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CURSO DE DRENAGEM

LINFÁTICA MANUAL
MÉTODO Dr. VODDER

Propriedade Intelectual: Deva Nandi (saudeterapiacorporal@gmail.com)


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DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL - DLM

HISTÓRIA DA DLM

A redução e absorção de edemas “inchaços” já era uma


preocupação antiga de médicos e pacientes. No início, utilizavam de
bandagens, conhecida como terapia de compressão, que a criação é atribuída
a Alexander Von Winiwater, em 1892, o qual apregoava que uma massagem
na região edemaciada era necessário, pois esse procedimento era capaz de
“esmagar os infiltrados duros e distribuí-los mecanicamente para melhorar sua
reabsorção”. Com isso, compreendemos que essa manipulação descrita por
Winiwater compara-se à drenagem linfática manual que é conhecida nos dias
de hoje.

Em 1932 pouco se sabia sobre o sistema linfático. Nessa época


havia um receio muito grande por parte do corpo médico no que dizia respeito
ao linfedema. Achavam que se tocassem na região que estava “inchada”,
poderiam espalhar a “doença” para outras regiões germes e outras substâncias
que poderiam prejudicar ainda mais a saúde do paciente.

Mas em 1936, o Dr. Emil Vodder, médico dinamarquês, e sua


esposa, Estrid Vodder, apresentaram em Paris o método para a regeneração
do sistema linfático e dos tecidos da pele, através da palpação de área
edemaciadas, tratando com muito sucesso esses casos e fazendo nascer,
naquele momento, o que a ciência hoje aceita e defende como DLM.

Atualmente a técnica faz parte de tratamentos médicos e


tratamentos estéticos, bem como pré e pós cirurgias, onde é de extrema
importância sua aplicabilidade como auxiliar de diversos procedimentos,
evitando uma série de complicações na saúde e na estética.

SISTEMA LINFÁTICO

Além dos vasos sanguíneos, somos munidos de um sistema paralelo


de vasos muito finos, chamados vasos linfáticos.

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Figura 1 – Formação do líquido


intersticial

Fonte – Fluído intersticial

Originam-se em quase todos os espaços teciduais com vasos


pequeninos, chamados de Capilares Linfáticos, os quais absorvem o excesso
de líquido intersticial e os conduzem na forma de Linfa aos vasos maiores,
chamados Coletores Linfáticos, para que sejam drenados para a circulação
sanguínea, na junções entre as veias Jugulares e Subclávias.
O líquido intersticial, ou fluído intersticial, é composto por
aminoácidos, açúcares, ácidos graxos, coenzimas, neurotransmissores, sais,
produtos residuais das células e também por hormônios, e é produzido através
do plasma, pela filtração através das membranas dos capilares sanguíneos.

A principal função dos vasos linfáticos é de permitir o retorno das


proteínas à circulação, quando extravasam dos capilares sanguíneos, não
havendo nenhuma outra forma em que seria possível essa proteína retornar à
circulação, se não for pelo sistema linfático, através dos capilares linfáticos.

Uma segunda função desse sistema é o escoamento da linfa, que é


um líquido viscoso, parecido com o plasma sanguíneo.

A DLM é uma técnica de auxílio do funcionamento do sistema


linfático corporal em que favorece a drenagem da linfa, reduzindo o excesso de


Figura 1: Disponível em: http://www.infoescola.com/anatomia-humana/fluido-intersticial/.
Acesso em maio. 2017.

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líquido intersticial, o qual é composto por resíduos metabólicos, fragmentos de


células, e outras substâncias.

As manobras devem ser feitas com movimentos lentos e leves, para


acompanhar o fluxo da linfa dentro dos vasos linfáticos, e sempre sendo
conduzidos em direção aos gânglios linfáticos (CASSAR, 2001).

A drenagem linfática manual tem sua indicação como parte


integrante do tratamento de grande quantidade de transtornos, sendo validada
cientificamente nos edemas de origem linfática (FERRANDEZ; THEYX.
BOUCHET, 2001).

Os dois fatores que determinam a taxa de escoamento da linfa ao


longo dos vasos linfáticos são:

• Pressão que o volume do líquido intersticial exerce;

• Bombeamento linfático;

Sempre que a pressão do líquido intersticial se eleva acima do


normal, isso ocorre quando o volume do líquido intersticial se torna muito
grande, o líquido escoa para dentro dos vasos linfáticos, através dos pequenos
capilares da circulação branca.

O outro fator que afeta o escoamento da linfa é o bombeamento, que


é um mecanismo dos vasos linfáticos que bombeia a linfa ao longo deles.

Uma vez que o líquido do interstício é absorvido pelos capilares,


passa a ser chamado de Linfa e são logo conduzidos aos vasos linfáticos de
maior calibre, os quais possuem válvulas com orientação à direção central, de
forma que a linfa só possa fluir em direção ao ponto em que os vasos linfáticos
drenam para a circulação e nunca para trás, ou seja, não há como retornar
para o meio intersticial. A contração impulsiona a linfa para a próxima válvula
linfática, e a linfa, então, distende aquele novo seguimento, fazendo-o contrair-
se.

Ao resultado da expansão do líquido extracelular do organismo dá-


se o nome de edema (inchaço), o qual é um sinal à uma variedade de
moléstias e pode ser generalizado ou localizado em uma área ou órgão em
particular.

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CUIDADOS IMPORTANTES

Os principais cuidados que se deve ter durante a drenagem linfática


são:

• Pressão das mãos;


• Velocidade;
• Drenagem no sentido dos gânglios linfáticos;
• Contra Indicações.

CONTRA INDICAÇÕES

Dentro das contra indicações das manobras da drenagem linfática


corporal podemos citar:

• Edema de origem cardíaca ou renal (absoluta);


• Insuficiência renal (absoluta);
• Hipertiroidismo descompensado;
• Insuficiência cardíaca congestiva descompensada (absoluta);
• Asma brônquica (relativa);
• Neoplasias (suspeita ou ainda sem tratamento);
• Tuberculose;
• Dermatites de contato;
• Doença infecto-contagiosa;
• Flebite;
• Inflamações crônicas (relativa);
• Inflamações agudas (absoluta)
• Hipotensão arterial;
• Hipertensão arterial descompensada;
• Diabetes descompensada;
• Trombose venosa profunda (TVP) (absoluta);
• Febre;
• Gestante até o terceiro mês de gravidez.

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INDICAÇÕES

É recomendável indicar a DLM nos seguintes casos terapêuticos:

• Edema tecidual;

• Circulação sanguínea de retorno comprometido;

• Musculatura tensa;

• Sistema nervoso abalado.

Para tratamentos estéticos, a DLM é recomenda para os seguintes


casos:

• Tratamento de acne;

• Tratamento da couperose (rosácea);

• Tratamento de rejuvenescimento;

• Tratamento de pré e pós-operatório;

• Lipodistrofia Ginóide.

As manobras dessa técnica trabalham na direção do fluxo linfático e


com ênfase especial sobre regiões de aglomerados de linfonodos. As pressões
rétmicas sobre estes gânglios estimulam as contrações rítmicas da sua
musculatura lisa, acelerando a passagem da linfa e influencia a maturação dos
linfócitos nos linfonodos.

FIBRO EDEMA GELÓIDE (CELULITE)

Muito indicada para tratar Fibro Edema Gelóide (FEG), também


conhecida popularmente como “celulite”, tem vários outros nomes, como
lipodistrofia ginóide (LDG); hidrolipodistrofia; distrofia celular; lipoesclerose e
paniculopatia edemato-fibro-esclerótica, é uma desordem metabólica regional,
cuja incidência é maior nas mulheres, agregado ou não à obesidade ginóide.

CLASSIFICAÇÃO DO FEG

Clinicamente são classificadas de grau I a IV, da seguinte forma:

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GRAU I: somente é percebido pela contração muscular. Neste estágio já existe


acúmulo de líquido no espaço intersticial;

GRAU II: As depressões são visíveis à inspeção independente da contração


muscular. Além do acúmulo de líquido, a eliminação de toxinas se encontra
prejudicada, normalmente as células adiposas começam a aumentar seu
tamanho;

GRAU III: Presença de nódulos à palpação e peso nas pernas. Além de


apresentar alterações mencionadas no grau II (mais intensas), as fibras
elásticas se rompem e as fibras de colágeno enrijecem, a região fica cada vez
mais fragilizada, sendo facilmente atacada pelos radicais livres;

GRAU IV: Presença de dor e alteração da temperatura à palpação. As fibras de


colágeno e elastina se agrupam, formando fibrose e cicatrizes internas que
juntos com os nódulos de gordura, estrangulam os vasos sanguíneos e
prejudicam a fluidez do sangue.

Figura 2 – Graus de EFG

Fonte – Tipos de EFG

Quanto à forma, são classificadas em:


Figura 2: Disponível em: http://www.dicasdouro.com/2013/09/receitas-caseira-para-acabar-com.html.
Acesso maio. 2017.
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• Dura: aspecto “grão de chumbo”;

• Flácida: deformação da região atingida;

• Edematosa: aspecto “casca de laranja”;

• Mista: contém as formas mencionadas anteriormente.

Para que haja um trabalho eficiente, o ambiente deve ser calmo,


eventualmente com fundo musical suave e de tom baixo, a iluminação discreta,
e tanto cliente quanto o profissional devem permanecer em silêncio durante as
manobras técnicas. O cliente deve estar em posição cômoda e temperatura
agradável, com a pele limpa e sem produto.

O profissional também deve encontrar-se em uma posição cômoda,


que lhe permita trabalhar com calma e concentrar sua atenção sobre o estado
do tecido e sobre as reações gerais do seu cliente.

Após o término da DLM, recomenda-se que o cliente permaneça


deitado ou recostado por aproximadamente 10 minutos. Pode-se aproveita
esse tempo para aplicar uma máscara ou produto sobre a pele.

Principais linfonodos a serem evacuados com movimento circular de


5 a 7 vezes:

Diafragma (7 X);

Infraclavicular (4 X);

Supraclavicular (4 X);

Axilar (4 X);

Cubital (4 X);

Cisterna do quilo (4 X);

Inguinal (4 X);

Poplíteo (4 X);

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SEQUÊNCIA

D.D.

MMSS

1) Deve-se captar a linfa da região do braço tanto na face


anterior quanto na posterior, de proximal à distal, com
momentos em espiral de 4 X cada porção.

2) Realizar bombeamento em toda extensão do braço (4


X).

3) Realizar deslizamento em bracelete em toda extensão


do braço (4 X).

4) Deve-se captar a linfa da região do antebraço tanto na


face anterior quanto na posterior, de proximal à distal,
com movimentos em espiral de 4 X cada porção.

5) Realizar bombeamento em toda extensão do braço (4


X).

6) Realizar deslizamento em bracelete em toda extensão


do braço (4 X).

7) Com os polegares em espiral, captar a linfa da palma


da mão do paciente, de proximal para distal, em
direção ao punho. Fazer o mesmo no dorso da mão,
finalizando com pinçamento em todos os dedos (4 X).

8) Deslizar com bracelete a porção do braço em direção às axilas, repetir no


braço em direção à fossa cubital, e na mão até o punho (1 X).

9) Finalizar os MMSS com bracelete “gigante” do punho até a região axilar,


com pressão e descompressão (1 X).

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ADBOME

a) Dividir em quadrantes a partir


da cicatriz umbilical em superior
e inferior.

b) Dividir o quadrante superior em


3 faixas (proximal, medial e
distal).

c) Dividir o quadrante inferior em 2


faixas (medial e lateral).

10) Iniciar a captação em espiral da linfa pelas laterais, de proximal para distal,
em relação às axilas (4 X).

11) Realizar a captação da linfa nas 3 faixas do quadrante superior, iniciando a


partir da linha Alba e finalizando nas axilas (4 X).

12) Bombeamento nos segmentos em direção às axilas (4 X).

13) Captação em espiral da linfa primeiramente em medial e depois em lateral,


encaminhando para os linfonodos inguinais (4 X).

14) Bombeamento nas duas áreas, medial e lateral, em direção aos gânglios
inguinais (4 X).

MMII

a) Dividir a coxa em 3 faixas (proximal, medial e distal).

b) Dividir a perna em 2 faixas (proximal e distal)

15) Captar a linfa em espiral pela parte medial da coxa (músculo


vasto lateral), simultaneamente, com a outra mão, na parte
lateral da coxa (músculo vasto lateral), posteriormente captar a
linfa da porção anterior da coxa (músculo reto femoral), sempre
de proximal para distal, em direção aos linfonodos inguinais
(4X).

16) Realizar Bombeamento pela parte medial da coxa (músculo vasto lateral),
simultaneamente, com a outra mão, na parte lateral da coxa (músculo
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vasto lateral), posteriormente bombear na porção anterior da coxa


(músculo reto femoral), sempre de proximal para distal, em direção aos
linfonodos inguinais (4X).

17) Bracelete com pressão e descompressão em todo seguimento da coxa, de


distal para proximal (4 X).

18) Captar a linfa em cada quadrante da perna, de proximal para distal (4 X).

19) Bombeamento de proximal para distal (4 X).

20) Bracelete em toda a perna de distal para proximal, conduzindo para os


gânglios linfáticos da fossa poplítea (4 X).

21) Captar linfa dos pés com espiral, de proximal para distal,
primeiramente na parte dorsal e posteriormente na plantar
(4 X).

22) Bombeamento em todos os dedos (4 X).

23) Finalizar o MI com bracelete gigante, fazendo pressão e descompressão,


do pé e encerrando na região inguinal, onde a linfa drenada deverá ser
direcionada (1 X).

D. V.

Região de glúteo

a) Dividir o glúteo em duas partes, sendo


2/3 para lateral e 1/3 para medial.

24) Captar a linfa da região em espiral de


proximal para distal, ou seja, primeiramente
no quadrante menor e depois no quadrante
maior (4 X). Obs.: a linfa do primeiro
quadrante deve ser levada à região inguinal

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pelo centro da coxa. A linfa do segundo quadrante deve ser direcionada


para a região dos culotes, logo abaixo do trocanter maior.

25) Efetuar bombeamento com as mãos sobrepostas no primeiro quadrante,


em direção à região inguinal, pelo centro da coxa. Após, com as mãos
postas paralelamente uma da outra, realizar bombeamento no quadrante
lateral em direção ao trocanter maior (4 X).

MMII

a) Dividir a coxa em 3 partes (proximal, medial e distal).

b) Dividir a perna em 3 partes (proximal, medial e distal).

Coxa

26) Fazer captação em espiral de proximal para


distal, conduzindo a linfa até a região inguinal (4
X).

Obs.: Ao chegar na prega glútea, abrir as mãos,


conduzindo a linfa pela lateral e centro de coxa.

27) Fazer bombeamento de proximal para distal (4 X).

28) Bracelete em toda a coxa, de distal para proximal


(4 X).

Perna

29) Realizar captação em espiral de proximal para distal, conduzindo a linfa até
os gânglios poplíteos (4 X).

30) Bombeamento no primeiro quadrante, depois no segundo e,


posteriormente, no terceiro quadrante (4 X).

31) Bracelete de distal para proximal, até a fossa poplítea (4 X).

32) Finalizar o MI com um bracelete com movimento de pressão e


descompressão, do tornozelo e encerrando na região inguinal.
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Costas

a) Dividir as costas em quadrante


superior e inferior, na altura da L3.

b) Dividir o quadrante inferior em 2


faixas.

c) Dividir o quadrante superior em 3


faixas em “V”.

33) Captar em espiral a linfa primeiramente na primeira faixa e posteriormente


na segunda, em direção aos linfonodos inguinais (4 X).

34) Efetuar bombeamento seguindo a mesma ordem das faixas acima (4 X).

35) Na faixa que vai de L3 ao ângulo inferior escapular, captar em espiral a


linfa de medial para lateral, conduzindo para os gânglios linfáticos axilares
(4 X).

36) Fazer bombeamento na mesma faixa, direcionando para os mesmos


gânglios (4 X).

37) Efetuar captação em espiral da linfa em cima da região escapular, em


direção às axilas (4 X).

38) Realizar bombeamento no mesmo segmento (4 X).

39) Captar em espiral a linfa na região intra escapular, ou seja, entre a


escápula e as vértebras torácicas, até os gânglios linfáticos supra
claviculares (4 X).

40) Finalizar com bombeamentos na mesma faixa, seguindo a mesma direção


linfática (4 X).

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REFERÊNCIAS

BARROS, Maria Helena de. Fisioterapia: drenagem linfática manual. Robe.


São Paulo, 2001.

ELWING, Ary; SANCHES, Orlando. Drenagem linfática manual: teoria e


prática. 2ª ed. Senac. São Paulo, 2014.

GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato funcional. 3ª ed. São Paulo.


Manole, 2002.

GUSMÃO, Carlos. Drenagem linfática manual: método dr. Vodder. 1ª ed.


Atheneu. São Paulo, 2010.

HERPERTZ, U. Edema e drenagem linfática: diagnóstico e terapia do


edema. 2ª ed. São Paulo, 2006.

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