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Fichamento do livro

Personagens Principais:
Teoria: Intelectual e professor do grupo, é filho de mãe africana e pai português por
conta disso sofre preconceitos de negros e brancos e tem crises de identidade. É o “talvez” para
quem quer receber um “sim” ou um “não”
Comandante Sem Medo: É o comandante da MPLA. Mesmo se identificando pela
causa do povo, Sem Medo e seus companheiros jamais serão, de fato, do povo por conta do seu
nível de instrução.
Comissário: Um dos líderes políticos do MPLA, grande amigo de Sem Medo, apesar de
divergirem em alguns pontos.
Chefe de Operações: Um dos líderes do MPLA.
Lutamos: Guerrilheiro do MPLA.
Ingratidão: Guerrilheiro da MPLA que rouba um angolano.
André: Responsável por conseguir mantimentos para a Base. É o primo do Comandante.
Ondida: Professora em Dolisie e noiva do Comissário, o trai com André.
Mayombe
A obra de Pepetela volta-se principalmente para a experiência pós-colonial angolana, as
consequências da colonização portuguesa e as inter-relações entre a cultura e a realidade política
e econômica de Angola, propondo-se a criar e recriar mitos, solidificando a identidade angolana.
Em Mayombe, escrito na década de 1970, mas só publicado em 1980, Pepetela narra as
aventuras de guerrilheiros, no interior da floresta localizada em Cabinda, em busca da construção
de um país livre do colonialismo português, entrecruzando passado e presente por meio de uma
diversidade de vozes narrativas (polifonia), que manifestam as influências do multiculturalismo
de Angola.
A floresta Mayombe tem papel especial na narrativa, sendo ela uma personagem que
colabora nas atitudes dos guerrilheiros isolados em relação a Luanda, sendo metaforicamente o
útero de um povo que tentava renascer após a colonização portuguesa, gestando um novo homem
para Angola.
No entanto, os problemas como a disputa pelo poder e o tribalismo conduziram a
população para uma realidade diferente da desejada pelo movimento de libertação. No romance,
a memória do povo é recriada no plano artístico em que a habilidade do autor desliza pelas
diversas vozes do presente e do passado, denunciando a força colonialista, a necessidade da
ruptura com o sistema português e a concretização da estrutura social, política, econômica e
cultural do novo país. Nesse relógio histórico que o romance Mayombe apresenta, o cenário de
fome, corrupção e massacre ganha voz de denúncia por meio dos personagens que, nomeados
por palavras que simbolizam a guerra, representam o povo angolano.
Sem Medo, comandante do grupo, e o Comissário Político são as personagens centrais
do romance, estabelecendo-se entre eles uma relação semelhante a de pai e filho; Teoria,
professor de Base, vive o conflito de ser mestiço, um “talvez” como ele mesmo diz.
Muatânia também reflete sobre a mistura de raças e sobre o tribalismo, considerando-se
membro de apenas uma tribo que servia a nova Angola; Milagre relata suas experiências com a
crueldade do sistema colonial em seus momentos mais intensos; Mundo Novo é o intelectual
ortodoxo que segue a teoria marxista como doutrina; Lutamos, o ingênuo do grupo, não
ambicionava o poder e considerava o estudo desnecessário; Ekuikui era o caçador intimidado
com os ataques dos obuses; Ingratidão do Tuga, guerrilheiro Kimbundu, desestabiliza o grupo
por causa de um roubo; Vewê, vaidoso e seduzido pelo nepotismo, era um guerrilheiro
promissor.
Enredo
O primeiro capítulo de título “A missão” começa com a chegada dos guerrilheiros do MPLA
(Movimento Popular de Libertação por Angola). A história situa-se na Guerra de Independência
de Angola, em que os guerrilheiros angolanos lutaram contra os colonizadores portugueses entre
1961 e 1974. O MPLA era um movimento de orientação marxista-leninista, o qual Pepetela
também fazia parte. O intuito era livrar a Angola da exploração portuguesa e politizar os
trabalhadores angolanos. Para interromper a exploração de madeira feita pelos portugueses, os
guerrilheiros invadiram, quebraram as máquinas, tomaram equipamentos e sequestraram os
funcionários. Mas o movimento não tinha o intuito de feri-los, pois também eram conterrâneos.
Apenas explicaram a exploração de Portugal e os libertaram em seguida. Contudo, o MPLA
passou a não ser bem visto após um dos trabalhadores libertos ter seu dinheiro roubado, criando
uma crise no grupo. Para mobilizar o povo, o Comandante Sem Medo organiza uma missão em
ataque aos portugueses e vence. Então, descobrem que o guerrilheiro Ingratidão foi quem roubou
o dinheiro. Ele é preso. A base é formada no interior da floresta Mayombe e outros oitos
guerrilheiros novos chegam. O capítulo descreve Mayombe como uma entidade viva. Nessa
parte do livro são evidenciados os conflitos e as divergências dentro do próprio movimento,
especificamente entre as ideias do Comissário e do Comandante Sem Medo. No entanto, os
conflitos são resolvidos. A falta de mantimentos é outro problema que aparece na base, então o
Comandante Sem Medo pede auxílio ao primo André para enviar alimentos. O Comandante fica
incomodado, pois a quantidade enviada pelo primo somente supria os guerrilheiros por alguns
dias. Além disso, no capítulo “A base”, o autor narra o seu cotidiano e os ensinamentos do
professor do grupo, Teoria. O terceiro capítulo recebe o nome da noiva do comissário, Ondina.
Professora que lecionava na cidade de Dolisie, fingia sentir atração pelo noivo. Enquanto isso, a
base sofria com a falta de mantimentos, além dos desentendimentos entre os chefes e os
guerrilheiros que cresciam cada vez mais. O Comissário já tinha ideia de tirar o André da sua
posição, o que acentuou após ele ser pego com Ondina. Então, Ondina deixa uma carta para o
Comissário dizendo que irá deixar a cidade e o comissário narra a sua relação com ela. Enquanto
que André, por ser de tribos diferentes (Kikongo e Kimbundo), vai a julgamento em Brazaville
pelo ato desonroso. É nesse capítulo também que o guerrilheiro Ingratidão foge da base e os
guerrilheiros descobrem que os portugueses instalaram uma nas proximidades do MPLA. Grande
parte desse capítulo está voltado para a preparação e estratégias do MPLA. Após suposto ataque
dos portugueses (Tugas) à base de guerrilheiros, o Comandante planeja uma contra-ataque. E o
grupo se divide em dois, sendo um liderado pelo Comandante Sem Medo que foi pelo Rio e o
outro pelo Chefe de Operações que foi pelas montanhas. Mas ao encontrar Teoria, descobrem
que foi um engano, pois o mesmo tinha visto uma surucucu e atirado nela. E após Vewê, um dos
companheiros que ouviu o tiro, se desespera e corre para pedir ajuda. Contudo, o Comandante
Sem Medo ainda planeja estratégias para o combate a base portuguesa, pois o mesmo sabe que
mais cedo ou mais tarde Mayombe será descoberta por eles. Vale ressaltar que nesse capítulo,
Comandante Sem Medo começa a se envolver com Ondina. E eles conversa sobre a liberdade e o
papel da mulher. No quinto capítulo, o Comandante Sem Medo é transferido para o Leste e
Mundo Novo assume seu posto. Enquanto que o Comissário foi encarregado de chefiar o ataque
à base dos Tugas, no Pau Caído. Até um certo momento, a missão foi bem sucedida, já que os
guerrilheiros conseguiram adentrar no território da base portuguesa. Em consequência,
Comandante Sem Medo e Lutamos são mortos no ataque, e outros guerrilheiros saíram feridos.
O nome do capítulo “A amoreira” é devido ao pensamento do comandante antes de morrer. Para
ele (Comandante), a amoreira tem um único tronco, assim como os homens. Ele e Lutamos
foram enterrados ao pé de uma amoreira. O Comissário foi salvo, mesmo sendo da tribo
Kimbundo, por dois homens de duas tribos diferentes: Cabinda e Kikongo. Eles conseguiram
superar as diferenças étnicas. Por fim, após a morte do Comandante Sem Medo, o Comissário é
enviado ao leste para assumir o posto de Comandante. O Comissário também começa a refletir
sobre a morte do Sem Medo.

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