadio V 23 4
Cromo Cr 24 8
Manganês Mn 25 56 37
Ferro Fe 26 4 18.870 1.648
Cobalto Co 27 1
Níquel Ni 28 0 ,2 1.400 3
Cobre Cu 29 1
Zinco Zn 30 2
Quantidades dos primeiros 30 elementos químicos da Tabela Periódica, em número de átomos por
cada 100 mil, no Universo, na totalidade da Terra, na crosta terrestre, na água oceânica e no corpo hu-
mano. Como se observa, a distribuição relativa dos elementos químicos de um organismo vivo é muito
diferente da encontrada no resto na natureza. Dos mais de 100 elementos químicos da Tabela Periódi-
ca, só aproximadamente 24 participam nos processos biológicos de qualquer organismo vivo. (Adap-
tado de Dickerson, R.E., Scientific American 239: 70, 1978).
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MOLÉCULAS IDENTIFICADAS
NO ESPAÇO INTERESTELAR
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Dos mais de cem de elementos químicos da Tabela Periódica, só cerca de 24 participam
nos processos biológicos de qualquer organismo vivo. Destes, alguns são majoritários, en-
quanto outros aparecem somente como traços.
Composição percentual dos seis elementos químicos encontrados em maior quantidade nos organismos
em relação com a composição estimada na poeira interestelar e na fração volátil de cometas. A grande
semelhança que existe entre estas composições poderia apoiar eventualmente uma origem extraterrestre
das moléculas orgânicas vitais ou da vida. (Adaptado de Delsemme, A.H. - Les cometes et I'origene de
la vie. L'Astronomie 95:293, 1981).
A distribuição relativa (%) dos elementos químicos de um organismo vivo é muito dife-
rente daquela encontrada no universo, na totalidade da Terra e na crosta terrestre.
O conjunto de elementos que compõem os organismos vivos podem combinar-se em
milhões de moléculas diferentes. Muitas destas moléculas estão presentes e identificadas no
espaço interestelar e também formando parte de meteoritos que caíram na Terra. No entanto,
este grande número novamente pode reduzir-se a uma classificação simples.
A partir das moléculas precursoras do meio ambiente, tais como anidrido carbônico,
água e Nitrogênio, alguns organismos biossintetizam as moléculas orgânicas primordiais, a
partir das quais são sintetizadas todas as demais. Estes precursores primordiais compreendem
vinte L-aminoácidos, cinco bases nitrogenadas (adenina, timina, citosina, guanina, uracilo),
dois açúcares (ribose e glicose), um ácido graxo (ácido palmítico), um álcool (glicerol) e um
amino-álcool (colina).
Estas moléculas são transformadas em proteínas, ácidos nuclêicos, polissacarídeos e li-
pídios, moléculas fundamentais comuns a todos os organismos vivos, desde as bactérias até o
Homem.
Estas moléculas, por transformações posteriores, formam complexos supramoleculares,
organelas e finalmente a célula, unidade morfológica e funcional da vida. Assim, a matéria
viva é capaz de auto-organizar-se a partir de moléculas simples por meio de reações em ca-
deia, integradas e específicas (metabolismo intermediário), compreendendo reações de bios-
síntese e de degradação.
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Célula
núcleo
Organelas mitocondria
cloroplasto
Precursores
do meio ambiente CO2 ; H2O ; N2
PM = 18~ 44
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solar, transformando-a em energia química aproveitável. Por outro lado, os organismos hete-
rotróficos (animais, fungos, etc.) devem obter sua energia a partir de compostos preformados,
tais como a glicose, que é sintetizada pelos organismos autotróficos.
Tanto os autotróficos como os heterotróficos degradam a glicose a anidrido carbônico e
água e produzem uma molécula fundamental para realizar as reações biológicas: o ATP (ade-
nosina trifosfato).
Uma característica fundamental do ser vivo é a autorregulação: as reações metabólicas
estão reguladas por mecanismos específicos que atuam durante a ontogenia do organismo.
Autorreplicação: a matéria viva tem a capacidade de autorreplicar-se, de acordo com
um código estabelecido. A informação genética está contida na molécula de ADN (ácido de-
soxiribonucleico). Existem exceções, alguns vírus que utilizam ARN (ácido ribonucleico),
uma molécula parecida ao ADN. O ADN é uma dupla hélice formada por um esqueleto açú-
car/fosfato e bases nitrogenadas (adenina, guanina, citosina, timina). Estas bases se dispõem
linearmente no ADN estabelecendo uma seqüência característica para cada espécie.
A mensagem contida no ADN é primeiramente transcrita a uma molécula de ARN e lo-
go traduzida a uma seqüência de aminoácidos que formam as proteínas, que são os compostos
que, com sua presença predominante, caracterizam morfológica e fisiologicamente um orga-
nismo. A informação contida no ADN se transmite de geração em geração, perpetuando as
espécies.
Os processos de transferência de informação genética podem resumir-se de forma sim-
plificada no chamado Dogma Central da biologia da seguinte maneira:
Replicação
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AUTOPOIESE
EVOLUÇÃO
Os processos biológicos estão agrupados em certas teorias como a Teoria Celular, a Te-
oria Genética e a Teoria da Evolução.
A evolução é o princípio central da Biologia, que permite dar sentido à geração de vari-
abilidade no mundo vivo.
Todos os organismos vivos têm muito em comum: reprodução, metabolismo, organiza-
ção, etc. Mas também muitas diferenças.
A evolução é mudança no tempo. A evolução, em Biologia, é um sistema de idéias que
descreve as mudanças que os seres vivos experimentam ao longo do tempo.
A idéia de mudança se opõe ao princípio fixista.
As mudanças são históricas, devem recordar a história. Os acontecimentos são únicos e
irrepetíveis; a evolução não volta atrás.
A ciência da evolução biológica começa com Lamarck (1744-1829), o qual estabeleceu
que os organismos podem transmitir a sua descendência suas próprias características adquiri-
das.
A Teoria da Evolução Biológica mais geral e de maior poder explicativo foi formulada
por Charles Darwin en seu livro “A origem das espécies”, publicado em 1860.
Darwin, em sua viagem no navio “Beagle” pelo novo mundo, observou sucessões de ca-
racteres nas espécies, o que o levou a postular a Evolução Filética: os animais evoluíram de
outros animais. Por exemplo, na América encontrou animais semelhantes a coelhos europeus
(saltam, têm orelhas longas, etc.) mas têm estrutura dentária distintas
Darwin formulou a idéia que todos os organismos provêm de um tronco comum e so-
frem mudanças segundo o ambiente (processo de adaptação).
Wallace também foi um naturalista, fornecia materiais para zoológicos e museus. Tam-
bém veio a América (Amazonas, Rio Negro e Orinoco). Suas observações acerca da distribui-
ção dos organismos vivos o fizeram ser considerado como o pai da Biogeografia.
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Escala temporal da vida sobre a Terra: a linha superior representa, de modo comprimido, o tempo transcorrido
entre a formação do planeta e o momento atual. Alguns eventos importantes estão indicados. As linhas seguintes
são ampliações de períodos importantes: A segunda linha é uma expansão do período Fanerozóico. A terceira
linha é uma ampliação das eras Mesozóica e Cenozóica. A quarta linha expande o Terciário e o Quaternário.
Finalmente, a última linha representa somente o período Quaternário expandido. (Adaptado de MAYR, 1957).
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Tanto Darwin como Wallace acreditavam na Evolução, mas faltava-lhes propor um
mecanismo. A ambos serviu de sugestão o livro de Malthus que dizia que os organismos cres-
cem em proporção matemática.
Por outra parte, coincidem em que a individualidade está baseada nas diferenças e que a
evolução se mede em relação ao êxito reprodutivo; na capacidade de transmitir à descendên-
cia suas vantagens adaptativas.
Por seu lado, o Homem introduz seleção artificial. Por exemplo, durante a revolução
neolítica o Homem deixou de ser coletor e passou a ser produtor e, assim, realizou seleção
artificial de certas plantas.
Estas idéias foram tomadas por Darwin e adequadas ao processo que ocorre na nature-
za.
Para que haja Evolução deve haver variabilidade. Uma forma pragmática de entender
isto é ver como se produz esta variabilidade.
A seguir serão citados os fatores que modificam a composição genética das populações
e que produzem variabilidade:
1.- Mutações
2.- Arraste meiótico
3.- Fluxo genético
4.- Seleção
5.- Oscilação genética (ao acaso)
Segundo Darwin, a seleção natural funciona em todos os organismos vivos.
Quando Darwin postulou sua teoria, as bases da genética não eram conhecidas.
Quando Mendel formulou as leis da herança, surgiram críticas a Darwin, já que tudo é
herdado, o vantajoso e o desvantajoso.
Tornou-se necessário estabelecer uma série de compromissos entre a Teoria da Evolu-
ção, de Darwin, e a Teoria da Herança, de Mendel, e surgiu o Neodarwinismo que é a Teoria
da Seleção Natural mais as contribuições da Genética e da Taxonomia. Isto culminou com a
Teoria Sintética da Evolução.
Um dos resultados desta síntese foi uma concepção moderna das unidades de evolução:
a espécie.
Anteriormente se trabalhava com um conceito tipológico de espécie. Daí em diante se
define a espécie como “a maior e mais abrangente comunidade de indivíduos que compartem
um acervo genético comum”. (Dobzhansky, 1970).
Espécie: população que tem estrutura genética que se mantém no tempo.
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A espécie é também concebida como uma unidade reprodutiva: grupos de populações
naturais, potenciais ou realmente interférteis, que estão isoladas reprodutivamente de outros
grupos. (Mayr, E., 1957).
Van Valen (1976) define espécie como uma linhagem (conjunto de descendentes) que
ocupa uma zona adaptativa minimamente diferente à de qualquer outra linhagem, e que evo-
lui separadamente de todas as outras linhagens.
Eis aí três definições que abarcam causas genéticas, reprodutivas, ecológicas ou evolu-
tivas. Discute-se ainda como aparecem as novas espécies.
Atualmente, foram integradas também as contribuições da Biologia Molecular e apare-
ceram definições mais abrangentes que podem ser aplicadas a organismos de reprodução as-
sexuada.
Definição de espécie por coesão: “A população mais abrangente de indivíduos que têm
o potencial de coesão fenotípica através de mecanismos intrínsecos de coesão”. (Templeton,
1989).
Há algumas décadas, Jay Gould propôs o modelo de equilíbrio intermitente ou pontua-
do. Segundo ele, na evolução ocorrem episódios de mudança brusca nos caracteres durante a
especiação, seguidos por prolongados períodos de equilíbrio ou êxtase morfológico (evolução
com êxtase e equilíbrio intermitente).
Por outro lado, com o desenvolvimento da Biologia Molecular, verificou-se que muitas
mutações que afetam às proteínas se acumulam gradualmente em função do tempo e eram,
portanto, seletivamente neutras. Isto levou Kimura a postular sua Teoria Neutralista da Evo-
lução. Isto conduziu à noção de “relógios moleculares” que permitem estimar o tempo trans-
corrido desde o último ancestral comum.
Um novo campo da Biologia do Desenvolvimento, o estruturalismo (derivado da mor-
fologia dos séculos XVIII e XIX), enfatiza a busca das regras epigenéticas, que emergem da
estrutura e dinâmica do próprio organismo, independente do tempo. Este enfoque pode con-
tribuir sobre as “novidades evolutivas” (Endler, 1986).
Finalmente, as teorias evolutivas reúnem muitos campos de investigação e debate e isto
pôde ser fundamental para se poder interpretar muitos dos fenômenos biológicos.
INVARIÂNCIA REPRODUTIVA
Jacques Monod definiu esta característica dos seres vivos como “a capacidade de re-
produzir uma estrutura de alto grau de ordem”.
O conteúdo de informação genética de cada espécie, transmitido de geração em gera-
ção, garante a conservação da norma estrutural específica. Cada espécie tem um projeto que
corresponde a determinada quantidade de informação que deve ser transferida para que as
estruturas orgânicas dessa espécie cumpram suas performances. Este fato é que determina a
forte estabilidade de cada espécie dentro de um padrão específico. Nos organismos pluricelu-
lares, cada célula possui a totalidade da informação genética. Esta reiteração assegura os pro-
cessos de renovação permanente e a conservação do organismo.
Teleonomia; hipótese sobre um projeto que deve expressar-se em diferentes performan-
ces. Os diversos órgãos e sistemas do organismo cumprem projetos particulares que formam
parte de um projeto primitivo único: a conservação da espécie e sua multiplicação.
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SELETIVIDADE: RELAÇÃO COM O AMBIENTE
DIFERENCIAÇÃO
Dentro da forte estabilidade morfológica das espécies, nos surpreendem, não obstante,
sua enorme diversidade. Os processos de diferenciação evolutiva constituem uma das mais
extraordinárias expressões da condição polifacética e criadora da vida.
Não somente uma espécie se diferencia de outra, mas cada indivíduo da mesma espécie
apresenta fortes características diferenciais que o convertem em um indivíduo único, em um
exemplar biológico singular. As variações individuais, dentro de cada espécie, se dão por
permutação cromossômica e recombinação dos gametas, nos organismos de reprodução sexu-
ada. Além disso, existe a mutação, que também gera variabilidade.
O processo de diferenciação individual se acentua violentamente de acordo com as pos-
sibilidades de desenvolvimento que proporciona o meio ambiente e também pela seleção efe-
tuada sobre os produtos do acaso. O crescimento do potencial humano pode ser extraordinari-
amente estimulado por sistemas de desenvolvimento e integração.
A diferenciação evolutiva individual se produz pelo reforço e refinamento de certos im-
pulsos.
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MEMÓRIA
AUTORREGULAÇÃO
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renascimento são manifestações deste impulso. O impulso a regressar às origens é solidário
com o voltar ao estado fetal.
O ser humano, ao exercer sua autodeterminação, está em constante perigo de perder as
chaves originárias da vida. A nostalgia de voltar às origens renova a força do projeto vital.
3- Surgimento da Identidade
Um dos processos mais evolutivos do ser humano é o surgimento da consciência de si
mesmo e a vivência comovedora de estar vivo.
A meditação sobre o processo de identidade está, atualmente, em plena elaboração, a-
pesar de que sua descrição filosófica tem mais de 2.500 anos de antigüidade.
O tema da identidade será o núcleo central de reflexão da psicologia do futuro.
A consciência de si mesmo como ser diferenciado, é solidária com a consciência da i-
dentidade dos objetos, tal como foi proposto por Piaget.
Sem dúvida, a função da consciência tem uma raiz biológica e se estrutura sobre um
fundo bioquímico em que a percepção se organiza com base em padrões de coerência, como
se o mundo exterior encontrasse réplicas bioquímicas no organismo vivo e este organismo
pudesse funcionar frente a essas réplicas. Daí em diante, geram-se infinitos planos potenciais
de decisão e, mais ainda, o mais ambicioso e ousado de todos os propósitos: o autocontrole do
processo evolutivo.
A fase mais misteriosa da evolução da vida se relaciona com a percepção do significado
do indivíduo frente a seu semelhante. Vale dizer que a consciência, por um processo desco-
nhecido, dá-se conta da ressonância ancestral, descobre sua íntima relação com a matriz cós-
mica através de uma ressonância empática com outros seres vivos. Assim, o sentimento de
comunhão humana pode constituir, talvez, o eixo secreto de um inconcebível processo evolu-
tivo.
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bilidade fenotípica e a estabilidade do ambiente. Não está claro de que maneira estes compo-
nentes poderiam ser integrados em um parâmetro unitário.
Kimura (1961) tentou definir o progresso evolutivo em relação ao aumento da quanti-
dade de informação genética armazenada no organismo e decodificada pelo DNA do núcleo.
Julian Huxley usou critérios axiológicos como “nível de eficiência”, que não aludem a
parâmetros objetivos.
Pensou-se que a capacidade de expansão e a diversificação da vida poderiam ser crité-
rios apropriados de progresso biológico. De acordo com Simpson (1949), “na evolução como
um todo, podemos encontrar uma tendência da vida para expandir-se, para abarcar todos os
espaços disponíveis nos ambientes habitáveis, inclusive naqueles criados pelo próprio proces-
so de expansão.”
Os critérios de progresso evolutivo investigados por Simpson incluem: dominação, in-
vasão de novos ambientes, substituição, aperfeiçoamento na adaptação, adaptabilidade e pos-
sibilidade de progresso futuro, aumento da especialização, controle sobre o ambiente, cres-
cente complexidade estrutural, aumento da energia geral ou manutenção do nível dos proces-
sos vitais e aumento no âmbito e na variedade de ajustamento ao ambiente.
Foi proposto também que o progresso biológico estaria em função da capacidade de ob-
ter e processar informações sobre o meio ambiente.
Como vemos, os diferentes critérios propostos para definir a noção de progresso bioló-
gico, caracterizam-se por ser excessivamente redutivos ou mesmo tão diversificados que im-
possibilitam o estabelecimento de um parâmetro unificador.
Em minha opinião, um critério extraordinariamente unificador seria o nível de Auto-
nomia.
Definição de Autonomia: seria a organização de um sistema independente dentro de um
sistema maior, capaz de realizar ações diferenciadas conservando uma perfeita integração
com o sistema maior.
Um sistema autônomo possui uma unidade diferenciada dentro da unidade do sistema
ao qual pertence.
Os sistemas vivos poderiam ser ordenados considerando-se os níveis de autonomia,
desde os mais simples até os mais complexos.
Aparentemente, três sistemas asseguram o aperfeiçoamento do nível de autonomia:
Em primeiro lugar, a existência de um sistema sensório-motor de alta eficiência, cujos
circuitos de retroalimentação são de extraordinária plasticidade e precisão. Isto permitiria
uma grande independência dos padrões de resposta frente ao meio.
O segundo fator de autonomia é, ao meu modo de ver, o sistema imunológico, destina-
do a preservar a identidade biológica, diminuindo o risco aos perigos do meio ambiente.
O terceiro fator de autonomia parece ser a consciência do semelhante, através de um
mecanismo de identificação. Este processo é o que dá ao Homem sua força expressiva, autô-
noma e criativa.
RELATÓRIO 3
1- Descreva os argumentos científicos que permitem afirmar que somos filhos das estrelas.
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