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Universidade do Porto

Faculdade de Ciências do
Desporto e de Educação Física

A EPILEPSIA E A QUALIDADE DE VIDA:


Estudo da atividade física relacionada à saúde
em adolescentes portadores de epilepsia, de
ambos os sexos, na regiões do grande Recife.

Hamilton Luís Sena Lima

Dezembro 2001
Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física
Universidade da Porto

A EPILEPSIA E A QUALIDADE DE VIDA:


Estudo da atividade física relacionada à saúde em adolescentes portadores de
epilepsia, de ambos os sexos, na região do grande Recife

Dissertação apresentada com vistas


à obtenção do grau de Mestre em
Ciências do Desporto no âmbito do
Mestrado em Ctências do desporto,
área de especialização de Exercício
e Saúde.

Orientador:
Prof. Doutor José A. Duarte

Hamilton Luís Sena Lima


Dezembro 2001
Agradecimentos

A realização de um trabalho desta natureza, apesar do seu caráter individual,

não seria cumprido se não fosse a colaboração de um conjunto de pessoas cuja

ajuda assumiu uma importância decisiva na sua consecução

■=> Ao quadro docente do Mestrado em E xercício e Saúde desta faculdade, pela

forma competente que conduziram as disciplinas desse curso

o Ao Prof. Doutor José Alberto Duarte, orientador do trabalho, pela preocupação e

incentivo. E spero que o trabalho realizado corresponda, de alguma forma, as

expectativas geradas.

£=> A Hélio Ferreira, presidente da associação dos portadores de epilepsia do estado

de Pernambuco (APE PE ), por sua grande ajuda dada.

<=> A Dra. Miriam Bezerra, vice presidente da APE PE , pelos livros emprestados e

pacientes indicados,

o A Dra. Adélia Henriques, por sua enorme ajuda, facilitando as entrevistas com os

seus pacientes no ambulatório do Instituto Materno Infantil de Pernambuco.

■=> Ao Dr. Marcelo Andrade, pelo incentivo durante vários anos de consultas e

facilitando o acesso aos seus pacientes.

■=> Aos amigos defaculdade, pelo incentivo durante todo este-mestrado,

o Aos amigos do judo, que além de serem a minha válvula de escape, sempre

davam os seus incentivos.


<=> A todos os pacientes que concordaram em colaborar com esta pesquisa.

■=> Ao Prof. Mestre e AMIGO Tetsuo Tashiro, pois só Deus sabe o quanto foi

importante a sua ajuda e os seus incentivos.

<=> Aos meus pais, Haroldo e Miriam, que sem o seu apoio eu não estaria em lugar

nenhum.

O Ao meu tio José Gentil, pelo pontapé inicial para essa jornada.

■=> Ao meu irmão Douglas.

■=> L e m especial a minha cunhada Juliane Salgueiro, que como meu próprio irmão

disse, não agradeça a mim, o incentivo partiu todo dela.


Agradecimentos

índice

índice de quadros

índice de-figuras

Resumo

Abstract

1. INTRODU ÇÃO ■•* 12


1.1.0bjetivo do E studo 17

2. REVISÃO DA LITERATURA 20
2.1. Epilepsia 20
2.1.1. Histórico 21
2.1.2. E pidemiologia 22
2.1.3. E tiologia 22
2.1.4. Fatores Desencadeantes 24
2.1.5. Tratamento da Epilepsia ....26
2.1.5.1. Tratamento Clínico 26
2.1.5.2. Tratamento Cirúrgico 26
2.1.6. Classificação das Crises e da Epilepsia 27
2.1.6.1. Classificação das Crises 27
2.1.6.2. Classificação das Epilepsias 28
2.1.7. Farmacologia 30
2.2. Qualidade de vida 31
2.2.1. Qualidade de vida em Epilepsia. 32
2.3.Atividade Física 39
2.3.1. Atividade Física e Epilepsia 40
2.3.2. E feitos da Atividade Física na Epilepsia 42

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS. 47
3.1. Caracterização da Amostra 47
3.2. Material Utilizado. .....48
3.3. Procedimentos E statísticos 48

4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO 51


4.1. Validação do QOLIE-AD-48 51
4.2. Análise Descritiva da Qualidade de Vida - 52

\ T
4.2.1. Impacto da Epilepsia 52
4.2.2. Memória/Concentração 53
4.2.3. Funcionamento Físico 54
4.2.4. Estigma 55
4.2.5. Suporte Social 55
4.2.6. Comportamento Escolar 56
4.2.7. Atitudes 57
4.2.8. Percepção de Saúde 58
4.3. Análise Descritiva da Atividade Física 58
4.4. Análise de correlação 59
4.4.1. Impacto da epilepsia x Idade 59
4.4.2. Impacto da epilepsia x Frequência (n° de meses sem crises) 60
4.4.3. Impacto da epilepsia x Memória/concentração 60
4.4.4. Impacto da epilepsia x Funcionamento físico 61
4.4.5. Impacto da epilepsia x Comportamento escolar 62
4.4.6. Impacto da epilepsia x Atitudes 63
4.4.7. Impacto da epilepsia x Percepção de saúde 63
4.4.8. Memória/concentração x Frequência (n° de meses sem crises) 64
4.4.9. Memória/concentração x Funcionamento físico 64
4.4.10. Memória/concentração x Suporte social 65
4.4.11. Memória/concentração x Comportamento escolar 65
4.4.12. Memórta/eoncentraçãox Atitudes. 65
4.4.13. Memória/concentração x Percepção de saúde 66
4.4.14. Funcionamento físico x Comportamenta escolar 66
4.4.15. Funcionamento físico x Atitudes 67
4.4.16. Suporte social x Frequência (n° de mese&sem crises) 67
4.4.17. Suporte social x Atitudes 68
4.4.18. Comportamento escolar x Atitudes ....68
4.4.19. Comportamento escolar x Percepção de saúde 69
4.4.20. Atitudes x Idade 69
4.4.21. Atitudes x Frequência (n° de meses sem ter crises) 69
4.4.22. Atitudes x Percepção de saúde 70
4.4.23. Atividade física x Percepção de saúde 71
73
5. CONCLUSÕES
6. BIBLIOGRAFIA 76
84
7. ANEXOS
Anexo I: Parecer do comité de Ética
Anexo II: Questionários de avaliação
Anexo III: Classificação da Atividade Física
Anexo IV: Diferença Absoluta nas Respostas
Anexo V: Correlação de Spearman

\?T
ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Classificação das crises epilépticas da ILAE

Quadro 2 - Classificação da& Epilepsias

Quadro 3 - Drogas antiepilépticas (DAE's) e tipos de crises

Quadro 4 - Efeitos adversos mais frequentes das DAE's

Quadro 5 - Situações psicológicas básicas associadas à reações emocionais

decorrentes

Quadro 6 - Desvantagens sociais comumente associadas à epilepsia e suas

consequências

Quadra 7 - Atitudes/defesas comumente associadas a epilepsia que levam a

desadaptação

Quadro & - Fatores qua apresentam impacte- negativo na QV de pessoas, com

epilepsia

Quadro 9 — Princípios gerai&da abordagem psicológica de pacientes e familiares

Quadro 10 - Número total de pacientes por sexos

Quadro 11 - Distribuição dos pacientes estudados de-acordo com o sexo e faixa

etária
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Representação gráfica do impacto da epilepsia

Figura 2 - Representação gráfica da memória/concentração

Figura 3 - Representação gráfica do funcionamento físico

Figura 4 - Representação gráfica do estigma,

Figura 5 - Representação gráfica do suporte social

Figura 6 - Representação gráfica do comportamento escolar

Figura 7 - Representação gráfica das atitudes

Figura 8 - Representação gráfica da percepção de saúde

Figura 9 - Representação gráfica dos valores de aptidão física


RESUMO

Dos transtornos neurológicos crónicos grave, a epilepsia é o mais comum. Para ela

não existem barreiras sociais, étnicas, geográficas, etárias ou sexuais. O número de

adolescentes com epilepsia é bastante alto, pois estima-se que 1% da população

começou a apresentar crises antes dos 20 anos. A qualidade de vida dos

adolescentes portadores de epilepsia esta relacionada à vários fatores, que podem

levar a consequências até mats graves que a ocorrência de crises- epilépticas.

Mesmo sabendo que o objetivo básico do tratamento seja o seu controle, nem

sempre isso garante uma melhora na qualidade de vida. O objetivo deste estudo

consistiu em verificar o perfil de qualidade de vida em pacientes adolescentes

portadores de epilepsia. Observando a influência da atividade física na saúde geral

destes pacientes e como essas atividades eram exercidas pelos mesmos. Foram

considerados 32 adolescentes (20 do sexo masculino e 12 do sexo feminino) com

idade entre os 11 e 17 anos, da área do grande Recife. Obtivemos correiações

significativas entre os fatores de qualidade de- vida e uma correlação bastante

significativa entre a percepção de saúde e a atividade física. Um estudo longitudinal

é necessário para uma melhor verificação das alterações da qualidade de vida e as

influências da atividade física permitindo uma maior precisão nos resultados.

Palavras chave: Epilepsia, qualidade-de vida, atividade física.


ABSTRACT

Of the chronic neurological upset serious, the epilepsy is the most common. For

epilepsy doesn't exist social, ethnic, geographical, age or sexual barriers. The

number of adolescents with epilepsy is quite loud, because it is considered that 1-%

of the population began to present crises before the 20 years. The quality of life of

the- adolescents epilepsy bearers is related to several factors, that can take to

consequences more serious than the occurrence of epileptic crises. Even knowing

that the basic objective of the treatment is control, it doesn't always guarantees an

improvement in the quality of life. The objective of this study consisted of verifying the

profile of quality of life in patients adolescent epilepsy bearers. Observing the

influence of the physical activity in the general health of these patients and how those

activities they were exercised by the same ones. 32 adolescents were considered (20

male and 12 female) with age between 11 and 17 years, of the area of great Recife.

We observed significant correlations between the factors of quality of life and a quite

significant correlation between the perception of health and the physical activity. A

longitudinal study is necessary for a better verification-of the alterations of quality of

life and the influences of the physical activity allowing a larger precision in the results.

Keywords: Epilepsy, qualityof life, physical activity.


Introdução
Introdução

1. INTRODUÇÃO

A palavra EPILEPSIA, de étimo grego, significa literalmente "fulminar",

"abater com surpresa", e há muito designa afecção frequentíssima, comum a

ambos os sexos, e de incidência aproximadamente igual em todos os países, e

entre todos os povos e classes sociais. A Organização Mundial de Saúde (OMS)

estima que cerca de 1% da população mundial sofre ou deverá sofrer problemas

relacionados às crises epilépticas. No Brasil, calcula-se que a incidência seja de

2%, enquanto que no nordeste do Brasil, alguns fatores desencadeadores - como

a desnutrição e a falta de assistência médica - elevam esse número para 3% da

população. Só em Pernambuco, existem, aproximadamente, 350 mil portadores de

epilepsia.

A epilepsia é um distúrbio provocado por descargas elétricas excessivas no

cérebro, o fenómeno ocorre por desequilíbrio entre a atividade excitatória e

inibitória dos neurónios ou células nervosas cerebrais. Existem dois tipos básicos

de epilepsia: parcial (30% dos casos) e generalizada (70% dos casos). No

primeiro caso, os impulsos atingem um grupo específico de neurónios e sua

manifestação depende do local atingido. Se for na área motora, o paciente

apresentará, durante a crise, movimentos convulsivos dos membros. Caso a parte

atingida seja a região visual, ele verá pontos luminosos. Mas existem ainda crises

parciais, quando o paciente apresenta ausências momentâneas de consciência.

Já nas epilepsia generalizadas o cérebro sofre uma espécie de curto-circuito geral,

e o paciente costuma ter convulsões.

12
Introdução

"As crises epilépticas podem constituir sintoma que acompanha ou que

comanda quase todas as afecções cerebrais de índole estrutural ou metabólica.

Daí não existir ninguém, fundamentalmente, que não possa sofrer uma crise

epiléptica" (Matthes, 1976).

A epilepsia é conhecida desde as etapas mais recuadas da história da

medicina, fora muito bem identificada por Hipócrates e, mais tarde, por Galeno

que desde 180 d.C. preconizava aos pacientes com epilepsia atividade física

regular e moderada (Cantu, 1998).

Os "pilares históricos" da evolução conceituai da epilepsia poderão ser

descritas em fases, que, didaticamente, poderão assim ser alinhadas:

FASES HISTÓRICAS

Fase pré-hipocrática - Fase mística - misticismo


Fase hipocrática - Fase empírica, já clínica e até com correlação anátomo-clinica
Fase pós-hipocrática - Retorno ao misticismo
Fase Jackson- - Fase que inicia propriamente a fase científica com a interpretação
Sherringtoniana fisiopatológica
Fase atual - Conhecimento anátomo-fisiológico e fisiopatológicos
Método de imagem para diagnóstico
A personalidade enequética, a hereditariedade na disritmia
A anatomia patológica macroscópica e microscópica da disritmia
Planejamento terapêutico com adequada sustentação científica:
"qualidade de vida" do disritmico; drogas; cirurgia
Fonte: Ramos Jr., 1990

O diagnóstico de epilepsia traz consigo inúmeras implicações sociais: o

"epiléptico" não raro sente-se doente, aquém das expectativas alheias,

incapacitado para o trabalho e para o convívio social, com baixa auto-estima e

13
Introdução

pouca confiança em si mesmo, inseguro diante da possibilidade de vir a

manifestar uma crise em público ou em ambiente em que se sinta desprotegido.

Contribuem para este sentimento o fato objetivo da estigmatização (Trõster, 1997)

e discriminação, sempre possíveis em várias áreas da vida pessoal e profissional

destes indivíduos (de Bóer, 1995; McLin et ai., 1995; Santos et ai., 1998).

O conceito de qualidade de vida em epilepsia inclui a percepção individual

do paciente sobre sua própria condição, e há evidencias de que o ambiente possa

ter uma importante influência na adaptação e reabilitação das pessoas com

epilepsia (Sonnen, 1990).

Contudo uma epilepsia bem controlada não é sinónimo de vida social

normal; pacientes controlados satisfatoriamente costumam apresentar uma vida

social bem diferente daquela que levam pessoas da mesma idade, sexo e nível

sociocultural que não tem a doença (Clemente et ai., 1990). Os pacientes cem

epilepsia costumam apresentar um maior grau de isolamento e um menor número

de amigos (Cantu, 1998).

Na infância, a privação de atividades físicas ou uma baixa estimulação pode

causar um desenvolvimento locomotor insatisfatório e perturbações de

personalidade. Adultos que vivem uma vida sedentária são propensos a maus

funcionamentos adicionais e doenças de vários tipos (Stromme et ai., 1982 apud

Bjõholt et ai., 1990). E a adolescência? Ser adolescente é difícil; ser adolescente

com epilepsia é um pouco mais difícil, mas não é impossível. A maior fonte de

problemas para a maioria dos adolescentes é a sua vida social.

14
Introdução

Estes pacientes epilépticos apresentam uma alta frequência de desajustes

emocionais, os quais nem sempre estão associados à gravidade do seu quadro

clínico mas, frequentemente, à dificuldade de aceitar o próprio diagnóstico e às

limitações que as crises acarretam.

Dessa maneira, estes pacientes comumente desenvolvem como

mecanismo de defesa a "negação" do diagnóstico, visando manter o equilíbrio

emocional. Após o período de negação, segue-se um período de "conflito", no qual

o paciente tenta aceitar essa nova realidade. A seguir, o paciente entra no período

de "depressão", começando a assimilar a situação desprazerosa. Este período, se

não for muito prolongado, deve ser considerado normal, após o qual segue se,

eventualmente, um período de "aceitação".

Por isso, os estressantes psicossociais no paciente com epilepsia são

considerados importantes e se baseiam em limitações de determinadas

atividades. Esse tipo de proibição pode levar o paciente com epilepsia a um alto

nível de estresse pelo risco, caso ele necessite enganar para sobreviver, e isso

não é sadio. Além disso, o fenómeno da dependência dos outros é muitas vezes

difícil de romper, sendo mais fácil, algumas vezes, permanecer doente que ficar

livre das crises e sadio.

A aptidão física relacionada à saúde contempla aqueles componentes

motores cujo aspecto fisiológico pode oferecer alguma proteção aos distúrbios

orgânicos provocado por um estilo de vida sedentário

A resistência cárdio-respiratória, a força, a resistência muscular, a

flexibilidade e a composição corporal são os componentes da aptidão física

15
Introdução

relacionada à saúde. Portanto, todos, inclusive os não epilépticos, devem

apresentar um rendimento mínimo em cada um desses componentes,

independente do aspecto hereditário e do meio em que vive.

Como o paciente epiléptico é um indivíduo que não raro sente-se aquém do

convívio social e com maior grau de isolamento, o predispõe ao aparecimento de

várias doenças crónico-degenerativas que vão acarretar uma série de riscos para

a sua saúde.

O exemplo disso, são os grandes levantamentos populacionais que

sugerem estreita relação entre prevalência de obesidade e de sobrepeso e o

tempo dedicado a assistir à TV e ao vídeo. Entre adolescentes de 12 a 17 anos,

constata-se que a prevalência da obesidade se eleva por volta de 2% a cada hora

adicional à frente da TV ou do vídeo (Guedes e Guedes, 1998).

"As atividades físicas e mentais parecem ser antagonistas das crises e a

epilepsia prefere atacar quando o paciente está indefeso, dormindo, descansando

ou ocioso". Essa hipótese formulada por Lennox em 1941 (Cantu, 1998) parece

ser verdadeira para a maioria dos pacientes. Estudos de atividade elétrica cerebral

revelam que as descargas anormais que desencadeiam crises frequentemente

desaparecem durante o exercício e retornam no repouso. Os mecanismos

aventados para explicar essa redução são: o pH baixo causado pela acidose

láctica reduz a irritação cortical e a alcalose a aumenta; a acidose do exercício

aumenta os níveis de GABA, reduzindo a atividade elétrica cortical, assim como o

fariam as beta-endorfinas liberadas e os níveis altos de atenção e alerta durante o

exercício (Cantu, 1998; Miller, 1989).

16
Introdução

Mas, apesar da ênfase dada pela sociedade moderna em promoção de

saúde através da atividade física existem muitas controvérsias no que diz respeito

à atividade física e epilepsia, inclusive entre os médicos, que frequentemente

excluem dos pacientes com epilepsia sua participação em atividades físicas

assumindo assim condutas e posições variadas.

Portanto, objetivamos através deste trabalho estudar, de uma forma geral, o

perfil de qualidade de vida nos adolescentes portadores de epilepsia, sabendo que

na adolescência a maior fonte de problemas é a sua vida social. Observando, com

isso, os efeitos da epilepsia e das medicações antiepilépticas em suas vidas, bem

como relacionar a atividade física diária (tempo, duração e intensidade) exercidos

pelos pacientes com suas crises e a sua influência nos mesmos.

Sendo assim, acreditamos que a atividade física desempenha um papel

fundamental na promoção de uma vida mais saudável para o paciente com

epilepsia e pode ser vista como um aspecto importante na sua integração social,

pois traz para os mesmos um ganho de auto-estima, autoconfiança, maior

convívio social, noção de trabalho de equipe, senso de controle sobre a doença,

redução da ansiedade, da depressão, da estigmatização e regularização do sono

(Bjõholtetal., 1990).

1.1. OBJETIVOS DO ESTUDO

O principal objetivo do nosso estudo foi estudar o perfil de qualidade de vida

em adolescentes de ambos os sexos da área do grande Recife que sejam

portadores de epilepsia, nas idades compreendidas entre os 11 e 17 anos.

17
Introdução

Também foi nosso objetivo, observar a influência da atividade física nestes

adolescentes portadores de epilepsia, os tipos de atividade física (tempo, duração

e intensidade) exercidos por eles, bem como estudar a saúde em geral destes

pacientes.

Por fim, relacionar os indicadores de qualidade de vida e a atividade física.

Este trabalho foi aprovado pelo Comité de ética da Universidade de

Pernambuco sob N° E052/01 (anexo I).

18
Revisão da Literatura
Revisão de Literatura

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. EPILEPSIA

A epilepsia não tem barreiras sociais, étnicas, geográficas, etárias ou

sexuais e é o transtorno neurológico crónico grave mais comum. Ela também

apresenta problemas sociais e económicos, tornando-se assim um problema de

saúde pública (Gomes, 2000).

A epilepsia é definida como sendo uma grupo de doenças que tem em

crises epilépticas que recorrem na ausência de condição tóxico-metabólica ou

febril (Guerreiro et ai., 2000). A crise epiléptica é definida como desordem

paroxística do sistema nervoso central (SNC) caracterizada por uma descarga

elétrica neuronal anormal, com ou sem perda de consciência e com sintomas

clínicos variados (Scotoni et ai., 1999).

Essa desordem neurológica é considerada uma experiência frustrante,

gerando no paciente e nas pessoas envolvidas um desajuste emocional,

mobilizando-os no sentido de se adaptarem a uma doença crónica (Souza et ai.,

1998)

Em circunstâncias normais, a descarga neuronal é ritmada e representa a

interação de influências excitadoras e inibidoras. Na epilepsia, há uma súbita e

descontrolada descarga de alta voltagem liberada por um grupo de neurónios, e

como todas as regiões do encéfalo são potencialmente epileptogênicas,

consequentemente, são possíveis várias respostas a essas descargas. É

importante enfatizar que as convulsões só são provocadas pela descarga elétricas

20
Revisão de Literatura

de células vivas, o tecido necrótico e o tecido fibroso, embora não sejam a origem

da atividade epiléptica, frequentemente irritam os neurónios adjacentes.

Segundo Pedley et ai. (1997) as principais manifestações de uma crise

dependem de inúmeros fatores, são eles:

• Se a totalidade ou apenas uma parte do córtex cerebral é afetada no início.

• As funções das regiões corticais onde a crise convulsiva tem origem.

• O padrão subsequente de propagação da descarga elétrica ictal dentro do

cérebro.

• A extensão do comprometimento das estruturas subcorticais e do tronco

cerebral.

2.1.1. HISTÓRICO

o médico grego Hipócrates (460 - 377 AC.) foi o primeiro a olhar para um

homem que sofria um ataque epiléptico e dizer "não há nenhum deus aí dentro; é

um fenómeno do corpo desse indivíduo".

Todos os outros povos da antiguidade davam uma explicação religiosa para

esse fenómeno, viam deuses e demónios na epilepsia, que era chamada de

"doença sagrada". O médico Hipócrates, porém, afirmava que todas as doenças

possuem uma causa natural, não devendo ser encaradas como punição divina.

A explicação de Hipócrates para a epilepsia ilustra o que a Grécia antiga

nos proporcionou: a ideia da investigação sistemática de que o mundo é regido

por leis da natureza, e não por deuses cheios de caprichos (Miranda, 2000).

21
Revisão de Literatura

2.1.2. EPIDEMIOLOGIA

A epilepsia é comum na infância afetando aproximadamente de 5 à 10

crianças em cada 1000. A maioria dos estudos mostra que há um discreto

predomínio nos homens em relação as mulheres (1,1 a 1,7 vezes). Estima-se que

um por cento da população começou a apresentar crises antes dos 20 anos

(Hauser e Kurland, 1975) e, mais de 50% dos casos tiveram início na infância

(Souza, 1999).
Deste forma, muitas pessoas tiveram a experiência de sua primeira crise

num período crítico para aquisição e desenvolvimento de competências cognitivas

e sociais, causando prejuízos académicos, interpessoais e vocacionais ao longo

do tempo. A epilepsia quase sempre se arrasta por muitos anos e acaba afetando

o desenvolvimento por um longo período (Meinardi, 1995).

2.1.3. ETIOLOGIA

Até há alguns anos aproximadamente 70% dos pacientes eram

considerados como tendo Epilepsias idiopáticas ou criptogênicas. Assim em 30%

dos pacientes, quando adequadamente investigados, era determinada a etiologia

(Epilepsias sintomáticas). Com o advento da ressonância magnética e de suas

técnicas associadas, o número de pacientes com epilepsia sintomática tem

aumentado substancialmente (Guerreiro et ai., 2000)

Existe uma causa específica por trás de cada caso de epilepsia. Estes

fatores etiológicos podem ser suficientemente ativos, a ponto de influenciar a

evolução da doença convulsiva. É o que se observa sobretudo no caso de lesões

22
Revisão de Literatura

de caráter progressivo, como, por exemplo, nos tumores cerebrais, embora

também os focos epileptogênicos "residuais", devido as lesões cerebrais perinatais

ou infantis precoces, apresentem as vezes caráter progressivo.

Os fatores genéticos podem participar da etiologia de praticamente todas as

formas de epilepsia, se bem que sua importância varie de uma doença epiléptica

para outra. É possível que os gens responsáveis pela epilepsia criem a

predisposição para determinadas condições epilépticas e esta predisposição

chega ao máximo na epilepsia primária generalizada, na qual não se consegue

demonstrar nenhuma lesão adquirida.

A forma de epilepsia que se desenvolve depende muito da idade (estado de

maturação do cérebro) do paciente na época da lesão. O cérebro imaturo tende a

reagir com uma resposta difusa irritativa mesmo quando a lesão é localizada

(Boshes e Gibbs, 1976).

As lesões epileptógenas apresentam algumas características gerais, elas

se localizam ao nível do córtex dos hemisférios cerebrais. Quando uma lesão

subcortical provoca uma epilepsia é porque produziu, indiretamente, alterações

corticais.

É necessário distinguir as lesões traumáticas adquiridas durante a vida, das

lesões do período perinatal. A responsabilidade das lesões traumáticas pós-natais,

no conjunto das Epilepsias é relativamente pequena, na ordem de 5% das

Epilepsias, variando de acordo com a forma de epilepsia. Já as lesões traumáticas

perinatais são responsáveis por um grande número de Epilepsias: quando existem

sinais neurológicos de lesões perinatais, a frequência de epilepsia é grande, até

23
Revisão de Literatura

na ordem de 50% dos casos. Na ausência de sinais neurológicos permanentes,

frequentemente suspeita-se do papel etiológico de um traumatismo perinatal,

porém difícil de se afirmar.

Embora distúrbios genéticos definidos respondam por apenas cerca de 1%

dos casos de epilepsia, os fatores herdáveis são importantes. Os gémeos

monozigotos têm um índice de concordância para Epilepsias muito maior do que

os dizigotos. Quase 9% das crianças de mães com Epilepsias e 2,4% de crianças

de pais afetados desenvolvem epilepsia por volta dos 25 anos de idade. O motivo

do maior risco de crises em mulheres com epilepsia é ignorado. Algumas formas

de epilepsia são mais herdáveis que outras. Por exemplo, os filhos de pais com

crise de ausência correm um risco maior de epilepsia (9%) do que a descendência

de pais com outros tipos de crises generalizadas ou parciais (5%). Em geral, no

entanto, até mesmo a descendência de um progenitor de "alto risco" tem

probabilidade de 90% ou mais de não ser afetado pela epilepsia (Pedley et ai.,

1997).

A crença no seu caráter hereditário e incurável, levou o autor Davenport, a

sugerir a esterilização e a segregação em massa de todos os epilépticos, como

medida profilática indispensável ao desaparecimento da doença (Lins, 1964).

2.1.4. FATORES DESENCADEANTES

Os pacientes epilépticos se beneficiam quando o tratamento leva em conta

os diferentes aspectos das Epilepsias. Um deles é a ocorrência de fatores

24
Revisão de Literatura

desencadeantes, pois, apesar do uso correto das drogas antiepilépticas (DAE),

existem pacientes que persistem com crises.

As crises epilépticas podem ser desencadeadas por febre, suspensão

abrupta das DAE's, ingestão de álcool, privação de sono, hiperventilação

(respiração forçada), emoções (relacionadas à preocupação, alegria, tristeza,

irritação e outras).

É muito importante ter sono suficiente e regular. Alterações do sono e uso

irregular das DAE's são as causas mais comuns de aumento de frequência de

crises.

Segundo a Associação Brasileira de Epilepsia (ABE), de acordo com as

condições de aparecimento, as crises epilépticas podem ser divididas em

ocasionais, cíclicas e desencadeadas.

• Crises ocasionais - constituem a maioria e geralmente não se consegue

evidenciar a razão de seu aparecimento.

• Crises cíclicas - existem fatores que levam a um aumento normal do

funcionamento cerebral, podendo ocasionar crises. A periodicidade das

crises cíclicas podem estar ligadas ao ciclo sono/vigília e fatores

hormonais como menarca (primeira menstruação)/menstruação/

menopausa.

• Crises desencadeadas - ocorrem através de fatores específicos ou não

específicos. Existe uma forma rara de epilepsia, chamada de epilepsia

reflexa, onde as crises acontecem exclusivamente perante um

25
Revisão de Literatura

desencadeante específico: luz, barulho, leitura, música, etc. E dentre os

fatores não específicos podemos citar: estresse, privação de sono,

suspensão abrupta das DAE's e sedativos, febre, processo infecciosos,

várias alterações tóxicas e metabólicas, que incluem: baixa oxigenação

cerebral, hipoglicemia, diminuição do cálcio sanguíneo, alterações

renais, etc.

2.1.5. TRATAMENTO DA EPILEPSIA

2.1.5.1. TRATAMENTO CLÍNICO

A possibilidade de se curar uma epilepsia suprimindo-se a causa é uma

eventualidade relativamente rara. Na maioria dos casos é somente possível um

tratamento sintomático. Esse tratamento tem por finalidade evitar as crises e

assegurar ao paciente as condições de uma vida social a mais próxima possível

da normal. Baseia-se em medicamentos que não estão desprovidos de efeitos

secundários, devendo ser adaptados à forma da epilepsia, sua gravidade e sua

tolerância individual. O papel do médico é de controlar esse ajustamento

individual, assegurando que o paciente manterá a indispensável continuidade do

tratamento, ao mesmo tempo que deve guiar o epiléptico na sua adaptação à vida

profissional e social (Cambieret ai., 1988).

2.1.5.2. TRATAMENTO CIRÚRGICO

O progresso tecnológico dos últimos anos, particularmente no campo da

neuroimagem, tem proporcionado um aumento da nossa capacidade de localizar

26
Revisão de Literatura

anormalidades estruturais e funcionais no cérebro humano. Tais técnicas tem

contribuído para um renovado interesse no tratamento de crises parciais

intratáveis por meio de ressecções cirúrgicas (Serafini e Leite, 2000).

O tratamento neurocirúrgico da epilepsia propõe suprimir o foco

epileptógeno ou, excepcionalmente, interromper uma das vias que intervêm na

generalização. Esta cirurgia não pode ser considerada a não ser na presença de

uma epilepsia verdadeiramente rebelde a uma terapia medicamentosa, instituída

com método e cuidadosamente controlada. É necessário, além disso, que a

epilepsia constitua um problema muito grave para o indivíduo. De maneira geral,

essa terapêutica destina-se apenas a uma epilepsia cujo ponto de partida focal

possa ser determinado com precisão.

2.1.6. CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES E DA EPILEPSIA

É essencial uma classificação exata das crises e da epilepsia para se

entender os fenómenos epilépticos, desenvolver um plano de investigação lógico,

decidir sobre quanto e por quanto tempo tratar e escolher a DAE adequada.

2.1.6.1. CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES

A classificação das crises epilépticas utilizada atualmente é de 1981

(quadro 1), e foi desenvolvida pela Liga Internacional Contra a Epilepsia

(International League Against Epilepsy - ILAE).

27
Revisão de Literatura

Quadro 1 - Classificação das Crises Epilépticas da ILAE

I - Crises Parciais (Focais)

A - Crises parciais simples (sem comprometimento da consciência)


1 - com sintomas motores
2 - com sintomas somato-sensitivos
3 - com sintomas autonômicos
4 - com sintomas psíquicos

B - Crises parciais complexas (com comprometimento da consciência)


1 - início como crise parcial simples seguida por comprometimento da consciência

2 - com comprometimento da consciência desde o início

C - Crises parciais secundariamente generalizada

II - Crises Generalizadas
A - 1 Crises de ausência

2 Crises de ausência atípica

B - Crises mioclônicas

C - Crises clônicas

D - Crises tónicas

E - Crises tônicas-clônicas

F - Crises Atônicas

III - Crises Epilépticas Não Classificadas


L
Fonte: Epilepsia 22: 489-501, 1981

2.1.6.2. CLASSIFICAÇÃO DAS EPILEPSIAS

A classificação das Epilepsias síndromes epilépticas (quadro 2),proposta

pela ILAE (International League Against Epilepsy) divide as Epilepsias em

idiopáticas, sintomáticas e criptogênicas (Lopes-Cendes, 2000). Esta classificação

tem sido menos bem-sucedida e mais controvertida que a classificação dos tipos

de crises. Um problema básico é que o esquema de classificação é empírico, com

28
Revisão de Literatura

os dados clínicos e eletroencefalográficos sendo enfatizados mais que a

informação anatómica, patológica ou etiológica específica.

Quadro 2 - Classificação das Epilepsias e Síndromes Epilépticas


A. Epilepsias parciais

A.1 Idiopáticas
Epilepsia benigna da infância com pontas centro-temporais
Epilepsia da infância com paroxismos occipitais
Epilepsia primária da leitura

A.2 Sintomáticas
Epilepsias do lobo temporal
Epilepsias do lobo frontal
Epilepsias do lobo parietal
Epilepsia do lobo occipital
Epilepsia parcial continua crónica progressiva da infância
Síndromes caracterizadas por crises com modos específicos de precipitação

A 3 Criptogênicas

B. Epilepsias generalizadas

B.1 Idiopáticas
Convulsão familiar neonatal benigna
Convulsão neonatal benigna
Epilepsia mioclònica benigna do lactente
Epilepsia ausência da infância
Epilepsia ausência juvenil
Epilepsia mioclònica juvenil
Epilepsia com crises tônico-clônicas ao despertar
Outras Epilepsias idiopáticas generalizadas
Epilepsia com crises precipitadas por modos específicos de ativação

B.2 Sintomáticas
Encefalopatia mioclònica precoce
Doença de Lafora
Outras

B.3 Criptogênicas
Síndrome de West
Síndrome de Lennox-Gastaut
Epilepsia com crises mioclônico-astáticas
Epilepsia com ausências mioclônicas

O Epilepsias indeterminadas se parciais ou generalizadas

D. Síndromes especiais
Convulsões febris
Outras _
Adaptado de: Epilepsia 30: 389-399. 1989

29
Revisão de Literatura

2.1.7. FARMACOLOGIA

O tratamento médico da epilepsia deve ser, na medida do possível, uma

monoterapia, a escolha da droga repousa principalmente no tipo de epilepsia

(quadro 3). Qualquer que seja a droga escolhida, a vigilância na fase inicial do

tratamento, deve ser estreita para detectar manifestações de intolerância ou sinais

de super-dosagem.

A terapêutica anticonvulsivante é a pedra angular do tratamento, sendo

importante o controle das convulsões porque as convulsões repetidas podem

acarretar lesão e deterioração do intelecto (Gilroy e Holliday, 1985).

Quadro 3 - Drogas antiepilépticas (DAE's) e tipos de crise


' D/AÉ's_ Tipos decrises
CBZ Parciais e secundariamente generalizadas
ETX Ausências típicas e atípicas
DPH Parciais e generalizadas tônico-clônicas, status epilepticus
PB Parciais e generalizadas tônico-clônicas, clônicas, crises desencadeadas por febre, status
PRM epilepticus
VPA Parciais e generalizadas, crises desencadeadas por febre
VPA Primeiramente generalizada, crises desencadeadas por febre
VGB Primeiramente generalizada + ausências + mioclônicas, parciais
FBM Parciais, síndrome de West, esclerose tuberosa
OXC Parciais, generalizadas e síndrome de Lennox-Gastaut
DZP Parciais e secundariamente generalizadas
Status epilepticus, tratamento intermitente da CF, cluster de crises

CBZ=carbamazepina^ ETX=etossuximida; DPH=fenitoína; PB=fenobaraital; PRM=primidona,


VPA=valproato; VGB=vigabatnna; FBM=felbamato; OXC=oxcarbazepina; DZP=diazepam
Fonte: Elkis, 1998

Todas as DAE's apresentam efeitos indesejáveis em alguns pacientes

(quadro 4). Embora haja variação entre os indivíduos, muitos efeitos adversos são

leves e relacionados com a dose. Muitos são comuns a praticamente todas as

DAE's, em especial quando no início do tratamento. Estes incluem sedação,

30
Revisão de Literatura

obnubilação mental, deficiência de memória e concentração, alterações de humor,

perturbações gastrointestinais e tonteiras. Os outros efeito adversos são

relativamente específicos de determinados agentes.

Quadro 4 - Efeito adversos mais frequentes das drogas antiepilépticas (DAE's)

DAE's Efeitos_adversos mais frequentes


CBZ Sonolência, vertigem, ataxia, náusea, vómito, cefaléia, hyponatremia, hipocalcemia,
arritmia cardíaca
| PB Sonolência, distúrbios comportamentais, depressão, deficiência de folato, hipocalcemia,
osteomalacia neonatal
DPH Nistagmo, ataxia, visão borrada, fala pastosa, hipertrofia de gengivas, dismorfismo facial,
hirsutismo, anemia megaloblástica, osteomalacia, hipocalcemia, hirjpglicemia, hemorragia
ETX neonatal
BZD Náusea, vómito, anorexia, desconforto abdominal, cefaléia, leucopenia, soluço
VPA Sedação hipotonia, ataxia
Anorexia, dispepsia, náusea, vómitos, desconforto abdominal, alteração no peso, queda e
FBM mudança na cor do cabelo, hepatopatia (>risco: politerapia, dois primeiros anos de vida),
TPM pancreatite (rara)
LTG Anorexia, vómito, insónia, cefaléia, fadiga, labilidade emocional, anemia aplástica,
CZP hepatopatia
ACZ Ataxia, distúrbio de concentração, fadiga, parestesia, perda de peso, sedação, calculose
GBP renal
Tontura, cefaléia, diplopia, ataxia, náusea, sedação
PRM Sonolência, ataxia, distúrbios comportamentais, hipotonia, diplopia
Depressão na concentração de sódio e potássio, disfunção renal e hepática
Sonolência, tontura, ataxia, fadiga, nistagmo, alteração na coordenação, distúrbio do
humor e do pensamento
Distúrbios gástricos, sonolência,
CBZ=carbamazepína; ataxia, vertigens,
PB=fenobarbital; náusea
DPH=fenitoína; ETX=etossuximida;
BZD=benzodiazepínicos; VPA=valproato; FBM=felbamato; TPM=topiramato; LTG=lamotrigina;
CZP=clonazepam; ACZ=acetazolamida; GBP=gabapentina; PRM=primidona
Fonte: Elkis, 1998

2.2. QUALIDADE DE VIDA

Qualidade de vida (QV) refere-se a bem estar e é multidimensional. É um

conceito subjetivo, baseado na perspectiva do sujeito, como sente e funciona

(Souza, 1999). Este sujeito é a pessoa que melhor pode definir sua QV e relatar

sobre suas expectativas, satisfação e bem estar.

31
Revisão de Literatura

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), QV é a percepção do

indivíduo sobre sua posição na vida em relação aos seus objetivos e expectativas,

considerando o contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive

(Frayman et ai., 1998). Caiman (apud Souza, 2001) discute conceito de QV como

a diferença entre as experiências reais e as expectativas.

2.2.1. QUALIDADE DE VIDA EM EPILEPSIA

No passado, a epilepsia era vista como uma doença que sempre causava

incapacidade importante, era progressiva e estava frequentemente associada à

deficiência mental e/ou as anomalias genéticas. Essas ideias levaram vários

países a elaborarem leis que limitavam ou impediam pessoas com epilepsia de se

casarem e terem filhos; a maioria dessas leis só foram abolidas nos anos que

seguiram a II guerra mundial (Lopes-Cendes et ai., 2000).

Apenas os portadores de epilepsia percebem as limitações e restrições de

cada dia. Todas as crises tem um significado dependente da história de vida de

cada paciente, determinando assim padrões e respostas em relação à doença

(Salgado e Souza, 2001).

A epilepsia, então, afeta cada paciente diferentemente porque envolve

crenças, expectativas e percepções que são categorias intra-psíquicas individuais

(Souza, 2001).

O impacto na vida de dois pacientes com idênticos tipos de epilepsia e

resposta ao tratamento (i.e., frequência, severidade e efeitos adversos) pode

32
Revisão de Literatura

diferir, dependendo de como cada pessoa percebe as restrições ou perdas de

oportunidades no dia-a-dia (Souza, 2001).

Uma doença crónica afeta a vida do paciente em fatores emocionais, físicos

e sociais. Todos esses fatores contribuem para o ajustamento do paciente ao seu

distúrbio e a sua percepção do impacto na sua qualidade de vida (Jacoby et ai.,

1993). Esse impacto da epilepsia impõe desafios adaptativos através de algumas

situações psicológicas básicas e das reações emocionais decorrente (quadro 5).

Quadro 5 - Situações psicológicas básicas associadas à epilepsia e reações emocionais


decorrentes
Situações psicológicas Reações emocionais
• Risco Medo/ansiedade
• Imprevisibilidade Raiva
• Incapacitação Tristeza/depressão
• Restrições Vergonha
• Perdas Culpa
• Estigmatização
I
^Fonte: Marchetíi, 1998

A observação dos prejuízos orgânicos -funcionais associados à epilepsia

demonstra que o impacto da epilepsia ultrapassa a recorrência das crises, embora

que, muitos ainda considerem a epilepsia como condição exclusivamente física,

torna-se imperiosa a análise das inúmeras interferências psicossociais na QV dos

pacientes, pois esses fatores podem levar a consequências até mais graves que a

ocorrência de crises epilépticas, mesmo sabendo que o objetivo básico do

tratamento seja o seu controle, nem sempre isso garante uma melhora na QV.

33
Revisão de Literatura

Segundo Pupo (1971), o medo do próprio paciente em ter crises envolve

urna dupla ordem de consequências:

• Medo de, estando fora de si, acontecer algo ou fazer algo anormal;

• Medo de ser acidentado pela própria condição da crise, ou vergonha de se

expor em público com crise, ou ainda, de sofrer todas injunções sociais que o

acontecimento de ser ele um "epiléptico" lhe poderá acarretar, quer em relação

aos seus amigos e outras pessoas com quem prive, quer até na possibilidade

de perder emprego, romper um noivado, etc

Esse fato se torna mais evidente quando observamos as repercussões

sociais da epilepsia, uma boa parte das quais decorre de preconceitos que expõe

os pacientes a um grave processo de estigmatização, ao qual se acrescentam

restrições que podem levá-los a um nível intenso de incapacitação (quadro 6).

Quadro 6 - Desvantagens sociais comumente associadas à epilepsia e sua consequências

1 - Decorrentes de discriminação social real ou imaginária: "o estigma do epiléptico"

Desvantagens Consequências
• Dificuldade para fazer amigos e socializar-se • Habilidades sociais reduzidas
• Dificuldade para namorar, casar-se e formarj . Círculo social restrito,'TSolamento, solidão
família • Baixo nível de escolarização e
• Dificuldades conjugais e familiares profissionalização
• Redução de oportunidades educacionais e • Desemprego e subemprego
profissionais

2 - Decorrentes de restrições legais ou desinforme


desinformação

Desvantagens Consequências
• Risco de apresentar crises em situações • Restrição para certas atividades
perigosas ou socialmente embaraçosas profissionais
• Restrição para dirigir automóveis ou outros
veículos motorizados
• Restrição generalizada de atividades de
lazer __ ___
Fonte: Marchetti, 1998

34
Revisão de Literatura

Nos adolescentes, a imprevisibilidade se contrapõe à autonomia que

desejam, o estigma e o preconceito que levam ao isolamento também se

contrapõe ao desejo de se agruparem. Essas contradições podem acarretar

dificuldades de ajustamento, limitando cada vez mais as oportunidades de

crescimento pessoal. Daí serem observadas algumas atitudes tipicamente

desadaptativas que são frequentemente encontradas entre os pacientes

epilépticos e seus familiares (quadro 7). Muitas vezes é instalado um círculo

vicioso entre o comportamento dos pais e do filho epiléptico. Os pais, por medo do

que a epilepsia possa causar, agem com superproteção, permissividade, rejeição,

e baixa expectativa em relação a seus filhos. Por sua vez, estas reações

contribuem para problemas de ajustamento dos filhos. Tudo isso contribui para o

aumento do estresse familiar e a diminuição da QV (Fernandes e Souza, 2001).

Com relação ao desenvolvimento comportamental e emocional,

considerável número de informações mostra o aumento de problemas de

comportamento entre crianças com epilepsia, pois a epilepsia tem um impacto

maior na saúde mental e social do que na saúde física. Mesmo quando,

comparadas com população de crianças com outros problemas crónicos (Vickrey,

1993), como por exemplo, a asma (Austin et ai., 1994), problemas estes que

acabam sedimentando-se no adulto.

35
Revisão de Literatura

Quadro 7 - Atitudes/defesas comumente associadas a epilepsia que levam a desadaptação

Individuais Familiares
* Dependência/passividade • Superproteção
• Timidez/evitação • Condescendência
• Isolamento • Desqualificação/críticas
• Distorção da auto imagem (baixa auto- • Rejeição/estigmatização
estima, autopiedade)
• Desesperança/pessimismo
• Negação/desafio
• Revolta/ressentimento
• Atitudes paranoides
Fonte. Marchetti" 1998

Algumas ideias controlam os comportamentos dos pais. Ideias provenientes

de uma infinidade de fontes (vizinhos, parentes, amigos) cuja validade raramente

é checada com médicos e profissionais envolvidos no tratamento. Em um estudo

realizado por Fernandes e Souza (1999), muitos pais apresentaram crenças

irracionais relativas ao medo do filho "engolir a língua". De acordo com Ford et ai.

(1984), essa ideia é bastante comum e os pais costumam colocar canetas, dedos,

réguas na boca de seu filho epiléptico. Por isso, quando expõe para os

profissionais suas dúvidas e ansiedades, podem ser instruídos em como agir em

situações de crise, evitando assim estresse e tensão familiar.

Pesquisas analisando grupos de pacientes com epilepsia revelam alguns

problemas centrais (quadro 8). É importante ressaltar que sendo a epilepsia um

distúrbio muito heterogéneo, a frequência e a gravidade dos problemas relatados

pelos estudos dependem, fundamentalmente, da população selecionada.

36
Revisão de Literatura

Quadro 8 - Fatores que apresentam impacto negativo na QV de pessoas com epilepsia.


Domínio da Qualidade de vida _
Físico
• Frequência das crises
• Gravidade das crises
• Cansaço e falta de energia
• Distúrbios de sono
» Outros problemas com medicação
•• Traumatismo
• Comprometimentos devidos distúrbio neurológico associado
Psicológico
• Ansiedade e depressão
• Perda de auto-estima
» Redução da autoconfidência
• Comprometimento da concentração/cognição
• Comprometimento da memória
» Medo de crises/morte em crises
• Dificuldades sexuais e medo de crises durante o ato Sexual
Social e vocacional
• Desemprego e subemprego
• Limitação das atividades sociais
• Redução na incidência de casamento
• Perda das possibilidades educacionais (secundárias à doença)
» Dificuldades com carteira de hostilização de motorista e viagens
• Problemas de seguro
• Consequências financeiras do tratamento r desemprego
_• _ Limitações nas atividades de lazer
Fonte: 0'Donoghue e Sander, 1998

O conhecimento dos seus problemas sociopsicológicos é importante não

apenas para ajudá-los a atingir uma melhor QV, mas também porque esses

problemas estão entre os fatores de riscos para o desenvolvimento de transtornos

psiquiátricos. Nesse sentido, as tarefas básicas da ajuda psicológica aos

pacientes e seus familiares (Quadro 9) assumem a categoria de medidas de

prevenção contra o surgimento desses transtornos. Além do controle clínico, uma

das principais metas do tratamento é ajudar o paciente com epilepsia a levar uma

vida normal, o que só pode ser conseguido com o fornecimento de informações

precisas e orientações adequadas (Souza et ai., 2000).

37
Revisão de Literatura

Quadro 9 - Princípios gerais da abordagem psicológica de pacientes e familiares

! A - Ajudar na elaboração e aluar na prevenção de atitudes desadaptativas


• Identificar temas importantes e perceber dificuldades para reagir empaticamente e dar
orientação apropriada
• Permitir e estimular a expressão dos sentimentos construtivamente
• Ajudar paciente a "encontrar um sentido existencial" para a doença e o sofrimento
B - Combater o medo e a restrição
• Fornecer informação em diferentes áreas (doença e tratamento, casamento, herança e
concepção, emprego, condução de veículos motorizados e outros aspectos sociais.
• Combater restrição excessiva
!• Estimular o paciente a assumir potencialidades académicas, profissionais e sociais
|• Crianças devem ser incluídas em todas as atividades recreativas, com raras exceções
; • Estimular lazer construtivo, principalmente nos pacientes impossibilitados para o trabalho
C - Combater a baixa auto-estima e a desesperança
• Estimular atividades alternativas que promovam o orgulho pessoal e aumentem o sentimento
de capacidade
• Estimular atividades com grande chance de sucesso
j• Evitar comunicar maus prognósticos precocemente
• Estimular a esperança e o espírito de luta contra a doença __
Fonte: Marchetti, 1998

A qualidade de vida (QV) assume atualmente importância, porque, mesmo

que as crises sejam infreqùentes e breves, o efeito adverso das DAE's e as

consequências sociais e psicológicas das crises e da epilepsia são persistentes e

devastadoras.

Muitas vezes, alguns conceitos errados não são expostos pelos pais ou não

são identificados pelos médicos. O uso de um instrumento de avaliação da

qualidade de vida pode permitir essa identificação e com issofa possibilidade de

uma orientação adequada que saliente a importância do tratamento da epilepsia

tanto a nível médico, como a nível psicológico.

Assim, a importância do relato do paciente na avaliação de QV vem cada

vez mais consolidar a relevância do conceito da metodologia direcionada para o

entendimento dos efeitos psicológicos e sociais, além dos efeitos físicos da

epilepsia (Souza, 2001).

38
Revisão de Literatura

2.3. ATIVIDADE FÍSICA

A atividade física é definida como o aspecto do comportamento humano

que envolve ações da musculatura esquelética (movimento com um propósito) e

implica gasto de energia (Nahas e Corbin, 1992).

É uma área relevante de investigação pela sua relação inversa com as

doenças degenerativas, isto é, indivíduos ativos tendem a apresentar menor

mortalidade e morbidade por essas doenças, sendo assim, algumas instituições

como o Colégio Americano de Medicina Desportiva (Patê et ai., 1995) tem

enfatizado a importância da adoção de atividade física regular para melhoria dos

níveis de saúde individual e coletiva, especialmente para prevenção e reabilitação

da doença cardiovascular.

No Brasil, recentes resultados da pesquisa sobre padrão de vida (IBGE,

1998) mostram que 80,8% dos indivíduos investigados não praticam exercício

semanalmente. Com relação a crianças e adolescentes, poucos estudos foram

encontrados com estas amostras. Maitino (1997), estudando escolares de 10 a 17

anos de idade da periferia de Bauru, São Paulo, relatou que 42% dos investigados

eram classificados como sedentários valendo-se de seus resultados no teste de

corrida de 12 minutos (categorias muito fraca e fraca). Se bem que a

categorização do nível de atividade física por resultados em testes de aptidão

cárdio-respiratória traz limitações, pois a performance é influenciada pelo estágio

de maturação sexual, motivação, habilidade no teste e ainda pelas condições para

o teste.

39
Revisão de Literatura

Já Nahas et ai. (1995), em avaliação preliminar a um programa de atividade

física e saúde na escola, encontraram aproximadamente 10% de alunos

sedentários, usando o questionário de Patê.

2.3.1. ATIVIDADE FÍSICA E EPILEPSIA

Até há 25 anos os esportes eram proscritos aos epilépticos, pois a

epilepsia, como condição crónica, era considerada "uma doença, e uma doença

requer descanso" (Simmons, 1973).

Esta noção leiga, cientificamente infundada, esta presente ainda hoje,

inclusive entre os médicos, com o intuito de prevenir ferimentos e a precipitação

de novas crises.

Em 1968, a Associação Médica Americana (AMA) num artigo intitulado

"Desordens convulsivas e participação em esportes e educação física" declarou:

"...pessoas jovens com desordens convulsivas, uma vez que as crises epilépticas

estejam sob um controle razoável, devem ser encorajadas a conduzir ativamente

sua vida o mais normal possível". E neste mesmo artigo concluiu declarando: "... a

participação deve incluir qualquer esporte com exceção de boxe, futebol

americano, hóquei no gelo, futebol, rugbi, e outras atividade onde trauma

reincidente na cabeça possa acontecer.

De 1969 à 1973, evidências apresentadas pela literatura (Livingston, 1969;

Livingston e Berman, 1973) desafia a política do comité e em 1974, a posição da

AMA (AMA, 1974) foi revisada e pacientes com epilepsia razoavelmente

40
Revisão de Literatura

controlada foram liberados para práticas de esportes, exceto aqueles com trauma

repetido de crânio.

Em 1976 os pacientes epilépticos são surpreendidos, na revisão do livro

avaliação médica do atleta; um guia que foi preparado pelo comité da AMA nos

aspectos médicos de jogos esportivos, há uma declaração de que as pessoas com

uma "desordem convulsiva não completamente controrada através de

medicamento" seja automaticamente e sumariamente excluída de participação em

jogos esportivos de colisão (futebol americano, hóquei no gelo, rugbi), de contato

(beisebol, basquetebol, futebol, lutas), e até de não contato (natação, ténis,

voleibol). Ao mesmo tempo foram confundidos com sua recomendação de que os

pacientes epilépticos não completamente controlado através de medicamento são

permitido de ocupar atividades físicas como arco-e-flecha, arremesso do dardo,

tiro, entre outras (Livingston et ai., 1978).

Em 1983, a Academia Americana de Pediatria sugere que cada paciente

seja considerado individualmente e diz que "epilepsia per se não deve excluir a

criança de hóquei, futebol, beisebol e luta livre" (Cantu, 1998).

O debate continua, e os médicos assumem posições e condutas variadas,

mas as evidências apontam que a maioria dos pacientes com epilepsia se

beneficia do exercício regular. Há pequena evidência de que os esportes de

contato e colisão possam aumentar o risco de lesão em pessoas epilépticas.

Regras rígidas contra participação em jogos esportivos para pacientes

epilépticos podem resultar em dano muito mais severo que uma ou duas crises

epilépticas. Pois o tratamento moderno não só se preocupa com a prevenção de

41
Revisão de Literatura

crises, mas também e não menos importante, com a prevenção de deterioração

social (Livingston e Berman, 1973).

2.3.2. EFEITOS DA ATIVIDADE FÍSICA NA EPILEPSIA

"Exercícios físicos e mentais parecem ser antagonistas das crises e a

epilepsia prefere atacar quando o paciente está indefeso, dormindo, descansando

ou ocioso". Essa hipótese formulada por Lennox em 1941 parece ser verdadeira

para maioria dos pacientes (Cantu, 1998).

É possível que haja uma relação entre os efeitos benéficos conhecidos do

exercício físico regular e a influência positiva em suscetibilidade de crises

epilépticas. De acordo com Fenwick (apud Nakken, 1999), felicidade é um

anticonvulsivante muito poderoso.

Gotze em 1967, monitorou eletroencefalogramas (EEG) através de

telemetria em pacientes epilépticos, que faziam flexão geniculares, concluiu que o

exercício físico per se reduz a probabilidade de ataques epilépticos (Korczyn,

1979).

Para Nakken (1999), mudanças rápidas no nível de ativação cerebral

podem precipitar crises epilépticas. Mas, durante o exercício físico, o cérebro é

ativado uniformemente, em parte por um aumento no nível de atenção e vigilância

e em parte por um fluxo de impulsos aferentes de receptores proprioceptivos em

músculos e tendões. Há também um aumento no nível de l i-endorfinas no

cérebro, que Frenk (1983) bem mostrou que possuem propriedades

antiepilépticas.

42
Revisão de Literatura

Segundo Korczyn (1979), as alterações fisiológicas envolvidas em jogos

esportivos que podem conduzir a crises epilépticas são tensão emocional,

hiperventilação e elevação da temperatura do corpo.

Mas o exercício físico regular pode elevar o limiar de crises devido a

melhores respostas fisiológicas (Korczyn, 1979; Nakken, 1999), tanto que pessoas

bem treinadas parecem tolerar o estresse psicossocial melhor que as pessoas

com um estilo de vida sedentário.

Bjòrholt et ai. (1990), analisando 44 pacientes epilépticos (dos quais 12

tinham epilepsia generalizada e 32 parcial, com pelo menos uma crise mensal

durante o último ano), participando de 4 semanas de programa intensivo físico,

não encontraram crise durante a prática esportiva, exceto um paciente que sofreu

uma crise logo após o treinamento. Da mesma maneira, Nakken et ai. (1990), em

um estudo com 21 pacientes adultos não encontrou diferenças na frequência de

crises epilépticas durante o período aíivo e inativo.

Outra boa informação neste estudo realizado por Nakken et ai. (1990) e de

que há evidências que o exercício físico não altera a metabolização das DAE's,

pois as diferenças entre os níveis séricos das DAE's nos períodos pré e pós-

exercício e no período de exercício eram pequenos e estatisticamente

insignificante tanto nas monoterapias como nas politerapias.

Um fator aventado como desencadeante de crises é a hiperventilação. Há

dois tipos de hiperventilação: a de repouso e a de esforço.

A hiperventilação de repouso pode desencadear crises convulsivas por

induzir alcalose. O principal efeito da alcalose no corpo é a hiperexcitação do

43
Revisão de Literatura

sistema nervoso. Por exemplo, um aumento no pH arterial do normal de 7,4 até

cerca 7,8 costuma produzir convulsões cerebrais ao aumentar a excitabilidade dos

neurónios. Pode-se demonstrar isso muito bem fazendo com que uma pessoa

normalmente predisposta a crises epilépticas respire intensamente. A respiração

forçada aumenta apenas por um momento o pH do sangue, mas muitas vezes

esse curto intervalo ;e suficiente para desencadear uma crise convulsiva

epiléptica. Na verdade, esse é um dos métodos clínicos para avaliar o grau de

predisposição epiléptica de um indivíduo (Guyton, 1977).

Já a hiperventilação de esforço parece inibir as crises por conta da acidose

que aumenta os níveis de GABA (Castro et ai., 1999).

GABA é o ácido gama-aminobutírico, é produzido em altas concentrações

na substancia negra, striatum, globo pálido e núcleos subtalâmicos, onde age

como importante neurotransmissor inibitório.

As crises convulsivas relacionam-se com perturbações na liberação de

GABA e glutamato no circuito tálamo-cortical, levando a uma hiperexcitabilidade

das células neuronais - fato responsável pelas crises.

A maior parte das DAE's são gabanérgicas, sirva de exemplo o

"vigabetrim". Após a sua administração foi detectado um aumento de GABA

intracerebral no paciente. Isso deve-se ao fato de que a droga inibe uma enzima

irreversível chamada gaba-transaminase, que degrada o GABA (Guerreiro et ai.,

1998).

Esporte como o alpinismo causa hiperventilação hipocápnica, o que pode

desencadear crises. Isto ocorre porque o baixo conteúdo de oxigénio do ar

44
Revisão de Literatura

estimula a respiração, levando a perda excessiva de dióxido de carbono e

desenvolvendo uma alcalose respiratória leve. Colocando assim este esporte

entre os raros contra-indicados para pacientes com epilepsia.

45
Procedimentos Metodológicos
Procedimentos Metodolóaicos

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
A amostra deste estudo foi constituída por 32 pacientes portadores de

epilepsia sem nenhum outro tipo de comprometimento. Foram 20 do sexo

masculino e 12 do sexo feminino, todos moradores da região do grande Recife -

PE (quadro 10).

Os pacientes foram entrevistados em instituições públicas (Instituto Materno

Infantil de Pernambuco - IMIP e Hospital das Clinicas da Universidade Federal de

Pernambuco) e em clínicas neurológicas particulares.

Quadro 10 - número total de pacientes por sexos „_„.

Sexo Frequência Percentual


Masculino 20 62,5
Feminino 12 37,5
Total 32 100,0

Todos os pacientes eram adolescentes e a idade variou de 11 à 17 anos,

sendo a média de 14,66 com desvio padrão de ± 2,04.

A maior concentração de pacientes 8 (25%) estava na faixa etária de 16

anos e a menor 2 (6,3%) estava na faixa de 13 anos (quadro 11).

Quadro 11 - Distribuição dos pacientes estudados de acordo com o sexo e a faixa etária

Faixa Etária Masculino Feminino Total


11 3 0 3 (9,4%)
12 4 0 4(12,5%)
13 1 1 2 (6,3%)
14 3 2 5(15,6%)
15 2 1 3 (9,4%)
16 3 5 8 (25,0%)
17 4 3 7 (21,9%)
Total 20 12 32(100,0%)

47
Procedimentos Metodológicos

3.2. MATERIAL UTILIZADO

Nesse estudo foram utilizados dois tipos de questionários. Um para

verificação da qualidade de vida em pacientes adolescentes portadores de

epilepsia e outro para verificação das atividades físicas.

Para qualidade de vida foi utilizado o QOLIE-AD-48 (anexo II), questionário

desenvolvido por Cramer et ai. (1999), composta de oito categorias, a seguir:

impacto da epilepsia, memória/concentração, funcionamento físico, estigma,

suporte social, comportamento escolar, atitudes e percepção de saúde.

Para atividades físicas, o Questionário das Atividades Físicas Habituais -

QAFH (anexo II) e classificada de acordo com a pontuação (anexo ill),

questionário proposto por Patê e traduzido e adaptado por Nahas (1993) .

3.3. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS

A descrição das variáveis foi efetuada a partir das medidas descritivas

básicas: média, desvio padrão e limites mínimos e máximos (amplitude).

Para evidências de significado estatístico quanto a validação do

questionário de qualidade devida em pacientes adolescentes portadores de

epilepsia - QOLIE-AD-48, foi utilizado o teste de Wilcoxon.

Para a verificação de correlações existentes nas análises dos dados nós

utilizamos o teste de correlação de Spearman. Para a análise estatística foi

utilizado o programa SPSS para Windows.

48
Apresentação dos Resultados e Discussão
Apresentação dos Resultados e Discussão

4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. VALIDAÇÃO DO QOLIE-AD-48

Os dados descrevem o QOLIE-AD-48 como um instrumento inclusivo e

sensível para a taxa de qualidade de vida em adolescentes portadores de

epilepsia.

Nenhum dos adolescentes entrevistados demonstrou sentimentos negativos

sobre completar o questionário.

A aplicação do questionário de reteste foi após um espaço mínimo de duas

semanas e de um espaço máximo de 3 semanas.

Para a realização do reteste foram utilizados 13 pacientes escolhidos de

forma aleatória, com idade variando de 11 a 17 anos, com média de 14,38 e

desvio padrão de ± 2,14.

Não houve dificuldade de entendimento nas questões do QOLIE-AD-48, isto

fica evidenciado ao analisarmos as diferenças absolutas nas respostas (anexo ÍV)

onde apenas na questão 37, três dos pacientes (23,1%) mudaram suas respostas

em apenas um ponto na escala. Nove questões obtiveram índice de erro de 15,4%

o que corresponde a dois pacientes por questão e doze questões com índice de

erro de 7,7% (um paciente por questão). Em vinte e nove questões os pacientes

não diferiram entre o teste e o reteste (anexo IV)

Quanto aos resultados estatísticos, eles não sugerem nenhuma tendência à

variação, pois não se verificou diferença estatisticamente significativa entre as

questões no teste e reteste.

51
Apresentação dos Resultados e Discussão

4.2. ANÁLISE DESCRITIVA DA QUALIDADE DE VIDA

4.2.1. IMPACTO DA EPILEPSIA

O impacto da epilepsia não alterou a qualidade de vida de 34,4% dos

pacientes entrevistados. Todos os outros 65,6%, sofreram de alguma forma o

impacto da epilepsia (figura 1).

Na questão 7, quando lhes era perguntado com que frequência ele teve

problemas físicos ou emocionais que fizeram você fazer menos coisas que teria

gostado de fazer, 43,8% responderam que em algum momento já tinham sido

impedido de fazer essas coisas.

Na questão 48, 31,3% sentiu que a epilepsia o impediu de começar coisas

novas.

E na questão 35, 25,0% sentiu que os medicamentos ou a epilepsia

limitavam sua participação em jogos esportivos ou atividades físicas.

Figura 1 : Representação gráfica do


impacto da epilepsia (EPIJMP)
EPI IMP

EPIJMP

52
Apresentação dos Resultados e Discussão

4.2.2. MEMÓRIA/CONCENTRAÇÃO

Do total dos pacientes entrevistados, apenas 18,8% não tiveram problemas

quanto à memória/concentração. O restante, ou seja, 81,2% tiveram algum tipo de

dificuldade (figura 2).

Das questões relacionadas a este grupo, as dificuldades ficaram

evidenciadas peias respostas das questões 18, 19 e 21.

Na questão 18, 68,8% responderam que tinham dificuldades em se lembrar

de coisas que leu horas ou dias antes.


Na questão 19, 62,5% responderam que tinham dificuldades em achar a

palavra correta.

E na questão 21, 53,1% responderam que tinham dificuldades em entender

o que leu.

Figura 2: Representação gráfica da


memória/concentração
(MEM_CONC)
MEM CONC

MEM_CONC

53
Apresentação dos Resultados e Discussão

4.2.3. FUNCIONAMENTO FÍSICO

A epilepsia para 28,1% dos pacientes entrevistados, nunca limitou suas

funções físicas. Mas para os 71,9% restantes, de alguma forma sua saúde o

limitou das atividades físicas (figura 3).

E limita principalmente quando são atividades intensas, pois quando

perguntados se sua saúde o tinha limitado de atividade muito ativas (questão 3),

43,8% responderam que sim - em raras oportunidades, outros 9,4% responderam

que sim - as vezes, e outros 6,3% responderam que sim - com frequência,

perfazendo um total de 59,9%.

Já na questão 4, quando perguntados sobre as atividades moderadas como

caminhadas educativas, andar de bicicleta, etc., apenas 10 pacientes se sentiram

limitados, sendo que 9 (28,1%) raramente e 1 (3,1%) as vezes.

Figura 3: Representação gráfica do


funcionamento físico
(FUNC_FIS)
FUNC FIS

Std Dev = '.3,07


Mean = 90,3
N = 32,00
it ° «0.0 50,0 60,0 70,0 80,0 90.0 100,0

FUNC_FIS

54
Apresentação dos Resultados e Discussão

4.2.4. ESTIGMA

O estigma não foi causa de baixa qualidade de vida segundo nossa

amostra, pois sentir-se estigmatizado é sentir-se inferior e isto não ficou visível

nesse nosso estudo. Esta situação pode ter sido influenciada pelo processo

metodológico do trabalho (estudo transversal) (figura 4).

Figura 4: Representação gráfica do


estigma
ESTIGMA
40 1

20

10
o
cz
Oi
cr

ESTIGMA

4.2.5. SUPORTE SOCIAL

Nesse estudo, 28,1% dos pacientes entrevistados responderam que

recebem apoio dos outros (inclusive família e amigos) com muita frequência,

enquanto que os 71,9% restantes responderam que só as vezes ou com certa

frequência é que recebem este apoio (figura 5).

É importante ressaltar que segundo a literatura o epiléptico é uma pessoa

de poucos amigos, mas que nesse estudo nenhum (0%) paciente entrevistado

respondeu que nunca ou que raramente recebem apoio nas questões de suporte

social.

55
Apresentação dos Resultados e Discussão

Figura 5: Representação gráfica do


suporte social (SUP_SOC)
SUP soe

Stcl Dcv = U<.G'.;


Mean = B2.2
N = 32,00
•^Cfi 60,0 70^0 B0,0 90*0 100,0

SUP_SOC

4.2.6. COMPORTAMENTO ESCOLAR

No grupo de questões relacionadas a este item, 50% dos pacientes

entrevistados estavam 100% bem de comportamento escolar, enquanto que os

outros 50% apresentavam alguma dificuldade figura 6).

Todos os 32 pacientes não tinham problemas dentro da escola (com

professores ou outros funcionários) e nem fora dela (com a polícia, motorista de

ônibus, etc.)

Mas , ao serem perguntados se tinham faltado a escola sem motivo, 15,6%

responderam que sim - raramente.

E ao serem perguntados se já tinham usado a epilepsia ou os efeitos

colaterais dos medicamentos como desculpa para evitar de fazer algo que não

queria fazer 6,3% responderam que sim - as vezes, e 31,3% responderam que

sim - raramente. Respostas essas que não deveriam fazer parte de sua realidade.

56
Apresentação dos Resultados e Discussão

Figura 6: Representação gráfica do


comportamento escolar
(COMP_ESC)
COMP ESC

COMP ESC

4.2.7. ATITUDES

No grupo de questões relacionadas as atitudes com respeito a epilepsia, só

um paciente atingiu os 100 pontos máximos a serem obtidos para uma boa

qualidade de vida.

50% deles conseguiram atingir apenas a metade dos pontoe 46,9% ficaram

mais abaixo ainda (figura 7).

Isso mostra que suas atitudes influencia bastante em sua qualidade de vida.

Figura 7: Representação gráfica das


atitudes (ATITUD)
ATITUD

Std Dev= 15,20


Mean = 42,4
N = 32,00
20,0 40,0 60,0 S0,0 100,0

ATITUD

57
Apresentação dos Resultados e Discussão

4.2.8. PE RCE PÇÃO DE SAÚDE

A percepção de saúde dos pacientes entrevistados bem que podia ter sido

melhor (figura 8). Apesar de não apresentarem efeitos colaterais visíveis, como

por exemplo, aumento das gengivas, queda de cabelo, etc. 25% responderam que

se sentiam ruim com os efeito colaterais; 12,5% deles disseram que atualmente

sua saúde estava regular e 28,1% responderam que comparando com um ano

atrás sua saúde estava a mesma coisa.

Figura 8: Representação gráfica da


percepção de saúde
(PERC_SAU)
PERC_SAU

fill SM Dev- 8,3?


Mean * 53,8
liiiilii N « 32,00
40,0 50,0 60,0 70,0

4.3. ANÁLISE DE SCRITIVA DA ATIVIDADE FÍSICA

O questionário de atividades físicas habituais (QAFH) é dividido em duas

partes: uma que se refere as atividades ocupacionais diárias e uma outra que se

refere as atividades de lazer.

58
Apresentação dos Resultados e Discussão

O que ficou evidenciado após a aplicação deste questionário aos

adolescentes portadores de epilepsia é que a maioria deles necessitam de uma

atividade física regular (figura 9), pois dos 32 pacientes entrevistados apenas

18,8% atingiram a pontuação que os tornam ativos. Do restante, 56,3% são

considerados moderadamente ativos e 25% são considerados inativos.

Figura 9: Representação gráfica dos


valores de aptidão física

aptidão física

4.4. ANÁLISE DE CORRELAÇÃO

Os resultados da análise de correlação estão apresentados no anexo V.

4.4.1. IMPACTO DA EPILEPSIA X IDADE

Foi observado nesse nosso estudo que, quanto menor a idade maior era o

impacto da epilepsia ( r= 0,494; p=0,004).

Segundo Boshes e Gibbs (1976), com o aumento da idade a epilepsia

tende a diminuir ou a se transformar na forma característica do grupo etário.

59
Apresentação dos Resultados e Discussão

Um estudo realizado por Borges et ai. (2000), mostrou que quando

considerada a faixa etária, eram os mais jovens que mais sofriam com o impacto

da epilepsia.

Pois, a epilepsia é uma doença crónica que ocorre principalmente durante a

infância e a adolescência. Muitas das dificuldades do adulto epiléptico

desenvolvem-se a partir deste início recente (Souza, 1999).

4.4.2. IMPACTO DA EPILEPSIA X FREQUÊNCIA (número de meses sem ter

crises)

Ao correlacionar-mos o impacto da epilepsia com a frequência (número de

meses sem ter crises), observamos que o impacto diminuía a medida que

aumentava o número de meses sem ter crises ( r= 0,500; p= 0,004).

Contudo, apenas a ausência de crises não é suficiente para garantir melhor

qualidade de vida. Aspectos psico-sócio-culturais podem 1er tanto impacto quanto

as crises epilépticas (Frayman et ai., 1999).

Pois, como foi observado por Mitchell et ai. (1994), um bom controle das

crises não é garantia de tranquilidade.

4.4.3. IMPACTO DA EPILEPSIA X MEMÓRIA/CONCENTRAÇÃO

Neste estudo, foi possível a identificação de comportamentos alterados à

nível académico. Quanto maior o impacto da epilepsia sobre o paciente pior era o

nível de memória/concentração. A maioria dos pacientes apresentaram queixas de

memória apesar de estarem na escolaridade adequada, o que mostra que estas

60
Apresentação dos Resultados e Discussão

alterações não estão relacionadas com algum déficit intelectual ( r- 0,731;

p=0,000).

Segundo estudo realizado por Fernandes e Souza (2001), 47,22% dos pais

entrevistados, responderam que têm medo de que seus filhos não acompanhem a

escola por causa da epilepsia.

Em outros estudos, Thompson e Trimble (1982) e Trimble (1990),

compararam pacientes epilépticos com normais e demonstraram deficiências em

muitas áreas do funcionamento cognitivo do primeiro grupo, incluindo redução na

atenção, lentidão mental e dificuldade de memória.

4.4.4. IMPACTO DA EPILEPSIA X FUNCIONAMENTO FÍSICO

Ao sentirem alto impacto da epilepsia alguns pacientes entrevistados

tinham baixo funcionamento físico ( r= 0,720; p= 0,000) .

Infelizmente a prática esportiva não é possível para todos os pacientes com

epilepsia, sendo 20% deles sofrem crises severas e frequentes com

comprometimento neurológico grave que os impede de participar de qualquer

atividade esportiva; 20% são seriamente prejudicados pelas crises, com

problemas mentais e neurológicos associados que limitam a prática esportiva, a

qual se torna possível sob orientação de instrutores especializados e uso de

aparelhos adaptadores; 60% tem doença estável, com crises raras e tratamento

bem adaptado, e os problemas neurológicos e mentais são mínimos ou

inexistentes (Haenggeli, 1988).

61
Apresentação dos Resultados e Discussão

Nesse nosso estudo, trabalhamos com esse terceiro grupo, seguindo uma

das recomendações da Liga Internacional Contra a Epilepsia que diz que a criança

deve ser autorizada a participar de todos os esportes e atividades

extracurriculares da escola. Atividade física regular não precipita crises (ILAE,

1997).

Vários pais, cheios de conceitos erróneos muitas vezes precisam de

permissões médicas para o encorajamento de seus filhos à atividade física.

4.4.5. IMPACTO DA EPILEPSIA X COMPORTAMENTO ESCOLAR

O alto impacto da epilepsia associado a um mau comportamento escolar,

observado nesse estudo, muitas vezes ocorre devido as relações familiares ( r =

0,493; p=0,004).

Quando a epilepsia acontece na infância, a presença de uma criança

epiléptica altera as relações familiares. Os pais a superprotegem em detrimento de

outros filhos que competem pela atenção parental engajando-se em

comportamentos inadequados (Ferrari, 1989).

A qualidade da interação entre pais e filhos é responsável pelos problemas

de comportamento e pelas competências do adolescente em casa e na escola.

Esses jovens epilépticos tem alta prevalência de comportamento alterado (Austin,

1989) e dificuldades de aprendizagem (Seidenberg et ai., 1986).

62
Apresentação dos Resultados e Discussão

4.4.6. IMPACTO DA EPILEPSIA X ATITUDES

Nesta correlação, observamos que o alto impacto causado pela epilepsia

leva a alguns pacientes a não terem boas atitudes quanto a epilepsia ( r= 0,758;

p= 0,000).

A falta de entendimento sobre o que é a epilepsia traz dificuldades de

ajustamento psicológico comportamental, escolar e social.

No diagnóstico fornecido pelo médico, muitas vezes o termo epilepsia não é

usado e a falta de informações adequadas dadas ao paciente leva a crendices,

temores, suspeitas e erros de interpretação a respeito do assunto (Souza et ai.,

2000).

4.4.7. IMPACTO DA EPILEPSIA X PERCEPÇÃO DE SAÚDE

Neste correlação, ficou claro que quanto maior o impacto da epilepsia pior é

a percepção de saúde ( r= 0,579; p= 0,001).

Como indivíduo se percebe é muito importante. Assim, as avaliações

afetivo-cognitivas do sujeito são importantes fatores que controlam a maneira de

como ele sente o impacto da doença em dia-a-dia.

Nesse sentido a percepção de controle de crises é mais importante do que

as variáveis da doença (tipo de crise, frequência, duração, etc.) na avaliação da

qualidade de vida (Baker et ai., 1998; Smith et ai., 1991).

A percepção do controle de crises sofre influências dos mecanismos de

auto-avaliação e explica os resultados encontrados nesse estudo pois o

63
Apresentação dos Resultados e Discussão

desenvolvimento de uma doença crónica modifica a maneira como o indivíduo se

percebe.

4.4.8. MEMÓRIA/CONCENTRAÇÃO X FREQUÊNCIA (n° de meses sem ter

crises)

Nosso estudo mostrou que quanto mais crises pior era o nível de

memória/concentração ( r= 0,543; p= 0,001).

Sabe-se que a frequência da epilepsia é alta na idade escolar e muitos dos

pacientes acometidos acabam não se saindo bem na escola e nesse nosso estudo

todos os pacientes entrevistados estavam frequentando a escola.

O não saber lidar com a epilepsia pode gerar baixas expectativas nos pais e

professores (Souza et ai., 2000).

4.4.9. MEMÓRIA/CONCENTRAÇÃO X FUNCIONAMENTO FÍSICO

Nesse estudo os pacientes que apresentaram baixo poder de

memória/concentração também tinham baixo funcionamento físico ( r= 0,713; p=

0,000).

Esta correlação pode ter sido induzida por efeitos colaterais indesejáveis

das DAE's (Trimble, 1990), deixando os pacientes um pouco sonolentos,

desatentos, etc., afetando assim o seu funcionamento físico.

64
Apresentação dos Resultados e Discussão

4.4.10. MEMÓRIA/CONCENTRAÇÃO X SUPORTE SOCIAL

Os pacientes entrevistados nesse estudo que apresentaram baixo poder de

memória/concentração tiveram correlação com o baixo suporte social ( r= 0,406;

p= 0,021).

A rejeição dos professores é forte determinante de baixo rendimento

escolar.

O grau de controle das crises e a natureza da medicação utilizada devem

ser considerados (Dodson, 1988; Farwell et ai., 1990).

4.4.11. MEMÓRIA/CONCENTRAÇÃO X COMPORTAMENTO ESCOLAR

Observamos nesse estudo a associação entre baixa memória/concentração

e um mau comportamento escolar ( r= 0,678; p= 0,000).

O médico deve estar ciente dos possíveis efeitos colaterais apresentados

pelos medicamentos, evitando o uso de medicações que apresentem grande

toxicidade (Reynolds, 1983), pode ser uma das causas para baixa

memória/concentração.

O uso do fenobarbital, em crianças, por exemplo, deve ser considerado com

precaução, pois há efeitos colaterais indesejáveis tanto em comportamento quanto

em cognição (Farwell et ai., 1990).

4.4.12. MEMÓRIA/CONCENTRAÇÃO X ATITUDES

O fato de não se sentirem bem quanto ao aspecto cognitivo pode ter

influenciado negativamente em suas atitudes ( r= 0,643; p= 0,000).

65
Apresentação dos Resultados e Discussão

4.4.13. MEMÓRIA/CONCENTRAÇÃO X PERCEPÇÃO DE SAÚDE

Aqui nesta correlação, os pacientes que apresentaram baixo poder de

memória/concentração também tiveram baixa percepção de saúde ( r= 0,430; p=

0,014).

O impacto de alterações cognitivas é comumente influenciado pelo grau do

déficit.

A epilepsia normalmente não afeta a inteligência. As dificuldades de

aprendizado podem ocorrer por crises frequentes e prolongadas ou por efeitos

colaterais dos medicamentos, como fadiga, sonolência e diminuição da atenção

Muitas vezes é prerrogativa colocar o paciente em escola especializada,

pois assim, diminuiriam-se os problemas evitando que o estudo se transforme em

tormento.

4.4.14. FUNCIONAMENTO FÍSICO X COMPORTAMENTO ESCOLAR

Observamos a associação de um baixo funcionamento físico com um

comportamento escolar não tão exemplar ( r= 0,564; p= 0,001).

Infelizmente muitos pais e professores limitam desnecessariamente as

atividades esportivas de pacientes epilépticos, por medo que possa ocorrer

alguma lesão. De modo geral, ter epilepsia não implica em diminuição da

habilidade para prática de esportes, e não existe evidencias de que a fadiga física

possa aumentar a frequência de crises epilépticas.

66
Apresentação dos Resultados e Discussão

4.4.15. FUNCIONAMENTO FÍSICO X ATITUDES

Um baixo funcionamento físico também esteve associada a um baixo nível

de atitudes ( r= 0,544; p= 0,001).

Em princípio, o epiléptico deve levar uma vida tão normal quanto possível,

não se deve podar a liberdade de seus movimentos com vedações ou medidas

rígidas quanto ao seu comportamento. Todavia, há exceções a esta regra que

merecem consideração se quiser estabelecer base ideal para o tratamento

antiepiléptico e evitar que as crises exponham o paciente a riscos desnecessários

(Matthes, 1976).

4.4.16. SUPORTE SOCIAL X FREQUÊNCIA (n° de meses sem ter crises)

Os pacientes que reclamaram do seu suporte social faziam pouco tempo da

ocorrência da sua última crise ( r= 0,481; p= 0,005).

De uma forma ou de outra, a epilepsia com crises epilépticas frequentes é

condição que interfere direto e negativamente na qualidade devida dos pacientes,

dificultando-lhes principalmente a integração social (Cramer et ai., 1996; Kellet et

ai., 1997).

Segundo Thompson e Upton (1994), as crianças são tratadas com

superproteção, permissividade ou dependência; os pais as tratam como doentes e

acreditam que qualquer atividade que as deixem nervosas ou irritadas pode

precipitar uma crise.

67
Apresentação dos Resultados e Discussão

4.4.17. SUPORTE SOCIAL X ATITUDES

Os pacientes desse estudo que não apresentaram um bom suporte social

também não tinham boas atitudes ( r= 0.392; p= 0,026).

Em um estudo realizado por Souza et ai. (1998), os pais relatam que seus

filhos depois que começaram a ter crises e tomar medicamentos, apresentaram

mais comportamentos negativos, tornaram-se mais irritados (38,9%), nervosos

(33,3%), impacientes (27,8%) e agitados (27,8%) (obs: alguns pais associaram

mais de um comportamento).

Mas, segundo Austin (1988), recursos familiares adaptativos como

comunicação, domínio, suporte social e bem-estar financeiro estão associados a

uma boa adaptabilidade social nos epilépticos.

4.4.18. COMPORTAMENTO ESCOLAR X ATITUDES

Aqui nossos pacientes estavam correlacionados por não terem um bom

comportamento escolar associado a atitudes não tão boas ( r= 0,421; p= 0,016).

Reações negativas dos pais contribuem para problemas de ajustamento

(Austin, 1989), tornando as crianças medrosas, inseguras, dependentes, imaturas,

hostis e manipuladoras (Seidenberg et ai., 1986).

Estes pacientes não tendo controle sobre as crises, sentem que podem

ganhá-lo no ambiente familiar. Nesse sentido elas tonem-se manipuladoras na

relação com a família e a escola.

68
Apresentação dos Resultados e Discussão

4.4.19. COMPORTAMENTO ESCOLAR X PERCEPÇÃO DE SAÚDE

Nesse estudo, os pacientes que tinham bom comportamento escolar

possuiam boa percepção de saúde ( r= 0,356; p= 0,045).

Uma boa percepção de saúde é muito importante pois não existindo outras

deficiências não existe razão para se esperar que o paciente tenha baixo

rendimento. Só crises graves e frequentes é que podem levar a criança a faltar à

escola, e consequentemente, pode baixar seu rendimento.

Nesses casos, segundo Voelle e Rothemberg (1973), parece haver maior

risco de aparecimento de dificuldades académicas em meninos.

4.4.20. ATITUDES X IDADE

Nesse nosso estudo, as piores atitudes estava relacionada aos mais jovens

( r= 0,489; p= 0,004).

Frequentemente, a epilepsia começa na infância e as crianças aprendem

rapidamente que há alguma coisa errada com elas. Essa aprendizagem acontece

como função das explicações dos pais e seus comportamentos (Guerreiro et ai.,

1994).

Os pais agem como estigmatizadores treinando seus- filhos a sentirem

apreensão a respeito da epilepsia.

4.4.21. ATITUDE X FREQUÊNCIA (número de meses sem ter crises)

Ficou constatado nesse nosso estudo que as atitudes pioravam a medida

que diminuíam os meses sem ter crises ( r= 0,572; p= 0,001).

69
Apresentação dos Resultados e Discussão

A maneira como julgamos uma situação está relacionada à interpretação e

às expectativas que temos dela, o que depende da história de vida do indivíduo e

das estratégias que este utiliza para ajustar-se à sua condição de saúde (Salgado

e Souza, 2001).

4.4.22. ATITUDE X PERCEPÇÃO DE SAÚDE

Aqui foi observado que os pacientes que não tinham boas atitudes eram os

que não tinham boas percepções de saúde ( r= 0,622; p= 0,000).

Austin e Fraser (1993) e Henriksen (1988) reconhecem que alterações na

dinâmica familiar são frequentes e condicionam no jovem paciente epiléptico

comportamentos de dependência, insegurança, medo e adoção do papel de

doente.

Instala-se muitas vezes um círculo vicioso entre o comportamento dos pais

e criança que mantém a inadequação.

Na adolescência, principalmente, as crises costumam ser desencadeadas

pelo uso de drogas e álcool, que interferem no mecanismo das drogas

antiepilepticas, bem como por privação de sono após festas prolongadas.

Entretanto, deve ficar claro que a pior conduta em relação ao adolescente com

epilepsia é a conduta da proibição sistemática (não pode isso, não pode aquilo,

não pode aquilo outro).

70
Apresentação dos Resultados e Discussão

4.4.23. ATIVIDADE FÍSICA X PERCEPÇÃO DE SAÚDE

A correlação da atividade física com as variáveis de qualidade de vida não

mostrou resultados significativos, com exceção do cruzamento com percepção de

saúde ( r= 0,546; p= 0,001).

A baixa percepção de saúde estava relacionada com a pouca atividade

física por eles realizada.

A inexistência de correlação entre a atividade física e os outros fatores pode

ter sido influenciado pelo fato de que 81,3% dos pacientes entrevistados estarem

classificados como inativo ou moderadamente ativo, não estando engajado em

nenhuma atividade física regular. A falta de informações adequadas podem levar

os pacientes a relacionar a atividade física com riscos de lesões, crença muito

adotada entre os próprios médicos.

7I
Conclusões
Conclusões

5. CONCLUSÕES

Tendo em vista as limitações inerentes a um estudo transversal e aos

procedimentos metodológicos, acreditamos ser pertinentes destacar :

tf Quanto ao impacto da epilepsia, a nossa amostra mostrou que por menor que

ele seja, ele interfere na vida de um adolescente portador de epilepsia.

tf Quanto a memória/concentração, houve muitas queixas quanto a lembrar

coisas que leu e a achar a palavra certa, isto pode estar associado a efeitos

colaterais indesejáveis de certas DAE's.

tf Quanto ao funcionamento físico, falta um melhor esclarecimento por parte dos

médicos quanto a participação dos adolescentes epilépticos em atividades

mais intensas. Pois não existem evidências de que a fadiga física possa

aumentar a frequência de crises epilépticas, sabendo-se claro, que deve ser

evitada qualquer atividade que envolva riscos desnecessários.

tf Quanto ao estigma, nossa amostra felizmente manifestou um aumento positivo

deste valor. Como a literatura coloca o estigma de uma forma muita negativa

na vida do epiléptico se faz necessário um estudo longitudinal para melhor

precisão dos dados.

tf Quanto ao suporte social, os adolescentes epilépticos deste estudo,

demonstraram a importante necessidade deste apoio, sem que seja necessária

a superproteção e a superindulgência.

73
Conclusões

<=> Quanto ao comportamento escolar, os meninos tenderam a ter um pior

comportamento, enquanto que as meninas apresentaram certa estabilidade

quanto à disciplina escolar.

■> Quanto as atitudes, nossa amostra mostrou que eles necessitam de maiores

informações sobre o que é epilepsia, pois a falta de entendimento e de

informações adequadas traz dificuldades que junto de algumas reações

negativas dos pais contribuem para problemas de ajustamento.

o Quanto a percepção de saúde, nenhum paciente de nossa amostra se sentiu

completamente bem, a percepção de saúde foi muito influenciada de forma

negativa pelo impacto da epilepsia, pela baixa memória/concentração e pelas

atitudes.

^> Quanto a atividade física, apenas a percepção de saúde está relacionada com

este parâmetro. Nossa amostra mostrou que os adolescentes epilépticos

necessitam de uma atividade física regular elaborada. As atividades realizadas

pela grande maioria (81,3%) eram de caráter lúdico, recreacional, sendo

poucos os pacientes que frequentavam academias e/ou atividade física de

forma regular.

74
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82
Anexo 1
FEITORIA DA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO .UNIVERSIDADE
DE PERNAMBUCO

PROJETO: A EPILEPSIA E A QUALIDADE DE VIDA: ESTUDO» DA ATWIDADE


FÍSICA RELACIONADA A SAÚDE EM ADOLESCENTES
PORTADORES DE EPILEPSIA, DE AMBOS OS SEXOS, NA REGIÃO
DO GRANDE RECIFE

UNIDADE: Escola Superior de Educação Física


AUTOR(ES): Hamilton Luiz Sena Lima

PARECER
N° E052/01

Aprovado.

Recife, 01 de Outubro de 2001.

\/f Prof. Aronita Rosenblatt


Presidente do Comité de Ética da UPE

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE


Av. Agamenon Magalhães. s'n - Santo Amaro - Recife - Pb
CEP 50100-010 - Fone:(81) 421.3111 - Fax:(81) 224.4523
C.N.P.J. 11.022.597'0001-91
Anexo !!
Anexo II: Questionários

Qualidade de Vida Para Adolescentes Com Epilepsia (QOLIE-AD-48)


e
Atividades Físicas Habituais (QAFH)

Nome:

Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )

Idade: anos Data de nascimento: / /

Endereço:

Bairro: CEP: Telefone:

Data da última crise: / /

Nome do(a) Médico(a):


QOLIE-AD-48 questionário (versão 1.0)

COMO A EPILEPSIA AFETA MINHA VIDA


Um questionário para pessoas jovens que tem epilepsia

Instruções:
Esta é uma pesquisa em duas partes. A primeira parte, pergunta por sua saúde em
geral. A Segunda parte, pergunta sobre os efeitos de sua epilepsia e dos medicamentos
antiepilepticos. Responda todas as perguntas circulando o número apropriado (1,2,3,4,5).
Se você não está seguro como responder a pergunta, por favor dê a melhor resposta que
você puder.

Parte 1 : SAÚDE GERAL

1. Em geral você diria que sua saúde é:

Ótima Boa Regular Ruim Péssima


5 4 3 2 1
2. Comparando com 1 ano atrás, como você diria que é sua saúde em geral, agora?

Muito melhor Melhor Mesma coisa Pior Mui1;o pior


5 4 3 2 1

As perguntas seguintes são sobre atividades que você poderia fazer num dia típico.
Nós queremos que você responda o quanto sua saúde o limitou nestas atividades.

Nas últimas 4 semanas, com que frequência sua saúde o limitou:

Muito Frequente As Raramente Nunca


frequente vezes
3. Atividades pesadas, como correr, 1 2 3 4 5
participar de jogos esportivos muito
ativo (como ginásticas, etc.)?
4. Atividades moderadas 1 2 3 4 5
(caminhadas educativas, andar de
bicicleta, etc.)?
5. Atividades leves (levar pacotes 1 2 3 4 5
ou a bolsa escolar cheia de livros)?
6. Outras atividades diárias (como 1 2 3 4 5
tomar banho de chuveiro sozinho,
indo e vindo da escola sozinho)?
As perguntas seguintes são sobre suas atividades diárias regulares, como tarefas em
casa, frequentar a escola, estar com os amigos e familiares, etc. Nós queremos saber se
você teve quaisquer das dificuldades seguintes com suas atividades regulares como
resultado de qualquer problema físico (como doença) ou problemas emocionais (como
sentir-se triste ou nervoso)?

Nas últimas 4 semanas, com que frequência você teve problemas físicos ou emocionais que
fizeram você:

Muito frequente As Raramente Nunca


frequente Vezes ^__
7. Fazer menos coisas que você 1
teria gostado de fazer?
8. Limitar o tipo de trabalho
escolar, tarefas, esportes ou outras
atividades que você fazia?
9. Ter dificuldade em executar o 1 2
trabalho escolar, tarefas, esportes,
ou outras atividades que você fazia
(por ex:, que pediu esforço extra)?

Nas últimas 4 semanas, com que frequência:

Muito Frequente As Raramente Nunca


frequente vezes
10. Você faltou a escola sem 1 2 3 4 5
motivo?
11. Você esteve com problemas 1 2 3 4 5
dentro da escola (com professores
ou outros funcionários)?
12. Você esteve com problemas 1 2 3 4 5
fora da escola (com polícia,
niulonsta de ôrrrbus, etc.)?

Estas perguntas são sobre como você se SENTE e como as coisas tem sido para
você durante as últimas 4 semanas. Para cada pergunta, por favor indique a resposta mais
próxima a do jeito que você tem se sentido.

Nas últimas 4 semanas, com que frequência você:

Todo o A maioria Algum Um pouco Nenhum


tempo do tempo tempo do tempo tempo
13. Teve dificuldade de se
concentrar em uma atividade?
14. Teve dificuldade em se
concentrar em 1er9
As perguntas seguintes são sobre atividades mentais e problemas de linguagem que
podem interferir com seu trabalho escolar normal ou atividades viventes.

Nas últimas 4 semanas, com que frequência você:

Todo o A maioria Algum Um pouco Nenhum


tempo do tempo tempo do tempo tempo
15. Teve dificuldade de
pensamento?
16. Teve dificuldade de entender e
resolver problemas (como fazer
planos, aprender coisas novas, etc)?
17. Teve problemas com projetos
complicados que requerem
organização ou planejamento
(como jogos de computador ou
deveres de casa difíceis)?
18. Teve dificuldade em se lembrar
de coisas que você leu horas ou dias
antes?
19. Teve dificuldade em achar a
palavra correta?
2Q. Teve dificuldade em entender
seus professores?
21. Teve dificuldade em entender o
que você leu?

As perguntas seguintes, perguntam pelo apoio que você obtém dos outros (inclusive
a família e amigos).

Nas últimas 4 semanas, com que frequência você:

Muito Frequente As Raramente Nunca


frequente vezes
22. Teve alguém disponível para
ajudá-lo quando você precisou e
quis ajuda?
23. Teve alguém que você poderia
confiar ou poderia falar sobre
coisas que estavam o aborrecendo?
24. Teve alguém que você poderia
falar quando você estava confuso e
precisou esclarecer as coisas?
25. Teve alguém que o aceitou
como você era, com seus pontos
4jons« ruins?
Parte 2: EFEITOS DA EPILEPSIA E MEDICAMENTOS ANTIEP1LEPT1COS

As perguntas seguintes, perguntam aproximadamente coma sua epilepsia ou


medicamentos (drogas antiepilépticas) afetou sua vida nas últimas 4 semanas.

Nas últimas 4 semanas, com quefrequência,você:

Muito Frequente As Raramente Nunca


frequente vezes
26. Sentiu que os medicamentos ou a 1
epilepsia limitaram suas atividades
sociais (como passear com os amigos,
fazer atividades extracurriculares)
comparando com atividades soqais de
outros de sua idade?
27. Sentiu-se só e isolou-se de outros
por causa de sua epilepsia/ataques
epilépticos?
28. Perdeu aulas por causa das crises
ou medicamentos?
29. Usou a epilepsia ou os efeitos
colaterais do medicamento como uma
desculpa para evitar fazeraigo que
você realmente não quiría fazer?
30. Sentiu-se envergonhado ou
"diferente" porque teve de levar
medicamentos?

Nas últimas 4 semanas, com que frequência você:

Muito Frequente As Raramente Nunca


frequente vezes
31. Sentiu que os medicamentos ou a
epilepsia limitam seu desempenho
escolar?
32. Sentiu que você teve limitações
por causa de seus ataques epilépticos?
33. Sentiu que os medicamentos ou a
epilepsia limitam sua independência?
34r Sentiu que os medicamentos ou a 4
epilepsia limitam sua vida social ou
amorosa?
35. Sentiu que os medicamentos ou a
epilepsia limitam sua participação em
jogos esportivos ouatividades físicas?
A pergunta seguinte, pergunta por possíveis efeitos colaterais de drogas
antiepilépticas.

Nas últimas 4 semanas, como você se sente:

Muito Ruim Normal Bom Muito


ruim bom
36. Como você se encarou (efeitos 1 2 3 4 5
colaterais, como ganhar peso,
acne/espinhasT queda de cabelo,
etc.)?

Nas últimas 4 semanas, por quantos você foi aborrecido:

Muitos Alguns Não Um Nenhum


muitos pouco
37. Limites fixados por pais/família por 1 2 3 4 5
causa de sua epilepsia ou medicamentos

A seguir são algumas opiniões de pessoas com epilepsia sobre elas mesmas. Para
cada declaração, circule a resposta que chega mais perto do jeito que você se sentiu sobre
você mesmo nas últimas 4 semanas.

Concordo Concordo Discordo Discordo


fortemente fortemente
38. Eu me considero menos perfeito 1 2 3 4
porque tenho epilepsia
39. Se eu me escrever para um trabalho, e 1 2 3 4
outra pessoa também que não tenha
epilepsia, o empregador deverá contratar
a outra pessoa
40. Eu posso entender por que algumas 1 2 - 3 4
pessoas não querem sair comigo porque
eu tenho epilepsia
41. Eu não culpo as pessoas por terem 1 2 3 4
medo de mim porque eu tenho epilepsia
42. Eu não culpo as pessoas de levar 1 2. 3 4
minhas opiniões menos a sério do que se
«u não tivesse epilepsia
43. Eu sinto que minha epilepsia me 1 2 3 4
deixa mentalmente instável
As perguntas seguintes, perguntam por suas atitudes com respeito a epilepsia.
Circule um número para com que frequência nas últimas 4 semanas você teve estas atitudes

Muito Um pouco Normal Um pouco Muito


ruim ruim bom bom
44. Como bom ou ruim tem sido para 1 2
você ter-epilepsia?

Muito Um pouco Normal Um pouco Muito


injusto injusto justo justo
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45. Como tem sido justo para você
que tem epilepsia?

Muito Um pouco Normal Um pouco Muito


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triste tWctP
triste feliz feliz
46. Tem sido feliz ou triste para você 1
ter epilepsia?

Muito Um pouco Normal Um pouco Muito


ruim ruim
ruim bom bom
47. Como bom ou ruim você tem se 1 2
sentido por ter epilepsia

Muito Frequente As Raramente Nunca


frequente
eniiente vezes
48. Com que frequência você sente
que sua epilepsia o impediu de
começar coisas novas?

Itens opcionais:

Nas últimas 4 semanas, com que frequência você:

Muito Frequente As Raramente Nunca


-equente
frequente vezes
Preocupou-se sobre ter outros
ataques epilépticos
Teve medo de morrer por causa de
ataques epilépticos
ataques epilépticos
Preocupou-se sobre se ferir durante
um ataque epiléptico
Questionário de Atividades Físicas Habituais (QAFH)

ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL

Você é fisicamente ativo?


Para cada questão respondida Sim, marque o número indicado de pontos. A soma de pontos
indicará quão ativo(a) fisicamente você é.

ATIVIDADES OCUPACIONAIS DIÁRIAS

1. Eu geralmente vou e volto do trabalho (ou escola) caminhando ou de 1 ponto


bicicleta (pelo menos 800 metros cada percurso).
2. Eu geralmente uso as escadas ao invés do elevador. 1 ponto
3. Minhas atividades físicas podem ser descritas como:
a) Passo a maior parte do tempo sentado(a) e, quando muito, caminho de um 0 ponto
lugar para outro (próximos).
b) Na maior parte do dia realizo atividades moderadas, como caminhar 4 pontos
rápido, executar tarefas que requerem movimentação.
c) Diariamente executo atividades físicas intensas por várias horas (trabalho 9 pontos
pesado, esportes, etc.).

ATIVIDADES DE LAZER

4. Meu lazer inclui algumas horas por semana de atividades físicas leves 1 ponto
(passeio de bicicleta, caminhada em ritmo lento, etc.).
5. Ao menos uma vez por semana participo de algum tipo de dança (moderada) 1 ponto
por uma hora ou mais.
6. Jogo ténis, voleibol, futebol ou outro esporte de caráter recreacional:
a) uma vez por semana 2 pontos
b) duas vezes por semana 4 pontos
c) três vezes por semana 7 pontos
7. Quando me sinto sob tensão, costumo fazer algum tipo de exercício para 1 ponto
relaxar. —
8. Duas ou mais vezes por semana faço ginástica (tipo flexões, abdominais, 3 pontos
exercícios para braços, etc.) durante pelo menos, iO minutos.
9. Participo de sessões de ioga ou faço exercício de alongamento muscular 2 pontos
regularmente.
10. Duas ou mais vezes por semana, participo de sessão de musculação. 4 pontos
11. Participo de atividades aeróbicas vigorosas (correr, pedalar, nadar, remar)
durante 20 minutos ou mais:
a) uma vez por semana 3 pontos
b) duas vezes por semana 5 pontos
c) três vezes por semana 10 pontos

TOTAL DE PONTOS [ ]
Anexo l!l
Anexo III: Classificação da atividade física de acordo com a pontuação (soma de
todos os pontos do Questionário das Atividades Físicas Habituais - QAFH.

0 a 5 pontos = INATIVO. É preciso melhorar. Estes níveis baixos de

atividade levam à progressiva diminuição da aptidão física

e maiores riscos de certas doenças.

6 a 11 pontos = MODERADAMENTE ATIVO. Estes níveis de atividade

física não são suficientes para desenvolver ou manter um

bom nível de aptidão física

12 a 20 pontos = ATIVO. Estes níveis de atividade são suficientes para

manter as atuais condições ou melhorar gradativamente a

aptidão física. Esta pode ser considerada a faixa ideal para

a maioria das pessoas.

21 pontos ou mais = MUITO ATIVO. Estes níveis de atividade propiciam altos

níveis de aptidão física, mas nem todas as pessoas podem

mantê-los.
Anexo IV
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Anexo V
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