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TEMA: NEGOCIAÇÃO PARTE 1

É PRECISO DOMINAR ALGUNS CONCEITOS ANTES DE SE RELACIONAR

Como visto anteriormente, grande parte das relações dentro do BDSM


baseiam-se em dinâmicas hierárquicas e são vivenciadas por meio de
práticas que envolvem, paradoxalmente, diversos níveis de amplitude e
especificidade.

É bastante frequente observar que alguns iniciantes desejam ter ou


pertencer a alguém antes de compreender as bases de funcionamento do
BDSM.

Antes de negociar com um partner, é necessário que saibamos com clareza


sobre bases de segurança, tipos de relacionamento e fluxo de poder, limites,
safeword, etc...

Para iniciarmos os estudos visando à construção da temática NEGOCIAÇÃO,


propomos hoje a reflexão sobre as BASES DE SEGURANÇA CONSENSUAIS
mais utilizadas no meio.

Ao buscar referencial, nos deparamos com um texto excelente e


compartilhamos um trecho. O artigo poderá ser lido na íntegra acessado o
link apresentado abaixo do título:

BASES E PRINCÍPIOS DO BDSM


https://domsanchezdaddy.medium.com/bases-e-princ%C3%ADpios-do-bdsm-
d966576d4c11 <Acesso dia 01/02/2024>

SSC, RACK, PRICK são siglas que, se você ainda não ouviu, vai ouvir no meio da
comunidade fetichista. São siglas que norteiam os princípios de
Consensualidade e Segurança das práticas fetichistas dentro de uma sessão
BDSM.

Essas bases servem como um axioma que define um norte para manter os
participantes conscientes dos riscos e seguros no que se diz respeito as
práticas, além disso, são úteis para diferenciar o Sadomasoquismo fetichista do
patológico assim como diferenciar uma relação de Dominação e Submissão de
abuso, por exemplo.

Existe bastante discussão sobre as bases do BDSM e cada vez mais aparecem
novos axiomas para definir como serão realizadas as práticas. No final deste
texto, vou convidar você a uma reflexão sobre como realizar seus fetiches de
forma ética.
SSC ou SSCF — São Seguro e Consensual
A primeira e mais conhecida base do BDSM é o SSC — São Seguro e
Consensual que surgiu em 1987 na marcha para a Marcha de Washington pelos
Direitos dos Gays e Lésbicas pelo Contingente S/M. Vale a pena conferir o texto
do Mestre Sadic sobre a história do SSC neste link.

 “Seguro” significa que o risco das atividades deve ser compreendido por
todos os participantes e eliminado ou reduzido tanto quanto possível.

 “São” refere-se à necessidade de abordar as atividades em um estado


de espírito sensato e realista, e com uma compreensão da diferença
entre fantasia e realidade.

 “Consensual” significa que todos os participantes consentiram


livremente com a atividade e estavam dispostos a fazê-lo.

Essa base foi adotada amplamente pela comunidade fetichista, mesmo que o
próprio criador do SSC, por david stein (em minúsculas), escravo de Sir Brian F
tenha feito algumas críticas ao uso do SSC, mas isso é assunto pra outro texto.
Em alguns sites, em especial na Alemanha, é comum ver referencias ao SSC
como SSCF onde o F significa “Fun” ou diversão.

RACK — RISK AWARE CONSENSUAL KINK


Tara Consensual com Consciência dos Riscos

Certa vez, numa lista de e-mails, alguns praticantes de BDSM estavam


discutindo se SSC era realmente uma boa maneira de definir uma base para as
práticas BDSM, então Gary Switch propôs, em tom de ironia, um novo acrônimo
: Risk Aware Consensual Kink. Você pode ler a história toda aqui, ou o original
no Fetlife do autor.

Voltando a definição, Risk Aware Consensual Kink ou Tara Consensual com


Consciência dos Riscos

Depois do SSC, o RACK é a filosofia mais utilizada no meio BDSM. Essa base
surgiu do seguinte questionamento: “Alguma prática é realmente segura?”.

Mesmo as práticas mais seguras como o sexo baunilha, podem trazer


consequências pra vida toda : De uma gravidez indesejada, uma lesão na
coluna ou até um ataque cardíaco, a mais careta das relações sexuais pode
trazer consequências, portanto não é 100% segura.

Geralmente quem defende o uso de “RACK” como base, também defende que
uma variedade maior de práticas que não seriam considerados SSC, mas se
encaixam na RACK e enfatiza o fato de que poucas atividades de BDSM são
realmente livres de risco.

 “Risk-aware” ou ciente dos riscos significa que os participantes estão


cientes do que pode acontecer durante uma sessão: seja uma marca
roxa, seja a entrada no subspace seguido por um subdrop (se você não
sabe o que é isso, procure no perfil, pois falei desses estados!) ou até
um possível acidente.

 “Consensual”, significa que todos os participantes consentiram


livremente com a atividade e estavam dispostos a fazê-lo.

 “Kink”- por sua vez, significa algo que pode ser traduzido como “prática
sexual alternativa”, mas também pode significar “tara”, “fetiche”,
“perversão” e muitas vezes é utilizado como uma forma pejorativa de se
referir às pessoas que gostam de práticas diferentes. (é como a palavra
hentai pros japoneses ou tarado para os brasileiros)

PRICK Personal Responsibility, Informed Consensual Kink


Tara com Consentimento Informado e Responsabilidade Pessoal

O conceito PRICK evoluiu do RACK. É um termo relativamente novo que


começou a ganhar popularidade por volta de 2009. PRICK foi desenvolvido
depois que os críticos de RACK reclamaram que a filosofia não enfatizava que
os indivíduos tinham a responsabilidade pessoal de aceitar ou rejeitar o
comportamento de risco em que se engajaram e viver com as consequências
de suas escolhas. Este elemento é enfatizado por PRICK.

Na prática, a base PRICK coloca sob a responsabilidade do bottom o fato de


estar numa sessão enquanto tira a responsabilidade do TOP por uma possível
lesão.

Os críticos do PRICK sugerem que, embora soe bem no papel, é impossível


estar realmente informado sobre práticas novas que você queira realizar. Uma
pessoa pode dizer o que está afim de realizar tal atividade, mas sua resposta
emocional não pode ser avaliada até que a sessão inicie.. Isso torna difícil
aceitar realmente a responsabilidade pessoal na situação onde você se meteu.

Na prática é como os termos de uso do Instagram: você finge que aceita e


depois fica reclamando que as fotos estão sendo excluídas.

 Personal Responsibility, Informed Significa que você foi informado dos


riscos e que deseja continuar
 “Consensual”, significa que todos os participantes consentiram
livremente com a atividade e estavam dispostos a fazê-lo.

 “Kink”- por sua vez, significa algo que pode ser traduzido como “prática
sexual alternativa”, mas também pode significar “tara”, “fetiche”,
“perversão” e muitas vezes é utilizado como uma forma pejorativa de se
referir às pessoas que gostam de práticas diferentes. (é como a palavra
hentai pros japoneses ou tarado para os brasileiros).

4c — Caring, Communication, Consent, and Caution


Essa nova estrutura de negociação foi proposta por 3 PHD de universidades
públicas dos EUA e publicada no Electronic Journal of Human Sexuality,
Volume 17, 5 de julho de 2014 e traduzida por mim aqui no blog(só queria ver a
cara de quem fica enchendo o saco por causa de pesquisas sobre sexualidade
no Brasil, ao ver essas pesquisas).

OS 4 C, significam : Cuidado, Comunicação, Consentimento e Cautela. Segundo


o artigo, esses 4 C formam um conjunto de referências para as práticas BDSM
pois a base CCCC vai além do SSC e RACK ao reconhecer diversas formas de
se expressar e relacionar, além disso fornece uma estrutura de negociação
importante e promove uma certa flexibilidade para os praticantes de BDSM.

E ainda há um bônus: Por trazer conceitos como cuidado, comunicação e


consentimento, esta base combate as percepções erradas de que o BDSM pode
ser algo violento, abusivo ou patológico.

 “Consensual”, significa que todos os participantes consentiram


livremente com a atividade e estavam dispostos a fazê-lo.

 “Comunicação”, significa que todos os participantes precisam ter uma


comunicação ativa durante o relacionamento BDSM. Segundo o artigo, os
limites de cada um podem variar durante a vida.

 “Cuidado”, significa que os participantes devem ter cuidar uns dos outros
e enfatiza a necessidade de aftercare.

 “Cautela”, significa que os participantes devem tomar cuidado para não


causar danos além do esperado.
Desta forma, te convido a refletir e compartilhar com o grupo:

1) Quais as bases de segurança que precedem suas negociações?


Justifique.

No caso de nunca ter negociado, quais as bases de segurança


fazem mais sentido parqa você? Justifique.

2) Comente um pouco sobre o que você compreendeu do SSC e


exemplifique situações que podem afetar

3) Quais os motivos que podem levar os praticantes utilizarem


RACK E PRICK?

4) Já tinha estudado sobre os 4C? É uma base de segurança viável?


Justifique?

5) O que fazer quando as preferências pelas bases de segurança


são divergentes no momento da negociação?

6) A base de segurança deve ser acordada em verticalidade ou


horizontalidade?

7) Negociações devem ser feitas apenas para D/s? Quais seriam as


outras possibilidades de relação de jogo? Avulsas precisam
alinhar bases de segurança?

Com carinho,

01/02/2024

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